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Trago as palavras do Professor Moacir Gadotti (2003, p.17) – titular da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo e diretor do Instituto Paulo Freire – que em seu livro
– Boniteza de um sonho – diz que ser professor hoje “é viver intensamente o seu tempo com
consciência e sensibilidade, não se podendo imaginar um futuro para a humanidade sem
educadores.”
Essa última tarefa, efetivamente, acaba fechando um ciclo de caminhadas que as Oficinas de
Sensibilização permitiram a mim e às parceiras da jornada, vivenciar não só a “consciência” e
a “sensibilidade” no ser e fazer do professor, mas buscar sentidos e encantamentos para
mobilizar uma nova identidade docente, em um mundo globalizado, regido pelas incertezas,
onde o importante é aprender a pensar, a pensar a realidade, buscando “pronunciar-se sobre
essa realidade que deve ser não apenas pensada, mas transformada” (GADOTTI, 2003, p.53).
As quatro tarefas, vivenciadas através das oficinas, puderam contribuir, efetivamente, para a
ampliação da consciência, trazendo novas possibilidades para a atuação profissional? Pelos
depoimentos, até agora registrados, percebo que novas descobertas do ser refletiram-se
também no fazer... surgiram movimentos em busca de novas aprendizagens, libertando
olhares viciados ou paralisados, permitindo o diálogo com o novo!
Parte do processo de transformação do indivíduo, exige que seja assumida a natureza
instintiva do humano e, esta, vinda por meio dos elementos simbólicos que ajudaram Psiquê a
cumprir cada uma das tarefas representaram metáforas para o trabalho interior desta jornada.
Durante este percurso, houve vários movimentos de idas, voltas, paradas e retomadas... muitas
paisagens foram (re)vistas e trouxeram novas possibilidades para os caminhantes que
desvelaram a maneira como habitam o mundo... sonhos, expectativas, desejos... tudo
acompanhando todos... E quem forma o formador?
O formador forma-se a si próprio, através de uma reflexão sobre os seus percursos
pessoais e profissionais (auto-formação); o formador forma-se na relação com os
outros, numa aprendizagem conjunta que faz apelo à consciência, aos sentimentos e
às emoções (hetero-formação); o formador forma-se através das coisas (dos
saberes, das técnicas, das culturas, das artes, das tecnologias) e da sua compreensão
crítica (eco-formação) (NÓVOA, apud JOSSO, 2004, p.17).
126
A declaração acima corrobora outros pensamentos já apresentados durante esse percurso, em
que o maior objetivo foi trazer o valor do Mito e o lugar da Arte como elemento revelador de
um universo desconhecido, onde potencialidades emergem, transformando ações já
automatizadas e rígidas em novos contornos e movimentos.
� Cada encontro era uma conquista onde indiretamente, ou quem sabe diretamente, eu
consegui lidar melhor com algumas “dificuldades” minhas e isso foi muito importante
para mim. Participar dessa experiência foi algo muito rico e cada tarefa tinha uma
mensagem muito importante e fiel ao que vivemos diariamente. Tudo foi muito
importante e significativo. (Mônica)
� Olhar para o outro, olhar para si, refletir sobre sua vida e prática são tarefas árduas e
prazerosas. Para mim, a realização desses encontros foi como a junção de Eros e
Psiquê. Entregamos nossa alma, deixamos o amor brotar, florescer e padecemos para
encontrar caminhos diante dos tortuosos desafios impostos por Afrodite, que encaro
como a vida. Levo desses momentos, a vontade de crescer, abrir-me, partilhar e
observar e refletir sobre a prática docente, uma tarefa que também é cheia de vida, e
que, como tal, leva seus altos e baixos. (Paula)
Trilhas e passos durante a caminhada que nos levaram a novas paragens permeadas pelo Mito,
pela literatura e poesias que devem ser consideradas como escolas de vida, em seus múltiplos
sentidos e que nas palavras de Morin (2001, pp.48-51), significam:
• Escolas da qualidade poética da vida e, correlativamente, da emoção estética e do deslumbramento.
• Escolas da descoberta de si, em que o adolescente (será que só ele?!?!) pode reconhecer sua vida subjetiva na dos personagens de romances ou filmes. Pode descobrir a manifestação de suas aspirações, seus problemas, suas verdades.
• Escolas da complexidade humana, pois esse conhecimento faz parte do conhecimento da condição humana.
• Escolas de compreensão humana, pois através da literatura, da poesia e dos filmes percebemos os outros em todas as suas dimensões, subjetivas e objetivas e não somente em sua forma exterior.
Nesse momento, encerro as ambiências que foram criadas para a vivência do Mito, com a
poesia de uma professora, escrita no encerramento dos encontros... final dessa jornada!
127
RE-NASCE UM PROFESSOR
�esse mundo tão maluco, �asce um professor.
De corpo, alma e coração Razão e emoção.
