Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-Ag-IAC-5639-31.2013.5.12.0051
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
A C Ó R D Ã O
PLENO
VMF/ma/vg/pm/hcf
AGRAVO EM PETIÇÃO EM INCIDENTE DE
ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA – ASSISTÊNCIA
SIMPLES - AMICUS CURIAE – REJEIÇÃO -
NATUREZA INSTRUTÓRIA DA PARTICIPAÇÃO –
INDEFERIMENTO DE INGRESSO – AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO – IRRECORRIBILIDADE –
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL.
1. A assistência, por sua finalidade,
não tem lugar em processo de natureza
objetiva em que não há partes a serem
assistidas. O Incidente de Assunção de
Competência, a exemplo das ações de
inconstitucionalidade, em controle
concentrado, somente possuem
legitimados e não partes, que, uma vez
instaurado por discricionariedade
deste Tribunal, tramita no interesse da
sociedade e dos jurisdicionados, nos
casos específicos em que há relevante
questão de direito, com grande
repercussão social (art. 947 do CPC).
Sua finalidade é assegurar a
manifestação célere e uniforme desta
mais alta Corte Trabalhista a respeito
de questão relevante de ampla
repercussão social, zelando o princípio
da segurança jurídica. Não se busca no
Incidente de Assunção de Competência
tutelar direitos subjetivos dos
litigantes, mas pacificar de forma
imediata os conflitos que atingem a
sociedade quanto a questões sensíveis.
2. Instaurada a Ação Direta de
Constitucionalidade ou o Incidente de
Assunção de Competência pela
manifestação dos legitimados (art. 947,
§ 1º), estes não podem interferir no
destino do processo nem desistir do
incidente.
3. O art. 7º da Lei nº 9.868/99 é
expresso em afirmar que “Não se admitirá
intervenção de terceiros no processo de
ação direta de inconstitucionalidade”,
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bem como o art. 18 da mesma norma, quanto
à inadmissibilidade na ação
declaratória de constitucionalidade. O
§ 2º do art. 169 do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal também dispõe
que não se admitirá assistência a
nenhuma das partes nas representações
de inconstitucionalidade.
4. Portanto, inexistindo a figura da
assistência no âmbito do Incidente de
Assunção de Competência, o pedido
formulado é juridicamente impossível,
por inadequação legal, assim como não há
previsão, na espécie, de recurso.
AMICUS CURIAE – REJEIÇÃO - NATUREZA
INSTRUTÓRIA DA PARTICIPAÇÃO –
INDEFERIMENTO DE INGRESSO – AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO – IRRECORRIBILIDADE.
1. O Código de Processo Civil de 2015
trata especificamente da figura
jurídica do amicus curiae,
estabelecendo em seu art. 138 e
parágrafos os procedimentos sobre a
questão.
2. Exata normatização encerra comando
no sentido de que, por decisão
irrecorrível do relator, o ingresso de
terceiros no processo se dará
considerando a relevância da matéria, a
especificidade do tema objeto da
demanda ou a repercussão social da
controvérsia.
3. Em recente julgado do Supremo
Tribunal Federal, estabeleceu-se que o
§ 1º da citada norma permite apenas,
contra a decisão do relator, a oposição
de embargos de declaração, para prestar
esclarecimentos.
4. O ingresso do amicus curiae está
inserido nas faculdades exclusivas do
relator, as quais não se submetem ao
crivo do Tribunal, pois, nos termos da
lei, referido instituto detém natureza
de diligência predominantemente
instrutória, cuja apreciação está
primariamente submetida ao relator ou,
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se este julgar necessário, ao
escrutínio coletivo do Tribunal, não
constituindo direito subjetivo do
requerente (ADIn 3.460-ED/DF, Rel. Min.
Teori Zavascki).
5. A Corte Especial do Superior Tribunal
de Justiça, no julgamento da Questão de
Ordem no REsp 1.696.396/MT (1º/8/2018),
decidiu que “a leitura do art. 138 do
CPC/15, não deixa dúvida de que a
decisão unipessoal que verse sobre a
admissibilidade do amicus curiae não é
impugnável por agravo interno, seja
porque o caput expressamente a coloca
como uma decisão irrecorrível, seja
porque o § 1º expressamente diz que a
intervenção não autoriza a interposição
de recursos, ressalvada a oposição de
embargos de declaração ou a
interposição de recurso contra a
decisão que julgar o IRDR” (Questão de
Ordem no REsp 1.696.396/MT, Rel. Min.
Nancy Andrighi).
6. Na doutrina assim também se reconhece
a irrecorribilidade da decisão, quando
Araken de Assis (2016, p. 708) leciona
que “o art. 138, caput, generalizou a
inadmissibilidade do recurso próprio
contra o ato admitindo, ou não, a
intervenção do amicus curiae,
excepcionando, nesse caso, o art.
1.015, IX, do NCPC".
7. Na mesma esteira, Didier (2015, p.
524) revela que a decisão sobre a
intervenção do amicus curiae,
admitindo-a ou não, é irrecorrível
(art. 138, caput, CPC).
