Políticas Públicas e o direito à qualificação na educação profissional técnica de nível
médio no Estado de Mato Grosso do Sul (MS).
Elizabete Paniagua Benites¹1 UCDB
E-mail:[email protected]
Valdivina Alves Ferreira²2 UCDB
E-mail:[email protected]
3. Políticas Públicas e Direitos Humanos.
Resumo
Este artigo tem o objetivo de proporcionar uma reflexão sobre as políticas públicas para ensino
médio integrado e sua relação com vistas a qualificação de formação técnica e/ou para
continuidade dos estudos do jovem sul-mato-grossense. Essa reflexão se evidencia através dos
curso técnico integrado ao ensino médio implementado no estado de Mato Grosso do Sul (MS)
a partir do Decreto nº 5.154/04.Tem como foco as orientações contidas na Constituição Federal
de 1988 e a LDB/96 no que tange a educação profissional técnica de nível médio é a Legislação
do MS que estabelece normas dessa modalidade de ensino na educação básica do Sistema
Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul. Os resultados parciais da pesquisa indicam que o
Estado de Mato Grosso do Sul, aos poucos está implementando políticas que apontam a
integração dessa modalidade de ensino no segmento público estadual.
Palavras Chave: Educação Profissional Técnica; Ensino Médio Integrado; Políticas Públicas.
Introdução
Este artigo tem o objetivo de proporcionar uma reflexão sobre as políticas públicas
para ensino médio integrado e sua relação com vistas a qualificação de formação técnica e/ou
para continuidade dos estudos do jovem sul-mato-grossense.
1 Pedagoga, pós graduada em Psicopedagogia e Educação Especial Inclusiva, mestranda em Educação pela
Universidade Católica Dom Bosco- UCDB-. E-mail: [email protected]
2 Doutora em Educação pela PUC Goiás, Docente do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade
Católica Dom Bosco - UCDB. E-mail: [email protected]
Essa reflexão se evidencia através dos cursos técnico integrado ao ensino médio
implementado no estado de MS a partir do decreto nº 5.154/04. Tem como foco as orientações
contidas na Constituição Federal de 1988, bem como a Lei de Diretrizes e Base de 1996 que
trata da educação profissional técnica de nível médio é Legislação do Estado de Mato Grosso
do Sul que estabelece as normas dessa modalidade de ensino.
A metodologia utilizada na realização da pesquisa foi a pesquisa bibliográfica e
documental com revisão de literatura dialogando com autores que debatem a temática da
educação profissional como Frigotto (2012), Ciavata (2005), Frigoto, Ciavata, Ramos (2012),
Kuenzer e Grabowski (2006), e Grabowski (2006).
Os resultados parciais da pesquisa indicam que o Estado de Mato Grosso do Sul, aos
poucos está implementando políticas que apontam a integração dessa modalidade de ensino no
segmento público estadual.
Políticas Públicas do Ensino Médio
Com a promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988, em seu capítulo III, na
seção I que trata da educação, a mesma informa em seu Art. 205 que todo cidadão tem direito
a qualificação para o trabalho, sendo:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho
(BRASIL, 1988).
No art. 208 da CF/88 afirma que “O dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de: “II - progressiva universalização do ensino médio gratuito”. Há uma
estratégia articulada para que essa qualificação ocorra geralmente na última etapa da educação
básica sendo portanto gratuito a todos que quiserem fazer jus desse direito a educação
profissional, garantido pela LDB nº 9.394/96.
A Constituição Federal de 1988 ainda acrescenta em seu Art. 214, no item “IV -
formação para o trabalho”, onde prescreve que essa é a nova modalidade de ensino que está
sendo oferecido para os jovens na faixa etária de 14 a 17 anos de idade, e que visa uma formação
que, além de ter acesso gratuito à educação os mesmos precisam estar qualificados, preparados
para atender ao mercado de trabalho.
