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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2a Quinzena de Dezembro de 2012Ano XXXIII - No. 1146 Modesto, California$1.50 / $40.00 Anual

Boas Festase Feliz Natal

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2 15 de Dezembro de 2012SEGUNDA PÁGINA

Year XXXIII, Number 1146, Dec 15th, 2012

EDITORIAL

Mais um Dezembro, mais um fim do ano e mais umas tontarias àcerca do fim do mundo no dia 21. Já há mais de um século que estas coisas acontecem. Há sempre alguém que se lembra que o mundo (o mundo deles)

quer-se ir embora de nós num dia qualquer. E até talvez tivessem ra-zão, porque, bem vistas as coisas, temos tratado muito mal este pla-neta onde vivemos. Temos de tudo para que todos pudessemos viver bem, mas os países, os homens, os interesses, a hipocrisia, criaram um mundo onde ninguém se entende.Será preciso um Homem Novo para dar a volta a isto tudo. Talvez não seja no tempo daqueles que nos lêem.

Mais uma jóia da coroa acaba de sair. Desta vez trata-se de um li-vro sobre as Igrejas Portuguesas da California - THE POWER OF THE SPIRIT - que retrata muito bem a relação estreita entre a re-ligião católica e a nossa comunidade, desde que pisámos terra neste grande nosso País.Mas, olhando mais além e para as dificuldades financeiras que mui-tas dessas Igrejas sofrem, é de começar a pensar profundamente no seu futuro e na maneira capaz de sobreviverem com as receitas que têm. Aprendam-se as mais eficazes soluções de muitos países que conseguem manter as suas Igrejas, usando-as fora do tempo normal de encontro religioso, como pólos de atracção turística, mostrando as grandes riquezas sacras que todas possuem. Poderia dar-vos exem-plos que encheriam esta página toda. O futuro é saber prever, é saber estar no momento certo com as ideias certas. Que não hajam descul-pas depois. Vejam o que se passa com o Vaticano, com a Catedral de St. Patrick em New York, sempre cheia de visitantes. E lá até se ven-dem Biblias, imagens de santos, crucifixos, terços, livros religiosos. Até nos Açores já fazemos isso. Perder um dia é perder o futuro.Um grande e bom Natal para todos e um Ano cheio do melhor que possamos ter. jose avila

O fim do mundo (deles)...

O Desporto no seu melhor

Chama-se Açoreano Sport Soccer Club de Hilmar. Foi fundado em 1976 e se hoje está aqui representado é porque dos 19 jogadores que tem, 15 são luso-americanos, o que hoje em dia é uma raridade desportiva. David Magina é o treinador.

O Santa Clara Sporting Club 94 foi finalista da 2012 College Surf Cup

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3 PATROCINADORES

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4 15 de Dezembro de 2012PATROCINADORES

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5COLABORAÇÃO

Recordando Pirolitos

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

Este recordando destina-se par-ticularmente a todos quantos, como eu, ainda guardam no ar-cano de lembranças antigas a

imagem daquela bebida não alcoólica e de paladar agradável, a que se dava o nome de pirolito. Nos tempos da minha juventude, a popularidade do pirolito era imensurá-vel, embora se tratasse apenas dum refri-gerante gasoso, a que se lhe adicionavam o sabor e a cor quer da laranja, quer da tan-gerina, quer também do morango.Creio que um dos pormenores que contri-buia p’rà compra e venda do pirolito era, certamente, a típica configuração da gar-rafa com uma bola de vidro no gargalo. Na Rua Direita da “minha” Ribeira Grande, nos baixos duma casa frente ao edifício dos Correios, estava instalada a pequena Fábrica de Pirolitos, cujo proprietário era conhecido por Senhor Afonso dos Piro-litos. O filho, também chamado Afonso, ajudava-o nessa empresa juntamente com o Manuel Calufa. Eram eles que, numa furgoneta, percorriam a ilha de S. Miguel e faziam a distribuição das caixas com os tão apreciados pirolitos.Evidentemente que tudo isso de há muito há desaparecido. Consta-me que, presente-mente, ali funciona uma mercearia.Escrevendo p’ró Correio dos Acores, em junho 2011, o meu conterrâneo e amigo, Ezequiel Moreira da Silva, forneceu esta notícia àcerca dos pirolitos “Um negócio, que surgiu por volta de 1943, adveio da iniciativa de Manuel da Silva Afonso, na-tural do Cabouco (Concelho da Lagoa), ao transferir das Velas de S. Jorge p’rà Ribei-

ra Grande a sua fábrica de refrigerantes, produzindo laranjadas e pirolitos de bola. As garrafas dos pirolitos eram vedadas por uma bola de vidro alojada em cima duma anilha de borracha junto à sua boca. P’ra beber o refrigerante, metia-se um dedo nessa boca, provocando a queda da boli-nha no gargalo.”Apraz-me transcrever os versos que Eucli-des Cavaco, continental radicado no Cana-dá, dedicou à memória do pirolito:

Parei no tempo e sonheiMemórias de pequenito,E recordei com saudadeO tempo do pirolito.

Era encanto das criançasP’la fascinante bolinha,Que tentavam com o dedoRemover a borrachinha.

P’rós mais velhos era luxoNa festa ou arraial,Porque era depois do vinhoA bebida principal.

Eram grossas as garrafas,Giras e muito pesadas,De todas as que existiamEram as mais engraçadas.

Esta visão dum passado nostálgico, que o autor intitulou “Memórias do Tempo”, en-cerra com a seguinte quadra, que bem se ajusta a este recordando:Seria doce voltar / A ser criança, admito / P’ra poder, sem sonhar /Ver de novo um

pirolito.

Ricardo Melo, já falecido, mas que ainda em vida tive o privilégio de visitá-lo na sua residência em Angra, na edição do Diário Insular (16-abril-2003), reservou os seus oportunos “Instantâneos” p’ra igualmente recordar o pirolito, nestes termos:“Entre as coisas que se bebem sem fazer mal a ninguém, há muito que há memória de um modesto pirolito, um refrigerante gasoso popular, agora quase que em ex-tinção, desde que ou lhe perderam o gosto as novas gerações, ou sumiu-se o refresco que tirou sede a muita gente.Verdade é que nesta ilha lembrança disso deve haver de certeza, de que o desenho da garrafa era robusto e tinha uma bola de vidro no gargalo, que comprimida ia den-tro libertando o refresco que tinha cor da água a menos que lhe dessem cor, nomea-damente o vermelho.Pirolito era bebida desse tempo, não tinha álcool nem fazia mal a ninguém, ainda que uns tantos p’ra reinar com os demais bem lhes fazia crer que o pirolito tinha álcool, pondo-se os mais brincalhões a dizer que bebessem pouco, não fossem depois cam-balear e estatelar-se no chão desafiando as iras paternais, coisa que bem poucos tenta-vam naqueles tempos de pouco álcool p’ra rapazes, boas medidas p’ra homens, em especial numa adega, onde se faziam pro-vas e se provava também o vinho, muito naturalmente entrando também na dança uns pirolitos p’ra desenfastiar e matar a sede. Pirolitos por certo que ainda há como há outras coisas, mas saudades dos piroli-

tos com bola é coisa que ainda agora pal-pita nos corações de sucessivas gerações, até que de todo se apaguem as luzes que até agora mantiveram aceso o facho que iluminou muita gente.” Bem intencionado estava Euclides Cavaco ao versejar: “Paro no tempo e medito / Se ee nostalgia ou destino / Ter tão vivas as memórias / Dos meus tempos de menino.”

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6 15 de Dezembro de 2012PATROCINADORES

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Deseja a todos Um Feliz Natal e uma Ano Novo Cheio de Prosperidades

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7COLABORAÇÃO

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sa riqueza étnica deste encantador berço dos meus filhos.Não tenho filhas. Nem conheço irmãs. Sou o mais velho de três rapazes feitos ho-mens cá ao sabor da diáspora. Emigrámos quando éramos ainda franzinos rapazolas a sonhar com um futuro risonho. Vimo-lo sorrir por aí, à nossa volta. Nada como este vaidoso El Dorado para alimentar a esperança necessária nas etapas cruciais da vida. Casámos e passámos vários na-tais juntos em família encantada com a preciosa prenda de se ver reunida ao redor da mesa da abundância californiana. Nada de essencial nos faltava. A alegria de con-vivermos aconchegados, sobretudo pelo Natal, garantia-nos felicidade acrescida. O sonho do tal futuro melhor oferecia-nos um presente sorridente com paladar nata-lício ao longo do ano inteiro. Sabia bem aquele fraterno aconchego que nos irma-nava por estas paragens. Soube sempre muito bem…até um dia. O dia em que meu irmão Carlos decidiu regressar à ilha com os filhos, arrastando consigo os nossos pais, alterou de imediato a dinâmica familiar. Os nossos natais, ago-ra, revestem-se de reciclada saudade. Uns cá, outros lá, à espera que o Menino nos minimize o amargo da distância.Meu irmão decidiu fazer a viagem ao con-trário. Saíu-lhe bem a aventura. Está nas suas quintas. A ilha é o seu mundo querido. Aquele diminuto espaço ilhéu sempre fora o seu mundo preferido. Deixara-o muito a custo e fez tudo por merecer a alegria de voltar a vivenciá-lo dia a dia, momento a momento.São lindos os muitos momentos, as múl-tiplas memórias que guardamos da lon-gínqua infância que lá passámos juntos. Uma das recordações mais gratas dos nos-sos bons velhos tempos prende-se com as prendas anuais que recebíamos das mãos dos americanos vindos da Base com o camião atulhado de caixinhas e embru-lhinhos destinados a saciarem os sorri-sos genuínos dos meninos e meninas em alvoroço lá pela formosa ilha que nos viu nascer. Crescemos na Terceira de Jesus com essa agradável sensação de ver a be-nemérita presença americana servir de Pai Natal durante o ano inteiro ao povo agra-decido pelo gratificante ganha pão. Melhor

do que ninguém, os terceirenses sabem dar o valor inestimável à importância dos americanos nas Lages. São os empregos, é o desenvolvimento e foi também sem-pre aquela impressão generalizada de que a fogosa Ilha Liláz jamais seria a mesma sem a simpática cooperação prestada pelo generoso Tio Sam.

Meu irmão devota eterna gratidão ao de-cisivo auxílio desta nossa terra adotiva ao seu mimoso torrão natal. O poderio norte-americano, estrategicamente posicionado pelos quatro cantos do globo, tão fulcral à economia da ilha, tem-lhe sido absolu-tamente vital no percurso emigramado que tomou na vida. Empregado cá durante quinze anos, emprega-o lá há outros quin-ze e tal.

Açoriano orgulhoso do seu tem-porário estatuto luso-america-no, o Carlos seguiu com mais interesse a renhida reeleição

de Barack Obama para governar os States do que propriamente a previsível escolha de Vasco Cordeiro para liderar os Açores. Estava em causa o seu emprego. Está em causa o sustento da família. E, num para-

lelo mais extenso, põe-se agora em causa o andamento económico da ilha, para não falar no bem-estar do arquipélago, flutuan-do à deriva de fatores que não controla.A gestão política de interesses estratégicos à escala internacional não olha aos dramas humanos nem aos dissabores comunitários que pode provocar seja onde for. O con-tentamento de uns esbarra no decontenta-

mento de outros. As promessas eleitorais do presidente Obama acabam por exercer maior impacto do que as do presidente Cordeiro na sua própria região, sempre dependente de ajuda externa. Os críticos cortes no orçamento militar americano es-tão diretamente atados à crise laboral que ameaça abalar de forma dramática a vida terceirense. Temem-se que venham a ser demasiado drásticas as desagradáveis con-sequências da eminente perca de empregos na BA4. Receava-se mas não se esperava que o drama se agudizasse assim tão cedo. E logo com a especulação a explodir ao aproximar-se o Natal.Muito embora nada de concreto tenha sido ainda anunciado, aguarda-se para breve a comunicaçao oficiosa das rigorosas medi-das saídas do Pentágono. Resta apenas, no meio de toda esta nervosa expetativa, es-

perar que a dimensão do seu rigor não seja tão severa quão antecipada. Oxalá, daqui até lá, se possam ainda me-diar soluções sensatas para que se evite o pior. O melhor será o Menino Jesus não se esquecer da ilha pequenina, lá no meio do Atlântico, que ainda evoca o seu nome e vai precisar muito da sua ajuda nos próxi-mos tempos.

Ao que parece, o bonacheirão das barbas brancas, o sisudo Uncle Sam, está cansa-do de fazer de Pai Natal na ilha dos meus amores. E isso deixa-me algo tristonho ao embrulhar-vos este meu cabaz atulhado da muita alegria e ótima saúde que vos desejo nestes gostosos dias de Boas Festas.

O meu CabazRasgos d’Alma

Luciano [email protected]

www.radiolusalandia.comSábados - das 12 - 4pmDomingos - das 9 - 11am

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8 15 de Dezembro de 2012COLABORAÇÃO

Agua Viva

Filomena [email protected]

Aí está o Natal, cum-prindo o seu tem-po, a sua Causa! Hoje, só se fala de

“Causas”... Através dos mais diversos meios de comunica-ção, sobretudo no Face Book, chegam até nós as causas mais sentidas sobre as crianças, as famílias vítimas de violência, os animais vítimas de abusos, abandono e maus tratos, as pessoas que são abusivamen-te silenciadas, nos locais de trabalho e outros lugares de cumpromisso. Todos parecem ter uma causa para apelar à consciência.Felizmente ainda há muita gente que consagra parte da sua vida a conceitos de valor, que tem a noção do bem e do mal. E é neste Tempo, sobre-tudo que devemos repensar o Mundo, e até o Natal...É nesta época, a mais acolhedo-ra do ano, que mais as pessoas se identificam com os valores da Humanidade, essa Mensa-gem de humildade de Jesus que nos quis dar, ao nascer num es-tábulo, que segundo o último esclarecimento do nosso Papa Bento XVI, afinal não tinha animais, porque a Bíblia não fala deles. Então, deve ter sido o Povo que assumiu ao longo do tempo com a sua imagina-ção, pois o evangelista Lucas 2:16, diz que “um exército de anjos apareceu a um grupo de pastores, que guardavam seus rebanhos naquelas redondezas, e anunciou-lhes o nascimento do Divino Menino o que os fez ir apressadamente à procura de Maria, José e o Menino que estava deitado numa mange-doura”. - Ninguém talvez se interessou naquela altura com esse pormenor para que fosse narrado, mas é muito fácil de imaginar que ao visitarem o Menino, os pastores Lhe levas-sem alguns dos seus animais, como presente ou porque estes os seguissem... É possível que para um estudioso da Bíblia, seja sempre importante des-

cobrir o Mistério do Nasci-mento de Cristo em porme-nor e se tenha mais certezas do que se proclama. Para o comum dos mortais, não creio que seja assim de re-levância esse detalhe ao fim de mais de dois mil anos, pois o Povo já há muito tempo idealizou, com Fé o que havia nesse lugar. Além disso os próprios volumes da Bíblia trazem quadros pintados com passagens que ilucidam a vista, dando asas maiores à imaginação e ao desejo de uma humanização que dê um maior exemplo de humildade, vivência com todos os seres vivos, o modo de acomodação e até de so-brevivência.O Mundo não vai terminar, mas está numa viragem, como sempre tem aconteci-do ao longo de milhares de anos. A Comunicação entre os seres humanos é rapidís-sima, a tecnologia é diferen-te e cativante, mas às vezes nos esquecemos que ao ser humano falta a alma das coisas. O Natal não pode ser o tempo de ficar-se tris-te pela falta de dinheiro em abundância para as prendas de alta tecnologia.É preciso renovar-se o Na-tal, como nos velhos tempos da nossa infância, sem gran-des sabedorias, mas com os olhos e o coração puros e ingénuos... É cada vez mais necessário contruír de novo esse Presépio num estábulo, com José, Maria, e o Meni-no Deus, o mesmo que os pastores viram quando os guiou aquela estrela... Dei-xem que seus filhos e netos coloquem a vaquinha, o bur-rinho, as ovelhas e todos os outros animais... E que haja Paz na Terra e aos Homens de Boa Vontade!

Feliz Natal!!! Festas Felizes!!!

"A Causa do Natal"

1 – lacónico memorial das taber-nas micaelenses...

