UNESP – Universidade Estadual Paulista“Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de Arquitetura, Artes e ComunicaçãoDepartamento de Comunicação Social
TV DigitalDaqui pra frente, o que será diferente?
O que vai mudar no seu televisor com a chegada da TV Digital
OrientandaPRISCILA EUGENIA TREVISAN CESTARI
Orientador:Prof. Ms. WILLIANS CEROZZI BALAN
Banca examinadora:Profa Ms. TEREZINHA DE JESUS BOTEON
EDSON SIMÕESProfissional de Produção de Televisão
Bauru – SP2 0 0 1
UNESP – Universidade Estadual Paulista“Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de Arquitetura, Artes e ComunicaçãoDepartamento de Comunicação Social
TV DigitalDaqui pra frente, o que será diferente?
O que vai mudar no seu televisor com a chegada da TV Digital
Priscila E. Trevisan Cestari9831339
Projeto Experimental apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Rádio e Televisão, ao Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", atendendo à resolução de número 02/84 do Conselho Federal de Educação.
Bauru – SP2 0 0 1
Dedico esse trabalho à Deus, que me deu fé e coragem para nunca desistir de caminhar em busca deste objetivo: a aprendizagem.
E aos meus pais, Armírio e Maria José, e irmãos, Carlos e Maria Luiza, por acreditarem em mim e verem que esse esforço já valeu a pena.
Agradecimentos
Ao meu eterno namorado, William, pela compreensão, amor e carinho nos momentos mais difíceis, além de suportar a saudade de cada dia!
Ao pessoal de casa por terem me acolhido quando precisei de um lar pra viver esses últimos seis meses!
Agradeço aos amigos, os mais verdadeiros, pelo apoio e torcida.
E ao Professor Willians, pela paciência e dedicação, hoje e sempre!
A todos vocês, muito obrigada!
“O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitar”
Leonardo da Vinci
“A primeira coisa a fazer é descobrir tudo aquilo que os outros sabem, e então começar onde eles pararam”
Thomas Alva Edison
Í N D I C E
INTRODUÇÃO................................................................................................................... 91 - A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA TV: HISTÓRICO.......................................12
1.1- O SONHO DE SE TRANSMITIR IMAGENS...............................................................121.2- A GERAÇÃO DE IMAGENS.................................................................................131.3- A TV EM CORES...............................................................................................181.4- A INVENÇÃO DO VT...........................................................................................19
1.4.1- O início da gravação de imagens...........................................................191.4.2- O Videotape............................................................................................20
2 - O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIAS....................................................................262.1- MAIS ESPAÇO PARA O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIA.............................................31
3 - SISTEMA ANALÓGICO E DIGITAL...................................................................323.1- O SISTEMA ANALÓGICO.....................................................................................323.2- O SISTEMA DIGITAL...........................................................................................36
4 - UM POUCO DA HISTÓRIA DO CINEMA...........................................................404.1- A ARTE QUE SOBREVIVE ATRAVÉS DOS TEMPOS..................................................404.2- CINEMA DIGITAL................................................................................................43
4.2.1- Os formatos de captação digital.............................................................444.2.2- Do vídeo para o cinema: um processo antigo........................................48
4.3- LADO A LADO: CINEMA ANALÓGICO E DIGITAL.....................................................494.4- CINEMA E FUTURO.............................................................................................53
5 - A CRONOLOGIA DA TV DIGITAL.....................................................................575.1- PORQUE NÃO CONFUNDIR TV DIGITAL COM TV DE ALTA DEFINIÇÃO (HDTV).......575.2- UMA BREVE HISTÓRIA.......................................................................................595.3- CONVERGÊNCIA E MODELOS DE CAMADAS.........................................................65
6 - EXPECTATIVA DOS USUÁRIOS.......................................................................696.1- EXPECTATIVAS DOS USUÁRIOS BRASILEIROS PARA A TELEVISÃO DO FUTURO........70
6.1.1- Melhor Imagem, Melhor Som.................................................................726.1.2- Ajuda aos Deficientes Físicos.................................................................736.1.3- Gravação de Programas e Near-Video-on-Demand...............................736.1.4- Vídeo Adicional.......................................................................................746.1.5- Zooming..................................................................................................756.1.6- Múltiplos Programas e Vídeo sob Demanda..........................................766.1.7- Interatividade..........................................................................................776.1.8- Internet...................................................................................................796.1.9- Áudio Adicional.......................................................................................806.1.10- Legenda Adicional..............................................................................806.1.11- Outras Características........................................................................81
7 - PLATAFORMAS PARA TV DIGITAL.................................................................837.1- MODELO DE REFERÊNCIA ITU-T........................................................................837.2- O PADRÃO MPEG............................................................................................84
7.2.1- Por que a compressão?.........................................................................84
8 - MODELOS DE NEGÓCIO EM TELEVISÃO DIGITAL........................................898.1- CARACTERÍSTICAS PARA MODELOS DE NEGÓCIOS...............................................90
8.1.1- Resolução, qualidade de imagem e formato de tela...............................908.1.2- Conversão de formatos de tela...............................................................948.1.3- Diversidade de Programação.................................................................968.1.4- Otimização de cobertura.........................................................................978.1.5- Transmissão hierárquica........................................................................98
8.1.6- Multimídia e Hipermídia..........................................................................988.1.7- Interatividade e Canal de Retorno........................................................1008.1.8- Datacasting...........................................................................................1038.1.9- API........................................................................................................104
8.2- MODELOS DE NEGÓCIOS PARA TELEVISÃO DIGITAL............................................1058.2.1- Programas secundários de televisão....................................................1058.2.2- Diversidade de serviços e acesso à Internet........................................1068.2.3- Receptibilidade do sinal de televisão....................................................107
8.3- POSSÍVEIS MODELOS DE NEGÓCIOS..................................................................1088.3.1- Observações acerca dos modelos de negócios...................................114
8.4- MODELOS DE NEGÓCIOS ADOTADOS EM ALGUNS PAÍSES...................................1168.4.1- Estados Unidos....................................................................................1168.4.2- Europa..................................................................................................1178.4.3- Japão....................................................................................................118
9 - INVESTIMENTOS DE GERADORAS E RETRANSMISSORAS......................1199.1- A PRODUÇÃO..................................................................................................1209.2- TRANSMISSÃO.................................................................................................1229.3- RETRANSMISSÃO.............................................................................................123
9.3.1- Custos..................................................................................................124
10 - RECEPTORES PARA TV DIGITAL..................................................................12610.1- INTRODUÇÃO..........................................................................................12610.2- A INDÚSTRIA E O MERCADO DE TELEVISORES NO BRASIL.........................12610.3- PRODUTOS DE TV DIGITAL EXISTENTES NO MUNDO..................................129
10.3.1- Estados Unidos com o ATSC...........................................................12910.3.2- A Europa com o DVB-T....................................................................13010.3.3- A Austrália com o DVB-T/7 MHz......................................................13110.3.4- O Japão com o ISDB-T....................................................................133
10.4- DEFININDO OS PRODUTOS DE TV DIGITAL NO BRASIL...............................13510.4.1- Arquiteturas do Sistema de Recepção.............................................13510.4.2- STB-HD/SD......................................................................................13510.4.3- Monitor-SD.......................................................................................13710.4.4- Monitor-HD.......................................................................................13710.4.5- Televisor Integrado SD.....................................................................13810.4.6- Televisor Integrado HD....................................................................13810.4.7- Outros Produtos de Consumo de TV Digital....................................138
11 - PERSPECTIVAS...............................................................................................14011.1- MERCADO BRASILEIRO DE TELEVISORES EM CORES................................140
11.1.1- Domicílios e Televisores..................................................................14011.1.2- Expectativa da queda de preços......................................................141
11.2- OPÇÕES PARA A FASE DE TRANSIÇÃO ANALÓGICO/DIGITAL........................141
12 - SITUAÇÃO BRASILEIRA.................................................................................14512.1- PADRÕES: QUAL A MELHOR ESCOLHA?....................................................14612.2- E O QUE VAI MUDAR NO MODO DE SE VER TV?........................................14812.3- DAQUI PRA FRENTE O QUE SERÁ DIFERENTE............................................151
CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................157GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS........................................................................160
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................185
ANEXOS........................................................................................................................190
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I N T R O D U Ç Ã O
9
INTRODUÇÃO
Desde o Século XIX, os estudiosos pesquisavam a respeito de
como fazer para transmitir imagens à distância. Sabe-se que os
experimentos evoluíram de acordo com a possibilidade de cada época.
Do surgimento da televisão na década de 30, com imagens
monocromáticas, à introdução do sistema de cor nos anos 50, a televisão
passaria a fazer parte do cotidiano das pessoas, contando histórias e
narrando fatos.
Quando o desenvolvimento tecnológico promove uma quebra
de paradigmas, tal como foi o advento da TV em cores, a sociedade
passa a notá-lo como um todo. As mudanças passam a fazer parte da
vida dos indivíduos, enquanto telespectadores, não só pelo fato da
aquisição de novos aparelhos receptores e sim das possibilidades que
eles proporcionam.
Em pleno século XXI, estamos prestes a viver uma nova
quebra de paradigmas com a introdução da tecnologia digital no serviço
de televisão recebido pelo telespectador, isto é, o usuário final. O que se
denomina televisão digital é a transmissão de sinais de TV em forma de
dígitos binários – daí o digital – que proporciona, entre outras vantagens,
uma melhor qualidade de imagem e som ao telespectador.
Aos poucos, a curiosidade a respeito do tema, fez com que
certas questões precisassem ser resolvidas tais como: o que é TV Digital?
Como iria funcionar? Quais benefícios? Quanto seria modificada para
receber essa tecnologia?
As respostas fariam parte desta monografia.
A decisão da pesquisa sobre TV Digital partiu do desejo de
conhecer como uma nova tecnologia em televisão pode vir a ser aplicada
e como os profissionais da Radiodifusão precisam ter contato com alguns
conceitos importantes. O tema é relativamente recente e a opção por
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realizar um projeto como este é possibilitar àqueles que consultarão esse
material o registro de uma época e sua situação atual.
Além do mais, os estudos estão voltados para a área da
Comunicação e não da Engenharia ou da Eletrônica. Não teria sentido
desta ser uma pesquisa de aspectos técnicos da televisão digital, pelo
fato de que é realizada para estudantes de comunicação virem a
compreender, mesmo que basicamente, alguns aspectos importantes que
podem modificar o perfil de um profissional de TV. Veremos, por exemplo,
que certos cuidados não podem ser descartados dentro da tecnologia
digital, como subestimar a alta capacidade da gravação de uma imagem,
onde uma câmera digital “enxerga” mais do que outra sistema analógico.
Assim, esta pesquisa divide-se em duas partes. Enquanto a
primeira descreve a introdução à história tecnológica da televisão e do
cinema, meios que serão diretamente atingidos pela tecnologia digital, a
segunda parte traz a história da TV Digital, suas características e
aplicações.
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PRIMEIRA PARTE: HISTÓRIA TECNOLÓGICA DA
TELEVISÃO E DO CINEMA
12
1 - A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA TV: HISTÓRICO
1.1- O sonho de se transmitir imagens
O surgimento e desenvolvimento da televisão deve-se ao
trabalho de inúmeros cientistas que estudaram os fenômenos
eletromagnéticos assim como a transmissão de imagens à distância.
Pode-se dizer que tudo começou no século XIX, em 1817.
Neste ano, o químico sueco Jacob Berzelius descobriu casualmente o
selênio1, o que veio a ser o primeiro passo para a transmissão de
imagens. A descoberta abriria novos campos para a utilização da energia
elétrica, inclusive na televisão, mas ninguém desconfiou disto, muito
menos Berzelius.
A idéia de transmitir imagens à distância era sonho de muitos.
Em 1842, Alexander Bain realizou a primeira transmissão telegráfica de
uma imagem sem movimento (fac-símile), atualmente conhecido como
fax. Após essa experiência, nada impediria que se fizesse o mesmo com
imagens em movimento.
A televisão deixou de ser apenas “sonho” para tornar-se
realidade quando foram comprovadas, em 1873, pelo inglês Willoughby
Smith, as propriedades fotoelétricas do elemento químico selênio,
descoberto no início daquele século. Lançava-se, portanto, o piso teórico
para o processo eletrônico de geração de imagens através da tradução de
luz em cargas elétricas, e vice-versa. Isto porque, na claridade, o selênio
transmitia impulsos elétricos fortes, que se reduziam proporcionalmente à
diminuição da luz.
A partir daí, começaram a surgir idéias. O norte-americano
George Carey, em 1875, propôs um sistema baseado na exploração de
cada ponto da imagem onde, simultaneamente, uniu milhares de células
e projetou uma imagem em um número igual de lâmpadas, mais ou
1 O elemento químico Selênio é brilhante e luminoso quando submetido a um campo elétrico; porém Berzelius não encontrou aplicação prática para sua descoberta.
13
menos o que viria ser, posteriormente, o aparelho receptor. Já em 1880, o
francês Maurice Le Blanc, notou que imagens sucessivas, apresentadas
em uma certa velocidade, davam a impressão de movimento.
No ano de 1884, o alemão Henrich Hertz demonstrou a
existência de sinais elétricos se propagando pelo espaço, criando um
aparato dotado de duas espirais de arame desconectadas. A primeira era
a fonte de ondas eletromagnéticas (conhecida como oscilador) enquanto
que, na segunda espiral, a oscilação ocasionava uma corrente elétrica.
A próxima investida em direção ao fundamento das
telecomunicações aconteceria pelo jovem Giuglielmo Marconi, em 1896,
ao sintetizar a descoberta de Hertz com a concepção do telégrafo de
Samuel Morse. Marconi fez as primeiras transmissões de sinais elétricos
sem usar fios e, pouco depois, conseguiu enviar mensagens sonoras
(“beeps”) a uma distância de duas milhas. Um ano mais tarde, essa
experiência ganhava penetração na Alemanha, nas mãos de Adolf Slaby
e Georg Graf, onde a informação recebia em definitivo o prefixo “tele”.
1.2- A Geração de Imagens
No campo da geração de imagens, outras invenções
primordiais inauguravam a televisão. Em Berlim, no ano de 1884, Paul
Gottlieb Nipkow concebeu um aparelho mecânico para decomposição do
material visual, convertendo as frações obtidas em sinais elétricos, sendo
que o dispositivo adequava-se para a formação da imagem. O “Disco de
Nipkow” era um disco de ferro e perfurado, que, ao girá-lo, a imagem do
objeto dividia-se em pequenos pontos e, estando em alta velocidade,
estes reagrupavam-se depois. Em proporção direta a essa energia
luminosa, no aparelho eram geradas correntes elétricas, transportadas
por um fio a uma lâmpada situada atrás de um segundo disco rotativo
perfurado, que girava em sincronia com o primeiro. O espectador que se
colocasse frente a essa extremidade, poderia assistir a uma reprodução,
ainda que bastante precária, da cena.
14
FIGURA 01 – DISCO DE NIPKOW
O futuro da televisão, no entanto, não poderia permanecer em
um processo mecânico de análise das imagens. Quase na virada do
século, em 1897, o alemão Karl Ferdinand Braun já havia concebido as
bases da câmera de TV, inventando o tubo de raios catódicos, em que um
feixe emitido por um canhão de elétrons é o responsável pelo que se
chama de varredura do material visual.
A descoberta de Braun viabilizou experimentos com aparelhos
de funcionamento eletrônico – ancestrais do moderno sistema de
televisão – tal como o iconoscópio. Patenteado pelo russo naturalizado
americano Wladmir Zworykin, em 1923, o iconoscópio era um tubo a
vácuo com uma tela de células fotoelétricas que permitia a análise
eletrônica da imagem. Usando o iconoscópio, ele transmitiu imagens
numa distância de 45 quilômetros. Logo a RCA (Radio Corporation of
America) convidou Zworykin para conduzir a equipe que produziria o
primeiro tubo de televisão.
FIGURA 02 – ICONOSCÓPIO
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A década de 20 foi um período de variadas experiências em
televisão. Em 1924, dois técnicos da empresa alemã AEG Telefunken,
August Karolus e Fritz Schroeter, conseguiram realizar a primeira
transmissão de imagens sem a utilização de fios via ondas
eletromagnéticas. Logo depois, o inglês John Lodgie Baird repetiria a
proeza, transmitindo contornos de objetos a distância e, no ano seguinte,
fisionomias de pessoas. Já em 1926, Baird fez a primeira demonstração
no Royal Institution em Londres para a comunidade científica,
posteriormente, firmando acordo para emissões experimentais com a
BBC (British Broadcasting Corporation), a empresa de radiodifusão estatal
britânica. Naquela época, o padrão de definição possuía 30 linhas e era
mecânico.
Até 1927 as transmissões limitavam-se a figuras sem definição
e imagens sem estabilidade. Quem primeiro conseguiu transmitir imagens
estáveis de um lugar para outro foi o engenheiro norte-americano Philo
Taylor Farnsworth. No dia 7 de setembro de 1927, Farnsworth viu seu
sonho realizado, utilizando o tubo de raios catódicos desenvolvido no final
do século XIX. Farnsworth e Zworykin travaram longa disputa judicial pela
paternidade da invenção da TV. Farnsworth ganhou a disputa mas
somente depois que a patente havia sido expirada, não recebendo
nenhum dinheiro pelo seu invento.
As empresas norte-americanas que detinham patentes em
telecomunicações convergiam seus interesses com o estabelecimento da
empresa RCA (Radio Corporation of America), tratando de desenvolver a
fundo o princípio da câmera de TV. Faltava-lhes, entretanto, a tecnologia
dos tubos de raios catódicos, produzidos pela AEG Telefunken alemã.
Permutaram-se, então, patentes entre as duas empresas. Em 1928, a
empresa alemã lançava o primeiro aparelho de TV em caráter
experimental; dois anos depois, seria ela a responsável pela introdução
da técnica de varredura entrelaçada – adotada em todos os sistemas de
televisão do mundo – aumentando a qualidade de imagem e assegurando
as possibilidades comerciais do novo meio de comunicação. Assim, a
primeira demonstração pública ficou por conta da RCA que, em 1930,
projetou imagens em uma tela de 1,83m por 2,44m. No ano seguinte, foi
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montada uma antena no edifício Empire State Building (Nova Iorque) e,
embora o sistema utilizasse um receptor eletrônico, o emissor era
mecânico.
Em 1935, a Alemanha iniciava as primeiras transmissões
experimentais. Um ano depois, a RCA inaugurava em Nova Iorque a sua
estação de testes (W2XF) e, na Inglaterra, a BBC já transmitia
regularmente. Além disso, em Berlim (1936), foram transmitidos os Jogos
Olímpicos, sendo este evento a primeira geração de imagens realizada
fora de estúdio. Na Inglaterra, em 1937, três câmeras eletrônicas
transmitiram das ruas para a TV londrina a cerimônia de coroação do Rei
George VI, com cerca de cinqüenta mil telespectadores. Na Rússia, a
televisão começava a funcionar em 1938.
Pouco mais de dez anos haviam passado desde o iconoscópio
de Zworykin, e muitos avanços tecnológicos foram obtidos desde aquelas
imagens de nitidez precária e algumas centenas de linhas (240, para ser
mais exato) de varredura horizontal. Em Paris, a Exposição Tecnológica
Mundial conferia prêmios à Telefunken pelo seu sistema de televisão com
375 linhas de varredura horizontal, logo substituído por outro com 441
linhas 2.
Entre Estados Unidos e Europa, surgiram dois modos de se
fazer televisão. Diferiam não só os padrões tecnológicos como também o
conteúdo das programações, as fontes de financiamento e o
aproveitamento comercial das recém-nascidas emissoras.
Um dos passos no desenvolvimento tecnológico apontava para
as futuras alianças entre estações, formando as redes. Na Alemanha, em
1936, era realizada a primeira transmissão direcional de microondas –
transmissões “invisíveis” que predominariam até a era da difusão dos
sinais via satélite.
Como o iconoscópio exigia uma quantidade exagerada de luz e
a imagem reproduzida era deficiente, Zworykin inventou, então, uma
válvula de raios catódicos muito sensível, chamada Orthicon, que
adaptada a câmera, equilibrava a luz e dava uma qualidade técnica
2 Hoje, o sistema PAL conta com varredura horizontal de 625 linhas.
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melhor a imagem. O Orthicon passou a ser produzido em escala industrial
a partir de 1945. O primeiro aparelho de televisão popular foi o modelo
630TS da RCA, comercializado a partir de 1946.
A partir da década de 40 o desenvolvimento da televisão
acelerou-se. O sistema já era eletrônico e os aperfeiçoamentos
tecnológicos acumulavam-se. A primeira transmissão em cores, que vinha
sendo pesquisada desde o início do século, foi feita em 1940, quando
também apareceram o transmissor portátil, o cabo coaxial (usado para
transmitir imagens diretamente do emissor ao receptor, não havendo
interferências atmosféricas) e foram testadas as imagens de 504 linhas.
Em 1941, a WNTB tornou-se a primeira emissora a obter licença para
funcionar publicamente nos Estados Unidos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os avanços tecnológicos
da TV ficaram parados. A Alemanha foi o único país da Europa a manter
a televisão no ar. Paris voltou as transmissões em outubro de 1944,
Moscou em dezembro de 1945 e a BBC (Londres) em junho de 1946,
com a transmissão do desfile da vitória.
Com o fim da Segunda Guerra, a televisão firmou-se como
meio de comunicação de massa. Em 1947, inventava-se o transistor,
ocorrendo uma disparada vertiginosa na fabricação de televisores. Foram
quatro mil na Alemanha Ocidental (1952), dos quais 1600 estavam
instalados em restaurantes e bares. Dessa forma, o telespectador logo
obteve a garantia de receber uma boa imagem com o lançamento de um
tubo metálico para a visão direta.
Somente no início dos anos 50 a TV passou a fazer parte da
realidade de, praticamente, todos os países, além de firmar-se como meio
de comunicação de massa. Neste mesmo ano, a França possuía uma
emissora com definição de 819 linhas, a Inglaterra com 405 linhas, os
russos com 625 linhas e os Estados Unidos e o Japão com 525 linhas,
enquanto o Brasil inaugurava sua primeira TV, com equipamentos
trazidos dos EUA por Assis Chateaubriand.
18
1.3- A TV em Cores
A TV em cores foi ao ar pela primeira vez nos Estados Unidos
com a rede de TV CBS, em 12 de junho de 1951 e depois com a
americana NBC, em 1954. Porém, bem antes, em 1929, Hebert Eugene
Ives já havia feito em Nova Iorque as primeiras imagens coloridas com 50
linhas de definição por fio. Peter Goldmark aperfeiçoou o invento, fazendo
demonstrações com 343 linhas, em 1940. Em 1949, sistemas
experimentais já haviam sido desenvolvidos pela RCA e CBS.
FIGURA 03 – RECEPTOR EXPERIMENTAL DO SISTEMA EM CORES (CBS -1951)
Vários sistemas foram criados, mas todos iam de encontro a
uma imensa dúvida: se um sistema novo surgisse, o que fazer com os
aparelhos antigos preto e branco que já eram cerca de 10 milhões no
início dos anos 50?
Criou-se nos Estados Unidos, em 1954, um comitê especial
para, literalmente, colocar cor no sistema preto e branco. Esse comitê
recebeu o nome de National Television System Committee (também
encontrado como National Television Standards Committee), cujas iniciais
serviriam para dar nome ao novo sistema, NTSC. Este baseava-se em
utilizar o padrão preto e branco que trabalhava com níveis de luminância
(Y) e acrescentaram a crominância (C), ou seja a cor. Vale a pena
recordar que o princípio de captar e receber as imagens em cores está na
19
decomposição da luz branca em três cores primárias3 que são vermelho
(R de red), o verde (G de green) e o azul (B de blue), em uma proporção
de níveis de 30% de R, 59% de G e 11% de B. Na recepção o processo é
inverso, pois a imagem é composta através da somatória das cores
(R+G+B) no pixel, ou seja, nos pontos da tela do televisor.
Em 1967, entrou em funcionamento na Alemanha, o sistema a
cores PAL (iniciais de Phase Alternation Line), que resolvia alguns dos
problemas existentes no sistema norte-americano. Nesse mesmo ano,
entrou na França o SECAM (Séquentielle Couleur à Mémoire), mas não
compatível com o sistema preto e branco francês.
No Brasil, a primeira transmissão oficial em cores ocorreu em
31 de março 1972, durante a Festa da Uva, em Caxias do Sul, cidade do
Rio Grande do Sul.
1.4- A Invenção do VT
1.4.1- O início da gravação de imagens
As tentativas de transmitir imagens aconteceram desde o final
do século XIX. Os processos que eram mecânicos evoluíram e podia-se
transmitir imagens com até 30 linhas de resolução (os sistemas PAL-M e
NTSC utilizam 525 linhas). Porém existia um sério problema a ser
solucionado: como armazenar as imagens?
Os primeiros métodos utilizados basearam-se nas gravações
que eram utilizadas para o som, ou seja, um disco de 25 centímetros de
diâmetro e de 78 rotações por minuto, como nos antigos gramofones. O
invento de dinamarquês Valdemar Poulsen, técnico da empresa de
telefonia de Copenhague, no início do século XX, traria a inovação em
gravação eletromagnética. Poulsen, em momentos de concentração em
suas pesquisas, não gostava de ser incomodado e muito menos atender
3 Não podemos confundir as cores primárias da luz (vermelho, verde e azul) com as cores primárias para tinta (vermelho, amarelo e azul).
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ao telefone, então criou a primeira secretária-eletrônica: o "Telegrafone",
como era chamado. Utilizava-se um fio de arame para armazenar as
gravações magnéticas, mas havia um enorme problema, pois quando o
fio torcia, a gravação ficava ao contrário. Esse sistema foi usado até o
início dos anos 40.
Outros meios para armazenar as gravações foram
desenvolvidos, inclusive uma fita de papel banhada com aço em pó.
Talvez essa tenha sido a maneira que possibilitou as indústrias BASF e
Telefunken, juntas, desenvolverem a fita tal como hoje é conhecida,
utilizando uma camada de óxido de ferro como material magnético sobre
uma fita de poliester.
1.4.2- O Videotape
Durante os dez primeiros anos de existência da televisão no
mundo, entre 1947 e 1956 não havia possibilidade de armazenar ou
registrar sons e imagens em fitas magnéticas. As transmissões somente
eram possíveis ao vivo.
Seguindo o caminho do desenvolvimento dos processos de
registrar o áudio, o vídeo passou também a desenvolver técnicas de
gravação em fita magnética, sendo que os primeiros grandes progressos
começaram em 1950.
Em 1956, a firma AMPEX, no auge do seu desenvolvimento
tecnológico, criou um suporte magnético que conseguia registrar sons e
imagens simultaneamente. Dois cientistas da empresa americana,
Charles Ginsberg e Ray Dolby, revolucionariam o modo de fazer televisão
com o invento do "videoteipe". Este suporte, na época, tinha a largura de
duas polegadas e passou a ser desenvolvido industrialmente no mundo
inteiro. A partir daí, os olhos dos telespectadores não acompanhariam
mais os erros e improvisos da televisão feita ao vivo. Além do mais, as
produções televisivas poderiam ter seus trabalhos melhor acabados.
Segundo o site <www.tudosobretv.com.br>, a primeira
gravação mundial de videoteipe em fita magnética de som e imagem foi
21
realizada pela emissora norte-americana WNBT e, em seguida, a CBS
utilizaria o VT pela primeira vez em 30 de novembro de 1956.
Mas não foi fácil chegar ao invento, já que a dificuldade estava
em armazenar muito mais informações que o áudio. Imagine que se fosse
utilizado o mesmo processo de gravação do som, haveria a necessidade
de 35,5 metros de fita para armazenar informações de 01 segundo de
imagem e, para 01 hora, 127.800 metros de fita, sem contar que a fita
teria de passar na cabeça magnética a uma velocidade de mais ou menos
130 quilômetros por hora!
Para resolver este problema, manteve-se a mesma velocidade
de fita que do gravador de som, ou seja, 38 centímetros por segundo (15
polegadas por segundo), mas para que a gravação ganhasse maior
velocidade fizeram também com que a cabeça magnética girasse.
Para o primeiro videoteipe inventado a fita era de 05
centímetros ou 02 polegadas de largura, com velocidade de 38
centímetros ou 15 polegadas por segundo, passando por um conjunto em
forma cilíndrica de 04 cabeças dispostas a 90 graus cada uma que tanto
gravavam quanto reproduziam, girando a 240 rotações por segundo. Esse
videotape recebeu o nome de Quadruplex devido as cabeças se
encontrarem em forma de quadrante e possuía mais de 500 linhas de
resolução horizontal.
FIGURA 04 – FITA QUADRUPLEX
22
Pode-se dizer que a história do videoteipe divide-se em quatro
momentos. O primeiro dá-se com o surgimento do equipamento de duas
polegadas, o formato Quadruplex. Além de serem máquinas enormes e
de difícil mobilidade, eram utilizadas apenas para uso interno em
estúdios.
Os avanços da tecnologia trouxeram, em 1959, o sistema
helicoidal. Nesse sistema utilizam-se de duas cabeças rotativas de vídeo,
sendo que uma grava o campo 1 (linhas ímpares do vídeo) e a outra
grava o campo 2 (linhas pares)4. A fita de duas polegadas, contava com
cerca de 400 linhas de resolução horizontal. Tanto o áudio quanto o vídeo
utilizavam as fitas em rolo.
FIGURA 05 – FITA HELICOIDAL
A segunda opção viria no mesmo ano (1965) quando a Sony,
muito em função de Akio Morita, presidente da empresa naquela
circunstância, desenvolveu o segundo passo tecnológico do crescimento
industrial do vídeo: o formato port-a-pack, uma espécie de gravadores de
áudio com dois rolos (de peso considerável), que possibilitava certa
mobilidade. Funcionando com uma fita de meia polegada, acondicionada
em rolo, o port-a-pack era o primeiro esforço de se levar as ruas o
videoteipe, transformando-o numa tecnologia capaz de sair do espaço
reduzido e limitante do estúdio. Como o port-a-pack utilizava fitas de rolo
de meia polegada, que não têm uma qualidade tão boa de registro quanto
as fitas maiores, a experiência não deu tão certo em nível de
permanência tecnológica quanto a de seu sucessor, o U-Matic, este como
o terceiro momento da revolução do vídeo.
4 A imagem na TV é formada por um quadro de 525 linhas, dividido em dois campos, um que apresenta as linhas ímpares e outro campo que apresenta as linhas pares, entrelaçadas.
23
FIGURA 06 – ILHA U-MATIC
Criado em 1971 pela Sony com o formato de ¾ de polegada, o
U-Matic além de usar uma fita um pouco maior, com qualidade de registro
superior à fita de meia polegada, possibilitava o registro em cores e o
acondicionamento do videoteipe em um estojo (o cassete), facilitando o
transporte, o manuseio e a segurança. O U-Matic veio agilizar as
gravações externas, principalmente as reportagens, já que antes do VT
eram utilizadas as câmeras com filmes 16 mm, estes posteriormente
deveriam ser revelados e depois montados. Os modelos de equipamentos
em U-Matic foram vários, desde o industrial até o broadcast.5 Enquanto o
industrial contava com resolução horizontal em torno de 260 linhas, a
linha broadcast tinha sua resolução em até 340 linhas horizontais.
O quarto momento do crescimento tecnológico do videoteipe
deu-se em 1975, quando a Matsushita – empresa japonesa que detém o
controle da JVC (Japan Video Corporation) e da Panasonic – implantou a
indústria do formato VHS (Video Home System). De formato helicoidal e
fita de 1/2 polegada (resolução em torno de 180 a 200 linhas horizontais,
o VHS estava voltado para o uso doméstico.
5 Utiliza-se o termo broadcast para definir equipamento profissional para a TV e o termo industrial para o equipamento de qualidade técnica intermediária entre o amador e o profissional.
24
A respeito do VHS, conheci duas histórias. O ponto em comum
delas é o fato de existir dois tipos de fita cassete que utilizam o formato de
mais polegada, a própria VHS e o Betamax. As histórias diferem (ou
seriam ocultadas da história?) porque uma delas diz que a patente do
VHS pertencia à Sony, mas como ela preferiu usar a fita de formato
Betamax, ao fim de dois anos perdeu o direito de explorar industrialmente
essa patente. A Matsushita, então, colocou no mercado o formato VHS,
repassando a patente para inúmeras empresas antes que a própria Sony
lançasse o Betamax. A segunda versão dessa história conheci durante as
consultas para este projeto de pesquisa. De acordo com o livro “Made In
Japan”6, como a qualidade não era a esperada, a Sony passou os direitos
do VHS para a Matsushita, proprietária da JVC e Panasonic, e passou a
pesquisar o Betamax. Ao longo da década de 80, para melhorar a
resolução do material gravado, as japonesas Panasonic e JVC apostaram
em um sistema, conhecido como S-Video que utilizou o formato
doméstico VHS como base e recebeu o nome de S-VHS (Super VHS), em
1987. O sistema utiliza-se de fita de 1/2 polegada e possui resolução
horizontal em torno de 400 linhas horizontais.
Desenvolvido a partir do sistema doméstico Betamax, a Sony
criou o sistema Beta, recebendo o nome Betacam para a utilização
broadcasting. Helicoidal e com fita de 1/2 polegada, possui qualidade
profissional com capacidade de 500 linhas de resolução horizontal.
Também existem os formatos Hi 8 (sistema doméstico),
helicoidal e fita com 8 milímetros de largura, mas com qualidade de
gravação de até 400 linhas horizontais de resolução. Além deste, existem
o DVCPro, da Panasonic e JVC, sistema de gravação digital semelhante
ao DVCam (Sony), cujo lançamento no mercado deu-se quase que
simultaneamente.
6 Referente à biografia de Akio Morita, fundador da Sony.
25
No Brasil, a primeira emissora a adquirir equipamentos de
gravação e reprodução foi a TV Rio, canal 13, em 1957. Porém, a TV Tupi
de São Paulo foi a pioneira a utilizá-los, em 1960, gravando as imagens
da festa de inauguração de Brasília e exibindo-as em várias cidades.
Além disso, na TV brasileira, o videoteipe passou a ser usado
definitivamente com o programa humorístico de Chico Anísio também na
década de 60.
26
2 - O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIAS
A televisão, enquanto meio de transmissão pública, nasceu dos
moldes da válvula e do espectro de radiofreqüências. Porém, as
tecnologias permitiram avanços e hoje, o meio encontra-se a caminho da
digitalização em busca de melhor qualidade de transmissão e recepção
de sinais.
Durante décadas, os sistemas de televisão funcionaram
sobretudo através de válvulas, isto é, cilindros de vidro lacrados com
componentes no vácuo. Os tubos transformavam as luzes de uma
imagem em sinais elétricos que, posteriormente, seriam convertidos em
ondas eletromagnéticas. Estas tornavam-se capazes de irradiar-se pelo ar
a partir de uma estação de transmissão e de serem detectadas por
antenas de TV a quilômetros de distância. Depois, mais válvulas foram
usadas para ampliar e processar essas ondas para a exibição numa tela
fosforescente, ela própria uma enorme válvula. De fato, em cada ponto de
um sistema de televisão onde sinais fracos precisavam ser realçados,
refinados ou ampliados, a válvula entrou em ação.
Uma limitação básica da tecnologia de televisão está no fluxo
de sinais através do ar. A transmissão de sinais requer o uso de uma
porção do espectro eletromagnético, chamada radiofreqüência, que na
atmosfera é altamente vulnerável à interferências 7.
O espectro eletromagnético, composto de cargas elétricas que
produzem magnetismo, gera eletricidade numa espiral perpétua pelo ar.
Essa ação de ondas eletromagnéticas, moduladas por sinais de sons e
imagens, torna possível a transmissão de TV a longa distância.
Pode-se pensar nas ondas eletromagnéticas tais como as
ondas no oceano. Enquanto o comprimento da onda é a distância entre
uma crista e outra, o número de ondas, ou vibrações por segundo, é a
7 GILDER, 1996:32.
27
freqüência. Denominadas hertz8, estas vibrações conduzem as
informações de som, cor e brilho necessárias ao sistema de transmissão
pela televisão. A quantidade de freqüências passíveis de serem
transmitidas por um meio específico denomina-se largura de banda.
“Largura de banda é a capacidade de enviar informação por um determinado canal. A maioria das pessoas procura compreendê-la comparando-a ao diâmetro de um tubo ou ao número de pistas numa rodovia.”9
Enquanto o ouvido humano consegue detectar freqüências
entre 30 Hz a 20 mil hertz, que podem ser convertidas nas bandas de
áudio do espectro, o olho humano consegue detectar comprimentos de
onda entre 400 e 700 nanômetros (bilionésimos de um metro) ou
freqüências próximas de (10)15 (dez elevado à decima quinta potência).
Como todos os componentes técnicos da imagem – luz,
contraste, cor, pixels, sinais de sincronização, além dos sinais de áudio,
entre outros – são convertidos em ondas eletromagnéticas, estes podem
ser transmitidos por longas distâncias para uso na televisão. Para isso, as
ondas precisam ser convertidas na porção de radiofreqüência do espectro
eletromagnético e, dessa forma, tais freqüências ocupam parte do
espectro. Apenas para efeitos comparativos, vale-se lembrar que um
canal de TV ocupa 6 MHz de banda do espectro eletromagnético,
enquanto neste mesmo espaço caberiam 960 telefones analógicos
funcionando simultaneamente.