A respeito da qualificação para o trabalho, Grabowski (2006, p. 6) ao analisar “os
dados de emprego e desemprego no país, evidencia-se [...] a dificuldade de participação dos
jovens neste mercado”. O autor em suas análises constatou que proporcionalmente os jovens
representam:
A categoria com maior índice de desemprego ou empregos precários, mediante
prestação de serviços temporários e sem direitos trabalhistas. Sem trabalho e renda, o
acesso à educação tem sido um grande obstáculo e, sem educação e qualificação, o
mercado torna-se inacessível, quando, não raramente, exige-se experiência para quem
está em formação e/ou iniciando uma atividade produtiva (GRABOWSKI, 2006, p.
6).
Já na Lei de Diretrizes e Bases de 1996 no Art. 2º, o texto informa sobre a qualificação
para o trabalho como sendo os principais responsáveis a família e o Estado:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho
(BRASIL, 1996).
O artigo 3º da LDB/96 ressalta que o ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: “IX - garantia de padrão de qualidade e no item XI, trata sobre a vinculação entre a
educação escolar, o trabalho e as práticas sociais,” esse item sugere e informa que é necessário
que esses jovens consigam se sobressair em uma sociedade que não é igualitária em relação as
oportunidades trabalhistas e educacionais.
Kuenzer e Grabowski (2006, p. 300) entendem essas relações como sendo o resultado
do “desenvolvimento das forças produtivas, à medida que vai avançando em razão das
mudanças na base técnica, vai trazendo novas demandas para a educação”, o que no modo de
produção capitalista responde às necessidades decorrentes da valorização do capital em nossa
sociedade.
No que se refere ao Ensino Médio, na seção IV da LDB/96 em seu Art. 35 que
prescreve que “O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três
anos, terá como finalidades”:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores (BRASIL, 1996).
Entende-se, assim que a escola é o local que vem historicamente legitimando a
materialização dessas ideias que estão prescritas nas políticas públicas educacionais e corrobora
com a ideologia do modo de produção do capital. Observa-se que o documento legal, a LDB nº
9.394/96 ao prescrever a finalidade do ensino médio, não garante, por outro lado, a materialização
desse direito.
Frigotto (2012, p. 76) diz que o ensino médio, “concebido com a educação básica e
articulada ao mundo do trabalho, da cultura e da ciência, constituindo-se em direito social e
subjetivo e, portanto, vinculado a todas as esferas e dimensões da vida”, o teórico continua o
seu discurso ao afirmar que “trata se de uma base para o entendimento critico de como funciona
e se constitui a sociedade humana em suas relações sociais e como funciona o mundo da
natureza, da qual fazemos parte”.
O ensino médio no Brasil é marcado pela dualidade que historicamente caracteriza
essa etapa de ensino, na educação básica. Essa dualidade se refere a formação para o mundo do
trabalho e a preparação para a continuidade dos estudos. Assim, essa dualidade pode ser
entendida, ao observar a forma de desenvolvimento da educação técnica de nível médio, se
atendida a formação geral do educando que pode ser ofertada da seguinte maneira:
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental,
sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica
de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se matrícula única para
cada aluno; II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o
estejam cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso (BRASIL, 1996).
Ressalta-se que após a aprovação do Decreto3 nº 5.154/04 e da lei 11.741 de 16 de
julho de 2008 que “ Altera dispositivos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para redimensionar, institucionalizar e
³ Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências.
integrar as ações da educação profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e
adultos e da educação profissional e tecnológica”, e incluída na LDB/96 a Seção IV-A Da
Educação Profissional Técnica de Nível Médio onde se acrescenta no artigo 36 os itens 36A,
36B,36C e 36D a qual passa a ser tratada como da Educação Profissional e Tecnológica.
Nestes artigos estão descritos como ocorre esse modalidade de ensino. No artigo 36
muda se a fala de uma educação voltada somente para o trabalho mas como uma educação
voltado de acordo com o do disposto na Seção IV deste Capítulo. Pode-se constatar na Seção
IV deste Capítulo 36-A que trata sobre o ensino médio como:
O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o
exercício de profissões técnicas. Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação
profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino
médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional
(BRASIL, 2008).
