PROCESSO-CONSULTA CFM nº 7/13 – PARECER CFM nº 14/13
INTERESSADO: Sr. E.P.O.
Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial
Sr. B.A.A.J.
ASSUNTO: Resolução Anac nº 120/11 x Parecer CFM nº 26/12
RELATORES: Cons. Emmanuel Fortes S. Cavalcanti
Cons. Hermann Alexandre Vivacqua von Tiesenhausen
EMENTA: A Resolução Anac nº 120/11 obedece aos
contornos de segurança para o ato médico pericial em
medicina aeroespacial, modalidade aeronáutica, em
virtude de prever em seus dispositivos que o médico só
proceda ao exame tendo o empregado assinado o termo
de consentimento informado, respaldado na legislação
vigente.
DA CONSULTA
Assunto: Parecer CFM n° 26/12
Solicitação: No Parecer CFM nº 26/12, sobre exame para detectar drogas ilícitas, de
que não é eticamente aceitável a solicitação de exames de monitoramento de drogas
ilícitas.
Justificativa: A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) editou o RBAC (Regulamento
Brasileiro da Aviação Civil) 120 – Programas de Prevenção do Uso Indevido de
Substâncias Psicoativas na Aviação Civil, cuja leitura sugerimos e será exigida em
diversas situações. Neste caso é lícito, aceitável?
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DO PARECER
O Processo-consulta nº 7/13, ora em processo de vista, assegura em sua
conclusão que:
O Parecer-consulta CFM nº 26/12 foi elaborado exclusivamente para a
monitorização de drogas ilícitas em urina e sangue, para diagnosticar
pessoas com drogadição e para permitir acesso ao trabalho (grifo nosso).
O Regulamento Anac nº 120/11 inclui a admissão e exames em
trabalhadores em atividade, além de programa de prevenção do uso
indevido de substâncias psicoativas e um subprograma de educação.
Nesse sentido, mantenho integralmente o teor e fundamentação do
Parecer-consulta nº CFM 26/12.
Cumpre ressaltar alguns itens que compõem o referido regulamento:
a) Obrigatoriedade de um programa de prevenção, os termos de recusa
em submeter-se ao ETSP, que define o que é recusa, porém não
determina que atitude deva ser tomada em relação à mesma (contido
também no item 120.323 do Subprograma de Educação, em que se
explica ao empregado o que constitui uma recusa). A proibição de
qualquer empregado Arso usar substâncias psicoativas durante o exercício
de suas atividades;
b) A empresa deve tomar as providências necessárias, conforme a
legislação vigente e este regulamento (grifo nosso), para afastar das suas
atividades qualquer empregado. 120.337: Nenhuma empresa deve
contratar qualquer indivíduo (grifo nosso) para desempenho da Arso a não
ser que conduza um ETSP prévio. 120.345: Confidencialidade de
documentos e acesso aos registros. Vale ressaltar, nesse sentido,
conforme fundamentação 149 do Parecer-consulta CFM 26/12, a falta na
legislação vigente, que se torna necessária, como disciplina o item 120.9
(a-b).
Pelo exposto, conclui-se que há normas antagônicas entre a
obrigatoriedade da realização do exame toxicológico, situação de recusa,
com suas consequências e medidas a serem adotadas, que não são
explicitadas, e o direito individual inarredável e pétreo da
obrigatoriedade do termo de consentimento para a realização de
exame em empregados e para a admissão.
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Finalmente, sou do entendimento que, da mesma forma constante na
ementa do Parecer CFM nº 26/12, se não houver o consentimento
expresso do paciente, contido na RBAC 120, nenhum exame nesse
sentido pode ser realizado, tanto para admissão quanto para os
pacientes denominados no regulamento de empregados que
desempenham Atividade de Risco à Segurança Operacional na
Aviação Civil (Arso).
Cabe salientar que programas de prevenção e reabilitação são louváveis e
necessários, e que certamente, quando devidamente elaborados e
implantados, terão a colaboração daqueles que necessitam e têm
dificuldades com alcoolismo e drogas de adicção.
O destaque explicitado pelo nobre relator quanto à obrigatoriedade de um
consentimento esclarecido (por parte do candidato ao emprego Arso, nos periódicos, em
busca ativa aleatória, ou naqueles decorrentes da investigação de acidentes),
efetivamente é inarredável conforme nosso ordenamento jurídico e Código de Ética
Médica.
