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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A MOTIVAÇÃO DO VOLUNTARIADO: FATORES DE
ENTRADA, PERMANÊNCIA E DESERÇÃO DO TRABALHO
VOLUNTÁRIO.
Erica Valim de Almeida Holanda.
ORIENTADOR: Prof. Glória Jesus
Rio de Janeiro 2017
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes / AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Estratégica e Qualidade.
A MOTIVAÇÃO DO VOLUNTARIADO: FATORES DE
ENTRADA, PERMANÊNCIA E DESERÇÃO DO TRABALHO
VOLUNTÁRIO.
Rio de Janeiro 2017
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu marido, meus pais, à minha
orientadora Glória, a Instituição AVM e a Rio 2016
e Igreja Batista do Campo dos Afonsos que me
permitiram ter experiências singulares em
voluntariado.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido e ao meu pai
que são meus maiores exemplos de
empreendedores.
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RESUMO
Este trabalho buscou conhecer quais são os fatores motivacionais
que implicam na procura pelo trabalho voluntário, fatores que influenciam na
permanência dos voluntários nas atividades e os fatores que levam à deserção
dos voluntários.
O estudo da motivação de voluntários é um tema complexo por
tratar-se do comportamento humano, que é mutável e influenciado por fatores
intrínsecos e extrínsecos. A bibliografia pesquisada confirma essa
complexidade e, portanto os autores citados buscam classificar as motivações
em categorias para explicar suas teorias, sem negar a existência de outras
hipóteses que poderão surgir com o tempo ou de acordo com a região ou
público pesquisado. Este estudo começa com um breve resumo da história do
voluntariado no Brasil, segue para a conceituação de voluntário e voluntariado
e por fim estuda a motivação dos voluntários.
A partir da pesquisa sobre os fatores motivacionais no trabalho
voluntário, é possível compreender as expectativas dos voluntários e auxiliar as
organizações a implementarem seus projetos sociais, captarem e manterem
seus recursos de pessoal de forma eficaz.
Palavras-chave: voluntário, motivação, voluntariado.
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METODOLOGIA
Foi realizada pesquisa de livros e artigos que abordam quais fatores
motivacionais podem impulsionar as pessoas a serem voluntárias, além de
autores que escrevem sobre motivação.
Dentre os autores que escrevem sobre voluntariado, destaca-se o
autor Carlos Eduardo Cavalcante(2016), que possui diversas publicações na
área de motivação do voluntário e terceiro setor.
As autoras Anne Falola (2009), Paula Bonfim (2010) e Márcia
Pereira Cunha (2013) também tiveram grande peso nessa pesquisa. Elas
discorrem sobre o tema destacando as diversas áreas onde pode-se encontrar
o voluntariado, seu histórico de surgimento e atualidades sobre o assunto.
Outros autores que também já publicaram pesquisas sobre o tema
também serão utilizados como referencial teórico neste trabalho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Resumo da história do voluntariado no Brasil. 10
CAPÍTULO II
Voluntário e voluntariado. 18
2.1. Definição e conceito 18
2.2. Tipos de voluntários 21
CAPÍTULO III
Motivação dos voluntários. 25
3.1. Conceito de motivação 25
3.2. Motivos de entrada e permanência no voluntariado 26
3.3. Motivos de deserção dos voluntários 33
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 42
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INTRODUÇÃO
O tema desta pesquisa é a motivação do voluntariado. A questão
central deste trabalho é estudar quais são os fatores motivacionais que
impulsionam as pessoas a exercerem atividades voluntárias.
Este tema é de fundamental relevância, pois nas últimas décadas, a
sociedade vem passando por um processo de degradação humana, voltando o
olhar para a riqueza, o poder a todo custo e o egocentrismo. A vida tem sido
banalizada e o amor ao próximo ocupa o lugar mais baixo nas prioridades.
Diante desse cenário, seria paradoxal pensar em voluntariado, pois esta
palavra atrai outra: solidariedade.
Contrariando essa realidade, uma pesquisa realizada pelo Datafolha
em 2014 revela que 11% da população brasileira realiza algum tipo de
atividade voluntária. Essa porcentagem representa 16.4 milhões de brasileiros
que fazem algum trabalho sem receber remuneração. Por trás dessas pessoas
existem os motivos que as levaram a procurar o trabalho voluntário.
Portanto, pesquisar a bibliografias que falam sobre trabalho
voluntário e motivação de voluntários será enriquecedor para a descoberta de
quais fatores levam as pessoas a doarem seu tempo, suas habilidades e seus
recursos em prol do outro ou de uma causa.
Nesse contexto, o objetivo geral desse estudo é analisar os motivos
que levam uma pessoa a exercer atividade voluntária e os fatores que motivam
e desmotivam o voluntário durante a execução de seu trabalho.
Para isso, são objetivos específicos dessa pesquisa: fazer um breve
histórico do voluntariado no Brasil, definir e diferenciar voluntário e
voluntariado, conceituar o termo motivação e identificar os motivos que levam
um indivíduo a envolver-se em uma atividade voluntária e também os fatores
que desmotivam a execução dessa atividade voluntária.
Esse trabalho de pesquisa está dividido em três capítulos. No
Capítulo 1 será feito um breve resumo dos principais fatos históricos que
marcaram a trajetória do trabalho voluntário no Brasil desde a fundação da
Santa Casa de Misericórdia em 1543 até as ações lideradas pela ONU em
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2001 e 2011. No Capítulo 2 pretende-se conceituar os termos voluntário e
voluntariado de acordo com autores que dissertam sobre esse tema. Além
disso, pretende-se descrever os tipos de voluntário que existem com base nas
pesquisas desses autores. Para finalizar, no Capítulo 3 o termo motivação será
conceituado, haverá um estudo sobre a motivação específica do voluntário,
como por exemplo, motivos religiosos, sociais, desemprego e egocentrismo.
Serão expostas as situações positivas no trabalho voluntário que favorecem a
continuidade das pessoas nessas atividades, assim como, serão expostas
também as situações negativas que implicam na deserção de voluntários em
suas atividades.
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CAPÍTULO I
RESUMO DA HISTÓRIA DO VOLUNTARIADO NO
BRASIL
O estudo sobre trabalho voluntário é relativamente novo, embora as
ações de voluntariado permeiem a sociedade há muitos anos. No Brasil, assim
como na maioria dos países, o trabalho voluntário teve sua origem
fundamentada em conceitos religiosos de caridade em que a igreja católica,
mais fortemente, e a igreja protestante atuavam com ajuda humanitária através
de seus missionários.
A Santa Casa de Misericórdia, por exemplo, foi fundada no Brasil, na
Vila de Santos, em 1543. Com os ideais de caridade vinculados aos princípios
da religião católica, atuavam na área da saúde de forma voluntária ainda que
sem práticas consideradas científicas. Inicialmente, o voluntariado era uma
atividade que a igreja realizava e recebia apoio do Estado, permanecendo
assim, sempre ligada ao governo. Com o passar do tempo, o próprio Estado
passou a regular e a atuar nessas atividades independentemente da Igreja.
