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REVISTA ALENTEJO EDUCAÇÃO | 45 DREAlentejo: contributos da administração (sectores/serviços) Direcção de Serviços de Apoio Pedagógico e Administração Escolar (DSAPOE) – pág. 46 As plataformas electrónicas de contratação e as aquisições públicas (DGFP) – pág. 49 O Planeamento Educativo – A “Abordagem Municipal” (DPEP) – pág. 51 Equipa de Apoio às Escolas Alentejo Norte (EAE-AN) – pág. 53 Autonomias e Políticas Educativas (EAE-AC) – pág. 54 Sucesso Educativo - Desafio da Escola Moderna (EAE-AE) – pág. 56 Artigos – Projectos Mais Relevantes (EAE-AL) – pág. 59 As Equipas de Apoio às Escolas - Actividades e Contributos (EAE-AS) – pág. 63 A Missão da Equipa de Projecto Novas Oportunidades de Adultos (EP-NOA) – pág. 65 Equipa de Projecto Desporto Escolar (EP-DE) – pág. 67 Equipa de Projecto para as Actividades de Enriquecimento Curricular (EP-AEC) – pág. 68

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REVISTA ALENTEJO EDUCAÇÃO | 45

DREAlentejo: contributos da administração (sectores/serviços)

Direcção de Serviços de Apoio Pedagógico e Administração Escolar (DSAPOE) – pág. 46 As plataformas electrónicas de contratação e as aquisições públicas (DGFP) – pág. 49

O Planeamento Educativo – A “Abordagem Municipal” (DPEP) – pág. 51 Equipa de Apoio às Escolas Alentejo Norte (EAE-AN) – pág. 53

Autonomias e Políticas Educativas (EAE-AC) – pág. 54 Sucesso Educativo - Desafio da Escola Moderna (EAE-AE) – pág. 56

Artigos – Projectos Mais Relevantes (EAE-AL) – pág. 59 As Equipas de Apoio às Escolas - Actividades e Contributos (EAE-AS) – pág. 63

A Missão da Equipa de Projecto Novas Oportunidades de Adultos (EP-NOA) – pág. 65 Equipa de Projecto Desporto Escolar (EP-DE) – pág. 67

Equipa de Projecto para as Actividades de Enriquecimento Curricular (EP-AEC) – pág. 68

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O meu nome é João. Acabei de fechar a porta da minha casa. O dia está solarengo. Está tão delicioso que apetecia ir para a escola a pé! Ah! é verdade, disse o meu nome, mas esqueci-me de vos dizer que tenho 13 anos e ando no oitavo ano de escolaridade.

Apesar de o dia apelar a uma bela caminhada até à escola, a verdade é que os cerca de dez quilómetros de distância cedo fazem desaparecer essa vontade. O melhor é mesmo usar o meu passe escolar e ir de autocarro. No caminho, ao longo do percurso, vão entrando mais amigos meus. Olhem, acabam de entrar os meus amigos Rui e Zé. Sempre é mais agradável o resto da viagem. Do dia anterior fica sempre mais um ou outro assunto por conversar. O Zé até vem com um ar nervoso… Se calhar, depois de nos separarmos ontem, aconteceu alguma coisa:

— Estás cá com uma cara?! Que te aconteceu? — Acontecer ainda não aconteceu. O meu medo é o que vai acontecer às 10h 30min! — E então? — Tenho teste de Inglês! E tu sabes que eu patino! — Bem, não o posso fazer por ti. Para mais eu não ando no 9º ano como tu. O melhor é

mudarmos de assunto e relaxar. Lá seguimos os três viagem, esforçando-me eu e o Rui por mudar de assunto. Por essa razão ou

não, a viagem até pareceu mais curta. Quando chegámos à porta da Escola já lá estava o resto do grupo. O António, o Joaquim, o Bolachinha (assim chamado para não se confundir com o outro Rui, que já vos apresentei, e…bem…na verdade, porque tem uma cara redonda como uma bolacha Maria!), o Vítor e mais uns quantos que é melhor não enumerar para não os maçar. Todos temos entre 13 e 15 anos e temos várias razões para andarmos juntos, a maior das quais penso ser a amizade e o facto de a escola nos ter feito cruzar em determinados momentos do passado. Alguns de nós conhecem-se desde o Pré-Escolar. É muito tempo! Infelizmente, nem todos com uma história positiva de vida. O António, por exemplo, dedicou-se pouco ao papel dos livros e do caderno a partir do 5º ano e dois anos seguidos de chumbo levaram-no a uma turma especial que criaram quando entrou, finalmente, no 6º ano. Se não me engano, chamam-lhe a turma dos Percursos Curriculares Alternativos. Ele lá vai indo e parece estar melhor. No final, logo se vê.

Já o Vítor é rapaz certo nos estudos e está no 9º ano. Apesar dos problemas económicos que tem, lá consegue ir dando conta do recado. Com a ajuda que a escola lhe dá para os transportes e para os livros vai tendo acesso ao que lhe faz falta. Acaba este ano o Básico. Isto se os exames lhe correrem bem, mas não é rapaz para virar a cara a essa dificuldade!

Depois de um breve momento de conversa, lá nos disse o Bolachinha que estava a tocar. Este tipo é uma ave agoirenta! É sempre ele quem ouve a campainha! Enfim, lá fomos cada um às suas! O António, o Rui e eu fomos para Português. Mal estávamos a chegar à sala vimos um grande rebuliço. Nós preparados para entrar e o resto da turma a encaminhar-se em sentido contrário. Esperámos que todos passassem e demos de caras com a professora:

— Então, meninos! Por um bocadinho que não nos apanhavam. Tentem vir mais depressa quando toca. Vamos lá! Hoje vamos para a Biblioteca.

Passámos os primeiros noventa minutos da manhã a consultar livros na Biblioteca, para preparar um trabalho de grupo que tínhamos para fazer sobre o texto dramático. Lá escapou. A “seca” não foi grande. A professora apresentou o assunto bem, a Biblioteca é um espaço agradável, que praticamente todos os alunos frequentam. Não correu mal.

Direcção de Serviços de Apoio Pedagógico e Organização Escolar (DSAPOE)

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No intervalo fui até à rádio escolar. Na escala dos alunos que pertencem ao Clube de Jornalismo aparecia o meu nome para ser o animador no intervalo maior. Como já é hábito, sempre que um elemento do grupo vai para a rádio, junta-se o pessoal à volta da cabine. O Vítor entrou também, o que acontece sempre que me calha a mim. Não percebo este rapaz! Frequenta o Clube de Ciências e está na equipa de Voleibol do Desporto Escolar, mas quando lhe pergunto porque não se inscreveu no Clube de Jornalismo para fazer rádio diz que só gosta de ver! Enfim, é lá com ele. Na verdade, a companhia também dá jeito para ajudar. Se não soubesse que ele ia ter comigo, como de costume, não lhe podia ter pedido que me trouxesse um sumo e uma sanduíche de fiambre do bar, porque eu não tinha tempo e ficava com o estômago a roncar.

Passaram os vinte minutos do intervalo a voar e lá corri para a aula de Físico-Química. Por pouco esquecia-me que tinha actividades no laboratório, mas quando chegámos tivemos uma bela surpresa. Nos primeiros minutos da aula o professor perguntou a nossa opinião sobre a realização de uma visita ao Museu de Ciência, mais para o final do ano. Não há nada que estranhar! Foi aprovada a ideia por unanimidade e aclamação! O professor ficou de tratar de todos os procedimentos necessários para a ideia ser aprovada e passar à prática. O estranho é que não me lembro bem do que falámos a partir daí. Bem, sempre tirei uns apontamentos que devem servir para ver o que foi a matéria da aula. Pode ser que algum dos outros colegas da turma tenha ouvido. Duvido… Pensava eu que só quando andávamos no 1º Ciclo é que nos entusiasmávamos com estas coisas. Afinal, quando os meus amigos de outras turmas falavam de visitas pareciam tão calmos!