Agravo não conhecido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo
em Incidente de Assunção de Competência n°
TST-Ag-IAC-5639-31.2013.5.12.0051, em que é Agravante CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI e Agravado SUBSEÇÃO I ESPECIALIZADA EM
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DISSÍDIOS INDIVIDUAIS DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, TRIBUNAL PLENO
- TST, TALITA ANDRÉA FERNANDES DE FRANÇA, CREMER S.A. e DP LOCAÇÃO E
AGENCIAMENTO DE MÃO-DE-OBRA LTDA. e AMICUS CURIAE ASSOCIACAO BRASILEIRA
DO TRABALHO TEMPORARIO - ASSERTTEM, FEDERACAO NACIONAL DOS SINDICATOS
DE EMPRESAS DE RECURSOS HUMANOS, TRABALHO TEMPORARIO E TERCEIRIZADO -
FENASERHTT, SINDICATO DAS EMPRESAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A TERCEIROS,
COLOCAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA E TRABALHO TEMPORÁRIO NO ESTADO
DO PARANÁ, CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NO RAMO FINANCEIRO
- CONTRAF e FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE CRÉDITO DE SÃO
PAULO - FETEC/CUT-SP.
Por meio de decisão exarada por este relator, a fls.
1694-1702, restou indeferida admissão da Confederação Nacional na
Indústria como amicus curiae no Incidente de Assunção de Competência.
Ante esa decisão, a peticionante opôs embargos de
declaração, a fls. 1707-1716, que foram desprovidos por meio da decisão,
a fls. 1736-1743.
Inconformada, a embargante peticionante interpõe, a
fls. 1746-1752, o presente agravo, no qual sustenta a necessidade de
reconsideração da decisão agravada, para deferir o pedido de ingresso
no feito como assistente simples, ou sucessivamente, se defira o pedido
de ingresso na lide como amicus curiae, ante a indicação de legitimidade,
representatividade e pertinência temática da agravante com a
controvérsia da presente lide, bem como a amplitude dos impactos da
conformação jurisprudencial sobre a relação triangular do contrato
temporário (não restrita a empresas de trabalho temporário e seus
trabalhadores).
É o relatório.
V O T O
1 – CONHECIMENTO
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1.1 – ASSISTÊNCIA SIMPLES - AMICUS CURIAE – REJEIÇÃO
- NATUREZA INSTRUTÓRIA DA PARTICIPAÇÃO – INDEFERIMENTO DE INGRESSO –
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – IRRECORRIBILIDADE
Conforme relatado, este relator entendeu por não
admitir a ora agravante como amicus curiae no presente Incidente de
Assunção de Competência, reiterando sua decisão quando da apreciação dos
embargos de declaração opostos pela agravante, sob a seguinte
fundamentação:
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, por meio da
Petição nº 364414-07/2018, opõe embargos de declaração em face da
decisão exarada a fls. 1694-1702, indicando a existência de omissões na
decisão embargada.
Sustenta a embargante em seu arrazoado o vício processual pela
ausência de sua intimação do indeferimento do pedido de ingresso como
amicus curiae e a omissão e contradição na fundamentação.
Os embargos de declaração, todavia, não merecem ser acolhidos.
No tocante à questão da ausência de intimação da parte requerente os
embargos de declaração não prosperam, porquanto nos processos sujeitos à
apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos
atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes. Pois bem, como se
denota da situação dos autos, não obstante a ausência de intimação da
embargante, esta apresentou voluntariamente a tempo e modo os presentes
embargos de declaração. Como se extrai dos arts. 794 e 795 da CLT, a
pronúncia da nulidade processual está condicionada à efetiva demonstração
do prejuízo. Assim, considerando que no caso vertente, não se configurou
prejuízo torna-se inócua a repetição do ato de intimação. Acrescente-se, por
oportuno, que em nenhum momento foi negado à parte o devido processo
legal, sendo certo que a embargante teve a oportunidade de exercer o seu
direito de defesa por meio dos embargos de declaração.
Prosseguindo-se na análise da indicação de omissão e contradição da
decisão embargada tem-se que novamente não existem os vícios apontados
pela embargante.
Na espécie o Relator, analisando a necessidade de equilíbrio entre os
ingressantes amigos da Corte, concluiu já terem sido atendidos os interesses
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fls.6
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das categorias representadas e a sua convicção sobre a suficiência de
colaboradores, tornando dispensável a admissão da embargante. Da mesma
forma, válida a lembrança de que a colaboração ofertada não vincula e
tampouco obriga o julgador, ainda que seja por entidade de larga
representatividade. Portanto, aquele que vise integrar a relação processual
como amicus curiae mediante o exercício de atividade meramente
colaborativa, deve alicerçar suas razões na nítida demonstração da utilidade
de sua atuação no incidente de assunção de competência.
Diante das nuanças da figura do amicus curiae e a natureza da sua
participação em juízo existem específicas repercussões processuais, cabendo
citar que a decisão que recusa o ingresso de amicus curiae não pode ser tida
como prejudicial a um direito ou interesse – material ou processual – de
quem a requereu, não configurando, por isso mesmo, uma situação de
sucumbência. Trata-se de simples decisão de recusa de colaboração.
Neste sentido sustenta Araken de Assis que “o art. 138, caput,
generalizou a inadmissibilidade do recurso próprio contra o ato admitindo,
ou não, a intervenção do amicus curiae, excepcionando, nesse caso, o art.
1.015, IX, do NCPC” (in Processo civil brasileiro. 2ª. ed. São Paulo: RT,
2016, vol. II, tomo I, p. 708).
Nessa toada reconhece a Suprema Corte a irrecorribilidade da decisão
que indefere o pedido de ingresso como amicus curiae, assim consagrando:
Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL.
AMICUS CURIAE. PEDIDO DE HABILITAÇÃO NÃO
APRECIADO ANTES DO JULGAMENTO. AUSÊNCIA DE
NULIDADE NO ACÓRDÃO RECORRIDO. NATUREZA
INSTRUTÓRIA DA PARTICIPAÇÃO DE AMICUS CURIAE,
CUJA EVENTUAL DISPENSA NÃO ACARRETA
PREJUÍZO AO POSTULANTE, NEM LHE DÁ DIREITO A
RECURSO. 1. O amicus curiae é um colaborador da Justiça que,
embora possa deter algum interesse no desfecho da demanda,
não se vincula processualmente ao resultado do seu julgamento.