Em 1908, foi criada a Cruz Vermelha Brasileira, que atuava nas
guerras com socorro aos feridos e em tempos de paz com ajuda a vítimas de
catástrofes. A Cruz Vermelha é reconhecida em todo o território brasileiro por
seus serviços de socorro voluntário, autônomo, auxiliar dos poderes públicos e,
em particular, dos serviços militares de saúde. A missão da instituição é
atenuar o sofrimento humano, sem distinção de raça, religião, condição social,
gênero e opinião política.
Em 1935, com o objetivo de regulamentar as instituições
filantrópicas da época, foi criada a Lei de Declaração de Utilidade Pública, que
determinava os requisitos para que uma instituição fosse considerada de
utilidade pública.
Outro exemplo da ação do Estado de forma independente da igreja
foi a criação da Legião Brasileira de Assistência (LBA) em 1942, por Darcy
Vargas (Primeira-dama, esposa do antigo presidente do Brasil Getúlio Vargas).
Essa instituição tinha o objetivo de ajudar as famílias dos soldados enviados à
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Segunda Guerra Mundial, e depois tornou-se uma fundação de assistência as
famílias necessitadas em geral. Durante um período, essa fundação ficou
vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. Depois de
escândalos de desvio de verbas no governo de Collor a instituição foi extinta.
Em crítica à ação estatal nas questões sociais na década de 30,
Silveira (2002) diz que essa intervenção retirou a legitimidade do significado de
voluntariado que a própria palavra carrega e influenciou o individualismo na
sociedade.
"A intervenção do Estado nas instituições filantrópicas assistenciais e de benemerência, a partir do século XX, através do poder público, muda o quadro do voluntarismo. O Estado do Bem-Estar Social, implantado a partir da década de 1930, visando atender a população pobre com políticas de assistência social (políticas públicas), pregava a solução dos problemas sociais. A adoção desta política preteriu as iniciativas voluntárias ou associativas, contribuindo para o individualismo. " (SILVEIRA, 2002, p. 158 e 159)
No ano de 1954, foi fundada a Associação de pais e amigos dos
excepcionais – APAE. Essa instituição voltou seu olhar para pessoas com
deficiência num período em que a rejeição a elas era muito forte e o Estado
não supria as necessidades dos deficientes e de suas famílias. A APAE é uma
organização social, cujo objetivo principal é promover a atenção integral à
pessoa com deficiência, prioritariamente aquela com deficiência intelectual e
múltipla. Hoje, a APAE está em mais de dois mil municípios do território
brasileiro.
Diversas organizações começaram a surgir oferecendo muitas
outras formas de ajuda. Dentre as mais diferenciadas, destaca-se o CVV -
Centro de valorização da vida, que surgiu em 1962, que presta serviço gratuito
e voluntário de apoio emocional e prevenção do suicídio. A organização atende
as pessoas que precisam de ajuda através de telefone, chat, Skype, e-mail e
pessoalmente. Além disso também atua junto ao Hospital Francisca Julia (em
São Paulo) atendendo a pessoas com transtornos mentais e dependência
química.
No campo do desenvolvimento infantil, em 1983 foi fundada a
Pastoral da criança que atua nas áreas de pobreza do país com ações de
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saúde, nutrição, cidadania, controle social e educação. A missão da Pastoral
da criança é:
“Promover o desenvolvimento das crianças, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, do ventre materno aos seis anos, por meio de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, fundamentadas na mística cristã que une a fé e vida, contribuindo para que suas famílias e comunidades realizem sua própria transformação. (Pastoral da criança, 2016)
Em 1985, a ONU – Organização das Nações Unidas institui o dia 5
de dezembro como o Dia Internacional do Voluntário. A intenção era promover
a ação voluntária em todas as esferas da sociedade por todo o mundo e
reconhecer a importância do voluntário.
Com o constante crescimento da demanda de voluntários em São
Paulo, surge, em 1997, o Centro de Voluntariado de São Paulo, uma
organização que se propõe a incentivar e consolidar a cultura e o trabalho
voluntário. Ela desenvolve programas de capacitação de voluntários, cadastra
organizações sociais para ser o elo entre elas e os cidadãos que desejam se
voluntariar, apóia instituições que promovem trabalho voluntário, produz
material técnico e também mantém acervo de documentos e publicações sobre
o tema.
A partir da década de 90 houve uma expansão quanto à
responsabilidade social no Brasil. Em 1998 foi criada a Lei 9.608 que
regulamenta o trabalho voluntário. Ainda nessa época, as organizações
privadas começaram a ter que se tornarem empresas socialmente
responsáveis, impulsionadas por empresas internacionais que já adotavam
essas medidas. Maximiano (2011) chama essa corrente de doutrina da
responsabilidade social que se baseia no fato de que se as empresas utilizam
recursos da sociedade é justo que elas tenham responsabilidades perante a
sociedade.
"O princípio da responsabilidade social baseia-se na premissa de que as organizações são instituições sociais, que existem com autorização da sociedade, utilizam recursos da sociedade e afetam a qualidade de vida da sociedade." (MAXIMIANO, 2011, p.426)
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Apesar das empresas começarem a envolver-se com a questão
social, a maioria delas não fazia conexão entre suas atuações sociais e suas
estratégias de negócios. Isso ficou claro na pesquisa “Voluntariado
Empresarial, Estratégias de Empresas no Brasil”, desenvolvida pelo Centro de
Estudos em Administração do Terceiro Setor (CEATS) a pedido do Programa
Voluntários do Conselho da Comunidade Solidária, em parceria com o Centro
de Integração Empresa-Escola (CIEE), o Grupo de Institutos, Fundações e
Empresas (GIFE) e o Centro de Educação Comunitária para o Trabalho do
Serviço Nacional do Comércio (SENAC) de São Paulo. Na pesquisa citada
pode-se perceber que a responsabilidade social ainda estava em processo de
construção. Segundo os depoimentos da pesquisa:
"Observa-se que a maioria das empresas não tem, a priori, preocupação de estabelecer uma relação entre sua atuação social e suas estratégias negociais. Algumas empresas chegam a ressaltar que as ações sociais são totalmente desvinculadas do negócio, tanto nos aspectos administrativos quanto nos objetivos estratégicos. Enfatizam que a expectativa de qualquer tipo de retorno advindo das atividades de responsabilidade social descaracterizaria essa atuação e levaria à perda de credibilidade. No entanto, mesmo quando desvinculam suas estratégias negociais das estratégias de atuação social, as empresas observam resultados positivos para seus negócios, derivados do exercício das atividades de caráter social." (FISCHER, FALCONER, 2001, p. 20)
Na busca pelo desenvolvimento social e humano de todas as
pessoas do mundo, a ONU aprovou a Declaração do Milênio das Nações
Unidas no ano 2000. Trata-se de oito objetivos de desenvolvimento para
mobilizar os governos e a sociedade a buscarem meios de acabarem com a
fome e a pobreza até o ano de 2015. Essa declaração foi assinada por 191
países para que promovessem ações com a ajuda do governo e da sociedade
para atingirem os resultados. Com a proximidade do prazo para cumprimento
dos objetivos, em 2012, aproveitando a ocasião da Rio+20, Conferência das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Natural, os países participantes
assinaram um acordo para estabelecer novos objetivos que incluíssem também
a questão do desenvolvimento sustentável. Em 2015 foram definidos dezessete
novos objetivos.
