durvalina e nilson: experiência e exemplo de quem convive com o semiárido

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº 1019 Junho/2013 São Félix do Coribe Durvalina Souza de Lima mora com seu esposo Nilson Souza de Lima, na comunidade de Barreiro localizada a aproximadamente 30 quilômetros do município de São Félix do Coribe no oeste da Bahia. Ambos com 46 anos de idade, moram na localidade há mais de 40 anos e são pais de 03 filhos e avós de uma neta de 4 anos e um neto de apenas 10 meses de idade. A história desse casal está ligada a muitas lutas, esforços, trabalhos, aprendizagens, esperanças, e conquistas. A labuta começa desde a luta pela conquista de um pedaço de terra até a permanência nela com muita criatividade para a sobrevivência e criação dos filhos com dignidade. Sempre com muita alegria no rosto, Durvalina se enche de entusiasmo ao contar a história de sua vida que partilha com seu companheiro Nilson, casados há 30 anos. A força, a coragem e a cumplicidade dos dois ajudam a superar as dificuldades encontradas no dia a dia. Durvalina conta que sempre houve muita dificuldade na comunidade. A escola onde seus filhos começaram a estudar era muito precária. Os professores mesmo com muito esforço não tinham formação adequada para exercer a função, e as crianças não tinham muita comodidade e assistência necessária para uma boa aprendizagem, “a escola era lá pertinho de casa, em baixo de um pé de pau [pé de manga], as dificuldades eram muita, não tinha escola certinha assim sabe, meu filho ficou estudando a mesma serie uns dois ou foi três anos porque não tinha outra serie” afirma. Mesmo com dificuldades, Durvalina sempre teve habilidades para buscar o novo. Ela conta que foi alfabetizada junto com seus filhos em uma escola no município de São Félix do Coribe, e de lá para cá não parou. Estudou o ensino fundamental e médio juntamente com seus filhos, concluindo no ano de 2007. Na busca por mais conhecimento, no ano de 2005, começou a fazer o curso de Bio Saúde (Bioenergética) no município de Coribe na Bahia, aprendendo a trabalhar com a medicina alternativa, com o uso de plantas medicinais e outros elementos naturais. O curso teve duração de 2 anos e durante esse período ela deixa claro que passou a conhecer e respeitar ainda mais o ser humano e suas virtudes, compreendendo assim a sua forma de pensar, agir, sentir e transmitir energias que permitem conquistar uma melhor qualidade de vida. A partir de então, há mais de 6 anos tem contribuído com a saúde do povo da sua região, atendendo todas as segundas-feiras na Colônia do Formoso em Coribe, Bahia. Por semana são atendidas uma média de 10 pessoas que buscam através da medicina alternativa uma opção de viver melhor através dos tratamentos naturais. Durvalina e Nilson: experiência e exemplo de quem convive com o semiárido Durvalina e Nilson na horta que cultivam na propriedade

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº 1019

Junho/2013

São Félix do Coribe

Durvalina Souza de Lima mora com seu esposo

Nilson Souza de Lima, na comunidade de Barreiro

localizada a aproximadamente 30 quilômetros do

município de São Félix do Coribe no oeste da Bahia.

Ambos com 46 anos de idade, moram na localidade há

mais de 40 anos e são pais de 03 filhos e avós de uma

neta de 4 anos e um neto de apenas 10 meses de idade.

A história desse casal está ligada a muitas lutas,

esforços, trabalhos, aprendizagens, esperanças, e

conquistas. A labuta começa desde a luta pela conquista

de um pedaço de terra até a permanência nela com muita

criatividade para a sobrevivência e criação dos filhos

com dignidade. Sempre com muita alegria no rosto,

Durvalina se enche de entusiasmo ao contar a história de

sua vida que partilha com seu companheiro Nilson,

casados há 30 anos. A força, a coragem e a cumplicidade

dos dois ajudam a superar as dificuldades encontradas no dia a dia.

Durvalina conta que sempre houve muita dificuldade na comunidade. A escola onde seus filhos começaram a

estudar era muito precária. Os professores mesmo com muito esforço não tinham formação adequada para exercer a função,

e as crianças não tinham muita comodidade e assistência necessária para uma boa aprendizagem, “a escola era lá pertinho

de casa, em baixo de um pé de pau [pé de manga], as dificuldades eram muita, não tinha escola certinha assim sabe, meu

filho ficou estudando a mesma serie uns dois ou foi três anos porque não tinha outra serie” afirma.