A possibilidade de formação geral do educando em um curso técnico de nível médio
ou continuidade de estudo ocorreu através do Parecer do Conselho Nacional de Educação e
Câmara de Educação Básica- CNE/CEB nº 39/2004. Este Parecer analisa o I relatório da
aplicação do decreto nº 5.154/2004 na Educação profissional Técnica de nível médio e no
Ensino Médio que em seu a § 1º do Artigo 4º, sugere as formas que ocorrerá essa articulação4
sendo uma delas a:
1. Integrada (inciso I do § 1º do Artigo 4º): “oferecida somente a quem já tenha
concluído o Ensino Fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno
à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino,
contando com matrícula única para cada aluno”. A instituição de ensino, porém,
deverá, “ampliar a carga horária total do curso, a fim de assegurar, simultaneamente,
o cumprimento das finalidades estabelecidas para a formação geral e as condições de
preparação para o exercício de profissões técnicas” (§ 2º do art. 4º), (BRASIL 2004,
p. 401).
O parecer sugere ainda que:
4 O termo “articulação” indica a conexão entre partes, nesse caso, a educação profissional e os níveis da educação
nacional (BRASIL 2007, p. 7).
Na hipótese do estabelecimento de ensino utilizar a forma integrada, o mesmo deverá
assegurar, simultaneamente, o cumprimento das finalidades estabelecidas para a
formação geral e as condições de preparação para o exercício de profissões técnicas
(BRASIL 2004, p. 403).
O Decreto nº 5.154/04 em seu Art. 4º cita em seu § 2 como será desenvolvida essa
articulação com o ensino médio sendo observado que para haver essa integração faz se
necessário:
Ampliar a carga horária total do curso, a fim de assegurar, simultaneamente, o
cumprimento das finalidades estabelecidas para a formação geral e as condições de
preparação para o exercício das profissões técnicas”. O conteúdo do Ensino Médio é
pré-requisito para a obtenção do diploma de técnico e pode ser ministrado
“simultaneamente” com os conteúdos do ensino técnico. Entretanto, um não pode
tomar o lugar do outro. São de natureza diversa. Uma tende a objetivos de
consolidação da Educação Básica, em termos de “formação geral do educando para o
trabalho” e outro objetiva a preparação “para o exercício de profissões técnicas”.
Neste sentido, são intercomplementares e devem ser tratados de forma integrada,
“relacionando teoria e prática no ensino de cada disciplina (BRASIL 2004, p. 405).
Ciavata (2005), comenta essa integração no caso da formação integrada ou do ensino
médio integrado ao ensino técnico, considerando que:
A educação geral se torne uma parte inseparável da educação profissional em todos
os campos onde se dá a preparação para o trabalho: seja nos processos produtivos,
seja nos processos educativos de formação inicial como ensino técnico, tecnológico
ou superior (2012, p. 82).
O teórico Grabowski (2006) ao discutir a proposta prevista e regulamentada através
do decreto nº5.154/04 e do Parecer CEB/CNE nº 39/04 -, que revogou e substituiu o Decreto n.
2.208/97 analisa que o atual decreto:
Recoloca a possibilidade da oferta de educação profissional técnica de nível médio e
o Ensino Médio de forma integrada, num mesmo curso, com currículo próprio,
articulado organicamente e estruturado enquanto uma proposta de totalidade de
proposta de formação (GRABOWSKI 2006, p. 3).
No que se refere ao ensino médio integrado ao ensino técnico, o que se observa é a
concepção de educação integrada, onde a educação geral se torne parte inseparável da educação
profissional em todos os campos onde se dá a preparação para o trabalho: seja nos processos
produtivos, seja nos processos educativos como a formação inicial, como o ensino técnico,
tecnológico ou superior. Significa que buscamos focalizar o trabalho como princípio educativo,
“no sentido de superar a dicotomia trabalho manual e trabalho intelectual, de incorporar a
dimensão intelectual ao trabalho produtivo, de formar trabalhadores capazes de atuar como
dirigentes e cidadãos” (BRASIL/Doc. Base Ed. Profissional 2007, p. 41).