É que sua participação no processo ocorre e se justifica, não
como defensor de interesses próprios, mas como agente
habilitado a agregar subsídios que possam contribuir para a
qualificação da decisão a ser tomada pelo Tribunal. A presença
de amicus curiae no processo se dá, portanto, em benefício da
jurisdição, não configurando, consequentemente, um direito
subjetivo processual do interessado. 2. A participação do amicus
curiae em ações diretas de inconstitucionalidade no Supremo
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Tribunal Federal possui, nos termos da disciplina legal e
regimental hoje vigentes, natureza predominantemente
instrutória, a ser deferida segundo juízo do Relator. A decisão
que recusa pedido de habilitação de amicus curiae não
compromete qualquer direito subjetivo, nem acarreta qualquer
espécie de prejuízo ou de sucumbência ao requerente,
circunstância por si só suficiente para justificar a jurisprudência
do Tribunal, que nega legitimidade recursal ao preterido. 3.
Embargos de declaração não conhecidos. (Processo STF-ADI
3460 ED / DF, Rel. Min. Teori Zavascki, Tribunal Pleno,
DJe-047 de 12/3/2015)
Recentemente o Pleno da Suprema Corte, quando do julgamento do
RE-602584 em 17/10/2018, reafirmou a irrecorribilidade, oportunidade na
qual o Exmo. Ministro Luiz Fux, redator resignado, destacou que, “embora o
caso trate de um recurso extraordinário, ou seja, não sujeito à regulação pela
Lei das ADIs, há uma outra norma que igualmente considera irrecorrível a
decisão do relator para admitir ingresso como amicus curiae. Trata-se do
artigo 138 do novo Código de Processo Civil que permite, por decisão do
relator, o ingresso de terceiros no processo, “considerando a relevância da
matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social
da controvérsia”. Arrematou sua Excelência asseverando que o parágrafo 1º
da norma permite apenas, contra a decisão do relator, a oposição de
embargos de declaração para prestar esclarecimentos.
Derradeiramente, cabe ressaltar que o ingresso do amicus curiae está
dentro das faculdades exclusivas do Relator que não se submetem ao crivo
do Tribunal e, ainda, pontuar que nos termos da lei e do entendimento
jurisprudencial consagrado pelo Supremo Tribunal Federal, referido instituto
tem “natureza de diligência predominantemente instrutória, cuja apreciação
está primariamente submetida ao Relator – ou, se este julgar necessário, ao
escrutínio coletivo do Tribunal – não constituindo direito subjetivo dos
requerentes”, conforme conclusão do julgamento da ADIn 3.460/DF-ED, de
relatoria do Ministro Teori Zavascki, acima citado.
Por fim, no que se refere ao pedido de ingresso da embargante como
assistente simples das empresas demandadas, os embargos de declaração não
merecem acolhida.
A participação do amicus curiae, com o fornecimento de subsídios ao
julgador, contribui para o incremento de qualidade das decisões judiciais.
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Amplia-se a possibilidade de obtenção de decisões mais justas – e, portanto,
mais consentâneas com a garantia da plenitude da tutela jurisdicional (art. 5º,
XXXV, da Constituição da República). Por outro lado, sobretudo nos
processos de cunho precipuamente objetivo (ações diretas de controle de
constitucionalidade; mecanismos de resolução de questões repetitivas etc.), a
admissão do amicus é um dos modos de ampliação e qualificação do
contraditório (art. 5º, LV, da Constituição da República).
A doutrina ao avançar sobre a questão revela, em especial na lição de
Antônio do Passo Cabral, que:
O amicus curiae não precisa demonstrar interesse jurídico.
Sua atuação decorre da compreensão do relevante interesse
público na jurisdição e da busca de permitir a participação
política por meio do processo. A importância de sua intervenção
é política e seu interesse é ideológico, de exercer parcela de
participação manifestando-se nos autos. Situação semelhante
ocorre com a legitimação do denominado ideological plaintiff na
litigância coletiva das class actions nos EUA, em que a parte não
porta interesse jurídico, mas uma conexão ideológica com um
interesse da comunidade, o que representa forma de participação
processual que é sustentada e incentivada por autores como
Mauro Cappelletti e Vicenzo Vigoritti.
De fato, é próxima a atuação do amicus curiae com aquela
do assistente simples e alguns setores doutrinários por vezes
ressaltam um suposto „altruísmo‟ na intervenção assistencial.
Todavia, ao contrário do amigo da Corte, o assistente é
movido verdadeiramente por interesse jurídico, que é inclusive
requisito para sua intervenção, não sendo acertado atribuir-lhe tal
característica. (CABRAL, Antônio do Passo. Pelas asas de
Hermes: a intervenção do amicus curiae, um terceiro especial.
Uma análise dos institutos interventivos similares – o amicus e o
vertreter des öffentlichen interesses. Revista de Processo, vol.
117, p. 9, Set./ 2004)
Segundo nos ensina Eduardo Talamini, in verbis:
O amicus curiae é terceiro admitido no processo para
fornecer subsídios instrutórios (probatórios ou jurídicos) à
solução de causa revestida de especial relevância ou
complexidade, sem, no entanto, passar a titularizar posições
subjetivas relativas às partes (nem mesmo limitada ou
subsidiariamente, como o assistente simples). Auxilia o órgão
jurisdicional no sentido de que lhe traz mais elementos para
decidir (daí o nome de “amigo da corte”). (WAMBIER, Luiz
Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo
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civil. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. Vol.