Chegou o intervalo antes dos últimos 45 minutos. Dez minutos para estar com a rapaziada. Mal cheguei ao pátio para aproveitar o tal sol delicioso vi o Bolachinha metido numa briga. Empurrão para direita, pontapé em frente, puxão para a esquerda, afastando os incitadores lá consegui segurá-lo e afastá-lo de um aluno que chegara pouco tempo antes à escola. O que não consegui foi que o funcionário de serviço não visse. Lá está o Bolachinha metido em processos… ainda por cima o intervalo é tão rápido que nem pude falar com ele para perceber o que se passara. Depois desta aula de Educação Visual logo tento falar com ele ao almoço.

Em Educação Visual a professora apresentou o trabalho para as próximas 4 aulas. Os professores que fazem actividades na área da saúde pediram para fazermos cartazes baseados nas nossas discussões em Formação Cívica sobre a Educação Sexual. A malta não deixou de achar graça, mas ainda há alguns que são infantis e começaram com os risinhos. Afinal, temos falado algumas vezes nesses assuntos em mais do que uma disciplina e ainda reagem assim.

Chegou o almoço, precisamente quando um barulho estranho vindo da barriga me fez ter a certeza que o sumo e a sanduíche já eram uma recordação. Como combinado todos os dias esperámos pelo pessoal amigo que almoça na escola e fomos juntos para a fila. E como é normal, uns acham que o almoço é bom e outros reclamam. Enfim, entre conversas e picardias o consenso de almoçarmos juntos vence tudo o resto. O Luís, um dos amigos de que não falei anteriormente, mal acaba de almoçar sai a correr. É que o irmão dele também anda na escola, mas frequenta uma sala onde alunos diferentes recebem apoio e ele ainda não o viu em todo o dia. É um tipo porreiro com uma certa superprotecção para o com irmão, de que também gostamos. Daqui a pouco devem os dois vir ter connosco.

Hoje a fila não era grande e conseguimos ficar com uma hora inteirinha para nós até começarem as aulas da tarde. Ainda demos uns toques numa bola com uns miúdos de 6º ano, mas já estamos a ficar velhos para isso! Foi mesmo para satisfazer uma breve saudade dos desafios que tínhamos. Optámos por ficar a descansar à sombra, conversando uns com os outros e com algumas amigas que, entretanto, saíram do refeitório.

- Sabem que chegou um aluno de um país com uma língua muito diferente da nossa? Acho que é ucraniano — disse a Maria, que é da minha turma.

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- Vai ser bonito para nos entender e nós a ele — respondeu o António. - Pois vai. Mas já está a ter umas aulas próprias para isso. O rapaz é engraçado e parece

simpático — retorquiu a Luísa, sem que ninguém tivesse dado resposta. - Alguém sabe o que se passou com o Bolachinha? Não o vi ao almoço — perguntei eu. - Teve ordem para ir à Directora logo que acabasse as aulas da manhã. Deve estar a ouvir das

boas! — Informou o Vítor. - Só espero que não leve uma suspensão! — adiantou o Rui. A verdade é que não voltámos a ter notícias, já que o vimos passar ao fundo, apressado, a

caminho do refeitório para almoçar. Como entretanto a campainha tocou, sem que o nosso amigo Bolachinha estivesse para nos avisar, tivemos que ir para as aulas.

A minha tarde começou com História e terminou com Educação Física. Nada de especial ocorreu nestas duas, pelo que o final do dia chegou sem novidades.

Como tenho sempre que esperar com o Rui e o Zé pelo autocarro, aproveitamos para ir à Biblioteca ou participar em algum dos clubes da escola ou ir até ao bar ou ficar sem fazer nada. Depende do que nos apetece. Neste dia optámos pela primeira hipótese. É que nos disseram que tinham chegado uns CD’s novos e nada melhor do que sentarmo-nos naqueles bancos confortáveis, cada um com o respectivo auscultador e esquecer o mundo. Ainda perguntámos ao António e ao Joaquim se queriam vir, mas o primeiro tinha aulas de apoio e o outro tinha que ir para casa, pois tinha natação.

O tempo até parece que voa e nós temos, afinal, que voar para não perder o autocarro. A viagem foi normal e os meus amigos foram saindo nas respectivas paragens.

Eu estou outra vez à porta de casa, onde nos encontrámos há bocado. Vou entrar. Estou cansado e ainda tenho alguns trabalhos a fazer para amanhã.

Não tem o texto anterior a pretensão de abarcar todas as funções e atribuições da Direcção

de Serviços de Apoio Pedagógico e Organização Escolar. Deixamos uma história que procura ilustrar a nossa essência de trabalho: os alunos. A DSAPOE

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AS PLATAFORMAS ELECTRÓNICAS DE CONTRATAÇÃO

E AS AQUISIÇÕES PÚBLICAS

Sabemos hoje que os sistemas de contratação assumem um papel preponderante e decisivo no progresso das economias de mercado. Esta constatação é tanto mais pertinente quanto a certeza que caminhamos para uma economia de mercado cada vez mais global, de abertura de fronteiras a novos espaços de trocas comerciais, mas também a necessidade de uma reorganização e regulamentação que permita dar resposta atempada e eficiente a todo este processo. Esta perspectiva é relevante no que diz respeito à racionalização das aquisições e à agilização do comércio nacional e internacional. É no domínio das “Aquisições Públicas” (“Public Purchasing”), cada vez mais orientado para a inovação tecnológica oferecendo novos e mais eficientes sistemas de contratação electrónica, que podem ser alcançados bons resultados no combate ao desperdício, aumento da transparência e dinamização do tecido empresarial. Esta é a linha orientadora que a adopção de plataformas electrónicas de contratação tem assumido.

Ao determo-nos na análise dos factores determinantes da evolução das Aquisições Públicas

verifica-se a existência de três momentos decisivos: A transposição das Directivas Comunitárias 2004/18/CE e 2004/17/CE, ao agilizar e diversificar os procedimentos de contratação; A implementação de várias experiências de contratação electrónica, iniciado em 2003-2004 por iniciativa da UMIC – Unidade de Missão Inovação e Conhecimento, as quais atingiram o seu momento de consolidação e maturidade; o novo Código dos Contratos Públicos, DL18/2008, complementado pelo DL143-A/2008 e pelas portarias 701/2008, que entraram em vigor no dia 29 de Julho de 2008 e que vêm orientar e regular a total desmaterialização da tramitação dos procedimentos de formação dos contratos públicos.

Os benefícios alcançados pela implementação dos processos de aprovisionamento por via

electrónica e defendidos cada vez mais pelas próprias empresas poderão ocasionar ganhos consideráveis, nomeadamente no combate à dependência do papel e evitando o desperdício de tempo e dinheiro, na simplificação e celeridade nos processos de formação dos Contratos, ao propiciar um ambiente de transparência e competitividade empresarial, na redução da despesa pública, no incremento de redes de empresas, nomeadamente PME’S, as quais poderão ser privilegiadas por um melhor acesso aos mercados públicos e, finalmente, na convicção de uma mais eficaz comparação entre compradores e fornecedores.

Ao entrar em vigor, a 30 de Julho de 2008, o Código dos Contratos Públicos (CCP), aprovado

pelo Decreto-Lei nº 18/2008 de 29 de Janeiro, foi determinado que todas os processos de compras públicas passem a ser realizadas apenas por via electrónica em plataformas electrónicas de contratação, prevendo-se, assim a garantia dos princípios decorrentes do próprio decreto-lei e em moldes conformes com os princípios da igualdade, da concorrência, da imparcialidade, da proporcionalidade, da transparência, da publicidade e da boa fé. Com a entrada em vigor deste novo quadro legal, procurou-se desmaterializar e agilizar os processos aquisitivos, prevendo-se que todos os procedimentos, tais como ajustes directos e concursos públicos, passem a ser efectuados exclusivamente através de suporte electrónico.