Observe na tabela a seguir que as freqüências estão em ordem
crescente e conforme as características das ondas hertzianas estão
atribuídos alguns dos serviços que se utilizam do transporte das
freqüências 10.
8 As ondas descobertas em 1887 foram chamadas de “ondas hertzianas”, em homenagem a seu descobridor, o estudante alemão Henrich Rudolf Hertz.
(TAVARES, 1999:19)9 NEGROPONTE, 1995:27.10 Estas atribuições são internacionais.
28
faixa de até serviço observação
20 Hz 20.000 Hz Sons audíveis
20 KHz 30 KHz Ultrassom
530 KHz 1.600 KHz Rádio AM107 emissoras com
10 KHz de banda
34,48 MHz 34,82 MHz Rádio Taxi
38 MHz 40,6 MHz Telemedição Biomédica
40,6 MHz 40,7 MHz Telemedição de características de materiais
40,7 MHz 41,0 MHz Telemedição Biomédica
41,0 MHz 49,6 MHz Diversos serviços
49,6 MHz 49,9 MHz Telefone sem fio
49,9 MHz 54 MHz Diversos serviços
54 MHz 60 MHz Televisão VHF Canal 2
60 MHz 66 MHz Televisão VHF Canal 3
66 MHz 70 MHz Televisão VHF Canal 4
70 MHz 72 MHz Radioastronomia
72 MHz 73 MHz Telecomando
73 MHz 75,4 MHz Rádio Navegação Aeronáutica
75,4 MHz 76 MHz Telecomando
76 MHz 82 MHz Televisão VHF Canal 5
82 MHz 88 MHz Televisão VHF Canal 6
88 MHz 108 MHzRadiodifusão
Rádio FM
99 canais em
faixas de 200 KHz
88 MHz 108 MHz Microfone sem fio de alcance restrito
108 MHz 117,975 MHz Rádio Navegação para Aeronáutica
117,975 MHz 121,5 MHz Comunicação Móvel para Aeronáutica
121,5 MHz 121,5 MHz Comunicação de Socorro
121,5 MHz 136 MHz Comunicação Móvel para Aeronáutica
136 MHz 138 MHz Satélites Meteorológicos Internacionais
138 MHz 143,6 MHzReservado para as comunicações fixas e
móveis
143,6 MHz 143,65 MHz Pesquisas Espaciais
143,65 MHz 144 MHz Rádio Amador
144 MHz 146 MHz Rádio Amador por Satélite
146 MHz 148 MHz Rádio Amador
148 MHz 149,17 MHzReservado ao SESC - Serviço Especial de
Supervisão e Controle
A tabela continua na página seguinte.
149,17 MHz 174 MHz Diversos serviços
174 MHz 180 MHz Televisão VHF Canal 7
180 MHz 186 MHz Televisão VHF Canal 8
29
186 MHz 192 MHz Televisão VHF Canal 9
192 MHz 198 MHz Televisão VHF Canal 10
198 MHz 204 MHz Televisão VHF Canal 11
204 MHz 210 MHz Televisão VHF Canal 12
210 MHz 216 MHz Televisão VHF Canal 13
216 MHz 470 MHz Diversos Serviços
470 MHz 476 MHz Televisão UHF Canal 14
476 MHz 482 MHz Televisão UHF Canal 15
482 MHz 806 MHz Televisão UHF Canais 16 a 69
806 MHz 824 MHz Diversos serviços
824 MHz 834,4 MHz Telefonia Celular Banda "A"
834,4 MHz 845 MHz Telefonia Celular Banda "B"
845 MHz 869 MHz Diversos Serviços
869 MHz 880 MHz Telefonia Celular Banda "A"
880 MHz 880,6 MHz Outros Serviços
880,6 MHz 890 MHz Telefonia Celular Banda "B"
890 MHz 891,5 MHz Telefonia Celular Banda "A"
891,5 MHz 894 MHz Telefonia Celular Banda "B"
894 MHz 896 MHz Telefonia Celular Aeronáutico
896 MHz 3.000 MHz Outros Serviços
3 GHz 3,1 GHz Rádio Navegação e Rádio Localização
3,7 GHz 4,2 GHz Descida de sinal de Satélite Banda "C
5,925 GHz 6,425 GHz Subida de sinal de Satélite Banda "C"
6,425 GHz 7,125 GHz Sistema Digital
10,7 GHz 11,7 GHz Rádio Digital
10,7 GHz 12,2 GHz Descida de sinal de Satélite Banda "Ku"
13,75 GHz 14,8 GHz Subida de sinal de Satélite Banda "Ku"
14,5 GHz 15,35 GHz Rádio Digital
Tabela 1: Espectro de Freqüência e alguns dos serviços atribuídos 11
Como freqüências mais altas e mais baixas tendem a perder-se
na atmosfera a longas distâncias, conforme observado na tabela anterior ,
apenas aquelas entre quilohertz e megahertz podem conduzir
11 BALAN, Willians C. “O Espectro de Freqüência e a Comunicação Social” In: As Freqüências e a Comunicação Social – Curso à distância via Internet, referente aos estudos de Educação à Distância. Veja mais em (www.willians.pro.br/frequencia)
30
prontamente sinais de rádio e televisão com base na terra. As freqüências
residentes no ar são utilizáveis para transmissões de rádio e televisão,
telefones celulares, pagares e outras tecnologias móveis. Já as
freqüências mais altas, com bilhões de ondas por segundo (gigahertz),
possibilitam as transmissões diretas por satélite e outras a longa
distância.
Todas essas freqüências combinadas ocupam espaços do
espectro eletromagnético. Dessa forma, as estações de TV modulam e
transmitem essas freqüências na forma de ondas hertzianas,
reverberando para frente em círculos a partir de uma antena
eletromagneticamente carregada. Para a condução de um sinal de
televisão, as emissoras precisam de 6 MHz de banda12. A fim de evitar
interferências que cada canal pode provocar em outro, se estiver em uma
faixa de freqüências muito próxima, é necessário manter espaço livre no
espectro entre um canal e outro. Esse espaço isolante é várias vezes
maior do próprio sinal, e somente a televisão ocupa, por exemplo, cerca
de 40% do espectro do rádio. Assim sendo, o espectro é considerado um
recurso limitado, porque, em qualquer localidade, apenas uma faixa de
freqüências está disponível para a transmissão de informações, o que
forçaria a TV a adotar um sistema centralizado e limitado a poucos
canais.
12 No caso do Brasil, já que na Europa a largura de banda para um canal de TV é de 8 MHz.
31
2.1- Mais espaço para o Espectro de Freqüência
Uma solução encontrada para resolver os problemas de
saturação do espectro de freqüência foi a digitalização dos sinais. Se os
6 MHz, que parece muito espaço do espectro, já é apertado para um
canal de TV analógico e limita a quantidade de pixels a serem
transmitidos, certamente esse espaço poderia ser melhor aproveitado
caso os dados fossem digitais. Dentro de um canal analógico existem
certas dificuldades de manipulação e armazenagem de sinais, o que no
sistema digital não ocorre por justamente este trabalhar em sistema
numérico.
“Como são representações numéricas finitas (que começam com 00000000 e acabam com 11111111) os sinais digitais, ao contrário dos analógicos, podem ser transformados em fórmulas que ocupam menos espaço na onda. Comprimidos assim, eles podem viajar em grupos muito maiores do que os sinais analógicos. O resultado é que o consumidor recebe mais canais e ainda alguns serviços complementares.” 13
Com a digitalização do sinal é possível, através das
possibilidades de compressão dos sinais, a transmissão de mais sinais
em menor espaço do espectro de freqüência. Ou seja, a otimização do
espaço do espectro é um fato possível e estamos cada vez mais próximos
deste acontecimento.
Para melhor uma compreensão, conheça a seguir os conceitos
de sistemas analógicos e digitais.
13 Revista Superinteressante, Ano 10. n.º 08, Agosto, 1996, p. 70-71.
32
3 - SISTEMA ANALÓGICO E DIGITAL
Em relação às constantes mudanças tecnológicas, duas
palavras ganharam notoriedade em nosso cotidiano: Analógico e Digital.
Este capítulo estabelece as principais diferenças entre os dois
sistemas de transmissão, já que a convivência entre eles ainda persistirá
por algum tempo, devido à existência dos receptores existentes nas
residências, assim como equipamentos em algumas emissoras de TV.
3.1- O Sistema Analógico
Devido ao custo e à complexidade das válvulas usadas nos
sistemas de televisão, a maior parte do processamento dos sinais eram
realizadas na estação. A partir de seu surgimento, o receptor de TV
precisou ser relativamente simples, pois os projetistas necessitavam
reduzir os custos minimizando o número de válvulas nos aparelhos. Para
a época em que a televisão foi concebida, a armazenagem de sinais
estava fora de cogitação, já que uma memória poderia exigir milhões de
válvulas num único televisor. E a armazenagem do sinal somente pode
ser idealizada graças às evoluções tecnológicas no campo da
microeletrônica.
Dessa forma, áudio e vídeo transmitidos pelas estações teriam
que ser ondas diretamente exibívieis, o mais semelhante possível aos
sons e às imagens que foram geradas. Isso significou que a TV teria que
operar em um sistema analógico, já que estas ondas tinham capacidade
de simular diretamente o som, o brilho e a cor.
33
Até o surgimento do sistema digital, o sistema analógico de
transmissão era o único disponível para a transmissão de áudio e vídeo.
A eficiência para conduzir, imitar e exibir o sinal através de ondas
eletromagnéticas é a vantagem deste sistema. Porém, a sensibilidade à
interferência atmosférica e a dificuldade de manipulação e armazenagem,
são fatores que deixam o sistema analógico em desvantagem. Dado que
a onda analógica inteira é usada para conduzir informações, qualquer
distorção resulta em variação da imagem.
FIGURA 07 - GRÁFICO SINAL ANALÓGICO
George Gilder (1996:150) exemplifica que, como os sulcos de
um disco de vinil, a impressão helicoidal num videocassete ou os padrões
químicos num filme, eles (os sinais analógicos) imitam diretamente a
forma, o tempo e a natureza do conteúdo do sinal que registram, seja som
ou imagem. Assim, os sinais analógicos normalmente têm que ser
enviados ou reproduzidos “em tempo real”, na mesma velocidade em que
foram gravados. A maior parte dos sinais analógicos “amarra” o receptor
ao transmissor numa tradução fiel do sinal. Trata-se do meio apropriado a
um mundo de poucos transmissores e muitos receptores.
Limitações econômicas e técnicas fizeram com que os
componentes eletrônicos, em vez de situar-se no aparelho de TV,
retrocedessem à estação de transmissão. Quase toda a inteligência do
sistema – a geração, seqüencialização e a armazenagem de sinais de
imagens – teria que localizar-se no centro de transmissão.
34
O aparelho de TV limitaria-se a forma dos sinais usados, a
resolução da imagem e o número de canais. O poder de processamento
do aparelho era mínimo comparado com o da estação.
Contudo, a televisão triunfou facilmente sobre suas deficiências
técnicas. As invenções do transistor (1947)14 e do circuito integrado (1957)
foram responsáveis por mudanças tecnológicas na televisão, inclusive
pelo fato de a maior parte da “inteligência” do sistema agora fazer parte
da própria estação15.
Um alto-falante ou um tubo de imagem de TV não era capaz de
funcionar apenas pelo sinais captados por uma antena, já que estes são
de baixa intensidade. Para tanto, a utilização destes meios (rádio ou TV)
dependia da amplificação do sinal até alcançar potência suficiente para
aplicações práticas.
Segundo MALVINO (1995:194), antes de 1951, as válvulas
eram os principais dispositivos usados para a amplificação de sinais
fracos. Embora fossem excelentes amplificadoras, elas apresentaram
uma série de desvantagens. Tais como: o filamento interno ou aquecedor
requer 1 W (watt) ou mais de potência e a vida útil deste é da ordem de
alguns milhares de horas apenas. Além do mais, a válvula ocupa muito
espaço e o aquecimento necessário para o seu funcionamento faz
aumentar a temperatura interna de seus equipamentos eletrônicos.
O transistor possibilitou o processamento de impulsos
elétricos16. Em 1951, Shockley inventou o primeiro transistor de junção,
um dispositivo semicondutor capaz de amplificar sinais de rádio e de TV.
As vantagens de um transistor ultrapassariam as desvantagens de uma
válvula, pois o transistor não tem filamento, logo, aquece pouco pela
transferência de elétrons e, portanto, requer uma potência muito menor.
Além disso, por ser um dispositivo semicondutor, pode durar
indefinidamente; ocupa pouco espaço devido às suas pequenas
dimensões e como não aquece muito, os equipamentos podem funcionar
com temperaturas internas mais baixas.14 O transistor foi inventado na empresa Bell Laboratories, em Murray Hill, no estado
de Nova Jersey.15 CASTELLS, 1999:5816 Idem, p.58
35
Graças aos avanços da microeletrônica, o transistor possibilitou
a invenção de vários outros componentes, inclusive a do Circuito
Integrado (CI), um dispositivo pequeno que contém vários transistores. A
existência do CI deu origem aos modernos computadores e outros
milagres da eletrônica. Já o circuito integrado (microchip) permitiu ao
mundo combinar vários transistores numa minúscula peça, ou seja,
serviram inicialmente de substitutos baratos para a válvula (no caso da
TV, pois criou-se um sem-número de inovações na área da
eletroeletrônica)17.
Em relação a transmissão de sinais, os transistores
conseguiram realizar quase todas as funções de amplificação de válvulas,
exceto exibir realmente a imagem.
Dessa forma, o televisor poderia tornar-se um eficiente
processador com milhões, ou mesmo bilhões, de equivalentes à válvula
capazes de executar funções além da mera exibição. Poderia criar,
aperfeiçoar, processar, armazenar e até transmitir sinais próprios. Embora
os microchips fossem, de início, usados para estender a vida dos
receptores e dos videocassetes comuns, acabariam mudando
radicalmente a própria natureza dos meios de comunicação.
FIGURA 08 - MICROCHIP
Por ocuparem considerável espaço dentro do espectro de
freqüência, os canais analógicos já cedem espaço às transmissões em
digital. E a respeito do futuro sobre as transmissões analógicas, não há
certeza do que irá ocorrer. O mais provável é que essas emissões
diminuam e desapareçam aos poucos, para dar lugar a uma totalidade de
17 MALVINO, 1995:194
36
transmissões em digital, devido as vantagens apresentadas por este
sistema.
Assim, não se pode afirmar uma data exata para o
“desaparecimento” das transmissões no sistema analógico. Em algum
momento, haverá um último transmissor analógico que ficará fora de
serviço e marcará, enfim, a transição definitiva para o sistema digital.
3.2- O Sistema Digital
A primeira vez em que ouvi o termo “digital” foi quando ganhei
meu primeiro relógio de pulso. Simples para ver as horas, não se
precisava contar os espaços para sabê-la, já que os números eram bem
visíveis.
Para fazer-se uma comparação entre o que é analógico e o
que é digital, podemos citar o exemplo acima. Vamos imaginar dois tipos
de relógios: os de ponteiro e os digitais. Os de ponteiros, que têm as
marcações de minutos e horas, movem-se a cada instante de maneira
precisa, de acordo com a posição do ponteiro de segundo. Já o outro
relógio, com visor de cristal líquido, a variação das informações é exata:
há uma progressão (1, 2, 3 e assim por diante), onde o marcador dos
minutos aumenta sempre um assim que o marcador de segundos
completa seu ciclo (60 segundos).
Assim, dizemos que o relógio de ponteiros é analógico, pois
não há um ponto definido para que os ponteiros parem já que estarão
sempre em movimento. O relógio de cristal líquido, então, é digital, pois a
mudança é muito precisa e os dados não sofrem variações, ou seja, a
informação é exata.
“Os sinais digitais, por sua vez, são todos bits e bytes homogêneos, códigos de “ligado e desligado” que podem ser facilmente armazenados, comprimidos, depurados, editados e manipulados. A inteligência distribuída dos sistemas digitais é apropriada a
37
um mundo com tantos transmissores quanto receptores.” 18
Os sinais digitais, enquanto representações numéricas finitas,
onde 0 (Zero) representa o que Gilder chama de “desligado” e 1 (Um),
“ligado”, podem ser transformados em fórmulas que ocupam menos
espaço na onda eletromagnética, no caso da transmissão e recepção de
sinais de TV, o que não acontece com os sinais analógicos. Isso significa
que imagens e sons são transformados em linguagem de computador
(combinações entre os dígitos 0 e 1) o que favoreceria a obtenção de um
sinal mais limpo com o uso da tecnologia digital.
FIGURA 09 – GRÁFICO SINAL DIGITAL
Já que a onda, em um sistema digital ocupa menos espaço,
então a largura de banda necessária para o transporte de informações via
TV não seria a mesma ocupada pelos canais analógicos. Assim, é
evidente que a principal questão na adoção da transmissão digital é o uso
do espectro eletromagnético.
Conforme nos explica o consultor John Watkinson em seu
artigo “Como funciona a Transmissão Digital” (WATKINSON, 2000: 18),
em cada país existe apenas um espectro e as pressões para acomodar
mais serviços no mesmo tendem sempre a aumentar. Os atuais canais de
18 Gilder, 1996:151
38
TV analógicos baseiam-se em uma tecnologia desenvolvida há várias
décadas, que usa muita largura de banda.
Durante a transmissão digital, a informação perde pequenas
nuances e pode até ficar levemente pior que a analógica (como cópia fiel
do original) com todos os seus matizes. Porém, no transporte que irão
fazer depois (da emissora para o aparelho receptor de TV) os sinais
digitais mantêm-se inalterados, enquanto os analógicos sofrem perdas
significativas.
Tal como as ondas formadas por uma pedra que cai na água,
conforme se afastam do local do impacto e ficam mais fracas, algo
parecido acontece com as ondas eletromagnéticas que carregam os
sinais de TV. Mas, em geral, elas conseguem levar os sinais digitais até o
fim da “viagem”, afinal são apenas zeros e uns, o que não ocorre com a
infinidade de gradações de cores e brilhos ou sons da informação
analógica. Esta, então, fica cheia de chuviscos, ruídos e outras
interferências. Se a onda enfraquece a ponto de não conseguir levar os
códigos digitais, a transmissão pode cair de vez, mas nunca vai ficar ruim,
já que os códigos são números exatos, sem perda de qualidade.
No formato digital, todas as informações de som, brilho e cor
são numericamente codificadas. Ao contrário dos sinais analógicos, os
sinais digitais podem ser armazenados e manipulados sem se deteriorar.
Por ser digital, a qualidade da imagem dobra, assim como o
som fica mais claro e sem ruídos como em um CD. As imagens podem
ser transmitidas com maior número de linhas, permitindo a alta definição.
E a largura de banda poderá ser diminuída para, enfim, reduzir o
congestionamento do espectro de freqüências.
Portanto, se os sinais digitalizados resolvem a questão do
espectro de freqüências, não se pode deixar de lado a questão que o
digital provoca mudanças também em outras meios. A seguir, no capítulo
referente ao Cinema, conheça o que o digital trouxe e possibilitará para
esta mídia.
39
40
4 - UM POUCO DA HISTÓRIA DO CINEMA
Esta pesquisa não tem a pretensão de estudar mais
profundamente a história do cinema. Dentro desse tópico, é importante
que se conheça a origem e evoluções tecnológicas, a fim de efeito
comparativo para a segunda parte deste trabalho. Ou seja, como a alta
definição, uma das características da TV Digital, vai influenciar o cinema.
4.1- A arte que sobrevive através dos tempos
Durante séculos, civilizações buscaram meios para reproduzir
a realidade. Os teatros de sombra foram os primeiros espetáculos
públicos com projeção de imagens. Em pleno século XVI, a "Câmara
Escura" permitia a projeção de imagens externas dentro de um quarto
escuro.
No decorrer da história, o cinema logo revelou sua
possibilidade de comunicação acompanhando as “revoluções” das
sociedades, economias e culturas que ocorriam em todo o mundo. Para
tanto, antes de constituir-se como arte da representação e encantar o
mundo, a origem do cinema está ligada às histórias da pintura e da
fotografia.
As primeiras expressões da pintura reproduziam as imagens
dos objetos tais como o artista a observava. Nuances de luz e sombra
procuravam ser a mais fiel representação daquela realidade.
Já a fotografia, inventada no século XIX, possibilitou registrar e
guardar as imagens dos objetos. Pela primeira vez, no que se diz respeito
à reprodução de imagens, as tarefas artísticas essenciais ficariam
reservadas ao olhar do fotógrafo sobre a lente de uma câmera. A
fotografia passava a registrar o tempo real do acontecimento e, através
dela não era possível deformar a perspectiva ou a profundidade de
campo; afinal era um registro.
41
Assim, o período primitivo do cinema foi precedido pela
descoberta da fotografia.
TAVARES DE SÁ (1974:19) em sua obra “Cinema em Debate:
100 Filmes em Cartaz”, classifica o cinema com a “arte do movimento”19,
isto é, define-o como a arte que visa criar a beleza por meio de imagens
luminosas em movimento, o que supõe técnica e linguagem próprias para
tal arte (montagem, planos seqüência, por exemplo). As imagens, dotadas
de um certo ritmo interno graças à sucessão de planos, resulta na ilusão
de movimento das personagens dentro de cada tomada. Ou seja, através
da exposição de uma imagem a cada 24 quadros por segundo20 temos o
movimento das cenas apresentadas.
A origem do cinema data de fins do século XIX, mas não
podemos esquecer das primeiras experiências de animação que
ocorreram no século XVII com a Lanterna Mágica. Esta, considerada a
precursora do cinema, era utilizada para a para projeção luminosa de
imagens ou desenhos.
“Um lençol branco, uma lanterna com uma única lente, uma vela como fonte luminosa, era este todo o seu equipamento. Maravilhavam grandes e pequenos, contando histórias com a ajuda de lâminas de vidro com desenhos pintados à mão projetados na tela”21
Durante todo o século XIX, inventores tentaram construir
aparelhos que buscassem produzir a ilusão do movimento, como o
taumatropo, fenaquistocopio, zootropo e o praxinoscopio. Uma variação
do último, o Teatro Óptico, elaborado por Emile Reynaud, é o que mais se
aproxima do que conhecemos como cinema. Com o objetivo de produzir
uma ação contínua, projetavam-se mais de 500 transparências de
desenhos utilizando um aparelho cilíndrico. Juntamente com a projeção
de uma imagem de fundo, a partir de uma lanterna, o aparelho
proporcionava projeção dos primeiros desenhos animados.
19 A palavra cinema decorre da expressão Kinema, cujo significado é Movimento.20 O cinema adota a projeção de 24 quadros por segundo para que o olho humano
não perceba os quadros parados.21 MARCHAND, 2001:02
42
Até então, quatro dos principais elementos do cinema já
existiam: a persistência da visão, fotografia e projeção. Porém ainda
faltavam dois elementos fundamentais, a película perfurada e o
mecanismo de avanço intermitente que lhe daria movimento. E foi nos
Estados Unidos, em 1890, que os inventores Thomas Edison e William
Dickson encontraram a solução para esses dois últimos elementos.
Tiveram a idéia de perfurar um filme flexível de celulose, com 35 mm de
largura, dos dois lados. E para resolver o problema de movimento do
filme, uma roda dentada poderia desenrolá-las de modo regular. Estava
inventado o Cinetoscópio.
A fita perfurada de Edison e Dickson usada em seu
Cinetoscópio, acrescido de outros aperfeiçoamentos, permitiu ao irmãos
Louis e Auguste Lumière criar um mecanismo que projetava a imagem em
movimento em uma tela à distância, ao qual deu-se o nome de
Cinematógrafo.
“Foi depois de observar o mecanismo de uma máquina de costura que os Irmãos Lumière inventaram um projetor que fazia com que as imagens parassem e avançassem. Era a invenção do cinema!22
Considerados os inventores do cinema, em 28 de dezembro de
1895, os Irmãos Lumière exibiram no Salon Indien, aquele que veio a ser
conhecido como o primeiro filme da história: "A Chegada de um Trem na
Estação da Cidade", um breve testemunho sobre a vida diária.
Os filmes desta época eram sempre feitos sobre situações do
cotidiano, como o trabalho ou relações familiares, o que fazia aos poucos
perder a magia das primeiras apresentações. Mas, valendo-se da
invenção dos Irmãos Lumière e da imaginação de George Méliès, o
cinema tomou um novo rumo. Este criou os primeiros filmes de “ficção
cinematográfica” e realizou experiências surrealistas de grande efeito
para a época. A intenção dos filmes de Méliès era a de transformar os
sonhos das pessoas em imagens animadas na tela do cinema.
22 Idem, p.05
43
Mais de cem anos passaram-se desde a invenção do cinema, e
este sobreviveu às evoluções tecnológicas que foi submetido. Primeiro do
mudo para o falado (1927) e do preto e branco para o sistema em cores
(década de 40). Nem o advento da televisão nos anos 50 sepultou a
“sétima arte”. Agora, em pleno século XXI, o cinema prepara-se para
adaptar-se às recentes transformações tecnológicas e por que não aos
novos espectadores que estarão se formando?
Sobreviver dentro da era digital não será difícil para o cinema.
As produções tendem a aumentar, além da rapidez e barateamento
dentro da cinematografia. A linguagem desse novo período complementa
o que já existe em relação ao cinema, só que agora o caminho a seguir é
mais tecnológico, o que veremos a seguir com o que vem a ser o cinema
digital.
4.2- Cinema Digital
O tempo e os recursos gastos para viabilizar uma produção
cinematográfica no Brasil pelo caminho da Lei do Audiovisual, tornaram-
se, nos últimos anos, um dos maiores obstáculos na vida dos
profissionais do setor.
O excesso de burocracia de uma legislação feita por quem
nunca pisou num set de filmagem tem tornado o cinema brasileiro um
negócio cada vez mais voltado para outros setores e cada vez menos
para produtores, diretores e cinegrafistas. Através de dados da Revista
Tela Viva23, entre comissões, auditorias e taxas de administração, um
filme brasileiro acaba custando, em média, 20% a mais do que deveria
devido à legislação audiovisual do País, dentro de um mercado em que as
possibilidades de retorno são mínimas e onde a demanda por novos
projetos não pára de crescer.
23 BOCATTO, Paulo. “Cinema Digital, Cinema Novo”. In Revista Tela Viva, Out/01.
44
As novas tecnologias digitais que revolucionam o mercado do
cinema internacional (Europa e Estados Unidos), começaram a ser
utilizadas no Brasil como uma alternativa viável para que o cinema
brasileiro possa seguir adiante, ou seja, o digital vem abrir um novo
caminho, que aproxima-se de um jeito mais ágil e, porque não, até
mesmo mais espontâneo de filmar. Isto pelo fato de algumas produções
levarem muitos anos para captar um filme inteiro, já que dependem de
recursos que nem sempre são disponibilizados da maneira menos
burocrática.
O Cinema Digital não modifica somente a maneira de se fazer
filmes, e sim a própria estrutura do mercado cinematográfico. Pode-se
dizer que o avanço tecnológico concilia técnica e criação, simplificando os
processos de produção a tal ponto que é possível pensar até em filmes
que sejam realizados quase sem sair de casa. De certa forma, o digital
torna-se um meio para que projetos dos mais diferentes tipos saiam com
mais rapidez do papel.
No momento em que o digital chegar definitivamente às salas
de projeção o cinema conhecerá um novo mercado, onde muitas pessoas
terão acesso aos meios de produção. O que poderá garantir à produção
independente seu espaço tão esperado.
4.2.1- Os formatos de captação digital
Existem diversos formatos de captação digital, que tanto
servem para TV como para o cinema.
No mercado, encontram-se de câmeras amadoras, com preços
que não ultrapassam os US$ 2 mil, as semiprofissionais (de até US$ 5
mil) até as câmeras profissionais que variam entre US$ 15 mil a US$ 100
mil. 24
As câmeras Mini-DV amadoras, embora limitam a qualidade de
imagem, foram utilizadas em algumas cenas de filmes como “Festa em 24 Idem - Revista Tela Viva/ Outubro-2001
45
Família”, do dinamarquês Thomas Vinteberg e “Buena Vista Social Club”,
do alemão Wim Wenders.
Já as semiprofissionais têm qualidade bastante superior, pois
trabalham com três CCDs (contra um CCD das amadoras). Equipamentos
desse tipo foram utilizados em “Os Idiotas”, de Lars von Trier.
Na categoria de câmeras profissionais entram vários formatos
DVCam, e DVCPro, Digital S, DVCPro 50 e Beta Digital, enquanto em
outro patamar surgem as câmeras HD (High Definition ou Alta Definição),
com custos elevados e reservadas, por enquanto a nada menos que
George Lucas. No Brasil, as primeiras câmeras HD já chegaram, e por
enquanto são disponibilizadas apenas para locação, com um custo de
diária superior ao da melhor câmera 35 mm disponível no mercado...
Uma curiosidade é que são os europeus que estão na dianteira
do Cinema Digital justamente por trabalhar no sistema PAL, que além de
ter 100 linhas a mais de resolução vertical (625 linhas em relação ao
sistema NTSC ou PAL-M), operam a 25 quadros por segundo, número
mais próximo dos 24 quadros do cinema que os 30 quadros do NTSC
utilizado no resto do mundo, considerada uma grande vantagem no
momento de converter vídeo para película. Isto será visto com mais
detalhes no item “Do vídeo para o cinema: um processo antigo”.
Porém, os processos de transferência de vídeo para película
também evoluem em alta velocidade e, embora ainda sejam caros para
os padrões brasileiros, devem baratear e, dependendo do tipo de
produção, compensam pela economia feita nos custos de captação de
imagem. A questão econômica é um fator importante na hora de se
escolher qual o formato mais adequado para a filmagem.
Pompeu Aguiar, diretor do curta brasileiro “Improviso n.º 3”, diz
que:
46
“É um pouco complicado achar que com o digital basta pegar uma câmera e sair fazendo. Se você busca uma linguagem mais próxima do cinema, o uso do vídeo demanda muita pesquisa.”25
O primeiro filme inteiramente realizado em vídeo foi 200
Motels, de Frank Zappa 26. Em 1971, quando o filme foi realizado,
utilizando uma técnica de transferência de fita magnética para película
aperfeiçoada por uma filial da Technicolor Corporations, a tecnologia
ainda “engatinhava” rumo à digitalização dos recursos.
Uma das primeiras experiências de um filme com telecâmeras27
com a captação das imagens em vídeo, transferindo-as depois para
cinema (Kinescopia) foi realizada pelo cineasta italiano Michelangelo
Antonioni em “ O Mistério de Oberwald” (Il Mistero de Oberwald) de 1980.
Sua obra não foi realizada com a câmera de cinema e sim com uma
câmera de televisão, considerando-se um obra inteiramente eletrônica,
porém não digital.
ARISTARCO (1985:25) explica que Antonioni sempre esteve
atento ao uso funcional das cores, e quis experimentar o sistema
eletrônico para conhecer um novo modo de se fazer cinema. Neste, a cor
é utilizada para reproduzir a realidade como ela é, já que a película
reproduz com fidelidade aquilo que se encontra diante de uma máquina
de filmar. Enquanto que na televisão pode-se acrescentar ou retirar a cor,
assim como intervir em sua qualidade e na relação entre vários tons. Isto
porque o diretor tem pleno controle do que grava através de monitores
profissionais de TV.
“Quando a SONY inventou as primeiras telecâmeras de alta definição de sinal, o mundo
25 Revista Tela Viva/ OUT-2001 26 MACHADO, 1988:19627 A expressão é utilizada pelo próprio Antonioni em “Até Parece uma Brincadeira”, in
ARISTARCO, 1985:167
47
da captação de imagens mudou em poucos meses. Com essas telecâmeras obtém-se uma qualidade de imagem que é em tudo idêntica à do cinema; deixou de haver grão no monitor e rastros de cor; obtém-se um sinal nítido, tão perfeito como o que se pode obter na melhor câmera de cinema.”28
Percebe-se, então, que o uso do digital em um filme busca
vencer as limitações do vídeo, trazendo com o avanço do setor novas
possibilidades para que exista uma fotografia mais elaborada,
especialmente na questão do contraste.
Talvez nem todos os diretores irão se preocupar com uma
fotografia mais elaborada em suas produções. O movimento dinamarquês
do Dogma 95, que trouxe às telas filmes como “Os Idiotas” e “Festa em
Família”, por exemplo, recolocou o foco do cinema digital na dramaturgia
e não na técnica, pois, segundo o próprio “movimento”, os filmes podem
ter imagens que causam estranhamento (cortes rápidos, seqüências onde
a câmera é instável), mas a garantia é de que seguram o seu espectador
pela força do roteiro e das atuações dos atores.
Talvez a grande vantagem do cinema digital seja uma
variedade de conceitos, estéticas e modos de produção que ele abriga,
rompendo com um jeito único de se fazer cinema, predominante no Brasil
(principalmente) nestes últimos anos. Para filmes de grande produção, os
formatos digitais podem ser úteis quando se necessita de muitos efeitos
especiais e trucagens, muito mais fáceis e baratos de serem feitos no
formato digital do que opticamente. Em relação ao cinema de baixo
orçamento, tais como documentários e filmes experimentais, o digital
traça novos caminhos para se colocar os projetos “na lata” - ou melhor,
“na fita”.
Esperamos que um modelo mais econômico de produção
cinematográfica seja financeiramente viável no Brasil. Porém, isto não me
deixa tranqüila ao pensar nos cuidados com a produção. Infelizmente,
28 Declaração de COPPOLA, Francis Ford – in ARISTARCO,1985:31.
48
sempre existirá um “produtor” que ao possuir “uma câmera digital na mão
e idéias na cabeça” (parodiando de uma maneira mais moderna Glauber
Rocha) poderá fazer do mercado sua vitrine para o universo das artes.
Podem acabar tornando o mercado cinematográfico um depositário de
“lixos” e meras coisas, muitas vezes sem nexo e sem sentido, ocupando
os espaços de quem produz um cinema sério e preocupado com
qualidade de conteúdo? Os filmes “amadores” talvez não conquistem seu
espaço em escala comercial e ganharemos muito com isto enquanto
espectadores.
Assim, que o cinema renove-se e não morra por obra de
poucos.
4.2.2- Do vídeo para o cinema: um processo antigo
A possibilidade técnica da transferência de vídeo para filme
não é um processo recente. A Kinescopia, um processo de transferência
em tempo real, é inclusive anterior ao nascimento da fita de vídeo.
No início da era da TV, como não existia o videotape, as
grande redes norte-americanas usavam a película para armazenar alguns
de seus programas. O grande problema é – e sempre foi – a
incompatibilidade entre o número de fotogramas por segundo entre os
dois formatos (sem discutir a questão da qualidade de imagem, que é um
problema anterior à transferência propriamente dita).
O cinema, como ficou mundialmente padronizado, roda a 24
fotogramas por segundo. Já o vídeo roda a 30 quadros (ou frames) por
segundo (no sistema NTSC, padrão nos Estados Unidos e na captação
de imagens no Brasil) ou 25 quadros por segundo (no sistema PAL,
padrão da maioria dos países europeus).
Essa diferença entre PAL e NTSC explica porque o cinema
independente europeu está na vanguarda da realização em vídeo digital –
resolvidos minimamente os problemas de qualidade da imagem, os
49
europeus puderam “abraçar” o vídeo sem o medo do pull-down29. A ínfima
diferença de um frame não é sensível na tela.
No caso dos primórdios da TV, alguns programas gerados ao
vivo eram simultaneamente captados da pequena tela por câmeras de
cinema com obturador variável, sincronizada eletronicamente para fazer o
pull-down e eliminar os batimentos na imagem.
Esse processo de kinescopia evoluiu dos anos 50 até os dias
atuais, é evidente. Mas hoje não é a única maneira de transferir vídeo
para cinema, nem a de melhor qualidade – embora continue sendo a
opção de mais baixo custo. O princípio chegou a ser utilizado na grande
indústria, com filmagens de imagens com o andamento eletronicamente
modificado a partir de uma tela de cristal líquido, com altíssima resolução
– essa opção, obviamente, não se enquadra em filmes de baixo
orçamento. Vale-se lembrar de que há uma variação do processo,
batizada de triniscopia, realizada pelo laboratório Film Craft, em Detroit,
nos Estados Unidos 30.
4.3- Lado a Lado: Cinema analógico e digital
No que diz respeito ao cinema, assim como a televisão,
também pode existir em dois sistemas: um analógico e outro, digital.
No sistema analógico, o registro das imagens no cinema é feito
em película, como na fotografia. O tamanho de um fotograma – também
conhecido como bitola – é variado, mas o formato para cinema comercial
costuma ter 35 mm de largura. Além do mais, grande parte desse
equipamento é grande e incômodo e não permite a visualização do
material gravado, fazendo-se necessária a revelação do negativo (em
processo químico) para saber se a gravação é aproveitável ou não. No
sistema digital, a Câmera capta as imagens, registra-as codificadas em
dígitos, armazenando em discos rígidos ou discos semelhantes ao DVD.
O tamanho dessa imagem é relativo à área que se pretende captar, e
29 Pull Down é a conversão da velocidade de vídeo para o cinema.30 Dado da Revista Tela Viva – Janeiro/01
50
pode simular as diferentes bitolas da captação em filme. O equipamento é
leve e de manuseio bastante prático, além de permitir a visualização das
tomadas logo após sua gravação, o que possibilita ao diretor saber se o
material é aproveitável ou não.
