Download - Os Psicopatas - Psicologia Forense
CAPA
CONTRA CAPA
“ O homem é o único ser capaz de
fazer mal a seu semelhante pelo
simples prazer de fazê-lo.”
(Schopenhauer)
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, pela saúde, fé e
perseverança que tem nos dado. Aos nossos amados pais, por se constituírem
diferentemente enquanto pessoas, igualmente belos e admiráveis em essência,
pelo estímulo a buscar vida nova a cada dia e terem aceitado se privar de
nossa companhia pelos estudos, concedendo-nos a oportunidade de nos
realizar ainda mais. Ao nosso querido Professor Roberto Fauri, pelo estímulo
acadêmico e por abreviar a incansável busca ao conhecimento.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 7
1 - PSICOPATIA.................................................................................................. 8
2 - PSICOPATAS – Conceitos e Definições....................................................... 9
3 – O CÉREBRO PSICOPATA...........................................................................
13
4 – TIPOS DE PSICOPATAS.............................................................................
15
4.1 - Psicopata Social...................................................................................
15
4.2 - Psicopata Carente de Princípios...........................................................
16
4.3 - Psicopata Malévolo...............................................................................
17
4.4 - Psicopata Dissimulado.........................................................................
18
4.5 - Psicopata Ambicioso...........................................................................
20
4.6 - Psicopata Explosivo..............................................................................
21
5 – ALGUNS PSICOPATAS BRASILEIROS.......................................................
22
5.1 Psicopatas em Mato Grosso do Sul........................................................
26
6 – PSICOPATIA EM MULHERES.....................................................................
27
6.1 – Grandes Assassinas..........................................................................
30
7 - MENTE CRUEL, ROSTO AGRADÁVEL......................................................
31
8 - TENDÊNCIA A PSICOPATIA PODE SER DETECTADA.............................
32
8.1 - O Que os Pais Podem Fazer ? ...........................................................
32
9 - VOCÊ PENSA COMO UM PSICOPATA ? ..................................................
35
10 - APLICAÇÕES FORENSES........................................................................
36
10.1 - Face à Lei Penal................................................................................
36
11 - DA CULPABILIDADE..................................................................................
38
11.1 - Imputabilidade..................................................................................
38
11.2 - Inimputabilidade.................................................................................
39
11.2.1 - Doença Mental.......................................................................
40
11.2.2 - Desenvolvimento Mental Retardado......................................
41
11.2.3 - Desenvolvimento Mental Incompleto.....................................
41
11.3 - Modalidade........................................................................................
45
12 - MEDIDAS DE SEGURANÇA......................................................................
44
12.1 - Conceitos..................................... ....................................................
44
12.2 - Pressupostos............................................. .......................................
44
12.3 – Modalidade............................................. ..........................................
45
12.4 – Aplicação............................................. .............................................
46
12.5 – Prazo............................................. ..................................................
48
13 – DO LAUDO DE CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE..............................
49
14 – ENTREVISTA COM ROBERT HARE........................................................
52
15 – TESTE DE PSICOPATOLOGIA DE ROBERT HARE.................................
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CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................. ..................................
69
REFERÊNCIAS............................................. ....................................................
70
ANEXOS............................................. ...............................................................
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INTRODUÇÃO
Visa o presente trabalho, a realização de um estudo acerca dos autores
de homicídios portadores da psicopatologia denominada “distúrbio
de personalidade anti-social” , também conhecida como psicopatia.
Como metodologia o trabalho teve como fonte primordial a pesquisa
bibliográfica, desenvolvida a partir da consulta de diversos títulos da área das
ciências jurídicas, médicas e psicológicas. Sendo feita ainda a análise da
jurisprudência de Tribunais estaduais e superiores, além da análise de textos
legais.
Após compreender o que leva o agente portador desta psicopatologia a
praticar delitos, estudaremos como são punidos no atual sistema penal
brasileiro, e como será seu tratamento após o cumprimento da pena à ele
aplicada.
Dando seguimento, o tópico posterior, traz uma entrevista com
o pesquisador canadense Robert Hare, um dos maiores especialistas do
mundo em sociopatia criminosa, e criador da escala de psicopatia (PCL-R -
Psychopathy Checklist Revised) que é o último assunto abordado, anterior ás
considerações finais.