1, 15 ed. rev. E atual., São Paulo, RT, 2015, p. 439)
No Incidente de Assunção de Competência a participação de terceiros,
com ingresso como amicus curiae, difere das figuras outras de atores
processuais, pois não busca a tutela, direta ou indireta, de um direito próprio,
mas o interesse por ele representado e que será afetado com a fixação de
precedente com tese jurídica que lhe diz respeito diretamente. Assim, não se
pode cogitar da referência da figura processual da assistência, exato por não
se estar buscando a defesa processual de interesse das partes demandantes.
Da mesma forma, não se olvide que o incidente de assunção de competência
guarda relação com o interesse da Corte na construção de sua orientação, de
forma que a intervenção do amicus curiae exsurge para atender ao julgador e
não às partes do processo. Assim, não existe espaço no incidente de assunção
de competência para a admissão de assistente processual.
A Excelsa Suprema Corte tem, em diversos precedentes, apontado seu
farol neste sentido, senão vejamos:
EMENTA Agravo regimental nos embargos de declaração
na ação direta de inconstitucionalidade. Decisão de
indeferimento de ingresso de terceiro na qualidade de amicus
curiae. Possibilidade. Poderes do ministro relator. Agravo não
provido. 1. A atividade do amicus curiae possui natureza
meramente colaborativa, pelo que não existe direito subjetivo de
terceiro de atuar como amigo da Corte. 2. O relator, no exercício
de seus poderes, pode admitir o amigo da corte ou não,
observando o preenchimento dos critérios legais e
jurisprudenciais e, ainda, sua capacidade de efetivamente
contribuir para a pluralização do debate. 3. Na hipótese dos
autos, a agravante não logrou demonstrar a relação direta entre a
norma objeto da presente ação e os interesses de seus associados,
não restando evidenciado o requisito da representatividade
adequada. 4. Agravo regimental não provido. (Processo
STF-ADI 5591 ED-AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Tribunal
Pleno, DJe-221 de 17/10/2018)
EMENTA Segundo agravo regimental no recurso
extraordinário. Fundamentos. Ausência de impugnação.
Precedentes. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é
firme no sentido de que a parte deve impugnar, na petição de
agravo regimental, todos os fundamentos da decisão agravada. 2.
Ademais, a atividade do amicus curiae possui natureza
meramente colaborativa, pelo que inexiste direito subjetivo de
terceiro de atuar como amigo da Corte. O relator, no exercício de
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seus poderes, pode admitir o amigo da corte ou não, observando
os critérios legais e jurisprudenciais e, ainda, a conveniência da
intervenção para a instrução do feito. 3. Consoante disposto nos
arts. 138, caput, do CPC e 21, inciso XVIII, do Regimento
Interno desta Corte, em hipótese de acolhimento do pedido de
ingresso de amicus curiae na lide, tal decisão seria irrecorrível,
podendo, contudo, ser objeto de agravo a decisão que indefere tal
pleito. 4. Agravo regimental não provido. (Processo
STF-AgR-RE-817338/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, Tribunal
Pleno, DJe-174 de 24/8/2018)
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE INGRESSO
NO FEITO NA QUALIDADE DE AMICUS CURIAE.
INDEFERIMENTO. AUSÊNCIA DE
REPRESENTATIVIDADE ADEQUADA. AGRAVO
DESPROVIDO. 1. Compete ao relator admitir ou não pedido de
manifestação de terceiros, na qualidade de amici curiae, nas
ações de controle concentrado de constitucionalidade, tendo
como norte a relevância da matéria e a representatividade
adequada dos postulantes (artigo 7º, § 2º, da Lei Federal
9.868/1999 e artigo 138, caput, do Código de Processo Civil),
bem como a conveniência para a instrução da causa e a duração
razoável do processo (artigo 5º, LXXVIII, da Constituição
Federal). 2. In casu, a agravante tem por finalidade a
representação de carreira jurídica, não possuindo aderência
específica no segmento de planos de saúde, capaz de legitimá-la
como expert técnica no setor, condição desejável para a atuação
como amigo da Corte. 3. O amicus curiae não é parte, de forma
que não deve ser admitido em processos de controle concentrado
de constitucionalidade para sustentar argumentos meramente
jurídicos. 4. Agravo desprovido. (Processo STF-ADI 5086 AgR /
DF, Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe-116 de 13/6/2018)
Assim, ante a inexistência de vícios, nego provimento aos embargos de
declaração.
Ante essa decisão, a Confederação Nacional da
Indústria apresenta agravo, com base no art. 265 do Regimento Interno
do Tribunal Superior do Trabalho.
Aduz, inicialmente, ser cabível a medida recursal
intentada, sob a argumentação de que “indeferimento do pedido de ingresso
na lide como assistente simples não possui previsão específica de recurso
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diverso e não é decisão irrecorrível, sendo cabível o agravo.” (fls.
1747).
A pretensão de caráter sucessivo, qual seja o ingresso
como assistente simples ou como amicus curiae, se afigura conflitante
e contraditória. Conforme indica Barbosa Moreira, o assistente simples
atua no processo como legitimado extraordinário – pois, em nome próprio,
auxilia a defesa de direito alheio. Trata-se de legitimação
extraordinária subordinada, já que a presença do titular da situação
jurídica controvertida é essencial para a regularidade do contraditório.