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Divisão de Gestão Financeira e Patrimonial (DGFP)

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Neste contexto, a DREALE aderiu às plataformas electrónicas das empresas VortalGov, apenas

para a contratação ao abrigo dos Acordos Quadro cuja condução dos procedimentos de aquisição foi centralizada na Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP), e da AnoGov para as empresas fornecedoras interessadas e registadas, dando início aos processos de contratação pública assim que as condições técnicas das mesmas estivessem operacionais. Ao mesmo tempo que este processo de mudança ia decorrendo, a Divisão de Gestão Financeira e Patrimonial assumiu como primordial a preparação de acções de formação no âmbito da operacionalização dos procedimentos contratuais via electrónica para os colaboradores directamente envolvidos e dinamizadas por formadores das plataformas electrónicas contratadas, assim como a acção de formação “Contratação Pública – Utilização da Plataforma de Compras Públicas da Construlink”, destinada a apoiar as escolas na adaptação ao Código dos Contratos Públicos (CCP) e ao seu contexto electrónico, de acordo com a legislação em vigor e todas as normas da Contratação Pública, nomeadamente as descritas no Decreto-Lei n.º 278/2009 (bem como os subsequentes diplomas reguladores), que estabelece o regime da realização de obras públicas e aquisição de bens e serviços.

Num quadro nacional e internacional direccionado para a desmaterialização dos procedimentos aquisitivos através da disponibilização das plataforma electrónicas e dos serviços por elas prestados alteram-se, também formas e rotinas de trabalho, uniformizam-se e simplificam-se processos, dando origem a uma outra relação de natureza tecnológica entre os intervenientes permitindo o trabalho em ambiente electrónico de interacção colaborativa, mas sempre com o objectivo de maximização em todas as vertentes contratuais. A DGFP

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O PLANEAMENTO EDUCATIVO – A “ ABORDAGEM MUNICIPAL ”

Neste primeiro artigo da revista “ Alentejo Educação” reflectirei sobre o Planeamento Educativo, nomeadamente a problemática da “ Abordagem Municipal ”. Para além dos objectivos nacionais que estão espelhados na legislação nacional, nomeadamente Programa do Governo, Lei de Bases do Sistema Educativo, etc. e dos objectivos definidos a nível de Escola e Agrupamento – Projecto Educativo e Plano de Actividades, há inequivocamente espaço para uma “ Abordagem Municipal do Sistema Educativo. É essa proposta que aqui trago. Os Conselhos Municipais de Educação poderão ser o “PIVOT” desta metodologia…

O ÓRGÃO

Os Conselhos Municipais de Educação são uma grande mais-valia ao nível do Sistema Educativo Concelhio. Estamos perante uma estrutura formal, legalmente constituída, sob responsabilidade Municipal, onde estão representados todos os actores Concelhios - Município, Ministério da Educação, Pais, Professores e Entidades locais de maior relevância. A legislação possibilita ainda que possam ser convidadas outras entidades, nomeadamente Escolas, Empresários, Associações, etc. Se os diferentes actores, devidamente representados no Conselho Municipal, assumirem voluntariamente a ambição e a responsabilidade de elaborar para todo o Concelho um Plano Estratégico. Sugere-se que os Directores (as) dos Agrupamentos/Escolas Secundárias sejam formalmente convidados para integrarem esta Equipa, uma vez que a este nível são elementos fundamentais para o sucesso deste projecto.

A OPORTUNIDADE

Vivemos, como é sabido, um momento de profundas alterações recentes ao nível do Sistema Educativo. Necessariamente iremos entrar num período de maior estabilidade. A nomeação recente dos novos Directores (as) das Escolas/Agrupamentos e a posse, fruto de eleição recente, de novos Executivos Autárquicos e de nova Legislatura ao nível Governamental cria a oportunidade – Planear a 4/5 anos um conjunto de linhas de intervenção coerentes entre todos os actores Concelhios…Exactamente porque Planear é influenciar e antecipar o futuro no sentido que julgamos mais correcto e adequado… Em síntese, nos Municípios em que o respectivo Conselho Municipal revelar uma vontade e uma ambição inquestionável de atingir um patamar mais elevado ao nível da qualidade do sistema educativo poderá, se os seus membros assim o entenderem, elaborar-se um PLANO ESTRATÉGICO a quatro anos (período do mandato Municipal…)

O QUE SE PRETENDE?

Uma “Organização de Vontades” entre os actores locais livremente estabelecida. Não é mais um Projecto do Ministério…Trata-se sim de os actores locais estabelecerem um conjunto de linhas de intervenção onde todos “jogam” o mesmo jogo. Um Plano Estratégico que “acrescenta” e não reduz. Pretende-se que este Projecto dê coerência e “integre” os Projectos Educativos dos Estabelecimentos existentes, bem como a estratégia Autárquica ao nível da Educação.

Divisão de Planeamento e Prospectiva (DPEP)

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Relembremos que os Agrupamentos /Escolas vão agora iniciar a elaboração de um novo Projecto Educativo que tem por base as linhas programáticas apresentadas pelo Director (a), que foi eleito.

EM QUE CONSISTE ESTE NOVO DESAFIO SE FOR ASSUMIDO PELOS ACTORES?

Trata-se em síntese de um documento, necessariamente simples e não burocrático, que deverá traçar as grandes linhas de orientação para O SISTEMA EDUCATIVO MUNICIPAL, tendo em consideração os contributos dos actores, revestindo uma natureza não impositiva, mas de adesão livre. Obviamente não pode limitar a independência, singularidade e autonomia das Escolas/Agrupamentos mas sim “integrar” numa lógica de trabalho concelhio… Este Plano se souber “seduzir” as energias locais poderá dar coerência, cumplicidade e sentido estratégico a todos os actores locais… É evidente que devemos contrariar ao máximo a tendência Portuguesa da burocracia e da”reunite”… È perfeitamente possível autonomizar no Conselho Municipal um grupo de duas a três pessoas que no prazo, por exemplo, de quinze dias apresente um diagnóstico simples e objectivo da realidade educativa do Município com base num conjunto de indicadores dos últimos três anos (Insucesso e abandono, níveis de acção social escolar, resultados das provas de aferição e exames, adesão e sucesso das actividades de enriquecimento curricular e expressões, % de entrada no Ensino Superior, nível de sucesso e entrada no mundo do trabalho dos alunos do Ensino Profissional, etc…) Com base neste diagnóstico e utilizando suportes adequados também é perfeitamente possível no plenário do Conselho Municipal identificar duas ou três linhas de intervenção (ou eixos), aceites por todos, que visam essencialmente contrariar as principais debilidades que foram identificadas no diagnóstico realizado, através da implementação de Plano Estratégico num horizonte de, por exemplo, quatro anos.

Alguns Exemplos de linhas força do PLANO ESTRATÉGICO CONCELHIO:

1 - Município líder em Novas Tecnologias ou Educação pela Arte ou Prática Desportiva. Se se obtar por qualquer destas linhas força ela tem que ser assumida colectivamente deverão existir inúmeras actividades do Pré-escolar ao Secundário de natureza formal (curricular) ou não formal…. Oficinas, ateliers, festivais, campeonatos, escolas de formação, encontros … 2 – Município que promove a igualdade de oportunidades. Aqui inúmeras medidas podem ser assumidas pelas Entidades…Criação de um Professor tutor para todas as crianças com dificuldades de aprendizagem. Tentar reduzir o insucesso escolar em 50% a cinco anos com a criação, por exemplo, de um Gabinete Concelhio de Apoio Psicológico com candidatura ao POPH…Criação no Ensino Secundário de apoios para os exames do 12º ao nível da Matemática e outras Disciplinas para todos os alunos… etc, etc 3 - Generalização no Município da Educação Pré-escolar Pública 4 – Município que promove o Ensino Profissional Esta vertente pode ter uma especial atenção. O que implica que exista um grande acompanhamento das necessidades de técnicos por parte das empresas do concelho, um empenhamento na criação de estágios profissionais e a colocação nessas empresas de um conjunto de jovens já formados ano a ano. O que implica uma aposta nos Cursos Profissionais e nos Cefs (Quando existirem alunos com este perfil) permanente.

