UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP
Faculdade de Ciências
Curso de Psicologia
“Um breve olhar acerca do Movimento Feminista”
Giovanna Eleutério Levatti
Bauru
2011
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Introdução
O presente trabalho visa traçar uma breve história acerca da ideologia e das
reivindicações observadas no movimento feminista, abrangendo a primeira onda (sufragismo)
e a segunda onda (iniciada por volta do final dos anos 60) do movimento feminista, além de
nos situar sobre a situação da mulher na sociedade atualmente, para que dessa forma
possamos esclarecer de fato quais as bandeiras levantadas pelas feministas ao longo do
movimento e qual a importância do movimento na vida das mulheres.
Como tudo começou...
De acordo com Alves e Pitanguy, é complicado definir de maneira exata o significado
do feminismo, pois “este termo traduz todo um processo que tem raízes no passado, que se
constrói no cotidiano, e que não tem um ponto predeterminado de chegada.” (1895 : 7).
Ainda segundo as autoras, podemos dizer que dentre os objetivos do feminismo,
estava a superação da hierarquia que socialmente era estabelecida e resultava em assimetria de
gênero. As feministas buscavam a idéia que o feminino não fosse desvalorizado.
Durante o sufragismo (século XIX), que também passou a ser conhecido como a
“primeira onda”, a principal busca das militantes foi o direito ao voto, além da busca pela
oportunidade de estudo. De acordo com Alves e Pitanguy,
“Iniciou-se o sufragismo, enquanto movimento, nos Estados Unidos, em 1848.
Denuncia a exclusão da mulher da esfera pública, num momento em que há uma
expansão do conceito liberal de cidadania abrangendo os homens negros e os
destituídos de renda”. (1895: 44.)
Segundo Louro, podemos afirmar que os objetivos das sufragistas estavam
diretamente “ligados ao interesse das mulheres brancas de classe média”.
Em relação ao Brasil, pode-se afirmar, segundo Alves e Pitanguy, que foi iniciado em
1910 a partir da fundação do Partido Republicano Feminino pela professora Deolinda Daltro,
tendo entre seus objetivos, reacender a discussão sobre o voto da mulher no Congresso
Nacional, uma vez que não havia discussões de tal abrangência desde 1891, desde a
Assembléia Constituinte. (p. 47. 1895). Uma importante militante do período que podemos
citar é Berta Lutz, que segundo Blay, reuniu mulheres da burguesia na luta pelo direito ao
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voto, e inclusive, espalharam panfletos de avião sobre o Rio de Janeiro reivindicando o voto
feminino no início dos anos 20; além disso, deputados federais e senadores foram
pressionados por elas, chegando suas exigências até o então presidente Getúlio Vargas. Ainda
segundo a autora, o voto feminino foi conquistado como direito em 1933, concedido por
Vargas, e assegurado na Constituição de 1934; contudo, as mulheres brasileiras só puderam
votar de fato pela primeira vez em 1945, perante a queda da ditadura getulista. (p. 605-606.
2001). Contudo, depois de atingidos seus objetivos neste momento, segundo Alves e
Pitanguy, as mulheres apresentaram certa desmobilização. Além disso, “Com o golpe militar
em 1964 no Brasil, (...) os movimentos de mulheres, juntamente com os demais movimentos
populares, foram silenciados e massacrados.” (COSTA .2005:13).
O afloramento do conceito “gênero”
A chamada “segunda onda” teve início no final dos anos 1960, concomitante com os
movimentos contestatórios da época. Segundo Adelman,
“(...) o que aconteceu nos anos 60 abalou a legitimidade de certas formas de poder e
autoridade ou, pelo menos, criou movimentos que iniciaram essa tarefa, de maneira
que pudemos ter acesso a uma nova linguagem para refletir sobre o mundo e,
provavelmente, também para agir nele.” (2004 :27).
Nesta fase será trabalhado o conceito de gênero. De acordo com Alves e Pitanguy, a
partir desta década, além das reivindicações já expostas em outro período, as feministas
apresentam também o questionamento sobre a influência da cultura nas desigualdades. Ainda
segundo as autoras,
“O “masculino” e o “feminino” são criações culturais e, como tal, são
comportamentos apreendidos através do processo de socialização que condiciona
diferentemente os sexos para cumprirem funções sociais específicas e diversas. Essa
aprendizagem é um processo social. Aprendemos a ser homens e mulheres e a aceitar
como “naturais” as relações de poder entre os sexos.” (1985:55).