Para entender a extensão dessa afirmação e consolidar compreensão contrária a
do eminente relator quanto ao dispositivo R 120/2011 da Anac, há que se analisar o que
representa esta autarquia, suas competências e poder regulatório. Em destaque logo
abaixo, a Lei no 11.182, de 27 de setembro de 2005, que cria a Agência Nacional de
Aviação Civil – Anac e dá outras providências, da qual destacamos:
Art. 8o Cabe à ANAC adotar as medidas necessárias para o atendimento
do interesse público e para o desenvolvimento e fomento da aviação civil,
da infraestrutura aeronáutica e aeroportuária do País, atuando com
independência, legalidade, impessoalidade e publicidade, competindo-lhe:
I – implementar, em sua esfera de atuação, a política de aviação civil;
XII – regular e fiscalizar as medidas a serem adotadas pelas empresas
prestadoras de serviços aéreos, e exploradoras de infraestrutura
aeroportuária, para prevenção quanto ao uso por seus tripulantes ou
pessoal técnico de manutenção e operação que tenha acesso às
aeronaves, de substâncias entorpecentes ou psicotrópicas, que
possam determinar dependência física ou psíquica, permanente ou
transitória;
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XVII – proceder à homologação e emitir certificados, atestados,
aprovações e autorizações, relativos às atividades de competência do
sistema de segurança de voo da aviação civil, bem como licenças de
tripulantes e certificados de habilitação técnica e de capacidade física e
mental, observados os padrões e normas por ela estabelecidos;
XXXV – reprimir infrações à legislação, inclusive quanto aos direitos dos
usuários, e aplicar as sanções cabíveis.
Explicitado está que para a Aviação Civil existe um disciplinamento que é
impositivo. A Anac regula e fiscaliza as medidas a serem adotadas pelas empresas
prestadoras de serviços aéreos e exploradoras de infraestrutura aeroportuária para
prevenção quanto ao uso de substâncias psicotópicas por tripulantes e pessoal técnico
de manutenção e operação que tenha acesso às aeronaves. Também compete à Anac
reprimir infrações e aplicar sanções para o descumprimento do estabelecido; portanto, a
autarquia aeroportuária tem a responsabilidade de zelar pelo que edita, bem como de
fazer cumprir as leis brasileiras.
A Resolução no 120/11 destaca em sua SUBPARTE A - GERAL:
120.1 Aplicabilidade
(a) Este Regulamento se aplica a qualquer pessoa que desempenhe
Atividade de Risco à Segurança Operacional na Aviação Civil (ARSO),
incluindo:
(1) exploradores de serviços aéreos:
(i) empresas de transporte aéreo; e
(ii) serviços aéreos especializados públicos;
(2) detentores de certificado sob o RBHA 145, ou RBAC que venha a
substituí-lo;
(3) detentores de certificado sob o RBAC 139; e
(4) empresas subcontratadas, direta ou indiretamente, por qualquer dos
anteriores para desempenhar ARSO.
(b) Para os propósitos deste Regulamento, são consideradas ARSO:
(I) qualquer atividade realizada por uma pessoa, exceto passageiro, na
área restrita de segurança do aeródromo (ARS);
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(2) cálculo das posições de carga, bagagem, passageiros e combustível
nas aeronaves;
(3) manutenção, manutenção preventiva e modificações, incluindo reparos
e inspeções obrigatórias de qualquer dos seguintes itens:
(i) aeronave;
(ii) produtos aeronáuticos;
(iii) produtos de radionavegação aeronáutica; e.
(iv) produtos de telecomunicações aeronáuticas.
(4) inspeção e certificação da manutenção de um produto mencionado no
parágrafo 120. I(b)(3);
(5) abastecimento e manutenção dos veículos que serão utilizados para o
abastecimento das aeronaves na ARS;
(6) atividades realizadas por um agente de segurança do aeródromo ou um
operador de raio x;
(7) atividades realizadas por um membro da tripulação de uma aeronave;
(8) carga e descarga de veículos de transporte de bagagem (trolleys) para
carregamento e descarregamento da aeronave e a condução destes
veículos; e
(9) atividades de prevenção, salvamento e combate a incêndio.
(c) Este Regulamento se aplica a pessoas responsáveis por desempenho
das ARSO especificadas nos parágrafos 120.l (b)(2) a 120.l (b)(9) mesmo
que essas atividades não ocorram na ARS.
Portanto, em absoluta concordância com o enunciado no artigo 8º. Nesse rol
estão as pessoas que a lei define como sendo da competência da Anac disciplinar a
prevenção e o uso de substâncias psicoativas.
O que o legislador buscou com esta autorização não tem relação com o
indivíduo, mas com o coletivo. Inviolabilidade e direitos individuais precisam ser
compreendidos como sendo o máximo para a proteção do cidadão no que tange às
suas ações enquanto pessoa. Ir e vir, acatar ou não recomendações, escolher o que
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pretende para si, contudo, para além destes postulados, obedecerá a regras que
protegem a sociedade, o coletivo.