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A imagem abaixo resume os oito objetivos de desenvolvimento do
milênio definidos em 2000:
Fonte: Google.
A imagem a seguir mostra o resumo dos dezessete objetivos de
desenvolvimento sustentável definidos em 2015:
Fonte: Google.
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Em 2001, a ONU (Organização das Nações Unidas) declarou aquele
ano como o Ano Internacional do Voluntário, realizando diversas atividades de
mobilização para o assunto. A campanha foi realizada com o apoio de 123
países e tinha como objetivos: fortalecer, divulgar e incentivar o voluntariado;
promover a educação para a ação consciente da cidadania e solidariedade;
gerar oportunidades para a ação voluntária; estimular organizações a se
envolverem na atividade voluntária e aumentar o impacto na sociedade através
do trabalho voluntário.
A tabela abaixo mostra o resumo de alguns marcos históricos
ligados ao voluntariado no Brasil:
ANO MARCO HISTÓRICO
1543 Fundada, na Vila de Santos, a Santa Casa de Misericórdia.
1863 Surge o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, para prestar
assistência médica em áreas de conflito armado.
1908 A Cruz Vermelha chega ao Brasil.
1910 O Escotismo se estabelece no país, com o objetivo de “ajudar o
próximo em toda e qualquer ocasião”.
1935 É promulgada a Lei de Utilidade Pública, para regular a
colaboração do Estado com as instituições filantrópicas.
1942 Getúlio Vargas funda a Legião Brasileira de Assistência (LBA). A
primeira-dama, Darci Vargas, foi a primeira presidente.
1954 Surge a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae).
1967 O governo cria o Projeto Rondon, que leva universitários
brasileiros para dar assistência às comunidades carentes no
interior do país.
1983 É criada a Pastoral da Criança, para combater a mortalidade
infantil.
1990 A Iniciativa Voluntária começa a buscar parcerias com a classe
empresarial.
1993 Betinho cria a Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida,
que organiza a sociedade para combater a fome.
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1995 FHC cria o Comunidade Solidária, para tentar se adequar às
exigências do moderno voluntariado. Ruth Cardoso assume a
presidência do Conselho.
1997 Criação dos Centros de Voluntariado no país.
1998 É promulgada a Lei 9.608, que dispõe sobre as condições do
serviço voluntário.
1999 É promulgada a Lei 9.790, que qualifica as organizações da
sociedade civil de direito público e disciplina o termo de
parcerias.
2001 Ano Internacional do Voluntário, instituído pela Organização das
Nações Unidas.
2003 O programa Fome Zero é criado pelo governo federal, Lula como
presidente, convidando toda a sociedade a se mobilizar contra a
fome.
2011 Comemorações da Década do Voluntariado.
Fontes: SESC, 2007, p. 10 e 11./ CVSP, 2013, p. 37.
Paula Bonfim (2010) divide a história do voluntariado em dois
momentos: o primeiro, ligado ao assistencialismo, paternalista, feito por
instituições de caridade ligadas à Igreja, sob os princípios religiosos e morais.
O segundo momento relacionado à valorização da cidadania, como um meio da
sociedade civil se responsabilizar pelo bem comum, com o objetivo de
combater a exclusão social.
A autora ainda critica as publicações que retratam a história do
voluntariado sem considerar as questões política, cultural e econômica que
influenciariam essa trajetória evolutiva. Segundo Paula Bonfim existem
algumas principais debilidades teóricas:
"... tais produções tratam o fenômeno do voluntariado como mera relação de continuidade histórica, numa perspectiva evolutiva. Explicam a trajetória do voluntariado no Brasil a partir, única e exclusivamente, de fatos ocorridos em épocas específicas, sem relacioná-los com os demais acontecimentos políticos, econômicos e culturais da nossa sociedade." (BONFIM, 2010, p.82 e 83)
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Paula Bonfim (2010) ainda acrescenta que não se evidenciam nas
obras sobre voluntariado, que a Igreja e o Estado têm uma relação de poder
historicamente estabelecida, e que as ações da Igreja e a caridade dos mais
ricos eram fundamentais para manter o status e a diferenciação entre classe
trabalhadora e os mais abastados.
Portanto, entende-se que a trajetória do trabalho voluntário no Brasil
ocorre por diversas justificativas: religiosas, morais, políticas, sociais, culturais,
econômicas, entre outras. A história do voluntariado é marcada por instituições
que atuaram em várias instâncias: saúde, educação, atenção a grupos sem
prestígio social, deficientes, combate à fome, desporto e muitas outras áreas.
Ainda hoje estão surgindo outras organizações que atuam para sanar as
necessidades das pessoas.
“O dever é uma coisa muito pessoal; decorre da necessidade de se entrar em ação, e não da necessidade de insistir com os outros para que façam qualquer coisa.” (MADRE TERESA DE CALCUTÁ)
Os motivos pelos quais os voluntários trabalham nessas atividades,
a definição do termo voluntariado e voluntário serão aprofundados nos
capítulos seguintes.
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CAPÍTULO II
VOLUNTÁRIO E VOLUNTARIADO
2.1. Definição e conceito
Para o entendimento desta pesquisa é necessário conceituar seus
principais objetos de estudo: voluntário e voluntariado. Diversos autores e
instituições nacionais e internacionais têm tentado conceituar esses termos,
porém, na dificuldade em realizar isso, alguns têm adotado a estratégia de
conceituar esses termos através de diferenciações.
Para Meister (2003) o voluntário não é substituto do Estado, mas
uma parcela da sociedade que objetiva à transformação social.
Anne Falola (2009) diz que é importante diferenciar o processo da
pessoa que o realiza, porém, para ela a pessoa se torna voluntária a partir do
processo de voluntariado que a transforma.
“Voluntária é a pessoa que, por escolha própria, dedica parte de seu tempo, de forma continuada, à ação solidária e altruísta, sem receber remuneração por isso. Voluntariado é o modo e o processo de trabalho, mediante o qual pessoas de boa vontade, inteligentes e criteriosas se associam em virtude da solidariedade social ou de princípios sociais, religiosos ou filosóficos, com o objetivo de realizar uma tarefa de bem comum, em uma função determinada.” (FALOLA, 2009, p.22)
Alguns autores tratam a conceituação através de eixos devido à
complexidade que está relacionada a esses termos. Para definir voluntário e
voluntariado é preciso analisar os fatores envolvidos como: tempo de
dedicação, remuneração e motivação.
