durante o período de observação das aulas de língua...

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ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ISE ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS 9,0 OS NÍVEIS DE LEITURA DOS ALUNOS DA QUINTA SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL NOTURNO DA ESCOLA ESTADUAL RUI BARBOSA Adriana Gonçalves da Silva Orientador:Prof. Ilso Fernandes do Carmo ALTA FLORESTA/2008

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ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE

ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

9,0

OS NÍVEIS DE LEITURA DOS ALUNOS DA QUINTA SÉRIE DO ENSINO

FUNDAMENTAL NOTURNO DA ESCOLA ESTADUAL RUI BARBOSA

Adriana Gonçalves da Silva

Orientador:Prof. Ilso Fernandes do Carmo

ALTA FLORESTA/2008

ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE

ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

OS NÍVEIS DE LEITURA DOS ALUNOS DA QUINTA SÉRIE DO ENSINO

FUNDAMENTAL NOTURNO DA ESCOLA ESTADUAL RUI BARBOSA

Adriana Gonçalves da Silva

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

“Trabalho apresentado como exigência

parcial para a obtenção do título de

Especialista em Leitura, Literatura e

Produção de Textos”.

ALTA FLORESTA/2008

ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA AJES

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE

ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

BANCA EXAMINADORA

ORIENTADOR

RESUMO

A forma como aprende-se a ler na infância determina sua utilidade na idade adulta. Se a

ênfase é dada apenas à parte mecânica, será difícil, para o aprendiz perceber a gama de

possibilidades e significados, julgando a leitura um meio para fins restritos. A leitura exerce

um papel fundamental não só na pré-escola, mas também nas demais etapas do processo

escolar pela parcela de responsabilidade na formação do leitor. A falta de leitura provoca

problemas graves na expressão escrita, dificultando o ensino-aprendizagem, por exemplo, da

redação. O hábito de leitura, contudo, só consegue ter êxito se associado ao prazer, ao jogo e à

arte, de modo que o leitor sinta-se motivado em contato com formas de comunicação que

caracterizam a arte da palavra. Este trabalho bibliográfico e com estudo de caso teve como

objetivo conhecer o nível de leitura atingido pelos alunos de quinta série, de acordo com a

turma observada. Através de autores como Martins, Solé, Cagliari, Koch, Kleiman e outros

percebeu-se que ler é interagir com o autor, procurar e produzir sentidos, vivenciar

experiências. É ser competente para compreender e decifrar a realidade.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................05

1 O QUE É LEITURA............................................................................................................07

1.1 A Função da leitura....................................................................................................08

1.2 A Influência da Leitura na Escrita.............................................................................09

2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA.........................................................................................11

2.1 Níveis de Leitura.......................................................................................................17

3 DESENVOLVENDO AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DE LEITURA.........20

4 ESTUDO DE CASO..........................................................................................................................23

CONCLUSÃO.........................................................................................................................25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................27

INTRODUÇÃO

O processo de ensino aprendizagem da leitura é sem duvida, muito instigante e

desafiador, tanto para o aluno como para o professor. Adquirir a capacidade de ler significa

sobretudo a condição de compreender um mundo que vai se mostrando cada vez maior e mais

surpreendente. São nessas descobertas que alguns alunos apresentam mais dificuldades do que

os outros.

Formar leitores faz o processo de emancipação de um país, e o ato da leitura e

da escrita conduz a um processo de aprender, de conhecer, de apreender novos significados

que ajuda aos educandos a viverem com mais plenitude. Um dos primeiros passos nesse

sentido é a oferta de uma educação que esteja próxima à realidade de cada educando, que

suscite sugestões e ações significativas para a sua vida.

Portanto aprender ler é, não só uma das maiores experiências da vida escolar, é

uma vivência única para todo ser humano. Ao dominar a leitura abrimos a possibilidade de

adquirir conhecimentos, desenvolver raciocínios, participar ativamente da vida social, alargar

a visão de mundo, do outro e de si mesmo.

Essa pesquisa bibliográfica e com estudo de caso teve como objetivo conhecer

o nível de leitura atingido pelos alunos de quinta série, de acordo com a turma observada.

No primeiro capítulo apresentou o que é leitura, a função da leitura e a

influência da leitura na escrita. No segundo capítulo discorreu sobre estratégias de leitura e

níveis de leitura.

No terceiro capítulo discorreu sobre o desenvolvimento, competências e as

habilidades de leitura. e no quarto capítulo apresentou como o trabalho foi desenvolvido onde

percebeu-se que ler é produzir sentido, é estar contextualizado no texto, interpretando-o e

atribuindo-lhe algum significado.

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1 O QUE É LEITURA

O que se observa é a aceitação quase que geral da concepção behaviorista-

skinneriana de leitura, que a entende somente como “decodificação mecânica de signos

lingüísticos”. Nesse caso “o aprendizado se dá a partir do condicionamento estímulo-

resposta” (MARTINS, 1984 : 54). Somente amparado em tal conceito de leitura é que se

podem entender as declarações de estudantes que confessam não ter problemas com a leitura,

apenas com a compreensão do que lêem.