�essa vida tão atribulada, Cheia de desequilíbrios e
Equilíbrios, Vivemos nessa corda-bamba.
Tentando construir um
Futuro melhor... Precisamos do outro Em nossas vidas.
Essa busca constante De reflexão e sabedoria O que não deixa de ser Um grande desafio, É o que nos alimenta.
�os ajuda a colocar
�a “balança” Um pouco de
Pensamento e sentimento, Intuição e percepção.
“É preciso saber viver”,
Ou melhor, É preciso aceitar o viver.
E ser feliz!
(Professora Tereza)
5.2 PASSEADO PELA PAISADepoimentos e partilha depois das oficinas
Palavras... sentimentos... que foram evocados e despertados durante os encontros...
sensibilidade... criatividade.
sensações nas professoras/viajantes... vivências pessoais e grupais que oportunizaram o
trabalho com as diferenças... com a complexidade!
Foto 34 – Trilhas/linhas que marcaram sentimentos... pensam
Através do encontro da personagem mítica com as personagens internas de cada professora,
as Oficinas de Sensibilização abriram um espaço de desafio, mas também de conquista... de
pensar criativamente o ser e estar no mundo, consigo mesma e com o(
fazer como docente... do ofício de ser
velar o que poderia amarrar, prender, sufocar qualquer possibilidade de criação, de
aprendizagem, de re-nova-ação!
PASSEADO PELA PAISAGEM... AS RESSOÂCIAS DA EDepoimentos e partilha depois das oficinas
“A consciência nasce quando interpretaobjeto com o nosso sentido autobiográfico, a nossa identidade e a nossa capacidade de anteciparmos o que há-de-vir.”
Palavras... sentimentos... que foram evocados e despertados durante os encontros...
sensibilidade... criatividade... que mobilizaram uma reflexão carregada de emoção, de
sensações nas professoras/viajantes... vivências pessoais e grupais que oportunizaram o
trabalho com as diferenças... com a complexidade!
rilhas/linhas que marcaram sentimentos... pensam
Através do encontro da personagem mítica com as personagens internas de cada professora,
as Oficinas de Sensibilização abriram um espaço de desafio, mas também de conquista... de
pensar criativamente o ser e estar no mundo, consigo mesma e com o(
fazer como docente... do ofício de ser professor(a)! Momentos ricos em que se procurou des
velar o que poderia amarrar, prender, sufocar qualquer possibilidade de criação, de
ação!
129
AS RESSOÂCIAS DA EXPERIÊCIA:
“A consciência nasce quando interpretamos um objeto com o nosso sentido autobiográfico, a nossa identidade e a nossa capacidade de anteciparmos
Antonio Damásio
Palavras... sentimentos... que foram evocados e despertados durante os encontros...
.. que mobilizaram uma reflexão carregada de emoção, de
sensações nas professoras/viajantes... vivências pessoais e grupais que oportunizaram o
rilhas/linhas que marcaram sentimentos... pensamentos...
Através do encontro da personagem mítica com as personagens internas de cada professora,
as Oficinas de Sensibilização abriram um espaço de desafio, mas também de conquista... de
pensar criativamente o ser e estar no mundo, consigo mesma e com o(s) outro(s); do ser e
professor(a)! Momentos ricos em que se procurou des-
velar o que poderia amarrar, prender, sufocar qualquer possibilidade de criação, de
130
Foram momentos em que a partilha com o outro sobre as mesmas situações do cotidiano
escolar... sobre os mesmos sentimentos de alegria e medo / acerto e erro / expectativa e
ansiedade expressos por meio de variadas linguagens que serviram de suporte para a
linguagem verbal, tornaram-se extremamente ricos. A “expressão do pensamento
propriamente dito gerado pela motivação, isto é, pelos desejos e necessidades, interesses e
emoções” (VYGOTSKY, 1989, p.129) é uma experiência que amplia o exercício sobre a
reflexão da prática docente, como elemento mediador na constituição do sujeito como ser
humano e ser professor.
� Muitas coisas foram acrescentadas à minha prática com esses encontros... o que eu
estou sentindo é que desde a primeira oficina como o que a gente está sentindo em sala
de aula influencia o nosso dia... e que como essa busca pela tranqüilidade tem que
ser... digo... não tranqüilidade! Mas acho que por esse equilíbrio tem que ser diária e a
todo momento e tem que ser um objeto de atenção nosso, assim... porque quando a
gente entra com o coração um pouco agitado ou quando a gente se desequilibra em
algum momento, isso não é transmitido na fala, mas nas nossas ações, indiretamente
isso vai influenciando todo o nosso ambiente de trabalho... acho que foi isso que
mudou... acho que eu estou mais atenta a minha pessoa, ao meu eu... o que eu estou
sentindo, como eu tenho que trabalhar isso para buscar um equilíbrio... que a sala tem
que ser um ambiente de tranqüilidade para todos... (Karen)
Na fala dessa professora, percebem-se as categorias (subjetividade, afetividade) que vão se
manifestando, pensamento expresso através de palavras com uma conotação gestual de
assertividade que vai dialogando com todo o campo teórico da pesquisa, aspectos pessoais,
subjetivos que se mesclam ao profissional.