Em seu livro, Cavalcante (2016) expõe as definições que Musick e
Wilson (2008) fizeram sobre o tema. Para esses autores a discussão se dá a
partir de cinco eixos conforme abaixo:
O primeiro eixo é sobre a diferenciação que deve ser feita entre ser
voluntário e fazer parte de uma organização voluntária, pois isso interferiria no
nível de envolvimento da pessoa. Se um indivíduo executa somente atividades
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administrativas numa organização voluntária, por exemplo, essa pessoa recebe
trabalhos feitos por outros e sua contribuição voluntária não seria plena. O
segundo eixo se relaciona às perdas e ganhos. Para os autores, o voluntariado
deve gerar mais ganhos para a atividade ou pessoa a quem ele se voluntaria
do que para o próprio voluntário, ou seja, ainda que o voluntário tenha ganhos
através da atividade, esta não poderia ser superior ao ganho gerado para o
receptor da ação voluntária. Além disso, os ganhos do voluntário não podem
ser materiais, mas se houver, não podem ser maiores que os custos da
atividade. O terceiro eixo são as motivações e os motivos. A motivação do
voluntário não deve estar nos ganhos materiais ou imateriais que recebe. Ainda
que os receba, esse não deve ser o fator que determine a continuidade de seu
trabalho. Caso os benefícios cessem ou que seja necessário investir mais
tempo ou recursos, a sua motivação deve vir do coração. O quarto eixo é a
diferenciação entre voluntariado e ativismo. Ainda que ambos tenham suas
raízes no altruísmo, o voluntariado refere-se às questões dos indivíduos, mais
emergenciais e não na solução do problema maior. Já o ativismo busca a
solução no cerne dos problemas. Para ilustrar, pode-se tomar como exemplo o
problema social da fome. Saciar a fome das pessoas seria voluntariado, em
contrapartida, solucionar a questão da fome através de projetos mais amplos e
profundos seria ativismo. O quinto eixo diferencia voluntariado de cuidador. O
cuidador teria expectativa de benefícios, maior envolvimento emocional e não
tem a opção de não realizar a tarefa, pois relaciona-se com a ajuda a parentes
e amigos. Em contrapartida, no voluntariado não há expectativa de retornos, o
vínculo emocional é menor, se limita à realização e controle das tarefas e pode-
se escolher realizá-la ou não, ainda que haja um nível de comprometimento.
Ainda na obra de Cavalcante (2016), o escritor cita outros autores
que também analisam a atividade voluntária por eixos. Para Cnaan; Amrofell
(1994), Cnaan; Handy; Wadsworth (1996) a base do trabalho voluntário estaria
na doação de algo, seja material ou imaterial. Além disso, indicam o livre-
arbítrio como o primeiro eixo. O segundo eixo seria a disponibilidade e a
natureza da remuneração. O terceiro eixo seria a análise da relação do
voluntário com os receptores da ação voluntária. O quarto eixo analisa a
execução da atividade voluntária através de uma instituição ou de maneira
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informal. Então, para esses autores a definição de voluntário segue as
seguintes premissas: primeiramente, a decisão de se voluntariar é pessoal,
ainda que ocorram algumas influências externas; segundo, o voluntário pode
ter ganhos financeiros e/ou benefícios, porém, menores que os custos das
atividades. Em terceiro lugar, afirmam que a atividade voluntária não necessita
estar atrelada a uma instituição formal, podendo ser executada isoladamente
de maneira informal. Com relação à temporalidade da ação voluntária, os
autores não omitem opinião.
Seguindo no campo internacional, em 2001 no Ano Internacional dos
Voluntários, a Organização das Nações Unidas – ONU, juntamente com a
instituição Independent Sector publicou um documento em que descreve três
critérios de definição para o termo voluntariado a fim de diferenciá-lo do
trabalho formal. Segundo a ONU (2001) o primeiro critério diz que a atividade
não pode ser realizada visando fins lucrativos, embora o voluntário possa
receber reembolso de suas despesas, esse não pode ser maior que os custos
da atividade. Isso permitiria que pessoas que não possuem recursos
financeiros não sejam excluídas do voluntariado.
O segundo critério diz que a atividade deve ser realizada por escolha
da pessoa. Para a ONU, o voluntariado deve ser voluntário, distinguindo-se de
atividades que são feitas em decorrência de pressões externas, como por
exemplo, empresas que pressionam seus funcionários a participarem de ações
voluntárias da empresa, escolas que impõem sobre os alunos serviços de
voluntariado como parte da grade curricular ou jovens que prestam serviço
comunitário como alternativa ao serviço militar.
O terceiro critério trata dos benefícios gerados a terceiros e ao
voluntário. Segundo esse critério os beneficiados da ação voluntária podem ser
amigos, vizinhos, a sociedade e o ambiente, excluindo-se apenas os familiares
diretos da pessoa.
A publicação ainda descreve que o voluntariado não é válido
somente quando está atrelado a uma organização - seja privada, sem fins
lucrativos ou do governo, pois considera também a ajuda mútua como um ato
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voluntário. Sobre a temporalidade considera tanto trabalhos regulares como
esporádicos, sejam simples ou substanciais.
No ano 1998 foi criada no Brasil, a lei nº 9.608 que dispõe sobre o
serviço voluntário. Essa lei define voluntário tratando da remuneração, vínculo
e a quem será prestada a atividade voluntária.
“Art. 1o Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. (Redação dada pela Lei nº 13.297, de 2016)
Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim.
Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício.
Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.
Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário.”
(Lei n.º 9.608/98)
Para Cavalcante (2016) o trabalho voluntário se resume em:
“Atividade em que um indivíduo doa seu tempo ou conhecimento, que pode ter ganhos financeiros, limitados ao custo de executar essa atividade; de decisão individual, mesmo que estimulado a fazer a tarefa; que permite receber benefícios, mentais ou físicos; de natureza eventual ou permanente; e que pode ou não ser executado sob as orientações de uma organização.” (CAVALCANTE, 2016, p.60)
2.2. Tipos de Voluntários
A ação de voluntariar-se pode ocorrer em diversas áreas da
sociedade. Quando houver a união da vontade de alguém em fazer alguma
atividade voluntariamente e uma necessidade, nesse ponto pode ocorrer o
voluntariado. Como diversos autores destacam, o voluntário não precisa
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obrigatoriamente estar inserido numa instituição, pois pode ocorrer
isoladamente.
A partir da definição do que caracteriza uma atividade voluntária,
segue o estudo sobre os tipos de voluntariado.
Anne Falola (2009) descreve quatro formas de voluntariado. São
elas: voluntariado em tempo integral de curto prazo, voluntariado comunitário,
voluntariado institucional e voluntariado paroquial.
Segundo a autora o voluntariado em tempo integral de curto prazo
comumente ocorre quando jovens concluem sua graduação e desejam dedicar-
se a um serviço gratuito por algum tempo dentro da profissão ou até mesmo
com outra tarefa não ligada à formação. Nesse tipo de voluntariado a
dedicação é exclusiva e ocorre através de um acordo/convênio entre a
instituição ou comunidade e o voluntário. Requer uma preparação grande e por
isso o seu custo é alto. Esse voluntariado, geralmente, acontece entre institutos
seculares e organizações internacionais quando existe uma mobilização para
inserir o voluntário numa realidade cultural distinta. Os pontos positivos são: a
experiência intercultural que as pessoas têm e uma inserção e dedicação maior
ao serviço.