Na desvinculação entre o ato de ler e o de entender, acredita-se que a leitura

começa e termina no ato da decodificação. Nesse caso ainda, a “leitura” é vista como

atribuição específica do professor alfabetizador, enquanto os demais professores eximem-se

da tarefa que não foi levada a termo de maneira satisfatória no período de alfabetização. Um

conceito mais abrangente de leitura é que ela não está separada de sua compreensão:

“aprender a ler significa aprender a ler o mundo, dar sentido a ele e a nós próprios”

(MARTINS, 1984 : 55). Essa nova concepção (cognitivo-sociológica) entende a leitura como

“um processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve componentes sensoriais,

emocionais, intelectuais, fisiológicos, culturais, econômicos e políticos” (MARTINS, 1984 :

55). É um conceito amplo de leitura, uma vez que não a restringe à linguagem escrita, mas a

entende à leitura, uma vez que não a restringe à linguagem escrita, mas a estende à leitura de

sons, gestos, imagens e acontecimentos.

Ler é, pois, atribuir sentidos. Nesse processo não se pode desvincular a

capacidade do leitor de decifrar sinais da sua capacidade de atribuir-lhes sentido. Somente a

partir da realização desses dois momentos é que se poderá falar em leitura. Vista assim, a

leitura se torna uma necessidade vital para o ser humano, indispensável à sua vida, pois lhe

revela o seu próprio eu, ao mesmo tempo em que o instrumentaliza para melhor conhecer o

mundo em que vive.

É nessa perspectiva que (BORDINI, 1985 : 32), afirma que “ler é conhecer,

mas também conhecer-se; é integrar e integrar-se em novos universos de sentidos; é abrir e

ampliar perspectivas pessoais; é descobrir e atualizar potencialidades”. Essa concepção de

leitura como ato emancipatório ultrapassa os limites da escola, permitindo ao leitor a

continuidade e o aprofundamento do seu conhecimento do mundo além do período de

escolaridade.

1.1 A FUNÇÃO DA LEITURA

A sociedade contemporânea pode ser caracterizada por uma prática consumista

cada vez mais acentuada por parte dos indivíduos. Consomem-se não só bens materiais, mas

idéias, valores e comportamentos. A globalização da vida corre o risco de ser, na verdade, a

perda da identidade do ser.

A massificação e a alienação dos indivíduos são produtos necessários a essa

prática. Nesse caso, a linguagem deixa de ser um elemento de comunicação, de interação de

dois sujeitos para se tornar um instrumento de poder (e dominação) a serviço de interesses

alheios.

Para reverter essa situação é necessário que o indivíduo se “a posse da

palavra” – na expressão de (FRANÇA, 1984 : 38). Isso só é possível a partir do momento em

que o sujeito é capaz de desvelar o sentido de um texto (escrito, falado, de imagens),

compreendendo as intenções subjacentes a ele, ou seja, é capaz de ler além do texto.

Nesse caso, a palavra deixa de ser um instrumento de denominação para se

transformar em um instrumento de libertação do homem, possibilitando, a partir da reflexão,

que ele se torne sujeito de sua história. Essa deve ser a função principal da literatura no

mundo de hoje.

“A literatura pode ter duas funções distintas e opostas.A primeira,

alienadora, quando fornece ingredientes que alimentam o mundo de

aspirações ilusórias, desvinculadas de qualquer intenção questionadora.

Uma segunda, reflexiva, que desperta no leitor reações face ao que a obra

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contém a tudo que ela revive e evoca fora do sujeito”. (REZENDE, 1995:

43).

Assim, a leitura assume função critica muito importante, dando ao homem

direito à opção, a um posicionamento próprio diante da realidade. E à medida que revela ao

leitor esse mundo, desenvolvendo nele maior consciência individual e social, a leitura está

agindo no sentido da humanização desse indivíduo, ampliando a sua capacidade de pensar,

sentir e interagir nas relações sociais de seu tempo.

Um dos principais objetivos da escola de hoje é a instrumentalização do aluno

para que ele possa ter acesso ao acervo científico-cultural da humanidade. Através da leitura

um universo inesgotável de emoções e informações se abre diante do leitor. A leitura deve ser

mediadora entre o leitor e o mundo para que a partir dela ele possa redimensionar valores e

vislumbrar novos horizontes para si e para a sociedade.

1.2 A INFLUÊNCIA DA LEITURA NA ESCRITA

Saber escrever pressupõe, antes de mais nada, saber ler e pensar. O pensamento

é expresso por palavras, que são registradas na escrita, que por sua vez é interpretada pela

leitura. Como essas atividades estão intimamente relacionadas, podemos concluir que: quem

não pensa (ou pensa mal) , não escreve (ou escreve mal): quem não lê (ou lê mal) não escreve

(ou escreve mal).

Ler, portanto, é fundamental para escrever. Mas não basta ler, é preciso

entender o que se lê. Entender o que se lê significa ir além do simples reconhecimento do

significado das palavras que aparecem no texto. “A compreensão do texto a ser alcançada

por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”.

