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Sumário
1. Estratégias de industrialização e desenvolvimento: razões para intervenção
2. Estado e industrialização2.1 Grã-Bretanha2.2 Alemanha2.3 Estados Unidos2.4 Rússia
3. Estado e industrialização: países em desenvolvimento3.1 Modelo Centro-Periferia3.2 Substituição de importações: América Latina3.3 Export-led growth: Ásia3.4 Capitalismo monopolista de Estado: China
4. SínteseBibliografia
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1. Estratégias de industrialização e
desenvolvimento: razões para intervenção
Visão clássica-neoclássica
Forças de mercado em regime de concorrência perfeita tendem, no longo prazo, a maximizar uso de recursos e sua eficiência alocativa de forma gerar o nível de bem-estar social ótimo (ótimo de Pareto).
Intervenção governamental éprejudicial
Visão crítica
Laissez-faire nem sempre garante níveis ótimos de investimento que é o determinante principal do crescimento econômico
O padrão de alocação de recursos via mecanismo de mercados raramente é o mais apropriado em termos de promoção do bem-estar.
Necessidade de intervenção governamental
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Razões para a intervenção governamental
A. Reduzida eficácia do mecanismo de mercado
B. Distribuição desigual da rendaC. Divergência entre custos e
benefícios sociais e privadosD. Dinâmica de acumulação
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A. Reduzida eficácia do mecanismo de mercado
Baixa mobilidade dos fatores: resposta dos fatores de produção aos sinais do mercado: lenta
� Baixa diversificação da produção� Baixa diversificação das competências (L)� Sistemas ineficientes de transporte e
desenvolvimento� Expectativa desfavorável quanto à durabilidade
dos incentivos via preços� Agricultura voltada para subsistência � Produção familiar: não-otimizadores� Rstrição de acesso a crédito
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B. Distribuição desigual da renda e da riqueza
Padrões de produção e investimento dependem da demanda final
� Concentração cria viés para produção e importação de produtos de luxo
� Baixo investimento em “basic needs”
� Vazamento de renda via contas externas: problema estrutural BOP
� Demanda de importados com baixa elasticidade-preço: menor grau de liberdade nas políticas de ajuste
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C. Divergência entre custos e benefícios sociais e privados
� Externalidades positivas e negativas� Uso de divisas� Efeito ambiental
� Quanto maior a diferença entre custos e benefícios (sociais e privados) maior a necessidade de intervenção governamental� Bens públicos
� Política de pleno emprego: mobilizar fatores com custo de oportunidade zero
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D. Dinâmica de acumulação
D. 1 Argumento da indústria nascente
� economias de escala e aprendizado� efeitos transbordamento (spill-overeffect)
=> Intervenção� Subsídios� Política comercial restritiva (MTs e MNTs)
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Dinâmica de acumulação, cont...
D. 2 Argumento da Estabilidade� Concentração da produção (ex. commodites)
� Volatilidade de preços, produção e renda� Crise de BOP
=> intervenção governamental� diversificação da estrutura de produção e
comércio (Modelo Centro-Periferia)� Políticas: padrão de investimento
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Dinâmica de acumulação, cont...
D.3 Vulnerabilidade externa
� Esferas� Comercial� Produtiva� Tecnológica� Monetário-financeira
=> Intervenção governamentalmudanças de preços relativoscontroles diretos: produtos, fatores e ativos intangíveis
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2. Estado e industrialização em
países desenvolvidos
2.1 Grã-Bretanha
2.2 Alemanha
2.3 Estados Unidos
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2.1 Grã-Bretanha
� Smith e Ricardo: crítica à Escola Mercantilista
� Papel-chave divisão do trabalho e comércio internacional
� Smith interessado nas políticas governamentais
� GB (sécs. XVI e XVII): dominação do Estado sobre a sociedade civil era menor do que na Europa continental
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Estado e iniciativa privada
� Atividade econômica interna e externa (expansão colonial Américas): principalmente privada
� Políticas protecionistas: século XVII e início século XVIII
� Liberalização comercial a partir do final do século XVIII
� Estado: “low profile”� garantia o “exclusivo colonial”
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Século XVII (take-off)
� Grupo dominante: comerciantes (expansão colonial)
� Convergência de interesses de frações de classe (processo virtuoso): � exportação para colônias � progresso técnico � aumento da renda capitalistas (frações
mercantil e industrial) e dos proprietários de terra =>
� Financiamento da acumulação de capital
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Intervenção governamental
� Política comercial restritiva: séc. XVIII� Proibida a importação de produtos têxteis da
Ásia
� Início reversão protecionismo: 1774� Comércio de escravos: proibição 1807� Privilégios monopolistas da Companhia da
Índia Oriental: diminuiu em 1774� Abolidas as Corn Laws: 1846� Meados séc. XIX: adesão ao Liberalismo
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Séculos XVII e XVIII
� Mudanças estruturais profundas� Estrutura da produção arícola� Progresso técnico
� Padrões de propriedade� Grandes empresas: setores comercial e
financeiro� Setor industrial: pequenas unidades –
artesãos
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Séculos XVII e XVIII, cont...