O voluntariado comunitário acontece quando as pessoas contribuem
com algum serviço dentro da mesma comunidade ou instituição à qual
pertencem. É mais espontâneo e informal e por isso mais difícil de ser
organizado. É comum em instituições religiosas ou centros adjacentes. O ponto
positivo desse tipo de voluntariado é que ele parte do concreto, ou seja, da
necessidade real das pessoas. O ponto negativo é que pode sofrer com a falta
de continuidade do serviço e o controle de ações de algum líder.
O voluntariado institucional é a organização da prática solidária
através de uma instituição que atende às necessidades de uma comunidade.
São ONGs, associações, fundações e cooperativas que organizam o ingresso,
a formação e a atuação de voluntários para atenderem às demandas da
sociedade. Para que esse estilo de voluntariado ocorra eficazmente deve
seguir as seguintes premissas: vontade, que é a escolha individual em se
comprometer; solidariedade, que constitui a visão de que o serviço é para o
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atendimento do coletivo; ação, que significa que a solidariedade deve ser
prática e não teórica e organização, que indica que a ação deve ser
organizada, sinérgica e sistemática e que precisa de instituições na qual o
indivíduo possa colaborar.
O voluntariado paroquial é a junção do voluntariado comunitário com
o voluntariado institucional, pois o serviço será feito dentro da comunidade e
também é institucionalizado através da igreja. Nesse tipo de voluntariado estão
incluídos os compromissos pastorais, visitas aos enfermos ou centros de
assistência a crianças ou idosos, atividades com diversos grupos como jovens,
mulheres e crianças, dentre outras atividades que podem ser feitas
voluntariamente numa estrutura religiosa.
No campo internacional, de uma forma mais abrangente, a ONU
(2001) propõe quatro tipos básicos de atividade voluntária, sendo: ajuda mútua
ou auto-ajuda, filantropia ou serviço aos outros, campanha e advocacia e
participação e auto-governo.
A ajuda mútua ou auto-ajuda ocorre geralmente em países
industrializados, através da organização de um grupo de pessoas que tenham
sido afetadas pelos mesmos problemas como por exemplo, doenças,
desemprego e desastres. Constitui o sistema de apoio social e econômico de
muitos países, como no Quênia, por exemplo, onde a ajuda mútua é a principal
forma de suporte à saúde e acesso à água.
A filantropia, também chamada de serviço aos outros ocorre quando
as pessoas prestam serviços à comunidade de uma forma geral, porém além
do seu próprio grupo de convívio. São atividades como visitas às pessoas,
ensino e orientação. É geralmente feito através de ONGs e é comum em
países industrializados.
O tipo de voluntariado campanha e advocacia é caracterizado
quando os voluntários tem um forte desejo de mudança social e justiça social.
Esse voluntariado é comum em questões ambientais, defesa de diretos de
pessoas com deficiência, melhorias no bairro ou na cidade e campanhas
mundiais contra fatores que afetem muitos países.
24
O voluntariado de participação, também chamado de auto-governo é
mais comum em países onde a cultura do civismo é forte. Ocorre quando as
pessoas se envolvem nas atividades do governo. Os voluntários podem ser
membros de conselhos, representantes locais eleitos ou membros de órgãos
consultivos.
Para a ONU (2001) esses quatro tipos de voluntariado podem ser
executados através do gerenciamento de uma instituição ou organizados por
uma pessoa física e ainda por um grupo de pessoas da comunidade ou
individualmente.
Cada tipo de voluntariado é aplicado mediante a cultura da região e
de acordo com a necessidade de organização requerida. Entretanto, a
solidariedade e a vontade própria em solucionar ou ajudar aos outros permeia
todos os tipos de voluntariado.
No capítulo seguinte será feito o estudo das motivações dos
voluntários e quais são os fatores que levam os voluntários a permanecerem e
deixarem as atividades de voluntariado.
25
CAPÍTULO III
MOTIVAÇÃO DOS VOLUNTÁRIOS
3.1. Conceito de Motivação
O estudo da motivação é um tema muito comum nas áreas da
administração, psicologia e sociologia. Muitos autores já escreveram sobre
conceitos e teorias da motivação. Segundo Maximiano (2001) a motivação
expressa as causas que embasam determinado comportamento, sendo o
estímulo para esse comportamento. Ela contém três propriedades: direção,
intensidade e motivação. A direção seria o objetivo para o comportamento; a
intensidade representa a magnitude da motivação e a permanência é sobre a
durabilidade da motivação. O autor ainda complementa que a motivação é
específica, ou seja, se destina a um objeto ou objetivo específico.
“Motivo, motivação, mover, movimentar e motor são todas as palavras modernas que têm a mesma origem e estão associadas à mesma ideia: a palavra latina motivos, que significa aquilo que movimenta, que faz andar.” (MAXIMIANO, 2011, p.249)
A motivação é o resultado da interação entre os motivos internos da
pessoa e os motivos externos. É um estado psicológico que gera uma
disposição para realizar alguma atividade, ter determinado comportamento ou
buscar atingir uma meta. Maximiano (2008) explica que os motivos internos são
as necessidades, interesses, valores e habilidades das pessoas. Esses motivos
fazem com que a pessoa seja atraída ou não por algum objetivo e valorize ou
não alguma tarefa. Esses motivos possuem natureza psicológica e fisiológica.
Os motivos externos são as influências que o indivíduo sofre do ambiente
através de estímulos ou objetivos. Os motivos externos podem satisfazer
necessidades, despertar o interesse e impulsionar o comportamento da
pessoa. Alguns exemplos de motivos externos são as sanções, multas,
prêmios, padrões de convívio de um grupo social e cultura da organização.
26
Para Chianevato (2012) a motivação existe dentro das pessoas e é
guiada pelas necessidades humanas, que são forças internas que induzem a
determinados pensamentos e comportamentos diante de diversas situações. O
autor ainda diz que cada pessoa possui necessidades ou motivos distintos que
influenciam o comportamento. Duas pessoas, por exemplo, numa mesma
circunstância podem ter motivações diferentes.
De acordo com Nakamura (2005), a motivação sempre tem origem
na satisfação de necessidades. Para a autora a motivação pode surgir de
fatores internos, que vem da própria pessoa ou fatores externos, que é
resultado do ambiente onde a pessoa está inserida. Além disso, a motivação
pode ser classificada como direta ou indireta/instrumental. A motivação direta é
aquela cujo impulsionamento se dá diretamente para o objetivo ou objeto que
satisfaz a necessidade, como por exemplo, se um indivíduo aprecia a cultura e
a língua de um determinado país, começa a aprender a língua desse país. A
motivação indireta ou instrumental é aquela cujo impulsionamento se dá para
objetivos intermediários que ao serem atingidos possibilitarão a proximidade
dos objetivos específicos e por fim, a satisfação da necessidade. Pode- citar
como exemplo, um indivíduo que deseja morar em um país cuja cultura e
língua sejam diferentes da sua. Ao aprender o idioma e conhecer a cultura
desse país, a pessoa cumpre um objetivo intermediário em busca de seu
objetivo maior.