(FREIRE, 200l :11)

Apesar do grande poder dos meios eletrônicos de comunicação de massa, a

leitura ainda é uma das fontes mais ricas de informação. A leitura não só nos ensina os

mecanismos da língua escrita, mas também nos fornece idéias que nos ajudam na tarefa de

escrever.

A aquisição da língua escrita não se dá unicamente no espaço escolar. Muitos

pequenos leitores já estão se formando em seu ambiente familiar graças ao contato freqüente

com livros escritos principalmente para eles. E aí que se pode afirmar que as crianças

começam a gostar da leitura antes de aprender a ler: ouvindo histórias lidas por adultos,

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folheando seus próprios livros, examinando as gravuras, criando seus próprios enredos,

sempre de acordo com suas motivações e interesses imediatos.

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura

desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se

prendem dinamicamente”. (FREIRE, 2001:11).

. Assim, a prática de ler acaba envolvendo o aluno. Ler é valorosa ação e

acontecimento para que o aluno extrapole e avance enquanto ser que pensa e que descobre o

pensamento dos outros, através da palavra e da sua organização. Nesse sentido, é que há a

troca. E então leitura e troca podem se sinônimos.

A leitura, por esse ponto de vista, torna-se um grande investimento pedagógico,

e um importante material que circula pelas aulas. É aí se retorna ao papel de orientador do

professor para que ocorra o encontro do leitor com o texto, no sentido de o ler ir

impulsionando o leitor e também o seu escrever.

A leitura favorece a escritura do aluno. Ela é a base para as suas descobertas;

não apenas da linguagem como também das descobertas e experiências da humanidade. A

leitura da produção estimula, justifica e aperfeiçoa a quantidade de novos escritos.

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2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA

De acordo com Kleiman (2000 : 49), “o ensino de leitura deve ser entendido

como o ensino de estratégias de leitura e como o desenvolvimento das habilidades

lingüísticas que são características do bom leitor”.

Entende-se por estratégias de leitura as operações regulares para abordar o

texto. Essas estratégias podem ser inferidas durante a compreensão do texto que acontece, a

partir do comportamento verbal e não verbal do leitor, ou seja, do tipo de resposta que ele dá a

perguntas sobre o texto, dos resumos que faz, de suas paráfrases e também do modo como

manipula o objeto: se sublinha, se apenas folheia, se passa os olhos rapidamente, se relê.

Pode-se classificar as estratégias do leitor em estratégias cognitivas e

metacognitivas. As estratégias metacognitivas são aquelas realizadas com algum objetivo em

mente, sobre as quais temos controle e somos capazes de dizer e explicar nossa ação.

As atividades de que o leitor pode se utilizar quando não entende um texto são

diversificadas e flexíveis e são indícios do funcionamento de uma estratégia para conseguir

eficiência na leitura. Ou seja, quando o leitor percebe que não está entendendo o texto, ele

pode ter diversas atitudes, como voltar e reler o texto, procurar o significado de uma palavra-

chave, fazer um resumo do que leu. Enfim, dependendo da causa que ele detectar para sua

incompreensão, adotará medidas para solucionar o problema. Para isso, é necessário que tenha

consciência de sua falha na compreensão.

Por estratégias cognitivas da leitura entende-se aquelas operações inconscientes

do leitor. Um exemplo dessas operações é o fatiamento sintático, atividade necessária para a

leitura que o leitor realiza, ou não, rápida ou cuidadosamente, isto é, de diversas maneiras,

dependendo das necessidades momentâneas e que não poderá descrever.

O processamento consiste, em grande parte, em procedimentos para os quais

utilizamos um conhecimento irrefletido e sem controle consciente, procedimentos estes

chamados de automatismos da leitura. É realizado estrategicamente e não através de regras.

Em outras palavras, as estratégias cognitivas são aquelas que consistem no uso

do conhecimento e esse uso depende, em cada situação, dos objetivos do usuário, da

quantidade de conhecimento disponível a partir do texto e seu contexto, de suas crenças,

opiniões e atitudes, tornando possível, no momento da compreensão, reconstruir não somente

o sentido intencionado pelo produtor do texto, mas também outros sentidos não previstos ou

até não desejados pelo autor.

Entendendo todo o processo de leitura como um conjunto de estratégias

cognitivas e metacognitivas de abordagem do texto. Kleiman (2000) acredita que o ensino

estratégico de leitura consiste na modelagem de estratégias metacognitivas e no

desenvolvimento de habilidades verbais subjacentes aos automatismos das estratégias

cognitivas.

Tais habilidades vão desde a capacidade de usar o conhecimento gramatical

para perceber relações entre as palavras, até a capacidade de usar o vocabulário para perceber

estruturas textuais, atitudes e intenções.

Um dos fatores de correlação entre habilidade lingüística e capacidade de

leitura diz respeito ao léxico ativo e passivo do leitor, ou seja, ao número de palavras que ele

conhece e que têm um espaço mental.

O leitor experiente tem duas características básicas que fazem de sua leitura

uma atividade consciente, reflexiva e intencional: primeiro, ele lê porque possui um objetivo

e, segundo, ele compreende o que lê; quando não, recorre a diversos procedimentos para

tornar o texto inteligível.