Dentro de um sistema analógico, a velocidade de captação da
imagem pelas câmeras de 35 mm é de 24 quadros por segundo (q.p.s.).
Há um projeto de câmera capaz de captar 48 q.p.s. - acompanhado da
fabricação de um projetor correspondente -, diminuindo o desgaste da
bitola e aumentando a qualidade da imagem, proposto para chegar ao
mercado norte-americano entre o final de 2001 até a metade de 2002.
Pelo sistema digital, quase todas DVCams captam 30 q.p.s. A
incompatibilidade desse com o tempo do 35 mm (24 q.p.s.), causa
problemas em adaptação cronológica no momento da kinescopagem,
acarretando imperfeições em alguns detalhes e em movimentos das
imagens. Atualmente, somente o modelo Panavision 24P Digital HD é
capaz de captar 24 q.p.s. 31
Por serem pouco sensíveis à luz, os filmes requerem freqüente
auxílio artificial para alcançar o grau correto de luminosidade pretendido.
Com exceção do preto, as cores registradas podem sofrer alterações
durante o processo químico de revelação. Dessa forma, pelo processo
analógico, a imagem da película é definida por pontos, o que a torna mais
"suave", permitindo maior distinção da graduação entre luz e sombra
(meios-tons), e pelo fato de ser bastante sensível à luz, torna a câmera
capaz de registrar imagens. No processo das imagens digitais não há um
processo químico para revelar as imagens, mas simplesmente uma
decodificação digital. A imagem é convertida em linhas o que ressalta as
cores e a definição de contornos, porém, na maioria dos modelos de
câmera digital, enfraquece os meios-tons e a profundidade do negro.
Já o som, quando captado analogicamente apresenta ruído,
pois seu freqüente manuseio acumula sujeira à fita magnética. A edição
em ilha analógica fornece um grande leque de recursos, como melhor
manipulação de brilho e profundidade sonoras , ainda que seja mais lenta.
31 Informação do jornal on line O Estado de São Paulo, 13/12/00.
51
No registro das trilhas em película, a referência de perto, longe, alto e
baixo de um som podem misturar-se, causando uma polifonia indecifrável.
Já o som digital é favorecido por softwares que proporcionam um som
mais limpo e estereofônico, assim como a utilização de seis até 12 canais
digitais dão mais clareza à distância e ao volume real de cada som num
filme digital, fazendo com que o público escute exatamente o que o diretor
ouviu na filmagem (um processo vai desde o Dolby32 SR, passando pelo
THX, até chegar ao Dolby Digital e ao DTS). Além do que a edição de
som em computador é mais rápida do que em uma ilha analógica.
A edição linear (analógica) não é mais usada para finalizações
em cinema enquanto que a edição não-linear garante um controle maior
das partes do filme a serem “cortadas”. Também torna mais prática - e de
qualidade técnica superior - a edição de efeitos especiais. Como é feita
em computador, as imagens que estão em película devem ser
digitalizadas, mas aquelas já gravadas em material digital não precisam
passar pelo processo.
Em relação às cópias, as de material analógico sempre perdem
qualidade em relação ao original, enquanto a perda de qualidade de uma
cópia no formato digital é desprezível.
Quanto à distribuição, o sistema analógico mobiliza a
produção de cópias, transporte (aéreo ou terrestre) para os pontos de
exibição e contrato de seguro contra perda. Enquanto no digital, em um
futuro próximo, as cópias seriam somente necessárias em salas que
necessitassem do DVD. Se não, o filme poderia ser enviado por
computador ou via satélite, ou carregado em qualquer lugar do mundo por
download.
Uma das vantagens do sistema analógico sobre o digital diz
respeito à pirataria. Esta torna-se possível se houver acesso à película e
ao equipamento necessário para reproduzi-lo, geralmente restrito às
produtoras e grandes estúdios. Pelo sistema digital, a pirataria somente
seria possível por meio de um computador bem equipado. Mas os filmes
32 O Dolby, enquanto sistema que processa o áudio reduzindo os ruídos, foi desenvolvido inicialmente para gerar o efeito surround nos cinemas com quatro canais: esquerdo, direito, central e traseiro, e que depois ganhou sua versão doméstica.
52
seriam criptografados e protegidos para que só vendedores e
compradores tivessem acesso ao filme.
Sobre o armazenamento, os negativos e internegativos
(película revelada) são condicionados em latas refrigeradas ou em
emulsões especiais. Por ser um sistema analógico, o filme está sempre
sujeito a deterioração por agentes ambientais ou químicos, assim como
seu manuseio impróprio pode rasgá-lo. Já em formato digital, os filmes
poderão ser armazenados em discos rígidos, protegidos contra vírus
eletrônicos, ocupando espaço em memória mas não em volume.
Dentro de um sistema analógico, a exibição é realizada por um
equipamento mecânico, que projeta, por meio de uma forte luz, a imagem
sobre uma superfície branca. Esse método permite maior qualidade no
brilho e contraste das imagens. Já o equipamento digital, decodifica e
projeta em tela as imagens, por meio de raios de catódio. As tecnologias
de Digital Light Processing (da Texas Instruments) e Image Light Amplifier
(da JVC) têm permitido uma reprodução de imagem similar à da película,
com boa qualidade de brilho e contraste.
E, por fim, a programação. Em um sistema analógico, a
programação dos cinemas está sujeita a contratos prévios entre estúdios,
distribuidores e exibidores. Através do formato digital, do ponto de vista
dos exibidores e público, a programação poderá ser mais interativa e
independente, pois carregar o filme pela Internet daria essa opção. A
opção de diversificar o mercado de distribuição permitiria outras
finalidades para o telão, tais como assistir a shows, concertos, e até
participar de videoconferências.
4.4- Cinema e futuro
A consolidação do sistema digital para o cinema promoverá
melhorias no que diz respeito à redução de custos com captação e edição
de imagens, já que é possível baratear a produção. Além do mais, existe
53
a possibilidade de uma nova forma de distribuição dos filmes, ou seja,
serem estes distribuídos via satélite para as salas de cinema, assim como
a facilidade de tudo ser feito diretamente do computador para um disco
rígido, sem perda da qualidade. Para se ter um exemplo, só os Estados
Unidos consomem cerca de US$ 3 bilhões por ano com a copiagem de
películas e distribuição de filmes33 e através do processo digital, esses
valores teriam grandes chances de serem reduzidos.
E por que falar do cinema em uma pesquisa sobre TV Digital?
Através do histórico apresentado anteriormente, pode-se notar
que desde a década de 80, as telecâmeras de HDTV serviu à produção
cinematográfica. Um exemplo é do diretor Francis Ford Coppola, que
utiliza-se da gravação eletrônica desde “Do fundo do coração” (1981).
Mas as similaridades entre a HDTV e o cinema podem estar
muito mais além do entusiasmo de um grande cineasta pelo sistema. O
fato é que, mesmo na indústria cinematográfica, as aplicações da HDTV
não se restringem à produção propriamente dita e sim nos mecanismos
de distribuição e exibição de filmes, mesmo os rodados em película e
depois transcritos eletronicamente.
Para solucionar o problema da distribuição, os estudiosos
acreditam que milhares de salas de exibição podem estar conectadas a
um mesmo filme, rodado em HDTV e distribuído por satélite em banda de
altíssima freqüência34. Todavia, para que isto aconteça, é necessário que
a imagem eletrônica alcance a resolução de uma película fotográfica de
35mm, o que poderá ocorrer com a consolidação da alta definição.
Quando a qualidade de imagens tornar-se realmente
compatível (imagem eletrônica próxima à qualidade da película), o
sistema de transmissão via satélite transformaria com rapidez todo o
mecanismo de distribuição cinematográfica das grandes cidades,
implantados há muitos anos, permitindo a diversificação de salas em
países de grande extensão e difícil locomoção, como é o caso do Brasil.
33 TORELLI, Eduardo. “Cinema em Casa”. In: Revista Video Zoom Magazine, ano 02, n.o 15, p .56.
34 HOINEFF, 1991:117
54
Cinema e TV serão próximos quando houver maior definição
do vídeo e ampliação das proporções das telas. Isto porque mais pontos
por linha no vídeo garantiriam uma imagem próxima à de um filme de 35
mm, assim como o aumento das proporções da tela de um receptor de
TV, dariam a sensação de “cinema” para o espectador. Embora o
tamanho da tela aproxime-se do cinema, devido à proporção da TV
normal que é de 4:3, contra 16:9 da HDTV, cada meio possui
características e linguagens próprias. Veremos que a alta definição em TV
não significa apenas uma ampliação do número de linhas de varredura, e
sim uma imagem mais larga, à maneira do cinema.
Os produtores de TV, possivelmente, irão utilizar-se de
procedimentos do cinema, tais como técnicas de enquadramento e
iluminação, devido às novas proporções de tela. Porém, a linguagem da
televisão provavelmente sofrerá influência dos avanços da tecnologia,
mas não chegará a ser uma linguagem cinematográfica.
Em relação ao investimento em equipamentos de alta
definição, o custo é elevado, assim como os dos aparelhos receptores.
Acredita-se que apenas uma pequena parcela da população – de alto
poder aquisitivo – irá adquirir um televisor digital de alta definição logo nas
primeiras fases de implementação do sistema em nosso país.
Até o momento, produções televisivas em alta definição estão
restritas, no Brasil especificamente, à Rede Globo, que desde o final de
1999 testa a nova tecnologia na dramaturgia e em transmissões do
carnaval (2000). Mas como realizar programas em alta definição se nem
todos podem compartilhar desta nova tecnologia? Talvez essa questão
esteja sendo estudada pelas emissoras, pensando em um modelo de
negócio que priorize a alta definição nas transmissões e as condições de
produção para as indústrias de aparelhos receptores.
Portanto, o processo do novo formato (HDTV) parece estar
mais próximo do cinema do que da TV, o que não deixa, além da questão
da distribuição, de ser uma alternativa para a indústria cinematográfica
produzir em maior escala com maior qualidade técnica de imagens. Com
isso, a TV poderá “reaprender” com o cinema nas questões de
enquadramento, iluminação, cores e texturas de materiais para cenário e
55
figurino, além de contar com o apoio de iluminadores e fotógrafos de
cinema para manter o padrão estético.
É importante lembrar que neste capítulo não foram discutidos
quais os benefícios da HDTV para a televisão, pois isto é assunto para a
segunda parte dessa pesquisa, que envolve a TV Digital e suas
características.
56
SEGUNDA PARTETELEVISÃO DIGITAL:
UMA QUEBRA DE PARADIGMAS
57
5 - A CRONOLOGIA DA TV DIGITAL
5.1- Porque não confundir TV Digital com TV de Alta Definição (HDTV)
Embora recente, o tema TV Digital vem ganhando seu espaço
dentro dos meios de comunicação. Jornais, revistas e programas de TV já
citaram alguma vez sobre o assunto. Mas, ainda resta-me uma dúvida:
você já saberia discorrer sobre uma breve definição a respeito do que
vem a ser a TV Digital e o que é TV de Alta Definição?
Para este trabalho de pesquisa, pude consultar diversas fontes.
Artigos de jornais brasileiros assim como do restante do mundo –
Portugal, Espanha, Estados Unidos – além de publicações especiais,
reportagens e breves notas a respeito dessa nova tecnologia que está
prestes à adentrar nossos lares e quebrar paradigmas dentro do meio
televisivo.
Por se tratar de uma tecnologia recente, impressionou-me a
quantidade de informações a respeito do tema. Ou seja, são poucos os
que têm conhecimento específico dentro da área, enquanto que muitos
abordam o assunto de maneira superficial e, até mesmo, equivocada em
certos aspectos, assim como algumas das definições tornam-se até
mesmo confusas pelo simples fato daqueles que se propõem a falar a
respeito de TV Digital não se aprofundarem um pouco mais no assunto.
Em primeiro lugar, não podemos confundir TV Digital com o sistema de
TV de alta definição (HDTV).
A importância desse tópico propõe esclarecer possíveis mal-
entendidos que encontrei na imprensa em certos momentos de consulta
durante a pesquisa. Isto até chegou a confundir-me em algumas vezes,
principalmente antes de aprofundar o tema, já que os significados de TV
Digital e TV de Alta Definição aparecem, muitas vezes, como sinônimos –
o que não é verdade.
58
Em certos casos, notam-se, principalmente via Internet, que os
autores mencionam em seus textos que televisão digital vem a ser a
mesma coisa que o sistema de alta definição. Como exemplo, vejamos
onde o autor inicia seu texto com a seguinte frase:
“A TV DIGITAL, ou sistema de TV de alta definição, HDTV, começou a ser desenvolvida no Japão e Europa, há quase uma década.”35
No trecho citado, o autor do texto define que TV Digital e TV
de Alta Definição são, simplesmente, as mesmas coisas. Para não entrar
em detalhes específicos neste momento, já que serão abordados no
capítulo sobre o histórico da TV Digital, pode se dizer que, enquanto
sistema de transmissão e recepção de sinais de televisão, a TV Digital
possibilitará que o espectro de freqüências seja utilizado de maneira mais
eficiente. Ou seja, podemos dizer que é o sinal sendo transmitido por
dígitos – daí o termo digitalização. Além do mais, TV Digital é um termo
bem mais amplo, permitindo que o telespectador receba a TV de Alta
Definição.
É verídico que o Japão foi o primeiro país a pensar em uma
nova tecnologia capaz de ampliar o padrão da imagem de televisão para
mais de mil linhas. As pesquisas iniciaram-se no início dos anos setenta
por diversas empresas japonesas, especialmente a Sony e a rede de
televisão NHK 36 , porém não foram responsáveis na mesma época pela
TV Digital. Inclusive, o sistema de HDTV do Japão era analógico
(operando com 1.125 linhas de varredura horizontal e freqüência de 60
MHz), o que ocupava muito espaço dentro do espectro de freqüências
daquele país.
35 “HDTV E SUA NOVIDADES”. www.facom.ufba.br/com022/hdtv.htmlTexto realizado como trabalho de pesquisa de alunos sob a responsabilidade do
Professor André Lemos, do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
36 Na cronologia da Alta Definição, a vantagem japonesa é indiscutível, pois antes mesmo do final da década de 70, a HDTV já estava no papel e em 1981, a Sony desenvolvia o primeiro gravador de imagens em Alta Definição. As primeiras transmissões foram feitas em 85.
59
Segundo HOINEFF 37, o sinal gerado em Alta Definição no
Japão utilizava-se de uma faixa de freqüência de 27 MHz. Isto significava
que a HDTV ocuparia no sistema a cabo um espaço muito maior que o
atualmente reservado a cada estação dentro do espectro eletromagnético.
A respeito do trafego de sinais via satélite, o problema poderia ser mais
grave. Porém, a rede japonesa NHK desenvolveu em 1987 o sistema
MUSE (Multiple Subnyquist Encoding), onde uma banda de 30 MHz
seria comprimida para quatro bandas de 8 MHz, dividindo o sinal no
momento de transmissão e, posteriormente, reagrupado sem perda de
qualidade.
5.2- Uma Breve História
Se algum ponto da contínua história da evolução tecnológica
pode ser demarcado como o início dos trabalhos em televisão digital,
esse ponto remonta à década de 70, quando foram iniciadas as primeiras
pesquisas em televisão de alta definição, no Japão. Porém, foi somente
na segunda metade da década de 80, especialmente com a evolução dos
circuitos integrados digitais, que tal discussão ganhou maior força.
Afinal, qual era a idéia da televisão de alta definição?
A TV de Alta Definição (também conhecida por HDTV), tratava-
se, basicamente, de tentar reproduzir em um aparelho de televisão
doméstico a mesma qualidade de imagem e som que se tem em uma sala
de cinema. Isso significava ter-se uma melhor qualidade de imagem
(maior nitidez, eliminação de ruídos como o chuvisco e contornos
indefinidos nos objetos coloridos,) melhor som e uma tela mais larga ao
invés do formato herdado da década de 40 38.
Os testes realizados para a avaliação de imagens durante a
década de 70 indicaram que tal qualidade poderia ser obtida facilmente 37 HOINEFF, 1991:12138 Até o início da década de 50, também o cinema adotava o formato “Matchbox” no
aspecto 4:3. Foi somente a partir de então que o cinema passou a adotar formatos mais largos, como o “Panorama” (1,85:1), “CinemaScope” (2,35:1) e o “Cinerama” (3:1).
60
duplicando a resolução dos televisores convencionais, ou seja, algo como
1000 a 1200 linhas em vez das 525 linhas de um televisor NTSC.
Entretanto, ao dobrar o número de linhas, isto significava, no mínimo,
quadruplicar o número de pixels (pontos de imagem), já que o número de
colunas também teria que ser dobrado. Além disso, para se adotar uma
tela maior, o número de colunas seria algo mais que o dobro. Porém, isto
resolveria apenas um dos problemas – o da resolução. Além da questão
da resolução da imagem, existiam outras questões de fundo técnico-
econômico envolvidas no processo de uma nova TV: o meio de
transmissão e a compatibilidade entre os sistemas 39.
Em relação ao meio de transmissão, vale-se recordar que os
sistemas de televisão analógica utilizam um canal de 6 MHz40 para
transmitirem uma programação aos seus telespectadores. Em tese,
parecia razoável esperar-se que os sinais da nova televisão pudessem
ser transmitidos utilizando o mesmo recurso, isto é, a mesma largura de
banda. Conforme dissemos anteriormente, na primeira parte, o sinal de
uma televisão em preto-e-branco ocupa a totalidade do canal de 6 MHz.
“Quando foi introduzida a televisão em cores, o volume de informações do novo sistema passaria a ser praticamente o triplo do anterior, pois onde antes havia um único vetor (intensidade luminosa) passou a serem necessários três vetores (intensidade de vermelho, verde e azul ou qualquer combinação derivada desse conjunto) para se transmitir as informações relativas às cores.”41
Este era o grande temor da evolução do sistema preto e branco
para a cores: onde haveria espaço?42 Porém, conforme explica MEGRICH
(1989:12) “o volume de informações de uma televisão colorida não chega
39 Qualquer semelhança com o que pode acontecer com a escolha do padrão de TV Digital para o Brasil é mera coincidência...
40 Ou 7 ou 8 MHz no caso de países da Oceania e Europeus, respectivamente. 41 In “Relatório Integrador dos Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão
Digital” – Março/2001, elaborado pelo CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações).
42 Relativo à saturação dos espaços disponíveis no espectro de freqüências.
61
a ser o triplo da televisão monocromática, pois para as informações de
crominância utiliza-se um grau de resolução menor que no preto-e-
branco. Isso é feito sem prejuízo da qualidade da imagem percebida,
conforme indicam os estudos de anatomia da visão humana”.43
Através de uma combinação de técnicas (uso de
subportadoras, modulação em quadratura, uso dos conhecimentos psico-
visuais, etc.) foi possível alocar todas as informações necessárias para a
televisão colorida no espaço espectral antes dedicado a uma televisão
convencional44. Entretanto, até o final da década de 80, não havia
tecnologia capaz de compactar, (no espaço de 6 MHz) o volume de
informações necessário para se transmitir uma imagem de alta definição
através de um meio de propagação tão sujeito a interferências e erros
como é o caso da difusão dos sinais analógicos por ondas
eletromagnéticas.
A segunda questão era a da compatibilidade entre os sistemas
de cor, devido à TV transmitir em preto e branco. Neste sentido, o
surgimento da televisão em cores correspondia a um avanço tecnológico
revolucionário, pois um televisor colorido era capaz de reproduzir os
sinais de um programa preto-e-branco e, mais do que isso, um televisor
antigo seria capaz de reproduzir, em preto-e-branco, um programa que
estivesse sendo transmitido a cores, devido à compatibilidade no número
de linhas verticais. Essas questões – os aperfeiçoamentos desejados, o
volume de informações que deveriam ser transmitidos, o espectro
disponível, a compatibilidade com os sistemas existentes – eram um
imenso desafio.
O primeiro sistema de televisão de alta definição a entrar em
operação em escala comercial, o sistema japonês MUSE – Multiple
Subnyquist Sampling Encoding – na década de 80, combinava técnicas
43 MEGRICH, 1989:1244 Relatório Integrador - p.13
62
de processamento digital com o uso de subportadoras45 analógicas. Ele
teve o mérito de derrubar a impressão de que seria impossível se obter a
compactação de um sinal tão complexo como o da televisão, em um
espaço tão reduzido do espectro. No MUSE, o sinal de alta definição, com
mais de 1 Gbit/s de informação, é reduzido a 27 MHz, largura de faixa
disponível para transmissão via satélite.
Na Europa, o projeto da Comunidade Européia denominado
“Eureka”, iniciou, a partir de 1986, um trabalho similar ao dos japoneses
conhecido como MAC – Multiplexed Analog Components. Este padrão
partia da digitalização e compressão independente de cada componente
de cor e, como no MUSE, utilizava algumas técnicas analógicas para a
composição final do sinal. Para a alta definição, foi criada uma versão
similar, apenas operando com um maior número de pixels chamada de
HD-MAC., que operaria em 27 MHz, sendo, portanto adequado para uso
via satélite como o MUSE. Ainda em 1986, a Inglaterra licenciara uma
empresa a implantar um sistema baseado em HD-MAC via satélite, não
concluído devido às dificuldades econômicas e disputas comerciais.
Paralelamente ao MAC, e protegido pela Comissão Européia, outras
experiências isoladas foram sendo desenvolvidas na Europa: o HD-Divine
(países nórdicos), Spectre (Inglaterra) e HDTV-T (Alemanha). A
experiência obtida com esses trabalhos seria fundamental para a etapa
seguinte no desenvolvimento do sistema europeu.
As dificuldades na realização de um sistema de alta definição
levaram tanto o Japão quanto a Europa a tentarem experiências visando
obter um sistema melhor que o analógico, porém sem os custos da
HDTV. Esses sistemas intermediários receberam diversos nomes, tais
como ATV (Advanced Television), ETV (Enhanced Television) e,
finalmente EDTV (Enhanced Definition Televison).
O Japão lançou um sistema de televisão avançada,
tecnicamente chamado “EDTV-I” e comercialmente batizado de
“Clearvision”. Era basicamente um sistema NTSC modificado, com tela
45 As subportadoras são usadas para as informações de cor, áudio e dados. (Ver Glossário)
63
4:3 e varredura progressiva. Posteriormente foi lançada uma segunda
geração, o “EDTV-II”, que apresentava tela em formato 16:9. Na Europa,
experiências similares foram realizadas, sendo a mais famosa dando
origem ao PALplus, um sistema analógico com tela em formato 16:9 e
compatível com o PAL convencional.
Nos Estados Unidos, a história começa em 1987, quando 58
organizações televisivas fizeram uma petição à FCC 46 para que fossem
iniciados estudos visando explorar novos conceitos no serviço de
televisão, batizado como ATV – Advanced Television Service. Para tal
finalidade, foi criado o ACATS – Advisory Committee on Advanced
Television. Logo no início de seus trabalhos, o ACATS tomou uma
decisão que viria a alterar radicalmente as pesquisas em
desenvolvimento: ao contrário dos modelos híbridos do Japão e da
Europa, ele propôs um sistema totalmente digital, batizado de DTV –
Digital Television. Com isso, abandonava-se definitivamente a esperança
de tentar criar um padrão compatível com os sistemas analógicos
tradicionais. A fim de resolver o problema da transição (coexistência de
receptores analógicos e digitais), durante essa fase o mesmo programa
deveria ser transmitido simultaneamente pelo sistema analógico e pelo
novo sistema digital, utilizando dois canais distintos – solução batizada de
Simulcasting47.
O passo seguinte deu-se com a criação do laboratório ATTC
(Advanced Television Test Center), para testar as propostas de diferentes
fabricantes e centros de pesquisa. Entre 1990 e 1992, foram testadas seis
propostas, não se chegando a um resultado que satisfizesse a todos os
envolvidos.
Em 1993, sete empresas e instituições participantes dos testes
(AT&T, GI, MIT, Philips, Sarnoff, Thomson e Zenith) resolveram unir seus
esforços na chamada “Grande Aliança”, visando desenvolver um padrão
46 A FCC (Federal Communications Commission) é o órgão governamental fiscalizador e regulador das normas de telecomunicações dos Estados Unidos, assim como a ANATEL no Brasil.
47 Não confundir com a transmissão coincidente de uma programação idêntica pelos radiodifusores de canais tanto analógicos quanto digitais, isto é, o simulcast.
64
unificado que englobasse as principais vantagens dos “sistemas-
candidatos”.
Neste intervalo de tempo, no início da década de 90, uma
tecnologia em gestação viria a resolver o problema da compactação de
grande volume de informações (especialmente de vídeo) num feixe de
bits relativamente pequeno: o padrão MPEG48, concebido por um
pesquisador italiano e rapidamente disseminado entre os grupos de
pesquisa.
No final de 1993, um grupo de fabricantes e emissoras
européias , a partir da experiência adquirida com os projetos já citados e
adotando a tecnologia MPEG como base, criou o consórcio DVB (Digital
Video Broadcasting), que viria a produzir um padrão com o mesmo nome.
A versão DVB para a radiodifusão terrestre (DVB-T) entrou em operação
em 1998, inicialmente na Inglaterra.
Do lado americano, a Grande Aliança alcançou um resultado
similar, também baseado no MPEG. No final de 1995, o ATSC –
Advanced Television Systems Committee – recomenda à FCC adotar o
sistema da Grande Aliança como o padrão para a DTV norte-americana.
Em dezembro de 1996, através do “Fourth Report and Order” a FCC
adota uma versão levemente modificada daquele como sendo o padrão
para a DTV. O padrão norte-americano, batizado de ATSC, também
entrou em operação em novembro de 1998.
Enquanto isso, o Japão, que fora o pioneiro em alta definição
com um sistema analógico, parecia sofrer do “mal de pioneirismo”,
ficando para trás com o seu sistema MUSE em operação comercial.
Foi apenas em 1997 que o Japão decidiu partir para um
modelo totalmente digital, similar ao DVB europeu. Batizado de ISDB,
48 O Moving Pictures Experts Group (MPEG) é um grupo de trabalho, constituído em Janeiro de 1988, responsável pelo desenvolvimento de padrões internacionais de compressão, descompressão, processamento e representação codificada de imagens animadas, áudio e a combinação de ambos.
Veja mais no item 7.2.1 “Por que a Compressão?”
65
Integrated Services Digital Broadcasting, o sistema japonês foi oferecido
inicialmente via satélite (em substituição ao MUSE), a partir de dezembro
de 2000. As transmissões terrestres são esperadas para 2003, em função
das dificuldades que aquele país conta com seu espectro de freqüências.
5.3- Convergência e Modelos de Camadas
A recente evolução tecnológica provoca a revisão de uma
série de conceitos aos quais nos habituamos, forçando, de certa forma,
uma revisão na maneira pela qual víamos e entendíamos os serviços de
telecomunicações. Por exemplo, no passado, a única forma de ouvirmos
música ou notícias era através do rádio, enquanto que hoje é possível
fazer isso por meio da Internet, mesmo que ainda de forma limitada. Por
outro lado, já em tempos recentes, a única forma de se acessar a Internet
era através de uma conexão telefônica (no caso dos usuários
residenciais). Era! Hoje já é possível acessar o mesmo recurso através
das redes de televisão por assinatura via satélite, além de telefones
celulares.
Em um passado nem tão distante, os serviços de
telecomunicações – incluindo o de televisão – caracterizavam-se por um
conjunto definido de recursos, tanto os empregados (meio de
transmissão, espectro e outras características técnicas) quanto os
disponibilizados (formato da imagem, qualidade do som e facilidades
auxiliares). A convergência, ao derrubar as fronteiras entre os diferentes
serviços, provoca necessariamente a realização de uma revisão
conceitual.
Para evitar que a cada nova tecnologia ou serviço criados
fosse necessária uma revisão conceitual, o setor de telecomunicações
tem optado pelo uso do modelo de camadas.
A idéia surgiu na década de 80, na área de redes locais de
computadores, com o seu modelo OSI (Open System Interconnection), de
66
sete camadas, para possibilitar a interligação de diferentes tipos de
máquinas e ambientes de software. Dentro do modelo de camadas, cada
uma desta possui um conjunto de funções mútuas, sendo independente
das demais. Isto porque as entidades localizadas em uma camada
utilizam recursos da camada que lhe é imediatamente inferior.
Na área de telecomunicações, o modelo de camadas foi
introduzido com a RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados, também
conhecida por ISDN). A arquitetura estruturada da RDSI permite que
diferentes tipos de equipamentos, com diferentes funcionalidades,
características e aplicações, possam ser interconectadas e atendidas
através de uma única rede, ao contrário das redes então vigentes, que
eram dedicadas exclusivamente ao tráfego de sinais telefônicos, ou dados
ou vídeo.
A grande flexibilidade introduzida ao possibilitar o transporte de
serviços com características bastante heterogêneas dentro de uma
mesma rede, fez com que a filosofia do modelo de camadas fosse
adotada em outras tecnologias de telecomunicações. Mais recentemente,
o modelo de camadas possibilitou discernir os serviços de
telecomunicações das suas plataformas de suporte, fornecendo uma
visão mais clara dos sistemas de telecomunicações e com isso permitindo
mais um passo rumo à convergência de serviços e tecnologias. Ou seja,
com a substituição de um antigo paradigma do serviço de
telecomunicações – utilizando-se apenas de sinais telefônicos, dados ou
vídeo – permitiu-se a realização de um modelo mais aberto e integrado,
caracterizado por funcionalidades e atributos deste serviço.
A figura 10 ilustra tal modelo conceitual.
67
FIGURA 10 - MODELO DE CAMADAS EM SERVIÇOS E PLATAFORMAS DE TELECOMUNICAÇÕES
FONTE: ANATEL/2001
Aplicando-se o modelo de camadas para o caso do serviço de
televisão, é possível visualizar e planejar como as diferentes
funcionalidades previstas ou imaginadas para esse serviço podem ser-lhe
agregadas, ao mesmo tempo em que permite identificar quais são as
necessidades que ele poderá demandar da camada que lhe suporta.
Inicialmente, faremos uma distinção entre o serviço de
televisão propriamente dito e a plataforma de telecomunicações que lhe
suporta. Para o caso da difusão dos sinais desse serviço por meio de
ondas eletromagnéticas de propagação terrestre, a chamada
radiodifusão, as plataformas possíveis são o ATSC, o DVB-T e o ISDB-T.
Na camada de serviço, a televisão utilizando a tecnologia
digital pode ser confirmada em diferentes modelos de negócio, tendo
diferentes atributos e suportando diferentes aplicações.
Finalmente, a camada de aplicação utiliza os substratos para
prover as diversas facilidades, além da imagem e do som,
disponibilizadas pelas novas tecnologias.
Embora as plataformas ATSC, DVB-T e ISDB-T tenham sido
otimizadas para a transmissão de sinais de vídeo, o seu uso não é restrito
a esse tipo de informação. Um exemplo disso é o da Suécia, onde a
mesma plataforma utilizada para a transmissão de sinais de televisão é
empregada para o acesso à Internet.
SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES
Televisão,Comunicação
Multimídia
ATSC, DVB, ISDBPLATAFORMA
Comércio Eletrônico, Notícias
APLICAÇÃO
68
A convergência não se restringe à forma de transmissão dos
sinais. Hoje, assiste-se à televisão ou acessa-se a Internet por meio de
terminais distintos que possuem diferentes características técnicas, isto é,
televisores e computadores, respectivamente. No futuro, um mesmo
terminal poderá ser empregado para se utilizar esses diferentes serviços.
Mas não acredito que os terminais passarão a ser discriminados então
não pelo tipo de serviço ao qual é destinado, mas por atributos como
“portátil” ou “fixo”, “de usufruto individual” ou “coletivo”, com grau de
resolução tal ou memória qual.
O futuro está aqui, diante de nós. A televisão digital é a
tecnologia que possibilitará essa quebra de paradigmas. E isto é que
poderemos acompanhar durante os próximos capítulos dessa pesquisa.
69
6 - EXPECTATIVA DOS USUÁRIOS
As novas tecnologias abrem um grande leque de opções para
a evolução do modelo atual do negócio de televisão. Mesmo em um
cenário mais conservador, com a televisão restrita apenas ao transporte
de sinais de áudio e de vídeo, a introdução da tecnologia digital
possibilitará melhorar a qualidade dos sinais recebidos, assim como
permitirá que mais canais e programas sejam disponibilizados aos
telespectadores.
Por outro lado, mais abrangente, o negócio de televisão seria
enriquecido pelo acréscimo de novos recursos, pela execução de outros
serviços de telecomunicações e de valor adicionado usando a mesma
plataforma tecnológica de transmissão, com o telespectador sendo
atendido através de terminais que, mais do que meros reprodutores de
sons e imagens, fossem terminais integrados.
Entretanto, para que todos esses recursos possam ser
aproveitados de uma forma otimizada e, sobretudo, atendendo às
expectativas dos usuários, é necessário compreender a respeito do quê
eles esperam e como a introdução da tecnologia digital poderia vir a
satisfazer a tais anseios.
Neste capítulo, serão apresentados alguns resultados das
pesquisas de mercado efetuadas junto a consumidores brasileiros. Os
dados dessas pesquisas fazem parte do Relatório Integrador dos
Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão Digital, realizado
através do Convênio Técnico da Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) e a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPqD).
70
6.1- Expectativas dos usuários brasileiros para a televisão do futuro
Entre 1999 e o primeiro semestre de 2000, a Anatel promoveu
três séries de pesquisas de opinião junto ao público, para descobrir os
desejos e tentar formular o conceito do que seria a televisão do futuro de
acordo com as expectativas do mesmo.
A primeira série foi uma pesquisa qualitativa, onde foram
ouvidos consumidores, gerentes de indústrias de equipamentos e de
emissoras de televisão. Nessa pesquisa, os consumidores ouvidos
expuseram livremente o que esperavam de uma televisão do futuro. No
segmento de consumidores, ela foi realizada com a técnica de grupos
focais nas cidades de Porto Alegre (RS), Campinas (SP) e Recife (PE).
Nestes estudos, tal pesquisa é referida como “Pesquisa Qualitativa”.
A segunda série foi uma pesquisa quantitativa, elaborada a
partir da primeira, onde foram ouvidas três mil pessoas de 55 cidades
distribuídas nas cinco macrorregiões geo-econômicas (Norte, Nordeste,
Sudeste, Sul e Centro-Oeste). Tanto a escolha das cidades quanto a
escolha das pessoas entrevistadas na íntegra foram feitas procurando
reproduzir-se o perfil sócio-econômico do Brasil e das respectivas regiões.
Tal pesquisa é referida como “Pesquisa Quantitativa-I”. (Ver DOC.04)
Finalmente, uma terceira série foi realizada junto ao público
freqüentador de shopping centers, quando foram ouvidas 4.700 pessoas
em sete grandes centros metropolitanos.(Ver DOC.05 e DOC.06)
Esta pesquisa teve por objetivo avaliar o público que,
supostamente, seria o primeiro a adquirir um aparelho de televisão digital,
quando o mesmo estivesse disponível. Para a realização desta pesquisa,
foi feita uma demonstração com um televisor de alta definição, que não
pudera ser feita nas pesquisas anteriores, apresentando uma partida de
futebol. Essa pesquisa é referida como “Pesquisa Quantitativa-II” .
O resultado dessas pesquisas permitiu delinear o que o público
espera da televisão do futuro. As tabelas a seguir apresentam a opinião
do público consultado na segunda e na terceira série de pesquisas. Os
valores apresentados referem-se à importância dada pelos entrevistados
71
para o atributo, sendo que um valor mais alto corresponde a uma maior
importância, numa escala de zero a dez.
Atributos Pontuação
1 Ajuda para deficientes físicos 8,12
2 Gravação de Programas 7,48
3 Imagem em Alta Definição 6,94
4 Múltiplos Programas 5,91
5 Informativos 5,79
6 Programas Defasados 5,51
7 Interatividade 5,48
8 Vídeo Adicional 4,78
9 Áudio Adicional 4,37
10 Legenda Adicional 4,28
11 Hipermídia 4,10
12 Áudio Digital 3,33
Tabela 2 - Importância dos atributos, segundopesquisa quantitativa - I
Fonte: ANATEL/2001
Atributos Pontuação
1 Imagem em Alta Definição 9,26
2 Múltiplos Programas 7,53
3 Gravação de Programas 7,47
4 Hipermídia 6,62
5 Programas Defasados 6,57
6 Interatividade 6,21
7 Ajuda para deficientes físicos 6,17
8 Vídeo Adicional 6,06
9 Áudio Adicional 5,76
10 Legenda Adicional 5,62
11 Áudio Digital 5,39
12 Informativos 5,38
Tabela 3 - Importância dos atributos, segundo pesquisa quantitativa – II
Fonte: ANATEL/2001
72
As pesquisas abordaram também questões mais imediatas, tal
como o preço que a pessoa estaria disposta a pagar pelo aparelho
receptor.
Para melhor compreensão, as características desta “televisão
do futuro” foram agrupadas por atributos. Como poderá ser notado,
alguns dos atributos referem-se ao sistema como um todo, enquanto
outros dizem respeito apenas à implementação do aparelho receptor.
Entretanto, visando fornecer um quadro completo, optei por apresentar
todas as expectativas, mesmo aquelas que não dizem respeito
diretamente à tecnologia da televisão.