3.2. Motivos de entrada e permanência no voluntariado
As motivações das pessoas são bastante complexas. No campo do
voluntariado permeiam fatores motivacionais diferentes do mercado de trabalho
formal. Alguns fatores de diferenciação são a remuneração, o vínculo, o
recrutamento, a avaliação de desempenho e as normas.
Anne Falola (2009) define duas razões que motivam os voluntários:
razões ideológicas, éticas e morais ou de caráter religioso e razões pessoais. A
primeira refere-se ao sentimento ligado ao outro, como desejo por melhorias na
sociedade e no mundo. Essa motivação vai ao encontro da necessidade de
27
outro indivíduo. A razão pessoal refere-se à necessidade que o voluntário tem
de ter experiências, de sentir-se integrado socialmente ou desenvolver-se.
Essa motivação tem o objetivo de benefício pessoal, ainda que a atividade a
ser exercida beneficie outros.
A autora ainda elenca três elementos principais em que se baseiam
as motivações dos voluntários: espiritual, social e humana. A motivação
espiritual é aquela guiada por valores religiosos, os quais quase todas as
religiões pregam como amor ao próximo, solidariedade e ajuda aos
necessitados. Essa motivação era predominante no início da história do
voluntariado conforme descrito no primeiro capítulo deste trabalho.
A motivação social é pautada no senso de responsabilidade pela
mudança e desenvolvimento da sociedade. Para a autora o avanço da
sociedade depende do empenho de cada um.
“O futuro e o progresso da sociedade dependem, grandemente, da consciência e responsabilidade que seus integrantes quiserem assumir, porque, na medida em que as pessoas contribuem positivamente para o bem comum, a sociedade em seu conjunto, avançará e crescerá em todos os níveis.” (FALOLA, 2009, p.36)
A motivação humana refere-se ao desenvolvimento do voluntário
enquanto contribui com a sociedade. O voluntariado seria uma escola onde o
voluntário aprenderia a se solidarizar com o sofrimento e necessidades do
outro e se aperfeiçoaria como ser humano.
Em crítica ao uso do componente psicológico das motivações dos
voluntários pelo Estado, Paula Bonfim (2010) diz que o Estado passou a
incentivar a cultura do voluntariado para sanar problemas sociais que não
consegue administrar, como por exemplo, a miséria, o desemprego e a
geração de oportunidades. Para a autora, algumas pessoas que estão
desempregadas e que se tornam voluntárias, passam do status de
desempregados para o status de agentes sociais. A autora cita Antunes (1999)
quando se refere aos desempregados:
“Então, não como desempregados, excluídos, mas como realizando atividades efetivas, dotadas de algum sentido social. [...] essas atividades cumprem um papel de funcionalidade em
28
relação ao sistema, que hoje não quer ter nenhuma preocupação pública e social com os desempregados.” (ANTUNES, 1999, p. 113 apud BONFIM, 2010, p. 50)
Paula Bonfim (2010) ainda discorre sobre o fato do voluntariado não
resolver os problemas sociais existentes no país. Esses problemas são
simplesmente amenizados ou administrados por organizações sociais e seus
voluntários.
“O problema principal – e que constitui a essência da “cultura do voluntariado” na atualidade – é que a ênfase na ação voluntária faz com que as mais variadas motivações sejam canalizadas numa única direção, ou seja, num projeto de sociedade que objetiva simplesmente amenizar ou mesmo administrar as sequelas da “questão social”.
(BONFIM, 2010, p.88)
Embora a autora critique o uso indevido das motivações dos
voluntários e um aproveitamento por parte do Estado, não nega que existam
diversos fatores que motivam os voluntários a se envolverem em alguma
atividade.
Os autores que tratam do tema motivação de voluntários definem
que esse fenômeno pode ser unidimensional ou multidimensional. O
unidimensional se baseia no altruísmo, que seria o elemento principal nas
relações de trabalho voluntário. O multidimensional diz que o fenômeno
voluntariado tem outras motivações além do altruísmo.
Bussell (2002) sugere que o altruísmo deve ser o motivo central para
alguém ser voluntário e afirma que o altruísmo existe em diversos tipos de
atividades voluntárias.
Clary, Snyder & Ridge (1992) ao estudarem as motivações dos
voluntários elaboraram o Inventário de Funções do Voluntário (VFI). Essa
pesquisa definiu a motivação de acordo com as funções. Foram definidas seis
funções: função de valor, função de compreensão, função de aprimoramento,
função de carreira, função social e função de proteção. A tabela abaixo
conceitua cada função e mostra seu indicador.
29
Funções do voluntariado e sua avaliação no VFI
Valor Definição: O voluntário age sobre valores importantes como
o humanitarismo e altruísmo.
Indicador: Eu sinto que é importante ajudar os outros.
Compreensão Definição: O voluntário quer aprender mais sobre o mundo e
desenvolver habilidades.
Indicador: O voluntariado me permite aprender através de
uma experiência direta e prática.
Aprimoramento Definição: O voluntário pode crescer e se desenvolver
psicologicamente através das atividades voluntárias.
Indicador: O voluntariado faz-me sentir melhor sobre mim.
Carreira Definição: O voluntário tem como objetivo ganhar experiência
relacionada à carreira através do voluntariado.
Indicador: O voluntariado por ajudar a me inserir no local
onde eu gostaria de trabalhar.
Social Definição: O voluntário pode fortalecer suas relações sociais.
Indicador: Pessoas que eu conheço compartilham um
interesse no serviço comunitário.
Proteção Definição: O voluntário busca reduzir sentimentos negativos
como culpa ou para resolver problemas pessoais.
Indicador: O voluntariado é uma boa fuga dos meus próprios
problemas.
Fonte: CLARY; SNYDER (1999)
Ainda no campo internacional, Batson (2002) através de diversas
pesquisas, sugere quatro principais motivos que fundamentam as ações
voluntárias. O primeiro é egoísmo que é voltado a sensações ou objetivos de
30
benefício próprio, o segundo é o altruísmo em que a motivação é aumentar o
bem-estar dos outros; em seguida o coletivismo cuja motivação é aumentar o
bem-estar de um grupo, de uma coletividade e por último o principalismo cujo
objetivo é defender algum princípio moral. Segundo o autor, o indivíduo pode
ter mais de um motivo concomitantemente, que podem inclusive entrar em
conflito e cada um dos motivos possui pontos fracos e pontos fortes.
No contexto nacional, Cavalcante (2016) após pesquisa da literatura
sobre o assunto e pesquisa de campo tendo como amostra voluntários da
Pastoral da Criança, propõe a hipótese da existência de cinco fatores de
expectativa dos trabalhadores voluntários, de motivos de entrada dos
voluntários e de motivos de permanência dos voluntários. Esses fatores variam
de graus elevados (altruísmo) até o mais baixo (egoísmo), porém, não
qualificam o trabalho voluntário, somente caracterizam os perfis existentes.
Para Cavalcante (2016) as cinco variáveis de expectativa, motivos
de entrada e motivos de permanência são: altruísta, justiça social, afiliativo,
aprendizado e egoísta.
A variável altruísta se refere à ideia de autosacrifício, consciência
social e universalista. A variável justiça social está ligada ao interesse pela
construção de cidadania, igualdade e justiça social a sujeitos ou comunidades
em condições de exceção, como pacientes em hospitais, crianças ou idosos.