Para chegar-se a este tipo de leitor, Koch (2001:31), propõe “as chamadas

estratégias textuais que se dividem em: de organização da informação, de formulação, de

referenciação e de “balanceamento” entre explícito e implícito”.

As estratégias de organização da informação dizem respeito à distribuição do

material lingüístico na superfície textual. A estrutura informacional de um texto exige

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elementos “dados” e elementos “novos”. É com base na informação dada, responsável pela

locação do que vai ser dito no espaço cognitivo do interlocutor, que se introduz a informação

nova com novas predicações a respeito de determinados referentes, com o objetivo de ampliar

e/ou reformular os conhecimentos já estocados a respeito deles.

As estratégias de formulação têm funções de ordem cognitivo-interacional.

Entre elas pode-se citar os vários tipos de “inserção” e de “reformulação”.

As inserções têm por função facilitar a compreensão dos interlocutores criando

coordenadas para o estabelecimento de uma estrutura referencial, de modo que o material

inserido não é supérfluo, ou seja, não é eliminável sem prejuízo para a compreensão.

Através da inserção, são introduzidas explicações ou justificativas, apresentam-

se ilustrações ou exemplificações, são feitos comentários que, muitas vezes, têm a função de

melhorar a organização textual.

A inserção também pode ter a função de despertar o interesse através de

questões retóricas (recurso persuasivo) ou criar uma atmosfera de intimidade ou

cumplicidade, como acontece no caso da introdução de comentários engraçados ou vagos a

convicções, crenças e opiniões partilhadas pelos interlocutores.

Já as estratégias de reformulação podem ser retóricas ou saneadoras. As

retóricas se realizam, basicamente, através de repetições e parafraseamentos, tendo como

função principal reforçar a argumentação.

As reformulações saneadoras, por sua vez, ocorrem sob forma de correções ou

reparos, e também de repetições e paráfrases, com a função de sanar imediatamente

dificuldades detectadas na verbalização de um segmento.

As estratégias de referenciação anafórica realizam a reativação de referentes no

texto. Esse tipo de remissão pode ser efetuado através de recursos de ordem “gramatical” ou

por meio de recursos de natureza lexical, como sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos,

descrições definidas; ou ainda, por reiteração de um mesmo grupo nominal ou parte dele; e,

finalmente, por meio da elipse. Muitas vezes, a reativação de referentes, a partir de “pistas”

expressas no texto se dá via inferenciação.

As estratégias de “balanceamento” do explícito/implícito são relações entre

informação textualmente expressa e conhecimentos prévios, pressupostos como partilhados.

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Uma vez que não podem existir textos totalmente explícitos, o produtor de um

texto precisa proceder ao “balanceamento” do que necessita ser explicitado textualmente e do

que pode permanecer implícito, por ser recuperável por inferenciação.

Conforme Solé (1998 : 72),

“é necessário ensinarmos estratégias de compreensão porque queremos

formar leitores autônomos, capazes de enfrentar de forma inteligente

diversos tipos de textos, que, na maioria das vezes, são diferentes daqueles

lidos na escola”.

Assim, formar leitores autônomos também significa formar leitores capazes de

aprender a partir dos textos. Desta forma, o ensino de estratégias de compreensão contribui

para dotar os alunos dos recursos necessários para aprender a aprender.

As estratégias devem permitir que o aluno planeje a tarefa geral de leitura e sua

própria localização, o que facilitará a comprovação, a revisão, o controle do que lê e a tomada

de decisões adequadas para atingir seus objetivos.

Solé (1998) traz em seu trabalho idéias associadas à concepção construtivista

do ensino e da aprendizagem. A primeira idéia considera a situação educativa como um

processo de construção conjunta, através do qual o professor e alunos compartilham

progressivamente significados mais amplos e complexos e assim dominam procedimentos

para entender e incidir sobre a realidade. Este é um processo de construção conjunta,

porquanto, embora o aluno tenha papel principal, o professor também desempenha um papel

de destaque.

A segunda idéia coloca o professor na função de guia. É o processo de

construção denominado por Solé (1998 : 75), como “participação guiada”. Neste processo, é

dada ao aluno uma situação educativa que o ajudará a contrastar e a relacionar seu

conhecimento prévio com o que será necessário para abordar essa situação.

O professor proporciona ao aluno uma visão de conjunto ou estrutura geral que

lhe permita finalizar sua tarefa. As situações permitem que o aprendiz assuma a

responsabilidade de seu desenvolvimento de forma progressiva e mostre competência na

aplicação autônoma do que foi aprendido. Nesta situação o professor participa muito

ativamente.

A participação guiada aproxima-se muito dos processos de “andaimes”, que

usam a metáfora do andaime para defender a idéia de que os desafios do ensino devem estar

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um pouco além dos que o aluno já seja capaz de resolver, assim como os andaimes estão

sempre localizados um pouco acima do edifício em construção.