Mesmo não tratando da matéria stricto sensu quanto à obrigatoriedade de exame
prévio e consentimento esclarecido quanto ao uso de substância para obtenção da
carteira de habilitação, podemos utilizar lato sensu a Lei nº 9.503/97 que institui o
Código Brasileiro de Trânsito, emendado pela Lei nº 12.619/12, para enfatizar que o
legislador e as autoridades compreenderam endurecer as regras quanto ao abuso de
substâncias que possam atingir a segurança da pessoa ou da coletividade, deixando
claro que se trata de prática não aceita por quem esteja envolvido, quer cidadão ou
autoridade. A lei não impede ninguém de beber ou consumir psicotrópicos, conforme se
lê abaixo:
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência.
Infração - gravíssima.
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12
(doze) meses.
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e
retenção do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no
9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de
reincidência no período de até 12 (doze) meses.
Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro
de ar alveolar sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165.
Parágrafo único. O CONTRAN disciplinará as margens de tolerância
quando a infração for apurada por meio de aparelho de medição,
observada a legislação metrológica.
Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de
trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a
teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios
técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo CONTRAN, permita
certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine
dependência.
§ 1o (Revogado)
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§ 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada
mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma
disciplinada pelo CONTRAN, alteração da capacidade psicomotora ou
produção de quaisquer outras provas em direito admitidas.
A lei prevê a possibilidade da realização de perícia por qualquer meio, sendo
disciplinador da matéria o Contran. A possibilidade de recusa existe, mas deporá
sempre contra o possível infrator, porquanto a recusa em produzir provas contra si é
lícita e constitucional, contudo, não protege quem se recusa da punição.
Como compete à Anac disciplinar a matéria em sua área de competência, nada
mais evidente que definir quem se submete a tais regras. Veja abaixo:
120.3 Obrigatoriedades
(a) É obrigatória a todas as empresas mencionadas na seção 120.1, à
exceção daquelas mencionadas no parágrafo 120. I(a)(4), a elaboração,
execução e manutenção de um Programa de Prevenção do Uso Indevido
de Substâncias Psicoativas na Aviação Civil (PPSP), bem como de seus
subprogramas, todos válidos perante a ANAC.
(b) A empresa responsável que seja contratante de outra empresa poderá,
a seu critério, incluir essa empresa subcontratada no seu PPSP, conforme
disposto no parágrafo 120.1 (a)(4). Caso opte pela não inclusão, deverá
exigir que a empresa subcontratada possua seu próprio PPSP, igualmente
válido perante a ANAC.
(c) Cada empresa responsável deverá apresentar uma declaração de
conformidade, acompanhada por uma listagem completa de todas as
seções e requisitos deste Regulamento com o correspondente método de
conformidade a ser adotado, o que deverá ser entregue à ANAC antes da
implementação do PPSP proposto.
120.9 Proibições
(a) É vedado a qualquer empregado ARSO:
(I) o uso de substâncias psicoativas durante o exercício de suas atividades;
(2) o exercício de suas atividades enquanto estiver sob o efeito de
qualquer substância psicoativa; e
(3) o exercício de suas atividades caso tenha sido envolvido em um evento
impeditivo e não tenha obtido um resultado negativo em um ETSP de
retomo ao serviço após ter sido considerado apto pelo Subprograma de
Resposta a Evento Impeditivo da empresa responsável.
(b) Toda empresa responsável deve tomar as providências necessárias,
conforme a legislação brasileira vigente e este regulamento, para afastar
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de suas atividades qualquer empregado ARSO que contrarie a proibição
contida no parágrafo (a) desta seção.
A Anac não proíbe o indivíduo de consumir qualquer substância psicotrópica em
sua vida privada. Está claro que esta proibição se aplica para o uso durante o trabalho,
ou exercício de suas atividades enquanto sob efeito das mesmas. É evidente que a
regra é restritiva e inibe o consumo das drogas relacionadas pela autarquia
aeroportuária no trabalho ou não. Contudo, deixa a critério do trabalhador escolher que
caminho seguirá. Portanto, em perfeita sintonia com o que prevê a lei que a criou.
Em relação ao direito à recusa em se submeter ao exame pelo empregado,
também está assentado que:
120.331 – Geral
h – Deve ser garantido ao empregado o direito à contraprova para um
resultado laboratorial positivo. Esta análise de contraprova deve ser
realizada segundo os padrões usados na obtenção do resultado positivo.
i – Previamente à realização de qualquer ETSP, o empregado deve ser
informado de seu direito à recusa de submeter-se ao ETSP e das
consequências dessa recusa.
Quanto à expressão “deve ser informado de seu direito à recusa de submeter-se
ao ETPS e das consequências dessa recusa”, vale lembrar que a recusa é uma
expressão do direito positivo, porém, remete a alguma forma de sanção. A Anac até
poderia expressar que penalidade seria esta, mas a ética médica considera que esta
etapa meramente administrativa deve ser esclarecida por ocasião da entrevista para a
admissão, nunca por ocasião da realização do exame, pois o médico jamais poderia, na
função pericial, tratar das penalidades para a recusa. A assinatura do consentimento
esclarecido antes da realização do exame é mera burocracia, pois o médico assinalará
se o exame foi realizado ou não mediante a assinatura do termo autorizador.