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1 - PSICOPATIA
Psicopatia é um construto psicológico que descreve um padrão de
comportamento anti-social crônico. A expressão é muitas vezes utilizada sem
distinção com o termo sociopatia.
A psicopatia tem sido a perturbação de personalidade, mas atualmente
o termo pode legitimamente ser utilizado no sentido jurídico, “transtorno de
personalidade psicopática” no âmbito da saúde mental. Pode também servir
como um descritor de transtorno de personalidade anti-social definido pela
Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R).
A psicopatia é frequentemente co-mórbida com outros distúrbios
psicológicos (especialmente transtorno de personalidade narcísico).
A psicopatia é diferente da sociopatia. Embora quase todos os
psicopatas tenham transtorno de personalidade anti-social, apenas alguns
indivíduos com transtorno de personalidade anti-social são psicopatas. Muitos
psicólogos acreditam que a psicopatia recaia sobre um espectro de narcisismo
patológico.
A Psicopatia é frequentemente confundida com outros distúrbios de
personalidade, tais como transtorno de personalidade dissocial, narcísica e
esquizóide (bem como outros).
Também é importante notar que “psicopatia” é uma síndrome ou um
construto psicológico, enquanto o transtorno de personalidade anti-social é um
diagnóstico.
O interesse em características de índole psicopática remonta a
Teofrasto, um estudante de Aristóteles, cuja descrição dos homens
inescrupulosos personifica as características do transtorno de personalidade
anti-social.
O interesse em características psicopáticas remonta à época colonial.
Nesses tempos, uma pessoa com esta doença mental seria considerada como
algo relacionado com posse demoníaca.
As origens do TPaS, é significativamente semelhante ao daquelas
pessoas com Transtorno Narcísico da Personalidade. Assim como os pacientes
narcísicos, pacientes com TPaS, têm história de negligencia e abuso na
infância por parte de seus pais. Os psicopatas não alcançaram o nível evolutivo
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da constância objetal (Mahler, 1975) e assim, eles não possuem uma introjeção
materna tranquilizadora, como acontece com as pessoas comuns.
Como os pacientes com TNP, eles têm um self grandioso e patológico.
Normalmente o que se pode observar na história do paciente psicopata é que,
segundo Kohut, ele teve uma experiência de relacionamento inicial com uma
mãe estranha, que não merecia confiança talvez, por sua instabilidade, e nutria
certa maldade em relação à criança (característica comum às mães
narcísicas). A falta de confiança básica, associada à ausência de experiências
amorosas com a figura materna, apresentam graves implicações no
desenvolvimento do psicopata. O processo de amadurecimento do psicopata, é
interrompido de maneira abrupta, antes que se complete o processo de
separação e individualização. Um movimento semelhante ocorre com o
paciente narcísico.
Os psicopatas têm um Ego grandioso e patológico e seu Super Ego
que é a instância moral parece completamente ausente ou então, está frouxa.
O Super Ego é um poderoso agente da realidade e que vai formar-se, não à
imagem dos pais, mas à imagem do Super Ego deles de forma que os valores
morais de nossos pais passam a ser os nossos valores morais. Pensando
assim, temos que concluir que o psicopata teve pais que não tinham nenhum
valor moral ou, foram tão insidiosamente ruins que impediram qualquer
tentativa de identificação por parte criança. Não havendo tal identificação, não
há Super Ego e assim, temos indivíduos que parecem destituídos de qualquer
humanidade. Seu único sistema de valores é o exercício do poder e da
agressão.
2 – PSICOPATAS - Conceitos e Definições
Pessoas manipuladoras, sem nenhuma consideração pelo próximo,
sem inclusive reconhecer seus semelhantes como seres humanos. Essas e
outras tantas características descrevem o psicopata.
O psicopata define-se por uma procura contínua de gratificação
psicológica, sexual, ou impulsos agressivos e da incapacidade de aprender
com os erros do passado. Usando terminologia freudiana, a personalidade
psicopática ocorre quando o ego não pode mediar entre o id e o super-ego,
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permitindo assim o id de se reger pelo princípio do prazer, e o super-ego não
tem nenhum controle sobre as ações do ego. Em outras palavras, os indivíduos
com esta desordem ganhariam satisfação através dos seus comportamentos
anti-sociais, associados a uma falta uma consciência.