Da mesma forma, como os andaimes são retirados sem deixar rastros, as ajudas

que caracterizam o ensino devem ser retiradas progressivamente, à medida que o aluno se

mostrar mais competente e puder controlar sua própria aprendizagem.

Solé (1998) cita em seu livro um trabalho interessante, mas pouco conhecido,

que é necessário ensinar uma série de estratégias que podem contribuir para a compreensão

leitora e propõem um ensino em progressão ao longo de três etapas.

A primeira é a chamada etapa do modelo, em que o professor serve de modelo

para seus alunos mediante sua própria leitura. A etapa seguinte é a de participação do aluno,

na qual devemos garantir a transferência progressiva da responsabilidade e do controle do

professor para o aluno, através do uso de estratégias que vão facilitar a compreensão dos

textos.

Por último, vem a etapa de leitura silenciosa na qual os alunos realizam

sozinhos as atividades que, nas fases anteriores, efetuavam com o auxílio do professor, como

dotar-se de objetivos de leitura, prever, formular hipóteses etc.

A partir destas três etapas, percebemos que o domínio das estratégias de

compreensão leitora requer, progressivamente, menor controle por parte do professor e maior

controle do aluno.

Um outro conjunto de propostas para o ensino de estratégia de compreensão

leitora, reunidas sob a denominação de “ensino direto” ou “instrução direta”, que têm

contribuído para evidenciar a necessidade de ensinar a ler e a compreender de forma explícita.

O método de ensino direto da compreensão leitora se divide em cinco etapas:

a) Introdução. Explicam-se aos alunos os objetivos daquilo que será trabalhado

e a forma em que eles serão úteis para a leitura.

b) Exemplo. Depois da introdução, exemplifica-se a estratégia a ser trabalhada

mediante um texto, o que ajuda os alunos a entender o que vão aprender.

c) Ensino direto. O professor mostra, explica e descreve a habilidade em

questão, dirigindo a atividade. Os alunos respondem às perguntas e elaboram a compreensão

do texto, mas o professor é o encarregado do ensino.

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d) Aplicação dirigida pelo professor. Os alunos devem pôr em prática a

habilidade aprendida sob o controle e a supervisão do professor. Este pode realizar um

acompanhamento dos alunos e, em caso de necessidade, tornar a ensinar.

e) Prática individual. O aluno deve utilizar independentemente a habilidade

com material novo.

Este método está baseado em um paradigma de pesquisa educativa que recebe

o nome de “processo/produto”, no qual se estabelece uma relação causal entre o processo de

ensino – as atividades realizadas pelo professor – e seu produto – os resultados obtidos pelos

alunos. Assim, espera-se que, se o professor ensinar determinadas técnicas ou estratégias

utilizando o modelo de instrução direta, os alunos aprendem.

Solé (1998) acredita, que se o uso deste modelo apoiar-se em uma

conceitualização sobre o que pressupõe a aprendizagem do aluno e um modelo claro e global

sobre a leitura e o que a compreensão leitora envolve, a contribuição ao seu ensino e

aprendizagem atingirá toda a sua potencialidade.

Uma outra proposta também destacada por Solé (1998) é o modelo de ensino

recíproco, em que o aluno deve assumir um papel ativo.

Este modelo foi projetado para ensinar a utilização de quatro estratégias

básicas de compreensão de textos: formular previsões, formular perguntas sobre o texto,

esclarecer dúvidas e resumi-lo.

No modelo de ensino recíproco, o professor assume algumas tarefas essenciais.

No início, oferece um modelo especializado aos alunos, que vêem como ele atua para

solucionar determinados problemas. Em segundo lugar, ajuda a manter os objetivos da tarefa,

centrando a discussão no texto e garantindo o uso e aplicação das estratégias que tenta

ensinar. Por último, supervisiona e corrige os alunos que dirigem a discussão, em um processo

cujo objetivo é fazer com que estes assumam a responsabilidade total e o controle

correspondente.

A autora considera que o planejamento do ensino deveria levar em conta, de

modo simultâneo, quatro dimensões:

a) Os conteúdos a serem ensinados devem abranger as estratégias de

planejamento e controle que garantem a aprendizagem nos especialistas;

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b) Os métodos de ensino devem levar os alunos a construir seu conhecimento e

aplicá-lo em contextos diversos;

c) A seqüenciação dos conteúdos, com o propósito de ajudar os alunos a

estabelecerem relação entre o que já sabem e o que lhes é oferecido como novo;

d) A organização social da sala de aula, aproveitando todas as possibilidades

que oferece. A necessidade de recorrer aos sistemas de conhecimentos e às estratégias aqui

parcialmente descritas por ocasião do processamento textual permite constatar a grande

complexidade do processo de construção de um texto e a gama de atividades de ordem

sociocognitiva que se realizam com vistas à produção de sentidos.

2.1 NÍVEIS DE LEITURA

O processo da leitura, segundo uma visão psicolingüística, possui quatro

etapas, a saber, decodificação, compreensão, interpretação e retenção (MENEGASSI, 1995).

a) A decodificação é a primeira das etapas, mas não de menor importância,

uma vez que a partir da decodificação do signo lingüístico decorre todo o processo da leitura.