Dessa forma, podemos concluir que o caráter opressivo até então ligado ao
reducionismo biológico passa a se apresentar sob a ótica cultural, ou seja, somos
culturalmente formados, aprendemos que tal hierarquia entre os gêneros é natural. E sendo,
um conceito aprendido e não intrínseco, pode ser transformado.
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O importante slogan que foi apresentado durante a segunda onda “O Pessoal é
Político”, rompe com o significado estabelecido até então para público e privado, pois, o que
pretende é trazer para a esfera do político, do público, questões até então entendidas como
exclusivas do privado, dessa forma, transforma a dicotomia público - privado. Segundo Costa,
tal dicotomia era a base do pensamento liberal acerca da política; sendo que a idéia de público
sempre se referia ao Estado, à economia e tudo que pudesse estar relacionado ao político. Já o
privado estava intrinsecamente ligado à esfera do doméstico, da vida familiar, ou seja,
relacionado ao pessoal e ao feminino. Ainda segundo a autora, tal afirmação pode ser pensada
“não apenas como uma bandeira de luta mobilizadora, mas como um questionamento
profundo dos parâmetros conceituais do político”. (2005: 10). Costa diz que
“Ao utilizar esta bandeira de luta, o movimento feminista chama a atenção
das mulheres sobre o caráter político de sua opressão, vivenciada de forma
isolada e individualizada no mundo do privado, identificada como
meramente pessoal.” (2005:11)
Importante destacar que durante a segunda onda uma importante ferramenta usada
pelas feministas para divulgar suas ideias e suas exigências foram os meios de comunicação,
dentre eles revistas e jornais.
Uma breve discussão acerca do conceito de “gênero”
Segundo Piscitelli, “(...) o conceito de gênero, desenvolvido no seio do pensamento do
pensamento feminista, foi inovador em diversos sentidos.” (p. 2).
A ideia central era de que na verdade, o “masculino” e o “feminino” eram socialmente
construídos, ou seja, não eram as características sexuais em si que diferenciava a postura de
homens e mulheres, mas quais destas características eram valorizadas. No caso, as
características que remetiam ao plano do masculino eram destacadas pela sociedade, sendo o
feminino dessa forma, relegado a segundo plano, oprimido. Nas palavras de Louro:
“É necessário demonstrar que não são propriamente as características sexuais, mas é a
forma como essas características são representadas ou valorizadas, aquilo que se diz
ou se pensa sobre elas que vai constituir, efetivamente, o que é feminino ou
masculino em uma dada sociedade e em um momento histórico. Para que se
compreenda o lugar e as relações de homens e mulheres numa sociedade importa
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observar não exatamente seus sexos, mas sim tudo o que socialmente se construiu
sobre os sexos” (2007:21)
Dessa forma, se as características destacadas como femininas eram a calma, a
obediência e a submissão, era dessa maneira que as mulheres deveriam agir para não serem
consideradas subversivas ou transgressoras da ordem social. Da mesma maneira, se as
características que remetiam ao plano do masculino eram a rigidez, a força e a racionalidade
os indivíduos do sexo masculino deveriam agir dessa maneira para serem considerados
“homens”. Assim, a opressão à qual as mulheres eram submetidas também era fruto da
constituição social.
Sobre o conceito de gênero, Piscitelli diz:
“Ele foi produto, porém, da mesma inquietação feminista em relação às causas da
opressão da mulher. A elaboração desse conceito está associada à percepção da
necessidade de associar essa preocupação política a uma melhor compreensão da
maneira como o gênero opera em todas as sociedades, o que exige pensar de maneira
mais complexa o poder.” (p. 11).
Importante destacar que não se pretendia negar o plano biológico, mas destacar o
impacto e a influência do social perante a constituição do indivíduo. Segundo Louro, “(...) não
há, contudo, a pretensão de negar que o gênero se constitui com ou sobre corpos sexuados.”
(2007:22).
Enquanto isso no Brasil...
É fundamental salientar que o movimento feminista também foi importante para as
conquistas das mulheres brasileiras. Dentre os acontecimentos ocorridos no Brasil, podemos
destacar as comemorações do Ano Internacional da Mulher, em 1975, que segundo Costa, foi
promovido pela ONU e abrangeu as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte,
onde foram realizadas atividades que possibilitaram a reunião de mulheres que se
interessavam pela posição da mulher na sociedade, tornando-se possível assim, a discussão
sobre o movimento feminista.
Ainda segundo Costa, no ano de 1975, foi criado o jornal Brasil Mulher em Londrina;
além dele, passou a circular também o jornal Nós Mulheres no começo de 1976, que foi auto-
identificado como feminista desde o primeiro número, ainda neste ano tivemos em circulação
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o jornal Brasil Mulher, também feminista,embora o conceito de gênero pareça não ter
reverberado ainda neste momento.