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5 - Município “Abandono Zero” Esta linha força traduz-se num grande trabalho de monitorização e acompanhamento de todos os jovens em risco e terá de ser articulado com a Equipa Concelhia de Intervenção Precoce existindo necessariamente mais recursos e atenção redobrada… 6 - Município que promove a EDUCAÇÃO PERMANENTE Aqui para além do PROGRAMA NOVAS OPORTUNIDADES podem existir objectivos de aumentar o nº de pessoas com o Ensino Secundário em x%. Podem existir um programa periódico de reciclagem e reconversão profissional de diferentes profissões, podem existir programas concelhios de dinamização e animação de leitura… Como é evidente, é desejável que um Plano Estratégico tenha um conjunto de linhas força de diferente natureza. Nesta altura em que estamos de alguma forma inovando somos de parecer que deverá ter somente duas a quatro linhas força de intervenção estratégica.

José Gazimba Simão

Até 1870, a administração da Educação em Portugal era tutelada pelo Ministério do Reino. Nesse ano foi constituído, pela primeira vez, um ministério especializado, designado Ministério da Instrução Pública, logo extinto no mesmo ano. Seguiu-se, em 1890, o Ministério da Instrução Pública e Belas Artes; da Educação Nacional; da Educação e Cultura; da Educação e da Investigação Científica; da Educação e Ciência; Educação e Universidade; da Educação…

Nestes cerca de 150 anos, como se viu pela resenha apresentada antes, muito se tem procurado, muito se tem achado e por vezes também perdido. Contudo, inegável conquista se fez: a ideia já por quase todos interiorizada que a educação tem que ser para todos mas que, como foi dito na conferência da UNESCO de 2002, a educação para todos é “um projecto que exige uma persistência infatigável, porque a Educação para todos nunca está definitivamente alcançada”.

Entendo, neste contexto, os problemas das escolas portuguesas: frustrações e alegrias. Por vezes tudo melhora, os jovens e os adultos estão mais na escola e são mais felizes; noutros momentos o desânimo colhe-nos de surpresa e parece-nos que a batalha é demasiado penosa.

A condição de todos os agentes educativos é a condição humana – “tem dias” – mas se procurarmos que os dias bons sejam mais frequentes, podemos saber que contribuímos para mais e melhor educação.

Esta é a tarefa de todos nós e de toda a equipa do Alentejo Norte:

Coordenação – Maria de Fátima Soares Pinto de Leite Ana Maria Santos Marques Dulce Maria Pires Batista Relvas Isabel Maria Ribeiro da Graça Joaquim José Lopes Matias Maria da Conceição Fernandes Rodrigues Matos Também desenvolvem a sua actividade nesta equipa: Domingos Brigas Cairrão (Desporto Escolar) Maria de Fátima Sequeira Baião Trindade Paté (Ensino Especial)

Um abraço da equipa, Fátima Pinto Leite

Equipa de Apoio às Escolas Alentejo Norte (EAE-AN)

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AUTONOMIAS E POLÍTICAS EDUCATIVAS

A criação de um espaço de escrita é, por si mesmo, um espaço de reflexão e troca de ideias. O surgimento de uma revista no âmbito da Direcção Regional de Educação, traduz isso mesmo. Reflexão sobre o que é feito, como é feito, em que medida e com que sentidos. Ideias relativamente ao trabalho de cada elemento, à sua articulação e à necessária colaboração entre pessoas e entre sectores, quer internamente quer com todo o conjunto de parceiros com quem trabalhamos e colaboramos. O trabalho das equipas de apoio às escolas está balizado pela lei orgânica das direcções regionais de educação e pelo plano de actividades da organização. Para uns, as equipas de apoio às escolas mais não serão que elementos de controlo e implementação das medidas de política nacional. Para outros, um elemento essencial no apoio à organização e gestão das escolas. Pretensamente o trabalho das equipas de apoio procura acentuar as dimensões de exercício das autonomias e de criatividade das escolas e agrupamentos compaginada que deverá ser nas linhas de orientação das políticas educativas. Harmonizar uma e outra, isto é, equilibrar as autonomias das escolas/agrupamentos e a implementação das políticas educativas de âmbito nacional, é, clara e objectivamente, um imenso desafio. Desafio que tem de levar em consideração o conhecimento de cada realidade, as capacidades de cada conjunto de elementos, uma leitura legislativa e normativa que não se deverá restringir à literatura cinzenta da lei mas às possibilidades que ela oferece para se agir. Desafio que leva em consideração a definição de regras e critérios que, ainda que próprios e adaptados a cada contexto e circunstância de escola e agrupamento, ultrapasse as arbitrariedades e discricionariedades individuais em função do interesse comum que é a escola pública. Escola pública perante o qual os desafios são inúmeros, diversificados e, passe a redundância, desafiantes. Ao contrário do que se possa imaginar e alguns queiram fazer querer, os desafios são agora locais, em face de cada escola ou agrupamento, dos recursos que tem, das possibilidades que assume, dos constrangimentos que considera, das ideias que promove. A escola pública está em reconfiguração. Ultrapassada e estabilizada a sua democratização, assente no crescimento e consolidação de oferta, é agora tempo de se apresentarem resultados. Resultados objectivos, em face das aprendizagens, do abandono e absentismo. De um conjunto de indicadores quantitativos que permitam aferir um ponto de situação de cada escola/agrupamento. Mas também indicadores qualitativos que permitam perspectivar a situação de cada escola/agrupamento em face dos seus impactos sociais, afectivos, valorativos e, mesmo, ideológicos. Uns e outros, indicadores qualitativos e quantitativos, passam de forma crucial pela afirmação da escola pública, pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido por docentes e não docentes, alunos e encarregados de educação, pela qualidade das aprendizagens mas também pela qualidade dos seus profissionais.

Equipa de Apoio às Escolas Alentejo Central (EAE-AC)

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Tal circunstância faz com que os modos organizacionais da escola pública portuguesa sejam hoje mais criativos que há anos atrás, se perspectivem novas e diferentes formas de trabalhar em equipa, se ultrapassem as dimensões restritas da sala de aula e a escola se imiscua, de forma clara e objectiva, no contexto social e afectivo em que se insere, os interesses se articulem entre diferentes sectores e, hoje mais do que antes, as questões da educação não se restrinjam ao ensino e as soluções sejam colectivas e definidas entre múltiplos parceiros, que vão da segurança social às instituições particulares de solidariedade social, passando pelas dimensões não formais da educação, aos municípios, entre muitos outros. É nesta teia de interesses e interessados, de diferenciados objectivos, de múltiplos sectores e oportunidades, na gestão sempre delicada, quando não mesmo periclitante, entre as autonomias de cada conjunto e as orientações normativas dos interesses nacionais que se situa o trabalho das equipas de apoio às escolas. É este o desafio que nos orienta e cativa, em face do imenso prazer que é trabalhar na e com a educação.

Manuel Dinis P. Cabeça Coordenador da Equipa de Apoio às Escolas do Alentejo Central

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Equipa de Apoio às Escolas Alentejo Este (EAE-AE) SUCESSO EDUCATIVO - DESAFIO DA ESCOLA MODERNA A missão institucional da escola no quadro das ideologias educativas das modernas

sociedades

À escola moderna são exigidos reajustamentos e adstritas missões decorrentes de novas lógicas e contextos da modernidade, sendo relativamente consensual perceber-se-lhe novos desafios, ao mesmo tempo que se percebe que as finalidades tradicionais da escola já não resolvem as funções que esta é chamada a realizar. Neste seguimento, um conjunto de novas funções é cometido à escola, no âmbito do qual surgem finalidades política e de socialização política, cultural e instrutiva, socializadora, económica e produtiva, de selecção social e de concessão de status, personalizadora e de inovação, para além das funções de outras de custódia, de acolhimento, de apoio, de atendimento e assistência social, daí decorrendo que, uma parte bastante substancial da vida da escola, seja direccionada mais para o âmbito social e familiar do que para a dimensão instrutiva (cf. Verdasca, 2007).