A figura jurídica, assim, em nada se relaciona ou se assemelha com a aquela
do amicus curiae. (MOREIRA, José Carlos Barbosa. “Apontamentos para um
estudo sistemático da legitimação extraordinária”. Revista dos
Tribunais. São Paulo, n. 404, 1969, pp. 10-12)
Para Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery,
a finalidade da assistência ocorre quando “o assistente tem interesse
jurídico em que o assistido vença a demanda, razão porque deve agir de
forma a auxiliar o assistido, podendo produzir provas e praticar atos
processuais que sejam benéficos ao assistido, sempre tendo em conta que
o assistente exerce atividade subordinada à do assistido”. (NERY JÚNIOR,
Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. “Código de Processo Civil comentado
e legislação extravagante: atualizado até 22 de fevereiro de 2001”. 5ª.
ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2001, p. 455)
Conforme se verifica, a assistência, por sua
finalidade, não tem lugar em processo de natureza objetiva, em que não
há partes a serem assistidas. O Incidente de Assunção de Competência,
a exemplo das ações de inconstitucionalidade, em controle concentrado,
somente possuem legitimados e não partes, e, uma vez instaurado por
discricionariedade deste Tribunal, tramita no interesse da sociedade e
dos jurisdicionados, nos casos específicos em que há relevante questão
de direito, com grande repercussão social (art. 947 do CPC). Sua
finalidade é assegurar a manifestação célere e uniforme desta mais alta
Corte Trabalhista a respeito de questão relevante de ampla repercussão
social, zelando o princípio da segurança jurídica. Não se busca no
Incidente de Assunção de Competência tutelar direitos subjetivos dos
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litigantes, mas pacificar de forma imediata os conflitos que atingem a
sociedade quanto à questões sensíveis.
Dessa forma, instaurada a Ação Direta de
Constitucionalidade ou o Incidente de Assunção de Competência pela
manifestação dos legitimados (art. 947, § 1º), estes não podem interferir
no destino do processo nem sequer desistir do incidente.
Note-se que o art. 7º da Lei nº 9.868/99 é expresso
em afirmar que “Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de
ação direta de inconstitucionalidade”, bem como o art. 18 da mesma norma
quanto à inadmissibilidade na ação declaratória de constitucionalidade.
O § 2º do art. 169 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal também
dispõe que “Não se admitirá assistência a qualquer das partes” nas
representações de inconstitucionalidade.
Sendo assim, inexistindo a figura da assistência no
âmbito do Incidente de Assunção de Competência, o pedido formulado é
juridicamente impossível, não havendo adequação legal.
Ante essa conclusão, extrai-se que a interpretação do
dispositivo regimental citado (art. 298 do Regimento Interno do Tribunal
Superior do Trabalho) deve ser restritiva, em especial no sentido da
aplicabilidade do art. 896-B e 896-C, apenas no que couber e no interesse
do Tribunal, ou seja, ficando vedada, neste aspecto, a participação de
terceiros, por não corresponder à norma legal (art. 947) nem à própria
essência do Incidente de Assunção de Competência.
Para Del Prá, o amicus curiae é, ao lado da
assistência, uma verdadeira intervenção de terceiros: “O amicus não é
um assistente de qualquer das partes; portanto, seu agir não se destina
diretamente à defesa de uma delas, embora isso possa ocorrer
reflexamente; isso não significa, contudo, que o amicus é uma figura
desinteressada, porquanto age em defesa de interesse que lhe foi
investido legalmente (interesse público); ou seja, age para auxiliar a
corte, mas também age na defesa de um interesse de abrangência
coletiva/social.”(DEL PRÁ, Carlos Gustavo Rodrigues. “Amicus Curiae:
instrumento de participação democrática e de aperfeiçoamento da
prestação jurisdicional”. Curitiba: Juruá, 2007, pp. 113-114.)
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Válido salientar que o Incidente de Assunção de
Competência não pertence ao microssistema da tutela de casos repetitivos,
porque o órgão, ao assumir a competência ascendendo a questão para sua
análise, pretende a prevenção ou a composição de divergência, entre os
órgãos fracionários do Tribunal.
O sistema, de natureza endógene, exsurge com propósito
preventivo interna corporis, ou seja, emana da necessidade de
realinhamento jurisprudencial interno diretamente proporcional ao
anseio do colegiado de conferir ao seu ofício judicante escorreita
segurança jurídica, estabilidade e maior previsibilidade por meio da
uniformização do entendimento. Dessa contextualização emerge a
compreensão de que atua o julgador com o objetivo de preservar e garantir
credibilidade na entrega jurisdicional, sendo, portanto, o real
interessado no mais completo esgotamento do debate sobre a quaestio
juris, valendo-se, para tanto, do auxílio de quem poderá compor e
enriquecer o debate, exato os amigos da Corte que, não obstante deterem
interesses e, na prática, perseguirem a defesa de resultado processual
que lhes seja diretamente favorável e útil, atuam essencialmente com o
escopo institucional.
O acórdão resultante do julgamento da assunção de
competência, ao fixar tese jurídica a respeito de relevante questão de
direito, de grande interesse público, vinculará todos os juízes e órgãos
fracionários pertencentes ao mesmo Tribunal que emanou a decisão, ou
seja, ante casos posteriores que possuem a mesma razão de decidir do
paradigma fixado, deverá o órgão julgador ligado ao Tribunal que firmou
a tese adotar o mesmo entendimento presente no acórdão do incidente.
Nesse sentido, além de coibir divergências internas
no Tribunal, o incidente cumprirá a função de expandir a tese assentada,
repita-se, conferindo segurança jurídica e previsibilidade por meio da
uniformização da jurisprudência.
Assim, em que pese a pretensão da agravante, a atual
jurisprudência e doutrina sinalizam em sentido contrário ao sustentado
pela parte, quanto à possibilidade de recurso em face de decisão que
inadmite o ingresso no Incidente como amicus curiae e, como já referido,
tampouco quanto ao pedido de assistência simples que, por ser inadequado
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juridicamente, não enseja o reexame por meio de recurso, relembrando que
não há legitimação para o pedido de quem não pode assistir, por estar
ausente a figura do assistido.