� Smith (1776): teoria da vantagem absoluta� especialização� divisão internacional do trabalho
� Crítica ao mercantilismo
� Ausência de intervenção governamental: Rejeição� regulamentação� protecionismo
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Tratado de Methuen, 1703
� Portugal concede tratamento preferencial para produtos britânicos em detrimento dos produtos da Alemanha e Holanda
� Triângulo de comércio: déficit de Portugal financiado com ouro do Brasil
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Século XIX: David Ricardo(On the Principles of Political Economy and Taxation, 1817)
Ricardo: intelectual orgânico da industrialização britânica assentada no liberalismo
Diretriz estratégica: livre comércio
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Conceito-chave: vantagem comparativa
� Ricardo (1817): teoria da vantagem comparativa: livre comércio� Especialização� Aumento da renda� Evitar efeito dos rendimentos decrescentes da
terra (elevação dos preços dos produtos agrícolas)
� Reduzir pressão sobre salário real� Elevar eficiência alocativa� Aumentar lucros� Estimular acumulação de capital
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2.2 Alemanha
� Mercantilismo: forte influência na Alemanha desde século XVII
� Estado: papel central convergência dos interesses nacionais (econômicos, privados) com os interesses do próprio Estado
� Início século XVIII: alguns principados da Alemanha já eram relativamente desenvolvidos
� Fortes laços comerciais com GB e França� Importação tecnologia e mão-de-obra qualificada
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Obstáculos à industrialização
� Mais importante: “balkanização” – mias de 350 principados (Tratado de Westfália, 1648)
� Superação via unificação política
� Processo de unificação política caminha junto com processo de consolidação da industrialização (1814-70)
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Século XIX: Friedrich List(Sistema Nacional de Economia Política, 1841)
List: intelectual orgânico da industrialização alemã assentada na intervenção estatal
Diretriz estratégica: argumento da indústria nascente, papel ativo do Estado
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List: estratego
� Identificou ponto fracos e enorme potencial da Alemanha
� Diretriz política: nacionalismo
� Mudança => reverter tendências
� Estágios do desenvolvimento: caça => agricultura => agricultura + manufaturas => agricultura + manufatura + comércio
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Diretrizes estratégicas
� Enfoque: Economia Política (poder e riqueza)
� Econômica: industrialização cum indústria nascente � Protecionismo� Política comercial depende do nível de
competitividade internacional� Política de investimentos (política industrial)
� Política: unificação dos principados sob hegemonia da Prússia� Integração regional: união aduaneira (1828-88) -Zollverein
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Argumento da indústria nascente
� Não contradiz a lógica do livre comércio
� Proteção gera resultados positivos no longo prazo
� Vantagem comparativa dinâmica � Economias de aprendizado� Economias de escala
� Geração de vantagem comparativa� Setor específico� Dimensão temporal
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Unificação política e econômica
� Zollverein (1828-88) – união aduaneira� Harmonização de estruturas tarifárias� Harmonização de estruturas tributárias� Eliminação de barreiras (tarifas) internas na
Prússia: 1816-17� Liberalização do comércio regional� Mercado regional ampliado� Estímulo à especialização: grãos, carvão, têxtil
� Unificação grandes avanços: 1834-51
� Sistema de transporte regional (estradas)
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Industrialização acelerada
� Impulso da integração: ferrovias –acesso a mercados regionais
� Expansão da produção industrial (1830 em diante)� Mineração, metalurgia� Grande escala (tecelagem lã)
� Progresso técnico (meados séc. XIX)� Siderurgia, metalurgia
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Industrialização, ...
� Importação mão-de-obra qualificada (britânicos e belgas)
� Expansão das exportações depois de 1863
� Mudanças organização da produção� do artesão à grande empresa –
sociedade anônima� Empresas estatais: carvão,
siderurgia, armamentos, ferrovias
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Industrialização,...