6.1.1- Melhor Imagem, Melhor Som
O principal atributo da televisão do futuro é que ela deve ter
uma melhor imagem e um melhor som. Na pesquisa qualitativa, a HDTV
foi mencionada como um atributo importante pelos três entrevistados. Na
pesquisa quantitativa I, a alta definição aparece em terceiro lugar,
enquanto que na pesquisa quantitativa II (shoppings) foi o quesito mais
solicitado.
Mas melhor imagem e melhor som não se restringem ao
aspecto “alta definição”. Eles significam, de uma forma mais abrangente,
uma imagem de boa qualidade, sem fantasmas, sem tremores, sem
chuvisco, limpa e com uma boa definição de cores. A comprovação
dessa tese, segundo o CPqD, deu-se pelas pesquisas quando algumas
pessoas afirmaram que um dos fatores que as levam a darem preferência
por determinado canal é a qualidade de sua imagem .
Quanto ao melhor som, as expectativas referem-se não apenas
à qualidade (som de CD), mas também a outros atributos tais como os
sons envolventes (surround), possibilidade de controle tonal (equalizador
gráfico), visualização opcional de leds indicadores de nível (VU-METER),
atributos que referem-se ao aparelho receptor. Entretanto, pelo menos um
atributo sonoro é relacionado ao sistema: a possibilidade de se ouvir, por
73
exemplo numa orquestra, instrumentos individuais (o que implica na
transmissão simultânea de vários fluxos elementares de áudio).
Outra expectativa é relacionada não tanto com a qualidade do
som, mas com o seu nível: os usuários esperam que haja uma certa
padronização do nível de áudio, sendo que, no caso analógico, o desnível
entre os canais percebido ao se mudar de canal é apontado como um
grande incômodo. O mesmo desnível se verifica nos intervalos
comerciais.
Assim sendo, é importante ressaltar que todos esses
conteúdos somente poderão ser totalmente usufruídos em alta definição.
6.1.2- Ajuda aos Deficientes Físicos
A pesquisa quantitativa-I indica a importância da ajuda aos
deficientes físicos. Tal importância é igualmente destacada em todas as
macrorregiões geo-econômicas.
Essa ajuda vai desde uma legenda textual ou através da
exibição de uma pessoa empregando a linguagem de surdos-mudos
numa pequena janela PIP (picture in picture), e também através de uma
descrição textual da cena, para pessoas com deficiências auditivas
(closed caption).
As informações que compõem os mecanismos de ajuda são
transmitidos através de fluxos complementares, e a sua exibição/ativação
é controlada pelo usuário. No caso de legenda (texto), o usuário pode
selecionar a cor, o tamanho das letras e a localização do texto na tela.
6.1.3- Gravação de Programas e Near-Video-on-Demand
A gravação de programas, outro atributo tido como importante
na pesquisa qualitativa, aparece como o segundo atributo mais importante
na pesquisa quantitativa-I e em terceiro na quantitativa-II.
74
Para o usuário, a gravação de programas tem três tipos de
finalidade: as duas primeiras compreendem a possibilidade de gravar um
programa para assisti-lo em um horário mais conveniente (tal como o
papel exercido pelo videocassete) além da possibilidade de transmissão
do mesmo programa em horários defasados. Conhecida como Near-
Video-on-Demand, (e que aparece em sexto lugar na pesquisa
quantitativa-I e em quinto na quantitativa-II), pode-se depreender que a
possibilidade do usuário assistir a um programa sem ficar rigidamente
amarrado ao horário de transmissão do mesmo é visto como um grande
benefício.
O terceiro tipo de finalidade é o uso do armazenamento local
como uma memória buffer de tempo limitado. Neste caso, o usuário teria
a possibilidade de “apertar um botão” e rever uma cena que acabou de
passar (enquanto o resto do programa é automaticamente gravado para
desfrute em seguida).
Para efeitos comparativos, podemos dizer que o
armazenamento local é como o que fazemos com arquivos de Internet em
programas como Real Player. Ao escolher uma música on line, por
exemplo, o programa “carrega” as informações (armazena) e depois
executa. Isto difere do download de arquivos, já que neste existe a
possibilidade de arquivamento em disco flexível ou rígido.
Apesar desses atributos serem mais pertinentes ao aparelho
receptor, o uso de rótulos identificadores nos programas (program
identifier) poderá vir a ajudar a satisfazer tais tipos de anseios, ao
possibilitar com precisão o início e o término da gravação de programas
ou segmentos, e também ao criar a possibilidade de que tais
acionamentos possam ser feitos remotamente, seja pelo próprio usuário,
seja pelo provedor do programa.
6.1.4- Vídeo Adicional
O vídeo adicional refere-se à transmissão simultânea de fluxos
de vídeo complementares, por exemplo, possibilitando que uma mesma
cena possa ser vista de diferentes ângulos.
75
Se pensarmos em um jogo de futebol, o mesmo poderia ser
visto de cima (visão geral do campo) ou ser acompanhado através de
uma câmera colocada próximo ao gol do time adversário. Além do futebol,
poderíamos assistir aos diferentes finais de uma telenovela, por exemplo.
Segundo as pesquisas, alguns consumidores esperam que a
televisão do futuro seja tridimensional. Outros disseram que gostariam de
“poder rodar a imagem”, ou seja, de poder deslocar o ângulo de visão.
Deve-se observar que, de um sistema que permita ao usuário escolher
entre duas a quatro tomadas de cena distintas (o que será possível na TV
digital) para um sistema interativo onde o usuário possa escolher, livre e
linearmente, o ângulo de visão, ainda existe uma distância técnica
considerável a ser percorrida, o que exigirá maior estrutura para captação
de imagens. Como exemplo, pode-se citar o sistema de TV via satélite
DirecTV, que tem transmitido eventos com câmeras diferentes em canais
diferentes.
6.1.5- Zooming
Um atributo próximo à expectativa anterior é a possibilidade do
usuário poder controlar o nível de “Zoom” sobre um detalhe da cena. Esta
expectativa foi detectada na pesquisa qualitativa.
O Zooming pode ser realizado, dentro de certas limitações,
pelo próprio aparelho receptor. É claro que qualquer efeito de Zooming a
partir de um volume finito de dados acabaria por degradar a qualidade da
imagem ampliada, gerando uma solução de compromisso entre a
ampliação tecnicamente possível e a percepção do usuário (em função do
tamanho e resolução do monitor e da percepção visual do usuário). A
transmissão em alta definição favorece este atributo, ao enviar uma maior
quantidade de informações da mesma imagem.
76
6.1.6- Múltiplos Programas e Vídeo sob Demanda
O atributo “múltiplos programas” aparece em quarto lugar na
pesquisa quantitativa-I. Trata-se da oferta de diversos conteúdos distintos,
ou seja, da transmissão simultânea de diversos programas SDTV (ou
EDTV) através de um mesmo canal.
O motivo por tal interesse é que os consumidores desejam
mais opções de programação (nesse sentido, a TV a Cabo é sempre tida
como uma referência). Mas não se trata de um mero aumento quantitativo
dos canais: a pesquisa indica que os consumidores gostariam de ter
“alternativas” em relação aos programas padrão, ou seja, programas com
diferentes temas e, provável segmentação da audiência. A pesquisa
indica também o anseio por conteúdos mais informativos, com menos
violência, menos agressão verbal e mais enquadrados a seus padrões
morais. Aparentemente, de nada adiantará ter-se mais canais
(programações), se os conteúdos ou as abordagens forem semelhantes.
Adicionalmente, há uma preocupação de que tais programas
adicionais sejam de acesso gratuito ou, pelo menos, caso seja por
assinatura, disponíveis por um preço razoável para a grande massa da
população.
Aparentemente, dois fatores têm contribuído para isso. O
primeiro é o custo da televisão por assinatura, não acessível ou não
compensador para parte da população. O segundo é a própria
programação – embora a TV por assinatura ofereça uma grande
quantidade de canais, não raras vezes os usuários ficam sem poder
desfrutar de determinado programa, principalmente devido ao problema
de horário de transmissão. Dessa forma, a televisão digital poderá vir a
equacionar esse problema de duas formas. Uma, pelo uso do mecanismo
de armazenamento local, facilitado pelo uso de identificadores de
programa, que lhe conferiria uma independência à vinculação temporal
entre a transmissão e o desfrute do programa. E a outra forma, pela
efetiva oferta de vídeo sob demanda utilizando-se dos recursos de
interatividade, a transmissão utilizando banda remanescente disponível e
acesso condicional.
77
6.1.7- Interatividade
Há uma certa confusão quanto ao significado do termo
“interatividade”. As pessoas mais ligadas à tecnologia entendem como
interatividade a interação do usuário com o programa, como ocorre por
exemplo em um sistema hipermídia. Já outra parcela da população
interpreta a interatividade como a possibilidade de influir na programação
das emissoras, não apenas em programas do tipo “Você Decide”, mas na
escolha efetiva, do que deve ou não, ser transmitido ao público. A
interatividade, incluindo ambas as interpretações, foi o sétimo atributo
mais votado na pesquisa quantitativa-I e sexto na pesquisa quantitativa-II.
Analisa-se a seguir cada uma dessas possibilidades.
Interação com o Programa
O aspecto mais notável da convergência tecnológica é a
possibilidade da TV digital vir a ser um sistema totalmente interativo. O
usuário teria um teclado ou dispositivo apontador (mouse) remotos, e as
imagens seriam compostas por objetos “clicáveis” com a finalidade de
trazer informações complementares, possibilitar serviços como o home-
shopping, a busca de outros programas correlatos ou a navegação
hipermídia. Nas emissoras, segundo a pesquisa, os representantes
entrevistados consideram que a introdução desses novos serviços ou
facilidades é um atributo muito importante.
Por outro lado, a relativamente baixa receptividade obtida por
uma tal tecnologia, na pesquisa de mercado realizada junto ao público
consumidor, pode ser devida ao uso que as pessoas fazem atualmente da
televisão. A maioria das pessoas assiste passivamente à TV. Outras
utilizam a TV como uma companhia para amenizar a solidão, ou para ser
um “som” enquanto se faz outras atividades (significando, via de regra,
que sequer prestam atenção ao que é veiculado). Entretanto, há uma
grande chance de que esse cenário venha a ser alterado com o tempo,
pois as crianças crescidas na “era da Internet” tendem a utilizar os
aparelhos de forma muito mais interativa. O reflexo dessa tendência é a
aquisição, pelas classes mais abastadas, do “segundo microcomputador”
para as crianças, como ocorrera com a “segunda TV” anos atrás.
78
Nessa nova cultura, quando as pessoas estiverem
acostumadas a utilizar a televisão de forma ativa, a interatividade poderia
ser não apenas local, mas possibilitar a participação dos telespectadores
“ao vivo” nos programas, seja de forma restrita (votações), seja com o uso
de web-cams ou recursos similares capazes de capturar a imagem e a
voz das pessoas que passariam a participar efetivamente dos programas.
Daí surgirá a preocupação em como manter o telespectador defronte ao
seu aparelho receptor durante mais tempo.
Home Shopping e Merchandising
A pesquisa qualitativa indicou um resultado que, embora seja
um pouco contraditória, mostra o potencial do home-shopping.
Basicamente, os usuários dizem não gostar dos canais totalmente
dedicados a vendas, ao mesmo tempo em que há bastante tolerância ao
merchandising implícito ou explícito dos programas, sendo inclusive
preferido esse mecanismo mais que os intervalos comerciais (que os
usuários geralmente ignoram mudando de canal).
O home-shoping proporcionado pela hipermídia é bastante
próximo ao merchandising, explícito ou implícito. Na forma explícita, um
apresentador faria a apresentação de um produto, seguido de um “clique
aqui para adquirir já”. Na forma implícita, não haveria tal empurrão – o
“objeto do desejo” estaria presente, em forma de um hiperlink , num dado
cenário, à espera de interessados na sua aquisição.
O que ocorre hoje, é que em uma determinada novela ou
minissérie, por exemplo, os objetos de uso das personagens
encontram-se à venda através dos sites oficiais das mesmas. A Rede
Globo iniciou esse tipo de comércio virtual durante a novela “Laços de
Família” (2000). Porém, a finalização da compra do produto acontece
dentro do site do canal de vendas Shoptime.com (do Grupo de canais por
assinatura Globosat). Isto nos dá a impressão de que a emissora já vem
se preparando para quando, através do controle remoto, o próprio
telespectador fará suas compras sem sair de casa – e pelo televisor.
Influência na Programação
79
O desejo da população em influir na programação denota,
pelos depoimentos colhidos e relatados nas pesquisas, um
descontentamento em relação ao nível e enfoque dos programas
veiculados. Nesse sentido, um sistema interativo viria a ajudar, de acordo
com os entrevistados, pelo retorno imediato que as emissoras teriam
quanto aos índices de audiência, dando um claro parâmetro sobre o que a
população deseja e não deseja ver veiculado na televisão.
Embora a definição da programação seja uma prerrogativa das
emissoras, a televisão digital poderá vir a auxiliar esse atributo
indiretamente, se vier a ser implementado algum mecanismo de aferição
remota e instantânea dos índices de audiência.
6.1.8- Internet
Além da possibilidade de se utilizar o aparelho de televisão
como terminal de acesso à Internet, a pesquisa de mercado indica pelo
menos um uso inusitado para a TV digital nessa área: o uso como
interface de caixa-postal para deixar “recados”. Dessa forma, as pessoas
que convivem na mesma casa poderiam deixar recados umas às outras.
Os e-mails (também formas de recados), sejam eles locais ou enviados
via Internet, poderão ser em forma apenas textual, ou uma gravação
sonora, ou mesmo audiovisual, aproveitando-se dos recursos multimídia
do televisor.
Nesse sentido, comparado com ao microcomputador, a
televisão digital apresenta as seguintes vantagens:
a) é um aparelho, em tese, mais simples de operar, e
mais abrangente (ou seja, mais pessoas o utilizam);
b) é suposto que a pessoa vai assistir a TV, enquanto
que é menos garantido que ela vá ligar o micro – isto
permitiria as pessoas lerem os recados assim que
ligasse a TV;
80
c) acoplada a outras funcionalidades, como por exemplo
o relógio, pode ser utilizada como despertador – a
mensagem seria exibida assim que a TV se ligasse.
Visualiza-se também serviços de informação (por assinatura),
onde provedores enviariam boletins com notícias sobre determinado
assunto (cada mensagem poderia ser não só um texto, mas um videoclip
ou seja, um arquivo multimídia contendo uma reportagem).
6.1.9- Áudio Adicional
O áudio adicional, nono lugar na pesquisa quantitativa-I, tem
utilização prevista principalmente para transportar informações em
diversos idiomas. Poderá ser também utilizado, por exemplo, para
transmitir sinais de vários microfones (ou instrumentos) no caso de shows
e concertos.
Além dessa utilização, o áudio adicional poderá colaborar para
a transmissão de informação complementar para as pessoas com
deficiência visual.
6.1.10- Legenda Adicional
Da mesma forma que o áudio adicional, a principal utilidade da
legenda adicional será a possibilidade de se ter legendas em diferentes
idiomas, à escolha do usuário.
Diferentemente dos sistemas atuais, a televisão digital deverá
possibilitar ao usuário escolher o idioma, o tamanho e a cor da letra.
81
6.1.11- Outras Características
A pesquisa de mercado detectou outros atributos desejáveis
para a TV do futuro. Embora não diretamente relacionados ao sistema, e
sim ao aparelho receptor, optou-se por registrá-los aqui, pois completam o
quadro das expectativas dos usuários.
Periféricos
A pesquisa qualitativa detectou um grupo de pessoas com o
desejo de poder conectar uma impressora ao receptor de televisão. A
impressora teria a finalidade de imprimir o que estivesse sendo exibido na
tela (por exemplo, o rosto de um artista favorito). Outra aplicação seria por
exemplo para imprimir textos de receitas culinárias cuja elaboração
estivesse sendo transmitida, ou imprimir textos que pessoas entrevistadas
quisessem disponibilizar ao público de uma forma geral (informações,
dicas, orações).
Controle ativado pela voz
A televisão do futuro seria controlada vocalmente, e não mais
por meio de um controle remoto com inúmeras teclas.
Senha
A TV do futuro teria uma senha para a sua ativação.
Inicialmente concebida para minimizar risco de roubo, poderia ser
utilizada para controle de acesso a programas adultos.
Programas Preferidos
A TV poderia ter um mecanismo tal que permitisse ao usuário
definir os tipos de programas preferidos. O sistema automaticamente
passaria a avisar o usuário sobre os horários dos programas que atendam
ao perfil especificado.
82
Mecanismos de Busca
Item complementar ao anterior, a televisão poderia ter um
mecanismo de busca baseado em palavras-chave, para facilitar a
localização de um programa (ou tipo de programa) dentro de uma grande
gama de canais (como ocorre por exemplo na TV por assinatura).
Tela fina e portátil
A tela da TV do futuro deverá ser fina, ou seja, de cristal líquido
ou de plasma (ou até mesmo de outro material que venha a ser
desenvolvido futuramente). Mais que isso, os usuários mais avançados
esperam que ela possa ser afixada em qualquer lugar, tal qual um quadro.
Tecnicamente, isso significa que a TV deveria ser desmembrável em duas
unidades: uma unidade receptora-decodificadora (URD) contendo todos
os circuitos de recepção e processamento dos sinais e uma outra
unidade, que seria apenas a tela e os circuitos imediatamente
necessários.
No-Break
Outra expectativa dos usuários é a existência de um No-Break
na TV. Pelos depoimentos, não há nada mais deprimente que acabar a
eletricidade e ficar sem ter o que fazer (e pior, perdendo a programação
da TV).
83
7 - PLATAFORMAS PARA TV DIGITAL
7.1- Modelo de Referência ITU-T
A União Internacional de Telecomunicações – ITU – traz, em
seu documento “A Guide to digital terrestrial television broadcasting in the
VHF/UHF bands” (de 15 de Janeiro de 1996), o modelo de referência para
a televisão digital, que é seguido pelos três padrões públicos – o ATSC, o
DVB e o ISDB.
O modelo de referência, ilustrado na figura 11, divide as
funcionalidades do sistema (transmissão) em três blocos principais:
Codificação do sinal-fonte, responsável pela conversão e compressão
dos sinais de áudio e vídeo em feixes digitais denominados de fluxos
elementares de informação.
Multiplexação, responsável pela multiplexação dos diferentes fluxos
elementares (cada qual contendo informações de áudio, vídeo ou
dados), formando um único feixe digital à sua saída.
Codificação de canal e modulação, responsável por converter o feixe
digital multiplexado em um sinal (ou grupo de sinais) passível de
transmissão por um meio físico, no caso, o ar.
FIGURA 11 – MODELO DE REFERÊNCIA ITU-T PARA A TELEVISÃO DIGITALFONTE: ANATEL/2001
CODIFICAÇÃO DE SINAL
FONTE
CODIFICAÇÃO DE SINAL
FONTE
VÍDEO
ÁUDIO
DADOS
Multiplexação de Sinais
Codificação de canal e modulação
84
Através dos trabalhos realizados pelos diversos países na
primeira metade da década de 90 e que resultaram no modelo
apresentado anteriormente , houve um forte consenso na utilização do
padrão MPEG 1 (em particular, no atual estágio tecnológico, o MPEG-2)
para as camadas de codificação do sinal-fonte (em particular, o de vídeo)
e a de multiplexação. Já para a codificação de canal e modulação, cada
uma das propostas (ATSC, DVB e ISDB) adota uma solução diferente,
como será visto nas seções seguintes.
7.2- O Padrão MPEG
7.2.1- Por que a compressão?
Antes de falarmos em compressão de sinais, é importante
ressaltar brevemente o processo de conversão de um sinal analógico em
digital. Este processo supõe os seguintes passos, anteriores à
compressão propriamente dita: a amostra do sinal analógico original e a
codificação das amostras em bits.
A amostra do sinal analógico original permite a obtenção de
certos valores, tais como aqueles que serão transmitidos. Dessa forma, a
freqüência de amostra deve garantir a posterior reconstrução do sinal
original.
O segundo passo, a codificação das amostras em bits, significa
que o número de bits necessários para codificar uma amostra depende do
tipo de sinal e a qualidade desejada. Se o sinal é digital, então tem-se
uma quantidade de bits por segundo associada (a taxa binária) e a
informação a ser transmitida é composta de áudio e vídeo, mais seus
componentes técnicos. Por exemplo, se um sinal analógico tem uma
largura de banda de 30 MHz, esse sinal convertido em digital ocupa 108
MHz, ou seja, exigiria-se muito mais de espaço dentro do espectro para
sua condução. A partir disto, existe a necessidade de um novo passo, ou
seja, a compressão dos sinais para redução da largura de banda.
85
O sinal digital pode comprimir-se sem que o usuário perceba
grandes diferenças49. Ou seja, em SDTV (que é a definição mais próxima
da que temos hoje em dia) é possível a transmissão de cinco canais
onde hoje cabe apenas um canal de TV, enquanto que em Alta Definição
(HDTV), há a possibilidade de transmitir-se até quatro canais50. Assim
sendo, um canal analógico ocupa aproximadamente o mesmo que 6
canais digitais comprimidos com similar qualidade, ou o mesmo que de 4
canais em alta definição. Além disso, o sinal de áudio também é
comprimido, eliminando-se as partes não perceptíveis ao ouvido humano.
Para comprimir o sinal emprega-se o padrão MPEG-2.
“Nos sistemas analógicos a capacidade de armazenamento depende única e exclusivamente da duração da fita, mas para a viabilização do vídeo digital a compressão é fundamental para que num pequeno espaço seja possível armazenar um grande volume de sinais.” 51
O princípio da maioria dos sistemas de compressão de sinal de
vídeo é a possibilidade de eliminação da porção repetitiva (redundante)
da imagem devido a limitações de percepção do olho e do cérebro
humano. Logo, é possível reduzir sensivelmente a quantidade de
informações que chega ao espectador, de forma a convencê-lo de que o
que ele vê é o que foi realmente captado.
A compressão52 é necessária para diminuir o espaço requerido
para o armazenamento ou a largura da banda de transmissão. Comprimir
o sinal de vídeo é tornar possível muitas aplicações antes inviáveis por
motivos técnicos ou econômicos. Sistemas de edição que processam
vídeo sem compressão, por exemplo, têm alto custo e sua aplicação é
49 O grande problema que pode vir a ocorrer com a compressão é que quanto mais se comprime um sinal, mais perde-se na qualidade do mesmo.
50 No capítulo referente ao espectro de freqüência, vale-se lembrar a respeito da abordagem da questão referente ao espaço ocupado por um canal de televisão no espectro de freqüência , ou seja, 6MHz de largura de banda são necessários para a transmissão de um canal de TV ou 960 telefones analógicos funcionando simultaneamente.
51 CALVENTE, Emerson. “Técnicas e Padrão de Compressão” In: Revista Tela Viva, n.o 73 – Setembro/2000
52 Compressão é um termo computacional que representa a variedade de fórmulas matemáticas usadas para otimizar o tamanho das imagens. Ver mais em <http://www.fe.up.pt/~goii2000/M6/tipos.htm>
86
restrita ao cinema e à pós-produção de alta performance. Para as demais
aplicações, como o jornalismo na TV e vídeos comerciais, é necessário
garantir um nível de fidelidade aceitável em relação à imagem original.
Em se tratando de alta definição, a taxa de transmissão digital
de um sinal, em sua forma original, é de um bilhão de bits por segundo.
Para um sinal de definição padrão esse valor cai para 200 milhões de bits
por segundo. Um canal de televisão, para transmitir com segurança, tem
espaço apenas para 20 milhões de bits por segundo.
Logo, a quantidade de dados em um sinal de HDTV deve ser
reduzida à proporção de 50 para 1 para poder ser transmitida em uma
largura de banda padrão.
Sendo assim, a compressão não é responsável por toda a
redução, mas pela maior parte dela. Inicialmente, a quantidade de
informação a ser comprimida deve ser reduzida e isso se dá pela
diminuição de resolução a um nível imperceptível pelo espectador. A
resolução de cor do olho humano é menor que a resolução da informação
em preto e branco e são justamente as informações de cor que serão
reduzidas, sem alterar a percepção da cena pelo espectador.
Em seguida, a informação restante é comprimida pela
eliminação da redundância. Dessa forma, com a redução de 50 para 1,
cinco canais de definição padrão podem ser transmitidos em um único
canal, ou seja, em uma largura de banda de transmissão de 20 milhões
de bits por segundo.
Em relação aos sistemas de compressão de vídeo, o mais
conhecido é o MPEG, que refere-se ao conjunto de padrões
internacionalmente aceitos para a codificação de informação audiovisual
para compressão em formato digital. A área que se aplica
especificamente à qualidade broadcast é o MPEG-2, também conhecido
como ISO/IEC-13818.
Há um número de padrões MPEG destinado a várias
aplicações. Para broadcast e produções em estúdio há o MPEG-2
4:2:2P@ML (também conhecido como MPEG 422) que é o nome utilizado
para identificar qual subgrupo de padrões deve ser usado. Ele foi
87
desenvolvido para operações em estúdio, onde a edição e o
processamento da imagem devem ocorrer sem degradação perceptível 53.
Como resultado da compressão, é importante saber que nem
todos as imagens ocupam a mesma largura de banda. Assim, um canal
de notícias aonde aparece unicamente o apresentador ou em uma
retransmissão de Fórmula 1, com câmaras fixas, não necessitará a
mesma quantidade de informação que a transmissão de um filme ou
programa de auditório, por exemplo.
A tabela abaixo mostra-nos a síntese dos demais sistemas de
compressão de sinais de vídeo, além do próprio MPEG já citado
anteriormente.
Sistemas DescriçãoDCT Discrete Cosine Transform. Usado nos formatos Digital S (JVC) e Digital
Betacam (Sony).JPEG Joint Photographic Experts Group. Desenvolvido para a transmissão de
quadros parados, como fotos.M-JPEG Uma variação do JPEG para movimento, usado em alguns sistemas de
edição não-linear.DV Desenvolvido por um consórcio de quase 60 empresas, entre elas: Sony,
Philips, Thomson, Matsushita, Hitachi, Toshiba, Sharp, Mitsubishi, Sanyo, JVC, etc. O sistema de compressão é o intra-frame, que hoje é o coração dos formatos DVCPro e DVCPro 50. É utilizado pela Sony no formato DVCAM. É possível trocar arquivos de áudio e vídeo entre equipamentos de vários fabricantes.
MPEG-1 Inicialmente desenvolvido para permitir o armazenamento de vídeo clipes em CD-ROMs ou em aplicações similares com baixa quantidade de informações. Entretanto, em forma modificada (MPEG+ ou um número adicional de sinais +) foi utilizado para quantidades maiores de sinal de vídeo.
MPEG-2 Recentemente adotado como padrão para transmissão digital pelo FCC Advisory Committee.
Tabela 4: Padrões de CompressãoFonte: Revista Tela Viva/ Junho-2000
53 COSTA, Beto. Transmissão em Bits. In Revista Tela Viva, Junho-2000 (versão on line)
88
Em suma, podemos enumerar as principais características do
padrão MPEG-2:
Faz parte de uma família de padrões (MPEG-1, MPEG-4, entre outros)
de compressão de áudio, vídeo e multiplexação de sinais. O MPEG-2
por sua vez é composto por diversos padrões (ISO/IEC 13818-2 para
televisão e multimídia, ISO/IEC 13818-3 para áudio com
compatibilidade regressiva, etc.).
É um algoritmo54 assimétrico. Ou seja, o custo da codificação é muito
maior que o da decodificação. Esta é uma característica interessante
para a televisão, pois o alto custo do codificador é assimilado pelo
radiodifusor, enquanto que o receptor do telespectador requer um
decodificador de baixo custo.
É um algoritmo flexível, possibilitando a codificação de imagens com
diferentes níveis de resolução (qualidade).
É um algoritmo escalonável. Ou seja, permite fazer a composição de
diferentes arranjos de sinais de áudio e vídeo (um vídeo e dois áudios,
um vídeo e cinco áudios, vários vídeos e cinco áudios, etc.). Além
disso, permite que um decodificador de baixa capacidade extraia, de
um fluxo de sinal de alta capacidade, as informações necessárias para
poder reproduzir as informações com a definição adequada para o seu
nível de operação.
54 Segundo o dicionário Aurélio, algoritmo significa o “conjunto de regras e operações bem definidas e ordenadas, destinadas à solução de um problema ou classe de problemas em número finito de etapas.”
89
8 - MODELOS DE NEGÓCIO EM TELEVISÃO DIGITAL
Ao contrário da televisão analógica, que possui um modelo de
negócio bem definido e pouco flexível, a televisão digital apresenta
diversas alternativas possíveis para a conformação do modelo. Se, por
um lado, tal diversidade de opções cria um cenário bastante atraente,
pode, por outro, facilmente induzir a alternativas enganosas. Enquanto
algumas opções são, infelizmente, mutuamente excludentes, outras
podem coexistir, mas a um custo bastante elevado. E, finalmente, existem
as opções que, mesmo tendo um custo aparentemente significativo,
podem trazer um volume de ganhos que compensem os investimentos
necessários. As dificuldades são de natureza técnica, econômica e
algumas vezes legal.
Para efeitos destes estudos, entende-se como modelo de
negócio em televisão digital “a forma como os recursos tecnológicos e
suas características são utilizadas para prover um determinado conjunto
de programas e facilidades para os telespectadores”55. As alternativas
referem-se a:
diferentes características de receptibilidade do sinal, com o
conseqüente atendimento de diferentes segmentos de mercado;
utilização da capacidade de transporte de bits e sua distribuição entre
diferentes tipos de programas televisivos e outros serviços de
telecomunicações;
diferentes formas de se implementar os programas aplicativos que
complementam os programas de televisão.
Dessa forma, a radiodifusão brasileira, de acirrada competição
entre as emissoras e com um elevado número de redes, sugere a
necessidade de uma flexibilidade que permita a cada uma delas enfrentar
o desafio da introdução da nova tecnologia, com todos os investimentos
55 In: Relatório Integrador – P.59
90
que serão necessários. Obviamente, por atingirem parcelas diferentes de
público, as soluções estratégicas de negócio não serão as mesmas para
todas as emissoras. Assim, no início da implementação da TV digital, as
emissoras trabalharão na sondagem dos anseios do público, mediante o
oferecimento das alternativas possíveis, com posterior avaliação da
resposta do público e, se for o caso, direcionamento da estratégia.
Não se pode esquecer que a TV digital vem substituir uma
tecnologia estabelecida há 50 anos e que ela será utilizada,
provavelmente, pelos próximos 30 anos. É a televisão do futuro.
O presente capítulo analisa as alternativas existentes de
Características para Modelos de Negócios e o próprio Modelo de Negócio
que poderá vir a ser adotado, além de suas possibilidades. Além da
melhor qualidade de imagem e som, a tecnologia digital disponibilizará à
televisão um conjunto de facilidades impensáveis no ambiente analógico,
como interatividade, informação hipermídia e uma flexibilidade na adição
e utilização de novas aplicações, tais como o comércio eletrônico, a troca
de mensagens ou os jogos eletrônicos.
8.1- Características para modelos de negócios
8.1.1- Resolução, qualidade de imagem e formato de tela
Uma questão central para a definição do modelo de negócio é
a escolha da resolução desejada para a imagem da televisão digital. A
resolução e o modelo de negócio são parcialmente interdependentes –
definido um deles, tem-se poucas opções de escolha para o segundo.
A resolução envolve dois importantes componentes. O primeiro
é a resolução espacial, que é definida pelo número de pontos de imagem
(pixels) ou, de forma equivalente, pelo número de linhas e colunas
(pixels/linha). Quanto maior o número de linhas, melhor a resolução.
Associado a isso, existe a questão do formato de tela, que pode ser no
atual formato 4:3 (quatro unidades de medida de largura por três de
altura, ou 1,33:1) ou no novo formato de tela larga 16:9 (dezesseis
unidades de largura por nove de altura, ou 1,78:1).
91
O segundo componente é a resolução temporal. Pode-se ter
(no caso brasileiro) 30 quadros por segundo em modo progressivo ou 60
campos em modo entrelaçado. No modo progressivo, o monitor “pinta”
uma imagem completa a cada 1/30 avos de segundo, uma linha de cada
vez. Isto significa que, em um sistema de 480 linhas em modo
progressivo, cada linha da imagem é criada em 1/14.400 avos de
segundo (30x480). Os monitores de microcomputadores utilizam esta
técnica. Já no modo entrelaçado, utilizado nos atuais sistemas de
televisão (analógica), cada quadro de imagem é uma composição de dois
campos. Um dos campos contém as linhas ímpares e o outro as linhas
pares. A cada 1/60 avos de segundo, o monitor cria um dos campos, de
forma alternada. No exemplo de 480 linhas em modo alternado, em cada
semi-ciclo são “pintadas” 240 linhas (pares ou ímpares). Com isso, leva-
se os mesmos 1/14.400 avos de segundo (60x240) para se criar uma
nova linha de imagem.
Entretanto, o efeito final dessas alternativas para o
telespectador é diferente. Uma imagem de, por exemplo, 1000 linhas em
modo entrelaçado, apresenta uma qualidade de imagem subjetivamente
similar a uma imagem com 700 linhas em modo progressivo. Não
obstante, para o telespectador, esses sistemas apresentam diferentes
resultados. Em cenas mais estáticas, um sistema entrelaçado com um
maior número de linhas (as 1000 entrelaçadas no exemplo acima)
apresenta uma melhor qualidade de imagem, dado que possui maior
resolução (espacial). Já em cenas com bastante movimento, um sistema
progressivo (de 700 linhas, no exemplo) apresenta uma qualidade de
imagem melhor, pois evita os artefatos que seriam causados em uma
imagem entrelaçada.
Esses atributos – resolução e formato de tela – podem ser
agrupados em quatro categorias, correspondendo a quatro diferentes
níveis de qualidade de imagem (e som): alta definição (HDTV), definição
estendida (EDTV), definição padrão (SDTV) e baixa definição (LDTV).
Embora não haja um critério unanimemente aceito em nível mundial, há
um certo consenso na adoção da categorização a seguir.
92
HDTV – Alta DefiniçãoO conceito de televisão de alta definição surgiu com a intenção
de se ter, na casa do usuário, uma qualidade de imagem e som
equivalentes às do cinema. Testes subjetivos realizados no início dos
desenvolvimentos indicaram que seria necessário, para tal finalidade, o
dobro da resolução espacial (em termos de linhas e colunas) da televisão
comum. Além disso, a tela teria que ser mais larga. Com os
desenvolvimentos e testes posteriores, os valores convergiram para uma
resolução de 1080 linhas (com 1920 pixels/linha) em modo entrelaçado
(como na televisão analógica) ou 720 linhas (com 1280 pixels/linha) com
varredura progressiva (como nos microcomputadores), ambos com uma
tela em formato 16:956. Uma imagem melhor seria obtida com 1080 linhas
em modo progressivo, porém os sistemas atuais de transmissão digital
não comportam a taxa de bits que seria necessária nesse caso.
O áudio utilizado é o estéreo Surround 5/1, ou seja, com três
alto-falantes frontais (direito, central e esquerdo), dois laterais (surround
direito e esquerdo) e um para freqüências hiper-baixas. Este último gera
vibrações de baixa freqüência que, embora fiquem abaixo do limiar de
audição, são captados pelo corpo humano em forma de sensações,
reproduzindo as cenas de maneira mais realista. Esse efeito realista pode
ser comparado ao áudio dos home-theaters que existem atualmente.
SDTV – Definição PadrãoA televisão de definição padrão (SDTV) tem uma resolução
espacial de 480 linhas (com 640 pixels por linha) e uma resolução
temporal de 60 quadros por segundo em modo entrelaçado.
Apesar do nome e dos valores serem semelhantes aos da
televisão analógica (que utiliza 525 linhas no total – aproximadamente
480 na área visível – e 60 quadros por segundo, no caso do Brasil), a
qualidade de imagem da SDTV é bem superior ao recebido em média
através das emissoras abertas de televisão analógica. Ela é equivalente 56 O formato 16:9 é muitas vezes apresentado como o “formato do cinema”, o que não
passa de certo marketing a ser utilizado para vender os produtos. O formato 16:9 é apenas mais um formato da TV, enquanto que o cinema não tem um único formato, conforme DOC 02 – Por quê 16:9?
93
ao chamado “padrão estúdio”, que adota como valores típicos uma
resolução de 600 pixels/linha e não apresenta problemas como o de cores
cruzadas ou chuviscos típicos que ocorrem na recepção doméstica de
sinais analógicos.
Em relação ao formato de tela, não há muita unanimidade.
Atualmente, a maioria das transmissões é realizada no formato 4:3,
embora haja uma tendência à migração para o formato 16:9 (widescreen).
No futuro, espera-se que todas as transmissões sejam nesse último
formato.
No caso da Europa, a SDTV utiliza áudio estéreo bicanal, ou
seja, com alto-falantes direito e esquerdo.
EDTV – Definição EstendidaO conceito de televisão de definição estendida surgiu como
uma categoria intermediária que, embora não apresente os valores de
resolução da HDTV, apresenta uma qualidade de imagem melhor do que
a SDTV. Tipicamente, tem-se uma tela larga (16:9) e resolução de 480
linhas, 720 pixels/linha e varredura em modo progressivo.