Até meados do século passado, as tabernas, as barbearias, os fon-tenários públicos eram os entre-postos preferidos para atenuar o miserabilismo isónomo das comu-nidades rurais. Em tempos cada vez mais distantes, a generalidade do ilhéu micaelense desconfia-va do gozo duma alegria sem a subsequente punição do destino. Era frequente ouvir o desabafo usualmente interpretado pela voz feminina: Ai credo! Estou tarela d’alegria; o que sará que me vá acontecê amanhã...?Sabemos que o tempo não muda as coisas mas muda-lhes o nome. Exemplo: nas modernas ‘disco-tecas-bar’ o aroma campestre do‘vinho-de-cheiro’ já faz parte do bornal da saudade; o perfume do cigarro‘santa-justa’ evaporou-se com a última geração campo-nesa, que desconhecia ‘les paradis artificials’ do poeta Baudelaire.Pois é, os aromas estão mudados! Antigamente, parecia que o tempo andava parado. A arte de avinhar a alegria fazia parte dos primeiros-socorros para acudir à ‘dor de ser quase’... Vejamos: um “quartilhe de vinhe” era mais descascador de verdades do que um bom confes-sor. De resto, uma freguesia sem adegas era comparável a uma igre-ja sem altares...Como acima acabámos de ano-tar, as tabernas rurais eram vistas como ‘confessionários’ simpáticos onde o ‘pecado venial’ respirava mais à-vontade. O ‘vim-de-cheire’ era o denominador-comum da camaradagem; o taberneiro era geralmente o confessor de recur-so daquelas almas simples, quase sempre minguadas de ‘ouvidor’ para escutar as suas mágoas (...não raro temperadas com pungen-tes segredos familiares...). Para os convertidos aos rituais da bebedice, entrar numa taberna era como visitar uma ‘capela’ para conversar com a ‘santa-pinga’ de serviço! O pior era quando a ‘ora-ção’ demorava mais do que o pre-visto, e os fiéis ficavam depressa incapazes de finalizar a novena: dir-se-ia que, após empinar três quartilhos, o ‘penitente’ ficava completamente ‘rezado’!

2 – ... vamos dar as boas-vindas aos peregrinos da “copofonia” Até meados do século XX, a maio-ria das freguesias micaelenses ti-nha muita ‘proa’ no irrequietismo vinário das suas tabernas. Na fre-guesia micaelense de São Roque (meu berço natal) havia adegas e tabernas que ficaram na memória do tempo (não tanto pela fama da sua vinhataria, mas sobretudo pelo vanguardismo bacano dos magnos peregrinos da ‘copofonia’).Bastariam duas referências brejei-ras para ilustrar o supracitado: no início da década de 40 do século passado (ali pr’ás bandas da Ma-dalena, São Roque) havia a taber-na Estrela da Manhã que gozava da fama de ser um dos poucos ‘oásis’ simpáticos aos‘soldados-de-Lisboa’. Curiosamente, aquela foi a primeira taberna da freguesia a oferecer aos seus clientes uma

ementa original: música ligeira e noticiário radiofónico. Assim, en-tre dois ‘quartilhos mal-aferidos’ e um par de torresmos de molho de fígado como petisco inimitável, as notícias da guerra eram ali es-cutadas com espantada e não raro fervorosa convivialidade…Um pouco mais a oeste, ali pr’ás bandas da zona do Terreiro, havia o famoso ‘Café Chouriço’, por-ventura a mais garrida (e meiga!) taberna da área. E havia razões específicas para a sua imbatível popularidade: primeiro, a sua lo-calização protegida pela vertente norte da ‘península-ilhéu’ com a silhueta de rosto-de-cão; depois, a consentida ausência de iluminação pública, o que oferecia garantia de anonimato aos seus ‘respeitáveis’ visitantes; finalmente, o aroma e a qualidade da petiscaria preparada pelo famoso Elias, considerado autor do investimento patronal, o sinhô Jâquim Miranda, talentoso negociante oriundo de Água de Pau...Para nos ajudar a perceber o curio-so fenómeno do “Café Chouriço” nada como revisitar o perfil socio-lógico daquela área rural. Numa dada etapa da II Grande Guerra, a zona de ‘rosto-de-cão’ foi das pri-meiras do sul micaelense a ser se-leccionada pela engenharia militar para a instalação de postos de vigi-lância (?) anti-submarina. Alguns dos abrigos ainda lá estão para testemunhar os locais onde foram montadas peças de artilharia de costa: ferramental bélico modesto, aliás de duvidosa eficácia defensi-va. Na alvorada dos anos sessenta do século XX procurei entender o depoimento de alguns dos residen-tes mais astutos e lúcidos da épo-ca: na época, temiam que aqueles ‘brinquedos’ servissem para aju-dar os submarinos alemães a con-ferir as coordenadas das nossas posições defensivas e, eventual-mente, enfraquecer ainda mais as precárias condições de segurança duma zona densamente povoada, sediada a escassos quilómetros duma modesta (mas tacticamente valorosa) base-naval ...Mas... não é de ‘artilharia de costa’ que nos propomos hoje conversar. Dado que durante a década (1940-50) havia muita gente estranha a fervilhar por toda a ilha, houve quem depressa compreendesse o fenómeno, e dele procurasse ex-trair o melhor proveito. Explico-me: a cerca de três quilómetros da cidade, o famoso ‘Café Chouriço’ era então um dos mais castiços ‘paraísos proibidos’ das redonde-zas; os ditos ‘senhores-de-gra-vata’ chegavam protegidos pela escuridão, fingindo-se atraídos pelo cheiro ímpar dos petiscos da casa; todavia, segundo os entendi-dos, o sô Elias era também mestre afamado na arte de promover o acesso à “petisqueira clandestina” na época tão procurada pelo cres-cente número de forasteiros em comissão militar... Além do mais o “Café Chouriço” tinha fama de ter uma saída secreta nas traseiras do edifício, para ‘acudir’ a qual-quer visita-surpresa do moralismo oficioso. Ora, consta que sô Elias tinha sempre disponível o elegante ‘quarto-azul’ onde a fidalguia da faina nocturna aguardava lhe fos-

se servida as apetitosas ‘petisca-das’ de carne tenra, coxas roliças e corpetes perfumados, sobretudo obedientes ao paladar e à bolsa do misterioso cliente... Não é preciso lembrar que, nessas coisas de mo-ralidade pública, o pecado é sem-pre aquele ‘pobre-diabo’ que mora ao lado, fingidamente desconheci-do de toda a gente que se preza...

3 – O presente é o passado do fu-turo...? ... naquele tempo (1940-1950), a ilha de São Miguel era ainda uma ‘moçoila’ verdejante, isolada no oceano do silêncio (o tal ‘silêncio-guardião’ da pobreza envergonha-da, na ‘dor da tortura repetida e no uso do penar tornado crente). Na-quele tempo, a ilha do Arcanjo era um viveiro de ‘donzelas’ casadas e solteiras: viveiro subitamente invadido por milhares de rapazes continentais, bem fardados, qua-se imberbes, longe das noivas... Para aqueles moços, as recorda-ções da sua pobreza beirense eram suavizadas pelo ‘rancho-militar’, quase sempre conseguido à custa dos sacrifícios impostos à popula-ção indígena. Falta ainda lembrar que o corpo expedicionário mili-tar (1941-46) estava a viver ene-briado pelo ‘licor’ psicológico da distância – euforia que propiciava o anonimato do pauperrismo das suas origens, e acentuava o delírio pueril de quem se sentia patrão do futuro, fora das ameias apertadas do condado portucalense...Em termos gerais, dir-se-ia que em finais da década de 1940, a popula-ção açoreana começou a perder o seu estado de inocência ilhota. Da convivência (embora fugaz) com os hábitos e as preferências dos militares ingleses, norte-america-nos (instalados nas ilhas) acresci-da da complicada experiência con-vivente com os seus compatriotas do continente, resultou em que a generalidade do ilhéu colhesse uma mais esclarecida percepção da sua transitável insularidade. A partir daí, o fenómeno da emigra-ção emergiu da sua clandestinida-de miserabilista, para se afirmar como escape afinado em grito de liberdade lusíada! Yes! A emigrar se vai ao longe...... há quem diga que os Açoreanos começam já a sentir saudades da açorianidade comovida a Oeste. Talvez por isso os ilhéus-emigran-tes estão a decorar o vocabulário da distância, para melhor enfren-tar o desafio de ‘açorianizar’ o seu inegociável berço natal...

(*) excertos do texto patente no livro “Canteiro da Memória” Maio, 2002

(o autor continua a escrever ao arrepio do recente acordo

ortográfico)

... palmada do futuro nas costas do passado

Memorandum

João-Luís de [email protected]

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9 COLABORAÇÃO

É Natal!É NatalCeia posta, que belezaEnquanto muitas famíliasNão têm pão em sua mesa.

É NatalMuitos têm a alegriaEnquanto outros passam horasCom a barriga vazia.

É NatalVê-se no céu o clarãoDo tiro de uma bazucaOu da bala dum canhão.

É NatalA avareza continua,Enquanto que os sem casaFazem a cama na rua.

É NatalA criança fica triste,Descobriu que o Pai NatalÉ alguém que não existe.

É Natal Mas algo parece errado.Tanta criança que sofre,Sem nunca sequer ter pecado.

É NatalOs homens não são iguais.Se o mundo era pequenoFicou pequeno demais.

É NatalHá no mundo a desgraça,

Enquanto muitas culturasAinda esperam que Ele nasça.

É NatalHá quem não faça por mal,Mas quer que os outros se lixemSó interessa o seu Natal.

É NatalAlguns perdem o respeitoE no fim ainda dizemQue este mundo é imperfeito.

É NatalAjudai o vosso irmãoPra que ele tenha na mesaUma fatia de pão.

É NatalSeja um dia diferenteNão só para os que podem,Mas sim para toda a gente.

É NatalQue se acabe toda a guerrae que volte, finalmente,A paz para todos na terra.

Desejo à equipe do Tribuna, a to-dos os colaboradores e leitores do mesmo, umas Felizes Festas do Natal e um próspero Ano Novo.

.

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10 15 de Dezembro de 2012COLABORAÇÃO

Na vida passamos por momentos que deve-ríamos aceitar sem lamúrias e o bom hu-

mor seria uma ótima alternativa. Perdoar nossos próprios erros, rir dos nossos medos e mostrar receptividade a novos conheci-mentos faz grande diferença para o nosso bem estar, sobretudo se não nos revelarmos sabedores de todas as respostas, porque não somos. No entanto, em algumas ocasiões, nos comportamos tão automática e injustamente, jul-gando já ter aprendido tudo com a nossa vivência que, muitas vezes, não temos pachorra para ouvir nossos interlocutores até ao final, para só então oferecer a nossa opinião. E tendemos, ainda, a dar menos crédito aos jovens! Não será por isso que só bem poucos concedem a merecida atenção aos mais velhos que se julgam os donos da verdade? Aliás, impa-cientes, fogem deles! O comentário vem a propósito

do natal que se aproxima. Nesta época os assuntos são quase que os mesmos e giram em torno dos preparativos, dos presentes, do Papai Noel, das comidas, das re-clamações de sempre e até quem escreve sobre o tema acaba, algu-mas vezes, por se repetir, como eu. Pouca – ou nenhuma - refe-rência se faz ao nascimento de Jesus, quando esse deveria ser o centro da festividade. Entretanto, se infelizmente não é, não vejo necessidade de queixas veladas e contendas entre os que têm o natal como uma comemoração religiosa e os que dela participam como se fora uma festa somente, ou qualquer outra. Nesses mo-mentos, deveria prevalecer a sa-bedoria cristã de quem já viveu o suficiente para saber harmonizar e apaziguar familiares e amigos (“amai-vos uns aos outros”), e não se servir dos desentendimen-tos para jogar mais lenha na fo-gueira.

E tem aqueles que se irritam com o natal porque acham que Jesus é o culpado pela fome, pela crise mundial, pelo desemprego, pelas crianças pobres e abandonadas que não terão brinquedos, nem comidas especiais e, consequen-temente, não terão uma noite feliz. Essas pessoas precisam en-tender que Jesus nasceu para to-dos, sim, mas que Ele foi o ato do amor de Deus para com o mundo (“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas te-nha a vida eterna” João-3.16), e que o Seu Filho, Jesus, deu a Sua vida terrena em sacrifício, para que tenhamos a vida eterna (os que Nele acreditam). As demais coisas terrenas dependem de nós, dos “homens de boa vontade”, dos cristãos de maior vontade ainda e do amor de cada um para com o seu semelhante. Quem sabe não podemos fazer acontecer, no na-tal de uma família carente, um

verdadeiro milagre?

Encontramos, também, os que à mesa, durante a ceia, ou em algum ou-tro momento da festa,

criam grandes discussões em tor-no da data do nascimento de Jesus e muitos se desentendem. Como a Bíblia não menciona nenhum dia específico para o nascimento de Jesus, só traz a narrativa (“E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador que é Cristo o Senhor. E isto vos será por sinal: acharás o menino envolto em panos, deitado numa manjedoura.” -Lucas 2-10.12-), a data foi escolhida pelos cristãos romanos que aproveitaram uma importante festa pagã que acon-tecia entre os dias 22 e 25 de de-zembro, chamada “Natalis Solis Invicti” (nascimento do deus sol), homenagem ao deus persa Mi-

tra, popular em Roma. Em 335 a igreja oficializou a celebração do natal no dia 25 de dezembro. Estudiosos da Bíblia acham im-possível que Cristo tenha nascido no inverno e dizem que o mais provável seria entre março e no-vembro, época que a temperatura permitiria Jesus embrulhado em panos somente, numa manjedoura.

Seja em que época for que se co-memore o nascimento de Jesus, o importante é que O permitamos nascer em nossos corações e em nossas atitudes, todos os dias.

Feliz natal para a equipe incansá-vel do Tribuna Portuguesa, seus leitores, anunciantes e colabora-dores. Daqui do Brasil mando-vos o meu abraço.

Repensando o Natal

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz [email protected]

E Viva a California

A Califórnia é um dos mais im-portantes estados da união americana. Se fosse um país independente seria a oitava

economia mundial. Apesar da recessão económica, a Califórnia ainda é responsá-vel por cerca de 13% do produto interno bruto dos Estados Unidos da América. Este estado, que tem sido a minha casa desde os dez anos de idade, é um colossal económico, intelectual e cultural. Daí que é cliché dizer-se: Para onde vai a Califór-nia, vão os Estados Unidos (So goes Cali-fornia, so goes the Nation). E neste último ato eleitoral, ainda outra vez, a Califórnia deu a sua lição ao país, para não falar dos céticos e conservadores que, apesar de cá estarem à várias gerações, infelizmente, ainda não compreenderam o espírito Ca-liforniano. Este estado é um líder ame-ricano e tal como outos homólogos nas zonas costeiras do pacífico e do atlântico dos EUA está na vanguarda do verdadeiro espírito americano.Acontece que a 6 de Novembro deste ano, os Californianos, foram às urnas e mais uma vez, fizeram história. É que se é importante a reeleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, não são menos importantes os resultados das eleições locais, regionais e estaduais. E a Califórnia deu cartas. Primeiro e contra tudo e todos, os cida-dãos deste estado aprovaram um aumento nos impostos o qual será dirigido exclusi-vamente para o ensino. Apesar de estar-mos em tempos económicos difíceis, os californianos compreenderam que há que investir na educação. É quase impensá-vel que outro estado da união americana, particularmente os retrógrados do centro e sul do país, aprovasse, em tempos de austeridade, semelhante medida. Porém, os californianos compreenderam que o su-cesso do estado depende do investimento que se fizer na educação. Que uma força laboral preparada só trará vantagens para a economia. Daí que, no meio de tempos económicos incertos, a maioria dos cali-

fornianos tem uma certeza: há que apos-tar no ensino dos nossos jovens. Há que prepará-los para a nova economia do sécu-lo XXI. Há que salvaguardar um dos me-lhores sistemas de ensino deste país. Há que continuar a apostar no ensino públi-co, onde se acredita, veementemente, que cada criança, independentemente do status social, cultural, linguístico ou económico dos seus pais, tem o direito de aprender. Os californianos, apesar dos montantes gastos pelos grupos conservadores, que se opuseram com unhas e dentes a este au-mento nos impostos para o ensino, soube-rem, ainda mais uma vez, ter a visão pro-gressista que tem levado este Eldorado a patamares diferentes.Outra proposta que veio demarcar este es-tado, rejeitada pelo eleitorado que aí tam-bém soube ver que estávamos a ser vendi-dos um pacote de mentiras, foi a número 32. Há anos que os grupos conservadores, fieis à sua mensagem de retirar todos os direitos à classe trabalhadora, à classe mé-dia americana, andam inquietos para abo-lir os poucos direitos que quem trabalha para viver ainda tem, graças à labutação e à persistência dos sindicatos. É que prati-camente todos os direitos que os trabalha-dores neste país (e quiçá em todo o mundo) têm, vieram de lutas de anos e anos, trava-das na sua maioria pelos sindicatos. Desde o horário de 8 horas de trabalho por dia ao conceito do fim de semana em casa. Daí que, os grupos da alta finança, particular-mente os mais regressivos, desejam, reti-rar aos sindicatos todo e qualquer poder no seio da esfera política. É que se for proibi-da a participação politica dos sindicatos os trabalhadores ficam sem voz. O que levou a que vários multimilionários, com o apoio dos conservadores, tivessem gasto milhões de dólares na campanha contra a proposta em referendo, número 32, a qual tornava os sindicatos praticamente irrelevantes. Também aí os californianos souberam es-colher e os trabalhadores continuam com a sua voz. É que se há que reestruturar al-guns sindicatos, e há, eles ainda são a voz