A resolução da Anac trata de salvaguardas em favor dos empregados, garantindo
a contraprova e as razões legítimas para não produção da amostra.
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120.333 – Funções e requisitos do médico revisor
(a) A empresa responsável deve designar um médico revisor para
desempenhar as seguintes funções:
(I) determinar se o resultado positivo não referendado de um ETSP é
devido a um tratamento legítimo ou outra fonte inócua;
(2) avaliar se um indivíduo não pôde realizar um ETSP por não poder
produzir a amostra corporal necessária em razão de urna condição médica
específica; e
(3) demais funções relativas aos ETSP e às responsabilidades descritas na
seção 120.343.
(b) O médico revisor deve possuir diploma registrado no MEC e registro
profissional válido e vigente que o habilitem ao exercício da medicina.
Mais importante que o exposto acima, que reflete aspectos da mera burocracia, é
a definição da obrigatoriedade do consentimento esclarecido.
120.337 – Termo de consentimento.
(a) A empresa responsável (destaque em negrito deste parecerista) deve
requerer ao empregado a assinatura de um termo de consentimento
específico para cada ETSP a ser realizado e para cada uma das
movimentações, requeridas por esta subparte, da amostra corporal ao
laboratório e da circulação das informações referentes aos ETSP deste
empregado.
Como está visto, no contrato fica estabelecido que a empresa, não o médico,
requer a assinatura do consentimento e outras ações. Não há que se falar em ausência
do consentimento. O consentimento esclarecido é imperativo e determinação da
autarquia. A partir desse fundamento é que aparecem os tipos de exame toxicológico de
substâncias psicoativas conforme subseção 120.339:
(a) ETSP prévio: toda empresa responsável deve conduzir ETSP prévios,
conforme os seguintes requisitos:
(I) nenhuma empresa responsável deve contratar qualquer indivíduo para o
desempenho de ARSO a não ser que conduza um ETSP prévio e receba
um resultado negativo para este indivíduo;
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(2) a empresa responsável deve realizar um ETSP prévio antes que o novo
empregado desempenhe uma ARSO pela primeira vez;
(3) a empresa responsável deve realizar um ETSP prévio se um
indivíduo for realocado de uma atividade que não é de risco à
segurança operacional para uma ARSO; (negrito nosso)
(4) empresas responsáveis devem conduzir outro ETSP prévio e receber
um resultado negativo antes de contratar ou alocar um indivíduo para
desempenhar uma ARSO se mais de 180 dias passaram entre o ETSP
prévio requerido nos parágrafos (a)(2) e (a)(3) desta seção e o início do
desempenho de ARSO por este individuo;
(5) antes de contratar ou alocar um indivíduo para desempenhar uma
ARSO, a empresa responsável deve notificar previamente este
indivíduo que a ele será requisitado um ETSP prévio; e (negrito nosso)
(6) a empresa responsável deve requerer que o indivíduo demonstre
ciência da política relacionada ao PPSP da empresa responsável antes de
realizar o ETSP prévio, conforme o parágrafo 120.337(a).
(b) ETSP aleatório: toda empresa responsável deve conduzir ETSP
aleatórios, conforme os seguintes requisitos:
(2) a metodologia eleita para o ETSP aleatório deve garantir uma seleção
isenta e imparcial da pessoa a ser testada, devendo identificar claramente
cada pessoa de forma única e ser auditável;
(c) ETSP pós-acidente: toda empresa responsável deve conduzir ETSP
pós-acidente, conforme os seguintes requisitos:
(I) após a ocorrência de acidente, incidente ou ocorrência de solo, a
empresa responsável deve encaminhar para um ETSP, se houver
condições adequadas, os empregados ARSO envolvidos, a não ser que
possa ser claramente determinado, para cada empregado ARSO, que sua
performance não contribuiu para o acidente;
(4) as condições adequadas para realizar um ETSP pós-acidente
mencionadas acima são tais que:
(i) existem condições razoáveis para a realização do ETSP pós-acidente,
incluindo a não introdução de empecilhos ou atrasos a um atendimento
médico necessário; e
(ii) não tenham decorrido:
(A) 8 (oito) horas do acidente, para exame de concentração de álcool; e
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(B) 32 (trinta e duas) horas do acidente, para outras substâncias
psicoativas.