O áudio é o estéreo surround (5/1), como na HDTV.
LDTV – Baixa DefiniçãoA LDTV refere-se a uma televisão com qualidade ou resolução
inferior à SDTV. Um exemplo típico é o sistema com 240 linhas, 320
pixels por linha e varredura progressiva.
Grande número de softwares e placas de captura para
microcomputadores, por exemplo, trabalham atualmente com imagens
nessa ordem de resolução.
Outro exemplo típico é o videocassete doméstico, que
apresenta resolução de 480 linhas entrelaçadas e cerca de 330
pixels/linha (além de uma sensível degradação na resolução cromática,
coisa que não ocorreria na LDTV).
94
Como ilustra esse último exemplo, a resolução (ou seja, o
número de pixels) em si não é garantia de qualidade de imagem. A
qualidade propriamente dita depende de uma série de outros fatores,
alguns objetivos (ausência de ruído, nitidez dos contornos dos objetos,
estabilidade da imagem) e outros subjetivos (uniformidade das texturas,
suavidade dos movimentos). Adicionalmente, devido à maior definição
das imagens na televisão digital, as condições de gravação das cenas
(iluminação, tremores, resposta temporal da câmera, maquiagem dos
atores e acabamento do cenário) também influenciam de forma
significativa na qualidade subjetiva percebida pelo telespectador.
RESOLUÇÃOTipo Espacial
(pixels e pixels/linhas)
Temporal* Formato de Tela
HDTV 1080x1920 60 c/s, e16:9720x1280 30 q/s, p
EDTV 480x640 30 q/s, p 16:9SDTV
480x640 60 c/s, e16:94:3
LDTV 240x320 30 q/s, p 4:3c/s = campos/seg; q/s = quadros/seg; e = varredura entrelaçada; p = varredura progressiva.
Tabela 5 – Tipos de resolução da imagemFonte: ANATEL/2001
8.1.2- Conversão de formatos de tela
Os programas transmitidos em formato 16:9 devem poder ser
usufruídos por telespectadores que disponham de monitores 4:3 e vice-
versa.
A respeito das vantagens da tela mais larga, a coexistência de
diferentes formatos durante a fase de transição pode causar desconforto
aos usuários. As piores situações ocorrem quando:
95
uma imagem de alta definição (HDTV) é exibida em um televisor
analógico 4:3 em modo natural (Letterbox). Neste caso, uma imagem
com 1080 linhas entrelaçadas é exibida ocupando 75% da altura - ou
aproximadamente 364 linhas no PAL-M, com redução (ou seja, perda
de informação) de 3:1.
uma imagem 4:3 (material antigo) é exibida em um televisor de alta
definição, 16:9, em modo corte horizontal (Zoomed). Neste caso, a
parte exibida da imagem corresponde a 75% do original - 364 linhas.
Se o monitor for de alta definição, essas 364 linhas serão exibidas em
uma tela com resolução de 1080 linhas. Com isso, tem-se uma linha
de informação original para cada 3 linhas exibidas no monitor,
resultando em uma apreciável perda de qualidade. (Ver também
DOC.01 – Formatos de Cinema e TV)
FIGURA 12 - CONVERSÃO ENTRE FORMATOS 16:9 E 4:3FONTE:ANATEL/2001
Para a conversão de formatos, normalmente a URD (unidade
receptora-decodificadora) possibilita ao usuário escolher o modo de
conversão. Adicionalmente, a emissora pode enviar, junto ao programa,
uma informação denominada Active Format Descriptor (AFD, que tem por
finalidade informar à URD qual é o modo de conversão caso aquele
material seja exibido em um monitor com relação de aspecto diferente do
esperado.
8.1.3- Diversidade de Programação
96
Na televisão analógica, devido a questões de limitação
tecnológica, não é possível ter-se dois canais de televisão adjacentes
ocupados em uma mesma localidade, sob pena de ocorrerem mútuas
interferências57 . Esse é um problema que não ocorre na televisão digital,
o que fará com que cada município possa contar com mais canais de
televisão e, portanto, com mais opções de programação.
Todavia, na televisão digital, além do aumento do número de
canais propriamente dito, cada canal poderá transportar mais de uma
programação. Pode-se ter, por exemplo, dentro de um canal (espaço de 6
MHz), uma programação exclusivamente direcionada para crianças, outra
exclusivamente de notícias, entre tantas outras. O número de
programações transmitido depende apenas da capacidade de transporte
do sistema e da taxa média de bits ocupada por cada programação. Esta,
por sua vez, depende do nível de resolução estabelecido.
Não há restrições para a composição dos programas, mas
deve-se observar que, por exemplo, não é possível ter-se um modelo de
múltiplos programas em HDTV. Uma alternativa possível é a adoção de
diferentes modelos em função do horário, como por exemplo a
transmissão em HDTV no horário nobre (filmes) ou em eventos especiais
(jogos, corrida de automóveis) e a transmissão de múltiplos programas
em SDTV em horários em que há maior probabilidade de audiência
segmentada (por exemplo, durante o dia).
A adoção de um modelo híbrido – em que uma emissora pode
transmitir por exemplo um programa principal em HDTV e outro em SDTV
para um público específico; ou transmitir HDTV em horário nobre e
múltiplos programas em SDTV nos demais; ou ainda diferentes emissoras
transmitirem, uma em HDTV e outra em SDTV – traz como vantagem uma
grande flexibilidade para o atendimento de diferentes necessidades do
público. Porém, traz também o risco de não motivar os consumidores a
57 Canais “adjacentes” referem-se à posição ocupada no espectro de freqüências. Por exemplo, os canais 2 e 3 são adjacentes. Conforme já foi visto na tabela “Espectro de Freqüência e alguns dos serviços atribuídos”, no item “O Espectro de Freqüências”, nota-se que a distribuição dos canais ao longo do espectro não é contínua, havendo janelas de freqüência entre os canais 4 e 5, 6 e 7, 13 e 14, 36 e 38. Essas janelas são utilizadas para outros serviços de telecomunicações. (fonte: Relatório Integrador, p.60)
97
adquirirem caros terminais de alta definição, dado que haveriam menos
opções de programas em HDTV, ao contrário do caso em que todas as
emissoras optassem por esse modelo de negócio.
É importante lembrar-se que em primeira pesquisa já realizada,
pelo CPqD, as emissoras e o público com potencial de compra de
equipamentos e aparelhos em HDTV mostraram ser em menor número.
Certamente, a produção em alta definição consumirá valores vultosos
para a TV e, dessa maneira, o espaço pode ser de quem tem condições
de investir mais: a indústria cinematográfica.
8.1.4- Otimização de cobertura
A flexibilidade com que algumas plataformas permitem ajustar
os parâmetros de transmissão, possibilita à emissora ampliar a
capacidade de transporte (em detrimento da robustez do sinal), ou dar
uma maior robustez à transmissão (em detrimento da capacidade de
transporte). Essa flexibilidade poderia ser empregada para se otimizar a
cobertura, dado que existem no país regiões com condições geográficas
bastante diversas, requerendo, em algumas delas, sinais mais robustos
do que em outras. Cada emissora poderia ajustar os seus parâmetros de
transmissão de modo a obter a máxima capacidade de transporte para a
condição geográfica local.
Entretanto, pode-se pensar que tal diversidade de modos de
operação trará como conseqüência um desequilíbrio na oferta das
programações oferecidas aos públicos dessas diferentes regiões; ou seja,
usuários residentes em locais planos contariam com mais opções de
programação ou de serviços do que os residentes em áreas acidentadas.
Todavia, penso que as evoluções tecnológicas e questões econômicas
não permitirão que todos os serviços de programação estejam restritos
apenas às regiões planas.
8.1.5- Transmissão hierárquica
98
A transmissão hierárquica consiste na transmissão de parte
dos bits com um grau de robustez maior do que o dos demais. Com isso,
criam-se dois tipos (ou camadas) de sinais: um, mais robusto, destinado a
ser captado por todos os usuários, mesmo em situações bastante
adversas; e o outro, menos robusto, destinado a ser captado pela maioria
dos usuários que se utilizam de antenas externas ou que estejam em
locais de recepção não hostil.
Tal partição poderia ser empregada por exemplo para se
transmitir um programa de HDTV na camada menos robusta, destinada a
ser captada pelos telespectadores da área urbana ou residentes em uma
região mais central da área de cobertura. Um segundo programa, com o
mesmo conteúdo que o anterior, seria transmitido em LDTV ou SDTV na
camada mais robusta, para contemplar os usuários residentes em locais
de difícil recepção, afastados da antena transmissora, em zonas de
sombra, ou ainda utilizando receptores móveis.
Portanto, essas novas características deverão ser agregadas à
programação convencional para tornar o serviço de televisão mais
interativo, rico em informações e interessante para o telespectador. O
desfrute desses novos recursos é feito utilizando-se o controle remoto
como dispositivo de entrada de dados (ou seja, o controle remoto faz o
papel que o mouse faz para o computador).
Para aplicações mais sofisticadas, o terminal (televisor ou
URD) poderia contar com um teclado sem fio.
8.1.6- Multimídia e Hipermídia
Multimídia é a apresentação de informações utilizando-se das
diversas formas possíveis de comunicação: sons, imagens, textos e
sensação tátil58. A televisão analógica disponibiliza as duas primeiras e,
de uma forma limitada, a terceira. A televisão digital, por possuir uma
melhor resolução (especialmente no caso de EDTV e HDTV), possibilita
uma utilização mais intensiva de textos com letras menores e gráficos
58 In: Relatório Integrador, p.74.
99
com detalhes finos. E o áudio com freqüências hiper-baixas reproduz, em
certa medida, as vibrações que são percebidas mais pelo tato que pelo
ouvido. Desta forma, a televisão digital, ao aumentar o número de meios
possíveis pelos quais uma informação pode ser transmitida para as
pessoas, através de diferentes órgãos dos sentidos destas, contribui para
melhorar a qualidade técnica da comunicação.
A multimídia é um recurso disponibilizado pela televisão digital,
mas a sua completa fruição depende das características do aparelho
receptor do usuário. Por exemplo, um televisor analógico não será capaz
de exibir, com a qualidade necessária, textos em letras pequenas ou
gráficos com detalhes finos. E para a reprodução do áudio com
freqüências hiper-baixas, o usuário necessita de um sistema de som
complementar ao da TV.
Já a hipermídia refere-se à possibilidade das pessoas
“navegarem” pelas informações, ou seja, de obterem informações
adicionais através de interações com um programa (de computador) que
reage de acordo com os comandos recebidos.
A hipermídia é um recurso hoje comum em
microcomputadores, porém ainda ausente na televisão analógica. Ela é
baseada em uma interface (imagem) composta de objetos clicáveis, ou
seja, objetos que podem ser de alguma forma selecionados e “clicados”,
tal como fazemos hoje com os computadores. Ao serem “clicados”, esses
objetos ativam comandos que podem ser, por exemplo, “exibir mais
informações sobre um detalhe da imagem” ou “substituir a imagem atual
pela de outro programa”. Uma imagem de televisão contendo objetos
clicáveis forma, então, uma interface hipermídia, possibilitando ao usuário
selecionar objetos e, a partir dessa seleção, obter informações adicionais
relacionadas ao programa em curso, mudar para outros programas,
efetuar compras eletrônicas, divertir-se com jogos eletrônicos, entre
outras possibilidades.
Os recursos necessários para um telespectador usufruir-se da
hipermídia localizam-se na URD. Desta forma, mesmo os usuários que
utilizem-se de um televisor analógico acoplado a uma URD não estarão
impedidos de usufruírem dos recursos hipermídia dos novos programas
100
de televisão, porém, vale lembrar-se que ainda com qualidade de
imagens do sistema analógico.
8.1.7- Interatividade e Canal de Retorno
A hipermídia disponibiliza à televisão digital um de seus
principais atributos – a interatividade. Entretanto, para que esta seja
completa, é necessário considerar-se a questão do canal de retorno. Sob
esse aspecto, existem três graus possíveis: a interatividade local, a
interatividade com retorno por um canal não-dedicado e a com retorno por
um canal dedicado.
Interatividade localA interatividade local ocorre quando toda a informação
necessária é inicialmente transmitida pela emissora e armazenada no
receptor do usuário. A partir daí, o usuário passa a utilizar interativamente
os recursos hipermídia, “navegando” pelas informações disponíveis
localmente. Somente quando e se o usuário efetuar um comando que
implique em mudança de programação, um novo fluxo de programa é
selecionado pelo receptor e as informações anteriormente armazenadas
são substituídas pelas do novo programa.
Esta forma de interatividade não requer canal de retorno. Como
conseqüência, ela não possibilita as chamadas aplicações transacionais
como, por exemplo, o comércio eletrônico, quando uma informação
gerada pelo telespectador deve ser enviada para a emissora.
Interatividade com canal de retorno não-dedicadoNeste caso, pode-se ter aplicações transacionais – aplicações
em que há uma troca de mensagens entre o receptor do usuário e alguma
máquina servidora localizada remotamente. Entre elas destacam-se o
101
comércio eletrônico, o acesso à Internet e a troca de mensagens (e-mail).
As mensagens originadas pelo receptor do usuário são transmitidas para
o servidor por meio de uma rede não específica, como por exemplo, a
rede telefônica fixa comutada. Nesse caso, o receptor contém a
funcionalidade de modem telefônico, que efetua os procedimentos
necessários. No caso de terminais portáteis e móveis, o retorno poderá
ser efetuado com uso do serviço móvel celular.
A transmissão de mensagens do servidor para o usuário pode
ocorrer pela mesma linha telefônica ou como um fluxo de dados
incorporado ao programa televisivo.
O canal de retorno não-dedicado, embora tenha algumas
inconveniências, principalmente o tempo de latência necessário para se
efetuar a conexão e a possibilidade de não-conexão por indisponibilidade
de enlace livre, tem a grande vantagem de permitir a realização de
operações transacionais e ser uma tecnologia já disponível.
Interatividade de retorno de canal dedicadoEste é um estágio posterior de desenvolvimento, em que o
sistema de televisão teria um meio específico para a função de canal de
retorno. Tal meio poderia ser, por exemplo, um canal de televisão (6 MHz)
alocado para essa finalidade, e compartilhado entre as diversas
emissoras. O usuário necessitaria ter em sua residência, além de uma
antena receptora, uma antena transmissora que emitiria sinais na referida
freqüência e que seria captada ou na estação principal da emissora ou
mais provavelmente por meio de uma rede de antenas distribuída pela
cidade. A segunda opção, embora mais cara, seria a mais provável
devido à menor potência necessária no transmissor do usuário.
Alternativamente, poderá ser empregada uma rede de antenas
coletoras pelo prestador do serviço, utilizando uma freqüência diferente às
dos canais de televisão. Ou seja, a transmissão talvez seja possível via
rádio, LP (linha privativa) ou até mesmo via ADSL.
102
O canal de retorno dedicado apresenta como vantagem a
possibilidade de ser projetado com as características necessárias e
adequadas a esse tipo de tráfego: baixa latência, tempos de retardo
adequados às necessidades das aplicações e capacidade para suportar
tráfego composto tanto por surtos com grande volume de bits como por
fluxos contínuos.
Com isso, ele não amplia significativamente o leque de
aplicações que o canal de retorno não-dedicado possibilita, mas melhora
o desempenho das mesmas, particularmente em aplicações como jogos
com participação simultânea de várias pessoas ou videoconferências
associadas à discussão de algum tema que esteja sendo
simultaneamente televisionado.
103
8.1.8- Datacasting
O Datacasting refere-se à transmissão de fluxos de dados que
serão armazenados e processados pelo receptor. Tais dados podem estar
vinculados a programas, com a finalidade de permitir a interatividade
local; podem se referir a informações auxiliares, como por exemplo o guia
eletrônico de programação (EPG); ou ainda podem se constituir em
programas completos, como por exemplo, boletins meteorológicos.
Nesses casos, a transmissão dos dados é realizada de
maneira cíclica, conhecida como date carousel, e também denominada
“carrossel de dados”. A informação é dividida em segmentos que são
retransmitidos de tempos em tempos. A URD, ao “sintonizar” este fluxo,
começa a armazenar os segmentos, até tê-los todos em sua memória. A
partir daí, o usuário pode efetuar a interação/navegação local, consultar o
EPG, entre outros serviços. No caso de um programa interativo, o usuário
pode requerer alguma informação que não esteja no conjunto
armazenado localmente. Nesse caso, a URD acessa um outro fluxo onde
aquela informação pode estar localizada, e “carrega” todos os segmentos
do novo fluxo.
A técnica do carrossel de dados é interessante pois, como os
segmentos da informação são repetidos ciclicamente, em qualquer
instante em que o usuário ligue o televisor e tente acessar essas
informações, os dados são carregados rapidamente na memória da URD.
Além disso, em aplicações como boletins meteorológicos e
cotações financeiras, os segmentos podem ser continuamente
atualizados, fazendo com que o usuário receba a informação mais
recente. Outra vantagem do carrossel é superar a freqüente situação da
limitada memória disponível no aparelho receptor, que pode não ser
capaz de armazenar todos os segmentos necessários, fazendo com que,
à medida em que o usuário navegue pelas informações, novos segmentos
sejam capturados e armazenados, embora tal procedimento aumente os
tempos de latência da aplicação.
104
Mesmo sem a implementação de aplicações interativas, o
datacasting é importante para a atualização de informações quando o
usuário muda de canal, pois o novo canal terá novas tabelas de
programação.
8.1.9- API
A API (Application Programming Interface), é a interface entre o
sistema operacional da URD e as aplicações criadas para o usuário, tais
como jogos, comércio eletrônico, guia de programação, entre outros.
Pode-se dizer que é o equivalente ao API dos sistemas operacionais de
computadores, que fazem com que estes possam executar diferentes
programas e aplicativos, como planilhas eletrônicas e processadores de
textos que foram criados por terceiros a partir de padrões bem conhecidos
e estabelecidos. Assim como a interface gráfica é uma interface entre o
usuário e a máquina, a API é a interface entre a aplicação utilizada pelo
usuário e o sistema operacional da máquina. Com o advento da televisão
digital, o mercado está movimentando-se rapidamente da URD passiva,
projetada apenas para exibir a imagem na TV, para verdadeiros
microcomputadores em rede com várias possibilidades de interação,
capazes de processamentos gráficos sofisticados. O sistema operacional
e a API da unidade receptora são elementos críticos de um receptor de
televisão digital, embora sejam apenas duas peças em um grande
quebra-cabeças. Eles serão os responsáveis pela percepção que o
usuário terá dos novos produtos e aplicações, distinguindo-os do antigo
sistema analógico.
A API pode ser composta por um conjunto de comandos do
próprio sistema operacional ou, de uma maneira melhor elaborada, formar
uma camada à parte. Dessa forma, a API desempenha, então, a função
de interface entre um programa aplicativo criado por uma empresa, e o
hardware – sistema operacional criado por outra.
105
Com isso, diferentes empresas podem criar aplicativos para
uma dada URD e diferentes fabricantes de URD podem ter aqueles
aplicativos rodando em suas máquinas, permitindo a interoperabilidade de
aplicativos e terminais. Assim a unidade receptora está pronta para
executar uma aplicação, bastando que os fornecedores de conteúdo
criem estas aplicações seguindo as especificações da API.
8.2- Modelos de negócios para televisão digital
8.2.1- Programas secundários de televisão
Programas secundários referem-se a conjuntos de informações
que podem ou não estar vinculados aos programas de televisão. Alguns
exemplos são:
Guia eletrônico de programação (EPG)59
Na televisão digital, onde o usuário deve escolher um programa e não
mais um canal (que é conhecido por um número fixo), fazem-se
necessárias novas formas de busca. O EPG (Eletronic Programming
Guide) é um menu que possibilita ao usuário efetuar tal busca.
Tecnicamente, o EPG é um fluxo de dados que é transmitido junto
com os demais fluxos de informação (áudio, vídeo), podendo existir
um em cada canal ou um único agregando as informações de todos
os canais.
Compras eletrônicas e outras aplicações vinculadas a um programa. Tratam-se de recursos que possibilitam a um telespectador, por
exemplo, clicar em um ícone na tela e obter informações ou mesmo
efetuar a compra de um produto que esteja sendo exibido naquele
momento.
59 O EPG é, para a televisão digital, o equivalente aos guias de horários de televisão publicados nos jornais.
106
Isso é realizado com a inserção de hiperlinks na imagem e com a
transmissão de fluxos de dados que possibilitam ao usuário obter as
informações ou interações que deseja. Denomina-se de aplicações
vinculadas ao programa pois tais fluxos de dados são mapeados junto
ao programa que irá utilizá-los.
Boletins informativos e aplicações não vinculadas a programas.São programas independentes, porém que não exibem conteúdo de
vídeo convencional baseado em cenas dinâmicas. São, por exemplo,
boletins de tempo, cotações e outros informativos que são exibidos
em forma de textos ou gráficos, acompanhados ou não de um fundo
musical. Esses programas são compostos por fluxos elementares de
dados e talvez áudio (mas não vídeo), o que significa que eles
ocupam uma taxa de bits bastante pequena.
8.2.2- Diversidade de serviços e acesso à Internet
Ao mesmo tempo da transmissão de sinais de televisão sob a
forma de radiodifusão, a plataforma poderá ser utilizada também para a
transmissão de sinais de outros serviços de telecomunicações ou de valor
adicionado.
Um exemplo típico é o serviço de televisão por assinatura,
onde os programas são oferecidos apenas a seus assinantes. Um
segundo exemplo é o de acesso à Internet, quando a capacidade de
transporte da plataforma é utilizada para o grande tráfego de informações
no sentido descendente e o retorno é realizado por meio da rede
telefônica convencional. Esses serviços podem coexistir com os
programas de televisão dentro de um canal, ou podem ser providos
mediante o uso de canais específicos.
No futuro, com a convergência tecnológica, um mesmo
terminal, fixo ou portátil, poderá ser utilizado para se assistir a programas
televisivos, programas secundários, realizar acesso à Internet, ou ainda,
de uma forma mais abrangente, acessar programas multimídia
107
(compostos de sons, vídeo, texto e gráficos) e hipermídia (que possuem
links para uma livre navegação do usuário pelas informações e
seqüências de imagem e som). O sinal de retorno, nesse caso, poderia
fluir tanto por meio da rede de telefonia celular (discada) como por meio
de uma rede IP via rádio (dedicada).
8.2.3- Receptibilidade do sinal de televisão
A receptibilidade refere-se à possibilidade de tipos variados de
terminais, localizados em pontos diversos e sujeitos a diferentes
condições técnicas, receberem os sinais de televisão com o grau de
qualidade adequado. Quando examinado pela ótica da emissora, refere-
se à cobertura alcançada por esse sinal.
Nos sistemas de televisão analógica, uma vez estabelecida a
localização da antena transmissora, a sua altura e a potência irradiada, as
características de cobertura estão definidas. A partir daí, a recepção ou
não do sinal depende apenas da localização do usuário e do tipo de
antena por este utilizado.
No caso da televisão digital, outros parâmetros podem ser
considerados. O emprego de diferentes parâmetros de transmissão ou o
uso da transmissão hierárquica, quando a plataforma apresenta tais
flexibilidades, permitem à emissora ampliar o universo da possível
audiência, ou alternativamente, aumentar a capacidade de transporte e,
consequentemente, as opções de programas, sacrificando talvez a
recepção sob condições mais severas.
Para a cobertura de áreas de recepção mais crítica, ou zonas
de sombra, poderão ser empregados reforçadores de sinais ou redes de
antenas operando sincronamente à mesma freqüência (rede de
freqüência única).
Do lado do usuário, este poderá desejar desfrutar os
programas por meio de receptores fixos, utilizando antenas externas ou
internas, por meio de receptores instalados em veículos (recepção
móvel), ou ainda através de terminais portáteis.
108
8.3- Possíveis modelos de negócios
O modelo de negócio a ser adotado será o maior desafio para
a televisão brasileira, pois o que interessa para as emissoras é “segurar”
o espectador por mais tempo em frente à tela da TV. Dessa forma, a partir
dos principais atributos da televisão digital apresentados nas seções
anteriores, podem compor-se diferentes modelos de negócio.
Apresenta-se a seguir os principais modelos possíveis para a
situação brasileira60, porém não se pode esquecer que estes somente
serão válidos a partir da escolha da plataforma (ou padrão) para a
transmissão digital dos sinais de TV.
Modelo 1: HDTVEste modelo é caracterizado pela transmissão de um único
programa televisivo, na melhor resolução possível (HDTV). Podem ser
transmitidos, além disso, o guia eletrônico de programação (EPG) e
dados vinculados ao programa, além de programas secundários como
boletins informativos, até o limite em que os mesmos não prejudiquem a
qualidade do vídeo/áudio do programa principal.
Fundamentado na oferta de uma excelente qualidade de
imagem e som, o HDTV tem como vantagem o fato de ser um modelo
simples. Como desvantagens, o custo dos equipamentos é maior (tanto
para o telespectador quanto para as emissoras), tal como qualquer
produto no início de uma nova tecnologia. Dessa forma, será inicialmente
adquirido apenas por pessoas de alto poder aquisitivo, mas com o tempo
é possível que existam novas alternativas e isso tornará a tecnologia mais
acessível aos demais consumidores.
O que deveria acontecer era existir uma URD universal, dotada
sempre de recepção que inclua HDTV, de modo que os indivíduos
pudessem comprar este produto uma única vez e ir evoluindo nos
complementos, na medida de suas possibilidades.
60 As análises aqui realizadas baseiam-se no pressuposto de que todas as emissoras adotarão o mesmo modelo de negócio. Caso isso não ocorra, deve ser observada a ressalva “a” discorrida na seção 8.3.1.
109
Modelo 2: HDTV com replicação de conteúdoNeste modelo, aplicável somente para plataformas que
permitem transmissão hierárquica, é transmitido um programa em HDTV
numa configuração de menor robustez, e o mesmo programa (conteúdo)
é replicado em LDTV (ou eventualmente SDTV) em uma camada de
maior robustez, para possibilitar que pessoas com terminais móveis,
portáteis, ou sujeitos a condições hostis de recepção possam captar o
programa.
As informações de EPG e de boletins, neste caso, seriam
transmitidas na camada mais robusta.
Este modelo enfatiza a transmissão de imagem de alta
definição, ao mesmo tempo em que se preocupa com o atendimento de
todos os usuários (cobertura). Ele será necessário se a transmissão de
sinais de HDTV com uma robustez padrão se mostrar insuficiente para
atender a todos os usuários ou tipos de receptor (eventualmente incluindo
os terminais móveis). Tem como vantagem a maior receptibilidade e,
como desvantagem, o custo da replicação do mesmo conteúdo em dois
programas digitais distintos.
Modelo 3: HDTV e um segundo programa de L/SDTVNeste modelo, é transmitido um programa principal em HDTV e
um segundo programa, com conteúdo diferente, em LDTV ou SDTV,
conforme a capacidade de transporte do sistema.
Este é um modelo diferente do anterior. Neste caso, há ainda
uma certa ênfase na transmissão de um programa de elevada qualidade
(HDTV), ao mesmo tempo em que procura atender a uma necessidade de
informação de uma audiência segmentada. A emissora atenderia a um
segmento de audiência principal (por exemplo, jogo de futebol ou filme)
em HDTV e outro secundário (por exemplo, notícias) em SDTV.
Este modelo tem como vantagem a preservação da alta
qualidade de imagem (pelo menos em um dos programas) aliada a uma
certa diversificação de informações.
110
Para plataformas com robustez configurável, pode-se ter
emissoras em diferentes locais no país transmitindo com diferentes graus
de robustez, embora a transmissão em um modo mais robusto possa
inviabilizar o segundo programa em SDTV.
Modelo 4: HDTV e outros serviços de telecomunicações Neste modelo, é transmitido um programa em HDTV. A
capacidade remanescente de transporte é utilizada para a prestação de
um outro serviço, tal como a televisão por assinatura ou o acesso à
Internet.
Em relação a disponibilização de novos serviços para os
usuários, este modelo tem a vantagem de propiciar à emissora uma fonte
de receita adicional, que poderá ser crítica durante a fase de transição do
analógico para o digital. Como desvantagem, essa capacidade
remanescente é bastante limitada, não apresentando flexibilidade para
crescimento se houver aumento de demanda.
Este modelo não contempla o atendimento sob condições
severas de recepção.
Para plataformas com robustez configurável, pode-se ter
emissoras em diferentes locais no país transmitindo com diferentes graus
de robustez. Porém, a transmissão em modo mais robusto é feita
sacrificando parte do sinal não-televisivo, ou seja, a televisão por
assinatura seria em LDTV ou, no caso do acesso à Internet, a taxa de bits
disponível seria menor.
Modelo 5: Múltiplos programas em SDTVNeste modelo, a capacidade do canal é utilizada para a oferta
de múltiplos programas em SDTV (tipicamente quatro por canal). Cada
programa teria os seus próprios dados vinculados. Além dos programas
televisivos, haveriam os boletins e outras aplicações não-televisivas.
Do ponto de vista estratégico, este modelo é caracterizado pelo
foco no aumento da oferta de programações. Apresenta como vantagens
a diversificação de informações, o custo relativamente mais baixo para os
equipamentos de estúdio e monitor do usuário , uma qualidade de
111
imagem e som melhores que a recebida por meio analógico e, no caso do
usuário estar utilizando uma URD combinada a um televisor analógico
como monitor, não haver perda significativa de qualidade de imagem,
exceto nas transmissões 16:9. Como desvantagem, não há o efeito de
alta definição, para aqueles que contam com tal expectativa.
Como uma alternativa de uso desse modelo, a capacidade de
transporte pode ser utilizada para a transmissão de vários fluxos de vídeo
referentes a diferentes ângulos de visão de um mesmo programa.
Uma segunda alternativa refere-se à transmissão do mesmo
conteúdo em horários defasados (ver Near Video on Demand). Tal
alternativa somente faz sentido enquanto a maioria dos usuários não
possuir uma URD com dispositivo de memória.
Em qualquer desses casos, com o emprego de plataformas
com robustez configurável, pode ter-se emissoras em diferentes locais no
país transmitindo com diferentes graus de robustez. É provável que a
adoção de um grau de robustez maior implique em uma redução do
número de programas disponibilizados ao público.
Modelo 6: Múltiplos programas em EDTVTecnicamente, este modelo é similar ao anterior, exceto que,
em vez de se ter programas com resolução (qualidade) SDTV, teria-se
com resolução EDTV.
Este modelo privilegia uma melhor qualidade de imagem,
procurando atender ao quesito de múltiplos programas. O aumento na
qualidade da imagem sacrifica a quantidade de programas disponíveis,
que seria de dois ou três por canal, no caso brasileiro. Um telespectador
que utilizasse uma URD acoplada a um televisor analógico veria uma boa
imagem, porém não tão boa quanto aquele que possuir um monitor
EDTV. Mas a imagem ainda seria melhor do que aquela é vista nos
receptores analógicos atuais.
Este modelo tem, em relação aos que empregam HDTV, um
custo mais baixo tanto para os equipamentos da emissora quanto do
usuário, e uma maior oferta de programação. Em relação à SDTV,
112
apresenta a vantagem de uma melhor qualidade de imagem, com perda
no número de programações possível.
Modelo 7: Múltiplos programas SDTV com transmissão hierárquica
Neste modelo, aplicável somente para plataformas com
capacidade de transmissão hierárquica, o programa principal (em SDTV)
e o guia eletrônico de programação (EPG) são transmitidos na camada
mais robusta. O restante dos programas é transmitido em modo menos
robusto.
Este modelo privilegia o aspecto da cobertura. A sua vantagem
é a de garantir que pelo menos o programa principal seja captável por
todos os usuários da área de cobertura. Como desvantagem, é esperado
que os equipamentos para transmissão e recepção hierárquica tenham
um custo um pouco mais elevado que a transmissão não-hierárquica.
Modelo 8: Múltiplos programas em EDTV com transmissão hierárquica
Este modelo é similar ao modelo 7, exceto que é composto por
programas em EDTV. Apresenta como vantagens, em relação ao modelo
7, uma melhor qualidade de imagem e, em relação ao modelo 6, a ênfase
na melhor cobertura. É esperado que o custo deste modelo seja mais
elevado que o dos modelos 6 e 7.
Modelo 9: SDTV com outros serviços de comunicaçãoNeste modelo, é transmitido um programa televisivo em SDTV
e o restante da capacidade de transporte do canal é utilizado para a
prestação de outros serviços, tais como o de televisão por assinatura ou o
acesso à Internet.
Para o consumidor, ele apresenta a vantagem da
disponibilidade de acesso a outros serviços de telecomunicações ou os
de valor adicionado. Para a emissora, apresenta a vantagem de uma
fonte adicional de receita, podendo contribuir para facilitar a migração do
sistema analógico para o digital, por exemplo através do fornecimento,
pela emissora, de uma URD com o custo já debitado no valor da
113
assinatura. Uma desvantagem é que limita o acesso das camadas de
menor poder aquisitivo a esses serviços.
Modelo 10: EDTV com outros serviços de telecomunicaçõesEste é um modelo similar ao 9, exceto que o programa
televisivo é transmitido em EDTV.
Tem como vantagem uma melhor qualidade de imagem e
como desvantagem o menor número de opções de programas.
Modelo 11: Alternância de modos em diferentes horáriosNeste modelo, a emissora pode transmitir programas em
HDTV, SDTV ou EDTV em diferentes horários.
Tem como vantagem a grande flexibilidade para atender a
diferentes expectativas do público, alternando entre imagens de alta
qualidade (em filmes, esportes ou shows) e oferta de conteúdo
diversificado. Como desvantagens, para o telespectador, é reduzido o
número de programas veiculados em alta definição, enquanto o custo do
terminal é idêntico ao dos casos com HDTV.
Modelo 12: Alternância de modos em diferentes horários, com transmissão hierárquica
Este modelo é similar ao anterior, exceto que inclui a facilidade
de se realizar a transmissão hierárquica. Em determinados horários, seria
transmitido um programa HDTV com replicação de conteúdo como no
modelo 2. Nos demais horários, seriam transmitidos múltiplos programas
em SDTV ou EDTV com robustez diferenciada, como nos modelos 7 e 8.
Comparado ao modelo 11, tem a vantagem de apresentar uma
melhor cobertura do sinal. Como desvantagem, a transmissão hierárquica
pode implicar em um custo mais elevado para os equipamentos de
transmissão e recepção.
114
8.3.1- Observações acerca dos modelos de negócios
Os modelos de negócio apresentados na seção 8.3 são os
mais ilustrativos. Outras configurações intermediárias são possíveis e,
portanto, as seguintes considerações são feitas:
a) A análise dos modelos, particularmente de 1 a 10,
considera que todas as emissoras do país adotarão o
mesmo modelo. Caso isto não se verifique, deve-se
considerar que o custo do receptor (em particular o
monitor) será determinado pelo maior grau de
resolução (p. ex., HDTV) adotado por uma das
emissoras, mesmo que as demais transmitam apenas
em SDTV. Além disso, a adoção de diferentes
modelos de negócio pode elevar o custo da URD,
devido ao fator de escala ou à complexidade do
receptor.
b) Verifica-se atualmente uma certa polarização na
definição do modelo de negócio, ou privilegiando a
elevada qualidade da imagem (HDTV) ou
diversificando ao máximo a programação (em SDTV).
É necessário esclarecer que existem alternativas
intermediárias e que, mesmo a SDTV, apresenta uma
qualidade de imagem e som melhores do que a
televisão analógica convencional.
c) Embora programas em HDTV sejam captáveis com o
uso de URD e possam ser desfrutados mesmo em
televisores analógicos, deve-se observar que isso
suprime o seu principal atributo – a grande qualidade
da imagem. Uma imagem HDTV reproduzida em um
televisor convencional terá a qualidade da imagem
limitada pela resolução e formato de tela do mesmo.
No caso de televisores analógicos, mesmo os mais
recentes, tal resolução é tipicamente de 400 linhas e
440 pixels/linha e formato 4:3. Televisores para
115
aplicação home-theater, podem apresentar resolução
de 720 ou 1080 linhas, embora ainda mantenham o
formato 4:3.
d) A alternativa de se transmitir programas HDTV em
horário reduzido e múltiplos programas nos demais
horários, embora tenha a vantagem de se atender a
um mercado segmentado durante os múltiplos
programas, penaliza o consumidor que adquire um
receptor HDTV e somente pode desfrutar de
programas em alta definição em alguns horários61.
e) Para os modelos de múltiplos programas, não é
conveniente misturar programas em SDTV e em
EDTV, pelos mesmos motivos do item anterior (d):eles
penalizam o telespectador ao transmitir alguns
programas com uma qualidade inferior à esperada.
Particularmente, não é conveniente permitir uma
proliferação simultânea de programas com formatos
4:3 e 16:9, devendo-se adotar uma das linhas e a
outra ser utilizada somente como exceção,
f) A disponibilização dos serviços por assinatura pode
ser uma fonte de receita adicional para as emissoras.
Entretanto, isso requer a implantação de um sistema
de acesso condicional, uma eventual negociação com
outros provedores de serviços por assinatura para o
uso integrado desse sistema e o gerenciamento dos
custos operacionais associados. A televisão digital
propicia, para as emissoras, formas alternativas de
receita mesmo sem a adoção do serviço por
assinatura, como o comércio eletrônico realizado por
meio de hiperlinks.