De acordo com Lodi5 (2008) “A oferta do Ensino Médio integrado à Educação
Profissional deverá contribuir com a melhoria da qualidade dessa etapa final da educação
básica”, afirma ainda que aos:
Alunos será dada a oportunidade de concluir o Ensino Médio e, ao mesmo tempo,
adquirir uma formação específica para sua inclusão no mundo do trabalho. O Ensino
Médio integrado proporcionará melhores condições de cidadania, de trabalho e de
inclusão social aos jovens e adultos em busca de uma formação profissional de
qualidade e de novos horizontes para suas vidas (2008, p. 4).
O teórico Grabowski (2006), ao realizar uma análise da relação entre ensino médio e
educação profissional, assinala que:
Uma política educacional e um projeto de desenvolvimento nacional necessitam
articular-se e definir a identidade tanto da educação básica como da qualificação e
formação profissional, na perspectiva global, soberana, humana, enquanto direito
público e subjetivo, portanto, de responsabilidade política e dever do Estado, porém,
sempre em conjunto com a sociedade, principalmente com a participação da classe
que vive do trabalho (2006, p. 9).
Ainda de acordo com o Parecer CNE/CEB nº 39/2004 com essa possibilidade de
formação integral ao ensino médio “Este deve garantir os conhecimentos básicos para uma
Educação Profissional de qualidade” (p. 406). Analisa-se ainda que o curso de Educação
Profissional Técnica de nível médio realizado na forma integrada com o ensino Médio deve:
Ser considerado como um curso único desde a sua concepção plenamente integrada e
ser desenvolvido como tal, desde o primeiro dia de aula até o último. Todos os seus
componentes curriculares devem receber tratamento integrado, nos termos do projeto
pedagógico da instituição de ensino (BRASIL 2004, p. 406).
Como se observa o documento expressa que faz se necessário elaborar um catálogo
com os cursos técnicos e seus eixos tecnológicos que serão oferecidos aos jovens do ensino
médio ofertando a eles a oportunidade de uma formação integral.
Com a aprovação do Decreto Federal nº 5.154/04, o Senhor Ministro da Educação
protocolou, no Conselho Nacional de Educação, o Oficio GM/MEC nº 203/2007,
5 Nota- Diretora do Departamento de Políticas do Ensino Médio – Ministério da Educação.
encaminhando, para apreciação da Câmara de Educação Básica, a proposta de instituição de
Catálogo Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio. Um dos termos para a elaboração do
catálogo foi que:
A partir dos dados constantes do Cadastro Nacional dos Cursos Técnicos – CNCT
verificou-se uma quantidade excessiva de nomenclaturas, aproximadamente 2.700
denominações distintas para os 7.940 cursos técnicos de nível médio em oferta em
2005, de acordo com o Censo Escolar MEC/INEP. Tal cenário revela uma dispersão
de títulos, além de dificuldade na orientação e informação aos usuários e à sociedade,
bem como para a formulação de políticas, planejamento avaliação dessa modalidade
de educação profissional (BRASIL, 2007).
Neste mesmo Parecer observou-se que “numa mesma área, uma multiplicação de
títulos que não se justificam como cursos técnicos e sim como especializações ou qualificações
intermediárias,” entendia se que a presença, [...] do técnico de nível médio torna-se cada vez
mais necessária e relevante no mundo do trabalho, sobretudo em função do crescente aumento
das inovações tecnológicas e dos novos modos de organização da produção. Desse modo, o
Catálogo objetivava, ainda, induzir a oferta de cursos técnicos de nível médio em áreas
insuficientemente atendidas (BRASIL, 2007).
Através do Parecer entende-se que seria:
Essencial a implementação do proposto Catálogo, organizado em função da estrutura
sócio ocupacional e tecnológica, como determina o Decreto nº 5.154/2004. Este
Catálogo proporcionará um adequado mapeamento da oferta da educação profissional
técnica de nível médio, desde a implantação das diretrizes curriculares nacionais, e
possibilitará a correção de distorções, bem como fornecerá importantes subsídios para
a formulação de políticas públicas respectivas (BRASIL, 2007).
