Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos Secretaria Executiva de Desenvolvimento e Assistência Social
Gerência de Planejamento, Projetos e Capacitação
CRACK e outras drogas - Trabalho integrado com as políticas públicas
Catarina Medeiros Psicóloga Pós-graduada em Dependência QuÍmica
Compreendendo alguns conceitos
Segundo Araujo(2012), legalização, proibição e descriminalização são palavras chaves para compreensão do debate sobre drogas e se referem às diferentes opções que os governos têm para tratar quem vende e quem consume as substâncias psicoativas.
Proibição Na Proibição produzir, distribuir, transportar, vender, comprar e portar drogas em qualquer quantidade são crimes. As atividades ligadas à produção e à distribuição são punidas com prisão. As penas ligadas ao uso costumam ser mais brandas, mas em muitos países também levam a cadeia. A compra e a venda podem ser autorizadas por órgãos competentes, em casos específicos, quando é comprovado que a droga será utilizada com finalidades religiosas, medicinais ou cientificas.
descriminalização Geralmente é usada quando se estinguem as penas criminais para usuários de drogas. Em alguns países e livros isso também é chamado de despenalização. Usuários flagrados com pequenas quantidades de drogas (para uso pessoal) recebem, no máximo, penas administrativas como multas. Se forem dependentes, também podem ser obrigados a se tratar, dependendo do país. Portar grandes quantidades de drogas ou vende-las continuam levando à prisão.
Legalização
Na legalização o governo estabelece regras para o comércio de cada droga, impondo restrição de idade, locais e horários, por exemplo, e/ou exigindo registro e autorizações especiais para compra e venda. Geralmente, quanto mais perigosa é a droga, mais rigoroso e restritivo é o controle sobre seu mercado.
Diversos contextos no mundo: como alguns países se posicionam diante dessa questão?
• Estados Unidos - Proibicionismo
Ao longo do século XX os Estados Unidos assumiu a dianteira da cruzada antidrogas, impondo aos demais países na Europa e na América convenções que dariam origem à chamada guerra às drogas.
No período de 1920 à 1933, caracterizou-se na história dos Estados unidos, o ato proibicionista mais conhecido como a lei seca.
Diversos contextos no mundo: como alguns países se posicionam diante dessa questão?
• Estados Unidos - Proibicionismo
Nas últimas quatro décadas, o Governo americano gastou mais de US$ 2,5 trilhões nessa guerra e prendeu mais de 40 milhões de pessoas por delitos relacionados com o narcotráfico e a posse de substâncias ilícitas.
Em junho de 2011 a Comissão Global de Política de Drogas declarou: "A guerra global contra as drogas falhou, com consequências devastadoras para indivíduos e sociedades pelo mundo.”
Diversos contextos no mundo: como alguns países se posicionam diante dessa questão?
• Portugal – Descriminalização
Em julho de 2001, Portugal se tornou o primeiro país da Europa a descriminalizar o uso de drogas(Lei n.º 30/2000, de 29 de Novembro). A aquisição, posse e consumo de qualquer droga estão fora da moldura criminal e passaram a ser violações administrativas. Por lei, o usuário agora é considerado portador de uma doença crônica que precisa de tratamento.
As sanções penais existem fortemente para traficantes e produtores.
Desde então, o uso de droga em Portugal fixou-se "entre os mais baixos da Europa, sobretudo quando comparado com estados com regimes de criminalização apertados". Baixou o consumo entre os mais jovens e reduziram-se a mortalidade (de 400 para 290, entre 1999 e 2006) e as doenças associadas ao consumo de drogas.
• Portugal – Descriminalização
A proibição existe entretanto sem prisão. Portugal ofereceu mais oportunidades de tratamento. Destaca-se a mudança de abordagem à descriminalização. Por partes: consumir continua a ser proibido. Mas já não dá prisão. Quando muito, dá uma multa. Na maioria dos casos, uma reprimenda. E o encaminhamento para o tratamento.
Desde então, o uso de droga em Portugal fixou-se "entre os mais baixos da Europa, sobretudo quando comparado com estados com regimes de criminalização apertados". Baixou o consumo entre os mais jovens e reduziram-se a mortalidade (de 400 para 290, entre 1999 e 2006) e as doenças associadas ao consumo de drogas.