61 Em um monitor de HDTV, (devido a sua alta resolução), defeitos na imagem que não apareceriam em outras modalidades acabam se tornando visíveis. Além disso, as imagens de DTV, para serem exibidas em um monitor HDTV, têm cada uma de suas linhas duplicadas, o que gera uma imagem mais pobre que a HDTV “autêntica”.
116
g) A adoção de diferentes configurações de robustez por
diferentes emissoras de uma mesma rede poderá
causar uma não-uniformidade na programação
transmitida, prejudicando os telespectadores situados
naquelas áreas com veiculação de programação mais
restrita. Por tal motivo, esta opção deve ser adotada
somente onde alternativas como a maior potência ou o
uso de reforçadores de sinal não possam ser adotadas
ou sejam insuficientes.
8.4- Modelos de negócios adotados em alguns países
Alguns países já definiram suas plataformas e, portanto,
adotaram modelos de negócio de acordo com o padrão. A seguir,
apresentam-se os modelos de negócio adotados nos Estados Unidos,
Europa, Japão e Austrália.
8.4.1- Estados Unidos
Inicialmente, os Estados Unidos estabeleceram uma grande
flexibilidade em termos de resolução da imagem, já que incluem os
formatos de HDTV (1080p, 1080e e 720p), EDTV (480p 16:9) e SDTV
(480e 16:9, 704x480, p/e, 4:3, e 640x480, p/e, 4:3).
Entretanto, a FCC voltou atrás e permitiu que as emissoras
transmitam apenas um sinal de televisão aberta, no modo HDTV.
Essa reconsideração deveu-se a fatores de ordem econômica
e política. A motivação econômica é que a FCC acredita que, se não
houver um firme apoio das emissoras à HDTV (ou seja, a uma maciça
transmissão de programas desse tipo), os consumidores não se sentirão
atraídos a adquirir um receptor de HDTV que, por enquanto, apresentam
preços bastante elevados. Por outro lado, a inexistência de uma grande
massa de consumidores com terminais de alta definição poderia inibir a
produção desses programas, devido ao seu alto custo.
117
O fator político é que existiram protestos de outros segmentos
econômicos, com a argumentação de que as emissoras estariam
pretendendo utilizar a faixa obtida gratuitamente (concedida para a
transmissão simulcast62) para a prestação de outros serviços de
telecomunicações – circunstância para a qual, normalmente, haveria um
“leilão” de uso de freqüência.
Com isso, o modelo norte-americano pode ser resumido como
sendo baseado na oferta de um único programa de televisão aberta de
altíssima qualidade (HDTV).
8.4.2- Europa
O padrão DVB divide os receptores em quatro grupos: os
destinados para uso com freqüências de 25/50Hz e os de freqüências
30/60Hz; e, dentro de cada tipo, os que operam apenas com nível SDTV
e os que operam em nível HDTV.
Para o nível HDTV, tanto os sistemas de 25/50 Hz quanto os
de 30/60Hz deverão trabalhar com a resolução de 1080 linhas e 1920
pixels/linha.
Para o nível SDTV, os sistemas de 25/50 Hz podem adotar
vários níveis de resolução, mas sempre operando com 576 linhas ou 288
linhas (esta última seria uma LDTV). Os sistemas de 30/60 Hz igualmente
podem adotar vários níveis de resolução, mas tendo como referência 480
linhas ou 240 linhas (LDTV). O DVB faz ainda uma distinção entre a
SDTV e a EDTV baseado no sistema de áudio: a SDTV tem um som
estéreo (2/0), utilizando MPEG-1/ camada2, enquanto que a EDTV teria
áudio 5/1, portanto com MPEG-2/camada2. Opcionalmente, um sistema
DVB pode utilizar áudio Dolby AC-3.
62 Simulcast significa a transmissão coincidente de uma programação idêntica pelos radiofusores de canais tanto analógicos quanto digitais. Essa definição não deve ser confundida com o outro significado de transmissão simultânea que se refere à situação das radiodifusões de qualquer conteúdo que estejam sendo transmitidas nos canais tanto analógicos quanto digitais durante um período de transição de vários anos.
(Fonte: Anatel/2001).
118
8.4.3- Japão
O Japão prevê utilizar quatro níveis de resolução. Porém, deve-
se observar que no Japão existem sistemas de 50 e de 60 Hz
(respectivamente, na metade norte e metade sul do país).
Embora o modelo de negócio no Japão ainda não esteja
claramente estabelecido, a plataforma ISDB foi projetada para ser
aplicável a diversas configurações de negócio, e não apenas para o
transporte de um grande feixe de bits de televisão. Dessa forma, o ISDB
tem as seguintes facilidades:
a) Um receptor de faixa estreita é capaz de receber e
decodificar um segmento do sinal completo de faixa
larga. Ou seja, um receptor não-televisivo (rádio ou
notebook dotado de antena) pode receber e reproduzir
as informações de faixa estreita do canal.
b) O feixe de bits pode ser “empacotado” em dois grupos
de bits distintos, para programas ou aplicações
distintas, com diferentes níveis de robustez. Esses
grupos de bits podem assumir qualquer valor que seja
uma fração duodecimal do feixe total.
Dadas as características da plataforma, é esperado que o
modelo de negócio japonês tenda para um modelo bastante flexível,
aglutinando ao serviço de televisão diversas outras aplicações, de modo a
torná-lo algo mais parecido a um serviço de acesso a informações
multimídia.
119
9 - INVESTIMENTOS DE GERADORAS E RETRANSMISSORAS
No Brasil, existem retransmissoras:
que recebem sinais terrestres, não só via microondas, mas também
captados do ar de geradoras ou outras retransmissoras e recebidos de
‘’links’’ analógicos em UHF;
que recebem sinais digitais, via satélite em banda C (4 GHz ) ou em
banda Ku (12GHz), geralmente provindos de uma cabeça de rede
geradora. Esses sinais correspondem à programação da geradora
analógica;
que recebem sinais analógicos, via satélite em banda C, das cabeças-
de-rede nacionais.
A introdução da tecnologia digital traz a possibilidade, para as
prestadoras do serviço de televisão, de concretizar “sonhos” de longa
data: a transmissão de imagem e som com qualidade de cinema, os
programas interativos e o terminal multifuncional do usuário.
Entretanto, a concretização dessa possibilidade requer
investimentos em novos equipamentos e a produção de programas dentro
de novos paradigmas.
Do ponto de vista tecnológico, a prestação do serviço de
televisão apresenta três grandes etapas: produção, transmissão nas
geradoras e retransmissão. Assim sendo, as principais etapas do
processo de produção de programas de TV são: captação, que
compreende a tomada de imagens e sons em estúdio ou externa;
produção, que compreende a edição de programas pré-gravados ou o
tratamento e transporte dos sinais em tempo real no caso de programas
ao vivo; pós-produção, que compreende a adição de efeitos e
sonorização nos programas pré gravados e ao vivo; transmissão e
retransmissão, que compõem o processo de transporte do sinal até o
120
telespectador final na cidade onde o programa foi gerado no caso da
transmissão e para outras cidades do país no caso da retransmissão63.
Esse capítulo aborda as questões referentes às três etapas
com a finalidade de um melhor entendimento e conhecimento dos dados
fornecidos.
9.1- A Produção
Independentemente da Transmissão e Retransmissão digital
ainda não estarem implantadas no Brasil, as nossas principais emissoras
de TV vêm, nos últimos 6 anos, digitalizando progressivamente os
equipamentos e esquemas utilizados nas etapas de Captação, Produção
e Pós-Produção as quais passaremos a chamar genericamente de
Produção.
Todas as atividades da geração de conteúdo entre a gravação
das cenas e a mesa de operação (cortes), se for transmissão ao vivo, ou
armazenamento para posterior pós-produção, envolve a produção. Além
disso, envolve também a transmissão de sinais entre estúdios e a sala de
controle mestre e, no caso de reportagens externas, a interligação entre
um veículo móvel e a respectiva base.
As atividades de gravação, armazenamento, edição e pós-
produção são realizadas utilizando-se padrões que podem ser totalmente
distintos daquele utilizado para levar o sinal até o telespectador final. No
caso analógico, os equipamentos de estúdio empregados podem ser em
padrão S-VHS ou componente (RGB, YUV) e, no momento de se efetuar
a transmissão para os telespectadores, o material é transcodificado para
PAL-M.
Com a TV digital, as diversas etapas do processo produtivo de
conteúdo televisivo não devem ser alteradas na sua essência. Entretanto,
cada etapa ganhará em sofisticação, em função da adição de conteúdo
interativo.
63 A definição do padrão de TV Digital afeta apenas as etapas de transmissão e retransmissão.
121
As emissoras de pequeno e médio porte do Brasil que ainda
não iniciaram a digitalização de seus equipamentos de produção utilizam
equipamentos analógicos nos padrões NTSC, PAL-M ou Componente
Analógico, convertendo, quando necessário, esses formatos para o PAL-
M no momento da transmissão. Entre esses equipamentos, encontram-se
câmeras, máquinas de vídeo tape, ilhas de edição, mesas de corte,
monitores, entre outros. Os principais fornecedores já não mais oferecem
esses equipamentos na versão PAL-M e vem reduzindo, ano após ano, a
oferta nas versões NTSC e Componente Analógico, investindo quase que
totalmente seus recursos no desenvolvimento da ampliação das versões
digitais e de HDTV desses equipamentos.
Para as grandes redes e as maiores emissoras do Brasil que já
produzem com equipamentos digitais (câmeras, VTs, mesas de corte,
monitores, ilhas de edição, etc..) há uma grande variedade de famílias de
equipamentos em uso, com faixas de preço distintos. Essas mesmas
emissoras já vêm utilizando tal tecnologia há algum tempo em sua etapa
de produção, utilizando “padrões de estúdio”. A gravação,
armazenamento e edição são efetuados em forma digital e, de forma
similar ao caso anterior, apenas no momento da transmissão para o
usuário final é efetuada a conversão dos sinais para o analógico PAL-M.
Alguns dos padrões digitais em uso nas emissoras de televisão são
suportados por diversos fabricantes, enquanto outros são proprietários,
tendo um fornecedor único.
Esses equipamentos apresentam uma extensa gama de
preços. Por exemplo, câmeras portáteis da série DV (PAL-DV ou NTSC-
DV), de uso profissional, podem custar entre US$ 4.000 e US$ 20.000,
com a correspondente diferença na qualidade da imagem capturada sob
condições mais críticas. Mas além das câmeras, os estúdios utilizam uma
extensa gama de equipamentos e acessórios, tais como gravadores, ilhas
de edição, roteadores, monitores, servidores diversos (efeitos sonoros,
inserção de comerciais), além de transmissores e receptores.
122
De acordo com Nelson Faria Júnior, do Departamento de
Engenharia da Rede Globo, em entrevista para a Revista Vídeo Zoom
Magazine64, a emissora já produz em tecnologia digital, desde a captação
de externas, estúdio, pós-produção e efeitos especiais. Isto significa que
não existe perda de qualidade entre a captação e o produto final. Além do
mais, a Globo já se prepara há cerca de 5 anos, desde a inauguração do
Projac, investindo em equipamentos que permitem à a emissora
preparação necessária para a transição do sistema digital. (Ver também
DOC.03).
Assim sendo, os investimentos nos sistemas de produção
serão difíceis de estimar, pois dependem fortemente das estratégias que
cada emissora irá adotar.
9.2- Transmissão
Para esse trabalho de pesquisa, considera-se Transmissão
como sendo a geração de uma emissora para outra emissora, via
sistemas de microondas ou satélite. Este sinal de TV não é aquele
captado pelo público.
Dessa forma, pode-se dizer que várias são as etapas desde
que um sinal é gerado pela cabeça-de-rede até o receptor final, ou seja:
Transmissão: da cabeça-de-rede até a emissora afiliada.
Retransmissão: que subdivide-se em dois tipos,
a) da emissora afiliada até o transmissor desta mesma emissora para
outras localidades, isto é, neste local o sinal é inserido em um
transmissor local destinado aos telespectadores da cidade; e
b) da emissora afiliada até o telespectador.
64 MIRANDA, Angela. “PROJAC: A Cidade das Ilusões”, In Revista Vídeo Zoom Magazine, número 15, ano 02, Janeiro/2001, Crazy Turkey Editora, São Paulo, p.44-49
123
Repetidora: a estação que serve apenas para interligar o sinal da
geradora até o ponto de recepção, ou seja, são postos que recebem o
sinal, amplificam e transmitem para outro ponto. Por exemplo: a TV
Globo de São Paulo transmite para a TV Modelo (Bauru). Porém, o
sinal passa por estações de repetição uma vez que não é possível a
transmissão direta via repetidoras.
Dessa forma, as etapas para transmitir às cabeças-de-rede
envolvem:
a conversão (codificação) do sinal ou sinais do “padrão estúdio”
(qualquer que seja ela, como S-VHS ou D-6) em feixes de transporte
MPEG;
a modulação desse sinal segundo um dos padrões de transmissão de
televisão digital (ATSC, DVB ou ISDB); e
a conversão para a radiofreqüência (RF) adequada, a amplificação de
potência e sua irradiação.
9.3- Retransmissão
As programações originadas pelas geradoras são transmitidas
para os telespectadores por meio de uma cadeia de estações que inclui,
além das próprias geradoras, as suas retransmissoras. Estas podem estar
localizadas próximas às geradoras, tendo por finalidade cobrir uma região
de sombra ou estender a área de cobertura daquela; ou podem estar
localizadas em pontos bastante distantes, com a finalidade de levar o
sinal de televisão para municípios afastados.
Dessa maneira, o sinal recebido pela antena (seja de
microondas, seja de satélite) passa pelo respectivo sintonizador. O sinal
deve ser remodulado para o padrão de transmissão terrestre ao público,
nos canais abertos, amplificados e finalmente transmitidos para a
comunidade local.
124
Para o simulcasting em nível de retransmissora, existem duas
alternativas. A primeira é a duplicação de todo o segmento de
transmissão entre as estações; enquanto que a segunda alternativa, a
transmissão via satélite, passaria a ser realizada em forma digital.
Os sintonizadores de satélite normalmente oferecem opção de
saída PAL-M, ou seja, já contêm o decodificador MPEG e, com isso, o
transport stream seria utilizado para a modulação digital e o sinal PAL-M,
em banda-base, seria utilizado para a modulação analógica.
As implicações dessa alternativa são:
Evita-se a necessidade de um segundo conjunto de canais de satélite
para as redes de televisão, já que não há viabilidade econômica e nem
disponibilidade suficiente de capacidade de segmento espacial no
Brasil para que todas as geradoras possam transmitir seus sinais via
satélite;
A alternativa somente poderá ser implementada quando todas as
retransmissoras contarem com um sintonizador de satélite digital
(mesmo que ela não realize a retransmissão digital em um primeiro
momento);
Os usuários que atualmente se utilizam de sinais de satélite em Banda
C também teriam que adquirir receptores digitais para satélite.
Estima-se que o custo do conjunto de equipamentos para a
recepção e transmissão digitais para as retransmissoras fique entre
US$130.000 e US$300.000 (inclusive torre), conforme a potência do
transmissor (considerado de 250 W a 5 kW) e o tipo de receptor
empregado para receber os sinais da geradora.
9.3.1- Custos
O custo total da parte de transmissão depende de uma série de
fatores. Inicialmente, depende da possibilidade de compartilhamento da
torre do sistema analógico, dado o alto custo do mesmo. Em segundo
lugar, o custo do codificador MPEG depende fortemente do modelo de
negócio, além da qualidade da codificação em si.
125
O modulador, que determina a freqüência de transmissão,
depende tanto do modelo de negócio como do padrão de plataforma,
assim como depende também da potência e, eventualmente, da
freqüência de operação.
Portanto, estima-se que será muito alto o investimento nos
sistemas de transmissão e retransmissão, que as emissoras brasileiras
terão que efetuar nos próximos anos para viabilizar a transição para
digital. Torna-se, portanto, imprescindível que o novo modelo de negócio
da televisão digital viabilize receitas adicionais às atuais, provenientes
única e exclusivamente do mercado publicitário65.
65 In “Comentários à Consulta Pública 291/2001 – Televisão Digital/ Junho-2001” – Grupo ABERT/SET de TV Digital.
126
10 - RECEPTORES PARA TV DIGITAL
10.1- Introdução
A inclusão deste capítulo faz-se necessária nesta pesquisa,
porque, após os estudos realizados, deduz-se que a definição do sistema
digital para a TV brasileira vai influenciar e determinar novos processos
para a produção em TV. Assim sendo, tanto os profissionais atuantes na
área, quanto estudantes dos cursos de Rádio e TV, além de Cinema,
Audiovisual, Programação Visual, Publicidade, Jornalismo, entre outros,
sofrerão influência direta do futuro sistema a ser definido pela ANATEL.
A importância em relatar informações mais técnicas é relevante
na medida em que as definições aqui a serem determinadas, virão a
contribuir também para nossa forma de trabalhar no futuro, enquanto
comunicadores sociais.
Portanto, a inclusão deste estudo sobre o mercado de TV
deve-se ao fato que o meio está diretamente ligado à transição do
sistema analógico para o digital.
10.2-A Indústria e o Mercado de Televisores no Brasil
Após a correta escolha do padrão, os receptores serão o fator
mais decisivo para a implantação bem sucedida de TV Digital no Brasil.
Todas as condições abaixo são absolutamente necessárias para que o
Brasil não repita os insucessos da TV Digital de outros países do mundo:
Disponibilidade de receptores que, pela sua funcionalidade, sejam
atraentes e assim levem os consumidores a querer receber TV Digital;
Funcionalidades, como compatibilidade com todos os formatos de
transmissão SD e HD, imagem de definição e qualidade elevadas,
áudio de alta qualidade com surround, facilidade de instalação,
simplicidade de operação através de um único controle remoto, guia
eletrônico de programação, datacasting, interatividade, mobilidade e
portabilidade, além de multiplicidade de conteúdo;
127
Preço inicial acessível a uma considerável camada da população, de
forma que se assegure, desde logo, massa crítica para um
crescimento rápido e sustentado do número de telespectadores. Este
crescimento será auto realimentado, em função da sistemática
redução de preços e do aumento das ofertas de programação em HD;
Disponibilidades coordenadas de receptores e de transmissão digital.
Manaus é o local onde se fabrica a quase totalidade dos
televisores vendidos no Brasil, em decorrência dos benefícios fiscais. A
indústria teve, em 1999, uma produção de menos de 4 milhões de
unidades, bastante abaixo do recorde de 8,5 milhões registrado em 96.
Por outro lado, no ano de 2000 iniciou-se uma recuperação com a
produção excedendo 5,2 milhões de aparelhos. O crescimento no
primeiro quadrimestre de 2001 em relação a igual período de 2000 foi de
25,3%, segundo dados da Anatel, fornecidos pela Zona Franca de
Manaus-AM) mas há notícias de que houve retração após o mês de maio,
em decorrência da crise energética.
Há indicações de que os modelos de 14 a 20/21 polegadas são
responsáveis por quase 90% da produção, em termos de quantidade de
unidades. Estes televisores têm, no Brasil, preços similares aos
praticados nos Estados Unidos.
Os televisores de "tela grande", tipicamente de 29, 32, 34 e 38
polegadas, constituem o complemento do mercado, ou seja, pouco mais
de 10% das vendas, em quantidade. Por outro lado, esta participação
vem crescendo rapidamente.
Os reprodutores de DVD vêm também tendo um crescimento
de vendas acelerado: em 2000, foram vendidos quase 200 mil aparelhos,
contra 23 mil em 1999. No primeiro quadrimestre de 2001 foram vendidas
126 mil unidades. O DVD é um impulsionador das vendas de aparelhos
de TV de “tela grande”.
Os preços dos televisores de “tela grande” e dos DVDs, no
Brasil, são, de forma geral, maiores que os praticados nos EUA, em
128
média 25% mais altos. Esta diferença tem, entre outras, duas possíveis
causas: a menor taxa de nacionalização destes produtos e os ainda
baixos volumes de produção.
É importante salientar que existe uma diferença na maneira de
especificar o tamanho das telas entre Estados Unidos e Brasil. Enquanto
que nos EUA, é indicada a dimensão da diagonal útil da tela, isto é,
fósforo visível, no Brasil, indica-se a dimensão total externa do vidro.
Assim, o televisor brasileiro de 29" corresponde ao americano de 27", o
34" ao 32" e o 38"ao 36".
Assim como em todos os mercados onde está sendo
introduzida a TV Digital, no Brasil os fabricantes têm grande preocupação
de assegurar uma boa condução do lançamento da nova tecnologia. A
confusão dos consumidores, causada pela eventual má condução
mercadológica do processo, certamente teria um impacto negativo nas
vendas de televisores analógicos da linha de “tela grande”, a de maior
interesse daqueles consumidores que, tipicamente, serão os primeiros
candidatos a produtos de HDTV.
A exportação de televisores ainda é feita em escala
relativamente baixa pelo Brasil. Em 2000, o saldo de
importação/exportação de televisores a cores foi positivo em 90 milhões
de dólares (estes números referem-se apenas a produtos acabados e não
consideram a importação de componentes).
Naturalmente, uma unificação de padrões digitais na América
do Sul serviria de grande impulso para as exportações de aparelhos de
TV Digital. A possibilidade de desenvolver modelos de aparelhos de TV
Digital padronizados para toda a América do Sul propiciaria:
Eliminação de duplicidade de investimentos na adaptação de
produtos;
Ganhos de escala de produção e, consequentemente, preços mais
atraentes para o público e, portanto , uma penetração mais rápida.
Há que considerar que o padrão de vídeo de 50 quadros por
segundo (q/s) é adotado para TV analógica (PAL-N) na Argentina, no
129
Uruguai, no Paraguai e na Bolívia. Assim, mesmo sendo alcançado o
padrão único de transmissão de TV Digital no nosso continente, muito
provavelmente em 60 quadros/segundo, ainda haverá a necessidade dos
produtos padrão "América do Sul" acomodarem 50 e 60 quadros/s e os
diversos padrões de TV Analógica (PAL-M, PAL-N e NTSC).
Em suma, além das adaptações para a acomodação do padrão
digital a ser adotado, as seguintes adaptações deverão ser feitas nos
produtos para o nosso mercado:
Decodificação analógica nos padrões analógicos PAL-M, PAL-N e
NTSC;
Varredura vertical em 50 e 60 Hz para os sinais analógicos atuais;
Operação em 127 e 220 Volts, com amplas faixas de tolerância de
tensão (100~240V), e em 50 e 60 Hz;
Mensagens de texto na tela (On Screen Display - OSD), em
Português, Espanhol e Inglês.
Na realidade, a adaptação de produtos mundiais às
características acima enumeradas (exceto o padrão digital) é trivial e
certamente dominada por pela nossa indústria, pois é um tipo de trabalho
que vem sendo rotineiramente desenvolvido desde 1972, desde o
surgimento da TV em cores no Brasil.
10.3-Produtos de TV Digital existentes no mundo
10.3.1- Estados Unidos com o ATSC
O mercado dos EUA tem uma demanda anual de 25 milhões
de televisores novos. O comércio varejista americano de televisores mais
sofisticado oferece diversos produtos para TV Digital, inclusive uma ampla
linha de Televisores com capacidade de “display” em Alta Definição.
Nos EUA, é possível comprar televisores digitais integrados de
HDTV. Este tipo de aparelho, contido em único gabinete, é composto,
basicamente, de: um “display”, um receptor para as transmissões digitais
130
em ATSC e um segundo receptor para as transmissões analógicas
convencionais em NTSC.
No ano de 2000, a indústria americana vendeu 650 mil
dispositivos de HDTV, incluindo monitores, receptores digitais integrados
e set-top-box. Contudo, apenas cerca de 10% destas unidades incluía a
capacidade de recepção e decodificação dos sinais ATSC “do ar” .
Um dos fatores que estão aumentando a venda de monitores
HDTV é o considerável interesse dos consumidores no seu uso com
reprodutores de DVD. Segundo o Relatório Integrador, pelo menos um
fabricante americano (RCA) dá como brinde um Reprodutor DVD com
saída progressiva aos compradores de Monitores HDTV.
O baixo volume de vendas de receptores de TV digital, muito
inferior ao das expectativas iniciais, é freqüentemente associado aos
graves problemas de recepção de sinal digital que ocorrem nos Estados
Unidos e que vêm sendo divulgados na imprensa. Aliás, os resultados dos
testes no Brasil apontaram que o padrão norte-americano não conta com
uma boa transmissão terrestre. Outro ponto importante é a alta
penetração da TV a Cabo nos EUA, fazendo com que a esmagadora
maioria dos domicílios não tenha antena de TV para captação “do ar” .
Os receptores digitais americanos oferecem EPG (Guia de
Programação Eletrônico).
10.3.2- A Europa com o DVB-T
O padrão DVB-T está em operação em alguns países
europeus. No momento, a maior base instalada é a da Grã-Bretanha,
onde são oferecidos serviços digitais terrestres de broadcast gratuito e de
TV por assinatura.
A principal diferença do enfoque da Europa para o do Brasil é a
total falta de interesse dos europeus em TV de Alta Definição. Eles vêem
na TV Digital (DTV) terrestre um meio de fornecer uma melhor qualidade
131
de TV na resolução convencional, a chamada “Standard Definition” ou
SDTV, e a transmissão simultânea de diversos programas em cada canal.
Há produtos de consumo disponíveis para o público entre "Set–
Top-Box " e Televisores Digitais Integrados.
Há, na Europa, ampla oferta de televisores 16:9, com varredura
de 625 linhas e, em diversos casos, varredura vertical dobrada para
100Hz, de forma a evitar a cintilação característica da TV de 50 campos
por segundo.
Na Inglaterra, os STBs são fortemente subsidiados pelo
operador de TV por Assinatura, ficando o preço de venda para o
consumidor em aproximadamente 150 dólares, desde que associado a
uma assinatura.
Os receptores digitais oferecem EPG (Guia de Programação
Eletrônico).
10.3.3- A Austrália com o DVB-T/7 MHz
A Austrália é, até o momento, o único país que adotou o
sistema DVB-T com largura de faixa de canal de 7 MHz, diferente daquela
para a qual ele foi desenvolvido originalmente (8 MHz).
O projeto de TV Digital australiano tem como foco a TV de alta
definição (HDTV), ao contrário de todos os outros países DVB-T que
operam exclusivamente em definição convencional (SDTV).
Adicionalmente, é também o primeiro projeto de “Broadcast”
em HDTV com 50 campos/s. Outros países interessados em HDTV e com
distribuição de energia em 50Hz, como a Argentina, decidiram que as
transmissões de TV Digital seriam feitas em 60 campos/s, de forma a tirar
proveito da escala de produção de “displays” e equipamentos de
produção HD dos EUA e do Japão.
A Austrália resolveu também utilizar a codificação de áudio
Dolby AC3, diferentemente de todos os outros países DVB-T, que usam
simplesmente a codificação de áudio MPEG. A adoção opcional do AC3
exigiu a revisão da norma DVB-T.
132
O país tem uma população que não chega a 20 milhões de
habitantes, mas caracterizada por alto poder econômico. Dos 6,9 milhões
de domicílios, 60% têm 2 ou mais televisores.
Há apenas uma indústria montadora de televisores na
Austrália, a Sharp, e a demanda atual de televisores novos é de apenas 1
milhão de aparelhos por ano.
O início das transmissões ocorreu em primeiro de janeiro de
2001. E embora o plano inicial fosse o HDTV, até o momento as
transmissões estão limitadas apenas ao SDTV nos formatos 4:3 e 16:9,
devido à falta de receptores que suportem HDTV.
Ainda não há oferta de aparelhos de HDTV ao mercado
australiano, nem STBs, nem televisores integrados. O lançamento de um
STB HD marca DGTEC estava programado para o mês de Agosto/2001.
A especificação deste futuro STB HD prevê a compatibilidade com o
áudio AC3 e saídas de vídeo em SDTV e HDTV.
Atualmente há apenas um modelo de STB disponível na
Austrália. O aparelho decodifica apenas transmissões feitas em SDTV,
tem áudio limitado ao MPEG (não decodifica AC3) e é fabricado pela
Thomson. Este STB é vendido no varejo australiano a um preço
equivalente a 368 dólares dos EUA. Um segundo STB, também limitado a
SD, havia sido anunciado pela TEAC para lançamento em Março/2002
com igual preço. Há notícias de que, mesmo para disponibilizar este único
modelo de STB SD, os “Broadcasters” australianos tiveram que investir 6
milhões de dólares e custear a produção do lote inicial, assumindo o risco
do produto. Este fato também coloca em dúvida o grau de realismo do
preço do STB no varejo.
O motivo de todos estes problemas parece estar ligado ao
desinteresse dos fabricantes de TVs em produzir receptores de TV Digital
específicos para um mercado de volume tão limitado.
Os fabricantes exerceram forte pressão junto ao Governo
australiano, no sentido de poder importar os seus STBs da Europa, com
as modificações limitadas somente à largura de faixa do canal para 7MHz.
133
Embora na Austrália não haja, até o momento, TVs Digitais
Integrados, há oferta de monitores (Televisores Analógicos) com tela de
formato largo 16:9 (widescreen), similares aos produtos europeus.
Os radiodifusores australianos têm elevado interesse em
possibilitar a recepção móvel. Contudo, em decorrência das limitações do
DVB-T na acomodação simultânea de recepção móvel e fixa no mesmo
canal, com programação diferenciada, essa aplicação é ainda incerta.
No caso de a ANATEL cogitar na adoção do sistema DVB-T
para o Brasil, é fundamental que tome todas providências e proceda a
todas as negociações prévias necessárias, de modo a assegurar a
disponibilidade de receptores digitais no Brasil. Isto para não correr o
risco de ver configurar-se uma situação similar à que, lamentavelmente,
observa-se hoje na Austrália.
10.3.4- O Japão com o ISDB-T
O mercado japonês tem uma demanda anual de 10 milhões de
televisores novos. Destes, mais de 4 milhões são de “tela grande” (acima
de 22”). Os televisores de tela 16:9 (widescreen) foram em 2000 mais de
1,3 milhões. Os dados acima estão nas estatísticas oficiais da Jeita
(Associação da Indústria Eletrônica Japonesa).
O padrão japonês, embora utilize faixas de freqüências um
pouco diferente das brasileiras, tem também canais de 6MHz de largura.
O foco japonês para a TV Digital está principalmente no HDTV,
como o do radiodifusor brasileiro. Na realidade, o Japão vem oferecendo
aos seus consumidores transmissões de HDTV em formato analógico, por
satélite, já há alguns anos, embora com limitada programação e uma
penetração de 800 mil receptores HDTV apenas.
O Japão iniciou os serviços de transmissão digital de HDTV no
final do ano 2000, mas utilizando, inicialmente, a sua distribuição por
134
satélite de radiodifusão diretamente ao telespectador ou através de sua
posterior distribuição por cabo.
Devido ao enorme congestionamento do espectro
eletromagnético no território Japonês, foram necessárias modificações em
sua utilização para disponibilizar a faixa necessária para a transmissão
terrestre de TV Digital (ISDB-T). Há, no momento, 11 estações
experimentais de ISDB-T em funcionamento no Japão, mas o serviço
comercial terrestre só se iniciará em 200366.
Diversos modelos de televisores digitais integrados, set-top-box
e monitores HD digitais estão sendo vendidos com sucesso no Japão
desde Setembro de 2000.
A meta da indústria pretendia vender 10 milhões de receptores
nos mil primeiros dias. Segundo estatística da Jeita (Associação da
Indústria Eletrônica Japonesa), no primeiro quadrimestre de 2001 foram
vendidos:
52 mil Televisores Digitais Integrados para ISDB-T;
188 mil Set Top Boxes para ISDB-T.
Com isto a base instalada de receptores de TV Digital no Japão
já totaliza:
mais de 200 mil Televisores Digitais Integrados HD
mais de 400 mil Set Top Boxes HD
Contudo, os “front-ends” (sintonizador e demodulador) dos TVs
Digitais Integrados e STBs Japoneses são, até o momento, apenas
adequados à recepção do sinal do satélite.
Espera-se a disponibilidade de receptores digitais de consumo
com “front-ends” adequados à recepção do sinal terrestre em um espaço
de tempo relativamente curto. Inclusive de modelos universais, que
possibilitem a recepção de sinais terrestres, de satélite ou de cabo .
Na realidade, os monitores HD já são um produto maduro no
Japão, contando com uma base instalada de 800 000 unidades até o final
do ano 2000, recebendo as transmissões analógicas de HDTV por
66 Dados referentes ao primeiro semestre de 2001.
135
satélite. Estes, progressivamente, migrarão para o novo serviço digital
através de STBs.
10.4- Definindo os produtos de TV Digital no Brasil
10.4.1- Arquiteturas do Sistema de Recepção
Podem-se definir os tipos de produtos de TV Digital que
certamente serão oferecidos no Brasil nos dois primeiros anos de TV
Digital. Estas definições permitirão uma melhor análise das possibilidades
de usar produtos mundiais já existentes como projetos base para
adaptação ao nosso mercado e produção no Brasil. A configuração
possível é composta de dois aparelhos:
"Set-top-box" ou STB - contém fundamentalmente um bloco Receptor
Digital Terrestre .
Monitor - contém o bloco “Display” e o bloco Receptor Analógico.
Com as considerações acima, pode-se agora definir mais
precisamente os produtos básicos possíveis, para efeito de análise.
10.4.2- STB-HD/SD
O "Set Top Box" contém, basicamente, o bloco Receptor
Digital. O STB recebe a transmissão de TV Digital em qualquer formato
SD/HD de 60Hz (480i, 480p, 720p, 1080i) e, possivelmente SD de 50Hz
(576i, 576p).
Opcionalmente, este tipo de STB poderá incorporar também:
um receptor analógico PAL-M/NTSC/PAL-N, um receptor de DTH e
entradas de sinais externos.
Estas funcionalidades adicionais simplificam os sistemas
domésticos de recepção e tornam a operação fácil através de um único
136
controle remoto, ficando transparente para o telespectador o meio pelo
qual o programa chega à sua residência.
Independentemente do formato do sinal que está sendo
recebido, o STB-HD/ SD, através de conversor interno e de interfaces
adequadas, oferece tipicamente os seguintes formatos de saída :
SDTV - Em interfaces analógicas de diversos padrões físicos
(RF/Antena, Vídeo, PAL-M/NTSC/PAL-N/ Áudio), componentes
analógicas Y/R-Y/B-Y ou RGB e S-Video), de forma a exibir o programa
em um televisor analógico convencional em SD ou em um Monitor-SD em
480i/60 ou 576i/50. O STB tem tipicamente capacidade de escalar a
imagem de modo a produzir os diversos formatos de exibição, tal como o
letterbox, por exemplo.
HDTV - Em componentes analógicas de banda larga Y/R- Y/B-
Y e R/G/B que permitam a exibição do programa digital em um Monitor-
HD, em 480p/60 ou 576p/50 ou 1080i/60 ou 1080i/50. As transmissões
digitais recebidas em SDTV poderão ser processadas por um conversor
dobrador de linhas e fornecidas nas interfaces HD em 480p/60Hz,
540p/60 ou 576p/50Hz, formatos normalmente denominados de EDTV.
No que se refere ao áudio, o STB poderá decodificar apenas o
par estéreo básico ou oferecer saída para os 5.1 canais que serão
provavelmente previstos no padrão brasileiro.
A saída dos 5.1 canais poderá ser analógica (6 plugs RCA de
áudio) ou digital codificada (coaxial ou óptica), para decodificação externa
em um home theater, por exemplo. Neste último caso, a codificação AAC
adotada pelo ISDB, trará um complicativo adicional, pois os aparelhos de
home theater atuais são compatíveis somente com AC3.
O STB deve oferecer uma API67 que permita a execução de
aplicativos de interatividade. O Guia Eletrônico de Programação deverá
ser uma funcionalidade padrão de todo STB.
Um modem poderá equipar também o STB para prover um
canal de transações que permita interatividade na sua forma mais ampla.
67 Interface entre o sistema operacional da URD e as aplicações criadas para o usuário, tais como jogos, comércio eletrônico, guia de programação, entre outros.
137
Outra funcionalidade que poderá se incorporada ao STB é um
“slot” para cartões de Acesso Condicional, especialmente naqueles que
também incorporarem Receptor para DTH.
Naturalmente, poderá haver STBs com diferentes graus de
funcionalidade e preços, desde que sejam universais quanto à
compatibilidade com todos os formatos de transmissão de vídeo (SD/HD)
e de áudio, assegurando ao telespectador a recepção de toda a
programação, qualquer que seja o seu formato de transmissão.
10.4.3- Monitor-SD
O Monitor-SD contém os blocos de "Display" e de Receptor
Analógico.
Neste caso, o “Display” está limitado à exibição em “Standard
Definition” (SDTV) de alta qualidade, com capacidade de exibir nos
aspectos 16:9 e 4:3, podendo ter a tela nos formatos físicos 16:9 (imagem
4:3 com colunas laterais) ou 4:3 (imagem 16:9 em "letterbox").
Os sinais exibidos são os do Receptor Analógico interno e da
Interface para receber sinais externos de um STB-HD/SD ou outros
aparelhos como: VCR, DVD, STB de DTH e de TV a Cabo.
Basicamente, este produto é um televisor analógico
convencional, podendo ter processamento digital de vídeo que permita
escalar a imagem de forma a gerar os diversos formatos de exibição,
embora o próprio STB, de modo geral, já ofereça estes recursos.
