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Proposta de Alteração do Esquema de Circulação da Rotunda do Marquês
de Pombal e da Av. da Liberdade
Parecer e Soluções Alternativas do Automóvel Club de Portugal
Antecedentes
Foi aprovada em sessão de câmara de 13 de Maio de 2012, a proposta experimental de alteração do
esquema de circulação da Rotunda do Marquês de Pombal e da Av. da Liberdade. Resumidamente, a
Rotunda do Marquês de Pombal seria subdividida em duas rotundas concêntricas e a Av. da
Liberdade sofreria uma redução acentuada do número de vias e troca de sentidos do trânsito nas
faixas laterais.
O Marquês do Pombal funcionaria com uma rotunda interior com 3 vias, para permitir ligações mais
diretas às Avenidas da Liberdade, Fontes Pereira de Melo e Rua Joaquim António de Aguiar, e com uma
rotunda exterior, apenas com duas vias, para as ligações às vias referidas e ainda às restantes vias
servidas, Rua Braamcamp e Av. Duque de Loulé também sendo usada para a circulação dos transportes
coletivos.
A Avenida da Liberdade, atualmente com 11 vias de circulação (cinco de circulação no eixo central,
duas de circulação nas faixas laterais e quatro de estacionamento nas faixas laterais) passaria a funcionar
apenas com 8 vias (quatro de circulação no eixo central, duas de circulação mas em sentido contrário nas
faixas laterais e mais duas de estacionamento nas faixas laterais).
A motivação da Câmara de Lisboa para esta alteração radical será facilitar o atravessamento dos
peões, permitir a circulação de peões de forma mais protegida dentro do Marquês de Pombal, bem como
melhorar a rede de percursos pedonais ao longo da Avenida da Liberdade, incluindo a ligação entre as
colinas. Esta alteração pretende contribuir para a redução dos volumes de tráfego e a consequente
diminuição dos níveis de ruído e de poluição atmosférica.
A opinião do Automóvel Club de Portugal sobre esta alteração radical é contrária às razões da
autarquia, porque a supressão de uma das cinco vias de circulação que existem na Avenida da
Liberdade, a alteração do sentido de circulação nas laterais dessa e a criação de uma segunda rotunda no
Marquês de Pombal não servem nem para desviar o trânsito nem para reduzir a poluição mas são
medidas que vão provocar mais congestionamentos de tráfego, mais atropelamentos e acabar com
o comércio local.
Sendo um eixo de importância fulcral para o trânsito de toda a cidade de Lisboa, decidiu o ACP
desenvolver um estudo sobre o impacto na circulação automóvel da alteração proposta do qual
apresenta este documento preliminar, em que analisa e avalia cada uma das principais medidas
propostas e, nas que não está de acordo, apresentando uma solução alternativa.
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Resumo da Análise às Propostas da Câmara Municipal de Lisboa e
Contrapropostas do Automóvel Club de Portugal
O resumo da análise à “Proposta de Alteração do Esquema de Circulação da Rotunda do Marquês de
Pombal e da Av. da Liberdade” é apresentado nos seguintes itens:
Proposta de redução de vias de circulação da Av. da Liberdade
O Automóvel Club de Portugal não concorda com a implantação do separador
central e propõe que a gestão de tráfego e emissões seja feita pelo sistema
semafórico de forma mais eficiente e evoluída
o O Estudo de Tráfego e Emissões Poluentes na Avenida da Liberdade da Universidade de
Aveiro conclui que com a proposta de alteração da circulação não haverá redução de
emissões nem melhoria das condições de funcionamento do trânsito
o A Av. da Liberdade faz parte da hierarquia viária de nível superior pelo que não deve
diminuir a sua capacidade
o A procura de tráfego automóvel nas zonas centrais já é baixa e praticamente cativa
tendo em conta que a carga de tráfego já diminuiu para cerca de metade relativamente ao
ano de 2008 (antes das restrições da Baixa/Terreiro do Paço)
o A falta de flexibilidade do esquema de circulação proposto irá provocar restrições
operacionais e originar graves problemas na resolução de eventuais incidentes nas faixas de
rodagem
o O sistema semafórico poderá ser operado de forma muito mais eficiente do que
atualmente e recomenda-se que também integre sensores de poluição com os atuais
contadores de tráfego para possibilitar o controlo do limite de emissões poluentes na Av.