Estas novas exigências que à escola se colocam, evidenciam a pertinência da centralidade do debate sobre a missão institucional da escola hodierna, que ganha sentido no quadro daquilo que são as orientações ideológicas educativas das modernas sociedades. Assim sendo, importará encenar um vislumbre, ainda que rápido, sobre estas orientações.

Sendo indiscutível “a aceitação da contribuição da educação para o desenvolvimento” (Pires, s/d), a perspectiva desenvolvimentista surge, assim, como um dos motores das evoluções recentes dos sistemas educativos. Traduziu-se esta evolução, numa primeira fase, no alargamento dos mesmos, assente numa plataforma em que prevalecia a ideia de igualdade de acesso, reforçada mais tarde pela premissa de igualdade de sucesso para todos (que teria um dos pontos altos na Declaração de Salamanca, em 1994, onde a ideia de inclusão foi alargada aos cidadãos com necessidades educativas especiais). Este conjunto de orientações conduziria, no decurso dos anos 80 do século XX, à instalação de uma escola democraticamente aberta à participação das comunidades locais, a que se viria juntar, nos anos 90, a “...preocupação da gestão eficiente dos fundos públicos... [com aplicação dos]“...princípios do sector privado à gestão dos serviços públicos... [regendo-se] por cinco máximas principais: colocar o cliente no centro das actividades do Estado, alterando, assim, gradualmente a mentalidade do sector público; descentralizar as responsabilidades até ao nível mais próximo do campo de acção; tornar os funcionários públicos responsáveis perante a comunidade; aumentar a qualidade dos serviços e a eficiência dos organismos públicos; e, por fim, substituir os tradicionais procedimentos de controlo pela avaliação por resultados” (Eurydice, 2007).

Nasce, desta forma, uma escola orientada sob a égide de um conceito alargado de democracia (inclusiva, multicultural, diversa e heterogénea) ao mesmo tempo que se vincula à agenda da nova gestão pública (eficiência, avaliação e responsabilização). Do conceito de democracia advém-lhe responsabilidades de inclusão e de tendencial equalização das possibilidades de sucesso, evidenciando-se uma finalidade claramente social, onde o que domina é a aceitação da heterogeneidade a vários títulos entendida (étnica, cultural, social, comportamental,...). Do mundo gestionário e das filosofias de modernização (cf. Estevão, 2001) adquire lógicas eficientistas de produtividade escolar e de conformidade de resultados, acoplando-se por esta via a finalidades do tipo cultural-instrutivo (cf. Verdasca, 2007), onde a prestação de contas adquire uma posicionamento dominante.

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O Desafio

Assim, o desafio da escola (desta escola), coloca-se quando urge compatibilizar estes dois eixos dominantes da sua própria definição: a dimensão democrática-socializador-inclusiva com a dimensão eficientista, produtiva e de conformidade de resultados. Entender-se-á melhor a extensão do desafio se for considerado o pressuposto oriundo do mundo académico (mas também estampado na história contada pelo desenvolvimento recente dos sistemas educativos) de que, “...as finalidades socializadora e instrutiva são pelo menos em parte contraditórias...” criando-se aqui uma espécie de choque de racionalidades (Verdasca, idem). O desafio estrutura-se, assim, em torno da garantia da coexistência maximizante daquelas dois eixos dominantes, construindo-se um equilíbrio entre o eixo desempenho instrutivo/ conformidade de resultados e o eixo integracionista socializante1.

A questão torna-se pertinente se quisermos encarar (como o faz Estevão, 2001) as escolas actuais como sistemas com alto nível de fluidez, com públicos diversos e variáveis, (muitas vezes) de recrutamento forçado, com “...metas ambíguas....participação fluída....tecnologias pouco claras.....”2, não sendo especialmente fácil, aplicar à escola princípios e métodos próprios da gestão empresarial privada, nem conquistar, por essa via, o desafio da conformidade de resultados.

Sucesso Educativo e Soluções Organizacionais de Compromisso

A temática do sucesso educativo ganha dimensão neste quadro. Quando os sistemas educativos conseguirem responder, de forma assertiva, a este desafio, conseguindo equilibrar a dimensão democrática-socializador-inclusiva com a dimensão eficientista, produtiva e de conformidade de resultados, o sucesso traduzir-se-á, acredita-se, em “...quebras significativas na repetência e abandono escolares e ...[numa]... melhoria igualmente significativa na qualidade dos resultados escolares de coortes de alunos.”(Verdasca, o.c.).

Desta forma, defende-se convictamente que soluções organizativas de compromisso, em que uma finalidade cultural instrutiva conseguida, se compagine com a prossecução de fins socializadores que considerem diversidades culturais, étnicas e comportamentais“ induzirá uma escola ”social e culturalmente mais justa e inclusiva e universalmente democrática”(idem) .

Acredita-se também que, a conquista do equilíbrio entre estes dois eixos estruturantes, quando nos referimos ao segmento do ensino básico, repercutir-se-á de forma determinante nos níveis seguintes, quer para os alunos com bom desempenho quer para aqueles cuja história académica os confina aos últimos lugares dos resultados escolares. A sobrevivência escolar, tendencialmente plena, decorrerá, deste tipo de soluções organizativas, pela quebra da repetência, cuja relação directa com a mortalidade escolar é mais que conhecida, mas também pela criação de círculos virtuosos em que se relacionam resultados escolares conseguidos, auto estima acrescida, e vinculação aumentada. Orientações Europeias

No contexto delineado, e na prossecução, desta ideia de sucesso, é possível relevar algumas orientações dominantes emanadas da Comissão Europeia3. Neste âmbito, são assim claramente apontados como orientações: ritmos escolares cada vez mais flexíveis; aumento das exigências na formação dos adultos responsáveis pela educação das crianças no Pré-escolar; aumento da importância atribuída a este nível de ensino e dilatação das respectivas taxas de frequência; ensino secundário tendencialmente considerado como a continuação do ensino básico (não existindo certificação ou orientação para cursos diferentes no final do ensino primário); certificação no fim do ensino secundário objecto de um controlo externo; assunção total ou parcial pelo Estado dos custos dos estudos no Ensino Superior; integração das crianças com necessidades específicas, associada ao apoio especializado; línguas estrangeiras introduzidas no programa cada vez mais

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cedo; decréscimo das línguas estudadas em benefício do Inglês; colocação das Tecnologias de Informação e Comunicação no centro das políticas nacionais.

O Jogo no Campo das Escolas-Organizações Aprendentes e Autonomia

Para além destas, uma outra importante orientação estratégica dos sistemas educativos europeus, que interessará, neste caso, destacar, refere-se à (tendencialmente) progressiva autonomia conferida aos estabelecimentos de ensino público, retomando-se assim princípios das organizações aprendentes, de que fala Carneiro (1998). Atribui-se deste modo às escolas, os créditos de serem “...capazes de assumirem a liberdade e o risco da tomada de decisão...” (Matias Alves, 1999), encarando-as, usando o articulado de Sarmento (1999), como aptas a “...encontrar o seu próprio caminho na edificação as finalidades cívicas da educação pública”, procurando soluções organizativas, fora das tendências de modismo explicadas por interpretações (neo) institucionalistas.

Uma parte substancial do jogo é, assim, de forma clara, passado para o campo das escolas, distinguindo-se-lhes singularidades, valorizando-se especificidades e reconhecendo-se-lhes o mérito e a competência de poderem resolver problemas próprios através de soluções específicas, pelas quais não deixarão, obviamente, de ter que responder.