O primeiro aspecto que deve ser ressaltado
relaciona-se à normatização do instituto jurídico-processual do
Incidente de Assunção de Competência dentro da nova sistematização
procedimental, erigida dentro do espírito do sistema de precedência. A
regra que evidencia o instituto em questão, inscrita no art. 947 do
CPC/2015, em nada se confunde com a medida prevista no antigo código (art.
555, § 1º, do CPC/73), que, além de não corresponder na sua essência ao
sistema de precedência, não abalizava o sistema de decisões vinculantes.
Assim, nítidos são os diferenciais orgânicos dos institutos, o que enseja
o descolamento de suas interpretações no que se referem aos requisitos
e procedimentos. Portanto, o procedimento rege-se por norma própria e
específica (art. 138 do CPC).
Dispõe o art. 138 do CPC/2015, in verbis:
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a
especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento
das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a
participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada,
com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua
intimação.
§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de
competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a
oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º.
§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a
intervenção, definir os poderes do amicus curiae.
§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de
resolução de demandas repetitivas. (g.n.)
O Código de Processo Civil de 2015 trata
especificamente da figura jurídica do amicus curiae, estabelecendo, em
seu art. 138 e parágrafos, os procedimentos sobre a questão. Exata
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normatização encerra comando no sentido de que, por decisão irrecorrível
do relator, o ingresso de terceiros no processo se dará considerando a
relevância da matéria, a especificidade do tema, o objeto da demanda ou
a repercussão social da controvérsia.
Nessa senda, reconhece a Suprema Corte a
irrecorribilidade da decisão que indefere o pedido de ingresso como
amicus curiae, assim consagrando:
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AMICUS CURIAE.
PEDIDO DE HABILITAÇÃO NÃO APRECIADO ANTES DO
JULGAMENTO. AUSÊNCIA DE NULIDADE NO ACÓRDÃO
RECORRIDO. NATUREZA INSTRUTÓRIA DA PARTICIPAÇÃO DE
AMICUS CURIAE, CUJA EVENTUAL DISPENSA NÃO ACARRETA
PREJUÍZO AO POSTULANTE, NEM LHE DÁ DIREITO A RECURSO.
1. O amicus curiae é um colaborador da Justiça que, embora possa deter
algum interesse no desfecho da demanda, não se vincula processualmente ao
resultado do seu julgamento. É que sua participação no processo ocorre e se
justifica, não como defensor de interesses próprios, mas como agente
habilitado a agregar subsídios que possam contribuir para a qualificação da
decisão a ser tomada pelo Tribunal. A presença de amicus curiae no processo
se dá, portanto, em benefício da jurisdição, não configurando,
consequentemente, um direito subjetivo processual do interessado. 2. A
participação do amicus curiae em ações diretas de inconstitucionalidade no
Supremo Tribunal Federal possui, nos termos da disciplina legal e regimental
hoje vigentes, natureza predominantemente instrutória, a ser deferida
segundo juízo do Relator. A decisão que recusa pedido de habilitação de
amicus curiae não compromete qualquer direito subjetivo, nem acarreta
qualquer espécie de prejuízo ou de sucumbência ao requerente, circunstância
por si só suficiente para justificar a jurisprudência do Tribunal, que nega
legitimidade recursal ao preterido. 3. Embargos de declaração não
conhecidos. (STF-ADI-3460-ED/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, Tribunal
Pleno, DJe-047 de 12/3/2015)
Recentemente, o Plenário da Suprema Corte, quando do
julgamento do RE 602.584 em 17/10/2018, reafirmou a irrecorribilidade,
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oportunidade na qual o Ministro Luiz Fux, redator resignado, destacou
que, “embora o caso trate de um recurso extraordinário, ou seja, não
sujeito à regulação pela Lei das ADIs, há uma outra norma que igualmente
considera irrecorrível a decisão do relator para admitir ingresso como
amicus curiae. Trata-se do artigo 138 do novo Código de Processo Civil
que permite, por decisão do relator, o ingresso de terceiros no processo,
“considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto
da demanda ou a repercussão social da controvérsia”. Arrematou o ministro
asseverando que o § 1º da norma permite, apenas, contra decisão do
relator, a oposição de embargos de declaração, para prestar
esclarecimentos.
Por fim, cabe ressaltar que o ingresso do amicus curiae
está inserido nas faculdades exclusivas do relator, as quais não se
submetem ao crivo do Tribunal; e, ainda, pontuar que, nos termos da lei
e do entendimento jurisprudencial consagrado pelo Supremo Tribunal
Federal, referido instituto tem “natureza de diligência
predominantemente instrutória, cuja apreciação está primariamente
submetida ao Relator – ou, se este julgar necessário, ao escrutínio
coletivo do Tribunal – não constituindo direito subjetivo dos
requerentes”, conforme conclusão do julgamento da ADIn 3.460-ED/DF, de
relatoria do Ministro Teori Zavascki, acima citado.
Da mesma forma, a Corte Especial do Superior Tribunal
de Justiça, no julgamento da Questão de Ordem no REsp 1.696.396/MT
(1º/8/2018), decidiu que “a leitura do art. 138 do CPC/15, não deixa
dúvida de que a decisão unipessoal que verse sobre a admissibilidade do
amicus curiae não é impugnável por agravo interno, seja porque o caput
expressamente a coloca como uma decisão irrecorrível, seja porque o §
1º expressamente diz que a intervenção não autoriza a interposição de
recursos, ressalvada a oposição de embargos de declaração ou a
interposição de recurso contra a decisão que julgar o IRDR” (STJ, Questão
de Ordem no REsp 1.696.396/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi).