A decodificação resulta do reconhecimento dos símbolos escritos e de sua ligação com um

significado. Isto ocorre automaticamente nos leitores maduros, que já tem uma vivência na

leitura. Porém o simples reconhecimento das letras e a ligação com significados não implica

em leitura. Muitas vezes a decodificação não ultrapassa um nível primário de simples

identificação visual. Por exemplo, um leitor que se depare com a palavra autista, pode muito

bem decodificá-lo em um nível inicial, ou seja, saber ler a palavra saberá pronunciá-la, mas

não tendo o significado internalizado, não poderá compreendê-la, o que implica pensar na

existência de dois níveis de decodificação: um primário, ou decodificação fonológica, e um

secundário, ligado à compreensão. A decodificação, para ser considerada como uma etapa no

processo de leitura, deve ser aliada a compreensão, iniciando o processo de apreensão de

significados. Decodificação mal feita implica compreensão mal sucedida.

b) Compreensão - compreender um texto na visão Cabral (1986), é captar na

temática: é reconhecer e captar os tópicos principais do texto: é reconhecer as regras sintáticas

e semânticas da língua usada; é conhecer as regras textuais; é poder depreender a significação

das palavras novas; é saber diferenciar. A compreensão, etapa posterior à decodificação, mas

imediatamente interligada, ocorre quando o leitor capta do texto as informações que ali se

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oferecem. Seria, na verdade, “mergulhar” no texto e retirar dele a sua temática, suas idéias

principais. Para que ela ocorra, necessário ao leitor possuir conhecimentos anteriores sobre o

assunto, e que não esteja alheio aos estudos do texto. Também na compreensão pode-se

pensar em níveis diferentes. Temos assim, três níveis: literal, inferencial e interpretativo. O

nível literal de compreensão ocorre quando o leitor se detém exclusivamente ao texto, à

“leitura superficial” das idéias ali contidas. Nesse nível, o leitor não faz inferências. O nível

literal de compreensão permite que se façam incursões no texto, retirando informações que

nem sempre estão em nível superficial. O uso de inferências permite ao leitor uma expansão

nos seus esquemas cognitivos, pois ampliará sua capacidade de buscar novas informações a

partir do que não está implícito. A não realização to ato de inferenciação pode ocasionar

compreensão limitada, não possibilitando, muitas vezes, a preensão dos conteúdos dos textos.

O nível interpretativo de compreensão já é mais elevado do que os anteriores,

pois o leitor começa a deixar o texto, a expandir sua leitura em realidade, esse nível permite

que se faça uma ligação dos conteúdos que o texto apresenta aos conhecimentos que o leitor

possui, dando inicio a terceira etapa do processo da leitura.

c) Interpretação - para que a interpretação ocorra, é necessário que a

compreensão preceda, caso contrário, não há possibilidades de sua manifestação. A

interpretação é a fase de utilização da capacidade crítica do leitor, o momento em que faz

julgamentos sobre o que lê (CABRAL, 1986). O leitor ao compreender, faz o uso de seus

conhecimentos anteriores, que se interligam aos conteúdos que o texto apresenta. No

momento em que o leitor alia os conhecimentos que possui aos conteúdos que o texto fornece,

ele amplia seu cabedal de conhecimentos e de informações, reformulando conceitos e

ampliando seus esquemas sobre a temática do texto. Dessa forma, a interpretação difere da

compreensão no sentido de ampliação de conhecimentos, no sentido de “explicitação das

possibilidades de significação de documento, projetadas pela compreensão”. (SILVA, 1987 :

71). A interpretação pode ou não ser dirigida. Ao tomar-se um texto em que o autor deixa

claro suas intenções, a interpretação será dirigida, mesmo que inconscientemente. De outro

lado, um texto em que as intenções não estão demarcadas possibilita variadas interpretações,

ocasionando, algumas vezes, representações errôneas. Portanto, deve o leitor ser consciente da

polissemia textual. Ainda dentro da questão da interpretação, devemos nos lembrar que sua

manifestação é idiossincrática, pois depende dos conhecimentos anteriores que o leitor possui.

Assim sendo, cada leitor faz interpretações diferentes, o que ocasiona várias possibilidades de

leitura.

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d) Retenção é a quarta etapa do processo de leitura é responsável pelo processo

de armazenamento das informações mais importantes na memória do longo prazo

(MENEGASSI, 1995). A retenção ocorre em dois níveis. O primário pode se dar a partir da

compreensão, isto é, o leitor não precisa necessariamente fazer uso da interpretação; a simples

compreensão do texto permite que se retenha sua temática e os tópicos mais importantes.

Porém, num segundo nível, a retenção ocorre depois da interpretação. Se pensar que a

retenção é um processo muito mais amplo, pois necessita da compreensão, a retenção

resultante dela também ser mais profunda. Assim, ao leitor é melhor reter informações a partir

da interpretação e não só da compreensão. O processo da leitura está dividido em quatro

etapas que, na realidade, não existem separadamente, mais em um conjunto harmônico. Ao

leitor cabe discernir seu objetivo frente ao texto, para poder ou não chegar à interpretação.

