EDITORIAL
Capacidade de Execução: O efeito super-soma com Startups e Projetos Corporativos
O efeito percebido de que a soma das partes é maior que o todo –
chamado de super-soma refere-se à ideia de que não se pode ter conhe-
cimento de um todo por meio de suas partes, pois o todo é maior que
a soma de suas partes: “’A + B’ não é simplesmente ‘(A + B)’, mas sim
um terceiro elemento ‘C’, que possui características próprias” (Gestalt,
Fritz Perls – Wikipédia); pode ser considerado verdadeiro também
quando se faz uma analogia com a soma de Startups e Projetos
Corporativos. Explico, as modernas estruturas corporativas se re
modelam para que numa cadeia colaborativa de trabalho possam
exercer uma capacidade de execução maior do que seus membros
isoladamente, obtendo assim muito mais impacto no mercado e re
presentatividade na sociedade.
Contudo, as atuais cadeias de fornecedores tradicionais que
visam atender uma linha de produção não reproduzem o mesmo
comportamento da supersoma. Os novos modelos de organização
que colaboram num ecossistema de mercado é um caminho que
não tem mais volta, as grandes corporações já perceberam o mo
vimento e fazem suas adaptações para “aprender a jogar esse novo
jogo”, esses novos modelos de operação e inteligência de mercado
apontam para uma nova composição organizacional que essencial
mente está baseado em colaboração e design criativo de soluções
como forma de moldar suas estruturas corporativas e equipes de
trabalho em prol de liderar projetos de desenvolvimento de produ
to/serviços, uma dinâmica e velocidade que jamais conseguiriam
atuando do modo anterior. Justamente porque não só o conheci
mento, mas a capacidade criativa para encontrar soluções que re
almente atendam os problemas/oportunidades do mercado/cliente
estão distribuídos nas “pontas”, no consumidor final – as pessoas. E
nessa era em que vivemos com o apoio intensivo das tecnologias
a origem de soluções de sucesso (inovação) está dispersa e a capa
cidade para identificála e produzila depende diretamente da sua
relação com o ecossistema em questão, assim como, entender o im
pacto da tecnologia no mesmo. O acesso a tipos de dados que nunca
estiveram disponíveis para o mundo corporativo, agora permite
gerar novas inferências e racionais para novos modelos de negócio.
A capacidade de execução então passou de uma forte cadeira-
de-fornecedores para uma ágil relação com o ecossistema, em que
a colaboração entre Startups e Projetos Corporativos são pilares
desse modelo de negócio, que passa por estabelecer um único mo
delo de estruturação de equipes de trabalho e propósito de atuação,
criando o efeito supersoma.
Projeto e Startup são similares em vários pontos, mas também
diferem em questões existenciais. Ambos são temporários, perse
guem um objetivo específico, são criados para conduzir uma inicia
tiva. E diferenciamse essencialmente pelos seus limites de atua
ção, enquanto num projeto o escopo tem foco em resolver questões
de interesse específico, uma Startup amplia esse escopo em validar
o modelo de negócio. Certamente que uma ampla diversidade em
ambas configurações é observada, podendo sobrepor parte de suas
atuações. Contudo, observase que internamente, dentre os limites
de suas áreas de atuação, uma variedade de processos, métodos e
técnicas de gestão são empregados de forma diferente, seja para li
dar com a complexidade, aumentar criatividade, agilidade, flexibi
lidade em mudanças, qualidade, risco etc. Variando especialmente
Editor & PublisherOsmar Zózimo de Souza [email protected]
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seu apetite, uso intensivo e sensibilidade a prazos.
Teoricamente uma Startup de sucesso se torna uma empresa, e então como
uma organização de porte passará necessariamente a adotar modelos de gestão
adicionais devido compliance a outros regimes regulatórios por exigência do
mercado. O desafio está em manter sua capacidade de execução da mesma forma
quando foi uma Startup, e então abordagens lean, ágeis, design para criatividade
e capacidade de inovação retomam importância nas pautas da alta gestão, que
vai deliberar projetos corporativos para estabelecer iniciativas que mantenham
sua capacidade de execução. E assim de fato experimentamos o efeito superso
ma, ou seja, a somas das partes é maior que o todo – similarmente poderíamos
representar (Startup + Projeto) = Ecossistema Corporativo, com uma nova ca
pacidade de execução, indo além de suas partes isoladas. Ou seja, o resultado não
é uma Empresa/Organização e sim uma instância de um ecossistema emergente
que floresce dessa relação, em que Startups atuam no extremo das ramificações
de mercado (onde resides as “dores”) e são nutridas pela colaboração com outras
startups e projetos corporativos, que por sua vez atingem o sucesso pleno quando
incorporadas à iniciativas corporativas de grande porte. Contudo, “não se pode
ter conhecimento de um todo por meio de suas partes, definição de super-soma”.
Ou seja, um ecossistema tem comportamento único, é uma instância preenchida
com suas experiencias próprias (“variáveis do sistema”), e por isso não têm répli
ca idêntica, a soma gera um resultado ainda não conhecido – inovação.
Zózimo Editor-chefe da Revista Project Design Management