Junto com o Parecer em anexo ao Ofício GM/MEC nº 203/2007, o Senhor Ministro da
Educação encaminhou a descrição de doze eixos tecnológicos, destinados a substituir os
quadros das áreas profissionais e respectivas caracterizações integrantes do Anexo da
Resolução CNE/CEB nº 4/99” (BRASIL, 2008). Esta Resolução Institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico.
Após o processo de elaboração e apreciação, o parecer foi aprovado por unanimidade
pela Câmara de Educação Básica em 12 de junho de 2008. Assim o referido catálogo foi
colocado em:
Regime de Consulta Pública Nacional, no Portal do MEC, por um período de noventa
dias, prorrogado depois por mais trinta dias, até o dia 12 de março do corrente ano,
recebendo um total de 504 sugestões e contribuições de 168 proponentes, entre
instituições educacionais e educadores da área de Educação Profissional, sendo 239
propostas de inclusão e 265 propostas de alteração. Todas essas proposições foram
atentamente analisadas pela equipe técnica da SETEC – Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica do MEC, a qual contou com a inestimável colaboração de
mais de uma centena de profissionais que atuam na área da Educação Profissional
Técnica de Nível Médio (BRASIL, 2007, p.242).
Neste mesmo ano de acordo com o Conselho Nacional de Educação e da Câmara de
Educação Básica através da Resolução nº 3, de 9 de julho de 2008 que Dispõe sobre a instituição
e implantação do Catálogo Nacional de Cursos técnicos de Nível Médio em seu Art. 11 resolve
que:
Uma vez editado o primeiro Catálogo Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio,
cabe ao CNE, por proposta do MEC, proceder às alterações que se fizerem
necessárias, no âmbito de quaisquer dos eixos tecnológicos definidos e respectivos
cursos, de modo a atender às exigências da evolução do conhecimento científico e
tecnológico., bem como contemplar a diversidade da oferta dos cursos técnicos de
nível médio (BRASIL, 2008).
O primeiro Catálogo Nacional de Curso Técnico de Nível Médio “agrupa os cursos
conforme suas características científicas e tecnológicas em 12 eixos tecnológicos que somam
ao todo 185 possibilidades de oferta de cursos técnicos” (2008, p. 8). Diante da aprovação do
primeiro catalogo faz-se necessário analisar como ocorreu a implementação dessa política no
estado de Mato Grosso do Sul e verificando como a qualificação de formação técnica e/ou para
continuidade dos estudos do jovem sul-mato-grossense é ofertada.
O direito à qualificação na educação profissional técnica de nível médio no Estado de
Mato Grosso do Sul (MS).
No Estado de Mato Grosso do Sul (MS) a educação profissional técnica de nível médio
foi implantada seguindo as orientações do Decreto Federal nº 5.154/04 e do Parecer CNE/CEB
nº 11/2008 que de acordo com orientações da Câmara de Educação Básica do Conselho
Nacional de Educação recomenda ao Ministério de Educação a criação de uma:
Comissão Executiva Nacional para acompanhar e avaliar a implantação do Catálogo
Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio, a qual poderia contar com três
representantes da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica; um da Câmara
de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação; cinco do Fórum Nacional de
Conselhos Estaduais de Educação, sendo um representante de cada região
administrativa (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul); um do CONSED –
Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação, e cinco profissionais
escolhidos pelo MEC, segundo critério de notório saber e comprovada experiência na
área da Educação Profissional (BRASIL, 2008, p.245).
O Conselho Estadual de Educação do Estado de MS seguindo as orientações de
legislações maiores constitui, através do primeiro relatório com a Indicação sob o nº 055/2008,
do dia 01/08/2008, “a Comissão de Estudos com vistas à proposição de normas para a
implantação do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio - CNCT no Sistema
Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul” (CEE/MS 2008).