No afiliativo, o voluntário deseja afiliar-se a um grupo por meio da atividade que
presta. A relação é amistosa e o voluntário quer contribuir para o bem-estar
social compartilhando algum conhecimento ou habilidades próprias com outras
pessoas. A variável aprendizado refere-se a busca pelo autodesenvolvimento
através de atividades que estimulem a área cognitiva do voluntário. Está ligada
a ações sociais não críticas. A variável egoísta está centrada na satisfação
própria e promoção da imagem perante indivíduos ou grupos. Refere-se a
sensação de proteção, elevação de status e benefícios.
Outra pesquisa que visa identificar as motivações dos voluntários foi
a Voluntariado no Brasil – 2011, realizada pelo IBOPE Inteligência em Junho
de 2011, encomendada pela RBV – Rede Brasil Voluntário. O objetivo da
pesquisa era conhecer a realidade do voluntariado no Brasil após uma década
31
do Ano Internacional do Voluntário ocorrido em 2001. Dentre as variáveis
pesquisadas procurou-se verificar as motivações dos voluntários a partir da
pergunta: “Por que você faz esse serviço voluntário? Mais alguma coisa?”. A
pesquisa gerou treze respostas que estão dispostas conforme o percentual,
como mostra o gráfico abaixo. A resposta a essa pergunta foi espontânea, ou
seja, não havia opções para o entrevistado selecionar. O universo pesquisado
foi de homens e mulheres, acima de 16 anos, que faziam serviço voluntário na
época, das classes sociais critério Brasil ABCDE. No total, foram realizadas
1.550 entrevistas pessoais.
Fonte: IBOPE Inteligência; Rede Brasil Voluntário; Centro de Voluntariado de
São Paulo. (2011)
32
No gráfico observa-se que “ser solidário e ajudar os outros” foi o
motivo mais citados pelos pesquisados. Essa resposta tem relação com o fator
altruísmo já mencionado por diversos autores como Bussell (2002), Batson
(2002) e Cavalcante (2016), corroborando para a constatação de que é um dos
fatores predominantes na motivação dos voluntários. Contudo, como a
pesquisa indica, outros fatores também compõem as razões dos voluntários, ou
seja, a motivação seria um fenômeno multidimensional. Percebe-se a
correlação com as variáreis definidas por Cavalcante (2016). Nas respostas
encontra-se indícios das variáveis Justiça Social (Dever de cidadania); Afiliativo
(Conhecer pessoas/ fortalecer a relação com a comunidade); Aprendizado
(Desenvolver novas habilidades) e Egoísta (Reconhecimento na empresa/ da
sociedade/ da família/ dos amigos).
Silva (2005) em sua pesquisa realizada em Porto Alegre na ONG
Parceiros Voluntários também conseguiu verificar a hipótese de cinco
categorias para as motivações em tornar-se voluntário: assistencial,
humanitária, política, profissional e pessoal.
A categoria assistencial está relacionada ao sentimento de ajuda ao
outro, através de recursos materiais, conhecimento ou afeto. A humanitária se
refere à contribuição de alguma forma à outra pessoa, tendo a expectativa de
troca entre o voluntário e o beneficiado da ação. Essa troca pode ser, por
exemplo, a sensação de crescimento espiritual por parte do voluntário ao
exercer seu trabalho. A categoria política relaciona-se com o exercício da
cidadania. Existe a sensação emancipatória tanto para o voluntário como para
o beneficiário do voluntariado. Na categoria profissional o voluntário deseja por
em prática seus conhecimentos ou adquirir novas experiências. Há também um
vislumbre de que possa ocupar uma posição de emprego formal na instituição.
Na categoria pessoal o voluntário busca experiência de vida, aprofundamento
nas relações interpessoais ou resgate de estruturas emocionais fragilizadas. As
categorias de motivação podem ser observadas em conjunto no voluntário ou
individualizadas.
Outras motivações que a autora observou nas falas dos
entrevistados estão ligadas às classificações da própria autora e de outros
33
autores já citados no presente estudo. Alguns voluntários dizem ter
identificação com o sofrimento do outro, sendo a condição deste outro uma
situação já vivenciada pelo próprio voluntário. Outros voluntários manifestaram
altruísmo ao identificarem-se com questões sociais. A vontade de compartilhar
o que se tem, seja conhecimento ou tempo também foi citado por alguns
voluntários. A expiação da culpa também é fator motivador e ocorre quando o
voluntário tem a sensação de ter muito (oportunidade, conhecimento, recursos
financeiros ou experiência) em relação aos demais. A influência da religião, da
família e da escola com sentimentos ligados à caridade e amor ao próximo ou o
ambiente onde a pessoa foi formada e as tradições que presenciou influenciam
seu comportamento. A gratificação simbólica recebida pelos voluntários
também constitui condição motivadora.
As variáreis de motivação para o trabalho voluntário são muito
complexas, pois estão relacionadas à história de vida da pessoa, sua vida
presente, seus sentimentos, o ambiente que a circunda, suas perspectivas de
futuro, dentre outros aspectos. Dessa forma, esse estudo não visa esgotar
todas as motivações existentes, mas aprofundar o conhecimento do tema.
3.3. Motivos de deserção dos voluntários
Assim como a busca pelo voluntariado e a permanência do
voluntário na atividade tem diversas razões, o estudo dos motivos da saída dos
voluntários também mostra-se relevante para a continuidade do trabalho
solidário.
Na pesquisa de Cavalcante (2016), além das hipóteses das variáveis
de expectativa, motivos de entrada e motivos de permanência, foram definidas
também variáveis que indicam os motivos de saída dos voluntários. São três
variáveis, a saber: escassez de recursos, motivos religiosos e motivos
pessoais.
As variáveis escassez de recursos e motivos pessoais tem relação
com falta de recursos financeiros, falta de material adequado, falta de
voluntários para compartilhar as tarefas, excesso de trabalho e ausência do
34
acompanhamento pelos líderes. A variável motivos religiosos refere-se a
influência que a religião tem nas instituições e nos voluntários, como por
exemplo, a sensação de falta de espiritualidade na organização ou na
atividade.
Anne Falola (2009) propõe duas principais causas da deserção dos
voluntários: a falta de maturidade nas motivações e sustentação do espírito e a
falta de afirmação. A primeira hipótese trata da maturidade do voluntário que
pode não ter sido consolidada ainda, então sua motivação e a permanência na
atividade não possuem uma base sólida, o que poderia fazê-lo desistir. A
segunda hipótese se refere ao reconhecimento esperado pela atividade
exercida. Segundo a autora, o reconhecimento tanto da pessoa como da
organização em que atua influenciam no sentido de reconhecimento do
voluntário.