Mesmo com dificuldades, Durvalina sempre teve habilidades para buscar o novo. Ela conta que foi alfabetizada

junto com seus filhos em uma escola no município de São Félix do Coribe, e de lá para cá não parou. Estudou o ensino

fundamental e médio juntamente com seus filhos, concluindo no ano de 2007.

Na busca por mais conhecimento, no ano de 2005, começou a fazer o curso de Bio Saúde (Bioenergética) no

município de Coribe na Bahia, aprendendo a trabalhar com a medicina alternativa, com o uso de plantas medicinais e outros

elementos naturais. O curso teve duração de 2 anos e durante esse período ela deixa claro que passou a conhecer e respeitar

ainda mais o ser humano e suas virtudes, compreendendo assim a sua forma de pensar, agir, sentir e transmitir energias que

permitem conquistar uma melhor qualidade de vida. A partir de então, há mais de 6 anos tem contribuído com a saúde do

povo da sua região, atendendo todas as segundas-feiras na Colônia do Formoso em Coribe, Bahia. Por semana são atendidas

uma média de 10 pessoas que buscam através da medicina alternativa uma opção de viver melhor através dos tratamentos

naturais.

Durvalina e Nilson: experiência e exemplo de quem convive com o semiárido

Durvalina e Nilson na horta que cultivam na propriedade

A história de vida desse casal a cada dia vem sendo

escrita com muita garra e otimismo, com muito orgulho do

lugar onde moram, eles fazem da sua propriedade um

ambiente onde é possível reinventar uma nova forma de

sobrevivência .

O dia na propriedade começa antes do nascer do sol,

logo cedo cada um se dirige para seus afazeres que se

estendem ao longo do dia até o anoitecer. Enquanto Nilson

se encarrega de tirar o leite que será utilizado na produção

de queijo, requeijão e doce, Durvalina cuida do quintal

onde cultiva uma variedade de plantações que usa para o

consumo e também para a comercialização (coentro,

abobrinha, pimenta, rúcula, repolho, alface, batata doce,

mandioca, maracujá, inhame), plantas medicinais (hortelã

miúdo, boldo do chile, alfavaquinha, amora, capim santo,

pueijo, transagem, manto de viúva, onda do mar, berú, sipó insulina, erva cidreira, folha santa) plantas ornamentais, e além

disso se responsabiliza pela alimentação das criações como aves, suínos e caprinos que criam na propriedade.

Após cumpridas essas tarefas, é hora de terminar o preparo dos produtos que serão vendidos na feira. O requeijão é

feito na casa onde moram na comunidade, já os queijos e doces são produzidos pelo filho Carlos na Colônia do Formoso,

comunidade vizinha que pertence ao município de Coribe - Bahia. Todos os dias logo de manhã, Carlos vai até a propriedade

dos pais pegar o leite que será utilizado na confecção dos produtos que ele mesmo prepara todos os dias.

Aos fins de semana a família se divide pelas cidades da região, na sexta feira o filho leva os produtos para a feira de

Coribe, no domingo comercializa em Jaborandi e no sábado Durvalina e Nilson se preparam para a venda dos produtos em

Santa Maria da Vitória. Além da comercialização nas

feiras, os produtos também são distribuídos para a venda

em alguns comércios da cidade de Santa Maria da Vitória,

na Bahia.

Com muita habilidade para produzir e gerenciar

os alimentos e a água que utiliza, o casal é um exemplo de

quem realmente sabe viver e conviver com o semiárido.

Em seus depoimentos, contam que com a chegada das

cisternas de placas da ASA na região a qualidade de vida

das famílias mudou de forma significativa.

Com as cisternas de produção em processo de

construção na comunidade de Barreiro, as expectativas de

Durvalina, Nilson e das demais famílias são grandes e

garantirá ainda mais a sobrevivência dessas famílias no

semiárido com dignidade e esperanças de dias melhores.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Realização Apoio

Nilson tirando leite para o preparo do requeijão, queijo e doce

Durvalina preparando o requeijão que será comercializado