Já em 1980 o eleitorado feminino passou a ser um público o qual os partidos políticos
pretendiam atingir. Segundo Costa,
“O avanço do movimento fez do eleitorado feminino um alvo de interesse partidário e
de seus candidatos, que começaram a incorporar as demandas das mulheres aos seus
programas e plataformas eleitorais, a criar Departamentos Femininos dentro das suas
estruturas partidárias”. ( 2005: 16)
Foi possível notar no início de 1990, segundo a autora, a multiplicação e a
variabilidade de organizações feministas.
Em setembro de 1995 seria realizada em Beijing a Quarta Conferência Mundial sobre
a Mulher, entre as feministas brasileiras houve reuniões e preparativos para a Conferência
que, de acordo com Costa, “trouxe novas energias ao movimento feminista brasileiro”.
(2005: 20). Dessa forma, podemos concluir que tal etapa foi importante para que as feministas
brasileiras mantivessem ativo o movimento ainda centradas na categoria “mulher”.
Algumas vertentes do feminismo
Apesar de o movimento feminista ter como interesse central a igualdade de direitos
entre homens e mulheres, questionando a subordinação à qual as mulheres são submetidas,
podemos notar que existem diferentes correntes feministas, dentre as quais citaremos
algumas.
De acordo com Piscitelli, uma das correntes refere-se às feministas socialistas, em que
uma vertente afirma, baseada em Engels no livro As origens da família, a propriedade
privada e o estado que a divisão sexual do trabalho se tornou opressiva em relação às
mulheres assim que foi estruturada a partir do surgimento das classes sociais, cuja base é a
propriedade privada. Contudo, outras vertentes de feministas socialistas, não concordam com
tal ideia, afirmam que a submissão da mulher sempre existiu, mesmo em sociedades
socialistas, onde aquela vertente acreditava que não haveria uma hierarquia de gênero.
Ainda segundo a autora, existe o feminismo radical, em que a gênese da opressão das
mulheres encontra-se no fato de as mulheres serem as principais responsáveis pelo processo
reprodutivo, uma vez que geram a vida e carregam dentro de si o bebê durante todo seu
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desenvolvimento até o nascimento, e depois, pois são elas as cuidadoras, são responsáveis
pela época da amamentação, uma vez que os homens não possuem tal capacidade. Dessa
forma, o tempo de dependência do filho em relação à mãe é muito grande, fator que pode
tornar as mulheres dependentes dos homens. Assim, “o feminismo radical considera que para
libertar as mulheres é necessário derrotar o patriarcado. Isso só seria possível se as mulheres
adquirissem o controle sobre a reprodução” (PISCITELLI. p.4)
De acordo com Schiebinger, no início dos anos 1980 surge uma corrente chamada por
alguns de “feminismo de diferença”. Tal corrente possui o foco nas diferenças entre os
homens e as mulheres; além de pretender “reavaliar qualidades que nossa sociedade
desvalorizava como “femininas”, tais como subjetividade, cooperação, sentimento e empatia”
(p.24. 2001). Dizia ainda que para que houvesse uma equidade entre homens e mulheres na
ciência, era necessário que não apenas as mulheres se transformassem, mas a própria ciência.
Diante da exposição de algumas correntes do feminismo, podemos concluir que
embora as correntes possam se diferenciar em alguns aspectos, todas pretendem abordar o
sujeito “mulher” no contexto da sociedade, procurando explicações para a origem da opressão
sofrida e soluções para que tal realidade, a de hierarquia de gêneros, seja modificada.
“E as ciências psi com isso?”
De acordo com Lago, “a psicologia não esteve nas linhas de frente no movimento de
construção do campo de estudos feministas e dos estudos de gênero”. ( 2010:189)
Porém, é notável o quanto o feminismo e a psicanálise “se encontram e se
desencontram”, ou seja, é uma relação marcada por concordâncias e discordâncias. É provável
que encontremos registros de feministas criticando algumas teorias de Sigmund Freud, entre
outras. Segundo Lago, “A grande polêmica dos anos 30 no seio da psicanálise envolveu as
contestações mais importantes feitas por psicanalistas (na maioria mulheres) às elaborações
freudianas sobre Édipo, castração, feminilidade” (2010:200). Todavia não podemos nos
esquecer que a própria sociedade e momento histórico em que Freud estava inserido eram
marcados pelo pensamento machista.