• Portugal – Descriminalização
o usuário pego em Portugal com quantidade de drogas equivalente a, no máximo, dez dias de consumo (o que é detalhado na legislação), é encaminhado a uma comissão, composta por um assistente social, um psiquiatra e um advogado, que avalia se o caso se configura como tráfico, dependência ou simples consumo pessoal. O usuário, então, pode ser multado, condenado a prestar serviço comunitário ou encaminhado para tratamento.
Diversos contextos no mundo: como alguns países se posicionam diante dessa questão?
• Portugal – Descriminalização
Outro foco da legislação de Portugal é a redução de danos, que permite, por exemplo, o fornecimento de seringas descartáveis a usuários de drogas injetáveis, com redução de 71% no diagnóstico de HIV entre usuários de drogas.
(Política da Droga em Portugal : Os benefícios da descriminalização do consumo de drogas – Open
Society, 2011)
Diversos contextos no mundo: como alguns países se posicionam diante dessa questão?
• Holanda - legalização
• Cafés
Cafés podem vender apenas drogas leves e não mais que cinco gramas de maconha por pessoa por dia. Os cafés são regulados por leis rígidas, que controlam a quantidade permitida de drogas leves e as condições nas quais podem ser vendidas e usadas. Os cafés não podem fazer publicidade das drogas. Pessoas com menos de 18 anos não podem comprar drogas e não podem entrar em cafés.
Diversos contextos no mundo: como alguns países se posicionam diante dessa questão?
Holanda - legalização
• Os holandeses reconhecem que é impossível proibir as pessoas de usarem drogas totalmente. Por isso, os cafés têm autorização para vender pequenas quantidades de drogas leves. Essa abordagem pragmática faz com que as autoridades possam se concentrar nos grandes criminosos, que lucram com o fornecimento de drogas pesadas.
Fatos
• A política holandesa sobre drogas tem tido certo sucesso em comparação às políticas de outros países, especialmente em relação à prevenção e cuidado. O número de usuários dos vários tipos de drogas não é maior que em outros países, enquanto o número de mortes relacionadas às drogas, de 2,4 por milhão de habitantes, é o menor da Europa.
Diversos contextos no mundo: como alguns países se posicionam diante dessa questão?
Uruguai – Legalização
• Em Agosto de 2013 a câmara de deputados do Uruguai aprovou um projeto de lei liderado pelo presidente José Mujica, projeto que defende a legalização do cultivo, comercialização e distribuição da maconha sob a regulamentação do Estado, para se tornar realidade depende da aprovação no Senado.
• No Uruguai o tabaco tem sido controlado e regulado com êxito por parte do governo. Após a regulação, houve intenso declínio de seu consumo entre os jovens. Isso demonstra que se pode regular com sucesso uma substância potencialmente danosa. Como o tabaco, a maconha estará sujeita às normas de consumo em espaços públicos e sua publicidade estará proibida.
Uruguai – Legalização • O Sistema Nacional Integrado de Saúde deverá dispor de políticas e dispositivos permanentes para a promoção de saúde, prevenção de uso problemático de cannabis, assim como dispor dos dispositivos de atenção adequados para o acompanhamento, orientação e tratamento dos usuários problemáticos de cannabis que os solicitar.
• Nas cidades com população superior a dez mil habitantes, haverá dispositivos de informação, diagnóstico, acompanhamento, reabilitação, tratamento e inserção de usuários problemáticos de drogas.
BRASIL • As políticas públicas no Brasil direcionadas ao consumo prejudicial de álcool e outras drogas surgem em diferentes momentos e com formas distintas na abordagem aos usuários, particularmente, das drogas consideradas ilegais.
• Inicialmente, o Brasil adotou como referência a política dos Estados Unidos, que adota um discurso político-jurídico de combate às drogas e não distingue o usuário e do tráfico organizado (VELOSO, 2004).
BRASIL
• No Brasil, a questão do combate ao uso de drogas teve início na primeira metade do século XX, no governo de Getúlio Vargas, com alguns decretos e leis.
• As primeiras regulamentações sobre as drogas datam de 1938, Decreto-Lei nº 891, Lei de Fiscalização de Entorpecentes, posteriormente incorporado ao artigo nº 281 do Código Penal (KARAN, 2001).