mais importante da classe trabalhadora. E no meio de toda esta movimentação elei-toral, os californianos, apesar dos dilemas que enfrentam deram aos Democratas a primeira maioria absoluta em ambas as câmaras legislativas. Se bem que de todas as medidas políticas do último ato eleitoral esta é que a menos me entusiasma, uma vez que sempre tive, e ainda tenho receios, de maiorias absolutas. Podem ser extre-mamente benéficas, mas também podem ser perniciosas. Quero acreditar que os homens e as mulheres progressistas eleitos neste estado saberão utilizar esta maioria para melhorar a vida dos cidadãos. Vere-mos! Mas acima de tudo a Califórnia está em bom caminho. Apesar das dificuldades que o estado ainda tem, um deles o alto índice de cidadãos pobres, a Califórnia, segundo uma notícia recente do New York Times, está a reduzir, substancialmente, a sua divida publica; o desemprego está a decrescer e no sul do estado a venda de ca-sas aumentou nos últimos meses na ordem dos 25%. Apesar de Mitt Romney e os Re-publicanos terem apelidado a Califórnia como a Grécia dos Estados Unidos, este estado mantém a sua liderança em vários sectores económicos e culturais. E a nos-sa riqueza, para desgosto de muitos con-servadores e reacionários (contando-se, infelizmente, muitos luso-descendentes e alguns emigrantes que se esqueceram de onde vieram e quem são), está na di-versidade da nossa população e da nossa economia. É que segundo dados do PIB da Califórnia para 2008, somos verdadei-ramente um estado multidimensional, ou seja: a nossa economia é diversificada, não estando baseada apenas num único sector. E a diversidade da população é mais do que demonstrada no maior distrito escolar da Califórnia, o segundo maior dos EU, Los Angeles, onde se falam 91 línguas di-ferentes. Se é verdade que a Califórnia está em me-lhores lençóis económicos, sociais e cul-turais do que muitos estados, não é menos

verdade que temos grandes desafios à nos-sa frente. A proposta para abolir a pena de morte, infelizmente, e graças ao pouco entusiasmo da Igreja Católica não passou. É que a bem da verdade, se a Igreja Católi-ca tivesse tido metade do entusiasmo pela abolição da pena de morte do que teve na proposta para proibir o casamento civil dos gays há 4 anos, hoje a pena de morte seria proibida na Califórnia. Há ainda que enfrentar os enormes desafios da pobreza, da discriminação, dos gastos excessivos com programas supérfluos, entre outros. Apesar destas irresoluções, a Califórnia está muito além da vasta maioria dos es-tados americanos, particularmente, como se disse, dos do centro e do sul do país. Daí que, quando os meus amigos conser-vadores se queixam da Califórnia, alguns ameaçando que vão abandonar o estado, convido-os para irem viver para Mississi-ppi, onde o índice de pobreza é na ordem dos 20%, os vencimentos per capita são os mais baixos do país, é dos estados que mais apoio recebe do governo federal, tem vários índices assustadores, mas é gover-nado por Republicanos, ainda tem 63% da população anglo-saxónica e proíbe tudo o que venha dar mais direitos às minorias, portanto ainda é um oásis para os meus amigos da direita.Mais, não fiquem por Mississippi, podem até escolher outros, como por exemplo: Arkansas, Tennessee, West Virginia, Lou-isiana, Montana, South Carolina, Kentu-cky, Alabama e North Carolina, ou seja: os outros nove mais pobres estados da união, todos eles dirigidos por Republicanos.É que com algumas imperfeições, a Ca-lifórnia, como acabámos de verificar no último ato eleitoral, ainda permanece na vanguarda. Mais, ainda continua a ser a esperança para milhares de migrantes de outros estados e emigrantes de outros paí-ses. É que como ouvi algures: a Califórnia ainda é o diamante num anel de diaman-tes.

Sabor Tropical

Elen de [email protected]

Page 11: The Portuguese Tribune, December 15th 2012

11COLABORAÇÃO

Pode o Congresso alterar o preço do leite?

O Secretário da Agricultura receia que este disfuncional Congresso possa vir a causar problemas nos preços do leite.

Falando no “World Dairy Expo” em Madison, Wis., o Secretário da Agricultura mostrou-se receoso de que este pouco eficaz Congres-

so venha a ser um problema de grandes di-mensões para a Agropecuária, e não só.No mês passado falando em Madison, Wisconsin, o Secretário da Agricultura Americana, Tom Vilsack, informou que os preços do leite podem automática-mente dobrar no início de 2013 devido ao Agricultual Act de 1949, se o Congresso de 2012, que segundo diz ele (se opõe a tudo e nada faz) não tomar acção. O tempo está passando como uma bomba relógio, e o Secretário pensa que será um desas-tre para os produtores de leite dos Estados Unidos se uma nova Lei da Agricultura não for aprovada até 31 de Desembro. Os seus receios são - o mercado de vendas do-méstico; o mercado de exportações exter-nas; astronómicos custos governamentais; o excoamento de produto devido à subida vertiginosa dos mercados e a opinião pú-blica sobre a industria de lacticínios, que digamos em abono de verdade, não é sem-pre dos mais favoráveis.O Secretário não experimentou esconder a sua frustação devido ao disfuncionamento político do Congresso, que até agora tem evitado que esta lei viesse a ser aprovada.Se não acontecer até 31 de Dezembro, os produtores do leite e consumidores vão acordar no primeiro dia do Novo Ano com preços no leite nunca antes experimenta-dos, e uma barafunda no mercado impos-

sível de compreender. Segundo a sua es-timativa, a class III das Ordens Federais pode oscilar entre os $39 e $50 por cada 100 libras, mais de que o dobro do que é agora. Isso pode representar perda dos mercados internacionais e um completa ruptura no mercado doméstico.“The 1949 Agricultural Act” estabelece um sistema de (Poder de compra) “Pari-ty” que afectivamente indicava os preços mínimos de um mercado financiado pelo Governo Federal que garante a compra do excesso dos produtos do leite, manteiga, leite em pó e queijo. “Parity” era ajustável ao index inflacionário e ao custo de um ca-baz de produtos e serviços relacionado aos produtos de primeira necessidade incluin-do os do leite entre 1910 e 1914. O Secre-tário da Agricultura tinha autoridade de fixar os precos mínimos da Class III entre 75 e 90% de “Parity”.

Este sistema foi substituido por um sistema de preço fixo em 1983, mas a falta da aprovação da Lei da Agricultura, cada 5 anos au-

tomáticamente reverte a legislação para o “1949 Agricultural Act”. O Departamento já não usa “Parity” em nenhum mecanis-mo dos preços, mas à falta da nova lei o sistema pode regressar. A Casa dos Representantes, que não aprovou ainda o “Farm Bill” (o Senado já o aprovou) e não parece interessada em preencher a sua agenda um tanto ou quanto reduzida, veio para o trabalho a 13 de Novembro tirando a semana de Acção de Graças, e na ocasião em que completamos este trabalho. Muito mais haverá para dizer para que o comboio

não vá despenhar-se no famoso “penhas-co”, restam apenas 16 dias de trabalho ac-tivo para este Congresso.No caso da não aprovação da lei da agricul-tura as compras de produtos do leite pelo Departamento da Agricultura vão subir de forma significativa, quando este tiver que absorver o producto que será impossível exportar, devido à inconcebivel diferença dos preços entre os Estados Unidos e os

seus parceiros no comércio intenacional, até o mercado doméstico não parece pre-parado para uma subida desta envergadu-ra, aproximadamente de 100%.

Temas de Agropecuária

Egídio [email protected]

Page 12: The Portuguese Tribune, December 15th 2012

12 15 de Dezembro de 2012PATROCINADORES

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Portuguese Fraternal Society of America

Page 13: The Portuguese Tribune, December 15th 2012

13 COLABORAÇÃO

1. NA ANTIGUIDADE: INEXISTÊN-CIA DE INSTITUIÇÕES BANCÁ-RIAS

Os arquivos históricos revelam que as bases dos mais antigos sistemas económicos foram, durante séculos, os valores das

diversas actividades relacionadas com a agricultura. Entre esses valores salienta-vam-se a pecuária e os cereais. Na Antiga Mesopotâmia, por exemplo, “notas bancá-rias” ou “documentos de certificação e ga-rantia” eram utilizados em referência a de-pósitos ou silos de grão como unidades de crédito. O sistema feudal do antigo Japão baseava-se no arroz produzido durante um ano, isto é, no “Koku”. Mas a proliferação humana trouxe, gradu-almente, novas dimensões e maior com-plexidade às actividades comerciais das sociedades espalhados pelo orbe terrestre. Tudo evolve ... e também o modo de tran-sacionar através do mundo! Talvez a maior e mais progressiva alteração efectuada nas costumadas relações comer-ciais dos antigos tempos foi a introdução de “notas bancárias” em substituição das pesadas e múltiplas moedas de todos os feitios, feitas de cobre e de outros metais.Antes da introdução do “dinheiro em pa-pel”, os chineses usavam moedas de metal circulares, com um buraco rectangular no centro. Assim, várias moedas poderiam ser e eram atadas todas juntas por um cor-del ou corda, facilitando assim o seu trans-porte. Este costume generalizou-se, mas os mercadores e empresários mais ricos achavam estes processos extremamente onerosos e complicados, sobretudo na se-gurança e no transporte de elevadas quan-tidades de moedas para outros pontos. A primeiro, quantias muito consideráveis eram depositadas e confiadas à guarda de entidades consideradas altamente hones-tas, as quais confirmavam os depósitos recebidos em documento devidamente as-sinado e certificado. O depositante recebia os seus depositados valores mediante a apresentação do respectivo recibo emitido com a promessa e garantia de pagamento ou devolução. 2. COMEÇAM A SURGIR OS PRIMEIROS FUNDAMENTOS BANCÁRIOS A grande inovação ocorreu na brilhante civilização da antiga CHINA, ou, mais es-pecificamente, na DINASTIA DE TANG (618-907), durante o século 7 da Era Cris-tã. O que motivou a introdução das notas bancárias foi que os grandes mercadores e empresários chineses desejavam evitar o volumoso e pesado dilúvio de moedas de cobre de todos os tipos que chagavam aos seus balcões, causando-lhe problemas transacionais e de segurança.Aproximadamente em 960, ao ver-se com insuficiente produção de cobre para o fa-brico de moedas, a DINASTIA SONG (960-1279) emitiu as suas primeiras notas, circulares, nas quais prometia redenção e pagamento da quantia ou quantias depo-sitadas mediante a entrega de um objecto de valor. Essas notas exigiam um descon-to e a respectiva validade era temporária. Aponta a história que essas notas torna-ram-se muito populares, sem, no entanto, substituírem completamente as moedas, que continuaram a existir e a ser usadas em transações. O uso de notas emitidas pelas autoridades centrais já na aurora do século 12 havia atingido um nível muito elevado, pois, num só ano, a produção das notas emiti-das pelo governo de Song ultrapassara 26 milhões. O ritmo continuou e, em 1120, o governo central incrementou a produção da sua própria emissão de notas em papel, usando blocos de madeira como impresso-

res. Saliente-se que o uso e a popularidade do “dinheiro em papel” aumentou de tal modo durante a dinastia de Song, que uma das suas prefeituras, a de Xinan (hoje Xixian), remeteu 1.500.000 folhas de papel mone-tário em sete variedades para a capital, em Kaifeng. Para tornar mais expediente o fabrico do “dinheiro-em-papel”, o Impe-rador Hunzong estabeleceu várias fábricas e oficinas impressoras em diversas cidades chinesas.É interessante notar que, desde 1107, o governo chinês ordenou a impressão de dinheiro em papel em, pelo menos, seis cores, com intricados desenhos, e, ocasio-nalmente, com misturas de fibras no papel para assim evitar possíveis falsificações.Para dar uma ideia das dimensões e da importância económica atribuída pelos governos centrais à nova inovação bancá-ria, saliente-se que, de acordo com os exis-tentes arquivos históricos, no ano de 1175 largos números de funcionários especiali-zados eram empregados na preparação e no fabrico das notas bancárias; na fábrica da cidade de Hangzhou, por exemplo, tra-balhavam mais de 1.000 empregados cada dia. Esta situação, sem ser verdadeiramente nacional, ocorria em diversas regiões do vasto império. A validade das respectivas emissões de notas bancárias era limita-da a 3 anos, e, também, de determinada dimensão territorial. Apenas nos anos de 1265 e de 1274, o governo central de Song promulgou a expansão do seu sistema fi-nanceiro e do uso do “dinheiro em papel ” em todo o território chinês. 3. SÃO EMITIDAS AS PRIMEIRAS “NOTAS” COM APOIO PLENO

Durante a subsequente DINASTIA YUAN (1271-1368), o uso das notas bancária foi adoptado também pelo Império Mongol então reinante na China. A dinastia Yuan foi a primeira na China a favorecer e a in-crementar a utilização de “notas” no seu sistema monetário e financeiro. O próprio fundador da Dinastia, o imperador Kublai Khan (1215-1294), decretou a produção de uma “nota”, a celebrada “Chao”. Essas notas eram restritas geográfica e tempora-riamente; no entanto, futuras notas foram emitidas sem quaisquer restrições. Nas suas viagens de negócios, os empre-sários e mercadores provenientes da ci-dade-estado de Veneza, na Itália, ficavam profundamente impressionados pelo apoio oficial dado pelo próprio governo chinês ao dinheiro em papel, acto ainda única no

mundo. 4. RÁPIDO E DIVERSIFICADO DE-SENVOLVIMENTO BANCÁRIO

Na EUROPA. a ideia de transacionar ao sino-modo usando notas monetárias à se-melhança das chinesas, surgiu com inten-sidade no século 14, trazida pelos grandes mercadores e empresários venezianos. Até então, vários países europeus reco-nheciam o direito de uma pessoa depositar e retirar os seus valores quer em metais preciosos, como o ouro ou a prata, quer monetários. Na Itália, como também nas outras nações do continente europeu, em negócios, intercâmbios ou pagamentos na-cionais e internacionais, eram usadas, com frequência, as chamadas “letteras di cam-bio”, que, na realidade, eram documentos promissórios, mas sem qualquer garantia oficial de pagamento. Naqueles tempos medievais de enorme agitação social e omnímoda insegurança, era impensável transportar largas somas de dinheiro para pontos longínquos, e isto motivou os comerciantes a usar no-tas promissórias, inicialmente registados pessoalmente. As notas promissórias cedo passaram a ser “ordens de pagamento”, pa-gáveis ao portador. Estas notas são actual-mente consideradas as predecessoras das modernas notas de banco. Realce-se aqui que a expressão “nota de banco” data da designação italiana “nota di banco” do século 14, a qual reconhecia, textualmente, o direito do portador da nota de receber os respectivos valores em pre-ciosos metais, ouro ou prata, em depósito nos bancos que emitiam essas notas.Com o rolar dos anos, o uso de notas ban-cárias ganhou aceitação geral, mas na Eu-ropa só ficaram verdadeiramente populari-zadas no século 17. Resumindo: O “dinheiro em papel” evo-luiu de recibo de valor ou valores recebi-dos, para pagamento promissório de contas depositadas, para “ordem de pagamento” pagável ao portador, para valores deter-minados por organizações não oficiais, e, finalmente, para valores acordados, deter-minados e garantidos pelos governos ou uniões internacionais. Saliente-se que este processo de garan-tia foi baseado inicialmente nos valores vigentes dos metais preciosos. Com a re-moção dos metais preciosos dos sistemas monetários, as notas bancárias passaram a representar crédito monetário, oficializado e apoiado pelos governos dos países. Os arquivos históricos apontam ter sido, em 1660, o Banco de Estocolmo, predeces-sor do Banco da Suécia, o primeiro banco na Europa a emitir as novas notas. As já citadas inovações bancárias euro-peias também despertaram o interesse do Novo Mundo, e com especial intensidade nos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, ainda em fase colonial. Em 1690, a Colónia de Massachusetts Bay foi a primeira das 13 Colónias a emitir definitivas notas bancárias, embora o seu uso só ficasse generalizado no século 18, quando já todas as 13 Colónias passaram a produzir as suas próprias notas. Realce-se que o governo federal dos EUA só um século após a adopção da Constitui-ção (1789) passou a emitir as suas próprias notas bancárias. Até 1862, o Congresso dos EUA encarregou First Bank of the United States de emitir, como “quase-banco cen-tral”, as suas notas bancárias; mas o banco cessou as suas operações em 1811, quando o Congresso não aprovou a renovação do respectivo contrato. O Second Bank of the United States continuou as funções do anterior “quase-banco central” até 1841. Actualmente, o Federal Reserve Bank é o banco central e executivo dos EUA. Nos EUA, a aceitação das notas monetá-

rias, em substituição dos tradicionais me-tais preciosos, foi acelerada pela Ordem Executiva 6102, que, no ano de 1933, proi-bia que qualquer pessoa guardasse mais de cem dólares em ouro, penalizando o infractor com prisão (até 10 anos) e multas em dinheiro (até 10.000 dólares). 5. HÁ DIVERSIDADE NO FABRICO DAS NOTAS MONETÁRIASNOTAS EM PAPEL ESPECIAL