(d) ETSP baseado em suspeita justificada: toda empresa responsável deve
conduzir ETSP baseados em suspeita justificada conforme os seguintes
requisitos:
(I) a empresa responsável deve conduzir um empregado ao ETSP se
houver suspeita justificada de que ele está sob influência de substância
psicoativa;
(4) na ausência de um ETSP, nenhuma empresa responsável pode tomar
medidas no âmbito deste regulamento com base exclusivamente na
suspeita justificada;
(e) ETSP de retorno ao serviço: uma empresa responsável, antes de
permitir que um indivíduo volte a desempenhar uma ARSO após um
evento impeditivo, deve submetê-lo a um ETSP de retorno ao serviço e
obter um resultado negativo para este indivíduo (...).
(f) ETSP de acompanhamento: toda empresa responsável deve conduzir
ETSP de acompanhamento (...).
Podemos deduzir, então, que antecedendo a própria contratação os candidatos
ao emprego são cientificados de que estarão sujeitos à exigência e controle toxicológico
prévio, randômico, e aos demais descritos na Resolução no 120/11. Mesmo sendo
essencialmente administrativa, esta etapa é de interesse do CFM porquanto deixa claro
que o candidato ao emprego será cientificado por ocasião do contrato de que, ao chegar
para a perícia médica, deverá apresentar o consentimento esclarecido para permitir a
coleta do material biológico, conforme a norma legal, cabendo apenas ao médico perito
juntar ao prontuário e informar, sob a ótica pericial, a realização ou impedimento para a
realização do exame e a resultante quanto à aptidão ou não para o trabalho, ou a
existência ou não de doença prévia.
Quanto à confidencialidade das informações e acesso dos periciados aos
resultados, a Anac também cuidou de sua garantia. Há que se entender que o exame
médico a que se submetem estes empregados aeroportuários, aos quais se refere à
Resolução Anac no 120/11, não é um exame clínico, mas um exame pericial. Portanto, o
sigilo aqui enfatizado é o sigilo pericial, haja vista que o resultado da avaliação está
relacionado à aptidão ou não para o trabalho, a existência ou não de doenças prévias,
se estas impedem ou não o exercício das atividades para as quais está sendo
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contratado. Deduzimos, portanto, que o disposto no subitem abaixo está de acordo com
nosso ordenamento jurídico e ética médica.
120.345 – Confidencialidade de documentos e acesso aos registros.
(a) Exceto como requerido em lei, ou expressamente autorizado, ou
requerido nesta subparte, nenhuma empresa responsável ou médico
revisor deve divulgar ou permitir o acesso a informações sobre
empregados ARSO que estejam contidas em registros requeridos a serem
mantidos sob esta subparte.
(b) Um empregado ARSO pode, por meio de requerimento escrito, ter
vistas e obter cópias de quaisquer registros pertinentes aos ETSP aos
quais ele foi submetido.
Entretanto, esta resolução da Anac não é solitária em nosso ordenamento
jurídico. Mais acima tratamos de competências semelhantes quando enfatizamos que o
Contran trata de matéria correlata; contudo, mais específica é a intenção do Estado
brasileiro quando o assunto é a prática desportiva. Destituída de risco para o coletivo,
mas com forte impacto quanto ao desempenho honesto em competições desportivas,
tanto quanto por tratar do bom exemplo para os jovens, a legislação impõe no Decreto
nº 7.784, de 7 de agosto de 2012, que aprova a Estrutura Regimental e o Quadro
Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério do
Esporte, as seguintes recomendações:
Art. 14. À Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem compete:
I - assessorar o Ministro de Estado do Esporte na implementação da
política nacional de prevenção e combate à dopagem, respeitadas as
recomendações do CNE e o conteúdo do Plano Nacional do Esporte;
III - promover e coordenar o combate à dopagem no esporte de
forma independente e organizada, dentro e fora das competições, de
acordo com as regras estabelecidas pela Agência Mundial
Antidoping, e os protocolos e compromissos assumidos pelo Brasil;
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VI - dar transparência às ações e garantir a divulgação do programa
de controle da dopagem;
VII - desenvolver programas de controle, prevenção, reabilitação e
educação, de forma a criar a cultura do jogo limpo na sociedade;1
X - estabelecer padrão de procedimento para o controle dos exames
antidopagem, respeitadas as normas previstas no Código Mundial
Antidoping.
Observando o que autoriza o decreto acima assentado, o Ministério do Esporte
cumpre função semelhante no controle e repressão do abuso de substâncias. As regras
são internacionais e definidas na Convenção Internacional contra Doping nos Esportes,
que constam no Decreto nº 6.653, de 18 de novembro de 2008, que promulga a
Convenção Internacional contra o Doping nos Esportes, celebrada em Paris, em 19 de
outubro de 2005.