É no envolvimento deste quadro que surgem os Projectos Fénix (Escola de Beiriz-Agrupamento de Escolas Campo Aberto) e TurmaMais (Escola Secundária Rainha Santa Isabel, de Estremoz), como respostas inovadoras e específicas a um problema que sendo genérico (o insucesso educativo), não deixa de ter acepções e leituras específicas, decorrentes da singularidade de cada realidade onde se manifesta.

Inácio M. Ambrósio dos Santos Coordenador da Equipa de Apoio às Escolas do Alentejo Este

_________________________________________________________________________________________ 1Verdasca (o.c.) adianta uma leitura em que, ao nível da estrutura composicional das turmas, é possível estabelecer uma relação entre homogeneidade e o eixo cultural-instrutivo, e heterogeneidade e o eixo integracionista socializante. 2Dados por exemplo “...o alto grau de autonomia individual e a especialização da função docente e a imprevisibilidade e ambiguidades decorrentes das exigências dos contextos legal, familiar, social, administrativo “(Carvalho, 1999)

Bibliografia

Carneiro, R.(1998).A questão do ensino: os desafios actuais, in O sistema de ensino em Portugal-séculos XIX –

XX.Lisboa:Edições Colibri

Estevão, C. (2001). Justiça e educação: a justiça plural e a igualdade complexa na escola. Col. Questões da Nossa Época, vol. 86. S. Paulo: Cortez Editora.

Eurydice, Eurostat (2000). Os números-chave da educação. Luxemburgo: Comissão Europeia.

Jorge, I. (s/d). “Abandono escolar precoce e desqualificado”, in Correio da Educação n.º 305. Porto: Criap-Asa.

Matias-Alves, J. (1999). “Autonomia, participação e liderança”, in Contratos de Autonomia, Aprendizagem Organizacional e Liderança, Cadernos Correio Pedagógico, 15-33, Porto: Edições Asa.

Sarmento, M.J. (1999). “Contratos de autonomia e aprendizagem organizacional da escola”, in Contratos de autonomia, aprendizagem organizacional e liderança, Cadernos Correio Pedagógico, 33-45, Porto: Edições Asa.

Sistemas educativos europeus precisam de modificações profundas, in http://www.educare.pt/educare/Actualidade.Noticia.aspx?contentid=103762313AA83A1FE0440003BA2C8E70&channelid=0&schemaid=&opsel=1

Verdasca, J.L.C. (2007). “TurmaMais: uma tecnologia organizacional para a promoção do sucesso escolar”, Conferência internacional sucesso e insucesso: escola, economia e sociedade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, CIEP – Universidade de Évora.

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ARTIGOS – PROJECTOS MAIS RELEVANTES

A área de influência da Equipa de Apoio às Escolas do Alentejo Litoral abrange concelhos de dois distritos: Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines do distrito de Setúbal; Odemira e Ourique do distrito de Beja. No terreno, a Equipa tem uma intervenção profunda em várias áreas, sendo o seu objectivo principal o acompanhamento às Escolas nas múltiplas actividades que desenvolvem, bem como o apoio na implementação das políticas educativas em curso. Este trabalho traduz-se na participação em reuniões, na resposta às solicitações numa relação de proximidade, resolvendo de forma articulada e concertada as dificuldades que surgem no decurso do funcionamento de todos os Estabelecimentos Escolares Públicos e/ou Privados. Pretende-se que a acção da Equipa contribua para uma melhoria do serviço prestado às comunidades pelas escolas, no sentido de proporcionar uma educação de qualidade para todos, dignificando a Educação/Formação, um pilar fundamental do desenvolvimento. Entre as várias actividades realizadas, destacam-se as seguintes:

Caracterização dos Concelhos No início do ano lectivo 2009/2010, a Equipa elaborou um documento com vários dados relevantes dos respectivos concelhos, que inclui os seguintes elementos:

Contactos e Informações Gerais referentes às Autarquias e às Escolas/ Agrupamentos

Dados Demográficos e Finanças Locais

Composição da Direcção das Escolas e Agrupamentos

Número de Alunos por Agrupamento e Escola

Pessoal Não Docente

Pessoal Docente

Actividades de Enriquecimento Curricular 1º CEB

Acção Social Escolar

Exames e Provas de Aferição do ano lectivo transacto

Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco

Este documento permite um “retrato” de cada concelho, de modo a identificar actores e factores sociais que, de algum modo, se relacionam com a educação.

Equipa de Apoio às Escolas Alentejo Litoral (EAE-AL)

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Um olhar crítico sobre os resultados da Avaliação Externa dos alunos

A Equipa analisa os resultados da Avaliação Externa, Provas de Aferição e Exames Nacionais, dos alunos das escolas do Alentejo Litoral:

Comparando os resultados dos alunos de cada escola com as vizinhas e com as médias nacionais;

Comparando os resultados dos alunos de cada escola com os de anos anteriores;

Comparando os resultados dos alunos de cada escola no 4º ano em 2007 com os de 6º ano em 2009;

Este ano, proceder-se-á também, à comparação, dos resultados de 6º ano em 2007 com os de 9º ano em 2010;

Está prevista, para este ano, a desagregação dos resultados por competências, o que vai permitir outras abordagens, mais profundas.

Escola a Tempo Inteiro

A EAE acompanha o desenvolvimento das Actividades de Enriquecimento Curricular e Componente de Apoio à Família nos AE, respondendo a todas as solicitações e dúvidas que vão surgindo. A EAE tem o conhecimento do terreno, das escolas, e dos principais pontos fortes, pontos fracos e constrangimentos sentidos pelos AE. No início do ano, fez-se o retrato do funcionamento das AEC e CAF nos AE: organização geral, horários, alunos inscritos, constrangimentos,... de modo a poder encontrar as melhores respostas para as especificidades do território. Nas várias visitas realizadas aos AE, é feito, regularmente, o ponto de situação das AEC em tempo real. No âmbito do acompanhamento das AEC são realizadas mesas redondas de avaliação, em cerca de 50% dos AE, que incluem, para além das Escolas (Direcção, professores), Pais e Encarregados de Educação, Autarquias, Entidades Promotoras e Parceiras.

Acompanhamento de proximidade de todas as Escolas/Agrupamentos e Entidades Privadas

No final do ano lectivo os elementos da EAE realizam em todas as Escolas e Agrupamentos uma reunião com a Direcção, com o fim de fazer um balanço final das actividades desenvolvidas ao longo do ano. Estas reuniões, dirigidas de acordo com um guião previamente definido, abordam temas como:

Associação de Pais Actividades de Enriquecimento Curricular Estratégias de combate ao Insucesso:

o Aplicação do Despacho Normativo 50/2005 de 9 de Novembro o Projecto Mais Sucesso o Percursos Curriculares Alternativos

Oferta formativa

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Áreas Curriculares Não Disciplinares Projectos do AE / Escola não agrupada Dificuldades e constrangimentos

Estas visitas dão origem a um relatório final, que permite antecipar algumas respostas às dificuldades que se prevêem.

Funcionamento Interno: Balanço das Actividades da Equipa/Reuniões/Formação Interna

Como procedimento habitual, a Equipa reúne ordinariamente uma vez por semana e de forma extraordinária sempre que necessário. Nas reuniões são relatadas todas as actividades desenvolvidas durante o período entre reuniões, feita uma reflexão individual e colectiva sobre os assuntos tratados, prepara-se a agenda e organizam-se as actividades a desenvolver. De todas as reuniões são realizadas memórias descritivas. No âmbito da abordagem de determinados temas pertinentes para a melhoria do desempenho profissional e da legislação em vigor, os elementos da EAEAlitoral preparam Formação Interna para os restantes elementos. Os membros da Equipa frequentam também outras formações, organizadas pela DREA ou outras entidades, sendo preparadas, posteriormente, sessões de formação para os restantes elementos.