Contudo, também podemos encontrar teóricos que defendem a importância de Freud
para os estudos feministas. Lago cita em seu artigo “Feminismo, psicanálise, gênero: viagens
e traduções” a teórica Juliet Mitchell, que segundo Lago:
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“(...) resgata Freud como o verdadeiro revolucionário, por desligar a sexualidade dos
genitais, transbordando-a, circulando-a por todo o corpo erogenizado, desprendendo-a
da reprodução biológica e tomando-a como atividade central na organização do
psiquismo humano. Nesse sentido, seria ele o autor que poderia contribuir melhor com
o avanço das reflexões feministas – estas só ganhariam com a incorporação da teoria
de Freud.” ( 2010: 196).
Dessa maneira, é possível perceber que embora haja divergências, há o diálogo entre a
psicanálise e os ideais, as reivindicações feministas.
Por fim...
Atualmente a luta das mulheres por direitos iguais aos dos homens continua, sejam
elas brancas, negras ou pardas e independente da idade e nacionalidade . Apesar de, como foi
relatado no texto, os partidos políticos terem se interessado pelo eleitorado feminino em 1980,
ainda hoje, aproximadamente 30 anos depois, é comum vermos propagandas eleitorais cujo
conteúdo é a informação de que o partido possui departamentos femininos, ou que apóiam e
se propõe a lutar com as mulheres pela igualdade uma vez que esta ainda não é uma realidade
para a maioria das mulheres.
É fato que as mulheres conseguiram se inserir no mercado de trabalho, porém, a
diferença salarial ainda persiste, sendo que muitas mulheres recebem o salário menor que os
homens ocupando a mesma função. No jornal “Folha de São Paulo online”, foi publicada uma
reportagem em 22 de setembro de 2010 em que descrevia tal diferença, a notícia trazia a
seguinte afirmação: “Na comparação entre os sexos ocupando o mesmo cargo, a pesquisa
aponta que os homens ganham mais que as mulheres em todos os níveis(...)”. Além disso, o
número de mulheres que chegam em casa e enfrentam uma dupla, ou tripla jornada ainda é
muito superior ao dos homens, além de profissionais elas precisam ser donas de casa e
assumir a função de mãe.
Há ainda os casos de violência contra a mulher, muitas são espancadas pelos maridos
ou namorados, e/ou ainda sofrem violência psicológica. Entre os casos de violência contra a
mulher que tiveram grande repercussão podemos citar o da jovem Eloá Pimentel, que aos 15
anos foi mantida refém em sua própria casa, por Lindemberg Fernandes Alves, seu ex-
namorado, após cem horas de cativeiro o seqüestro terminou com a morte da garota,o fato
ocorreu em 2008.
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Outro caso ocorrido recentemente, em maio de 2011, foi a descoberta de um homem
que mantinha a mulher e os quatro filhos trancados em casa, a denuncia foi feita por vizinhos
e a mulher confirmou que seu marido a havia proibido de sair de casa e manter contato com
pessoas fora de sua casa, o caso ocorreu no interior de São Paulo.
Diante de tal realidade vemos como é atual e necessária a luta das feministas, uma vez
que mulheres ainda são agredidas moral e fisicamente. O movimento cuja pretensão é a
equidade de direitos entre homens e mulheres ainda precisa se fazer presente na sociedade
para que seus objetivos possam ser um dia atingidos.
Bibliografia
10
ADELMAN, Miriam. A voz e a Escuta : Encontros e Desencontros entre a teoria feminista e
a sociologia contemporânea. São Paulo : Ed. Blucher Acadêmico, 2009.
ALVES, Branca Moreira, PITANGUY, Jacqueline. O que é FEMINISMO. São Paulo : Ed.
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< http://www.ieg.ufsc.br/admin/downloads/artigos/01112009-115122costa.pdf > Acesso em
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LAGO, Mara Coelho de Souza. Feminismo, Psicanálise, gênero : viagens e traduções.
Disponível em : < http://www.scielo.br/pdf/ref/v18n1/v18n1a12.pdf > Acesso em 23 de Junho
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LOURO, Guacira L. Gênero, Sexualidade e Educação – uma perspectiva pós estruturalista,
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< http://www.pagu.unicamp.br/sites/www.pagu.unicamp.br/files/Adriana01.pdf > Acesso em
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<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/922542-preso-homem-que-mantinha-mulher-e-4-
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11
<http://www1.folha.uol.com.br/mercado/802639-mesmo-pos-graduadas-mulheres-ganham-
ate-51-menos-que-homens.shtml> Acesso em 23 de Junho de 2011.