Tendo em conta a resolução 58/5 adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 3 de novembro de 2003, relativa ao esporte como meio para promover a educação, a saúde, o desenvolvimento e a paz, em particular o parágrafo 7,
Consciente de que o esporte deve desempenhar um papel
importante na proteção da saúde, na educação moral, cultural e física, e na
promoção do entendimento internacional e da paz,
Preocupada com o uso do doping nos esportes e com suas
consequências para a saúde dos atletas, o princípio da ética
desportiva, a eliminação das fraudes e o futuro do esporte,
Atenta para o fato de que o doping coloca em risco princípios
éticos e valores pedagógicos consagrados na Carta Internacional de
Educação Física e Desporto da UNESCO e na Carta Olímpica,
Atenta à influência que atletas de elite exercem sobre a
juventude,
Adota esta Convenção neste dia dezenove de outubro de 2005.
1 Os destaques em negrito nesta seção são do relator do parecer de vista.
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As regras antidopings, como as regras de competições, são regras
esportivas que governam as condições sob as quais o esporte é praticado.
Os atletas aceitam essas regras como condição para a participação
em eventos esportivos. As regras antidopings não são concebidas
para estarem sujeitas a, ou limitadas por, requisitos e padrões legais
aplicáveis aos procedimentos criminais ou questões trabalhistas. As
políticas e padrões mínimos estabelecidos no Código representam o
consenso de um amplo espectro de partes envolvidas que possuem um
interesse comum na prática justa dos esportes e devem ser respeitadas
por todos os tribunais e entidades julgadoras.
2.3 A recusa ou a incapacidade, sem uma justificativa imperiosa, de
se submeter à coleta de amostras após notificação conforme o autorizado
pelas regras antidopings vigentes ou de todo modo evadir-se da coleta de
amostras.
[Comentário: A incapacidade ou recusa de se submeter à coleta de
amostras após notificação é proibida em quase todas as regras antidoping
existentes. Este artigo amplia a regra comum para incluir a expressão
"evadir-se de todo modo da coleta de amostras" como uma conduta
proibida. Assim, por exemplo, será uma violação de regra antidoping se
for estabelecido que um atleta está se escondendo de um funcionário de
controle de doping que esteja tentando realizar um teste. Uma violação do
tipo "recusar-se ou deixar de se submeter à coleta de amostras” poderá
basear-se em uma conduta ou intencional ou negligente do atleta, embora
"evadir-se" da coleta de amostras contemple uma conduta intencional por
parte do atleta.]
2.4 Violações dos requisitos vigentes relativos à disponibilidade do
atleta para testes fora de competição, incluindo a falha em fornecer
informações exigidas sobre o paradeiro do atleta e sobre a evasão de
testes que sejam declaradas com base em regras razoáveis.
[Comentário: Testes não anunciados fora de competição são
fundamentais para um eficaz controle de doping. Sem uma precisa
informação sobre a localização do atleta tais testes se tornam ineficazes e
às vezes impossíveis. Este artigo, que não costuma ser encontrado na
maioria das regras antidoping existentes, requer que os atletas que foram
indicados para testes fora de competição sejam responsáveis pelo
fornecimento e atualização das informações sobre seu paradeiro para que
possam ser localizados para testes fora de competição sem aviso prévio.
As "exigências aplicáveis" são estabelecidas pela Federação Internacional
do Atleta e pela Organização Nacional Antidoping de modo a permitir
alguma flexibilidade com base nas variadas circunstâncias encontradas
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nos diferentes esportes e países. A violação desse artigo poderá basear-
se em conduta intencional, ou negligente, por parte do atleta.]
7.2 Notificação após a revisão inicial
Se a revisão inicial estabelecida pelo Artigo 7.1 não revelar uma
isenção para uso terapêutico aplicável ao caso ou uma distorção que mine
a validade da descoberta analítica adversa, a Organização Antidoping
deverá notificar imediatamente o atleta, na forma estabelecida em suas
regras, sobre: (a) a descoberta analítica adversa; (b) a regra antidoping
violada, ou, no caso estabelecido pelo Artigo 7.3, com uma descrição da
investigação adicional que será realizada para verificar se houve uma
violação de regra antidoping; (c) o direito do atleta de requerer
imediatamente a análise da amostra B ou, na ausência de tal solicitação,
que a análise da amostra B poderá ser considerada nula; (d) o direito do
atleta e/ou do representante do atleta de presenciar a abertura e análise da
amostra B se tal análise for solicitada; e (e) o direito do atleta de requerer
cópias do pacote de documentação do laboratório sobre as amostras A e B
que incluam informações exigidas pelo padrão internacional para análises
laboratoriais.
[Comentário: O atleta terá o direito de requerer uma análise imediata
da amostra B a despeito da hipótese de que uma investigação adicional
venha a ser requerida conforme estabelecido nos Artigos 7.3 ou 7.4.]
7.4.4 O FCD deverá oferecer ao atleta a oportunidade de
documentar quaisquer dúvidas ou preocupações que possa ter sobre o
modo como a sessão foi realizada.