10.4.4- Monitor-HD
O Monitor-HD contém os blocos de "Display" e de Receptor
Analógico. Neste caso, o “Display” de imagem tem capacidade de exibir
em alta definição e nas relações de aspecto 16:9 e 4:3.
Os sinais exibidos são os do Receptor Analógico interno e da
interface para receber sinais externos de um STB-HD/SD ou outros
aparelhos como: VCR, DVD, STB de DTH e TV a Cabo.
138
Tipicamente, o Monitor-HD deve suportar varreduras 480p/60
ou 540p/60, 576p/50, 1080i/60 ou 720p/60. O Monitor-HD incorpora um
dobrador digital de linhas para converter sinais analógicos recebidos em
480i/60 ou 576i/50 para 480p/60 ou 540p/60 e 576p/60, respectivamente.
No caso dos DVDs com saída progressiva, a interconexão de vídeo
poderá ser também 480p/60 ou 576p/50.
10.4.5- Televisor Integrado SD
O Televisor Integrado SD incorpora os três blocos: "Display",
Receptor Analógico e Receptor Digital em um só aparelho, que tem
funcionalidade equivalente ao conjunto formado por um STB-SD/HD e um
Monitor-SD.
10.4.6- Televisor Integrado HD
O Televisor Integrado HD incorpora os três blocos: "Display",
Receptor Analógico e Receptor Digital em um só aparelho, que tem
funcionalidade equivalente ao conjunto formado por um STB-SD/HD e um
Monitor-HD.
10.4.7- Outros Produtos de Consumo de TV Digital
Os produtos que foram caracterizados até agora são os
convencionais que estarão presentes no nosso mercado a partir do início
das transmissões digitais. Mas há dois outros grupos de produtos de TV
Digital de grande interesse.
O primeiro grupo é o dos produtos que já existem, mas ainda
não atingiram escala significativa devido ao seu atual custo elevado.
Estes produtos sofrerão, provavelmente, uma constante redução de
preços com o progresso da tecnologia e, num futuro não muito distante,
se tornarão muito mais populares.
Entre estes estão os Projetores de HDTV e os “Displays” de
Plasma.
139
É importante ressaltar que a TV de Alta Definição (HDTV) é
fantástica numa tela de 32”, contudo a experiência de HDTV se revela
muito mais dramaticamente em telas ainda maiores que só são possíveis
com Projetores ou Displays de Plasma. Assim, é evidente que as super
telas serão o sonho de consumo dos próximos anos para muitos
telespectadores.
Outro exemplo deste primeiro grupo de produtos é o Gravador
Digital Inteligente de TV. Esse produto, geralmente baseado na tecnologia
de unidades de Discos Magnéticos Rígidos, pode ser uma unidade
autônoma ou estar incorporado em um STB.
No segundo grupo, estão produtos que em fase de
desenvolvimento no momento e também dependendo do estabelecimento
de transmissões para suportá-los. E enquadram-se aqui os receptores
veiculares de TV Digital, os Telefones Celulares compatíveis com a
recepção de TV Digital, os Receptores de TV Digital em PDA (Palm top) e
as Redes Integradas Domésticas.
Naturalmente, cada um dos produtos citados neste item
merece um estudo detalhado, tão logo seja conhecido o Padrão e o
cronograma de implantação da TV Digital no Brasil.
140
11 - PERSPECTIVAS
Este capítulo procura oferecer uma visão geral do mercado
brasileiro de televisão. São apresentados alguns números relativos ao
atual mercado consumidor de televisores a cores, e esboçadas as
características de um possível modelo de migração para a televisão
digital.
11.1-Mercado Brasileiro de Televisores em Cores
11.1.1- Domicílios e Televisores
O Brasil possui cerca de 45 milhões de domicílios. Destes,
aproximadamente 85% contam com pelo menos um televisor, perfazendo
um universo de 38 milhões de lares com receptor de televisão. A
distribuição de televisores não é uniforme, estando concentrada nos lares
com maior poder aquisitivo. A maioria dos domicílios das classes sócio-
econômicas A e B contam com mais de um receptor, conforme o indicado
na tabela abaixo.
Televisores por
DomicílioClasse Sócio-Econômica
A B C D E1 2% 17% 52% 81% 55%2 20 % 45 % 40 % 12 % 2 %
3 ou 4 62 % 36 % 7 % 1 % 0 %5 ou mais 16 % 2 % 0 % 0 % 0 %
TOTAL 100% 100% 99% 94% 57%Tabela 6 – Distribuição de Televisores por Classes Sociais
FONTE: IBOPE – Março/2001
Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos
Eletroeletrônicos (Eletros), entre o início e meados da década de 90, os
aparelhos de 14 e 20 polegadas respondiam por 95% das vendas mas,
desde então, vem ocorrendo uma acentuada migração para as telas
acima de 25 polegadas. A estimativa de alguns fabricantes do setor é
que, por volta de 2002, esses produtos deverão responder por 25% das
vendas.
141
11.1.2- Expectativa da queda de preços
Toda tecnologia, quando introduzida no mercado, apresenta
preços elevados. Posteriormente, com a produção em grande escala, os
preços caem até atingir um patamar de equilíbrio.
Quando a televisão a cores foi introduzida no Brasil, no começo
da década de 70, seus preços eram elevados para a maioria da
população. Hoje, a televisão é um bem de consumo durável com preços
bastante acessíveis a todos. Verifica-se que a queda de preços dos
televisores a cores de 20 polegadas, entre 1975 e 2001 está na proporção
de 4:1, em dólares. Entretanto, isso não justifica o aparente custo
proibitivo que a televisão a cores tinha quando de sua introdução.
11.2- Opções para a fase de transição analógico/digital
A televisão digital, por ter recepção incompatível com a
televisão analógica, necessita ter o mesmo programa (conteúdo)
transmitido simultaneamente por meio de um segundo canal, em um
arranjo conhecido como simulcast. O canal digital poderá, além disso,
transmitir outros programas e aplicações, explorando todos os recursos
que a tecnologia vier a disponibilizar.
Durante a fase de transição, portanto, coexistirão canais
analógicos e digitais. Ao fim desta, quando todos os usuários (ou pelo
menos uma maioria significativa) tiverem migrado para o sistema digital, o
sistema analógico será desativado e o respectivo canal liberado.
O modelo de transição proposto segue as linhas gerais
adotadas em outros países, como por exemplo, os Estados Unidos. As
transmissões digitais seriam iniciadas de forma gradativa, começando
pelas grandes cidades. Isso ocorreria para que os investimentos
necessários na atualização de equipamentos, particularmente das
geradoras, pudessem ser adequadamente amortizados.
142
Do lado dos usuários, espera-se que o número de
consumidores interessados das classes A/B possam formar um mercado
inicial capaz de alavancar a produção em grande escala. De acordo com
a pesquisa de mercado 68, o sucesso da televisão digital não depende
apenas da tecnologia de transmissão, mas fundamentalmente da
programação e dos novos recursos disponibilizados.
Fase de transmissão voluntária
Início das transmissões obrigatórias
Fim do período de transição
Cidades de grande porte
Cidades de médio porte
Cidades de pequeno porte
FIGURA 13 – MODELO DE TRANSIÇÃOFONTE: ANATEL/2001
De acordo com a figura 13, as emissoras teriam um período de
adaptação (fase de transmissão voluntária), durante o qual já poderiam
realizar as transmissões no novo modelo. A duração dessa fase
dependeria do porte da cidade, sendo menor para as capitais e
municípios de grande porte.
68 CPqD: “Apêndices contendo as pesquisas mercadológicas qualitativas” – Volume II. janeiro de 2000.
143
Dessa forma, terminada a fase de transmissão voluntária, teria
início a etapa de transmissão obrigatória, conforme indica a figura a
seguir.
Fase de transmissão voluntária
Fase inicial de transmissões obrigatórias
Fase de crescimento
Fase de transmissão estabilizada
Término do Simulcast
FIGURA 14 – FASES DO SIMULCASTFONTE: ANATEL/2001
Na etapa de transmissão obrigatória, haveria uma fase inicial,
onde as emissoras transmitiriam pelo menos três horas de programação
no grau de qualidade estabelecido (HDTV, EDTV ou SDTV). Nos demais
horários, seria admitido que a emissora fizesse uma simples conversão
do material analógico para o digital. Nessa fase, não seria obrigatória a
cobertura de toda a área de prestação de serviço da emissora.
A seguir, viria uma fase de crescimento. Nessa fase, a
emissora deve aumentar tanto o número de horas de programação com a
qualidade definitiva, quanto a área de cobertura.
Ao final dessa fase, a emissora deverá ter 100% de sua
programação na qualidade definitiva (exceto para o caso da transmissão
de material antigo) e 100% da cobertura prevista no plano de alocação de
canais.
A fase seguinte é a da transmissão estabilizada, em que há
100% de transmissão simultânea, enquanto se aguarda a migração dos
consumidores.
O início da fase de transmissão estabilizada seria o marco para
outro evento: as emissoras que porventura não tivessem iniciado as
transmissões digitais até essa data perderiam direito ao uso do segundo
canal, devendo realizar as transmissões digitais e analógicas em horários
alternados utilizando o mesmo canal.
144
O término da transição poderia ocorrer simultaneamente em
todo o país ou gradualmente naqueles municípios em que se verificassem
as condições para a desativação do sistema analógico. Estes se
beneficiariam com a introdução antecipada de novos serviços ou
programações nos canais liberados.
145
12 - SITUAÇÃO BRASILEIRA
O padrão de transmissão da TV digital a ser adotado no Brasil
ainda não foi determinado, mas as emissoras de TV, produtoras
independentes e fornecedores de serviços já estão começando,
timidamente, a se aproximar do formato. Alguns projetos já estão sendo
captados em câmeras HDTV e outros têm captação em película e
finalização nos novos equipamentos de telecinagem e edição digitais de
alta definição.
A TV Record e a Rede Globo foram as primeiras a
demonstrarem a nova tecnologia da alta definição. Na fase de
experiências, em 1998, a Rede Globo realizou seus primeiros testes
durante a transmissão da Copa do Mundo de Futebol ocorrida na França.
Além desse evento captado em alta definição, os dois últimos
episódios do seriado “Mulher”, foram realizados em estúdio com câmeras
HDTV utilizando lentes fixas (tal como as de cinema) no final de 99. Já em
2000, a emissora fez a cobertura do Carnaval, assim como toda a parte
de dramaturgia do seriado “A Invenção do Brasil”, exibido na semana do
Descobrimento (Abril/2001), também foi captada no formato. A emissora
ainda não estabeleceu um projeto de implantação do sistema com a
realização dos testes, mas eles apontam uma linha a ser seguida.
As demais emissoras ainda não começaram a realizar testes
propriamente ditos. O SBT já adquiriu três câmeras e pretende utilizá-las
assim que forem definidos os rumos da dramaturgia na emissora.
Segundo o departamento de engenharia do SBT, mesmo sem a definição
do padrão de transmissão, as pesquisas de equipamentos serão
suficientes para oferecer um sinal digital para a região da capital paulista,
conforme já vem ocorrendo. No caso da captação, porém, a orientação é
a de que, se o novo estúdio destinado à dramaturgia for realmente
montado, toda a estrutura será compatível com HDTV.
146
Na TV Record as pesquisas de mercado também existem, mas
a emissora não pretende realizar nenhum teste enquanto não estiver
definido o formato de transmissão. A emissora chegou a receber algumas
câmeras para teste, mas preferiu aguardar o desenvolvimento do sistema.
Fora das grandes redes de TV, as iniciativas ainda são poucas,
mas a alta qualidade do resultado vem surpreendendo quem se aventura
pela nova tecnologia. A primeira experiência de produção total em HDTV
foi feita pelo jornalista Nelson Hoineff, que criou um documentário para a
Mostra do Redescobrimento (2000). Nesse caso, o maior destaque esteve
na exibição, que também foi feita, pela primeira vez, em HDTV69.
12.1- Padrões: Qual a melhor escolha?
O mercado brasileiro desperta o interesse dos maiores
investidores, tanto na área industrial quanto na de serviços, pois os 172
milhões de brasileiros poderão comprar até o equivalente a US$ 10
bilhões por ano, por volta de 2007, em equipamentos e serviços de
multimídia e telecomunicações. Daí a guerra dos lobbies que tentam
convencer a Anatel e o governo a adotar o seu padrão de TV digital, a ser
escolhido entre os três existentes: o norte-americano, o europeu e o
japonês.
Nunca se viu uma guerra tão acirrada de lobbies no Brasil
quanto a que ocorre a respeito da escolha do padrão de TV Digital a ser
adotado. A decisão depende, em grande parte, das negociações
internacionais que a Anatel está promovendo com os governos norte-
americano, japonês e europeu. E cada grupo possui fortes motivos para
defender seu sistema.
Os argumentos mais fortes dos norte-americanos é a possível
compatibilidade entre os países latino americanos virem a adotar o
sistema ATSC, que já opera em mais de 200 canais de televisão dos
EUA. Utilizando a mesma largura de faixa de freqüência prevista para o
Brasil (6 Megahertz), o sistema abre a possibilidade do uso de apenas a 69 ALMEIDA, Lizandra. “Um pé na alta resolução” , In Revista Tela Viva, Edição
Especial Setembro /2000 < http://www.telaviva.com.br/especiais>
147
metade dessa largura de banda para os canais de TV digital, ficando o
restante para a prestação de outros serviços, como comunicação de
dados de alta velocidade, Video On Demand (transmissão de filmes ou
programas de TV a pedido do espectador), teleshopping ou e-commerce,
jogos eletrônicos e outros. Um dos pontos criticados no sistema norte-
americano é a impossibilidade de recepção com antena interna. Os
defensores do sistema ATSC dizem que a recepção pode ser feita com
antena externa, como nos EUA, e que os preços de uma antena externa
não são elevados. Aliás, no Brasil, a grande maioria (85%) dos televisores
que recebem sinal aberto utilizam antena externa. Outra solução seria
aumentar a intensidade do sinal, embora encontre muita resistência em
tempos de crise energética.
Já o sistema DVB, adotado na Europa, tem o maior número de
usuários, certo amadurecimento tecnológico, porém utiliza-se de uma
faixa de freqüência mais larga, com 7 ou 8 MHz. O sistema foi adotado
na Austrália, com a opção da largura de faixa de freqüência em 7 MHz.
O diretor-executivo do Projeto Europeu, Peter MacAvock, e o
engenheiro Salomão Wejnberg, representante do sistema DVB no Brasil,
lembram que, com a largura de 7 MHz, o sistema permite até três canais
de TV digital e ainda sobram freqüências para outros serviços.
O DVB é, na realidade, uma família de padrões, com variantes
como: DVB-T, para transmissão terrestre; DVB-C, para televisão a cabo;
DVB-S, para difusão via satélite; DVB-MC, para difusão via microondas
até 10 GHz; e DVB-MS, para microondas acima de 10 GHz.
Para Ethevaldo Siqueira, o padrão europeu é acusado de
“vender” a ilusão de que, com a digitalização, a televisão aberta resolverá
todos os seus problemas de qualidade de imagem, dispensando o salto
para a alta definição. Tudo indica que as pessoas querem chegar à alta
definição (HDTV), com imagens ainda mais perfeitas do que a da TV
digital. A vantagem será o maior número de linhas e de pixels (elementos
de imagem) contidos na TV de alta definição. E as pesquisas realizadas
pelo CPqD demonstram que o público brasileiro quer mesmo uma
televisão com imagem de alta definição.
148
Ao que se diz respeito ao padrão japonês, o ISDB, (Integrated
Services Digital Broadcasting), sabe-se que ainda não opera
comercialmente. Os primeiros 100 mil domicílios japoneses recebem
imagens de TV digital exclusivamente via satélite. Ou seja, as
transmissões comerciais em sinal aberto terrestre só deverão começar
em 2003 ou 2004.
Os japoneses argumentam que seu sistema é o mais
sofisticado, pois permite, inclusive, recepção móvel em trens, ônibus ou
automóveis. O número de outras facilidades e recursos é tão grande que
o sistema foi apelidado carinhosamente de “canivete suíço da TV
digital”70.
O relatório de testes ABERT/SET aponta o padrão japonês
como o mais adequado ao Brasil. Mas os outros padrões também
entraram “em jogo” tentando convencer que deram certo em seus países
e porque não dar certo no Brasil. Os testes realizados entre 1998 e 2000,
foram realizados com os três padrões (ATSC, DVB e ISDB). E é nisso que
a ANATEL pretende tomar como base para a escolha, mais uma vez
adiada71, que provavelmente ocorrerá no início de 2002.
12.2- E o que vai mudar no modo de se ver TV?
No início da televisão, os telespectadores não entendiam muito
bem o que vinha a ser tal meio e nem estavam habituados às mudanças
tecnológicas. Através de conversas informais com pessoas que
presenciaram o advento desta mídia, na maioria delas constatei que
referiam-se à TV como “um rádio com imagens”. Afinal de contas, esta
fôra a maior expectativa durante o início dos anos 50.
70 SIQUEIRA, Ethevaldo. “Prepare-se: vem aí a revolução da TV Digital” In: O Estado de S.Paulo, Economia, 03/06/2001.
(http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2001/06/03/eco071.html)71 Na verdade, a escolha dos padrões era para ter ocorrido em Novembro/2001.
149
Para efeitos comparativos, imagine que um televisor, tão
comum hoje em dia, custava naquele período a metade do preço de um
automóvel. Era o valor, literalmente, dado à nova tecnologia. Sem
concorrência, as empresas que dominavam o mercado poderiam vender
aos interessados os aparelhos televisores pelo preço que lhes
interessasse. Tal como o rádio em seu início, o televisor representava
status para aqueles que o possuíam.
E o tempo passou.
A TV saiu do preto e branco e ganhou cores. Deixou as
válvulas e entrou na era do circuito integrado, permitindo a miniaturização
dos componentes assim como o desenvolvimento de novas tecnologias.
Hoje até existem televisores que mais parecem quadros já que são
pendurados nas paredes das residências! Sem falar nas possibilidades
que a televisão, enquanto meio de comunicação, irá proporcionar com a
chegada da TV Digital.
Através deste trabalho de pesquisa, pude compreender que a
tecnologia não só mexe com a estrutura do meio, mas sim com uma série
de fatores que fazem parte da televisão. Além dos profissionais que
colaboram tanto dentro de uma emissora, quanto aqueles que são
independentes, existe a questão de produção de programas (materiais
próprios e captação de imagens). Primeiramente, se pensarmos no caso
do jornalismo, como exemplo, que já é real, este passa por uma
reformulação na sua forma de realização. Com a miniaturização das
câmeras e as possibilidades da edição não-linear, os profissionais estão
buscando preparos adicionais dentro da área técnica, o que de certa
forma, não é lá muito bom para o Radialista, já que o campo de trabalho
deste profissional está sendo ocupado por outros e já não é dos
maiores... O que está sendo comum – e se tornará ainda mais – é o
próprio repórter ser responsável (além do próprio texto) pela captação e
edição de imagens. Isto é fato na TV Globo, que possui equipamentos
Mini-DV (formato digital) de fácil manuseio e que proporcionam as vídeo-
reportagens. O repórter Luís Nachibin, em entrevista ao programa Vitrine,
da TV Cultura, exibida em agosto/2001, disse que hoje atua como um
freelancer para a TV Globo. A emissora fornece a câmera (Mini-DV) e o
150
profissional realiza seu trabalho, já que o equipamento está cada vez
mais automatizado e, portanto, mais fácil de operar. Isto proporcionou à
emissora redução de despesas com viagens – principalmente as
internacionais – e profissionais que tinham que se deslocar por vários
dias.
Dessa forma, nota-se que a tendência é o surgimento de um
profissional que aqui refiro-me como “multitarefa”. Embora as produções
assumiram, nos últimos tempos, um grau de elaboração muito alto, ao
mesmo tempo o número de profissionais necessários na produção
diminuiu. A preocupação das emissoras é trabalhar-se muito, mas com
um quadro efetivo menor. E isto não acontece somente no setor
televisivo, mas em todos aqueles que passam por adaptações
tecnológicas.
A interatividade na TV – proporcionada pela TV Digital –
provavelmente exigirá a criação de outros perfis profissionais, com uma
formação mais direcionada para a tecnologia digital. Inclusive, aproveito
para destacar um termo que o repórter Mário Bonfiglio, da Revista Vídeo
Zoom Magazine, cita em relação ao surgimento de novos profissionais:
operador de sistemas digitais, que será o elo entre os diversos setores da
produção72. Este profissional, provavelmente, será o responsável pelo
tratamento e direcionamento dos diversos formatos de arquivos de dados
e vídeo para todos os demais setores de uma produtora ou emissora de
televisão. De certa forma, isto possibilitará a aplicação instantânea de
imagens ao vivo na televisão, além de abastecer servidores de dados
para o jornalismo e, também, para o arquivo.
O profissional encontrará além da necessidade de se
aperfeiçoar dentro da área através de cursos de qualificação e/ou
especialização, a necessidade de ter um diferencial perante todos ou
demais: a criatividade. Isto é válido não apenas para quem trabalha com a
produção e sim todos os profissionais envolvidos dentro de uma
emissora.
72 BONFIGLIO, Mário Luís. “Especial 50 anos de TV”, In: Revista Vídeo Zoom Magazine, Ano 02, numero 13, Crazy Turkey Editora, São Paulo.
151
A sensibilidade e a criatividade do profissional vão desde o
câmera responsável por compor imagens até o diretor geral que estarão
lidando com um novo paradigma, portanto, um novo modo de se fazer TV.
Portanto, o mercado tende ao crescimento pelo fato de que as
emissoras darão preferências às produtoras independentes para
produção de programas e conteúdos para acesso durante a programação.
Provavelmente, as produtoras de vídeo passariam a produzir conteúdos
para a TV além dos serviços de acesso, tal como o Video on Demand
(vídeo por encomenda), assim como a realização de produções
televisivas independentes, além de programas segmentados.
12.3-Daqui pra frente o que será diferente
Enfim, século XXI.
Todos que um dia assistiram ou ouviram falar de “2001 – Uma
Odisséia no Espaço” ou do desenho “Os Jetsons”, imaginavam que este
seria o século onde tudo já seria tão moderno que, ao menos, nossos
eletroeletrônicos já fariam “contato” conosco. Ou ainda, que tudo fosse
resolvido por um único botão e pronto: teríamos todas as facilidades da
vida moderna.
Não vamos dizer que o futuro imaginado ainda na década de
60 – ou um pouco depois – não tenha se aproximado dos indivíduos.
Surgiram as revoluções tecnológicas que nos proporcionaram evoluções
no decorrer dos tempos.
O que nos interessa, para este trabalho de pesquisa, está na
evolução dos meios cinema e televisão. O Cinema, nascido há mais de
cem anos, foi o grande incentivador do surgimento da televisão. Primeiro,
apenas retratava as atividades da vida cotidiana; não tinha som e muito
menos cor. Graças aos trabalhos de pesquisa daqueles que insistiram em
melhorar o meio, o cinema aderiu às novas tecnologias e não perdeu seu
espaço. Quando, em 1927 o cinema mudo deu espaço ao sonoro, as
personagens passaram a imortalizar frases e pensamentos, enquanto os
diretores trabalhavam de um jeito novo, apropriado para a “tecnologia” da
época. Assim sendo, a maleabilidade do meio permitiu que o cinema não
152
estivesse com seus dias contados a partir do surgimento da televisão. Se
hoje o cinema é digital, é pelo fato de que ele pode ser assim, devido aos
avanços que a tecnologia nos permite a fim de proporcionar mais
qualidade, principalmente no que se diz respeito à técnica.
De fato, as proporções do retângulo dos filmes de 35 mm são
incompatíveis com a tela quase quadrada (4:3) da TV. Ou seja, mesmo
com a alta definição, é fato que o nosso televisor não será nunca uma tela
de cinema, seja devido às proporções de tela, ou pelas diferenças das
imagens na tela (é preciso considerar que a tela do televisor tem luz
emitida enquanto que o cinema tem luz projetada). Utilizo-me das
palavras de Arlindo Machado73 quando explica que uma TV de alta
definição estaria a meio caminho entre cinema e televisão, ou seja, uma
espécie de cinema eletrônico. Mesmo ainda não estando definitivamente
na era da alta definição, a evolução dos meios para o digital oferecerá
possibilidades de transferir itens do universo da produção cinematográfica
para as mesmas tecnologias das produções em TV. O exemplo foi o
seriado “Mulher”, que utilizando-se das câmeras em HDTV, foi necessário
repensar enquadramentos, iluminação, cores e materiais para obter-se
um resultado positivo.
Em relação à mudança para o padrão de alta definição para a
TV, certamente, isto implicará uma melhora significativa na resolução de
imagem. Mas o padrão estético do novo formato depende de uma
adaptação, ou até de uma revolução completa dos técnicos e
profissionais da área. Tudo começa pela proporção. Se o formato 4:3 da
televisão transforma-se em 16:9 no HDTV, os enquadramentos acabam
sendo totalmente diferentes. Não poderia deixar de citar HOINEFF74 que,
durante a realização de um curta em HDTV para a Mostra do
Redescobrimento ocorrida durante o segundo semestre de 2000, teve a
necessidade de pensar no novo enquadramento e no “impressionante”
tamanho da tela.
73 MACHADO, Arlindo. A Arte do Vídeo. 3.a Ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p.52.74 ALMEIDA, Lizandra. “Um pé na alta resolução” , In Revista Tela Viva, Edição
Especial Setembro /2000 < http://www.telaviva.com.br/especiais>
153
Além do mais, Hoineff explica que as relações de contraste e
brilho mudaram e certas cores ficam mais realçadas. Assim sendo, vale
ressaltar que além do cuidado com os enquadramentos e cores de
cenários e figurinos, será preciso atenção ao que se diz respeito à
iluminação. Ou seja, dentro do quadro haverá mais espaço para detalhes
até então não observados ou percebidos pelas atuais câmeras de TV. Se
com as câmeras digitais já nota-se um certo cuidado com luz, imagine
quanto maior não será a preocupação com a iluminação!
Até aqui pensamos em uma das possibilidades proporcionadas
pela plataforma que virá a ser escolhida pela ANATEL, ou seja, a alta
definição. Mas a abertura para a convergência de mídias é uma das
preocupações das emissoras já que o sistema digital permite a
transmissão não só de som e imagem como de dados e textos.
Depois da alta definição nos televisores, este como sendo o
principal produto que divulgará a TV Digital após sua implementação, o
segundo passo será a TV Interativa. Quem não irá compartilhar a idéia de
poder assistir a um jogo de futebol ou um capítulo de novela por um
ângulo opcional e distinto? Saber qual é a marca e a loja mais próxima
que oferecem o produto visto na minissérie? São fatores que abrem
portas para a chamada TV interativa. Até então, comportava-se como um
veículo passivo, onde o telespectador ligava o aparelho e o máximo de
interatividade que conseguia (o que não acho que seja interatividade) era
zapear de canal em canal via controle remoto. A interatividade promove a
opção: utilizar-se de ferramentas que possibilitam o telespectador de agir
diante do monitor.
Mas a interatividade começou antes mesmo da TV de alta
definição se considerarmos o exemplo a seguir. Para os assinantes do
sistema de TV por satélite Sky, a partida entre Vasco e Bahia, válida
pelas oitavas de final da Copa João Havelange, em novembro de 2000,
houve a possibilidade de experimentar, na transmissão Pay-Per-View, os
recursos da TV Interativa. A tela do aparelho foi dividida em seis
pequenos monitores, que mostraram, simultaneamente, a partida sob
vários ângulos: o ângulo tradicional de transmissão, dois ângulos atrás
dos gols, replay com delay de 30 segundos, os melhores momentos e os
154
gols de outras partidas. A interatividade também permitia que o usuário,
por meio do controle remoto, maximizasse a tela desejada.
O sucesso da estréia fez com que a Sky exibisse outras sete
partidas de futebol no formato interativo e estendesse a experiência para
espetáculos como o Free Jazz Festival, a Copa Davis de Tênis 2001 e o
Oscar 200175. Na entrega do maior prêmio do cinema norte-americano, o
assinante pôde acompanhar a cerimônia em seis canais. Além dessas
transmissões, o serviço de TV por assinatura oferece outros recursos
interativos, como a TV Inteligente, que permite reservar um programa e
ser lembrado cinco minutos antes de começar e escolher filmes em Pay-
Per-View.
FIGURA 15 – TELA DO CANAL TELECINE (SKY) DURANTE A CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO DO OSCAR/ 2001
Assim como a Sky, a DirecTV também realizou estas
experiências com jogos de futebol, em canais variados, onde pelo acesso
ao controle remoto, conseguia-se assistir às partidas por ângulos
distintos, o que faz do espectador praticamente um “diretor de imagens”.
Outra experiência de TV digital no Brasil ocorre bem longe dos
olhos curiosos do público da TV aberta. Está restrita a um grupo de 250
usuários do serviço NET, oferecido pela GloboCabo em Sorocaba, Estado
de São Paulo.
Através dos estudos que realizei no decorrer dessa pesquisa a
respeito, pode-se dizer que um sistema de televisão digital é composto
75 ZYS, Neide. “TV digital - Melhor sob qualquer ângulo” In: Especial TV Digital. Terra On Line - Seção Informática.
Veja em:www.terra.com.br/informatica/especialtvdigital.htm
155
por três camadas, isto é, plataforma de transmissão, modelos de negócios
e aplicações (ou recursos). Por enquanto, aguarda-se uma definição
destas três camadas. E somente a partir daí é que poderemos afirmar
com maior precisão quais serão as tendências e o que ocorrerá com cada
uma. Este projeto propôs, através de dados referentes às pesquisas já
realizadas pela Anatel, dar um panorama geral do que vem a ser a TV
Digital e suas funcionalidades. Além disso, buscou a evolução tecnológica
dos meios (cinema e TV) a fim de estabelecer comparações e tentar
respostas para uma grande questão: o cinema perderá espaço para a
TV? Após esta pesquisa, creio que não. Cada meio conta com seu
espaço e por mais que se aproximem, serão linhas paralelas que, de
acordo com a geometria, não se cruzam.
Portanto, o cinema contribuiu com o avanço da TV. Mas ele
também se transformou e chegou à digitalização, por exemplo.
Disputando espaços nesta evolução tecnológica, pode-se dizer que foi a
TV quem sempre quis se aproximar do cinema em relação à sua alta
definição de imagens e sons e não o contrário. Assim sendo, os filmes
continuarão sendo produzidos para o cinema e a TV é um meio para
também distribuí-los.
156
CONSIDERAÇÕES FINAIS
157
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se dizer que toda evolução tecnológica é um processo
natural que os meios de comunicação atravessam para “sobreviver” e
manter-se através dos tempos. O fato de existir uma renovação para que
se modernizem, tanto com novas linguagens ou novas técnicas mostra
que a tecnologia não é revolucionária e sim evolutiva.
Ao longo de sua história, a televisão vem sofrendo
transformações, tanto em relação aos recursos de linguagem como aos
de suporte tecnológico – este como sendo a principal abordagem desta
pesquisa.
Assim sendo, ao utilizar-me do método hipotético-dedutivo para
a concepção desta monografia precisei ter acesso, além das fontes
bibliográficas, aos mais diversos documentos, dados e referências, a fim
de confrontar informações, criando bases para melhor compreensão
deste tema. Até então pouco explorado pela área da Comunicação, o
assunto TV Digital tem relevante importância na medida em que o
profissional desta área possa conhecer informações básicas, porém
necessárias, para saber o que fazer quando essas idéias e conceitos
tornarem-se parte da realidade.
Durante esta pesquisa procurei, de maneira um tanto que
imparcial em certos momentos, apresentar a evolução tecnológica TV, o
porquê da digitalização dos sinais, a relação cinema e alta definição
(HDTV), assim como as características do sistema de televisão digital e
suas possíveis (e prováveis) aplicações de acordo com a plataforma ser
escolhida pela ANATEL.76 Escolha que provavelmente ocorra no decorrer
do primeiro semestre de 2002.
76 Vale-se lembrar que as informações técnicas presentes neste estudo sobre TV Digital tem como base os dados de pesquisas realizadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), Grupo Abert/SET, além dos relatórios da Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).
158
Portanto, a partir dessa pesquisa, posso dizer que o que será
conhecido como TV Digital irá representar um novo conceito na tecnologia
de transmissão e recepção de sinais de televisão. Ou seja, uma somatória
de novas funções e de novos meios de gravação, geração e transmissão
de sinais de áudio e vídeo, além da transmissão de dados.
Novas maneiras de relacionar-se com a televisão enquanto
telespectadores. Novas formas de produzir televisão enquanto
profissionais habilitados na área da Radiodifusão. Com a chegada da TV
digital, todos nós experimentaremos novas maneiras de nos
relacionarmos com a mídia chamada televisão. Ou seja, pode-se dizer
que as mudanças na estética e na linguagem televisiva dentro do
universo digital estão apenas em seu inicio.
Assim, enquanto produtores e futuros produtores, devemos nos
preparar para ver, viver e aprender com a primeira evolução tecnológica
desde Baird, que modificará desde o modo de assistir e de se fazer
televisão. Isso faz parte de um processo evolutivo e não revolucionário,
portanto, preparemo-nos, pois a transição já começou: televisão,
digitalização. Enfim, TV Digital.
159
G L O S S Á R I O
160
GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS
ABERT – Associação Brasileira de Empresas de Rádio e TV, fundada em
Brasília em 1962. É uma sociedade constituída por empresas privadas de
radiodifusão autorizadas a funcionar no país.
AC-3 - Também conhecido como Dolby Digital. Este é o formato de som
que se utiliza de 5 canais separados (frontal esquerdo, frontal direito,
central, esquerdo e direito atrás do espectador) e um canal de subwoofer.
A/D – Símbolo para conversor de analógico para digital.
ADSL (Asymmetrical Digital Subscriber Line) – Sistema que possibilita
transmissão de sinais em banda larga nos cabos telefônicos metálicos.. É
a tecnologia que permite altas velocidades (acima de 8Mbps) no acesso à
Internet pelo uso de linhas telefônicas convencionais. É a mais comum
das tecnologias DSL, que são vistas como possíveis estágios
intermediários na transição para redes totalmente ópticas.
Afiliadas – Estações de TV que transmitem a programação da emissora
principal e fazem parte de uma rede.
Alta Definição – Sistema de TV cuja resolução está mais próxima à do
filme de 35 mm, enquanto a Televisão comum é comparável ao filme de
16 mm (em termos de resolução)
Amplificador – Dispositivo eletrônico que aumenta a intensidade de um
sinal.
Analógico – Sinal elétrico contínuo que transporta informação na forma
da variação de grandezas físicas como amplitude ou freqüência.
Anamórfico - É um processo para filmagem e projeção de filmes com
imagem alargada em salas de cinema. Uma câmera especial é usada
para ajustar a imagem horizontalmente durante a etapa de fotografia e
lentes auxiliares são usadas no projetor a fim de restaurar o comprimento
da imagem durante a exibição. O processo anamórfico é usado em muitos
filmes com relação entre largura e altura na proporção de 2:35:1, mais
especificamente nos atuais Panavision, e nos antigos CinemaScope.
Filmes anamórficos podem ser reproduzidos em telas de TV normal (4:3
ou Letterbox) ou em Formatos 16:9 (Widescreen).
161
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações. Órgão regulador do
setor no Brasil.
Animação – Técnica que transforma quadros parados em cenas em
movimento.
Antena parabólica – Antena utilizada quase sempre para comunicação
com satélites. O formato parabólico garante, teoricamente, que todos os
sinais paralelos que atingem a antena se concentrem sobre um único
ponto, o foco.
API (Application Programming Interface) – Interface entre o sistema
operacional da URD e as aplicações criadas para o usuário, tais como
jogos, comércio eletrônico, guia de programação, entre outros. Assim
como a interface gráfica é uma interface entre o usuário e a máquina, a
API é a interface entre a aplicação utilizada pelo usuário e o sistema
operacional da máquina.
Aplicação – Refere-se a softwares que, utilizando como infra-estrutura a
plataforma e o serviço de televisão, disponibilizam recursos e
funcionalidades aos usuários.
Armazenamento local de informações – Funcionalidade dos receptores
de televisão, ou de módulos acoplados aos mesmos, que permite o
armazenamento de informações (programas) em discos magnéticos ou
outros dispositivos, com a finalidade de possibilitar um melhor
processamento das informações pelo receptor, bem como para
possibilitar facilidades como a navegação hipermídia ou o deslocamento
temporal para o usuário.
Artefatos (Artifacts) – São irregularidades do sinal de vídeo quando ele
está na forma digital, ou seja, pequenos “defeitos” na forma de mosaicos
percebidos na imagem de TV quando há problemas na transmissão
digital.
ATSC (Advanced Television Standards Committee) - Comitê norte-
americano que definiu o padrão para a televisão digital, que entrou em
funcionamento naquele país em 1998. O ATSC também é conhecido
como o padrão americano de TV Digital.
Áudio - É a parte do sinal que carrega as informações de som.
162
Áudio adicional - Refere-se aos fluxos elementares de informação de
áudio que são transmitidos junto a um programa, especialmente aqueles
destinados a serem reproduzidos de forma alternativa, tais como
dublagens em diferentes idiomas.