Dentre tantas peculiaridades do psicopata a que mais chama a atenção
é a ausência de culpa. O psicopata usa as pessoas para obter o que deseja,
seja usando a crueldade para obter prazer, ou através da usura e exploração.
Tem para si que seus atos não são maléficos e não causam nenhum dano a
outrem, assim como não reconhecem suas atitudes como erradas. Ele não
entende porque as pessoas ficam aterrorizadas perante suas atitudes. Isso se
deve ao fato dele não reconhecer os sentimentos humanos, não podendo,
assim, ter uma empatia com o outro. Além disso, diferentemente do que se
pensa essa patologia não causa delírios ou alucinações.
A psicopatia muitas vezes se manifesta ainda na infância e geralmente
é confundida com agressividade. Crianças que manifestam crueldade gratuita,
principalmente com animais, devem ser bem observadas.
Nas situações em que o psicopata não pratica atos passíveis de
punição judicial, pode ter uma ascensão profissional digna de nota.
Prejudicando os colegas e sendo desprovido de escrúpulos para obter
benefícios próprios, o psicopata consegue, por exemplo, subir de cargo em
uma empresa, ou manter-se no poder usando subterfúgios imorais ainda que
sem cometer atos ilícitos. Quem não conhece alguém assim?
Estudos avaliam as diferenças entre os psicopatas não criminosos e os
psicopatas criminosos. Tais estudos não chegam a uma opinião conclusiva
para a questão: os psicopatas não criminosos não cometeram crimes ou
apenas conseguiram ludibriar a polícia? As avaliações feitas nesses dois
grupos de psicopatia mostraram semelhanças no comportamento de ambos,
quase indistinguíveis. Os estudos revelam também que a personalidade e a
propensão para atitudes imorais são semelhantes entre os grupos. O que os
diferencia basicamente seria o meio onde o indivíduo está inserido, se
beneficiado com educação e segurança familiar, a faceta criminosa não seria
instalada.
Esses estudos visam principalmente desmistificar algumas idéias
acerca dos psicopatas que normalmente são associados a maníacos
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criminosos com disfunções neurológicas. Ao contrário do que se pensa a
maioria dos psicopatas não são violentos e a maioria das pessoas violentas
não é psicopata.
Especialistas dizem que os psicopatas em sua grande maioria são
homens. Os motivos para esta desproporção entre os gêneros ainda é
desconhecido. A frequência entre as populações é praticamente a mesma, não
havendo alterações estatísticas entre ocidentais e orientais e nem entre
populações que tem ou não acesso a culturas modernas.
ALVES GARCIA os conceitua:
“Chamamos personalidades psicopáticas a certos indivíduos que, embora apresentem um certo padrão intelectual, algumas vezes até elevados, exibem através de sua vida distúrbios da conduta, de natureza anti-social ou que colidem com as normas éticas, e que não são influenciáveis pelas medidas médicas e educacionais ou insignificantemente modificáveis pelos meios curativos e corretivos”
FRANÇA define-os:
“As personalidades psicopáticas são grupos nosológicos que se distinguem por um estado psíquico capaz de determinar profundas modificações do caráter e do afeto, na sua maioria de etiologia congênita. Não são, essencialmente, personalidades doentes ou patológicas, por isso seria melhor denominá-las personalidades anormais, pois seu traço mais marcante é a perturbação da afetividade e do caráter, enquanto a inteligência se mantém normal ou acima do normal.”
Para SICA “Segundo alguns autores (e por todos, Robert Hare, 1970, 1991 e 1993), a psicopatia representa uma desordem de personalidade dissociativa, anti-social ou sociopática, ou seja, uma forma especifica de distúrbio de personalidade com um peculiar padrão de sintomas ligados às esferas interpessoal, afetiva e comportamental. Esta a razão pela qual o psicopata assume, nos relacionamentos com os demais, sentimentos de superioridade e arrogância, insensibilidade, ausência de sentimento de culpa e impulsividade.”