Mais Sucesso

Elementos da Equipa de Apoio às Escolas realizam o acompanhamento ao Projecto Mais Sucesso, implementado em seis escolas do Alentejo Litoral.

Este acompanhamento passa pela participação em reuniões entre a Equipa “Mais Sucesso” da DREA, Direcções da Escola e professores envolvidos no Projecto, acompanhamento das inscrições na Plataforma Moodle, assim como análise interna dos dois projectos, nomeadamente dos resultados escolares das escolas envolvidas.

Neste âmbito, está em preparação um relatório comparativo dos dois projectos. Com este relatório não se pretende fazer uma descrição dos projectos Turma Mais e Fénix, nem analisar os resultados escolares, pois esse trabalho é realizado pela equipa “Mais Sucesso” da DREA, mas sim transmitir a nossa percepção das visitas que realizámos às escolas, respeitantes às dinâmicas criadas, à motivação dos docentes, aos constrangimentos sentidos, entre outras.

Parlamento Jovens

A EAEAlitoral participou activamente na divulgação do Parlamento dos Jovens em articulação com a DSAPOE. Um elemento da Equipa esteve presente nas sessões distritais de Setúbal, nos dias 1 e 2 de Março, no Montijo e na Sessão Nacional do Ensino Básico que decorreu no dia 25 de Maio, na Assembleia da República.

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Escola Alerta

A Equipa colabora com o Governo Civil de Setúbal no desenvolvimento do Programa Escola Alerta. Esta colaboração traduz-se na divulgação do programa e na sensibilização das Escolas para participar, participação no júri e na festa de encerramento.

Despacho Normativo 50/2005 de 9 de Novembro Sendo o Despacho Normativo Nº 50/2005, de 9 de Novembro, um instrumento legal de enorme importância, compete às Direcções Regionais de Educação garantir a sua melhor implementação. A articulação com as EAEs visa tirar partido da maior proximidade destas às escolas e, com isso, ajudá-las a maximizar o apoio dado aos alunos com algumas dificuldades de aprendizagem e aos alunos com desenvolvimento mais rápido. Nos últimos anos esta tarefa desempenhada em articulação entre as EAEs e a DREA materializou-se numa monitorização da aplicação do normativo através de um levantamento exaustivo dos planos aplicados aos alunos de cada agrupamento ou escola não agrupada, seguido de uma entrevista com a direcção da unidade de gestão que permitisse um melhor entendimento das condicionantes locais e a sugestão de algumas orientações. Com a aproximação da escolaridade obrigatória de 12 anos, planeou-se uma abordagem mais dirigida à reflexão sobre a avaliação e a pilotagem dos Apoios Educativos. Esta actividade reflexiva, ainda em execução, incidirá sobre:

a avaliação de competências desenvolvidas ou não e a necessidade de dirigir os apoios às competências não desenvolvidas ou às competências desenvolvidas em níveis próximos da excelência;

a importância, por vezes excessiva, dos instrumentos de registo do processo;

a necessidade de envolver outros parceiros, nomeadamente os encarregados de educação, na implementação dos planos;

as vantagens de manter uma monitorização próxima durante todo o processo;

as diferenças entre a avaliação - diagnóstico da consecução dos objectivos e a avaliação - seriação dos alunos para as etapas seguintes.

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AS EQUIPAS DE APOIO ÀS ESCOLAS - ACTIVIDADES E CONTRIBUTOS

O Decreto Regulamentar n.º 31/2007, de 29/03, no aprofundamento das políticas de proximidade e de desenvolvimento da autonomia dos estabelecimentos de ensino, possibilitou a constituição das Equipas de Apoio às Escolas, com a finalidade de complementar a acção das unidades nucleares e flexíveis, bem como das equipas multidisciplinares, em que se estruturam as Direcções Regionais de Educação.

Estas Equipas foram precedidas pelas Coordenações Educativas, pelos Centros de Área

Educativa e, se recuarmos mais, pelas Direcções e Delegações Escolares e diversas Delegações Regionais das Direcções Gerais que existiram ao longo dos tempos.

As Equipas de Apoio às Escolas, num total de cinco em todo o Alentejo, com áreas de

intervenção definidas, devem tirar partido da relação privilegiada de proximidade que têm com as Escolas da respectiva área de abrangência, cuja realidade de organização e funcionamento conhecem bem. Mas devem relacionar-se também com Autarquias, Associações de Pais, Associações de Estudantes, Segurança Social e outras instituições.

Se é verdade que a Administração não deve perder capacidade e oportunidade de

mediação de conflitos e constrangimentos, cujo aparecimento é fértil em alturas de mudança de paradigma, não é menos verdade que as Equipas podem dar um contributo muito válido a este nível, com um modelo de funcionamento ágil e flexível.

O trabalho realizado, na óptica da complementaridade acima referida, abrange áreas

muito diversificadas, que incluem o acompanhamento de vários projectos, a representação da DREA em várias estruturas locais e regionais, o apoio às Escolas nas mais diversas solicitações e respectiva monitorização, entre outras. Estas actividades, devidamente planeadas e aprovadas superiormente, desenvolvem-se ao longo do ano, em estreita articulação com todos os intervenientes.

Neste Serviço, como em qualquer outro, o dia-a-dia é um desafio, que se ultrapassa

com perseverança e dedicação e que aceitamos de bom grado, em prol das escolas e em especial dos alunos, a verdadeira razão da nossa existência.

Equipa de Apoio às Escolas Alentejo Sul (EAE-AS)

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E é para todos os alunos (e não só) que a EAE-AS gostaria de deixar uma mensagem.

Citando o poeta: “Viagem

Aparelhei o barco da ilusão

E reforcei a fé de marinheiro.

Era longe o meu sonho, e traiçoeiro

O mar...

(Só nos é concedida

Esta vida

Que temos;

E é nela que é preciso

Procurar

O velho paraíso

Que perdemos).

Prestes, larguei a vela

E disse adeus ao cais, à paz tolhida

Desmedida,

A revolta imensidão

Transforma dia a dia a embarcação

Numa errante e alada sepultura...

Mas corto as ondas sem desanimar.

Em qualquer aventura,

O que importa é partir, não é chegar. ”

(Miguel Torga)

Beja, 2010

A Equipa de Apoio às Escolas do Alentejo Sul

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A MISSÃO da Equipa de Projecto Novas Oportunidades de Adultos (EP-NOA) A Equipa de Projecto Novas Oportunidades de Adultos, adiante designada EPNOA, foi criada por despacho interno da Direcção Regional de Educação do Alentejo (DREALE), em Setembro de 2006. A EP-NOA (inicialmente designada de Equipa de Projecto – Programa Novas Oportunidades) assumiu, desde o início, a seguinte missão: 1. o acompanhamento da implementação das orientações de política educativa e formativa junto dos estabelecimentos de ensino, agrupamentos e instituições públicas e privadas na área da Educação e Formação de Adultos; 2. a promoção de oferta integrada de educação e formação que possibilite o acesso a desempenhos profissionais mais qualificados; 3. a atempada prestação de informação, no âmbito técnico-pedagógico, aos estabelecimentos de ensino, agrupamentos e instituições públicas e privadas, extensível a todos os utentes dos sistema de educação e formação de adultos; 4. o estímulo e incentivo às escolas públicas e privadas e outras entidades ao desenvolvimento de iniciativas direccionadas ao lançamento de novos espaços formativos e certificadores no âmbito das Novas Oportunidades. A EP-NOA promove também a criação e o reforço de redes de aprendizagem, envolvendo as comunidades e as respectivas instituições. Entre as diversas respostas e ofertas formativas para adultos existentes, actualmente, as suas funções são desenvolvidas em seis áreas de trabalho principais:

(i) Processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), adquiridas ao longo da vida, em contextos não formais e informais de aprendizagem, realizados nos Centros Novas Oportunidades; (1)

(ii) Cursos de Educação e Formação de Adultos de Nível Básico e Secundário (EFA); (iii) Educação Extra-Escolar (apenas nas vertentes de Alfabetização e Português Língua Não Materna); (iv) Formações Modulares Certificadas (flexíveis, à medida das necessidades e da disponibilidade do adulto); (v) Vias de Conclusão do Ensino Secundário (Decreto-Lei N.º 357/2007, de 29 de Outubro); (vi) Ensino Recorrente. (2)

Equipa de Projecto Novas Oportunidades (EP-NOA)

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A estrutura desta equipa é constituída por um pequeno grupo, actualmente de seis pessoas (Lurdes Nico, Paula Romão, Manuela Roque, Rui Gusmão, Susana Ramalho e Natália Galego), relembrando um pouco o funcionamento segundo o Modelo de Orquestra (Eisenberg, 1994, cit. por ANEFA, 2001)(3), na medida em que se valorizam as características de índole social/grupal e as tarefas/desempenhos dos elementos do grupo. Há uma acção partilhada, a inexistência de uma divisão rígida do trabalho e uma complementariedade dos membros da equipa, tal como nos refere Weick (1998, cit. por ANEFA, 2001). (4)

Em 2008, esta equipa criou um espaço público de divulgação de informação e iniciativas relacionadas com a Educação e a Formação de Adultos, disponível em: http://novasoportunidades.drealentejo.pt.

Texto de: Equipa de Projecto Novas Oportunidades de Adultos Data: 2010 _________________________________________________________________________________________

1 Actualmente, há 40 Centros Novas Oportunidades na área de influência e de actuação da DREALE, dos quais 25 são promovidos por escolas públicas, básicas e secundárias, do Ministério da Educação. 2 No ano lectivo 2009/2010, o ensino recorrente é residual. Há apenas 3 escolas com ensino secundário recorrente por módulos capitalizáveis. 3 ANEFA (2001). Relatório de Actividades 2000. Lisboa: ANEFA. pp.3-4. 4 Idem.

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DESPORTO ESCOLAR

O Desporto Escolar é uma área transversal da Educação com impacto em diversas áreas sociais, tem como missão contribuir para o combate ao insucesso e abandono escolar e promover a inclusão, a aquisição de hábitos de vida saudável e a formação integral dos jovens em idade escolar, através da prática de actividades físicas e desportivas.

O Desporto Escolar proporciona a todos os alunos acesso à prática de actividade física e desportiva como contributo essencial para a formação integral dos jovens e para o desenvolvimento desportivo nacional.

Segundo o Decreto Regulamentar n.º 31/2007, de 29 de Março, a Direcção Regional de Educação têm por missão desempenhar funções de administração periférica relativas às atribuições do Ministério da Educação e dos seus serviços centrais, assegurando a orientação, a coordenação e o acompanhamento das Escolas.

Deve a Direcção Regional de Educação assegurar os recursos humanos necessários ao planeamento, acompanhamento e monitorização do desenvolvimento do Programa do Desporto Escolar e respectiva aplicação no seu âmbito territorial.

Compete às Estruturas Locais de Coordenação do DE e às DRE a organização de campeonatos ao seu nível territorial e compete à DGIDC a organização dos campeonatos nacionais e internacionais. A DGIDC pode ainda delegar em uma das estruturas regionais a organização, com o seu apoio, dos campeonatos nacionais ou internacionais. Os recursos humanos e as instalações necessárias ao desenvolvimento destas actividades poderão ser solicitados aos Órgãos de Direcção e Gestão das Escolas, pelas DRE ou pela DGIDC.

Os Campeonatos podem ser desenvolvidos em quatro fases, abaixo descritas.

1) Fase Local – A organização desta fase compete à Estrutura Local de Coordenação do DE, em colaboração com as Escolas e os respectivos Coordenadores dos Clubes de Desporto Escolar, ou em quem forem delegadas competências;

2) Fase Regional – A organização desta fase compete à Direcção Regional de Educação, em colaboração com a Estrutura Local de Coordenação do DE e as Escolas onde decorram as actividades;

3) Fase Nacional – A DGIDC atribuirá, anualmente, a realização desta Fase a uma Estrutura Local de Coordenação do DE que, em articulação com a DRE e a colaboração das Escolas, organizará o respectivo Campeonato, segundo o modelo que vier a ser definido.

4) Fase Internacional – Compete à Direcção Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular definir e organizar a participação internacional de equipas do Desporto Escolar (de Escola, de Selecção, ou outras), no âmbito das duas Federações Internacionais (ISF e FISEC).

A EP-DE

Equipa de Projecto Desporto Escolar (EP-DE)

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A Equipa de Projecto para as Actividades de Enriquecimento Curricular, adiante designada por EP-AEC, é actualmente constituída por três técnicas superiores, foi nomeada por despacho interno do Sr. Director Regional de Educação do Alentejo em 2007 e tem por missão o seguinte: 1 - O desenvolvimento de todas as acções tendentes à generalização e consolidação do Programa das Actividades de Enriquecimento Curricular no 1º ciclo do Ensino Básico, nos agrupamentos de escolas do âmbito geográfico da Direcção Regional de Educação do Alentejo; 2 - O acompanhamento das entidades promotoras do Programa e respectivos parceiros, mediante o apoio técnico necessário ao bom desenvolvimento e execução do mesmo; 3 - A articulação com os serviços centrais do Ministério da Educação, com a Comissão de Acompanhamento do Programa, nomeadamente com as Associações de Professores com assento naquela estrutura; 4 - A articulação com as equipas de apoio às escolas do âmbito da Direcção Regional de Educação do Alentejo.

Em Julho de 2005, com a publicação do despacho nº 14753/2005, foi criado o Programa de Generalização do Ensino do Inglês aos 3º e 4º anos do 1º Ciclo do Ensino Básico, o qual prevê uma oferta de carácter universal, mas de frequência gratuita e facultativa. Alguns elementos da EP-AEC foram chamados pelo então Director Regional de Educação, Professor Bravo Nico, a constituir-se como grupo de apoio às entidades promotoras e agrupamentos, na análise de candidaturas ao apoio financeiro e na implementação do Ensino do Inglês, no primeiro ciclo do ensino básico.

Em 2006, o sucesso obtido com a abrangência do ensino do Inglês no 1º ciclo, fez que o programa passasse a integrar, para além do Inglês, outras actividades de enriquecimento curricular, nomeadamente a Música e a Actividade Física e Desportiva (Despacho nº 12591/2006).

Em 2008, o despacho nº 14460/2008, prevê a oferta obrigatória do Inglês para todos os anos de escolaridade do 1º Ciclo.

Para além do apoio prestado às entidades promotoras e agrupamentos na implementação e desenvolvimento do Programa, de acordo com as orientações da Comissão de Acompanhamento do Programa (CAP), a EP-AEC está envolvida na monitorização do programa através de visitas de acompanhamento. Estas possuem dois momentos distintos: 1º momento: observação de actividades com a intervenção de observadores especialistas das respectivas áreas e aplicação de questionários; 2º momento: Mesa Redonda com todos os intervenientes no processo. Após cada visita de acompanhamento é produzido um relatório onde se fazem recomendações às entidades promotoras e agrupamentos, no sentido de que estes possam ultrapassar as situações indesejáveis ao bom desenvolvimento do programa.

A partir dos questionários aplicados nas visitas de acompanhamento, a Comissão de Acompanhamento do Programa divulga relatórios de âmbito nacional, onde apresenta orientações e recomendações, perspectivando o sucesso do programa.

Pela EP-AEC*

Natália Galego * Observação: Neste momento, a EP-AEC encontra-se extinta, estando as suas funções integradasnas Equipas de Apoio às Escolas.

Equipa de Projecto para as Actividades de Enriquecimento Curricular