Outras pesquisas na área sugerem termos diferentes de
classificação para os motivos de deserção dos voluntários. Silva (2005) através
de pesquisa na ONG Parceiros Voluntários de Porto Alegre concluiu que os
sentimentos ligados à motivação não são suficientes para manter o voluntário
ativo. Foram indicados cinco motivos de evasão: mudanças de vida,
desaparecimento de tempo livre, deslocamento e custos, conflitos com a
atividade e preferência por determinado público ou área. O motivo de evasão
mudança de vida se refere a alterações no cotidiano, aumento da família com
filhos ou agregados, mudança de moradia e questões ligadas à saúde. O
desaparecimento do tempo livre está relacionado à mudança de horário no
trabalho, estágio, ocupação em um emprego e início ou retorno aos estudos. A
variável deslocamento e custos está relacionada aos gastos que o voluntário
tem ao se disponibilizar para a atividade, como por exemplo, transporte,
alimentação Os conflitos com a atividade está relacionada à inadequação
percebida pelo voluntário no tipo de tarefa que executa ou com o porte da
empresa. Essas questões podem gerar sensações de repetitividade nas
tarefas, exploração, monotonia e inutilidade. A variável preferência por
determinado público ou área relaciona-se à inadequação com o tipo de
voluntariado. Ocorre a sensação de desconexão com o tipo de voluntariado. O
35
voluntário pode sentir-se motivado a trabalhar com crianças, por exemplo, mas
pode-se sentir desmotivado ao trabalhar com idosos.
A autora concluiu que o voluntário se mantém na atividade quando
se cumpre um conjunto de condições que, de acordo com sua percepção,
possibilitam sua continuidade no trabalho voluntário. A pesquisa também
mostrou que os voluntários que haviam deixado a atividade, diziam se tratar de
uma situação não permanente e não um rompimento definitivo, pois poderiam
retornar à atividade quando o motivo da evasão fosse ultrapassado. Concluiu-
se que quando a atividade gera desconforto pessoal, seja de ordem financeira,
tempo, tipo de tarefa, tipo de voluntariado, mudanças na vida, dentre outros
fatores, as motivações que antes levaram o indivíduo em direção ao trabalho
voluntário não se sustentam.
36
CONCLUSÃO
O estudo da motivação é o um dos caminhos para entender o
comportamento humano frente a situações diversas. A pesquisa da motivação
de voluntários torna-se ainda mais interessante por se tratar de um trabalho
diferenciado, imbuído de sentimentos como solidariedade e amor ao próximo.
O mais intrigante é observar que a doação do voluntário não é retribuída em
valores financeiros na mesma proporção e ainda assim percebe-se a crescente
busca por esse tipo de colaboração.
Para compreender melhor a motivação de voluntários, foi de
fundamental importância o conhecimento dos marcos históricos do
voluntariado, sua origem e as transformações que sofreu. Pode-se observar
que, inicialmente, o voluntariado foi marcado por influências religiosas, com
motivações notáveis de altruísmo. O Estado apenas apoiava essa e outras
instituições e com o tempo passou a atuar e regular o voluntariado, com
criação de leis e projetos de governo.
O amparo que algumas ONGs deram às pessoas é de valor
incalculável. Na ajuda a feridos de guerra, auxílio a idosos, reforço escolar,
apoio às pessoas com deficiência e combate à fome a miséria, por exemplo,
pode-se contar quantas pessoas foram alcançadas, mas são incontáveis os
benefícios que receberam em suas vidas por receberem ajuda em suas
necessidades de seus semelhantes.
A ONU vem cumprindo seu papel de fomentar e incentivar a cultura
do voluntariado nos países. As ações como o “Ano do Voluntariado” e a
“Década do Voluntariado”, no Brasil, tiverem um impacto positivo. As pesquisas
mostram que o número de pessoas que já realizou ou ainda realiza alguma
atividade voluntária vem crescendo. Além disso, a conscientização para a
cidadania ajuda o país a cumprir os objetivos do “Desenvolvimento
Sustentável” estabelecidos em 2015.
As definições de voluntariado e voluntário foram relevantes para
delimitar o objeto de estudo deste trabalho. A identificação da pessoa da qual a
37
motivação é estudada foi importante para diferenciar do estudo da motivação
no trabalho formal. As motivações de trabalho e as motivações dos voluntários
possuem classificações, hipóteses e teorias diferentes. Cavalcante (2016) diz
que a distinção dessas motivações são devido as diferenças entre o
trabalhador formal e o trabalhador voluntário, como por exemplo, o tempo que
é disponibilizado, a possibilidade de atuar em várias organizações, o
recrutamento e a avaliação de desempenho.
A legislação brasileira, a ONU e alguns autores definiram o conceito
de voluntário ou serviço voluntário. Ao agrupar essas definições chega-se a
conclusão de que para ser considerado voluntário ou prestador de serviço
voluntário, é necessário atender as seguintes premissas principais: a escolha
de voluntariar-se deve ser pessoal, sem intimidação de qualquer instituição; a
atividade não pode ser remunerada, podendo o voluntário receber pelos custos
básicos que terá com a atividade, como transporte e alimentação; não é gerado
vínculo empregatício; considera-se voluntariado a ação em favor de amigos,
vizinhos, sociedade e ambiente, excluindo-se os familiares diretos; quando a
atividade for realizada formalmente através de uma instituição deve-se celebrar
o termo de adesão; a atividade pode ser regular ou esporádica.
Após a definição dos termos voluntário e voluntariado, tornou-se
possível a pesquisa da motivação deste tipo de trabalhador. Observou-se que
as motivações para a entrada, permanência e saída dos voluntários nas
atividades são complexas, multifatoriais e variáveis.
As razões que levam uma pessoa a trabalhar voluntariamente não
se esgotam no presente estudo devido à complexidade humana, mas de
acordo com os autores pesquisados podem ser de ordem religiosa, altruísta,
social, profissional, de autoestima, terapêutica, política ou egocêntrica.
As razões que levam à deserção do voluntário na atividade também
não se esgotam, mas de acordo com a pesquisa bibliográfica realizada podem
ser devido a fatores como religiosidade, maturidade, tempo, recursos,
reconhecimento, mudanças no cotidiano, identificação com a tarefa ou com a
organização.
38
Todas essas variáveis podem estar individualizadas ou agrupadas
para formar a razão da ação do voluntário e também podem ser mudadas, pois
o comportamento humano é influenciado tanto por fatores internos como por
fatores externos continuamente.
Portanto, o estudo da motivação dos voluntários pode auxiliar as
organizações a compreenderem melhor as expectativas e anseios dessas
pessoas, a fim de que suas ações sejam mais atrativas e contínuas. Conhecer
as motivações dos voluntários ajudará as instituições a captarem melhor os
recursos humanos, alocá-los adequadamente e com isso, manter a ação
solidária regularmente, com menos deserções e de forma mais assertiva.
39
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SOUZA, Luciane Franco de, COSTA, Helder Gomes. Motivação para o
voluntariado: uma análise de sua evolução na literatura. 2013.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Resumo da história do voluntariado no Brasil. 10
CAPÍTULO II
Voluntário e voluntariado. 18
2.1. Definição e conceito 18
2.2. Tipos de voluntários 21
CAPÍTULO III
Motivação dos voluntários. 25
3.1. Conceito de motivação 25
3.2. Motivos de entrada e permanência no voluntariado 26
3.3. Motivos de deserção dos voluntários 33
CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 39