BRASIL
• “A dependência de drogas é transtorno onde predomina a heterogeneidade, já que afeta as pessoas de diferentes
maneiras, por diferentes razões, em diferentes contextos e circunstâncias. Muitos consumidores de drogas não
compartilham da expectativa e desejo de abstinência dos profissionais de saúde, e abandonam os serviços. Outros
sequer procuram tais serviços, pois não se sentem acolhidos em suas diferenças. Assim o nível de adesão ao tratamento
ou a práticas preventivas e de promoção é baixo, não contribuindo para a inserção social e familiar do usuário”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003: 08).
•
BRASIL “Vemos aqui que a redução de danos oferece-se como um
método (no sentido de methodos, caminho) e, portanto, não excludente de outros. Mas, vemos também, que o método
está vinculado à direção do tratamento e, aqui, tratar significa aumentar o grau de liberdade, de co-
responsabilidade daquele que está se tratando. Implica, por outro lado, no estabelecimento de vínculo com os
profissionais, que também passam a ser co-responsáveis pelos caminhos a serem construídos pela vida daquele
usuário, pelas muitas vidas que a ele se ligam e pelas que nele se expressam” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003: 10-
11).
2010 - INTEGRADO DE ENFRETAMENTO AO CRACK E OUTRAS DROGAS
DECRETO n. 7179, de 20 de maio de 2010
• CONCRETIZA, DEFINITIVAMENTE, NO PAÍS, O PARADIGMA DA INTERSETORIALIDADE NO CAMPO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS
ASSISTÊNCIA SOCIAL É DEFINITIVAMENTE CONVOCADA PARA O TRABALHO SOCIAL COM A
QUESTÃO.
PLANO INTEGRADO DE ENFRETAMENTO AO CRACK E OUTRAS DROGAS
OBJETIVOS
• Prevenção do uso, tratamento e reinserção social de usuários de crack e outras drogas, contemplando a participação dos familiares e a atenção aos públicos vulneráveis.
DAS AÇÕES DO PLANO
• Executadas de forma descentralizada e integrada, têm como premissa a prevenção do uso, o tratamento e a reinserção social de usuários e o enfrentamento do tráfico de crack e outras drogas ilícitas.
O plano “Crack é Possível Vencer” objetivo:
aumentar, substancialmente a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários, aprimorar o enfrentamento ao tráfico de drogas e o desmantelamento das organizações criminosas ligadas ao tráfico, implantar o policiamento ostensivo de proximidade nos territórios onde haja concentração no uso de crack e outras drogas, com disponibilização de bases móveis policiais e de sistema de videomonitoramento fixo e móvel, assim como ampliar as atividades de prevenção por meio da educação, informação e capacitação, especialmente junto às escolas públicas.
2012 - PROGRAMA CRACK, É POSSÍVEL VENCER Ações para concretizar o PARADIGMA DA
INTERSETORIALIDADE contemplado no país no Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas.
• DESTAQUES: - Planejamento de ações de caráter intersetorial; - Fortalecimento da rede de atendimento aos usuários de drogas e suas famílias no SUS e SUAS
-Fortalecimento da Intersetorialidade no campo da atenção, especialmente entre SUS e SUAS;
-Fortalecimento da intersetorialidade entre os eixos cuidado e autoridade, articulando ações da saúde e assistência social, com as de segurança pública.
PRINCIPAIS AVANÇOS PARA A ASSISTÊNCIA SOCIAL
- Fortalecimento do Serviço Especializado em Abordagem Social
- Atuação conjunta das equipes de Consultórios na Rua e de Abordagem Social;
- Fortalecimento da articulação em rede no território entre equipamentos do SUS e do SUAS
Uso Abusivo ou Dependência de Crack e outras drogas:
Por que falar da política de Assistência Social?
A Constituição Federal de 1988 traz uma nova concepção para a Assistência Social brasileira. Incluída no âmbito da Seguridade Social e regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS – em dezembro de 1993, como política social pública, a assistência social inicia seu trânsito para um campo novo: o campo dos direitos, da universalização dos acessos e da responsabilidade estatal.