da Liberdade
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Proposta de mudança de sentido em alguns troços das faixas laterais da Av. da
Liberdade
O Automóvel Club de Portugal não concorda com as mudanças de sentido nas
faixas laterais e propõe a implementação de sistemas de acalmia de tráfego, por
exemplo, recorrendo à diferenciação e elevação de pavimento nas faixas laterais
que obrigue ao abrandamento de velocidade e ao respeito pelo peão
o O corte da continuidade de circulação entre secções das faixas laterais irá prejudicar a
logística de abastecimento, a acessibilidade dos clientes, a compreensão dos turistas, a
simples procura de um lugar de estacionamento e ainda os serviços de manutenção e
controlo da autarquia
o A obrigatoriedade de circular até ao Marquês de Pombal ou até aos Restauradores,
devido à falta de continuidade quando se sai de uma secção irá aumentar as emissões de
poluentes e aumentar o congestionamento das faixas centrais
o A mudança de sentidos irá causar nos atravessamentos de peões, incerteza, desconforto e
insegurança podendo originar atropelamentos
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Proposta de eliminação de uma das vias de estacionamento nas faixas laterais
para alargamento dos passeios
O Automóvel Club de Portugal só concorda com a eliminação significativa de
estacionamento pago à superfície ao longo da Av. da Liberdade (dos 420 atuais
para apenas 150) quando forem abertos novos parques de estacionamento
o A oferta de estacionamento pago à superfície ao longo de toda a Av. da Liberdade nos dois
sentidos é atualmente cerca de 420 lugares com tarificação em zona vermelha. Com a
eliminação de uma faixa de estacionamento nas faixas laterais, o número de lugares pagos
passará para 150, ou seja, a capacidade será reduzida para 1/3 da atual, o que irá
prejudicar gravemente o acesso às atividades e originar a ocorrência massiva e incontrolável
de estacionamento ilegal
O Automóvel Club de Portugal defende que a vivência pedonal/ciclável da
Avenida da Liberdade não melhorará com o alargamento de 2 metros de passeio
em cada um dos sentidos mas sim com a promoção da continuidade longitudinal
dos percursos pedonais nos passeios e nas alas arborizadas
o A Avenida da Liberdade apresenta um perfil transversal de 90 metros com uma dimensão
para passeios e zonas arborizadas duas vezes superior à utilizada para circulação de
veículos e estacionamento. O problema da vivência pedonal não é a falta de dimensão
transversal de zonas para peões mas sim a falta de proteção e continuidade longitudinal dos
percursos pedonais/cicláveis das alas arborizadas do centro da avenida
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o A reformulação do controlo semafórico também poderá melhorar a qualidade dos
atravessamentos de peões
o O ACP poderá concordar com a eliminação das 3 pequenas bolsas de estacionamento
existentes (58 lugares) de forma a melhorar a continuidade dos percursos pedonais nas alas
arborizadas
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Proposta de alteração dos sentidos de circulação na envolvente à Av. da
Liberdade
O Automóvel Club de Portugal concorda com algumas das alterações dos
sentidos de circulação na envolvente e propõe a eliminação da passadeira das
vias centrais no troço entre a Rua Alexandre Herculano e a Rotunda do Marquês
de Pombal
A alteração proposta não irá afetar significativamente os sentidos de circulação atuais na rede viária
envolvente com exceção da Rua Barata Salgueiro que passará a funcionar com dois sentidos
entre a Rua Rodrigues Sampaio e a Rua Mouzinho da Silveira de forma a criar uma alternativa à
atual viragem à esquerda na Rua Alexandre Herculano a partir da lateral ascendente da Av. da
Liberdade
Atualmente em hora de ponta, o cruzamento entre a Rua Alexandre Herculano e a Rua Rodrigues
Sampaio apresenta condições de congestionamento inaceitáveis pelo que a criação da alternativa
de entrada pela Rua Barata Salgueiro permitirá subdividir a elevada carga de tráfego que atualmente é
obrigada a confluir no cruzamento referido
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Considera-se que o eixo Alexandre Herculano/Duque de Loulé é um dos eixos que mais interage com
a Av. da Liberdade, pelo que deverá ser dada a maior capacidade entre a Rotunda do Marquês e este
eixo recomendando-se a eliminação da passadeira de peões neste troço, mesmo no contexto atual,
para que os veículos entrem sem qualquer contrariedade.
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Proposta de alteração da Rotunda do Marquês em duas rotundas concêntricas
O Automóvel Club de Portugal só poderá concordar com esta solução se a
rotunda exterior oferecer pelo menos três vias de circulação
o Com apenas duas vias e com dimensão limitada, a rotunda exterior terá pouca
capacidade para processar a agregação de fluxos de tráfego individual, de transporte
coletivo, de paragem e estacionamento turísticos e de acesso às atividades
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o A flexibilidade das atuais 5 vias de circulação em faixa única permite resolver os atuais
problemas de congestionamento frequente entre os ramos da Rua Joaquim António de Aguiar
e da Av. Fontes Pereira de Melo. Com apenas 2 vias multi-usos qualquer problema que
ocorra na rotunda exterior “travará” qualquer hipótese de “fuga” prevendo-se graves
problemas em situações de hora de ponta
o A Rotunda do Marquês é tão importante no contexto da rede viária de Lisboa e ligação
com o exterior que as más condições de funcionamento da rotunda exterior irão refletir-
se negativamente nas condições globais da rede viária de Lisboa
Finalmente, o Automóvel Club de Portugal encontra-se totalmente disponível para
estudar, analisar, avaliar, moderar e colaborar no desenvolvimento de propostas
de melhoria do sistema de circulação do eixo da Av. da Liberdade e Rotunda do
Marquês de Pombal
Anexo: Esquema com Análise e Contraproposta do Automóvel Club de Portugal