O catálogo tem o objetivo de oferecer aos jovens sul-mato-grossense um:
Guia de escolha profissional para auxiliá-los na visualização de um itinerário
formativo, e propiciar ao setor produtivo maior clareza entre a oferta educativa e sua
relação com os postos de trabalho. O Catálogo visa, ainda, disponibilizar para a
sociedade brasileira um instrumento que relaciona, para cada curso técnico,
importantes informações, tais como: atividades principais desempenhadas pelo
técnico (o que faz), destaques em sua formação (o que estuda), possibilidades de locais
de atuação (onde trabalha), infraestrutura recomendada e carga horária mínima,
subsídios fundamentais para o exercício da cidadania no acompanhamento dos cursos
(CEE/MS, 2008).
O Parecer CNE/CEB nº 11/2008 do Ministério da Educação e do Conselho Nacional
de Educação informa ainda que o Catálogo é um instrumento que:
Define referências mínimas no sentido de balizar a concepção dos cursos e as opções
dos estudantes, cabendo à instituição ofertante ir além, atentando para a características
que os perfis profissionais precisam ter segundo o documento das Diretrizes
Curriculares Nacionais para os cursos técnicos de nível médio, sem fugir daquelas
básicas que conferem identidade ao curso (BRASIL, 2008).
De acordo com o I relatório do Estado de MS sob a indicação nº 055/2008, o
documento faz citação que o catálogo de cursos técnicos para os Conselhos Estaduais de
Educação será:
O Catálogo será uma referência para análise dos projetos de cursos, no que diz respeito
à garantia de parâmetros de qualidade, da infraestrutura recomendada, da definição do
perfil profissional proposto e da viabilidade de atuação no setor produtivo (CEE/MS,
2008).
A Indicação do CEE/MS nº 055/2008, aprovada na Sessão Plenária Extraordinária de
1ºde agosto de 2008, que aprova a Deliberação CEE/MS nº 8.830, de 1º de agosto de 2008
dispõe sobre a implantação do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio – CNCT
no Sistema Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul. Em seu Art. 1 delibera que:
O Catálogo Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio - CNCT, que organiza os
cursos de Educação Profissional Técnica de nível médio por eixos tecnológicos e
apresenta as denominações dos cursos com todas as suas exigências, será implantado
no Sistema Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, em conformidade com o
disposto nesta Deliberação (CEE/MS, 2008).
Já a Deliberação do CEE/MS nº 9.195, de 30 de novembro de 2009 que “Fixa normas
para a oferta da educação profissional técnica de nível médio no Sistema Estadual de Ensino de
Mato Grosso do Sul” delibera em seu Art. 1 que a educação profissional e tecnológica, no
“cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e
modalidades de educação e as dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia, abrangendo
cursos e programas” e, de acordo com o item II, recomenda que a [...] “Educação profissional
técnica de nível médio, destinada a proporcionar habilitação profissional a estudantes egressos
do ensino fundamental e a estudantes matriculados ou egressos do ensino médio, será oferecida
de acordo com o disposto nesta Deliberação” (CEE/MS, 2009).
No Capítulo II que trata da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, em seu
Art. 2º, ressalta que a educação profissional técnica de nível médio compreende as habilitações
profissionais técnicas de nível médio, as correspondentes qualificações profissionais e os cursos
complementares de especialização técnica.
Ainda de acordo com Art. 4º da referida Deliberação: “A oferta da educação
profissional técnica de nível médio deverá atender as Diretrizes Curriculares Nacionais, o
Catálogo Nacional de Cursos Técnicos e demais normas pertinentes e observar”:
II – as demandas dos cidadãos, do mercado e da sociedade, em sintonia com as
exigências do desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional; IV – o
perfil profissional do egresso do curso, em função das demandas identificadas em
coerência com as políticas de promoção do desenvolvimento sustentável da região
(CEE/MS, 2009).