A Política Nacional de Assistência Social elenca entre seus usuários:
Cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos, inclusive por uso de substâncias psicoativas
Seguranças Socioassistenciais afiançadas:
• Acolhida - através de ações, cuidados, serviços e projetos operados em rede com unidade de porta de entrada destinada a proteger e recuperar as situações de abandono e isolamento de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, restaurando sua autonomia, capacidade de convívio e protagonismo mediante a oferta de condições materiais de abrigo, repouso, alimentação, higienização, vestuário e aquisições pessoais desenvolvidas através de acesso às ações sócio-educativas;
• Convívio - através de ações, cuidados e serviços que restabeleçam vínculos pessoais, familiares, de vizinhança, de segmento social, mediante a oferta de experiências sócio-educativas, lúdicas, sócio-culturais.
• Sobrevivência (Renda e Autonomia) - através de benefícios continuados e eventuais que assegurem: proteção social básica
PAPEL DA ASSISTÊNCIA SOCIAL:
Potencialização de ações de prevenção, sobretudo em territórios de maior vulnerabilidade;
Atenção, em articulação com a saúde, às situações de vulnerabilidade e risco social, associadas ao uso de drogas.
“Diferentes pessoas, usam diferentes drogas, em diferentes contextos, que podem conduzir a diferentes impactos”
Os impactos do uso de drogas incluem também aqueles do campo social. Assim como as condições sociais podem ter impacto sobre o próprio uso de drogas.
Contexto
Droga
Indivíduo
SUAS: ENFRENTAMENTO AO CRACK E OUTRAS DROGAS A assistência social historicamente tem atendido esta
população, quando também vivenciam situações de vulnerabilidade ou risco social;
Para além da questão de saúde, uso de crack e outras drogas impacta na dimensão individual, familiar e social dos sujeitos;
A associação entre uso de drogas e vulnerabilidade social ou risco social pode levar a agravamentos na condição de saúde e das vulnerabilidade ou risco social;
O usuário deve ser atendido sob a perspectiva da integralidade: com atenção aos aspectos de saúde e o fortalecimento de outros campos de sua vida (relações familiares, sociais, etc.).
• O Programa ATITUDE – Atenção Integral aos Usuários de Drogas e seus
familiares – é coordenado pelo Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSDH). O ATITUDE amplia as ações desenvolvidas, requalificando um conjunto de serviços com foco na prevenção e atendimento a usuários de álcool, crack e outras drogas com grande exposição a violência, com atenção também direcionada aos familiares da pessoa atendida.
ATITUDE NA RUA
• 03 equipes abordagem social
Carros adaptados para atendimento
social. Equipe multidisciplinar com:
psicólogos, assistentes sociais,
educadores entre outros.
Objetiva a intervenção psicossocial
e socioassistencial junto aos
usuários de drogas, em especial
àqueles em situação risco, de forma
itinerante em espaços não
convencionais (praças, escolas,
bares, ruas, comunidades)
promovendo, dessa forma, a
sensibilização dos mesmos para
encaminhamentos direcionados para
rede SUS, SUAS e demais políticas
setoriais.
ATITUDE – ACOLHIMENTO E APOIO
• Serviço com funcionamento 24 h, sendo um espaço de
acolhimento a usuários de drogas e os seus familiares. Enfatiza a
escuta psicossocial e socioassistencial como possibilidade de
(re)estruturação de vínculos e ressignificação para novos modos
de existir.
• O Espaço realiza de Oficinas de Arte, Cultura, Reciclagem,
Cidadania e ainda realiza articulação para inclusão do público
atendido, em cursos profissionalizantes.
ATITUDE ACOLHIMENTO INTENSIVO
Serviço de Proteção Integral Intensivo 24h para usuários de
drogas com vínculos familiares e comunitários rompidos. O tempo
de estadia para as pessoas atendidas, varia de um a seis meses
de acordo com o perfil do usuário. São desenvolvidas atividades
de apoio psicológico, social, fortalecimento de vínculos afetivos,
grupo com a família, grupo ecumênico, oficinas de esporte, arte
cultura, horta orgânica, com foco na sua recuperação e reinserção
social.
"Sejam quais forem os resultados com êxito ou não, o importante é que no final cada um possa dizer: 'fiz o que pude.“
Louis Pasteur
GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO, PROJETOS E CAPACITAÇÃO – GPPC
(81) 3183-3051 / 3183-3042