7.4.5 Ao realizar a sessão de coleta de amostras no mínimo as
seguintes informações deverão ser registradas:
a) Data, hora e tipo de notificação (sem aviso prévio, notificação
antecipada, em competição ou fora de competição);
b) Data e hora da entrega da amostra;
c) O nome do atleta;
d) A data de nascimento do atleta;
e) O gênero do atleta;
f) O endereço residencial e número de telefone do atleta;
g) O esporte e modalidade esportiva do atleta;
h) O número de código da amostra;
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i) O nome e assinatura do cicerone que testemunhou a entrega da
amostra de urina;
j) O nome e assinatura do funcionário de coleta de sangue que
coletou a amostra de sangue, onde for aplicável;
k) Informações solicitadas do laboratório sobre a amostra;
l) Medicamentos e suplementos tomados e detalhes de transfusões
recentes de sangue, se for aplicável, dentro do espaço de tempo
especificado pelo laboratório e conforme declarado pelo atleta;
m) Quaisquer irregularidades nos procedimentos;
n) Os comentários ou preocupações do atleta relativas à realização
da sessão, se fornecidos;
o) O nome e assinatura do atleta;
p) O nome e assinatura do representante do atleta, se assim exigido;
q) O nome e assinatura do FCD.
7.4.6 O atleta e o FCD deverão assinar a devida documentação para
indicar sua satisfação de que a documentação reflete adequadamente em
detalhes a sessão de coleta de amostras do atleta, incluindo quaisquer
dúvidas registradas pelo atleta. O representante do atleta deverá assinar
em nome do atleta se o atleta for menor. Outras pessoas presentes que
tenham assumido algum papel relevante durante a sessão de coleta de
amostras do atleta poderão assinar a documentação como testemunhas
dos procedimentos.
7.4.7 O FCD deverá fornecer ao atleta uma cópia dos registros da
sessão de coleta de amostras que foram assinados pelo atleta.
Artigo 21 - Papéis e responsabilidades dos participantes
21.1 Papéis e responsabilidades dos atletas.
21.1.1 Ter bons conhecimentos e respeitar todas as políticas e
regras antidopings vigentes adotadas em conformidade com o Código.
21.1.2 Estarem disponíveis para a coleta de amostras.
21.1.3 Assumir a responsabilidade, no contexto do programa
antidoping, pelo que ingerem e consomem.
21.1.4 Informar a equipe médica de sua obrigação de não usar
substâncias proibidas e métodos proibidos e assumir a responsabilidade
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por garantir que nenhum tratamento médico recebido violará as políticas e
regras antidopings adotadas em conformidade com o Código.
Como podemos assinalar nesta extensa exposição, estamos apresentando aos
nobres conselheiros diversos instrumentos regulatórios, quer de ordem legal, quer como
código de conduta que combate de forma sistemática o uso de substâncias psicoativas,
mesmo que lícitas, mas que ganham contorno de proibidas quando utilizadas em
circunstâncias especiais, com o objetivo de sustentar que o regulamento da Anac
cumpre os requisitos exigidos em nosso ordenamento jurídico no controle do abuso de
substâncias psicoativas conforme definido acima; indo mais adiante, cuidando da
obrigatoriedade das empresas em desenvolver programas de prevenção tanto quanto
de reinserção no trabalho, após tratamento, de seus empregados com problemas de
dependência química, conforme vemos abaixo:
SUBPARTE J
SUBPROGRAMA DE RESPOSTA A EVENTO IMPEDITIVO
120.351 Geral
(a) Após um evento impeditivo, uma empresa responsável, antes de
permitir o retorno do empregado envolvido ao desempenho de uma ARSO,
deve incluí-lo no subprograma de resposta a evento impeditivo, conforme
esta subparte, que inclui as seguintes medidas:
(I) avaliação abrangente por um ESP;
(2) recomendação pelo ESP de uma ou mais das seguintes ações:
(i) orientação sobre normas e requisitos de segurança operacional da
aviação civil;
(ii) aconselhamento terapêutico profissional, por profissional habilitado;
(iii) psicoterapia;
(iv) farmacoterapia;
(v) programa de tratamento em regime ambulatorial; e
(vi) programa de tratamento em regime de internação.
(3) a empresa responsável deve permitir que o indivíduo cumpra o
encaminhamento proposto;
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(4) o ESP deverá produzir relatórios e mantê-los arquivados, em papel ou
mídia eletrônica, por um período de 5 (cinco) anos;
(5) o método de cumprimento do Programa de Resposta a Evento
Impeditivo da empresa responsável deve estar descrito no PPSP desta
empresa responsável.
Por fim, assinalar que a prevenção de acidentes pode antecipar-se a riscos que
correria tanto o indivíduo quanto o coletivo. Temos que nos preocupar com o indivíduo,
tratar da proteção de sua saúde quando de atos ou ações que lhe periclite a vida.