19

3 DESENVOLVENDO AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DE LEITURA

Sabe-se que o rendimento escolar está diretamente ligado à leitura, uma vez

que ela é uma habilidade fundamental no processo de construção do conhecimento, qualquer

que seja a disciplina que compõe o currículo pedagógico. Contudo, a prática de ensino tem

indicado que os alunos que concluem o ensino fundamental e o ensino médio, e mesmo

aqueles que ingressam nas universidades, têm demonstrado dificuldades na compreensão de

textos.

Segundo Cagliari (1993 : 148), "a grande maioria dos problemas que os

alunos encontram ao longo dos anos de estudo, chegando até a pós-graduação, é decorrente

de problemas de leitura." .

Entende-se que a leitura é um processo de construção de sentido: ler é interagir

com o autor, procurar e produzir sentidos, vivenciar experiências. É ser competente para

compreender e decifrar a realidade.

“A leitura é a possibilidade de diálogo para além do tempo e do espaço; é o

alargamento do mundo para além dos limites de nosso quarto, mesmo sem sairmos de casa;

é a exploração de experiências as mais variadas, quando não podemos viver realmente”

(MARIA, 2002 : 25).

No entanto, precisa-se entender que a leitura é a extensão da escola na vida das

pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura

fora da escola. Cabe a escola preparar o aluno para a vivência da leitura como forma de fazê-

lo leitor do mundo.

“[...] A escola é um momento da formação do leitor. Mas se essa formação

for abandonada mais tarde, ou seja, se as estâncias educativas não se

dedicarem sempre a ela, teremos pessoas que, por motivos sociais e

culturais, continuarão sendo leitores e progredirão em suas leituras, e outras

que retrocederão e abandonarão qualquer processo de leitura”.

(FOUCAMBERT, 1983 : 114).

Para os "Parâmetros Curriculares Nacionais" (1997 : 54), a escola deverá:

“Formar leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê;

que possa prender a ler o que não está escrito, identificando elementos

implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já

lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que

consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos

discursos”.

Dentre os questionamentos é necessário compreender o papel da escola,

precisa-se de pensar e formular práticas de ensino e de aprendizagem da leitura, tendo em

vista a realidade concreta dos alunos.

E um dos caminhos a ser seguido pela escola é, ajudar a criança a tornar-se

leitor dos textos que circulam no social e não limitá-la à leitura de textos pedagógicos,

destinados apenas a ensiná-la a ler.

“A leitura é, pois, uma decifração e uma decodificação. O leitor deverá em

primeiro lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em

seguida decodificar todas as implicações que o texto tem e, finalmente,

refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do

que leu”. (CAGLIARI, 1993 : 150).

Ler, principalmente nos primeiros anos de escola, parece uma atividade tão

importante quanto escrever, ou talvez mais importante. Mo mundo em que atual é muito mais

importante ler do que escrever, sobretudo para as pessoas que vivem em grandes cidades:

precisam ler diariamente placas, números, etiquetas, nomes, documentos, etc.

Para Cagliari (1993 : 168)," dados os problemas sérios de repetência e evasão,

seria bom que a escola se preocupasse menos com a escrita, especialmente com a ortografia,

e desse maior ênfase à leitura, desde a alfabetização". Neste sentido pode-se observar que a

leitura é um problema não só da escola, mas também social, já que, para vivenciar seus

deveres e direitos de cidadão é preciso estar de posse da leitura e do seu entendimento.

As atividades sempre devem colocar as crianças em situações mais próximas

da realidade do ato de ler, nas diversas circunstâncias, utilizando as diferentes estratégias para

a leitura, em busca do sentido dos textos. Nesta perspectiva, Barbosa (1994 : 139) conclui:

“Assim, o professor pode variar os matérias e atividades de leitura, criando

a cada dia situações novas, atraentes, afirmando o uso social da escrita,

evitando o tradicional e não-significativo uso escolar da escrita, como:

textos decifratórios, cópias e ditados sem objetivo ou sem sentido para as

crianças”.

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Acredita-se que o professor não pode e não deve confiar em uma metodologia

especial, milagrosa, mas na sua experiência, fundamentada por sua competência pedagógica.

É ele quem, observando seus alunos, refletindo sobre sua prática e aprofundando seus

conhecimentos sobre leitura e aprendizagem, pode compreender e entender as necessidades,

dificuldades e o interesse de cada criança num dado momento.

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4 ESTUDO DO CASO

Durante o período de observação das aulas de Língua Portuguesa da 5ª série de

uma escola pública, foi coletado dados para a construção de um diário de campo. Analisou-se

a metodologia utilizada pela professora e a posição dos alunos sugeridas pela mesma.

As perguntas abaixo são referentes ao texto trabalhado pela professora durante

a aula de observação.

1. Qual o acontecimento que deu emoção à história?

2. Você acha que a história seria interessante se a bruxinha tivesse continuado

tranqüila, descansando e ouvindo música? Por quê?