Na doutrina, se reconhece também a irrecorribilidade
da decisão, quando, na lição de Araken de Assis, “o art. 138, caput,
generalizou a inadmissibilidade do recurso próprio contra o ato
admitindo, ou não, a intervenção do amicus curiae, excepcionando, nesse
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caso, o art. 1.015, IX, do NCPC". (ASSIS, Araken de. “Processo Civil
Brasileiro”. 2ª. ed. vol. II, tomo I. São Paulo: RT, 2016, p. 708).
Na mesma esteira, Didier revela que a decisão sobre
a intervenção do amicus curiae, admitindo-a ou não, é irrecorrível (art.
138, caput, CPC) (DIDIER JR., Fredie. “Curso de Direito Processual
Civil”. 17ª ed. vol. 1. Bahia: Jus Podivm, 2015, p. 524).
No Superior Tribunal de Justiça identificam-se os
seguintes precedentes:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AMICUS CURIAE.
INDEFERIMENTO DA PARTICIPAÇÃO PELO RELATOR. DECISÃO
IRRECORRÍVEL. AGRAVO INTERNO NÃO CONHECIDO. 1.
Consoante o caput do art. 138, do CPC/2015, o ingresso no processo como
amicus curiae deve ser avaliado pelo julgador, o qual, em decisão
irrecorrível, apreciará a necessidade e utilidade da participação do requerente
na demanda, tendo como elementos de formação da convicção a relevância
da matéria, especificidade do tema ou repercussão social da controvérsia. 2.
Agravo interno não conhecido. (STJ, AgInt na PET no AREsp
1.139.158/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, 1ª Turma, DJe de 19/6/2018)
AGRAVO INTERNO NA PETIÇÃO NO RECURSO ESPECIAL.
PEDIDO DE INGRESSO COMO AMICUS CURIAE. INDEFERIMENTO
PELO RELATOR. PLEITO FORMULADO A DESTEMPO. RECURSO
ESPECIAL JÁ JULGADO. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO.
DESCABIMENTO. 1. Consoante o art. 138, caput, do CPC/2015, a decisão
do relator que dispõe a respeito da intervenção do amicus curiae no processo
é irrecorrível. 2. Agravo interno não conhecido. (STJ, AgInt na PET no REsp
1.367.212/RR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 3ª Turma, DJe de
14/2/2018)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. PEDIDO DE INGRESSO DE AMICUS CURIAE
INDEFERIDO. AGRAVO INTERNO INTERPOSTO CONTRA A
DECISÃO INDEFERITÓRIA. NÃO CABIMENTO. PRECEDENTES DA
CORTE ESPECIAL DO STJ E DO TRIBUNAL PLENO DO STF.
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AGRAVO INTERNO NÃO CONHECIDO. I. Agravo interno aviado contra
decisão monocrática publicada na vigência do CPC/2015, que indeferira
pedido de ingresso no feito como amicus curiae, formulado pelo Sindicato
Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho - SINAIT, ante o manifesto
interesse privado, do Sindicato ora agravante, no provimento do Recurso
Especial, em favor da parte autora da demanda. II. Na doutrina, verifica-se
que o cabimento do Agravo interno contra decisão que indefere o ingresso do
amicus curiae no feito tem encontrado defensores em dois sentidos: ora em
favor da irrecorribilidade, como sustenta ARAKEN DE ASSIS, para o qual
"o art. 138, caput, generalizou a inadmissibilidade do recurso próprio contra
o ato admitindo, ou não, a intervenção do amicus curiae, excepcionando,
nesse caso, o art. 1.015, IX, do NCPC" (in Processo civil brasileiro. 2ª. ed.
São Paulo: RT, 2016, vol. II, tomo I, p. 708); ora em defesa da
recorribilidade, tal como leciona JOSÉ MIGUEL GARCIA MEDINA, firme
no sentido de que "o juiz ou relator poderá, 'por decisão irrecorrível',
'solicitar ou admitir' a intervenção de amicus curiae. Vê-se, assim, que a lei
processual não estabelece a irrecorribilidade da decisão que não admite a
intervenção de amicus curiae, mas apenas daquela que o admite. A nosso
ver, deve ser admitido recurso pelo amicus curiae, também contra decisão
que não admita sua intervenção (à semelhança do que antes se decidia, na
vigência do CPC/1973, como se noticiou acima)" (in Novo Código de
Processo Civil comentado. 5ª. ed. São Paulo: RT, 2017, p. 253). III. De igual
modo, nesta Corte, em um primeiro momento, a Primeira Seção do STJ, sem
maiores embates, em 22/03/2017, no julgamento do AgRg na PET no REsp
1.336.026/PE (Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe
de 28/03/2017), conheceu do Agravo interno, interposto contra decisão que
inadmitira o ingresso no feito de amicus curiae, negando-lhe, contudo,
provimento. IV. Na mesma linha, no julgamento do AgInt na Pet no REsp
1.657.156/RJ (Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
SEÇÃO, DJe de 03/10/2017), após amplo debate, em 27/09/2017, a Primeira
Seção também concluiu, por unanimidade, ser cabível a interposição de
Agravo interno contra a decisão que não admite a participação de terceiro
como amicus curiae, considerando irrecorrível apenas a decisão que solicita
ou admite tal participação, nos termos da interpretação literal dada ao art.