Embora seja controverso pensar que existe permissão legal para intervir no que seria
direito inalienável a fazer tudo o que deseja um indivíduo, o novo Código Civil dá um
contorno para a compreensão de onde está o limite para o indivíduo dispor de seu
corpo. Vejamos o que diz o artigo 13 deste dispositivo:
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do
próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade
física, ou contrariar os bons costumes.
O que significa este dispositivo?
Construído para tratar das questões de transplantes de órgão, se amplia
enquanto conceito quando o aplicamos para toda e qualquer circunstância onde haja o
apelo em defesa da vida e sua incolumidade. Correlato a esta percepção está na
exclusão de ilicitude para o constrangimento ilegal (art. 146 do Código Penal, §3º) ao
assegurar que não configura crime a intervenção médica ou cirúrgica sem o
consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida, e o uso de coação para impedir o suicídio, ou seja, para todo direito há
uma exceção quando o assunto é a preservação da vida.
Podemos pensar que a vida é patrimônio inalienável e que o Estado autoriza
intervir na pessoa quando ela atenta contra sua saúde ou vida, mais complicado é tratar
da saúde e segurança da coletividade. O Código Penal, no item PERIGO PARA A VIDA
OU SAÚDE DE OUTREM, cita:
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Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime
mais grave.
§ único - A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da
vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas
para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza,
em desacordo com as normas legais.
ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE TRANSPORTE MARÍTIMO,
FLUVIAL OU AÉREO
Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou
praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima,
fluvial ou aérea:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
SINISTRO EM TRANSPORTE MARÍTIMO, FLUVIAL OU AÉREO
§ 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação
ou a queda ou destruição de aeronave:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Prática do crime com o fim de lucro
§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com
intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem.
Modalidade culposa
§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Este dispositivo cala fundo no entendimento de que os direitos individuais não
são incondicionais, sempre que um dos elementos indicados acima aparecer, o
interesse em defesa da vida ou da segurança da coletividade falam mais alto.
O que está consignado é uma intransigente defesa da saúde e segurança da
coletividade. Especificamente no artigo 261 o intuito do legislador foi ainda mais
enfático. Aqui não se diz tendo feito, aqui se diz: se comportando desta maneira você
expõe a vida da coletividade a risco e a ocorrência determinará a reclusão entre dois e
cinco anos e quando agravada com acidente, até doze anos de prisão. O regulamento
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da Anac se antecipa à possibilidade dessas ocorrências. Vale salientar que prevenir não
significa impedir que ocorra. O ato de prevenir é nobre e revela o esforço de quem o
propõe ou patrocina em benefício do ser humano.
Não bastasse o já assinalado acima, encerro transcrevendo do Código Civil:
Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame.
Está posto que o indivíduo pode se recusar a se submeter à perícia médica
determinada pelo magistrado; contudo, sua recusa poderá suprir a prova que se
pretendia obter com o exame e razão para a condenação do réu.
DA CONCLUSÃO
Pelo exposto, é possível vislumbrar que a Resolução Anac no 120/11 está em
total acordo com o disposto no Parecer CFM no 26/12. Esta configuração aparece
quando a Anac, com o disposto em sua legislação, estabelece quais são as áreas Arso
onde os empregados, para transitar, necessitam do ETPS, todos antecedidos, como
visto, pelo consentimento esclarecido.
O dispositivo prevê que a empresa é a encarregada de obter esta autorização
contratualmente. A demanda é de corresponsabilidade entre a empresa e o empregado.
Para a realização do exame, ao médico cabe obter a assinatura no documento, seja em
que modalidade de avaliação pericial ocorrer, e dar ciência do resultado pericial apenas
a quem interessa. Finalmente, em sua conclusão, considerar o empregado apto ou não
para o trabalho, aí sim dentro das normas estabelecidas para a segurança do trabalho.
O dispositivo da Anac tem muito das regras internacionais antidopings, conforme
explicitado no corpo expositivo deste relatório de vista, o que demonstra estar em
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sintonia com o pensamento mundial da prevenção ao abuso de substância, do Código
Internacional Antidoping do qual o Brasil é signatário.
Por todo o exposto, com a ressalva de que o empregado estará devidamente
esclarecido sobre as regras do emprego antes da assinatura do consentimento
esclarecido, somos de parecer que a Resolução Anac 120/11 pode ser aplicada pelos
peritos médicos em medicina aeroespacial.
Este é o parecer, SMJ.
Brasília-DF, 21 de junho de 2012
EMMANUEL FORTES S. CAVALCANTI
Conselheiro relator
HERMANN ALEXANDRE TIESENHAUSEN VON VIVACQUA
Conselheiro relator