� Essa última tarefa foi muito significativa para mim... ao destampar a caixa e me ver
refletida naquele espelho... nossa [suspiro]!!! Percebi e senti a importância de EU estar
bem, para poder estar em sala de aula... de eu me cuidar... eu me preparar para poder
estar com meus alunos... nossa foi muito forte a experiência... não esperava que fosse
encontrar o espelho!!! (Sandra)
� Eu fiz uma relação da caixa da beleza imortal, com a beleza que deve sair de mim...
enquanto professora... como dizer... beleza que vem do gosto por aquilo que faço... do
131
prazer em estar com meus alunos...... beleza que vem... nossa! Por conta de tantas
coisas que essa profissão nos oferece... e até pelos momentos de insegurança... de
medo... de ansiedade como deu para perceber que não sou só eu que fico ansiosa...
várias outras colegas expressaram os mesmos sentimentos... rs...!!! (Kátia)
� ... porque eu estava me cobrando demais... eu saía daqui aflita pra burro... pensava...
genteee... e eu comecei a trocar com a Gabriela... foi muito rico... ela partilhava como
era na sala dela... nossa! Isso me ajudou muito!!! (voz embargada) Eu passei a me
entender nesse sentido, que eu não posso ficar batendo muito nisso... tenho que ficar
menos ansiosa! (Mônica)
Neste sentido, trago as reflexões de Madalena Freire (2008, p.80) que tão bem dialogam com
os depoimentos acima transcritos:
A causa dessa ansiedade é o choque entre o velho e o novo dentro de nós, que existe sempre e que nos impulsiona a crescer. Sem o velho não se constrói o novo. Jogar fora o velho, para ficar só com o novo, não é assumir o novo, é tentar resolver falsamente essa ansiedade. É fugir do processo de construção da mudança para apropriação do novo. Pois assumir o novo é assumir o novo significado, construindo, estruturando, uma opção onde um dia poderei constatar porque o velho não mais me instrumentaliza. Poderei romper, assim, com este e optar pela busca da construção do novo.
Para educar a paciência, nas muitas situações que a prática nos coloca, é necessário lidar com limites. Limites do outro, os nossos e os da realidade. Lidar com limites envolve trabalhar frustrações, perdas e raiva. Significa aprender a lidar com o desprazer, o sofrimento que o confronto com a realidade, com o outro, conosco mesmo, nos provoca [...] Ter paciência significa buscar, permanentemente, reconhecer, perceber, admitir esses limites para, sintonizando com eles produzir respostas, encaminhamentos adequados às situações na nossa prática.
As ressonâncias que a vivência da história do Mito provocaram, aliadas às expressões
artísticas tornaram-se fios/guias que abriram clareiras para a caminhada por essa paisagem!
Conteúdos repletos de subjetividade foram enlaçados por outros, não menos significativos,
nos quais o caráter objetivo e pontual da observação também se fez presente.
Nas Oficinas de Sensibilização, quando se busca exercitar a Pedagogia Simbólica,
apresentada por Byington (1996, p.319), os reflexos na Educação são significativos, pois
segundo ele:
132
Trata-se de formar educadores que, durante sua atividade diária, por sua maneira de trabalhar, sejam estudiosos da vida humana e da cultura e as elaborem criticamente com seus alunos. Esta formação profissional requer o desenvolvimento criativo de um professor-operário, ao mesmo tempo, sacerdote, cientista, artista e político que, distante das cátedras e palanques e dos altares, queira simplesmente se dedicar à curiosidade, à vitalidade e à intimidade dos seus alunos para juntos construírem, amorosamente, através de sua convivência, o exercício maravilhoso de saber ser.
Essa construção amorosa de que fala Byington, é o que caracteriza o Eros pedagógico, quando
efetivamente se instaura uma relação entre aquele que ensina e aquele que aprende movida
pelo prazer em busca do conhecimento, pelo prazer na troca de experiências e saberes. É o
encantamento e a sabedoria daquele que se coloca no papel de professor que deve despertar a
motivação, o encantamento e o prazer da descoberta daquele que aprende... aliança da
subjetividade com a objetividade... da emoção com a razão... de Eros com Psiquê integrados
na prática docente... um grande desafio para a Educação!