� Financiamento: bancos com investimentos na indústria (capital financeiro)
� Estado: participação acionária em empresas industriais e bancos
� Uso de recursos externos (K, L, tecnologia) sob controle nacional
� Expansão colonial (China, África Oriental)� Mercados� Fontes de matéria-prima
� Absorção interna: mais importante que DEL
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Alemanha - síntese
� Estado como instrumento de organização econômica nacional
� Papel ativo e abrangente do Estado
� Estímulo à acumulação de capital, progresso técnico e concorrência
� Liberalização: controlada pelo Estado
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2.3 Estados Unidos
� Protecionismo: papel-chave na industrialização
� Industrialização: impedimentos políticos� Período colonial: GB Depois da
independência (1776): interesses agrárias do Sul
� Norte dos EUA: pressão política a favor da industrialização
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EUA, século XIX: Alexander Hamilton(Report on Manufactures, 1791)
Hamilton: intelectualorgânico daindustrializaçãoestadunidense
Diretriz estratégica:substituição deimportações, indústria nascente
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Report on Manufactures
� Concorrência estrangeira impede industrialização
� Intervenção governamental: política da indústria nascente� proteção� subsídio
� Tarifas de importação (ou proibição)� Convergência das visões walpoliana
(1724) e hamiltoniana (1791)
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Protecionismo
� Guerra com GB (1812) => aumento das tarifas
� Guerra: proteção “natural”
� Proteção “natural”: elevado custo de transporte transatlântico (vapor, 1870)
� Lei tarifária 1816: tarifas 35%
� Reação negativa dos estados do Sul
� Entretanto, novos aumentos de tarifa: protecionismo moderado (1846-61)
� Influência: Henry C. Carey (primeira metade do século XIX)
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Protecionismo: Reino Unido, Estados Unidos e Brasil, 1820-1950
Tarifa média: 1820-1975 (%)
0
10
20
30
40
50
60
1820 1875 1913 1925 1931 1950
Reino Unido Estados Unidos Brasil
Média: EUA = 38% > Brasil = 24%
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Ponto de inflexão: Guerra de Secessão (1861-65)
� Causas: escravidão e protecionismo (tarifas)
� Lincoln (1860) � antiescravista moderado
� Abolição: 1862
� defensor ferrenho da proteção àindústria nascente
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Grande Depressão, 1930
� Tarifa Smoot-Hawley: tarifa média subiu
� 1925 = 37%� 1931 = 48%
� Liberalização comercial: só depois da II GG
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EUA - síntese
� Instrumento-chave da industrialização: política comercial restritiva (protecionismo)� Início séc. XIX: têxtil� Meados séc. XIX: ferro e aço
� Integração regional: Guerra de Secessão (1860-65)
� Abolição da escravidão: ampliação do mercado interno
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Cont...
� EUA nunca praticaram o livre-comércio
� Uso de MNTs no período mais recente
� EUA: 1800-1920� Maior crescimento� Mais elevado protecionismo
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Intervenção governamental além do protecionismo
� Promoção de pesquisas agrícolas� Financiamento� Criação de institutos de pesquisa � Concessão de terras
� Financiamento de C&T� Indústria farmacêutica, etc
� Investimentos públicos� educação pública� infra-estrutura
� Compras governamentais: indústria de defesa� Complexo industrial-militar
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3. Estado e industrialização: países em
desenvolvimento
3.1 Estado e industrialização em perspectiva histórica
3.2 Modelo Centro-Periferia
3.3 Substituição de importações: América Latina
3.4 Export-led growth: Ásia
3.5 Capitalismo monopolista de Estado: China
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Bibliografia
� Chang, H-J., Chutando a Escada. A Estratégia do Desenvolvimento em Perspectiva Histórica. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
� Ballance, R. H., Absari, J. A, Singer, H. W. TheInternational Economy and Industrial Development: The Impact of Trade andDevelopment on the Third World. Londres: Wheatsheaf Books, 1982.
� Eshag, E. Fiscal and Monetary Policies andProblems in Developing Countries. Cambridge: CUP, 1983.
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Cont,...
� Polany, K. A Grande Transformação. As origens da nossa época. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1980 (1944).
� Bairoch, P. Mythes et Paradoxes d l´HistoireÉconomique. Paris: La Découverte, 1999.
� Cano, W. América Latina: do Desenvolvimentismo ao Neoliberalismo. In: Fiori, J. L. (org.). Estados e Moedas no Desenvolvimento das Nações. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
� Barbosa, W. do N. Relembrando a formação da CEPAL. Pesquisa & Debate. PUCSP, vol. 15, n. 2 (26), 2004, p. 176-199.