Neste sentido, Frigotto, Ciavatta e Ramos (2012) analisam que a “necessidade de as
políticas públicas de formação profissional superarem o viés de assistencialista/compensatório
e promover a inclusão social”. É prosseguem em seus discursos ao afirmar que, [...] “assim,
elas devem estar necessariamente articuladas às políticas de desenvolvimento econômico
locais, regionais e nacional, ao sistema público de emprego, trabalho e renda, sem o que não é
possível oferecer perspectivas de melhorias da qualidade de vida e possibilidades de a
população prover seus próprios meios de existências” (2012, p. 39.).
Para tentar superar esse viés, um dos cursos oferecidos na rede estadual de ensino no
estado de MS é o Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio– Eixo
Tecnológico: Informação e Comunicação – Educação Profissional Técnica de nível médio, tem
uma estrutura curricular a ser desenvolvida em 03 (três) anos, com carga horária de 3500 (três
mil e quinhentas) horas teórico-práticas. De acordo com o projeto do curso a articulação entre
a Educação Profissional e o Ensino Médio dar-se-á de forma integrada (SED/MS, 2008).
Os teóricos (as) Frigotto, Ciavatta e Ramos (2012), analisam que essa característica do
ensino médio de ser “atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício
de profissões técnicas”, essa articulação estará:
Associada à realidade econômica e social brasileira, especialmente em relação aos
jovens das classes trabalhadores, remete a um compromisso ético da política
educacional em possibilitar a preparação desses jovens para o exercício de profissões
técnicas que, mesmo não garantindo o ingresso no mercado de trabalho, aproxima-o
do “mundo do trabalho” com maior autonomia (2012, p. 37).
Partindo dessas premissas, a organização curricular definida no projeto desse curso
foi organizada e está sendo desenvolvida de forma a alcançar os objetivos propostos para uma
educação profissional técnica atual, de modo a responder às mudanças econômicas,
tecnológicas e sociais atuais proporcionado a qualidade tanto na qualificação na educação
profissional técnica quanto a continuidade dos estudos no ensino superior do jovem sul-mato-
grossense.
Considerações Finais
Os resultados iniciais obtidos a partir dessa pesquisa indicam que o Estado de Mato
Grosso do Sul, aos poucos está implementando políticas que apontam o processo de integração
dessa modalidade de ensino onde o jovem tem a oportunidade a uma formação integral no
segmento público estadual.
O Catalogo Nacional de Cursos Técnico de Nível Médio e o mesmo que foi implantado
no Sistema Estadual de Ensino no Estado de MS continua vigente no estado, através dele são
oferecidos aos estudantes várias opções de curso. As várias opções que os estudantes tem
apresentam possibilita aos mesmos a escolha de formas e maneiras de se qualificar, além de
buscar a formação integral. A formação dos jovens por meio dos cursos de ensino médio, na
forma integrada (ensino médio e educação profissional técnica) na Rede Estadual de Ensino de
MS viabiliza condições para o exercício nas atividades de trabalho e até mesmo a continuidade
de seus estudos através do ensino médio integrado.
Portando a educação profissional técnica no Estado de Mato Grosso do Sul, vem
assegurando a todo os jovens sul-mato-grossense que tenham terminado o ensino fundamental
e queiram cursar o ensino médio integrado a oportunidade de se matricular em um desses cursos
proporcionando-lhes, o direito ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida
produtiva/educativa e social.
Referências Bibliográfica
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em
05/10/2016.
_____. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Brasília, 1996. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_
03/Leis/L9394.htm>. Acesso em 06/10/2016.
_____. Lei 11.741 de 16 de julho de 2008. Altera dispositivos da Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em
_____. Decreto nº 5.154 de 23 de julho de 2004. Regulamenta o art. 36 e os artigos 39 a 41 da
Lei nº 9.394/96. Senado Federal. Subsecretaria de Informações. Disponível em:
<http://www6.senado.gov.br/sicon>. Acesso em: 06/l0/2016.
_____. Resolução nº 3 de 9 de julho de 2008. Dispõe sobre a instituição e implantação do
Catálogo Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio. Ministério de Educação, Conselho
Nacional de Educação e Câmara da Educação Básica. Disponível em: < Dispõe sobre a
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