Quando estava preparando a bagagem para iniciar esta jornada e mapeava o caminho, as
trilhas foram se delineando, mas o que efetivamente poderia ser encontrado durante a
caminhada... seria arriscado determinar! Somente neste momento, depois de ter preparado
toda a ambiência para a passagem da história com seus personagens e de tê-la vivenciado
juntamente com as companheiras de jornada (“as psiquês”), seguida pela entrega de um
questionário semidirigido, é que começo a puxar fios que serviram de guia e que agora se
mostram, oferecendo possibilidades para uma análise mais profunda do conteúdo como
contribuição para a escolha da categoria subjetividade, embora outras, como afetividade,
mediação e ansiedade, também poderiam ser consideradas.
Foram fios que enlaçaram sensações, sentimentos, palavras, gestos que marcaram a jornada.
Devido à riqueza advinda dos depoimentos e das sensibilizações vividas, optou-se por focar
no aprofundamento da vertente subjetividade, mesmo porque a questão que motivou a
pesquisa situa-se na proposta de um trabalho em que se analisaria até que ponto a história do
Mito de Eros e Psiquê poderia servir de elemento mobilizador para se pensar o ser e fazer(-
se) professor. Da mesma maneira, os referenciais teóricos escolhidos direcionaram a análise
para esse caminho.
Quando se fala da análise dos depoimentos advindos das oficinas, importante a observação
(feita em meu diário de bordo), de todo envolvimento afetivo e emocional que as dinâmicas
133
mobilizaram: tom de voz, pausas, movimentos faciais, gestos, situações que enriqueceram e
demonstraram até que ponto o professor pôde ampliar sua ação-reflexão-ação por meio de um
fazer expressivo e relacioná-lo com suas experiências pessoais e profissionais (BARDIN,
1977).
Apoiada em Gaskell (2004), acresce-se a essa análise o valor dos depoimentos feitos durante a
partilha, caracterizando uma interação social muito rica e significativa, observando-se a
energia que é criada durante os depoimentos e a dinâmica que se instaura como grupo
(mudanças de opiniões, liderança, etc.).
Surgem mais alguns depoimentos:
� Devemos sempre estar aberto... a gente tem que estar sempre aberto para as
oportunidades... para as novidades de nossos alunos, ouvi-los [...] fiquei muito
contente com o que vivenciei, o que conheci... o trabalho com a expressão artística foi
uma grata surpresa! Revelador!... (Kátia)
� Pra mim foi muito importante a reflexão de não colocar as minhas expectativas nas
crianças... pra mim o ponto chave de todos os encontros, o que me pegou muito foi
isso... foi que eu tava vindo de um momento que eu queria que acontecesse uma coisa
e o que acontecia na realidade não era do jeito que eu esperava... então eu aprendi com
todas as vivências, todas as oficinas isso... assim... que depende de mim! (Mônica)
A maneira de cada professora se colocar perante o grupo também fez parte de minhas
observações que demonstraram como o trabalho nas Oficinas de Sensibilização, apoiado na
história do Mito escolhido, acrescentaram outra qualidade para a reflexão pessoal e sobre a
própria práxis. Josso complementa esse pensar ao afirmar que o “conhecimento de si-mesmo
inaugura a emergência de um si suficientemente consciente para orientar o futuro da sua
realização” (2004, p.163).
Corroborando esse argumento, mais depoimentos se apresentam:
� Falando tudo o que a gente viveu nesses nossos encontros, eu acho que pra mim o que
marcou e foi muito importante foi essa mudança pessoal e profissional porque aqui a
134
gente teve a oportunidade de ouvir depoimentos super ricos que muitas vezes a gente
tem aquilo fechado sobre a prática, algum princípio que já norteia tudo o que a gente
tem como ação pedagógica e ouvindo coisas ricas, outras maneiras, isso traz uma
reflexão, né, uma mudança! Então a cada encontro, a cada reflexão surgia assim... e
mexia muito comigo sobre o que eu estava conduzindo, tendo como prática até como
pessoa. É... até como pessoa as oficinas mexeram muito no meu intuitivo, na minha
intuição, no meu ser, na Laís. E as reflexões diante do Mito e das oficinas trouxeram
muita reflexão para o que eu trago na minha vida profissional, então foi muito
importante participar, até a Kátia trouxe uma fala que é bem como eu vim... quando
teve a primeira oficina... ah!!! fiquei inibida, mas eu vim aberta e eu acho que isso
fluiu... eu não gosto de me expor... eu sou muito assim quietinha, eu gosto assim de
observar... sabe, então eu acho que foi importante trabalhar isso, né?!... também estar
aberta para os desafios porque a nossa vida a cada dia é um desafio... a gente precisa
estar aberta para isso... para que as coisas aconteçam... [...]
Nessa última vivência... a arte tem a ver com isso, eu lembrei da minha caixa porque
no dia que eu pintei a minha caixa acho que eu na estava muito bem... rs... porque eu
colocava uma cor, colocava outra e aí chegou uma hora que eu pensei... “gente! Eu
não vou colocar mais nada!” eu virei para a Sandra e falei “vai ficar assim!!!” porque
se eu puder ficar até uma hora da tarde eu vou mudar essa caixa... então é bem assim...