Desde que em 1986 Kraepelin definiu a personalidade psicopática,
iniciou-se um grande debate científico na doutrina psiquiátrica. O conceito de
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psicopatia ocupou um papel fundamental, apesar de que sua delimitação não
estimule consenso algum. O numero de personalidades psicopáticas e a
etiologia diversificada que se atribui a tais quadros clínicos e os traços de
personalidade descritos em cada caso demonstram a complexidade do
problema.
Almeida Júnior e Costa Júnior, comentando a particularidade da
denominação de cada autor, colocam as personalidades psicopáticas entre as
personalidades normais e as psicóticas (estas de pouco intelecto ou alienação
mental), não o isentando inteiramente da responsabilidade penal.
Cuida de importante distinção, pois as psicoses, embora com sintomas
comuns, são mais graves e destroem a personalidade da pessoa, prejudicando
o seu senso de realidade, causando delírios, alucinações e impossibilitando o
convívio social.
A definição de psicopata trazida pela primeira vez no DSM ( Diagnostic
and Statistical Manual of mental Disorders ), da Associação Americana de
Psiquiatria trouxe em seu texto:
“A expressão (psicopata) é reservada basicamente para indivíduos que estão sem socializar, e cujos padrões de conduta lhes levam a contínuos conflitos com a sociedade. São incapazes de uma lealdade relevante com indivíduos, grupos e valores sociais. São extremamente egoístas, insensíveis, irresponsáveis, impulsivos e incapazes de se sentirem culpados e de aprender algo com a experiência do castigo. Seu nível de tolerância de frustrações é baixo. Inclinam-se a culpabilizar os outros ou a justificar de modo plausível sua própria conduta.”
Atualmente, em conformidade com a CID 10 (Classificação
Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde), tais pessoas são
cientificamente conceituadas como portadoras de “transtornos específicos da
personalidade”, que apresentam “perturbação grave da constituição do caráter
e das tendências comportamentais do indivíduo, usualmente envolvendo várias
áreas da personalidade e quase sempre associada a considerável ruptura
pessoal e social. O transtorno tende a aparecer no final da infância ou
adolescência e continua a se manifestar pela idade adulta”.
As principais características de um psicopata:
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CHARME - Tem facilidade em lidar com as palavras e convencer
pessoas vulneráveis. Por isso, torna-se líder com freqüência. Seja na política,
no trabalho ou na cadeia.
INTELIGÊNCIA - O QI costuma ser maior que o da média: alguns
conseguem passar por médico ou advogado sem nunca ter acabado o
Colegial.
AUSÊNCIA DE CULPA - Não se arrepende nem tem dor na
consciência. É mestre em botar a culpa nos outros por qualquer coisa. Tem
certeza que nunca erra.
ESPÍRITO SONHADOR - Vive com a cabeça nas nuvens. Mesmo se a
situação do sujeito é miserável, ele só fala sobre as glórias que o futuro lhe
reserva.
HABILIDADE PARA MENTIR - Não vê diferença entre sinceridade e
falsidade. É capaz de contar qualquer lorota como se fosse a verdade mais
cristalina.
EGOÍSMO - Faz suas próprias leis. Não entende o que significa “bem
comum”. Se estiver tudo OK para ele, não interessa como está o resto do
mundo.
FRIEZA - Não reage verdadeiramente ao ver alguém chorando ou
sofrendo.
PARASITISMO - Quando consegue a amizade de alguém, suga até a
medula.
3 – O CÉREBRO PSICOPATA
Recentes resultados de pesquisas em neurociências começam a lançar
algumas luzes no que se refere à psicopatia. A falta de empatia, a falta da
culpa, as emoções superficiais, a mentira compulsória e manipuladora, a
crueldade e o sangue frio são características de todos os psicopatas.
Em alguns estudos os psicopatas, diferente das pessoas que não têm
esse Transtorno de Personalidade, respondiam a estímulos carregados
emocionalmente da mesma forma que respondiam a estímulos neutros. Isso
demonstra que os psicopatas são destituídos de afeto, em várias áreas. Em
outros estudos, se observou que os psicopatas não reagem com alterações
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fisiológicas a mudanças surpreendentes no ambiente. Pessoas normais
reagem fisiologicamente diante de um fato surpreendente, podendo piscar, por
exemplo. Tais resultados podem sugerir que os psicopatas causam dor sem
sentirem-se incômodos ou constrangidos, ao contrário, parecem fazê-lo de boa
vontade e até mesmo com certo prazer. Geralmente eles sabem que estão
ferindo por causa de um sentimento intelectual abstrato (intenção), já que lhes
falta a empatia para compreender o efeito do que causam naqueles a quem
agridem.