A maioria das contemporâneas notas mo-netárias ou bancárias são feitas de mistu-ras de algodão e papel. O algodão é fre-quentemente misturado com linho, abacá, ou fibras de outros têxteis. O papel usado na produção das notas é um papel especial, resiliente, flexível e durável, feito para du-rar, pelo menos, 2 anos no bulício da vida quotidiana. Este tipo de papel recebe uma infusão de álcool polivinílico ou gelatina que lhe confere maior robustez e durabi-lidade. As primeiras notas chinesas eram impres-sas em papel feito de cascas de amoreira, material ainda usados no fabrico de notas bancárias no Japão. Com o propósito específico de lhes con-ferir maior autenticidade oficial e de difi-cultar possível falsificação, as modernas notas de banco incorporam hologramas, e, inseridas, uma ou mais fibras, com, ou sem, outros componentes de segurança que descoragem contrafacção. NOTAS POLIMÉRICAS

Numerosos países têm preferido usar ma-teriais diferentes quer com vista a mais duradouras notas monetárias, quer com o objectivo de dificultar ou eliminar possí-veis tentativas de falsificação. Estas notas denominadas poliméricas, apareceram no mercado bancário em 1983 e são o resul-tado de polimerização, processo químico que funde e cria um composto de iões ou unidades numa só estrutura. Em 1966, a Austrália produziu notas monetárias feitas de prolipropileno (plástico) de materiais de poliméricos biaxiais caracterizados pela presença de um cristal opticamente aniso-trópico. Austrália, Brasil, Brunei, Chile, China, Costa Rica, Guatemala, República Dominicana, Indonésia, Irlanda, Israel, México, Nepal, Nova Zelândia, Roménia, Singapura, Tailândia, Taiwan, Vietname, e Zâmbia, já usam notas monetárias polimé-ricas. Outros países já indicaram planea-rem associar-se a este grupo. Em 2005, a Bulgária emitiu as primeiras notas híbridas, isto é, feitas de papel e po-límero. NOTAS FEITAS DE OUTROS MATERIAIS

Com o objectivo de prover maior durabili-dade e segurança, através dos anos, notas bancárias têm sido produzidas de outros materiais, tais como seda, e couro. Assim, em 1844 surgiram as primeiras notas de papel com embebidas fibras de seda; essas notas têm sido usadas nos EUA desde 1870. Note-se também que na Rússia, durante a administração de Alaska, notas bancárias foram impressas em peles de foca; e moe-das e notas de couro foram produzidas na Alemanha e em países Bálticos durante o século 19. Os arquivos históricos também registam que em 1923 notas monetárias foram im-pressas em madeira; anteriormente, isto é, em 1763-1764, notas em madeira foram usadas no Canadá durante a Rebelião de Pontiac.

Quem inventou o dinheiro em papel?

Perspectivas

Fernando M. Soares [email protected]

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14 15 de Dezembro de 2012

Embora já existissem algumas publicações periódicas diárias nos Açores, foi com a instalação do cabo submarino, em Agosto de 1893, que a imprensa passou a benefi-ciar de notícias frescas para satisfazer o in-teresse dos leitores. Foi neste contexto que surgiu na Terceira o jornal A União.O dia da Restauração, 1 de dezembro, foi o escolhido para fazer o lançamento do pri-meiro número. Dificuldades relacionadas com a aquisição de papel levaram a que só fosse publicado no dia 3. A proposta para o título terá partido do dr. Manuel Antó-nio Lino que pretendia, precisamente, uma união de ideais entre os membros que esta-vam na origem do lançamento do vesper-tino. A liderar esse grupo, esteve Manuel Vieira Mendes da Silva, seu proprietário e fundador. A experiência de Vieira Mendes na área do jornalismo já havia sido exercitada no jor-nal O Católico (1876 a 1886) e no Cartão de Visita (1891-1893). Nascido em Angra do Heroísmo a 28 de Setembro de 1862, estudou no liceu de Angra e no seminá-rio, revelando desde sempre uma forte ten-dência religiosa. Foi durante algum tempo capelão-cantor na Sé de Angra e proprie-tário da Livraria Religiosa, na Rua do Galo, em finais do século XIX. Para além da sua ligação ao jornalismo foi também proprietário de uma casa de comissões e consignações e agente da companhia Fa-bre. Até à sua morte a 14 de Outubro de 1922, empenhou-se nos grandes proble-mas açorianos e de um modo especial nos da Terceira, nomeadamente a campanha autonomista, ações em prol das casas de caridade, o problema dos alienados, os baldios, a emigração, etc. Pertenceu a vá-rias comissões de imprensa para a defesa de interesses insulares e dinamizou várias comemorações centenárias. Politicamen-te, situou-se no campo conservador, tendo sido franquista e nacionalista. No campo editorial foi responsável pela publicação da segunda edição da Topografia da Ilha Terceira e Épocas Memoráveis da Ilha Ter-ceira. Antes de se instalar na Rua da Palha, o jornal andou circulando por vários locais. O cimo da Rua do Galo, nºs 125 a 129, foi a sua primeira moradia. Na fotografia pu-blicada podemos ver a placa a indicar ou Livraria Religiosa que pertencia a Vieira Mendes ou a própria sede do jornal, estan-do alguns distribuidores no meio da rua. É muito provável que Vieira Mendes tivesse ali a sua moradia. A redação e administra-ção também andaram entre a Rua do Galo e a da Sé até se estabelecerem na Rua da Palha. A tipografia, que passou a designar-se tipografia Minerva de A União, já es-tava instalada na Rua da Palha em 1913, no nº 19. A ela se vão juntar, em 1924, a redação e a administração. No editorial do primeiro número do jornal, este apresenta-se como um diário informa-tivo e formativo que procurará divulgar “tudo quanto possa interessar o movimen-to moral, intelectual, social e económico da humanidade” e tudo “quanto perten-ça ao santo labor do progresso será bem aceite”. O novo diário está assim aberto ao pluralismo de ideias, mas com uma condi-ção: “não se discutirem aqui questões reli-giosas nem de política partidária e muito

menos facciosa”.Isto não significava que rejeitasse o inte-resse pela política, mas pretendia deitar alguma água na fervura, dado que não era um jornal ligado a qualquer partido. Ao longo da sua vida, A União cumpriu esse objetivo, mas sempre com um pendor con-servador. Após a morte do seu primeiro diretor, a Diocese acabou por comprar o jornal. Es-távamos numa conjuntura em que a Igreja procurava afirmar-se perante as investidas da ideologia mais radical de alguns republi-canos. Deste modo, assumia o controlo de algumas publicações em várias ilhas, nos anos 20: A Crença (semanário), Vila Fran-ca do Campo; O Dever (semanário), Ca-lheta de São Jorge; A Verdade (semanário) e A União (diário) em Angra do Heroísmo;

Sinos d Aldeia (quinzenário), Bandeira do Pico; no Faial, Boa Nova (quinzenário), Voz do Campo (quinzenário), O Futuro (quinzenário, distribuído também no Pico) e o Correio da Horta. Com a implantação do Estado Novo e o desaparecimento de muitos jornais republicanos radicais o am-biente tornou-se menos hostil à Igreja. Mas quando A União passou para o con-trolo da Igreja, a 1 de dezembro de 1924, a mudança foi pouco percetível. Num pe-queno artigo intitulado MAIS UM ANO valoriza-se o papel que o jornal deu nas “várias campanhas em prol de ideais mais elevados”, “afastado das mesquinhas par-

tidárias”. Em relação ao futuro, anuncia: “Com o auxílio de Deus continuará, como até agora, sempre na brecha em defesa dos interesses açorianos”, em especial pela Terceira, “pugnando pela justiça, pela paz, pela moralidade e pela ordem, advogando de preferência a causa dos pequenos, dos pobres, dos humildes e dos perseguidos que são, em regra, os que mais carecem protecção”.O sinal de ligação à Igreja só transparece quando clarifica que merecerá atenção a defesa da Igreja Católica, “tão injustamen-te perseguida nos últimos anos em Portu-gal”. Adianta que as suas páginas conti-nuarão abertas para a defesa de qualquer causa justa de interesse público. A mudança é uma mudança suave que a maior parte dos leitores nem terá percebi-

do, dado que no cabeçalho continua como editor e administrador Henrique Pamplo-na. A 3 de Março de 1925 o jornal passou para a propriedade da Empresa A União, e no ano seguinte, a 2 de Agosto de 1926, a direção passa então a ser exercida por José Augusto Pereira, a que se seguirá um ciclo de diretores eclesiásticos. É neste contexto que no cabeçalho começa a apresentar-se como diário católico. Algumas melhorias se processaram com a aquisição por parte da Diocese. Em 1925, as instalações da Rua da Palha fo-ram remodeladas, passando a ter quartos de arrecadação para papel e tintas, quartos

separados para a administração, direção e secretário da redação, além de uma sala ao meio, com duas grandes mesas com jornais. Em 1926, a tipografia foi equipa-da com material alemão, compreendendo quatro coleções completas de fios e várias máquinas, entre as quais uma perfurado-ra. Ao longo da sua existência, o jornal man-teve 4 páginas diárias, havendo períodos de exceção, nomeadamente por altura da I e da II guerras mundiais que apresentava apenas duas páginas. Estes condicionalis-mos interferiram também no tamanho do próprio jornal que apresentou nos anos 20 uma dimensão mais pequena. A dimensão atual terá sido introduzida em 1927. Em 1940 publicou-se o primeiro número ilus-trado a cores, por ocasião do aniversário. Noutras datas, e em vários anos retomou-se esta iniciativa, nomeadamente no 1º de dezembro, no Natal ou em acontecimentos especiais como uma homenagem a Nossa Senhora de Fátima. Por várias vezes apa-receram edições com mais de 4 páginas. Quem quiser estudar a nossa história po-lítica, social, cultural ou desportiva tem obrigatoriamente de folhear as páginas do jornal. Há nele uma rica secção que com-porta as notas dos correspondentes nos meios rurais. Eram geralmente sacerdo-tes que, com regularidade, iam passando para a imprensa as pequenas novidades que aconteciam no “monte”. Destaque-se os relatos das festas religiosas e profanas, fundamentais para se compreender a evo-lução das mesmas. Entre estes colaboradores não posso dei-xar de realçar Manuel Narciso de Lima, pároco na Vila Nova em toda a primeira metade do século XX. Homem com uma cultura muito acima da média e com uma escrita brilhante inseriu nas páginas d A União textos de grande valor etnográfico. Mas o jornal A União marcou também presença com as suas páginas específi-cas ou suplementos temáticos. Refira-se a página infanto-juvenil, a das mulheres, a União Pastoral, monografias das fregue-sias, Quarto Crescente, Escutismo, e o conceituado Glacial que marcou o panora-ma cultural açoriano. Este suplemento de Artes e Letras, com início a 15 de Julho de 1967, deu origem à chamada “geração glacial”. Nela se inte-gravam jovens com perspetivas mais pro-gressistas, que contestavam o poder políti-co, dentro dos condicionalismos impostos. O movimento alargou-se a escritores de várias ilhas, congregando um alargado núcleo que se afirmou no campo literário. Até Junho de 1973 publicaram-se 108 nú-meros, altura em que foi afastado o diretor do jornal, dr. Cunha de Oliveira, conheci-do pelas suas ideias mais avançadas.É sempre com mágoa que assisto ao desa-parecimento de um jornal. Com ele desa-parece um pouco da nossa história, desa-parece mais uma fonte de informação que enriquece o pluralismo da nossa socieda-de. Esperemos que o encerramento desta publicação diária não seja definitivo.

Publicado na Sexta-Feira, dia 30 de No-vembro de 2012 In aunião

Carlos Enes

COLABORAÇÃO

Acabou A UNIÃO

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15 PATROCINADORES/COMUNIDADE

Começou a publicar-se há nove semanas um Boletim Semanal do Ano da Fé em resposta ao pedido de Ben-to XVI, que quiz consagrar este ano como o Ano da Fé.A iniciativa partiu de João Sousa, diácono, residen-te em de Fresno, também responsável pelo programa

"Nossa Fé, Nossa Vida" do Canal 49 de Fresno, que pode ser visto na internet clicando no seu nome quan-do aceder ao YouTube.O Boletim está muito bem feito, tem quatro páginas, tem notícias do mundo católico, fala sobre a se-mana litúrgica, as leituras das missas, reflexões sobre

as mesmas e informações úteis.Se alguem estiver interes-sado em receber este bo-letim mandem um email para [email protected] e passarão a recebê-lo semanalmente.

No dia 30 de Setembro, o ca-sal José e Durvalina da Costa, residentes na Cidade de Long Beach, naturais da Freguesia da Serreta, Terceira, celebraram o seu magnifico 60º aniversário matrimonial. A partir das 11:00 horas da manhã o Salão do Hotel Holiday Inn, na Cidade de Bue-na Park, recebeu os cerca de 120 convidados convidados, entre os quaisparentes e amigos. Após as apresentações, feitas pelo genro do casal aniversariante, Moisés

Lourenço, ladeado por filhos, filhas, netos e bisnetos, o casal partiu o enorme bolo de aniver-sário e tiraram as fotografias da praxe. Seguiu-se o lauto lanche excelentemente confeccionado e rigorosamente servido, satisfa-zendo todos os gostos presentes, o que nos leva a acreditar, sem excepção.Parabéns a este casal amigo, bem como a todos os seus fami-liares, por esta longevidade ma-trimonial com votos de muitos

mais aniversários com saude e alegria.

Fernando Dutra corresponden-te deste jornal no Sul da Califor-nia e a minha familia desejamos um Natal Feliz e um Ano Novo, repleto de de prosperidades ao Director do Tribuna, e a todos os que nele trabalham, colaborado-res, correspondentes, leitores em geral e respectivas famílias, com saude e alegria.

60º Aniversário Matrimonial

Nova Direcção do Grupo Folclórico Tempos

de Outrora

Realizou-se no Domingo, dia 9 de Dezembro na Sede do Portu-guese Athletic Club a Festa de Natal do Grupo Folclórico Tem-pos de Outrora. Aproveitou-se este dia de festa para a tomada de posse da nossa direcção: Presidente - David S. GarciaVice-Presidente - Jorge FerreiraSecretário - Alexandria Moules-Silva2º Secretário - Felip Silveira

Tesoureiro - Edite Flores2º Tesoureiro - Angelina CostaDirector Executivo - Manuel TerraDirector Cultural - Filomena RochaDirector Guarda Roupa - Maria TerraDirector de Ensaios - Denise Avila2º Director de Ensaios - Paula Fletcher1º Director - Fernanda Vieira2º Director - Michael Soares3º Director - John Diniz

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16 15 de Dezembro de 2012PATROCINADORES

2013

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17 PATROCINADORES

Boas Festas a todos os nossos patrocinadores

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18 15 de Dezembro de 2012PATROCINADORES

HELIA SOUSA sauda toda a Comunidade e deseja a todos

Um Bom Natal e Um Bom Ano de 2013

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19 PATROCINADORES

Leia todos os dias o Tribuna Portuguesa em www.tribunaportuguesa.comGoze com os nossos videos e slideshows

A editora Edições Ecopy colo-cou este mês no mercado o livro SAGA estórias na rota atlântica da autoria de Serafim da Cunha.A rota atlântica começa nos Aço-res e estende-se à Europa, Áfri-ca, Brasil e a América do Norte. Cada estória traz ao leitor uma dimensão social, cultural e até por vezes económica e politica

que a e/imigração, e não só, impõe a todos os que por motivos únicos deixaram a terra natal para se fixarem noutros países ou localidades, em que as condições de vida por vezes são mais difíceis e complexas das que deixaram. Para facilitar a pesquisa/procura e compra na NET use o título do livro ( saga estórias…). O livro pode ser adquirido na NET nas seguin-tes páginas: Livraria Bertrand, Wook, e Edições Ecopy.

www.bertrand.pt www.wook.pt www.ecopy.macalfa.pt edicoes.ecopy.pt

Novo Livro deSerafim Cunha

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A Administração do Jardim Infantil Dom Dinis comunicou, no passado dia 1 de No-vembro, aos pais e professores a decisão de encerrar o mesmo no dia 31 de Dezem-bro, apontando aos pais para que come-cem a procurar soluções alternativas com urgência.Segundo as informações que nos che-garam, a Administração da escola Dom Dinis apresentou esta decisão com duas razões: o final do contrato com a Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas e o aviso que a paróquia das Cinco Chagas não tencionava renovar o contrato. Na declaração Dom Dinis explica que, desde o início de Janeiro, Goretti Silvei-ra, a diretora executiva tentava contatar a Administração da Paróquia das Cinco Chagas para discutir possíveis alternativas sem qualquer resposta. Em Março a pes-soa na altura encarregada da administra-ção das Cinco Chagas, informou que mui-to brevemente deveriam ter uma resposta concreta. Os meses passaram e a Admi-nistração da escola Dom Dinis continuou apenas a receber silêncio. Finalmente, no dia 27 de Outubro o novo administrador, o

reverendo padre David Mercer, avisou que a a Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas não tencionava renovar o contra-to.Na carta aos pais e professores, Goretti Silveira aponta as circunstâncias, entre elas o curto aviso pela parte das Cinco Chagas, que fariam uma relocação nesta altura praticamente impossível e o que a levou a decidir encerrar o Jardim Infantil Dom Dinis após 29 anos de existência.