é o ser humano... a gente está todo momento... mas a gente precisa buscar um
equilíbrio isso é muito importante a gente buscar esse equilíbrio para a gente poder
conduzir com calma e poder realizar tudo o que a gente fizer na nossa vida com
tranqüilidade para poder atingir nossos objetivos seja profissionalmente ou
pessoalmente... (Laís)
No depoimento de Laís notam-se as etapas do ETC, pois em contato com o material de arte (a
caixa, as tintas e pincéis), um contato sensório-motor (K/S), isto é, uma energia conduzida
pela ação e pelo movimento, o continuum do fazer a conduziu para outras etapas que lhe
abriram possibilidades para pensar o afetivo (P/A) e o simbólico (C/S) permeados pelo nível
da criatividade (Cr). Foram ações coordenadas pelo fazer artístico que abriram possibilidades
para mais reflexões sobre o seu modo de ser... sobre a importância de se buscar um equilíbrio
entre ação e intenção! Quantos desafios permeiam esses depoimentos!
135
Busco ressonâncias que espelham sensações... reflexões... sobre as tarefas que Psiquê teve que
enfrentar para poder se unir novamente com Eros só que agora, de um outro jeito, já com
plena consciência de como era seu marido, pois já poderia vê-lo em toda sua beleza e apossar-
se de seu papel como esposa! As tarefas realizadas foram os desafios que possibilitaram a
ampliação de sua consciência e, simbolicamente, representaram a integração da razão com a
emoção, da objetividade com a subjetividade. Psiquê sem Eros sente-se incompleta e daí vem
a necessidade de ir a busca do amado e este, sem Psiquê, também não se sente pleno!
Fazendo um paralelo com essas tarefas e aquelas que o professor exercita em sua prática
docente, apresento algumas configurações na trama que está sendo formada: “saber
discriminar” – “saber esperar” – “reter a essência” – “lidar com a transformação” são posturas
importantes para a prática docente, para a ampliação do ofício de ser professor.
E em quantos momentos de seu dia-a-dia o educador não se depara com situações
desafiadoras que apresentam as mesmas características dessas tarefas... a importância da
diferenciação do que cabe a ele e à instituição em termos de competências e funções. Saber
esperar o momento do outro, como quando seu aluno, que ainda não entendeu adequadamente
novos conteúdos que a ele são apresentados e, para tal, também precisa, nas palavras de
Madalena Freire (2008, p.81), “educar a paciência, nas muitas situações que a prática nos
coloca, é necessário lidar com limites. Limites do outro, os nossos e os da realidade” (2008,
p.81). Exercito a paciência também quando discrimino as cobranças, os pedidos e as respostas
para encaminhamentos adequados que o cotidiano pedagógico impõe como desafios ao
professor!
Ao buscar a essência, ela pode se manifestar de várias maneiras: essência do que é importante
em termos de aprendizagem para o aluno e de avaliação para o professor; essência quanto ao
olhar/avaliar o aluno não em termos de quantidade de conteúdo que foi apreendido, mas em
relação à qualidade, pois é ela que evidenciará uma aprendizagem com sentido; essência
significando, também, estar atento ao significado do desejo do outro, acompanhar seu ritmo e
tentar uma sintonia entre o ritmo do professor e do aluno. Como o olhar da águia, há
necessidade do professor ter um foco, um objetivo muito claro e preciso que norteará a ação
pedagógica, tornando-se, nas palavras de Gadotti (2003, p.53), um ”gestor, mediador do
conhecimento e não mero lecionador, pois importante é aprender a pensar, a pensar a
136
realidade e não pensar pensamentos já pensados.” Percebem-se as qualidades desse olhar que
deverá se manifestar pela atenção e pela espera que deverão ser direcionados para o aluno!
Entretanto, muitas vezes na busca dessa essência pode-se, tal como Psiquê ao recolher a água
do alto de um rochedo, sentir medo, insegurança e, em tais situações, não se pode paralisar a
ação, mas sim exercê-la com enfrentamento de quem sabe o que quer e por onde pretende
chegar. Estamos vivendo em um mundo de incertezas e deve-se buscar “conhecimentos
pertinentes que toquem na multidimensionalidade da sociedade e do ser humano que é ao
mesmo tempo biológico, psíquico, social, afetivo e racional.” (MORIN, 2000, p.38).
Finalizando o estudo sobre as tarefas e, dentro desta linha de reflexão, ao me propor vivenciá-
las em oficinas e de acordo com os depoimentos das professoras acima apresentados, abrem-
se novas possibilidades para outro modo de pensar a Educação, pois busca-se “reformar o
pensamento para poder repensar a reforma” (MORIN, 2008) É a partir do enfrentamento de
todas as dificuldades que surgem na prática docente que poderá instigar o professor a saber
lidar com a transformação!