Áudio 5/1 –Processamento de som Surround (que envolve) com seis
canais de som digital utilizando 5 canais de som mais um canal dedicado
para subwoofer.
Banda – Termo que designa uma determinada faixa de freqüências do
espectro eletromagnético.
Banda C - Faixa de freqüências de microondas situada entre 3,7 GHz e
4,2 GHz. É utilizada na comunicação por satélites e também em links
terrenos.
Banda de guarda - Faixa estreita de freqüências deixada vazia entre
duas faixas vizinhas e em uso. Destina-se a garantir proteção contra
interferências entre as faixas vizinhas.
Banda Ku - Faixa de freqüências de microondas, de 10,95 GHz a 12,7
GHz, utilizada entre outras coisas para aplicações espaciais e nos
serviços de DTH.
Banda larga - Faixa ampla de freqüências, usada para vídeo e serviços
integrados em geral, com som, imagens e dados.
BER (Bit Error Rate) – Abreviatura de taxa de erro para processamento
digital. Índice que mede a quantidade de erros (e portanto a qualidade) de
um sinal digital.
Beta – Formato magnético e mecânico para VTs.
Betacam – Câmera ou VT no formato Beta. Pode ser analógica ou digital.
Bidirecional - Rede que permite o tráfego de sinais nos dois sentidos
simultaneamente.
Bit (Binary Digit) – A menor unidade de um sinal, quando este se
encontra na forma digital. Pode assumir o valor 0 ou 1.
bps - Bits por segundo. Medida de velocidade de transferência de dados.
163
Brilho – É um dos atributos da sensação visual. Os outros são matiz e
saturação. É a capacidade que tem um objeto de sensibilizar um sistema
de captação (olho humano, câmera de TV, entre outros).Diz respeito à
potência luminosa emitida, ou refletida, pelo objeto.
Broadcast – Radiodifusão em canais abertos, de livre acesso ao público.
Broadcasting – Transmissão de uma informação (áudio, vídeo ou
ambos) para uma comunidade, usando antenas. É sinônimo de
Radiodifusão.
Byte – Conjunto de oito bits, formando uma unidade de informação.
Usualmente cada byte corresponde a um caractere.
Cabeça de Rede – Principal emissora de uma rede com a mesma
programação.
Cabeça de VT – Cabeça usada nos videoteipes. Podem ser de áudio,
vídeo, control track, sincronismo ou , de um modo geral, cabeças
gravadoras, reprodutoras e apagadoras.
Campo – É a metade de um quadro. Dois campos formam um quadro,
que é a menor informação de TV. A TV brasileira em cores opera com
59,94 campos por segundo; a TV preto e branco operava com 60 campos
por segundo, para acompanhar a freqüência das concessionárias de
energia elétrica (60 ciclos).
Canal - Para a televisão, “canal” pode ser entendido como um meio de
comunicação entre um ponto (de origem) e uma área (de recepção).
Nesse caso, mais especificamente, o canal corresponde a um espaço do
espectro de freqüências utilizável para a transmissão de um conjunto de
informações (6MHz no caso brasileiro).
Canal aberto – Canal de livre acesso (recepção gratuita).
Canal adjacente – Dois canais são adjacentes quando não há intervalo
de freqüência entre eles, ou seja, são próximos.
Canal de retorno – Meio físico utilizado para o escoamento de
informações no sentido ascendente, ou seja, do telespectador para a
emissora.
164
Canal de retorno não-dedicado - Canal de retorno não integrado ao
sistema de transmissão, valendo-se de outras redes de telecomunicações
por demanda, usualmente sendo utilizada a rede telefônica comutada.
Canal de retorno dedicado - Canal de retorno integrado ao sistema de
transmissão, empregando a mesma tecnologia que a utilizada no sentido
descendente, ou seja, da emissora para o espectador.
Canal de TV – Faixa do espectro eletromagnético alocada a uma
emissora para irradiar seus programas. No Brasil, que é sistema PAL e
padrão M, o canal ocupa a faixa de 6 MHz.
Cinemascope - Introduzido em 1953, o cinemascope oferecia uma tela
de cinema maior do que os espectadores estavam acostumados.
Utilizava-se o processo da anamorforse, que consiste comprimir a
imagem na filmagem para descomprimir na projeção.
Cinescópio – Tubo de imagem que converte variações de sinal eletrônico
em variações de brilho.
Codificação – Técnica para transformar uma informação de um sinal,
alterando um dos seus parâmetros. Para recuperar a informação original
precisa-se de um decodificador adequado.
Codificador - Dispositivo que faz a codificação.
COFDM (Coded Orthogonal Frequency Division Multiplexing) -
Padrão europeu de codificador de TV digital.
Compressão digital - Técnica de compressão de sinais digitais em que
se agrupam bits iguais ou redundantes, reduzindo-se assim a largura de
banda necessária para a transmissão da informação. Quando se usa
compressão digital, pode-se fazê-lo com ou sem perda da informação
original. No primeiro caso, é necessário definir o quanto de perda o
sistema permitirá, ou seja, qual a taxa de compressão a ser aplicada.
Comprimento de onda - Distância percorrida em um ciclo por uma onda
eletromagnética, durante o seu período (ciclo).É calculada pela divisão da
velocidade de propagação da onda por sua freqüência.
Conteúdo - Conjunto de informações contido em um programa ou em
uma programação.
Convergência - Tendência tecnológica e de mercado de integração de
diversos serviços, incluídos transporte de vídeo, dados e telefonia.
165
Conversor - Equipamento instalado na casa do assinante que converte
os canais não-codificados recebidos pelo cabo em canais sintonizáveis
pela TV.
Crominância - Componente com a informação de cor num sinal de vídeo,
isto é, sinal que leva a informação de matiz e saturação da imagem.
D/A - Conversão de digital para analógico.
Dados – Qualquer informação ou grupo de bits que não se refira
especificamente a vídeo ou áudio.
dB - Unidade logarítmica padrão utilizada, entre outras coisas, para
quantificar ganhos e perdas de potência em dispositivos tanto de entrada
quanto de saída.
Datacasting - Refere-se à transmissão de fluxos de dados que serão
armazenados e processados pelo receptor.
Decoder – Equipamento destinado a recuperar uma informação,
previamente processada por um encoder. Ver encoder.Decodificação - Trazer os sinais anteriormente codificados a sua forma
original.
Decodificador - Aparelho que permite a visualização de sinais
anteriormente codificados.
Demultiplexação - Processo aplicado a um sinal composto formado por
multiplexação, para recuperação dos sinais independentes originais ou
grupos desses sinais.
Definição – Sinônimo de resolução. Capacidade que um sistema tem de
reproduzir detalhes de uma imagem. Quanto maior a resolução, maior a
capacidade do sistema em mostrar pequenos elementos de imagem.
Quando a resolução se aplica à câmeras, é comum usar o termo
definição.
Deslocamento temporal - É um atributo pelo qual o usuário pode, de
uma forma limitada, controlar o tempo e o ritmo de exibição dos
programas, interrompendo para continuar em outro momento (pausa),
avançando o enredo mais rapidamente (avanço rápido, caso o programa
166
já esteja gravado), rever alguma cena passada ou simplesmente para
desfrutar o programa em outro horário mais conveniente. Isto poderá ser
feito com o uso do armazenamento local de informações.
DTH (Direct to Home) - Sistema digital de transmissão e recepção de TV
via satélite. Utiliza mini antena parabólica, com decodificador digital que
recebe o sinal.
Digital – Sistema oposto ao analógico, utiliza-se da forma binária (que
combina os números binários 1 e 0 alternadamente), de modo a
manipular informações sem a perda de qualidade da mesma.
Digitalização - Transformação de uma informação analógica, seja
imagem, som, vídeo ou qualquer outra em uma seqüência de códigos
binários.
Display - Tela para mostrar alguma informação, seja ela telas de
computadores, monitores, entre outros.
Distorção - Mudança não desejada na forma de onda que ocorre entre
dois pontos de um sistema de transmissão.
Dolby – Também conhecido como sistema que processa o áudio
reduzindo os ruídos, o Dolby foi desenvolvido em 1977 para gerar o efeito
surround nos cinemas, e que depois ganhou sua versão doméstica.
Trabalhava com quatro canais: esquerdo, direito, central e traseiro.
Download - Transferência de um arquivo de um computador remoto para
um computador local.
DV - abreviatura de Digital Video, sistema de gravação digital de alta
definição, desenvolvido pela união das empresas Hitachi, JVC, Mitsubishi,
Panasonic, Sanyo, Sharp, Sony, Thomson, Toshiba e Philips, no final de
1993.
DVB (Digital Video Broadcasting) - Consórcio europeu formado para
definir padrões para a TV digital.
DVB-T – Sistema digital de transmissão terrestre criado a partir do
Consórcio Europeu.
DVCAM - sistema desenvolvido pela Sony que utiliza a tecnologia DV.
DVCPRO - sistema desenvolvido pela Panasonic que utiliza a tecnologia
DV.
167
EDTV (Enhanced-definition Television) - Sistema proposto para uma
evolução intermediária à ATV, com pequena melhoria de qualidade de
áudio e vídeo em relação à TV convencional.
Efeito mosaico - efeito digital que fragmenta a imagem em pequenos
quadrados.
Elemento de Imagem: Menor detalhe de uma cena que o sistema de TV
consegue mostrar na tela. (Ver pixel)Elemento de informação - Conjunto de bits que contém uma informação
completa em si, como por exemplo um texto, uma figura animada, uma
foto, um segmento de áudio ou de vídeo, etc. Elementos de informação
podem ser compostos de outros elementos de informação.
ELETROS - Associação Nacional de Fabricantes de Eletroeletrônicos.
E-mail - Ferramenta da Internet que permite o envio de mensagens e
arquivos entre usuários que possuam endereço eletrônico. É ainda o
nome pelo qual são conhecidas as mensagens enviadas pela Internet.
EMBRATEL – Empresa Brasileira de Telecomunicações. Estatal que
gerencia grande parte das comunicações nacionais e internacionais,
criada em 1969.
Emissora - Organização capaz de irradiar programas de televisão para
uma comunidade, de acordo com as leis vigentes.
Encoder - Transformador de sinal de vídeo original (red, green e blue) em
sinais de luminância e crominância. Existem dois tipos de encoder:
analógicos e digitais. Os analógicos são preferencialmente usados para
processamento de sinais, destinados a transformar o sinal de um formato
para outro, de maneira que possam ser integrados num sistema de
comunicações. Por exemplo: o Encoder PAL-M recebe o sinal de RGB e o
transforma em sinal de croma PAL-M, que pode ser irradiado para um
transmissor. Os encoders digitais são usados para embaralhamento de
sinais.
Entrelaçamento de imagens - Técnica utilizada na formação de imagem
em que um quadro é constituído por dois campos, espacialmente
diferentes, mas temporalmente quase iguais.
168
EPG (Eletronic Programming Guide) - Fluxo de dados transmitido junto
com os demais fluxos de informação (áudio, vídeo), que pode existir um
em cada canal ou um único agregando as informações de todos os
canais. Na televisão digital, onde o usuário deve escolher um programa e
não mais um canal, fazem-se necessárias novas formas de busca, e é o
EPG (um menu) que possibilita ao usuário efetuar tal busca.
Espectro óptico - Faixa de comprimentos de onda da radiação óptica
(infravermelho + radiação visível + ultravioleta).
Fantasma - Imagem dupla ou múltipla no televisor, provocada pelos
sinais que surgem após reflexão por grandes objetos (e/ou obstáculos).
FCC (Federal Communications Commission) - Órgão governamental
fiscalizador e regulador das normas de telecomunicação nos EUA.
Fibra óptica - Fibras de vidro concêntricas, de espessuras micrométricas,
que transportam a luz gerada por um laser. Permite tráfego de grande
quantidade de informações.
Fita Magnética – Dispositivo destinado a armazenar uma informação sob
forma de parâmetros magnéticos.
Fluxo elementar de informação - Fluxo de bits, contínuo ou fragmentado
em pacotes, correspondente a um elemento de informação.
FM (Frequency Modulation) - Freqüência modulada. Consiste em fazer a
freqüência de uma portadora variar com a amplitude do sinal de
informação que se quer transmitir ou processar. O som da TV brasileira é
transmitido em FM.
Formato de Telas (Aspect Ratio) - Refere-se a proporção entre largura e
altura de tela. Em uma TV comum, essa relação é de 4:3 (em cada 4
unidades de altura, temos 3 de largura). Nas telas Widescreen temos a
relação 16:9.
Frame – Também conhecido por quadro, é a menor imagem da televisão,
designa cada uma das imagens fixas gravadas em uma fita de cinema ou
vídeo. Quando na velocidade 24 ou 30 quadros por segundo, as imagens
ganham movimento. O quadro é constituído por dois campos (field). Nos
169
sistemas PAL-M e NTSC um quadro é formado por 525 linhas a uma
freqüência de 60 Hz.
Freqüência - Número de oscilações ou vibrações completas (ciclos) de
uma onda eletromagnética ou acústica medido em Hertz, que acontecem
igualmente em um determinado tempo. Em áudio, a faixa de freqüências
capaz de ser percebida pelo ouvido humano se estende de 20Hz a
20KHz.
Ganho - Número dimensional que representa a relação entre a potência
de saída e a potência de entrada de um sistema (expresso em dB).
Geradora - Prestadora de serviço de televisão que produz e transmite
sinais de televisão.
GHz – Unidade de medida de freqüência. O símbolo G significa 109.
Grade de programação - Esquema com a seqüência de programação de
um determinado canal durante um determinado período de tempo.
Gravação – Registro do som ou imagem em disco, filme ou fita, por meio
de processos mecânicos, magnéticos ou ópticos.
HDTV (High-Definition Television) - TV de alta definição. Sistema de
televisão com geração de imagens que possuem um número maior de
linhas de definição e um quadro mais largo aos padrões 4:3. Os sistemas
desenvolvidos possuem a relação de quadro 16:9. Dessa forma, gera
imagens muito mais nítidas e definidas. Helicoidal: Termo usado para designar o desenho que a fita de alguns
VTs descreve, quando é enrolada no tambor (drum).O termo também é
usado para caracterizar o tipo de VT.
Hertz (Hz) - Unidade de medida de ciclos, oscilações ou freqüências por
segundo, descoberto pelo físico alemão Heinrich R. Hertz.
170
Hipermídia – Para esta pesquisa, o temo é utilizado com o significado de
um programa interativo cuja interface de interação com o usuário é
formado por um conjunto de objetos “clicáveis”.
Home Shopping – Serviço interativo que permite ao usuário fazer
compras sem sair de casa, via cabo, telefone ou Internet.
IBOPE: Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. Empresa que
faz pesquisa de audiência e opinião, desde a década de 50.
Imagem - Informação estática ou dinâmica percebida, pelo ser humano,
através da visão.
Informação - Inteligência ou conhecimento capaz de ser representado
em formas adequadas para comunicação, armazenamento ou
processamento. Mas para a melhor compreensão nesta pesquisa, trata-se
de idéias, conhecimentos, pensamentos, sentimentos ou sensações que
podem ser representados em formas passíveis de transmissão,
armazenamento ou processamento através de meios de comunicação.
Infravermelho - Radiação eletromagnética, como comprimento de onda
superior ao da radiação visível
Interatividade - Transferência de informações pelo mesmo meio,
bidirecionalmente, em tempo real e on line. Possibilidade de o usuário
interferir na informação transmitida.
Interconexão - Ligação física entre sistemas distintos para permitir o
acesso dos assinantes de um sistema ao outro.
Interface - Forma pela qual dois sistemas interagem ou um sistema
interage com o usuário. Dispositivo com finalidade de conexão entre dois
equipamentos que não possuem as mesmas funções.
Internet - Rede mundial de computadores surgida nos anos 60 e
popularizada nos últimos dez anos. Permite que usuários de vários tipos
de computadores no mundo inteiro se comuniquem por meio de um
protocolo comum.
ISDN (Integrated Services Digital Network) - Ver RDSI.
171
ISDB –T (Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial) – Sistema
japonês de transmissão digital de sinais terrestres.
ISO (International Standard Organization) - Organização que estabelece
padrões internacionais para produtos e serviços, inclusive
telecomunicações.
JPEG (Joint Photographic Experts Group) - Grupo destinado a definir
padrões de compressão de vídeo estático.
kbps - Kilobits por segundo. Medida de velocidade de transferência de
dados. Eqüivale a mil bps.
Kelvin – Unidade de medida de temperatura, baseada no zero absoluto.
É um conceito da termodinâmica, onde o zero Kelvin eqüivale a (-273o)C,
além de ser também utilizado, entre outras coisas, na medição da
temperatura de ruído de diversos equipamentos.
LDTV (Low Definition Television) - Refere-se a uma televisão com
qualidade ou resolução inferior à SDTV, com sistema típico de 240 linhas,
320 pixels por linha e varredura progressiva.
Legenda adicional - Atributo da televisão digital, referente à possibilidade
de se ter legendas alternativas em diferentes idiomas ou com descrições
textuais das cenas. A exibição ou não destas legendas é controlada pelo
usuário. Cada legenda adicional corresponde a um fluxo elementar de
dados.
Letterbox - Tipo de gravação em que a largura da imagem é preservada
como original do filme. Quando vista em um TV comum (4:3) uma tarja
preta aparece acima e abaixo da tela.
172
Link - Usa-se, em geral, para designar uma ligação de sinal entre dois
pontos.
Luminância – Componente com a informação de luminosidade num sinal
de vídeo. Na TV em cores, é o sinal que leva a informações de brilho.
Matiz - o mesmo que cor.
Mbps - Megabits por segundo. Medida de velocidade de transferência de
dados. Eqüivale a um milhão de bps.MDS (Multipoint Distribution System) - Sistema de distribuição de apenas
um canal de TV por microondas.
Mícron (µm) - Unidade de medida que eqüivale a um milionésimo de
metro (10-6 m)
Microondas - Ondas que estão em faixas de freqüências muito altas,
acima de 1 GHz.
Modem - Abreviação de modulador/demodulador. Dispositivo que
converte informações enviados pelo computador em sinais elétricos, que
são enviados pela linha telefônica. Estes são recebidos por um dispositivo
equivalente que irá convertê-los de volta em dados.
Modulador - Aparelho que modula uma onda de radiofreqüência para
sobrepor-lhe a informação.
MPEG – abreviatura de Moving Pictures Experts Group. Grupo que
desenvolve normas para a compressão de vídeo digital e áudio digital.
MP3 - designação abreviada para MPEG-1 Layer 3, o MP3 é uma forma
de compactação e armazenamento digital de som.
Multimídia - Ferramenta utilizada em comunicações e marketing. É
caracterizada por combinar, dentro de um único ambiente de software,
som, imagem, textos e gráficos.
Multiplex - Em sistemas de TV, é um equipamento que permite combinar
mais de uma informação na entrada para um único canal de saída. Por
exemplo, na TV em cores, o sinal de croma é multiplexado em freqüência
junto com o sinal de luminância.
173
Multiplexação - Processo reversível para empacotamento de sinais
provenientes de várias fontes distintas em um único sinal composto para
transmissão por meio de um canal de transmissão.
NAB (National Association of Broadcasters) – Associação Norte
Americana de Radiodifusoras. Produz padrões e normas para Rádio e TV.
Nano (n) - Unidade que eqüivale a um bilionésimo de metro, ou 10 -9 m,
usado para medir comprimentos de ondas de luz.
NHK - abreviatura de Nippon Hoso Kyuokai, rede de televisão japonesa
sustentada pelo público e fundações.
NTSC (National Television Standard Committee) - Comitê de
regulamentação dos padrões para televisão dos EUA. A sigla também
define o padrão de cor americano, um sistema de TV em cores
desenvolvido nos Estados Unidos e adotado em diversos países,
possuindo definição de 525 linhas em freqüência de 60 hertz. Entrou em
funcionamento nos EUA em 1953.
8-VSB - Padrão norte-americano de modulação para TV digital.
Objeto clicável - Trata-se de uma imagem exibida na tela que, ao ser
“clicada”, dispara algum evento, tal como a exibição de uma informação
adicional.
Ondas - Energia que se propaga através de um meio (ar, água, cabo,
etc.). As ondas de rádio, ditas eletromagnéticas, se propagam no ar a
uma velocidade de 300 mil km/s, aproximadamente.
Operadora - Simplificação empregada para “empresa operadora de
serviços de telecomunicações”. É a entidade que presta, mediante termo
de outorga, serviço de telecomunicações, incluindo o de televisão.
OSD (On Screen Display) – Tela onde pode-se ver instruções e
mensagens em formato texto.
174
Padrão - Conjunto de parâmetros que formam um sistema de TV.
Pan and Scan - Processo de mudança de um filme ou programa, original
de widescreen (16:9), para o formato convencional (4:3).
PAL (Phase Alternation Line) - Padrão alemão de codificação das cores
em vídeo, baseado nos princípios do NTSC. Possui definição de 625
linhas a uma freqüência de 50 Hz. Dele variam os sistemas como: PAL-M,
PAL-N, PAL-G. Entrou em funcionamento na Alemanha em 1967.
PAL-M - Padrão de codificação de cor adotado para as transmissões de
TV no Brasil com definição de 525 linhas e freqüência de 60MHz.
PAL-Plus - Proposta para transmitir o sistema PAL no formato de tela
larga (16:9), proposto na Europa. Usa técnicas digitais no encoder e nos
receptores.
Pay-per-view – Serviço de TV por assinatura onde o usuário paga
determinada taxa para ter acesso a um programa em dia e horário
específicos.
Pay TV – ver TV por assinatura.
Película - Material fílmico sensível, usado em cinema para gravar
imagens por um processo fotoquímico.
Persistência de Visão - Característica do olho humano que permite a
visualização de cenas em movimento, mostradas com interrupção. É o
efeito de memória que o olho humano tem para guardar uma imagem que
já foi apagada.
PIP (Picture in Picture) - Sistema que permite a aparição de uma pequena
tela, sobre a tela normal do TV, que mostra a imagem de outro canal.
Pixels (Picture Element) - A menor partícula de formação de uma
imagem em vídeo. Quanto maior for a quantidade de pixels, melhor
definição de imagem.
Plataforma - Ou plataforma tecnológica. Refere-se ao conjunto de
recursos físicos (rede e equipamentos), softwares e outros itens
tecnológicos (especialmente algoritmos e protocolos), que tem por
objetivo efetuar o transporte de sinais de serviços de telecomunicações.
175
Plataforma de Televisão Digital - Conjunto de recursos tecnológicos de
telecomunicações através do qual os programas de televisão são
transmitidos, recuperados e armazenados em forma digital.
Polarização - Característica de propagação de ondas eletromagnéticas.
Pode ser horizontal, vertical ou circular. Refere-se à posição do campo
elétrico, quando associado a uma onda eletromagnética irradiada. Os
sinais de transponders adjacentes vêm, por exemplo nas transmissões de
TV via satélite, com polarização cruzada para evitar interferências
mútuas.
Portadora – Radiofreqüência cuja modulação contém a informação de
áudio, de vídeo ou de cores, transformando-a em seu respectivo sinal.
Programa de televisão - Conjunto de elementos de informação ou de
fluxos elementares de informação que possuem uma relação funcional ou
semântica entre si.
Programação - Refere-se a um fluxo composto por um conjunto de
programas transmitidos seqüencial e continuamente.
Programação básica - É a programação comum entre as estações
geradoras de uma mesma rede Recepção interna - Refere-se à
possibilidade de recepção de sinais de televisão utilizando-se de antenas
localizadas internamente a um imóvel, normalmente afixada sobre o
próprio receptor ou junto à parede.
Progressive Scan – Método de formação de imagens utilizado nos
monitores de computador e nos novos TVs e projetores digitais (DTV),
onde cada quadro da imagem é traçado de uma só vez a cada 1/60 de
segundo. Isso reduz a visibilidade das linhas horizontais que formam a
imagem e aumenta a sua resolução.
Projetor de Vídeo - Aparelho que recebe sinal de vídeo e projeta a
imagem em uma tela para projeção de 60” a 300”. Os mais comuns são
os tipos CRT (3 tubos) e LCD (cristal líquido)
Quadro - ver frame.
176
Quadruplex – Primeiro formato de videoteipe desenvolvido para a TV,
que utiliza fitas de duas polegadas de largura e quatro cabeças de vídeo.
4:2:2 – Termo usado par televisão digital. Os algarismos 4, 2 e 2
significam que os sinais de diferença de cor (R-Y) e (B-Y) são amostrados
em uma freqüência cujo valor é a metade do valor da freqüência de
amostragem do sinal Y (luminância).
Raios catódicos - Eletrodo negativo (cátodo) de onde partem feixes de
elétrons que se dirigem aos íons positivos. RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados) - Rede digital de
telecomunicações. Serviço provido pelas operadoras de
telecomunicações que permite, no mesmo terminal e no mesmo par,
serviços de voz e dados a 32 ou 64 kbps.
Receptor – Aparelho que tem por finalidade receber, processar e exibir
os sinais de televisão, reproduzindo a imagem e o som originais de uma
transmissão. Popularmente conhecido como TV, pode ser analógico ou
digital.
Receptor de televisão digital - Aparelho, de uso doméstico ou
profissional, que tem por finalidade receber, processar e exibir os sinais
de televisão em forma digital. Pode ser composto por um único aparelho
(“receptor integrado”) ou por unidades separadas com funções de
recepção-processamento (unidade receptora-decodificadora) e de
exibição das imagens (monitor).
Recepção móvel - Refere-se à possibilidade de recepção de sinais de
televisão em veículos em movimento.
Rede - Conjunto de emissoras que transmitem a mesma programação de
uma emissora geradora.
Relação de aspecto – Conhecido como “formato de tela”, refere-se à
relação entre a largura e a altura de uma tela, isto é, da imagem exibida
na tela de um televisor. Na televisão convencional, essa relação é 4:3, ou
seja, a imagem possui 4 unidades de medida de largura e 3 de altura.
177
Resolução da imagem - Chamado também de “definição da imagem”,
refere-se ao número de linhas (horizontais) e colunas de elementos
(pixels) que formam uma imagem. A resolução mais baixa (menos nitidez)
é a das fitas de vídeo (240 linhas) e a mais alta é a da HDTV (1080
linhas)
Resolução horizontal – Refere-se ao número de colunas que compõe
uma imagem ou, equivalentemente, ao número de pixels que compõe
uma linha horizontal de imagem.
Resolução vertical – Refere-se ao número de linhas horizontais que
compõe uma imagem, contado através de um eixo imaginário vertical.
Retransmissora – Emissora de televisão que apenas retransmite
programas produzidos pelas emissoras geradoras. Estação
retransmissora de televisão é o conjunto de receptores e transmissores,
incluindo equipamentos acessórios, capaz de captar sinais de sons e
imagens e retransmití-los, simultaneamente, para recepção pelo público
em geral.
RF - Radiofreqüência. Sinal de áudio e vídeo utilizado nas transmissões
de rádio e TV comuns. Também pode ser conectores de antena de TV e
VCRs.
RGB – Abreviatura de red, green e blue (vermelho, verde e azul); designa
as três cores fundamentais que geram todas demais cores visíveis.
Ruído – Interferências e/ou distúrbios não desejados registrados na
gravação, transmissão ou reprodução do vídeo., que, quando introduzidos
em um sinal prejudicam a qualidade do som e imagem. Em cinema,
refere-se à granulação da película.
SAP (Second Audio Program) – Sistema de distribuição de áudio pelas
TVs, que permite ao espectador ouvir o programa em dois idiomas
distintos. É muito usado para ouvir o idioma original (evita o som dublado)
dos filmes transmitidos pelas TV. É acessada por uma tecla no televisor.
178
Satélite – Equipamento eletrônico que se desloca em órbita espacial,
recebendo sinais de uma fonte emissora e transmitindo-os a um ou mais
receptores.
Saturação – Um dos parâmetros dos atributos visuais de qualquer
imagem colorida. Ela mede a quantidade de branco que está diluída na
respectiva cor. Uma cor 100% saturada não tem o branco diluído.
SDTV (Digital Standard Definition Television) - Padrão de TV broadcast
digital que transmite múltiplos canais digitais com definição padrão no
mesmo espaço necessário a um único canal digital de alta definição
HDTV.
SECAM (Séquentielle Couleur à Mémoire) - Padrão francês de
codificação das cores em vídeo. Diferenciado do NTSC e PAL, possui 625
linhas de definição a uma freqüência de 50 Hz.
Sentido de fluxo - Refere-se ao sentido da transmissão física das
informações, podendo ser ascendente ou descendente.
Sentido de fluxo ascendente - É o sentido de fluxo de sinais, do usuário
para a emissora ou algum provedor de serviços.
Sentido de fluxo descendente - É o sentido do fluxo de sinais em
sistemas convencionais de televisão, da emissora ou outro provedor de
serviços para o usuário final.
Serviço - Conjunto de atividades e funções que podem trazer valor,
utilidade ou proveito para um usuário.
Serviço de telecomunicações - É o conjunto de atividades que
possibilita a oferta de telecomunicação. Telecomunicação é a
transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade, meios
ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos,
caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer
natureza.
Serviço de televisão - Modalidade de serviço de telecomunicações
destinado à transmissão de sons e imagens (radiodifusão de sons e
imagens, radiotelevisão ou radiodifusão de televisão), por ondas
radioelétricas, para serem direta e livremente recebidos pelo público em
geral.
179
SET - Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão, que congrega os
profissionais de engenharia de televisão no Brasil.
Setor de radiodifusão - Segmento econômico da sociedade composto
pelas geradoras, retransmissoras, produtoras de conteúdo, fabricantes e
todos os agentes econômicos que participam diretamente viabilizando a
produção, difusão e recepção dos programas televisivos pelo usuário.
SHF (Super High Frequency) - Faixa de freqüências entre 3 e 30 GHz.
Simulcast - Transmissão coincidente de uma programação idêntica pelos
radiofusores de canais tanto analógicos quanto digitais.
Sinal - Corrente elétrica que transporta as informações de vídeo e de
áudio.
Sintonia - Ajuste do receptor ou do televisor para a captação de uma
freqüência ou um canal.
Sistema - É um conjunto de recursos tecnológicos que tem por objetivo
executar determinado conjunto de funcionalidades. “sistema” ou “sistema
de televisão” refere-se ao conjunto formado pela plataforma tecnológica,
pelo modelo de negócio e eventualmente pela aplicação.
SMPTE - Society of Motion Picture and Television Engineers (EUA).
Sociedade com sede nos Estados Unidos que congrega profissionais de
cinema e televisão.
Som - Informação percebida, pelo ser humano, através da audição.
STB ou Set Top Box - Termo genérico que denomina o dispositivo de
interface entre a rede e o televisor do assinante.
Subportadora - Uma onda portadora que, por sua vez, modula a
portadora principal num sistema de comunicação. As subportadoras são
usadas para as informações de cor, áudio e dados.
Super VHS - Formato de vídeo semi-profissional, presente em VCRs e
Filmadoras. Trabalha com luminância e crominância em separados.
Super-Video - Conector de sinal de vídeo com separação entre os
componentes de luminância (branco-e-preto) e crominância (color). Em
nível de qualidade de imagem, está entre o vídeo composto e o
component video.
Surround - Sistema de som que cria um ambiente sonoro envolvendo o
espectador.
180
Tela - Nome genérico dado às superfícies para projeção de imagens.
Televisão - Palavra que significa ver a distância (tele: longe, distante;
visão: ver). Aparelho eletrônico capaz de captar programas (áudio e
vídeo), transmitidos por ondas de rádio ou cabo.
Televisão analógica - Sistema de televisão convencional, com
transmissão analógica. Possui uma relação de aspecto 4:3 e o Brasil
utiliza, para as informações de cromaticidade, o padrão de modulação
PAL-M, composto por 525 linhas horizontais.
Televisão digital - Sistema de televisão com transmissão, recepção e
processamento digitais, podendo, na ponta do usuário final, os programas
serem exibidos por meio de equipamentos totalmente digitais ou através
de aparelhos analógicos acoplados a unidades conversoras (URD).
Televisão de alta definição (HDTV) - É uma variante da televisão (não
necessariamente digital) que disponibiliza ao usuário vídeo com formato
de tela larga (16:9) ou similar e uma qualidade de imagem comparável à
de cinema. Ver HDTV.
Televisão de baixa definição (LDTV) - Refere-se a formas televisivas
que apresentam uma qualidade ou resolução inferior à da SDTV. Ver LDTV.Televisão de definição Estendida (EDTV) - É uma variante da televisão
que apresenta uma qualidade de imagem intermediária entre a SDTV e a
HDTV, com formato de tela larga (16:9). Ver EDTVTelevisão com definição padrão (SDTV) - É uma variante da televisão
que disponibiliza ao usuário imagens com resolução similar à televisão
analógica. Usualmente, possui formato de tela 4:3, embora possa ser
também 16:9. Ver SDTVTranscodificador – Equipamento que converte o sinal de vídeo de um
padrão de cor para outro. Ex.: transformar de NTSC em PAL-M.
181
Transmissor - Gera o sinal na potência necessária para transmiti-lo via
ar. É equipado com modulador.
Tubo de raios catódicos – Instrumento com superfície fotossensível
podendo ser varrida por feixe de elétrons que vem de um canhão
eletrônico, sendo assim o princípio da produção e reprodução de imagem
eletrônica.
TV a Cabo - Sistema de transmissão de TV que substitui o tradicional
sistema de antenas. Utiliza cabos semelhantes aos telefônicos para levar
o sinal às residências, a partir de uma central operadora. Sua maior
vantagem é eliminar interferências naturais na transmissão pelo ar.
TV Interativa - Serviço de TV que permite a interatividade e a
interferência instantânea .
TV por Assinatura – Tipo de transmissão , por cabo ou satélite, em que o
espectador paga uma taxa para receber a programação.
UHF (Ultra High Frequency) - Faixa de freqüências entre 300 MHz e 3
GHz. Entre 470 MHz e 890 MHz , esta faixa designa os canais de
televisão do 14 ao 83.
U-MATIC - Sistema de VT que emprega fitas de ¾ polegadas, de uso
profissional. (Hoje está fora de uso).
URD ou Unidade receptora decodificadora - Aparelho, de uso
doméstico ou profissional, que tem por finalidade receber e processar
(demodular e decodificar) os sinais de televisão digital, para exibição
através de um monitor ou um televisor convencional. A unidade receptora
também é conhecida pelos termos Set-Top-Box e IRD (Integrated
Receiver Decoder).
Varredura – Produção e distribuição de imagem eletrônica através de
feixes de elétrons. Pode ser sincronizada ou aleatória, mas também existe
a varredura progressiva, que é uma mistura das duas formas.
182
Velocidade de propagação - Velocidade na qual uma onda
eletromagnética viaja.
VHF (Very High Frequency) Faixa de freqüências entre 30 Mhz a 300
MHz. A sigla também é usada para designar os canais de TV 2 a 13, que
estão nessa faixa.
VHS - abreviatura de Video Home System, sistema de videocassete que
utiliza fitas de meia polegada.
Vídeo – Sinal eletrônico proporcional à imagem, que forma junto com o
áudio e a crominância o sinal de televisão. Este sinal leva apenas a
informação de brilho.
Video adicional - Também chamado de vídeo complementar, refere-se a
um ou mais fluxos elementares de vídeo, que podem conter informação
adicional ou constituírem-se em fluxo de vídeo alternativo do mesmo
programa, como por exemplo cenas tomadas de diferentes ângulos de um
mesmo espetáculo (ex.: partida de futebol) ou diferentes enredos para um
mesmo programa.
Video-on-demand - Serviço interativo em que o assinante escolhe o filme
que deseja assistir e a que hora. O sinal vem em compressão digital e
permite ao assinante pausar, voltar ou correr o filme como quiser.
Também chamado de "locadora virtual".
VLF (Very Low Frequency) - Freqüência Muito Baixa. Faixa compreendida
entre 3 KHz e 30 KHz.
Widescreen - Formato de telas que exibe imagens no formato de cinema,
também conhecido como 16:9. Oferece a vantagem de difundir os filmes
no seu formato original (cinema).
Y – Letra usada para representar o sinal de luminância quando a
transmissão é colorida.
183
Y, R-Y, B-Y – Representam os sinais de luminância e componentes antes
da codificação.
YUV – Simbologia do sistema PAL para representar os sinais de
luminância (Y) e diferenças de cor já modulados dentro da subportadora
de cor. U corresponde ao (B-Y) e V ao (R-Y).
184
B I B L I O G R A F I A
185
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www.willians.pro.br/frequencia
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Cinedie (Portugal) - http://home.kqnet.pt/cinedie
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Revista Galileu – http://galileu.globo.com
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TV Digital e Set Top Box: www.terravista.pt/ancora/5831/glossario.htm
TV K8 – www.tv.k8.com.br
Tudo sobre TV - www.tudosobretv.com.br
UFBA/ Faculdade de Comunicação: www.facom.ufba.br
Você Sabia? (história TV) - www.vocesabia.com.br
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A N E X O S
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ANEXOS
DOC.01 – Formatos de Cinema na TV
DOC.02 – Porquê 16:9?
DOC.03 – Entrevista Revista Tela Viva – “ A Experiência da Globo”
DOC.04 – Apêndice contendo o questionário estruturado para a pesquisa
quantitativa por região
DOC.05 – Questionário estruturado para a Pesquisa TV Digital em
Shoppings
DOC.06 – Cartões para questionários de pesquisa