O Jardim Infantil Dom Dinis deseja que neste Natal todos sintam mais forte ainda o significado da palavra paz e amor.

FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO PARA TODOS!

Anúncio Oficial de Encerramento da Escola Jardim Infantil Dom Dinis

COMUNIDADE

Diga-se o que se disser...

As melhores panorâmicas dos Açores são de José Enes - Tel. 562-802-0011

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21 COMUNIDADE

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22 15 de Dezembro de 2012PATROCINADORES

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23PATROCINADORES

Licor Beirao$17.00

1555 Alum Rock Ave. San Jose ca, 95116 www.bacalhaugrill.com [email protected] Facebook 408 259 6101

Licores dos Acores $18.00

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Anis$13.00

Licor de Maracuja$14.00

Meia EncostaTinto $4.00

Figos $3.00 lb

Sumol $12.9924 pk.

Aveleda/Casal Garcia$5.50

SantolaVinhoVerde $7.00

Estão todos convidados a Nossa Festa de Natal com

mais especiais no dia 15 de Dezembro das 10 da manha as 6 da

tarde

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24 15 de Dezembro de 2012PATROCINADORES

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28 15 de Dezembro de 2012PATROCINADORES

PORTUGUESE FRATERNAL SOCIETY OF AMERICA

Desejam a Todos

Boas Festase Feliz Ano Novo

www.mypfsa.org

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LIGA ZON SAGRES Benfica ganhou bem o derbi de Alvalade

Sporting 1 Benfica 3

Óscar Cardozo bisou per-to do fim e confirmou a reviravolta na vitória fora sobre o Sporting Clube de Portugal no derby de Lis-boa, por 3-1, que fez o SL Benfica voltar ser líder da Liga portuguesa em igual-dade com o FC Porto, en-quanto o SC Braga ganhou por 4-1 no terreno da A. Académica de Coimbra.O triunfo no sábado sobre o Moreirense FC, por 1-0, deixara o Porto isolado com três pontos de vanta-gem no topo sobre o Ben-fica antes do derby de Lis-

boa. E, no final da etapa inicial do jogo disputado no Estádio José Alvalade, as coisas até não estavam fáceis para o conjunto de Jorge Jesus, pois Ricky van Wolfswinkel adian-tou os "leões" em cima da meia-hora, num remate de primeira com o pé esquer-do em plena grande área, na sequência de cruza-mento da esquerda de Die-go Capel.Contudo, tudo começou a mudar na segunda par-te para os "encarnados" quando os visitantes em-

p a t a r a m graças a um autogo-lo de Mar-cos Rojo (58), ao introduzir a bola na sua própria baliza após C a r d o z o ter remata-do de cabe-ça contra o guarda-re-

des Rui Patrício depois de cruzamento da esquerda de Ola John.O ponta-de-lança do Pa-raguai pôs depois o Ben-fica na frente do marcador aos 81 minutos, de gran-de penalidade, a castigar mão na bola de Khalid Boulahrouz, num lance que ditou a expulsão do defesa-central holandês do Sporting, antes de voltar a festejar, de cabeça, cinco minutos volvidos, a cruza-mento de Eduardo Salvio da esquerda.A vitória deixou o Ben-

fica, ainda sem qualquer desaire, com os mesmos 29 pontos do Porto e líder devido à melhor diferen-ça de golos, enquanto o Sporting continua somen-te com uma vitória em 11 jornadas e desceu para o nono lugar, a 18 pontos da dupla.No outro encontro do dia, em Coimbra, o Braga re-cuperou o terceiro lugar a nove pontos do Benfica e do Porto e ultrapassou o Rio Ave FC ao bater fora a Académica com dois go-los em cada parte. Ismaily (9) e Ruben Amorim (17) marcaram antes de Mosso-ró (63) e Carlão (80), este último cinco minutos após entrar em campo a subs-tituir Éder. Salim Cissé, aos 85 minutos, encurtou a diferença da Académica, agora em posição de des-promoção (15º lugar).

in uefa.com

Liga Zon Sagres - 12-12-2011 J V E D P1Benfica 11 9 2 0 292FC Porto 11 9 2 0 293SC Braga 11 6 2 3 204Rio Ave 11 5 3 3 185P. Ferreira 11 3 7 1 166Estoril 11 4 3 4 157V. Guimarães 11 4 3 4 158Marítimo 11 3 4 4 139Sporting 11 2 5 4 1110Nacional 11 3 2 6 1111V. Setúbal 11 2 5 4 1112Olhanense 11 2 4 5 1013Gil Vicente 11 2 4 5 1014Beira-Mar 11 2 4 5 1015Académica 11 1 6 4 916Moreirense 11 1 4 6 7

Segunda Liga J V E D P1Belenenses 16 12 2 2 382Sporting B 16 10 4 2 343Arouca 17 9 4 4 314Benfica B 17 8 4 5 285Desp. Aves 17 7 7 3 286Oliveirense 17 7 6 4 277U. Madeira 16 7 5 4 268Santa Clara 17 7 4 6 259Tondela 17 6 6 5 2410FC Porto B 17 6 6 5 2411Leixões 17 5 8 4 2312Portimonense 17 6 5 6 2313Atlético 17 7 1 9 2214Marítimo B 17 7 0 10 2115Naval 17 5 6 6 2116Penafiel 17 6 3 8 2117Feirense 17 5 3 9 1818V. Guimarães B16 3 7 6 1619SC Braga B 17 3 6 8 1520SC Covilhã 17 3 6 8 1521Trofense 17 3 5 9 1422Freamunde 17 2 4 11 10

II - Zona Centro J V E D P1Cinfães 10 6 4 0 222Anadia 10 7 1 2 223Sp. Espinho 10 5 4 1 194Operário 10 4 4 2 165Coimbrões 10 4 4 2 166S. João Ver 10 5 1 4 167BC Branco 10 3 6 1 158Ac. Viseu 10 4 3 3 159Pampilhosa 10 3 3 4 1210Cesarense 10 3 3 4 1211Tourizense 10 2 5 3 1112Sousense 10 3 2 5 1113Nogueirense 10 2 3 5 914Bustelo 10 1 4 5 715Lusitânia 10 1 3 6 616Tocha 10 1 2 7 5

II - Zona Sul J V E D P1Sertanense 11 7 1 3 222Farense 11 6 4 1 223Mafra 10 6 3 1 214Torreense 11 5 3 3 185Oriental 10 5 2 3 176UD Leiria 10 4 4 2 167Fátima 10 5 0 5 158Casa Pia 11 3 6 2 159Carregado 11 4 2 5 1410Quarteirense 10 3 4 3 13111.º Dezembro 10 2 5 3 1112Pinhalnovense10 3 2 5 1113Fut. Benfica 10 2 4 4 1014Oeiras 10 2 3 5 915Louletano 10 1 4 5 716Ribeira Brava11 1 1 9 4

III Divisão - Açores J V E D P1Praiense 9 9 0 0 272Angrense 9 7 1 1 223Sp. Ideal 9 5 2 2 174Rabo Peixe 9 4 3 2 155Prainha 9 4 2 3 146Santiago 9 4 2 3 147SC Barreiro 9 2 1 6 78Vitória Pico 10 1 3 6 69SC Marítimo 10 2 0 8 610Flamengos 9 0 2 7 2

O FC Porto recebeu este sábado o Moreirense FC, tendo vencido pela margem mínima (1-0), por culpa de um golo de Jackson Martínez na segunda parte, que vale a liderança isolada na Liga portuguesa, pelo menos até segunda-feira.

Os campeões portu-gueses dominaram as operações na primeira parte mas não conse-guiram chegar ao golo, com o nulo a manter-se até ao descanso. Jack-son Martínez foi o por-tista que mais perto es-teve de marcar, com um par de lances perigosos junto da baliza do Mo-reirense.

Na segunda parte, os "azuis-e-brancos" con-tinuaram a dominar e chegaram ao golo aos 71 minutos, precisa-

mente por Martínez, de cabeça, após um pon-tapé-de-canto cobrado por James Rodríguez. Com este resultado, os campeões portugueses destacam-se na lide-rança, agora com mais três pontos do que o SL Benfica, que visita o ter-reno do Sporting Clube

de Portugal na segunda-feira.

O GD Estoril-Praia re-cebeu o Vitória FC na sexta-feira, na partida que abriu a 11ª jornada, tendo vencido por 3-0, com golos de Luís Leal, Evandro e Jefferson.

in uefa.con

Porto 1 Moreirense 0

DESPORTO

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30 15 de Dezembro de 2012TAUROMAQUIA

Quarto Tércio

José Á[email protected]

Mais um ano vai acabar que nos dei-xa na boca um sabor amargo. Que ano foi este em termos tauri-nos? O que é que nos encantou e o que foi que nos desencantou? A Festa Brava não pode viver de porme-nores. A Festa Brava tem de viver com realidades, com certezas, com hones-tidade, com pessoas que saibam fazer bem para melhorar a festa. O maior acontecimento do ano foi a Corrida de Gala à Antiga Portuguesa dos 100 Anos da Festa do Es-pirito Santo de Turlock. Uma organização impecável de gente nova que quiz demonstrar o valor que têm e quão bem podem fazer coisas tão bonitas. Sentimos um enorme orgulho em ver aquele acontecimento.

Segundo lemos no facebook, o Grupo de Forcados do Aposento de Turlock irá participar em 2013 na Corrida de Toiros Anual da Festa da Praia da Vitória, que se realiza na Monumental de Angra em Agosto. Mais uma vez a nos-sa forcadagem vai poder demonstrar a sua valentia e o seu amor à festa brava. Os nossos parabéns.

Esta página taurina deseja a todos os aficionados um Bom Natal e Um Ano Novo Cheio de Boas Corridas de Toiros.

Reflexões Taurinas

Joaquim [email protected]

Já há vários anos que andava a sonhar em fazer uma viagem a Lima, Perú, para assistir a uma corrida na famosa Praça de Touros de Acho. Finalmente

este meu sonho foi concretizado no passa-do dia 25 de Novembro. Depois de 12 horas completas de vôo intercaladas por duas pa-ragens em Houston e Panamá City, lá che-gámos a Lima aonde nos esperava o nosso amigo Alejandro Leiva que viria a ser o nos-so guia turistico durante os dias que iríamos visitar esta linda cidade.Francisco Pizarro de Espanha fundou a ci-dade de Lima em 1535. Ainda hoje podemos ver os belos edifícios com as suas varandas todas cobertas em madeira, que são sem dú-vida belas obras de arte. Tal como todas as cidades da América Central e América do Sul, é bastante evidente a influência Católica pelo número das belas Igrejas e Mosteiros na parte colonial da cidade. Lima tem uma grande devoção por Santa Rosa de Lima e por São Martin de Porres por serem locais. Em todas as Igrejas e mosteiros que entrá-mos vimos estes santos, incluíndo na Ermida da praça de touros de Acho. Lima é uma cidade fascinante com uma po-pulação de quase 9 milhões de habitantes. A praça de touros de Acho foi fundada a 30 de Janeiro de 1766 e actualmente tem a capaci-dade para 17 mil pessoas. Tem a particula-ridade de ser a praça de touros mais antiga das Américas e de ser a segunda mais antiga do mundo, sendo a La Maestranza de Sevilla em Espanha a mais antiga. Para a terceira corrida, das 5 corridas da feira do Senhor dos Milagres de Lima, es-tavam anunciados os matadores espanhois, El Fandi, Miguel Ángel Perera e Alejandro Talavante. A ganaderia seria de San Sebasti-án de las Palmas da Colômbia. Infelizmente as cinco corridas da feira são realizadas só aos Domingos, o que fez com que só pudes-semos assistir a uma corrida, mas mesmo assim valeu a pena tantas horas de viagem porque tivemos a grande sorte de assistir-mos a uma grande faena de Perera.Ficamos hospedados na parte nova da cidade chamada Miraflores, bem perto de uma bela

e longa praia banhada pelo oceano Pacifico.De Miraflores à praça de Acho gastámos 30 minutos de táxi depois de termos consegui-do baixar o preço da tarifa de 30 nuevo sols para 20 sols. Fomos bem cedo para termos a certeza que teríamos tempo para vermos bem a praça e o seu importantissimo museu (ver foto abaixo). A praça de touros tem o nome de Acho pre-cisamente por estar situada numa àrea da ci-dade chamada Acho. Antigamente teria sido um lugar fino da cidade pelos vestigios de al-guns edifícios de arquitectura colonial, mas que ao longo dos anos devido aos terramotos e incêndios, foram decaíndo deixando assim os arredoras da praça não muito convidati-vos, com muita probreza por todos os lados.

Ao entrarmos na praça o ambiente muda to-talmente, além de levar algum tempo para esquecer o desnível de sociedades entre as pessoas dos arredores de Acho e das pessoas que estavam dentro da praça. Uma corrida de touros em Acho durante a Feira do Senhor dos Milagres é sem dúvida só para um cer-to nível de pessoas, porque os bilhetes mais baratos eram por volta dos 100 dólares ame-

ricanos. Depois de vermos todas as instalações da pra-ça e de visitarmos a bonita “Capilla” aonde se celebrava uma missa antes da corrida, fomos visitar o museu tauri-no instalado mesmo ao lado da praça. Ficamos realmente encantados com este museu por conter tanta história tanto em pinturas como em fatos de luzes, incluíndo um do matador português Victor Mendes e por mencionar o nosso José Julio como um dos vencedores do Escapulá-rio de Ouro. Foi a primeira vez que vi duas pinturas de Picasso em pessoa. Não sou grande admirador das obras de Picasso mas como o tema era do meu agrado, não deixei

de ficar impressionado. Depois de uma deliciosa refei-ção num dos vários restauran-tes da praça tivemos o prazer de conhecermos e conversar com vários amigos aficiona-dos de Alejandro. Como não poderia deixar de ser o tema era de touros e acompanhado por um bom copo de vinho. O ambiente era bastante festivo e notava-se muita cultura tau-rina. Estava nas minhas sete quintas. A corrida começou precisa-mente às 3:30 como estava previsto. As cortesias são im-pressionantes mas muito rá-pidas. Não leva muito tempo para desfilar e pedir autoriza-ção ao director de corridas a 3 matadores, 9 bandarilhei-ros, 6 picadores nos seus ca-valos e seus acompanhantes.

Fandi não esteve muito inspirado nos seus dois touros de San Sebastián de las Palmas. O primeiro era um touro bravo mas este ma-tador não o conseguiu entender, nem mesmo nas bandarilhas que é o seu forte. O segundo foi menos bom mas neste touro Fandi cravou 4 pares de bandarilhas que levantou a praça toda. Na muleta pouco pode fazer. Fandi es-cutou silêncio nos seus dois touros.

Perera veio para tourear com ganas, mas infelizmente nos seus dois touros pinchou, perdendo uma orelha no primeiro e duas no segundo, fazendo com que não pudesse sair pela porta grande. Perera é um toureiro sé-rio mas consegue transmitir bem ao público a sua arte séria e verdadeira, arrojando-se muito, fazendo com que muitas vezes até paramos de respirar ao ver o touro quase a roçar o seu fato de luzes. No seu segundo, com o numero 219, negro de 500 kgs e com o nome de Estampero, Perera esteve realmente fantástico. O touro mostrou não ter muitas forças ao investir ao cavalo, acabando por levar só meia picada a pedido de Perera. Tudo indicava que não iríamos ter touro por falta de força, mas aconteceu precisamente o contrário. Com muita calma Perera levou o touro para os médios e consegiu fazer tudo o que quiz com o touro. O público já esta-va a delirar e já se ouvia algumas petições para o indulto, o qual não foi concedido, e muito bem, por falta de força no cavalo e por não ser tão claro pela esquerda como foi pela direita. Ao matar, Perera pinchou perdendo assim todos os direitos de orelhas, mas não deixou de dar a volta à praça com uma gran-de ovação. Talavante teve muito pouca sorte no seu lote, não conseguindo tirar nenhum partido dos seus touros. Támbem não houve voltas ou prémios para este matador de grande va-lor.Nesta corrida não houve orelhas, nem rabos e nem indultos mas houve uma grande faena que eu nunca a irei esquecer. Saí da corrida verdadeiramente satisfeito.