Cabe, nesse momento, uma pergunta: qual seria o papel de Afrodite no Mito e como
relacioná-lo com a atividade docente? Por que ela impõe de uma maneira tão malvada e
acintosa as tarefas que levariam Psiquê à morte? Quem ela estaria representando? Partindo da
idéia de seu papel no Mito, e seguindo os passos de Neumann (1995, p.90), tem-se que:
Quanto às “armadilhas de Afrodite”, devemos nos lembrar de que esta Grande Mãe25 possui o aspecto que dá vida e que a mantém; no conflito entre Afrodite e Psiquê ela mostra apenas um dos seus lados, em contraposição às exigências do indivíduo e, nesse sentido, pode justamente ser proibida uma atitude compassiva da boa mãe individual [...]
Portanto, a meta secreta de Afrodite é fazer Psiquê “morrer”, fazendo-a regredir ao estágio Core-Perséfone, no qual vivia antes de encontrar-se com Eros.
Como se percebe, ela assume o papel da Grande Mãe em seu pólo negativo, pois ela quer
eliminar Psiquê e, para tal, obriga-a a realizar as quatro tarefas, não imaginando que a jovem
25 Grande Mãe, segundo o Dicionário Crítico de Análise Junguiana, é uma designação da IMAGEM geral, formada pela experiência cultural COLETIVA. Como uma imagem, ela revela uma plenitude arquetípica, mas também uma polaridade positivo-negativa. [...] O pólo positivo reúne qualidades tais como “solicitude e simpatia maternais [...] tudo aquilo que é benigno, tudo que acaricia e sustém, que propicia o crescimento e a fertilidade”. Em suma, a mãe boa. O pólo negativo sugere a mãe má: “tudo que é secreto, oculto, obscuro; o abismo, o mundo dos mortos, tudo que devora, seduz e envenena, que é aterrador e inevitável como o destino (SAMUEL et AL.,1988).
137
conseguiria se sair bem em todas elas! Essa personagem do Mito também chamou a atenção
de algumas professoras que assim se manifestaram:
� Adorei o mito e fiquei angustiada, pois fiquei refletindo muito sobre quantas vezes na
minha vida eu fui Afrodite para outras pessoas, sabe(?!?)... acho que todo mundo já foi
e teve momentos de impor tarefas impossíveis para outras pessoas... sem conseguir
olhar para o outro verdadeiramente...porque ser Afrodite não é só impor a tarefa, é
também não enxergar as questões... mas assim, quando eu comecei a participar dos
encontros eu estava com algumas questões tanto é que eu já até pedira para você,
sugestões de livros relacionados à indisciplina... eu estava com muitas questões na
minha vida, na minha prática e assim... eu fiquei muito te observando (Lídia), sua
postura como pessoa, sua fala tranqüila... sua... sua... até não fala... uma comunicação
gestual em alguns momentos de muita tranqüilidade [...] eu acho que comecei a pegar
um pouco disso pra minha vida mesmo... tentar até querer ter compromisso, de querer
que dê tudo certo... e de todas as minhas atitudes serem um pouco mais tranqüila... e
eu acho que já estou colhendo alguns frutos!!!... (Karen)
� Eu acho que poder me olhar (voz embargada), poder olhar para o outro e poder olhar
para minha prática através das reflexões da tarefa, foi algo que foi muito, muito, muito
rico... e também pensei assim... em que momentos eu deixo Eros entrar em minha
vida? Na minha prática? Na minha sala de aula? Em que momentos eu deixo Afrodite
e em que momentos eu deixo Psiquê... aí em relação ao mito que eu acho que está
representada na minha caixa... que é a questão da razão... e eu acho que a minha caixa
é bem isso, né... as formas geométricas... (até a Lídia comentou!) porque eu acho que
aos poucos estou pondo a Psiquê em minha vida... uau...!!! eu trouxe a Psiquê (ela
abre a caixa e mostra a flor de tecido...)... (sorrisos) ahhh!!!... E quero agradecer
porque foi muito importante... (Paula)
Por esses depoimentos percebe-se a força e riqueza que o Mito, juntamente com o trabalho em
Oficinas de Sensibilização, conseguem evocar, tornando visível o invisível, trazendo
contornos mais claros a sentimentos e sensações que habitam o mundo interno. E a presença
de Afrodite na história também traz reflexões... uma vez que representa a Grande Mãe e, no
caso a mãe má, aquela que devora, que não deixa o filho crescer e amadurecer indo em busca
de sua liberdade e realização. Traçando um paralelo com as questões da Educação, quem ela
138
poderia representar? Poderia estar vestida na pele de uma professora que não estimula seu
aluno buscando alavancar possibilidades e competências adormecidas, ou aquela outra
excessivamente exigente e enérgica para a qual nada está bom e correto, somente aquilo que
vem como resposta/repetição de suas próprias palavras, interpretações e análises! Momentos
de criatividade, de abrir possibilidades para um pensar de outra maneira jamais são
estimulados ou alimentados, uma vez que podem gerar insegurança de sua parte ao não saber
lidar com o novo, com os desafios, tornando-se uma mera repetidora das mesmas práticas que
adotara por seguidos anos, assentada em um comodismo que não condiz com a missão de ser
professora!