3. Qual foi a reação da bruxinha ao ver o ratinho?

4. Escreva o que você sentiu pela bruxinha e explique por quê.

5. O que você faria se estivesse no lugar da bruxinha?

6. O que você sentiu pelo gato? Por quê?

7. Observe o 3º quadro, reproduzido abaixo. Qual foi a reação do gato? E a da

bruxinha? O que você observou para responder?

8. Observe o 4º e 5º quadros:

a) O que você acha que a bruxinha iria fazer com o gato?

b) O que ela acabou fazendo?

c) O que há de diferente na expressão do gato nessas duas partes da história?

9. Escreva o que você achou da atitude da bruxinha no final da história.

10. O que você faria se estivesse no lugar do gato?

A pergunta de número um, dois, quatro, cinco, seis e sete, oito nove e dez são

bastantes vagas, possibilitando ao aluno qualquer resposta, pois não existe ponto para ser

analisado. A pergunta de número três é de extração, onde o aluno só precisava transcrever

trechos do texto.

Na pergunta de número oito, letra a e c, também não tem ponto de análise, pois

o aluno poderá responder o que julgar melhor. A letra b, é de extração onde também o aluno

transcreverá o trecho do texto.

Assim, a estratégia utilizada pela professora foi pós-leitura, para identificar o

tema e a idéia principal, formular e responder perguntas com respostas encontradas

diretamente no texto e pessoal, que tomam o texto como referência, porém exigem

conhecimento prévio e julgamento.

Levar para à sala de aula temas do cotidiano, poemas, assuntos variados e

interdisciplinares, canções, ter criatividade para propor atividades aos alunos para que

despertem o interesse em redigirem seus próprios textos. Fazer do aluno um escritor

competente que planeja o discurso e conseqüentemente o texto em função de seu objetivo e do

leitor a que se destina, sem desconsiderar as características específicas do gênero.

Dessa forma, cabe à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos

que circulam na sociedade, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. A diversidade textual que

existe fora da escola pode e deve estar a serviço da aprendizagem e ampliação do

conhecimento letrado do aluno.

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CONCLUSÃO

Os seres humanos nascem com uma tendência hábil para a aprendizagem. A

criança está pronta para aprender quando ela apresenta um conjunto de condições,

capacidades, habilidades, e aptidões consideradas como pré-requisito para o início de

qualquer aprendizagem. Prontidão para aprender significa o conjunto de habilidades que a

criança deverá desenvolver de modo a tornar-se capaz de executar determinadas atividades.

Ao contrário da escrita, que é uma atividade de exteriorizar o pensamento, a leitura é uma

atividade de assimilação de conhecimento, de interiorização, de reflexão.

Mas não basta saber ler, é preciso entender o que se lê. Entender o que se lê

significa ir além do simples reconhecimento do significado das palavras que aparecem no

texto. É preciso, também, compreender o sentido das frases, para que se alcance a finalidade

maior da leitura: a compreensão das idéias e, num segundo momento, os recursos utilizados

pelo autor na elaboração do texto.

No entanto, o ensino formal da leitura converge para o interior da escola, que

dependendo de como compreende a leitura, a escola pode tomar caminhos diferentes. Há

processos e métodos que amparados por seus materiais alfabetizadores, mais afastam do que

sensibilizam seus alunos para o ato prazeroso de ler. O gosto pela leitura se perde nas escritas

sem sentido, sem significado e alienada da realidade social. E há outros que cuja proposta

pedagógica se apóia na formação do leitor, usando textos variados que trazem para o

cotidiano do ensino a vida que “corre solta” fora dos muros da escola.

Para que a leitura faça sentido, é preciso, antes de mais nada, que esteja em

sintonia com as motivações de quem lê. Quando se fala em sintonia, em prazer de ler, deve

ficar claro que a satisfação não se reduz ao lúdico, ao recreativo. O prazer está tanto em obter

uma informação, em compreender uma instrução, em estudar um tema, em tomar

conhecimento de fatos, em embalar-se na poesia e em dar asas à imaginação.

Na concepção que se tem de leitura, entende-se que a mesma é o encontro

efetivo da pessoa do aluno com o texto. Isso significa que ele participa do ponto de vista ou da

mensagem veiculada pelo texto lido. Não só os compreende como insere nesse contexto

abstraído sua visão de mundo e o acumulado pelas demais leituras até então realizadas.

Assim, a leitura de textos provoca, no leitor, um movimento de reflexão sobre o mundo e

sobre o mundo do texto.

Assim, ler é produzir sentido, é estar contextualizado no texto, interpretando-o

e atribuindo-lhe algum significado. Portanto, torna-se importante a criação de situações para

que o exercício da leitura e escrita produza reação, interação, e construção de subjetividade e

conhecimento, não servindo apenas como uma atividade meramente de cópia ou de

decodificação dos sinais gráficos, alienando os alunos do contexto em estão inseridos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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alienante. In perspectiva, revista do CED. Florianópolis: UFSC, 1985.

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Língua Portuguesa. Brasília: MEC, 1997.

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Hoje, 1986.

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