Recentes estudos feitos com imagens do cérebro, através de aparelhos
modernos como Ressonância Magnética, sugerem, segundo Hare, uma
possível base neurofisiológica para o fracasso da significação emocional nos
indivíduos com esse tipo de transtorno. No cérebro dos psicopatas, os
mecanismos que normalmente afetam os processos cognitivos podem ser
ineficientes ou inoperantes.
Os neurologistas brasileiros Jorge Moll e Ricardo de Oliveira-Souza, da
Unidade de Neurociência Cognitiva e Comportamental da Rede Labs-DOr, do
Rio de Janeiro, num estudo com ressonância magnética de altíssima precisão,
usaram 15 pessoas normais sem nenhum histórico de distúrbios neurológicos e
15 pessoas diagnosticadas como "psicopatas comunitários". Não se tratava de
assassinos ou pessoas violentas, e sim as chamadas "ervas daninhas", que
corroem a sociedade e as relações.
Enquanto essas pessoas estavam dentro do aparelho de ressonância,
eram submetidas a diversas imagens e sons, alternando entre cenas
horripilantes e outras neutras. Nesses momentos, os cérebros naturalmente
faziam mais ou menos julgamentos morais.
As imagens mostraram que no cérebro psicopata há pouca atividade
nas estruturas ligadas às emoções morais e às primárias (aquelas que
compartilhamos com os animais, como o medo, por exemplo) e um aumento da
atividade nos circuitos cognitivos. Ou seja: os psicopatas comunitários, assim
como os violentos, parecem funcionar com muita razão e pouca emoção.
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Tomografia do cérebro de um indivíduo normal (à esquerda) comparada com a de um assassino (à direita), que apresenta baixa atividade metabólica no córtex pré-frontal pela ausência de pontos vermelhos e amarelos.
4 – TIPOS DE PSICOPATA
4.1 - O Psicopata Social
Dentre as variações da Psicopatia, o Psicopata Social é aquele que
causa sofrimento a um grupo de pessoa, uma comunidade ou até mesmo a
sociedade como um todo, sem esboçar qualquer arrependimento. Nada deixa
esses indivíduos com peso na consciência. Não existe ramo de atuação
humana onde se encontra mais esse tipo do que na política(com honradas
exceções é claro). Estes manipuladores sociais roubam, mentem, trapaceiam,
caluniam, e nunca acham que faz alguma coisa de errado; não estão nem aí
para o sofrimento alheio. Geralmente possuem uma esperteza superior, uma
inteligência acima da média e habilidade para manipular quem está a sua volta.
Não são Sábios, são inteligentes, porque o sábio usa o seu raciocínio e o seu
saber para a resolução dos problemas dele e de todos, pensando sempre no
crescimento e na felicidade coletiva.
Justamente por achar que não faz nada de errado, o Psicopata Social
repete seus erros e não conhece emoções e sentimentos nobres tais como o
arrependimento, a solidariedade, o amor ao próximo e a compaixão. O país
que se dane, a cidade que se dane, o povo que se dane! É assim que ele
pensa no seu íntimo. A habilidade de mentir e manipular despudoradamente,
muitas vezes sem levantar suspeitas, de hipnotizar platéias com sua lábia, seu
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dom de oratória, faz com que ele se saia bem na política e na liderança de
grupos. Vide: Mussolini, Hitler, Nero, Átila, Collor, etc. são tecnicamente
incapazes de frear seus impulsos sacanas e se munem de desculpas para
justificar seu comportamento quando necessário, com a destreza e o talento de
um brilhante ator.
Os Psiquiatras defendem que, apesar desta mentalidade doentia, eles
devem ser responsabilizados pelos seus erros, porque possuem plena
consciência de que seus atos não são corretos. E se cometem crimes, devem ir
para cadeia como os outros criminosos por ameaçar a convivência sadia, justa
e harmônica da sociedade.