Plaza de Toros de Acho em Lima, Peru

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32 15 de Dezembro de 2012ARTES & LETRAS

Manuel FerreiraFicção e história

Tomemos os três volumes da narrativa ficcional de Manuel Ferreira: O Barco e o Sonho (1.ª ed., 1979), O Morro e o Gigante

(1980) e Açores – armas e barões assina-lados (1981). A um primeiro olhar, há-de surpreender a concentração das edições, surgidas num tão curto espaço de tempo e numa altura em que o autor entrara já na casa dos ses-senta. No entanto, uma rápida indagação de história literária, mesmo sem ir dema-siado longe, detectaria a sua assinatu-ra já em contos publicados nas revistas Insulana (1948, Vol. IV, n.º 4) e Açória (1958, Fascículo 1), ambas de Ponta Del-gada. No primeiro caso, tratava-se de “ O

Alevante da Isca” que ganhara o primeiro prémio dos Jogos Florais Açorianos des-se mesmo ano, promovidos pelo Instituto Cultural de Ponta Delgada com o objectivo de comemorar a estadia de Castilho em S. Miguel um século antes; no segundo caso, com “O Barco e o Sonho” Manuel Fer-reira marcava presença no número inau-gural da efémera revista coordenada por Jacinto Soares de Albergaria, ao lado de escritores como Ruy Galvão de Carvalho, Armando Côrtes-Rodrigues, Fernando de Lima e Armando Rocha, entre outros. No conjunto, os três volumes recolhem um total de vinte e três narrativas datadas pelo autor, o que nos permite verificar o seguinte: os dois textos mais antigos vêm da década de trinta, a que se juntam outros dois na década seguinte; o mais recente é já dos anos setenta. Isto quer dizer que dezoito dos contos aqui incluídos foram escritos por meados do século passado, nas décadas de cinquenta e sessenta, por esse tempo em que Sousa Nunes publica-va Amanhã será o mesmo (1958, Angra), Dias de Melo fazia sair o seu Mar Rubro (1958, Lisboa) e As Terras da Santa, de Ruy-Guilherme de Morais, eram edita-das na Colecção Imbondeiro (1960, Sá da Bandeira) – tudo obras posteriores à co-lectânea de contos de Vitorino Nemésio, O Mistério do Paço do Milhafre (1949, Lisboa).

A breve contextualização poderá ajudar a compreender o sentido da ficção de Ma-nuel Ferreira, o seu lugar no âmbito do gosto literário e das preocupações de uma época, para lá das razões próprias que assistem a cada autor no seu relaciona-mento com a escrita e o mundo. No tex-to que escreveu em 1979 para introdução a O Morro e o Gigante, Manuel Ferreira deixa claramente delineada a orientação do seu projecto literário começado cer-ca de quarenta anos antes, o propósito de “fixar quadros e aguarelas da vida do nosso povo, numa época hoje já distante, entre o segundo e o terceiro quartel deste negregado século”. Na verdade, se excep-tuarmos as “narrativas históricas” sobre-

tudo pelo carácter mais individualizado e socialmente restrito da generalidade das personagens, os contos de Manuel Fer-reira privilegiam a representação de um espaço social popular, com o seu univer-so de crenças e rituais, os dramas, as ex-pectativas e os sonhos, mas também com os constrangimentos e obstáculos, vale mesmo dizer os mecanismos de opressão próxima ou remota; e nem lhes falta se-quer o jogo das rivalidades e das pequenas invejas que chegam para toldar o quotidia-no (e de que o confito e o confronto en-tre bandas de música se torna um motivo exemplificativo e já clássico, como em “A Festa”). Há nestes contos uma predilecção pelos ambientes de conjunto e, mesmo quando a acção se polariza em duas ou três perso-nagens, o contista não abdica do grande plano colectivo em que a descrição e os diálogos compõem a moldura social, éti-ca, religiosa em que se movimentam os intervenientes principais. Neste sentido, mesmo na diversidade do seu conjunto, os contos de Manuel Ferreira constituem, quando vistos sob uma perspectiva ma-cro-textual, uma narrativa profundamente açoriana, naquilo que evidenciam da con-dição humana nas ilhas e de um povo a contas com a geografia e a história (termos tão da preferência de Nemésio).A história é, de facto, uma realidade que

ultrapassa o âmbito daquelas que Manuel Ferreira definiu como “narrativas histó-ricas” no seu livro de 1981. O caso mais emblemático será talvez “O Alevante da Isca” (incluído em O Barco e o Sonho) que ficcionaliza a uma revolta popular de 1898; mas mesmo “O Barco e o Sonho” parte de um acontecimento histórico, a fuga de Vítor Caetano e Evaristo Gaspar, com a reprodução da notícia da época a conferir à refiguração ficccional de Ma-nuel Ferreira a adequada ancoragem fac-tual; entre o sonho e o alevante, a história serve ao autor como fonte de uma lição a reter no presente, o que ocorre igualmen-te nas narrativas de pendor mais “épico” de Açores – armas e barões assinalados, que a citação camoniana do título põe em evidência. De resto, a história, o seu peso secular e social, insinua-se no discurso do narrador em diversos momentos, ganhan-do noutros uma indisfarçada evidência que confere a esse discurso um veemente tom de afrontamento e denúncia. Na verdade, e contrariando em certa medida alguma tipologia da narração, o narrador de Ma-nuel Ferreira, mesmo quando ausente dos acontecimentos que relata, não deixa de tomar partido, de empenhar-se e “alinhar” com as suas personagens, melhor dizendo, com aquelas que são vítimas da prepotên-cia política e da engrenagem económica – e bastaria referir de novo como exem-plos “O Alevante da Isca” e “O Morro e o Gigante”. Um e outro poderiam ainda ser tomados como ponto de partida para breves anota-ções sobre a arte narrativa e a escrita do autor. Por um lado, o já referido recurso à composição de molduras colectivas, nas suas diversas componentes, mas também o modo de representação dinâmica de grupos em movimento, como no primei-ro caso, e a que se vem juntar a força de diálogos incisivos e naturais. Por outro lado, a aproximação de Manuel Ferreira à linguagem popular, não propriamente na exploração exaustiva das suas pecu-liaridades fonéticas (evitando, por isso, a “tentação foneticista” de Nemésio), mas no aproveitamento do seu inventário lexi-cal, fraseológico e aforístico, e em que en-tram já os termos resultantes do contacto do português com o inglês por via da emi-gração. Recusando fazer dessa linguagem um simples traço de “casticismo exótico” das personagens, o narrador apropria-se dela e modeliza-a no seu próprio discur-so, reconstruindo-a, com ganhos óbvios para a expressividade e para a impulsi-vidade verbal que caracterizam a escrita de Manuel Ferreira (onde poderá talvez encontrar-se o eco da lição camiliana, na exploração do sabor vocabular e no an-damento largo da frase, graças a proces-sos de acumulação e amplificação). E essa seria ainda uma forma de esta narrativa afirmar a sua a vinculação açoriana.

(Publicado no Correio dos Açores, 01 / 12/ 2006)

Em véspera do Natal e com a última edição do Maré Cheia para este ano de 2012, aqui estamos com uma notícia que empobreceu a literatura e o jornalismo açorianos, a mote de Manuel Ferreira. Nascido a 29 de Janeiro de 1916 na ci-dade de Ponta Delgada, faleceu com 96 anos o célebre autor de "O Barco e o So-nho", obra literária publicada em 1979 pela Publiçor e com várias reedições. Esta obra foi adaptada a série televisiva para a RTP Açores pelo talentoso reali-zador José Medeiros. Uma voz impor-tante na literatura e no jornalismo das ilhas, temos como homenagem a Ma-nuel Ferreira um magnífico texto do po-eta Urbano Bettencourt. Tal como disse o Presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, Manuel Ferreira "foca-rá na memória dos açorianos como um dos maiores vultos do jornalismo e da literatura das ilhas."Mais, ao publicarmos a última edição desta Maré Cheia para 2012 queremos, ainda mais uma vez, agradecer a todos os distintos colaboradores desta página. É que este espaço só é possível graças à colaboração dos distintos poetas, escri-tores, artistas que colaboram connosco e graças ao espaço oferecido pelo editor deste jornal, José Ávila. Queremos ainda notificar os nossos lei-tores e todos aqueles que têm interesse no mundo da cultura que a Maré Cheia ainda vai um pouco mais longe. É verda-de há dois meses que temos uma exten-são desta página no Facebook. A Maré Cheia virtual tem, todos os dias notícias do mundo da cultura, nas nossas duas línguas: português e inglês. Vejam-na no Facebook e façam-se amigos da mes-ma. É mais uma forma de estar no mun-do da cultura e do compromisso deste projeto cultural com o nosso mundo em duas línguas e abraçando as múltiplas culturas que vivemos nas nossas comu-nidades e no nosso mundo.

abraçosdinizhttps://www.facebook.com/#!/mare-cheia.california

Diniz [email protected]

Apenas Duas Palavras

Urbano Bettencourt

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33COLABORAÇÃO

Michael Silva Presidente da IST de Watsonville

Deseja a toda a ComunidadePortuguesa

Um Feliz Natal e Um Ano Novo Cheio de Prosperidades

Guerrilheiro/revolucionário nos anos 70 e 80, preso e tortura-do durante 14 anos, hoje pre-sidente do mais pequeno país

da América do Sul de língua espanhola, 3,300.000 habitantes, encrostado nos dois maiores, Brasil e Argentina. Com algu-mas costelas açorianas e cicatrizes de ba-las e tortura, na luta pelo fim da ditadura no Uruguai, José Mujica, foi considerado pelos meios de comunicação como o pre-sidente mais pobre do mundo. Parece, no entanto, muito mais apropriado conside-rá-lo o mais carismático, dado as circuns-tâncias económica/financeiras em que se

vive hoje em dia. O Uruguai tem profundos laços históri-cos com Portugal, desde o primeiro po-voamento europeu naquele país, fundado pelos portugueses em 1680, e a própria independência, bastante mais tarde, dis-putada, no primeiro quartel do século 19, entre Espanha, Portugal, Brasil e Argen-tina.Mujica foi ministro da agricultura, após a libertação do Uruguai das garras da dita-dura militar, em 1985, influenciado pela onda democrática que avassalou a Amé-rica Latina, nos fins do século passado. Pequeno latifundiário dos subúrbios de Montevidéu, foi um dos membros do gru-po principal da oposição, os Tupamaros. Ainda hoje traz no corpo as cicatrizes dos maus tratos, a que se refere frequente-mente, mas sem rancor nem ódio, ou sede de vingança. E diz num misto de humor profético, ‘até me chamam o presidente mais pobre do mundo, mas eu não me sin-to pobre, pobres são as pessoas que levam um estilo de vida dispendioso e aspiram sempre a mais e mais’. O presidente Mujica é, sem dúvida, o po-lítico menos dispendioso do país e talvez do mundo. A sua guarda pessoal são dois polícias e três cães. Não usa os carros lu-xuosos dos chefes de estado ou dos mi-nistros, não tem chofer pessoal, conduz o seu Volkswagen carocha, um modelo de 1987. Oferece às causas sociais 90% do seu salário, ficando apenas com o equi-valente ao salário mínimo do mais pobre uruguaio!Eleito presidente em 2009, depois de uma vida de guerrilheiro perseguido e encar-cerado, recusa viver no palácio presiden-cial de Montevidéu, herança desonrada dos antigos ditadores. Continua a viver

como antes, quando não pernoitava na prisão, juntava-se à esposa na modes-ta residência da sua propriedade rural, nos subúrbios da capital. Em contraste impressionante com o aparato de todas as chefias governamentais da política mundial rodeadas de luxo e pompa, pro-teção e protocolo, etiquetas supérfluas e cerimónias dispendiosas. Nada que se pareça com a opulência da Casa Branca, em Washington D.C, da requintada resi-dência ‘10 Downing Street’, em Londres, nem mesmo do Palácio Miraflores, em Caracas, nem da imponência do Kremlin ou da magnificência do Vaticano, para nem sequer falar do palácio de Belém, em Lisboa, e do de Santana, em Ponta Delgada. Vive realmente na liberdade da simplicidade e humildade que quase ninguém nota e muito menos tem a co-ragem de imitar. Nem assim foi possível contentar toda a população do Uruguai. Imensamente popular, quase divinizado, José Mujica, depois de não ter vetado a lei do aborto, uma das primeiras na tradicio-nal América Latina, e autorizado o uso de marijuana, ambas votadas e aprovadas pela legislatura nacional, desceu, sem dó nem piedade, no barómetro da aprovação popular.E sem ingenuidade ou ignorância das ma-zelas do mundo real da violência, do fa-natismo e das ambições, o modelo Mujica não será facilmente aplicável, mas lá que é digno de um momento de reflexão, creio que sim. Perante a crise mundial que, de muitas e diferentes maneiras avassala o nossos planeta, o seu testemunho de vida não pode cair na irrelevância de mera ex-travagância, sobretudo para as personali-dades politicas e religiosas, responsáveis principais pela justiça e moralidade do nosso habitat humano.As eleições americanas, talvez o expoente máximo da ambição de poder e desperdí-cio de recursos materiais, foram as mais dispendiosas de sempre nos EUA e pro-vavelmente na história da humanidade, cerca de 6 biliões de dólares pelo espe-táculo da luta política entre os dois can-didatos principais! Na Europa, nas costas do povo, a burocracia dos cargos políticos de numerosos ministérios e presidências, assembleias e secretarias recheadas de benesses e carros de luxo, são autêntica afronta à precariedade dos salários míni-mos e do desemprego avassalador. No meio deste contraste de opulência e desprendimento entre o presidente do Uruguai e o resto do mundo, é escandalo-so os seis biliões de dólares da campanha eleitoral americana, como é inadmissível a insensibilidade do presidente de Portu-gal, queixando-se de que a sua reforma não é o suficiente, e as do ‘custe o que custar’ do primeiro ministro na sua pro-fissão de fidelidade à troica e, natural-mente, as da chanceler alemã anunciando mais cinco anos de carestia. Parece cada vez mais difícil compreen-der os meandros da política e aceitar as linhas com que é urdida, mesmo em de-mocracia!

Apontamentos da Diáspora

Caetano Valadão [email protected]

O Presidente mais carismático do Mundo

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34 15 de Dezembro de 2012

Reencontro Natalício

Na ilha as tradições profanas e religio-sas acontecem na sua maioria dentro

das estações climáticas do ano, que por casualidade garantem a subsistência física e espiritual, caraterísticas do mundo açoria-no que se dispersou pelo glo-bo, embora hoje menos do que ontem. Em terras onde o mar é a grande força que dificulta ou facilita a vida das populações, o ilhéu habituou-se ao frio do norte, à agitação do mar e ao vento gelado que golpeia a pele. Enquanto o vento frio assobia pelas frestas das portas ou das janelas, o pão cosido no forno ardente torna a casa quente e perfumada. Este embora escal-dante é partido à mão e comido com manteiga, queijo, doce ou até pé-de-torresmo que restou da matança do porco, ou então só sem mais nada. Este perfume de pão acabado de cozer é ine-briante e convidativo ao descan-so, e à paz. O Natal sempre foi, e ainda con-tinua a ser a festa em que as fa-mílias mais confraternizam e se visitam. São os avós, os tios, os primos e as primas e mais alguns amigos que de casa em casa fes-tejam o nascimento de Jesus Cristo e a chegada dos reis. O vinte-e-quatro de dezembro é o mais religiosamente vivido, sen-do o vinte-e-cinco mais social. Quem tem prendas para abrir na noite da consoada abre-as depois da missa do galo, à meia- noite, que na maioria das igrejas é ce-lebrada às vinte-e-duas horas, porque o senhor padre também tem família. Come-se o bacalhau vindo do continente com todo; couves, batatas, grão-de-bico, ovos, azeite, vinagre, vinho, etc. Quando o bacalhau está caro substitui-se por galinha reche-

ada ou não, criada no quintal, ou compra-se uma metade para fazer canja, com muita água e arroz, primeiramente para saciar a fome às crianças. No dia de festa algu-mas famílias ainda abrem presentes que o menino Jesus dei-xou na lareira. Hoje o pai- natal traz tudo no avião, todavia a fes-ta não deixa de ter o mesmo sabor social e familiar levando a Do-lores, mãe de três fi-lhos, cinco netos e dois bisnetos sentir-se feliz tal como no tempo em que se criou. ― Na minha casa o pai-natal não existia, o menino Jesus trazia os presentes, mas como nunca o vi, aguardava a chegada da noite e ia para o meu quarto espreitar pela fresta da porta, até ver a minha mãe passar para a co-zinha com os presen-tes que colocava no sapato, deixados por

nós na lareira. Para mim e para os meus irmãos era sempre uma desilusão. O Menino Jesus tra-zia quase sempre as prendas que não pedíamos ou queríamos. Era sempre roupa e algum chocolate para adocicar a boca. O Pai Na-tal ou a árvore de Natal eram pouco usados, o presépio era o que mais marcava a época. A alegria do Natal era o convívio com os meus familiares, espe-cialmente com os meus irmãos, primos e primas. Fazíamos jo-gos, cantávamos e bailávamos, porque alguns dos mais velhos já tocavam viola o que animava a festa, tanto os jovens como os mais idosos gostavam de bailar, dançar não, era só para alguns. Os preparativos para o Natal co-meçam logo no princípio do mês de Dezembro. A preparação da ceia e do presépio é uma das tra-dições mais persistentes nas ter-ras açorianas. Delores continua dizendo: ― Eu por ser a mais velha fica-va encarregue de fazer o pre-sépio embora os meus irmãos me ajudassem, trazendo do mato leivas, musgo, pedras e areia fina e grossa, preta e ver-melha, para fazer o pavimento das ruas. Abríamos o baú que a minha mãe guardava as figuras feitas de barro de Santa Maria, pintadas à mão, hoje preciosas, que nós cuidadosamente colo-cávamos na paisagem que criá-vamos para pôr a manjedoura e as estatuetas representativas do Menino e os seus progenitores. O presépio não tinha luzes, por-que a central elétrica só traba-lhava algumas horas por dia. A luz que havia era a do candeeiro a petróleo que nós consideráva-mos excelente, até nos habituar-mos à elétrica.