138 do CPC/2015. V. Todavia, ainda que tal posição tenha sido vencedora,
em um primeiro momento, existem precedentes – inclusive posteriores aos
mencionados julgamentos da Primeira Seção –, ora no sentido do não
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cabimento do recurso contra decisão que indefere o pedido de ingresso de
amicus curiae, ora no sentido de seu cabimento: STJ, AgInt na PET no
AREsp 1.139.158/MG, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, DJe de 19/06/2018; AgInt na PET no REsp 1.637.910/RN, Rel.
Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, DJe de
27/06/2018; AgInt na PET no REsp 1.700.197/SP, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 27/06/2018. VI. A
dissipar dúvidas sobre o tema, a Corte Especial do STJ, por unanimidade, em
1º/08/2018, no julgamento da Questão de Ordem no REsp 1.696.396/MT –
afetado sob o rito dos recursos repetitivos, e ainda pendente de conclusão do
julgamento de mérito –, decidiu que "a leitura do art. 138 do CPC/15, não
deixa dúvida de que a decisão unipessoal que verse sobre a admissibilidade
do amicus curiae não é impugnável por agravo interno, seja porque o caput
expressamente a coloca como uma decisão irrecorrível, seja porque o § 1º
expressamente diz que a intervenção não autoriza a interposição de recursos,
ressalvada a oposição de embargos de declaração ou a interposição de
recurso contra a decisão que julgar o IRDR" (STJ, Questão de Ordem no
REsp 1.696.396/MT, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE
ESPECIAL, julgada em 1º/08/2018, pendente de conclusão de julgamento de
mérito). VII. No STF, até recentemente, prevalecia o entendimento no
sentido de que, "consoante disposto nos arts. 138, caput, do CPC e 21, inciso
XVIII, do Regimento Interno desta Corte, em hipótese de acolhimento do
pedido de ingresso de amicus curiae na lide, tal decisão seria irrecorrível,
podendo, contudo, ser objeto de agravo a decisão que indefere tal pleito.
Agravo regimental não provido" (STF, AgReg no RE 817.338/DF, Rel.
Ministro DIAS TOFFOLI, TRIBUNAL PLENO, julgado em 1º/08/2018,
DJe de 24/08/2018). VIII. Todavia, em 17/10/2018, em sessão plenária, no
julgamento do RE 602.584/DF (Rel. Ministro MARCO AURÉLIO, Rel. p/
acórdão Ministro LUIZ FUX, pendente de publicação), o STF acabou por
uniformizar, por maioria, o entendimento de que "não cabe a interposição de
agravo regimental para reverter decisão de relator que tenha inadmitido no
processo o ingresso de determinada pessoa ou entidade como amicus curiae
(amigo da Corte)" (notícia publicada no sítio eletrônico do STF, em
17/10/2018). IX. Nesse panorama, diante da nova orientação da Corte
Especial do STJ e do Plenário da Suprema Corte, realinho o meu
posicionamento, para, preliminarmente, não conhecer do presente Agravo
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interno. (AgInt no Recurso Especial nº 1.617.086 – PR, Rel. Min. Assusete
Magalhães, 1ª Seção, DJe de 10/12/2018)
EMENTA AGRAVO INTERNO NA PETIÇÃO NO RECURSO
ESPECIAL. PEDIDO DE INGRESSO COMO AMICUS CURIAE.
INDEFERIMENTO PELO RELATOR. PLEITO FORMULADO A
DESTEMPO. RECURSO ESPECIAL JÁ JULGADO. INTERPOSIÇÃO
DE RECURSO. DESCABIMENTO. 1. Consoante o art. 138, caput, do
CPC/2015, a decisão do relator que dispõe a respeito da intervenção do
amicus curiae no processo é irrecorrível. 2. Agravo interno não conhecido.
(STJ-AgInt na PET no Resp nº 1.367.212-RR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, 3ª Turma, DJe de 14/2/2018)
MANDADO SEGURANÇA. (...) AMICUS CURIAE. OMISSÃO.
OBSCURIDADE. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. EFEITOS
INFRINGENTES. ART 535 DO CPC. IMPOSSIBILIDADE. (...) 3. A
figura do amicus curiae, tão conhecida no direito norte-americano, chegou
ao ordenamento positivo brasileiro por meio da Lei nº 9.868, de 10 de
novembro de 1999, que dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta
de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade
perante o Supremo Tribunal Federal, inaugurando importante inovação em
nosso Direito. 4. O amicus curiae poderá atuar na esfera infraconstitucional,
objetivando a uniformização de interpretação de lei federal. 5. O escopo da
edição da norma legal viabilizadora da intervenção do 'amicus curiae' é o de
permitir ao julgador maiores elementos para a solução do conflito, que
envolve, de regra, a defesa de matéria considerada de relevante interesse
social. 6. Intervenção especial de terceiros no processo, para além das
clássicas conhecidas, a presença do amicus curiae no feito não diz tanto
respeito às causas ou aos interesses eventuais de partes em jogo em
determinada lide, mas, sim, ao próprio exercício da cidadania e à preservação
dos princípios e, muito particularmente, à ordem constitucional. (...) 8.
Embargos de declaração rejeitados.' (STJ-EDcl no AgRg no MS nº
12.459/DF, Rel. Desemb. Conv. Carlos Fernando Mathias, DJe de
24/3/2008)
Ante esse contexto, é irrecorrível a decisão que na
fase instrutória do Incidente de Assunção de Competência rejeitou o
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pedido de assistência simples, por inadequação legal, e não admitiu o
ingresso da agravante como amicus curiae.
Assim, não conheço do agravo.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros do Tribunal Pleno do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do agravo.
Brasília, 16 de setembro de 2019.
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)
MINISTRO VIEIRA DE MELLO FILHO Relator
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