Mas... também poderia assumir o papel da própria instituição! Sim, uma instituição
castradora, que não permite que seus professores cresçam, impondo limites e regras de
maneira austera e sistematizada, obrigando todos os que nela trabalham (coordenadores,
professores, funcionários e alunos) a seguirem rigidamente as normas por ela instituídas, sem
poderem se posicionar de maneira crítica ou questionadora. Nessas instituições o exercício do
matriarcado negativo e castrador, acaba inibindo o desenvolvimento coeso de todos os
profissionais que nelas trabalham, não permitindo que o professor expanda sua consciência no
sentido de analisar como seu trabalho se manifesta, que direções pode tomar e em que bases
se sustenta sua profissão.
Como se percebe, são muitos os veios que a história nos permite seguir e é com toda essa
riqueza que trago mais depoimentos:
� Sabe, quando era menina eu sempre dizia que seria médica!...a vida inteira eu queria
ser médica... médica e pronto! Aí quando estava no segundo ano do ensino médio você
cai naquela... “eu não vou conseguir! Não vou! Como vou passar em uma
universidade pública?! Não teria a menor condição de pagar uma universidade
particular de medicina, não teria condição nenhuma, né?! Até porque como eu iria
trabalhar para ajudar meu pai porque é período integral, então isso começou a ficar
totalmente fora de cogitação e aí eu entrei em conflito... o que eu vou fazer na minha
vida?!?! Depois de muitas andanças e questionamentos e do contato com algumas
amigas que estavam na Pedagogia, aí comecei a pensar: “Poxa vida! Por que eu nunca
pensei em ser professora, se foi a brincadeira que eu mais brinquei na minha vida?!... o
que eu mais fiz foi brincar de escolinha... não posso negar pois todas as minha
139
brincadeiras de boneca eram de escolinha! Era uma paixão, eu adorava brincar disso e
por que eu não pensei nisso?! Aí eu comecei a pensar e a pensar, também, que talvez a
Pedagogia tivesse uma relação com a Medicina!!!! Que seria essa questão do cuidado,
do contato com a pessoa, né? Da importância que você vai ter na vida daquela pessoa,
e aquela pessoa na sua vida! Então isso foi o que fez a diferença para mim, porque aí
eu falei NÃO!!! É isso... aí entrei na faculdade de Pedagogia... (Kátia)
� Estamos falando de uma coisa que é muito séria... que é a situação da escola pública!
Embora possamos encontrar professores excelentes, preparadíssimos e competentes
em seus cargos efetivos, também encontramos outro que lá estão esperando
passivamente chegar o dia da aposentadoria... isso é muito grave!!!! E como ficam os
alunos que têm como professores os exemplos desses últimos?! Como fica a
motivação, o interesse pela aprendizagem se a postura do professor não os leva para
isso? E vou ainda mais... como está a organização da escola pública?... que são as
pessoas que estão entrando nessa escola? Tem a ver com a profissão, também... e os
cursos de Pedagogia? Como estão as faculdades? As pessoas têm consciência que não
é só uma profissão, que não é só ter vocação e conhecimento, mas também ter
consciência? Eu acho que os problemas aqui... ai gente... é uma coisa que me toca
mesmo!!! Depois que eu li, por exemplo, que eu li Paulo Freire pela primeira vez, li o
livro inteiro A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE, eu falei: “Gente!!!
Nós temos que fazer alguma coisa... não só por mim... não só por onde tenho alcance...
mas além, sabe!... porque me preocupa muito essa reprodução da ignorância, essa
reprodução do não sei nada, da miséria... é importante ter pessoas ignorantes...!!!! aí
eu também penso que a questão está para além disso... acho que a questão é maior...
acho que muito maior que a minha vã individualidade alcance... mas acho que é
passível de estudo, passível de pesquisa de gente pensando e acho que se deve tentar
mudar as coisas [...] porque é uma questão de formação... ela não teve a oportunidade
de outra formação... e essa busca pela formação, pela contínua capacitação é muito
importante... trazer a reflexão da prática é fundamental!... (Erika)
� Sabe, eu alfabetizei quatro faxineiros do prédio... “vou começar a chorar...” eu fiquei
tocada com isso...mas como uma pessoa não pôde ter oportunidade?! Porque eu...
realmente eu estudava em um dos melhores colégios... (voz embargada) e para mim
foi uma experiência marcante ter ensinado essas pessoas...e para eles também foi, né?