Com o passar dos anos e a evolução tecnoló-gica o Natal é cheio de luz e brinquedos

electrónicos, tendo o presépio deixado de ter o simbolismo que a Dolores nos descreve. A vida é demasiado agitada para se ir ao mato procurar musgo, arran-jar pedras para embelezar e dar naturalidade à encenação natalí-cia. O aspecto religioso da vida está cada vez mais diluído, não resta tempo para seguir a tradi-ção de que nos fala a Dolores. Tudo é feito a correr, comprado, mas não perfumado como o pão de que ela descreve. As prendas só justificam o consumismo, que cada vez se torna maior no século vinte-e-um, tornando a sociedade mais desconectada da realidade humana, perpetuando a tristeza e as necessidades bási-cas do ser humano, desprezado e descriminado pela sociedade global. Todo o progresso não choca a Delores. Depois dos filhos cria-dos e sem saudosismo, conta aos netos, netas e bisnetos como or-ganizava o seu Natal: ― Nós, como casal, combiná-vamos o que podíamos comprar para as crianças. Sempre o que era de mais urgência e neces-sidade para vestir ou calçar.

Brinquedos não faziam parte da nossa lista, por vezes, algum chocolate. Serviam-se refeições melhoradas nos dias de festa, desde o bacalhau à galinha, e até o peru, regado com vinho que produzíamos em casa, ou que os pais do vosso avô nos davam. Fazia-se arroz doce e massa sovada com farinha e ovos de casa, contudo algumas das vossas tias mais jovens eram doceiras, trazendo bolos e doces miúdos mais sofisticados, como pastéis de nata, relâmpagos, madalenas e amélias que todos adoravam. Nunca faltava o café e o chá, bem como o vinho, an-gelica e aguardente. Em alguns anos também havia vinho do porto para adocicar o paladar dos adultos. Os vossos pais be-biam refrescantes “pirolitos” de laranja, maracujá e limão. ―Ainda hoje me lembro de um ano no dia de reis, em casa de uma tia nossa, um dos ranchos de Natal que cantavam de porta em porta a saudar o Menino Je-sus, pararam-nos à porta a can-tar. Era sem dúvida revitalizante ouvir-se numa noite fria, calma e estrelada um ranchinho tocar e cantar estrofes de paz e amor em louvor e agradecimento ao Menino Jesus. Hoje são raras tais ocasiões! Os donos da casa convidavam o grupo a entrar, obsequiando os cumprimentos do rancho, com bebidas e doces caseiros. Uvas e figos passados preparados em casa alguns me-ses antes, no outono, nunca fal-tavam. A vida hoje é mais difícil e com-plexa, acelerada e esgotante, não disponibilizando tempo para se passar dias em casa a preparar uma festa, ou mesmo uma refei-ção, que dura apenas algumas horas. Compra-se o que se come quase tudo feito, não sei se é mais ou menos gostoso do que o que a Dolores fazia, todavia, arranja-se tempo, estou a falar de semanas, para a compra de ofertas que vão satisfazer todas os caprichos e ambições das crianças e jovens. Por vezes ob-jetos já obsoletos, mas que ca-lam, e acalmam, as exigências da presente geração. O espírito natalício vai para além de tudo este materialismo. A felicidade natalícia tem de ser vivida no dia-a-dia da vida, para que o mundo perturbado por guerras, egocentrismo e de-sumanidade não perpetue e as-fixie os mais desprotegidos que a sociedade criou. O Natal veio para todos, todos o devem cele-brar e viver com alegria, paz e harmonia.

COLABORAÇÃO

Segundo contam as gaze-tas, o sr. Mitt Romney, parece não acreditar ain-da que perdeu a última

eleição. Aquilo para que se vinha preparando há mais de uma deze-na de anos, foi um vento que lhe deu. E agora não se sabe se ele terá coragem para encetar mais uma jornada politica de quatro anos. Porque a campanha de 2016 já começou, e os milhões vão co-meçar a sair dos cofres dos bilio-nários.E o desapontamento não foi só para o ex-governador de Massa-chusetts. Que foi, como sabem, o inventor do ”Obama-care” mas, essencialmente para os membros da confraria do chá, “sponsorada” pelos “Coch Brothers”, que têm milhões a perder de vista. Porém o semi-africano pôs na cabeça os seus chapéus de socialista, comu-nista, islamista e estrangeirista e, como S. Sebastião, investiu sem mêdo contra as hostes do pecado e salvou da morte, por agora, o “Obama-Romney Care”. Foi um feito que as gentes do Chá não es-peravam, nem eu tão pouco, em face da catadupa da massa do ou-tro lado do muro e dos prognós-ticos sempre actualizados, pelas meninas loiras e sorridentes da Fox News.Mas, o que lá vai lá vai e, como mandam os mandamentos da Santa Democracia, é da praxe ce-lebrar a paz e esquecer os ódios da fé e da política, essas irmãs que, unidas, provocam sempre um estardalhaço entre as gentes deste Vale de Lágrimas, no dizer do Salvé Rainha. Entretanto, para cumprir a tradição, o Presidente convidou o sr. Romney para um almoço na Casa Branca, e con-versar, ninguém sabe em quê. E se os pugilistas se abraçam no fim da pancadaria, porque não os

aspirantes à presidência da maior democracia do mundo?Tudo bem. Mas agora é que a “porca torxe o rabo, como xe diz na provinxia”. No faval da políti-ca, gericos e elefantes continuam a disputar o seu lugar na mange-doira. As gentes do Chá, cujo ba-cilo da extrema infetou os ossos do elefante, continuam a consi-derar o gerico como um animal espúrio, estrangeiro, que procura comer o capim nacional. Ainda não se ajustaram à ideia de que ele tambem faz parte da zoologia política Americana. A coisa está feia, e os elefantes ameaçam lan-çar o país numa espécie de des-filadeiro, ou banca-rota. Isto é, o mesmo chá que o sr. Romney um dia receitou para a General Mo-tors, recordam-se? E se os ani-mais não chegarem a acordo em breve, com ou sem a intervenção do Menino Jesus, iremos mesmo para o “buraco”.

E tudo porque os nosso ricos irmãos “dois por cento”, não querem contribuir com mais al-

guns cêntimos, que não fariam falta nenhuma a quem tem tantos milhões para gastar na política, para colmatar a brecha dos 47 por cento que, no dizer do sr. Rom-ney não pagam imposto e rece-bem senhas de comidas e outras “prendas” que o presidente lhes dá, para ganhar o seu voto.

Quanto ao que os dois homens discutiram durante o almoço, continua no segredo dos deuses. Agora é só esperar pelo resulta-do dessa cerimónia de água ben-ta e “ramo de oliveira”. Mas não parece que chega a ser milagre. Nem com a intervenção do Me-nino.

Do Tempo e dos Homens

Manuel [email protected]

Conversa de Alto Nível

ApontamentoSerafim [email protected]

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35 PATROCINADORES

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O Cavaleiro de Alternativa

Paulo Ferreira

Envia saudações aficionadas a todos os amigos e comunidade em geral, desejando

Boas Festas e Feliz Ano Novo

36 15 de Dezembro de 2012

Boas Festas e Feliz Ano Novo a todos os assinantes do Tribuna

PATROCINADORES

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37

Assine este jornal e partilhe com a família

PATROCINADORES

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Sanjoaninas 2013 na California

Ricardo Matias, Presidente das Sanjoaninas 2013 quiz presentear algumas pessoas da nossa comunidade: Lisa Sousa, José Vasquez, Batista Vieira

Nelson Ponta-Garça da NPG Productions, entrevistando Ricardo Barros, Presidente da Assembleia Municipal de Angra do Heroísmo

Conjunto Gíria da Terra de San JoséEmbaixo: Ricardo Matias, Madalena e Franklin Oliveira, Embaixado-res Honorários dos Açores na primeira Capital da California

Embaixo: Ricardo Matias, Presidente das Sanjoaninas 2013 falando em Escalon, vendo-se ao longe Frank Martins, Sónia Bessa e Terry S.

Banda Açoriana de Escalon actuando na sua Sede para a Comitiva das Sanjoaninas 2013

Aspectos do Salão de Festas da Banda Portuguesa de San José

Isabel Fagundes, Davide Reis, Jorge Reis e Manuel Mendes

COMUNIDADE

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CONSULADO GERAL DE PORTUGALSÃO FRANCISCOMENSAGEM DE NATALCaros amigos,

Estamos a entrar no período das festas natalícias, tempo de encontro, solidariedade e de família, que são valores partilhados por todos os portugueses em particular aque-les que se encontram longe da sua terra aqui na Califórnia.Desde que assumi as minhas funções, tive oportunidade de contactar com diversos núcleos comunitários da Ca-lifórnia, ocasião em que auscultei as suas aspirações e tomei conhecimento dos seus problemas. Nesse contex-to, tive a preocupação de logo nestes primeiros meses do meu mandato de aproximar o Consulado das comunida-

des, através nomeadamente da implementação do serviço das Permanências Consulares e da criação de uma página de Facebookdo Consulado (www.facebook.com/Consula-doGeralPortugalSanFrancisco).De igual modo foi este ano dado um passo importante com vista a uma melhor e mais eficaz coordenação e promoção do ensino da Língua Portuguesa na Califórnia através da assinatura do Protocolo de Cooperação entre o InstitutoCamões e Associação de professores de Português dos Estados Unidos e Canadá. Gostaria assim de deixar aqui uma palavra de estímulo e ânimo a todos aqueles que li-dam directamente com o ensino do português e seesforçam pela disseminação da nossa cultura assim como de incentivo e perseverança a todos os estudantes de Por-tuguês.A todos os meus sinceros votos de um Santo Natal e de um Próspero Ano de 2013, pleno de realizações pessoais e profissionais.

O Cônsul GeralNuno Mathias

Naquela noite de Natal, um den-so nevoeiro abatera-se sobre a velha casa junto ao mar.A casa, sombria e esboroada,

era abrigada por uma velha figueira e ro-deada por um tosco muro de pedra solta, por cujos buracos rompiam madressilvas. Musgos e líquenes alastravam pela canta-ria e pelo telhado. E era por uma das jane-las que se vislumbrava uma luz bruxulean-do no interior rústico da casa…… Eram as chamas que crepitavam na la-reira da pequena sala, onde sobressaía um quase imponente relógio de parede, cujo tic-tac ecoava no silêncio daquela noite tão fria.Sentado numa cadeira de baloiço, o velho Cipriano cabeceava de sono. A seus pés, um cão rafeiro fitava o fogo.Junto à janela da sala, um pássaro debi-cava as grades de uma gaiola. Do estuque apodrecido, pendiam teias de aranha e as paredes escorriam humidade. No meio da sala havia uma mesa repleta de tangerinas e de pequenos pratos contendo trigo a gre-lar. Em cima do louceiro, uma fotografia amarelecida mostrava familiares emigra-dos, os quais, reunidos em frente de um vistoso “bungalow”, sorriam felicidades americanas,Quando o relógio bateu a meia-noite, o ve-lho Cipriano despertou, fitando, estremu-nhado, os ponteiros do Natal. Em seguida, levantou-se e dirigiu-se ao louceiro, de onde retirou um canjirão de vinho e uma tigela de barro, suspendendo o gesto ao re-parar na foto dos seus…Com os braços ocupados, voltou a sentar-se na cadeira de baloiço, enchendo a tige-la de vinho. E, cismático, pôs-se a olhar aquela fotografia. O cão rosnou e enros-cou-se-lhe nas pernas. O fogo da lareira reflectia agora cintilações de amargura no rosto do velho.…………………………………………………………………………………………….Como é lenta esta noite!Quanta amargura nas minhas recordações vagabundas! Quanta angústia nos meus sentimentos confundidos! E quanta infini-ta tristeza nesta casa tão vazia…Ah, como sofro a minha memória. A me-mória dos que se sentaram àquela mesa noutras noites de Natal. A memória dos que partiram para as Américas de promes-sas e abundâncias. Todos abalaram para longe. E fiquei só eu. E esta velha casa. E este cão.Ah, recordações da minha infância per-dida! Ah, lembranças do meu Natal me-nino… Que saudosa melancolia! Era no tempo em que o Natal enchia esta casa de alegria transbordante! E era ainda no tem-po em que o Natal parecia ter um sentido, porque acreditávamos que havia paz no coração dos homens.Havia o fascínio desse Menino Jesus, lou-ro, papudo, rosado como um morango,

sorrindo nas palhas do seu rústico berço! E o esplendor do presépio, tão ingénuo e pitoresco! Mas agora… Cadê o aconche-go familiar da ceia de Natal, tão farta e tão alegre? Cadê a doce expectativa dos presentes e dos momentos mágicos e riso-nhos? Cadê as laranjas maduras de outros natais? E onde estão agora os tapetes, as cortinas, as jarras, as begónias e a mobí-lia desta casa que outrora foi festiva? Por onde param os que eu amei? Ah, quem me dera, nesta noite, um momento de ternura! O que eu daria, nesta hora, pelo conforto de uma palavra amiga!...… Mas vivo o silêncio de ficar. E sofro a monotonia dos dias e o peso de haver Na-tal. É por isso que sonho a esperança a cre-pitar na lareira……………………………………………………………………………….........................O velho Cipriano continua a bebericar o vinho. Os seus olhos vêem o fogo da la-reira a desfocar-se; a pouco e pouco, co-meçam a adquirir nitidez os contornos de uma chaminé, alva de cal, vomitando fumo nos dias límpidos de haver sol.…………………………………………………………………………………………….

Nasci e cresci nesta casa, que outrora al-bergou numerosa família. De calção e ra-nho, brinquei naquele quintal em topadas de aventura. Tirei, vezes sem conta, água fresca daquela cisterna musguenta…Meu pai era lavrador e minha mãe borda-deira. E o meu mundo era a casa, as ca-nadas, as faias, os eucaliptos, os fetos, as jarrocas, as árvores de fruto, o cheiro da cidreira brava e do mentrasto, a família e os amigos. Mas era também o itinerário dos garajaus. E o percurso dos navios que eu, com o rosto colado à vidraça da janela da cozinha, via passar na linha do horizon-te, a caminho da América…O sonho não cabia então na ilha. Cedo aprendi as lições do arado. E conheci os segredos das sementeiras. E habituei-me aos milhos, aos pastos, à humidade, ao vento norte, aos vendavais, aos sismos e aos gritos das cagarras… Sofri as taponas dos meus irmãos mais velhos, as repri-mendas de meu pai e os castigos na esco-la… Na catequese, Deus fora-me revelado

na promessa do amor e da morte. E comi o caldo de couves da pobreza. E lavei os pés na selha de seis gerações. E li as primeiras letras à luz baça do candeeiro.Quando o buço me cresceu, já eu deixa-ra de fisgar melros pretos e de surripiar os figos de mel da vizinha Aldonça. Fiz-me homem. Vesti a ganga que vinha nas sacas perfumadas da América. E tomei-me de esquivos amores por Idalina – a meiga e obediente Idalina, com corpo de sedução e olhos pretos da cor da amora silvestre!Ah, a Idalina! Desde o dia em que eu a vira a picar cebola, em vésperas de matança de porco, nunca mais tivera sossego. É que a minha vida não haveria de ser só ordenhar vacas, carregar bilhas de leite, esfregar os olhos de nevoeiro e ouvir carros de bois a chiar todo o santo dia…O meu namoro com Idalina aconteceu. E esse amor levedou com balhos no terreiro, chamarritas ponteadas à viola, vindimas de Setembro e debulhas de Outubro. Ah, as falinhas mansas do bem-querer e as ter-nuras partilhadas a medo e à pressa, por causa do falatório…Quando, por fim, fui chamado “às sortes”, visitei a cidade pela primeira vez. Compre-

endi, então, que o mundo era bem maior que o meu quintal. Depois fui para a tropa, embarcando no “Ribeirense” – com o ombro aguado das lágri-mas de minha mãe e da Idalina.Durante dois prolongados anos vivi, em terra estra-nha, a angústia da ausên-cia. E quando regressei a casa foi para desposar a minha Idalina. E foi as-sim que, num dia de chu-va morrinhenta, unimos

as nossas vidas na mesma igreja que nos baptizara. E depois vieram os filhos; pri-meiro o Manuel e, depois, a Natália.…………………………………………………………………………….........................O velho Cipriano levanta-se para ir colocar mais lenha na lareira. Depois volta a sen-tar-se, distraindo-se agora com o zumbido de uma mosca varejeira que volteava nos vidros da janela.……………………………………………………………………………........................O tempo passou, fugaz como uma lavan-deira, e os meus filhos cresceram no sosse-go rural desta casa. Naquele tempo a vida era corsária e a ilha madrasta. Penava-se os olhos da cara a trabalhar a servidão. De nada servia mourejar de sol a sol. O can-saço era imenso e o ganho muito pouco. E era na tasca do Mija Vinagre que se afoga-va o desespero da aguardente.Foi então que muitos começaram a emigrar para longínquas terras, em busca de uma vida mais digna. Os que ficavam, pouco

a pouco acabavam por se render ao fascí-nio das histórias que se contavam sobre os que haviam partido. E o meu Manuel lá se deixou influenciar pelo sonho americano e abalou, bem contra a minha vontade… Foi para o vale de São Joaquim ordenhar vacas. Anos depois, e era a minha Natá-lia que também partia para a Califórnia, a carta de chamada do irmão. A América nada me dizia. Embora eles me quisessem lá, eu continuei sempre na ilha a trabalhar a terra, nesta minha teimosia de ficar.Depois, meu Deus, foi o golpe mais rude que o destino me pregou: após prolongada doença, a minha mulher morreu-me nos braços. Desde então eu nunca mais fui o mesmo. E passava tarde e tardes a reme-xer a memória (guardada naquela arca de acácia) e a fitar, cismático, as cintilações do mar.……………………………………………………………………………………………O velho Cipriano aconchega o casaco, levanta-se e dirige-se à janela, seguido do cão; de um dos bolsos retira um lenço amarrotado e desembacia um dos vidros. Lá fora, a noite uiva e o vento bate a chuva contra a janela.……………………………………………………………………………………………Como cansa a regularidade triste daquele pêndulo! Como dói o silêncio fechado de todas as portas! E como é infinitamente vazia esta casa e esta mesa… O que me vale é o “Jau”. Triste sina a minha. Nada mais me resta na vida do que um cão para amar…Quem me dera sacudir da minha alma es-tas recordações. Para quê sonhar o Natal se tudo não passa de sonhos sonhados? (O Natal é uma mentira anual e é uma espe-culação comercial de falsa paz empacota-da…). A realidade é bem outra: o meu povo abalou e ficou a incerteza de um futuro de nevoeiro. E agora? Quem vai trabalhar os nossos campos desertos? Quem vai pescar a promessa dos nossos mares? Quem vai bordar a ternura de gerar filhos? Talvez que só reste a esperança. A esperança de que, um dia, todos possamos caber na ilha. E que, de novo, haja roupa branca pendu-rada sobre os quintais. E figueiras de abun-dância. E casas a fumegar pão. E a alegria de rasgar o ventre nos dias amplos de luz suave. …………………………………………………………………………………………….Confundido nestes pensamentos, o velho Cipriano afaga o pelo do “Jau”. E porque uma saudade infinita lhe amolece a alma, os seus olhos ficam vidrados de lágrimas. E ali se fica, junto à janela, fitando o lume a arder a memória, enquanto o tic-tac do relógio se mistura com o ruído do pássaro a debicar as grades da gaiola.

Ao Cabo e ao RestoVictor Rui [email protected]

O NATAL do velho Cipriano

COMUNIDADE

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40 15 de Dezembro de 2012PATROCINADORES

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Boas Festas e Feliz Ano Novo

COMUNIDADE

Fados na Casa do Benfica em San José

Realizou-se na Casa do Benfica de San José uma noite de Fados com os artistas locais David Garcia, Crystal Mendes, Jorge Costa Junior, acompanhados por Helder Carvalheira, Manuel Escobar e João Cardadeiros.

David Garcia, Crystal Mendes e Jorge Costa Junior

fotos de josé mendes

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42 15 de Dezembro de 2012

AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO EXTERNO

Concurso externo para o preen-chimento de um posto de traba-lho, na categoria de Assistente Administrativo para exercer funções na Chancelaria do Con-sulado Geral de Portugal em San Francisco da Califórnia.1. Nos termos da Lei nº12-A/2008, de 27 de Fevereiro, faz-se público que, nasequência de despacho do Secre-tário-Geral e subsequente autori-zação de S.Exa. o Secretário de Estado da Administração Pública, de 2/11/2012, se encontra aberto, pelo prazo de 15 dias úteis a con-tar da data de publicação dopresente aviso, concurso exter-no para o preenchimento de um posto de trabalho, na categoria de Assistente Administrativo, com a remuneração mensal ilíquida de 1.594,73 Euros (valor sobre o qual recai a redução remune-ratória de 3,5%, nos termos do previsto no artigo 19º., da Lei nº. 55- A/2010, de 31/12, aplicável por força do disposto no artigo 20º. Da Lei nº. 64-A/2011, de 31 de Dezembro), para exercer fun-ções na Chancelaria doConsulado Geral de Portugal em San Francisco.2. O prazo para apresentação de candidaturas termina em 26 de Dezembro de 2012.3. Regime jurídico aplicável – contrato de trabalho por tempo indeterminado, ao abrigo do di-

reito local, nos termos do nº4 do Artigo 3º da Lei 12-A/2008, de 27 de Fevereiro e Artigo 5º, nº2 e nº3, alínea a), do Regime do Con-trato de Trabalho em Funções Públicas.4. Prazo de validade – o concurso destina-se ao preenchimento do lugarsupramencionado, caducando com o seu preenchimento.5. Funções a exercer – as corres-pondentes a Assistente Adminis-trativo designadamente atendi-mento do publico, prestação de serviços nas áreas doRegisto Civil e Notariado, da emissão de demais documentos oficiais, tais como certificados, bilhetes de identidade, passapor-tes e documentos deviagem, secretariado e arquivo bem como apoio nas permanên-cias consulares.6. Requisitos de admissão:Os candidatos devem reunir, até ao termo do prazo da candidatu-ra, os requisitos gerais previstos no artigo 8º da Lei nº 12-A/2008, de 27 de Fevereiro (LVCR), com exceção da nacionalidade portu-guesa que não é exigida.Sejam habilitados com o 11º ano de escolaridade ou equivalente.O candidato selecionado deve-rá possuir autorização/estatuto de residente nos Estados Unidos da América e ter a sua situação regularizada junto das entidades fiscais e de segurança social lo-cais, para a respetiva contratação, sendo o prazo para a sua regulari-zação definido no respetivo con-

trato. Podem, por conseguinte,ser admitidos a concurso candi-datos que, à data da apresentação da candidatura ainda não tenham autorização e/ou residência no país.7. Métodos de seleção:Os resultados obtidos na aplica-ção de métodos de seleção são classificados numa escala de 0 a 20 valores, sendo seguinte a pon-deração aplicada:- Avaliação curricular : 7- Entrevista profissional: 8 - Prova de conhecimentos: 5O candidato será avaliado de acordo com os seguintes critérios de selecção:conhecimentos de contabilidade, de informática ao nível do uti-lizador, e domínio das línguas portuguesa e inglesa, falada e escrita.a) Avaliação curricular:Esta prova visa avaliar as apti-dões profissionais dos candidatos na área a concurso, com base no respetivo currículo profissional e documentos comprovativos que o acompanham, sendo conside-rados e ponderados os seguintes elementos:- Experiência profissional ante-rior, nomeadamente na área fun-cional do recrutamento;- Habilitação académica de base;- Formação Profissional;b) Realização de entrevista pro-fissional:Esta prova visa avaliar de forma objetiva as aptidões profissionais e pessoais dos candidatos, desig-nadamente, conhecimentos de

cultura geral, línguas,contabilidade pública, procedimentos consu-lares, bem como outros conhecimentos relevan-tes para o lugar a con-curso que sejam indi-cados pelos candidatos no respetivo curriculum vitae.

c) Provas de conhecimentos:As provas de conhecimentos vi-sam avaliar os níveis de conheci-mentos exigíveis e adequados ao exercício da função e consistem em:- Uma simulação do processa-mento dos emolumentos de um ato consular (duração 30 minu-tos);- A prova de conhecimento da língua portuguesa consistirá na interpretação escrita de um texto bem como numa tradução escrita de inglês para português (dura-ção 1 hora).- A prova de conhecimentos in-formáticos consistirá na produ-ção de um documento em forma-to Word e outro em formato Excel (duração 30 minutos cada). As provas serão pontuadas segundo uma escala de 0 a 20 valores e são eliminatórias, considerando-se não aprovados os candidatos que obtenham uma classificação inferior a 9,5 valores;A classificação final resulta da média aritmética ponderada das classificações obtidas em todos os métodos de seleção.8. Formalização das candidatu-ras: As candidaturas deverão ser formalizadas mediante requeri-mento dirigido ao Consul Geral e entregue no Consulado-Geral, sito em 3298 Washington Street, San Francisco, Califórnia, Esta-dos Unidos da América, pessoal-mente, contra recibo, ou remetido por correio registado e com aviso de receção, acompanhado de:− Copia do Bilhete de identidade− Curriculum Vitae− Prova de residência− Declaração sob compromisso de honra que o candidato reúne os requisitos gerais de admissão previstos no artº 8 da Lei nº 12-A/2008 de 27 de Fevereiro.Os candidatos poderão contac-tar o Consulado Geral através do endereço de email congenportu-

[email protected], caso neces-sitem de obter mais informações sobre o concurso.9. Composição e identificação do júri:− Presidente: Nuno Mathias, Cônsul Geral− 1º. Vogal efetivo: Julia Chin, Chanceler− 2º. Vogal: Venceslau Silveira, Assistente Administrativo10. A lista de candidatos admi-tidos/excluídos e de ordenação final dos candidatos, é divulgada na Chancelaria do Consulado Ge-ral de Portugal em San Francisco, bem como no sítio internet www.carreirasinternacionais.eu.11. Não podem ser admitidos candidatos que, cumulativamen-te, se encontrem integrados na carreira, sejam titulares da cate-goria e ocupem postos de traba-lho previstos no mapa de pessoal do serviço idênticos aos postos de trabalho cuja ocupação se pu-blicita o procedimento.12. As atas do júri são facultadas aos candidatos sempre que solici-tadas.13. Na sequência do despacho conjunto nº 373/2000 de 1 de Março, faz-se constar, igualmen-te, a seguinte menção: “Em cum-primento da alínea h) do artigo 9º da Constituição, a Administra-ção Pública, enquanto entidade empregadora, promove ativa-mente uma política de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no acesso ao emprego e na progressão profissional, provi-denciando escrupulosamente no sentido de evitar toda e qualquer forma de discriminação”.

San Francisco, Califórnia, aos 5 de Dezembro de 2012

O Consul Geral,

Nuno Mathias

Consulado Português em San Francisco

AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO EXTERNO

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Exposição sobre a História do Fado em Berkeley

Patrocinado por várias organiza-ções, como se pode ver no poster ao lado, realizou-se na Universidade Estadual de Berkeley uma Exposi-cão sobre o Fado. Aproveitando-se a ocasião teve lugar uma sessão de

Fados por alunos da mesma Univer-sidade - Kristin Megan Rodriguez, Terra Friedman e Andres Garcia e no fim Ramana Vieira e o seu Conjun-do Ensemble também participaram. Mais uma grande oportunidade para

que estudantes americanos pudes-sem apreciar o nosso Fado.A Exposição ficará aberta por mais um mês.

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Jeanette Moules

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44 15 de Dezembro de 2012ENGLISH SECTION

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45 ENGLISH SECTION

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46 15 de Dezembro de 2012COMUNIDADE

Al Pinheiro - 13 anos de vida política

Chegou à California com 12 anos acompanhado por sua mãe. Fizeram a vida nor-mal de todos aqueles que se aventuravam no oeste

americano. Trabalho, Igreja, amigos e festas. Já mais adulto criou a sua própria companhia de viagens e de segu-ros. Há treze anos aventurou-se na política na cidade de Gilroy onde sempre viveu. Esteve cinco anos como vereador e oitos anos como Presidente da Câmara numa altura em que a a sua cidade precisava de levar uma reviravolta para sobreviver. Al Pinheiro, bem acompanhado pelos seus vereadores e com a ajuda sempre precio-sa dos supervisores da Cidade, promoveu

grandes mudanças, que hoje são o orgulho de todos os Gilroyanos. Esta homenagem e despedida de Al Pinheiro foi realmente emocionante. Ouvirem-se tantas palavras bonitas de tantas figuras políticas da sua terra de Gilroy, encheu não só o coração dele e da familia, mas também de qual-quer português que se orgulha se ter um Al Pinheiro entre os seus pares. Assim se faz comunidade a todos os níveis.Hoje, dia 11 de Dezembro tomou posse como Vereador da Cidade de Turlock um jovem, Jason Nascimento, que poderá ser a continuação daquilo que Al Pinheiro fez. Hoje vereador, amanhã Mayor, e depois se verá. O envolvimento politico da nossa ju-ventude é muito importante.

A familia de Al Pinheiro, faltando apenas uma filha que vive na Terceira.

Festa de Natal do Núcleo Sportinguista

Realizou-se no dia 8 de Dezembro no Salão de Festa do GPS de Gustine mais um Jantar de Natal do Núcleo Sportinguista do Vale de San Joaquin. O Nucleo é presidido por José Manuel e Iria Martins, e para abrilhantar a noite convidaram os Fadistas, Jorge Costa Jr, Natalia Pires e Joana Amendo-eira, que cantaram ao som do nosso Grupo 7 Colinas, constituído por Helder Carvalheira, Manuel Escobar e João Cardadeiro. O MC foi Carlos Rocha.A Rainha deste ano é Jeanette Moules (ver foto acima)Como sempre foi uma noite muito agradável, com a presença de muitos adep-tos do Sporting e mesmo do Benfica e Porto. Fotos de João Freitas

Aspecto da Sala do GPS, vendo-se em primeiro lugar a mesa do Presidente

Andar na política cansa, envelhece, mas dá um gozo enorme quando se faz com amor e com resultados para benefício de uma comunidade inteira. Foi isso que aconteceu com o Al.

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47 COMUNIDADE

Odília Rocha

Laurinda e Frank Chaves 50 anos de amor

A Laurinda veio da Fajã dos Vimes e o Frank Chaves, da Fazenda de Santa Cruz das Flores. Chegaram à Califor-nia no mesmo ano em 1960 e por obra e graça do amor casaram na Igreja de Tracy em 1962. O casal Chaves tem 6 filhos, 2 raparigas, Betty e Laury e quatro rapazes, Frankie, Stanley, Scotty e Joey, que já lhes deram 19 ne-tos e 2 bisnetas.A Missa da Festa dos 50 anos de Casados teve lugar na

Igreja de Thornton e foi no Salão Português do mesmo lugar que se realizou uma recepção com toda a família e muitos amigos,Os Chaves tem uma leitaria em Lodi desde 1967.

Tribuna Portuguesas sauda e congratula estes amigos de longa data.

Odília Rocha naceu na Agualva, Terceira e chegou à California em 1967. Sempre teve uma pai-xão por flores e durante muitos anos ajudou as amigas e muitas organizações gratutitamente, até

que um dia há cerca de dez anos a Maria Alice Catering, lhe ofere-ceu a possibilidade de ornamentar um casamento. A partir daí a sua vida mudou e criou a sua própria companhia de Florista. Faz por

ano cerca de 6 a 7 casamentos, mas a sua maior concentração de trabalho é nos funerais. Quer nos funerais quer nos casamentos são as pessoas que escolhem o que querem, mas nos funerais há uma

maior liberdade artística de esco-lha de temas florais. Antigamente ia buscar as flores a Watsonville mas agora devido ao processo de entrega, trabalha com uma com-panhia portuguesa de Los Banos.

Odília é a florista privada da Casa Funerária Whitehurst-Norton-Dias de Turlock. É um trabalha que a apaixona no dia-a-dia. Odília é casada com Agnelo Rocha.

flores são a sua vida

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48 15 de Dezembro de 2012ULTIMA PÁGINA


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