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Tanto que meu pai falava: “Nossa! Mas que tanto você vai lá embaixo com os
faxineiros?!” eu dizia:”Pai! Você não sabeee!!! Estou ensinando todo mundo a ler e
escrever!!! E quando eles começaram eu pensei - “nossaaa!!!” Eu era uma criança
fazendo isso, não tinha todo esse estudo... Acho que essa experiência foi decisiva na
carreira que queria seguir... depois eu comecei a pensar nessa história de
professorinha, professorinha... professorinha, ta bom!!! Não quero ser uma
professorinha, quero ser uma professorona!!! Eu acho que é uma profissão muito
humana, eu me orgulho muito de ser professora e me orgulho muito mais quando meu
pai falava para um amigo: “Ah! minha filha faz Pedagogia na Usp, trabalha já em um
colégio, enfim...” E o colega dizia:”Ah! mas é professorinha?!” Meu pai dizia:”Não!!!
Ela é professora e pedagoga da Usp!” Ficava todo cheio de orgulho falando... (Eliane)
� Puxa! Eu estou pensando como o Mito, as oficinas, tudo isso permitiu tantas
reflexões... o olhar de águia... a sensibilidade para chegar até a essência... o papel do
professor é isso... é ser sensível ao outro!!! Em todas as tarefas a gente percebeu
algum elemento fundamental para que a Psiquê cumprisse as tarefas... a gente sem o
outro não é nada!!!... e nesse cotidiano corrido, a gente nem sempre tem esse olhar...
por conta do tempo, do conteúdo que precisa dar... a gente precisa parar um pouco
para dentro de si, né... é difícil, às vezes, mas eu acho que é de fundamental
importância... (Tereza)
Pelos depoimentos acima apresentados, percebi a riqueza que uma história, escolhida com
uma determinada intenção, como foi o caso da escolha do Mito de Eros e Psiquê, é capaz de
desencadear reflexões profundas sobre o ser e o fazer do professor! As professoras que
fizeram parte dessa jornada são extremamente compromissadas com a profissão...
questionadoras de um “fazer educação” com envolvimento e responsabilidade! Isto é
fundamental para que a docência adquira contornos mais humanos, mas não menos
competentes e desencadeadores de uma nova consciência crítica, atuante e transformadora.
“Há uma instância interna que faz parte do ser humano que somos e que não pode mais se
permitir fazer apenas parte do que precisa ser feito, mas que deseja fazer o certo, o que
preenche realmente objetivos conscientes e alinha-se com eles” (ALESSANDRINI, in
PERRENOUD, 2002, p.162), palavras que vêm corroborar o pensamento e a postura das
professoras que acompanharam todo o trabalho de pesquisa. Efetivamente, chegou o momento
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de tentarmos desenvolver dentro de cada um de nós, no ofício de ser professor e formador,
uma nova qualidade de consciência que será a mediadora entre nossas crenças internas e a
realidade na qual se está inserida. Atualmente, exige-se muito desse papel, pois além da
formação pessoal, há necessidade de se estabelecer critérios para uma prática que invista na
qualidade do trabalho, no exercício da observação crítica e construtiva, na intervenção precisa
para atingir a diversidade da sala de aula, a eterna busca por novas aprendizagens que
certamente irão enriquecer o ser do professor, refletindo em seu fazer... enfim, são
ferramentas de que o professor deverá deixar sempre afiadas para usá-las em seu cotidiano
escolar.
E... foi com os “olhos virados” que me percebi em muitos momentos dessas andanças, desde
o início da pesquisa até o momento da realização das oficinas, fazendo movimentos de idas e
vindas... ação-reflexão permeadas por palavras, sentimentos e cores... pensando na variedade
de possibilidades que esse Mito trouxe para pensar o papel do professor, da Instituição, da
família, dos alunos.
Neste momento, busco apanhar as linhas/guias que serviram de trilhas para a jornada e, entre
elas, escolho aquela que acabou sendo a referência maior para essas considerações – a
subjetividade. Dou a ela a cor amarela e trago, agora, a imagem reconfigurada e a coloco
sobreposta a todas as outras fitas/trilhas... pois seu percurso continua...
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Linhas e fitas que, simbolicamente, serviram de guia para o término desse momento da
jornada, ligando caminhos... favorecendo diálogos... desvelando e guiando sonhos,
expectativas, desejos e alguns medos também!...
Linhas e fios... coloridos porque cada um de nós tem a sua cor... a sua individualidade...
Linhas... que levam a direções que não se sabe aonde chegarão... simplesmente se começa...
com coragem, determinação e criatividade!...
Fios... que bordam, enlaçam, enrolam e se soltam, sem sufocar, mas por onde passam, deixam
sua marca... sua cor... sua presença...
Linhas... que delineiam o eu... o outro...
Fios de vida... que se inserem no mundo!...