4.2 - O Psicopata Carente de Princípios
Este tipo de psicopata se apresenta freqüentemente associado às
personalidades narcisistas e histéricas. Podem até conseguir manter-se com
êxito nos limites do legal. Estes psicopatas exibem com arrogância um forte
sentimento de auto valorização, indiferença para com o bem estar dos outros e
um estilo social continuamente fraudulento. Existe neles sempre a expectativa
de explorar os demais (esse traço pode corresponder ao estilo dominante dos
Psicopatas Primário e Secundário de Blackburn).
Há neles uma consciência social bastante deficiente e se faz notória
uma grande inclinação para a violação das regras, sem se importarem com os
direitos alheios. A irresponsabilidade social se percebe através de fantasias
expansivas e de grosseiras, contumazes e persistentes mentiras.
Falta, nesses Psicopatas Carentes de Princípios, o Superego. Essa
falta é responsável pelos seus relacionamentos inescrupulosos, amorais,
desleais e exploradores. Podem estar presentes entre sociedades de artistas e
de charlatões, muitos dos quais são vingativos e desdenhosos com suas
vítimas.
O psicopata sem princípios mostra sempre um desejo de correr riscos,
sem experimentar temor de enfrentar ameaças ou ações punitivas. São
buscadores de novas sensações. Suas tendências maliciosas resultam em
freqüentes dificuldades pessoais e familiares, assim como complicações legais.
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Estes psicopatas narcisistas funcionam como se não tivessem outro
objetivo na vida, senão explorar os demais para obter benefícios pessoais. Eles
são completamente carentes de sentimentos de culpa e de consciência social.
Normalmente sua relação com os demais dura tempo suficiente em que
acredita ter algo a ganhar.
Os Psicopatas Carentes de Princípios exibem uma total indiferença
pela verdade, e se são descobertos ou desmascarados, podem continuar
demonstrando total indiferença. Uma de suas maiores habilidades é a
facilidade que têm em influenciar pessoas, ora adotando um ar de inocência,
ora de vítima, de líder, enfim, assumindo um papel social mais indicado para a
circunstância. Podem enganar a outros com encanto e eloquência. Quando
castigados por seus erros, ao invés de corrigirem-se, podem avaliar a situação
e melhorar suas técnicas em continuar a conduta exploradora.
Carentes de qualquer sentimento de lealdade, juntamente com uma
extrema competência em desempenhar papéis, os psicopatas normalmente
ocultam suas intenções debaixo de uma aparência de amabilidade e cortesia.
4.3 - O Psicopata Malévolo
Os Psicopatas Malévolos são particularmente vingativos e hostis. Seus
impulsos são descarregados num desafio maligno e destrutivo da vida social
convencional. Eles têm algo de paranóico na medida em que desconfiam
exageradamente dos outros e, antecipando traições e castigos, exercem uma
crueldade fria e um intenso desejo de vingança.
Além desses psicopatas repudiarem emoções ternas, há neles uma
profunda suspeita de que os bons sentimentos dos demais são sempre
destinados a enganá-los. Adotam uma atitude de ressentimento e de
propensão a buscar revanche em tudo, tendendo a dirigir a todos seus
impulsos vingativos. Alguns traços desses psicopatas se parecem com os
sádicos e/ou paranoides, com características beligerantes, mordazes,
rancorosos, viciosos, malignos, frios, brutais, truculentos e vingativos, fazendo,
dessa forma, com que muitos deles se revelem assassinos e assassinos
seriais.
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Quando os Psicopatas Malévolos enfrentam à lei e sofrem sanções
judiciais, ao invés de se corrigirem, aumentam ainda mais seu desejo de
vingança. Quando se situam em alguma posição de poder, eles atuam
brutalmente para confirmar sua imagem de força.
Irritados pelo freqüente repúdio social que despertam, esses
Psicopatas Malévolos estão continuamente experimentando uma necessidade
de retribuição agressiva, a qual pode, eventualmente, expressar-se
abertamente em atentados coletivos ou atitudes anti-sociais (a luta sociedade
versus eu). De qualquer forma nunca demonstram o mínimo sentimento de
culpa ou arrependimento por seus atos violentos. Ao invés disso, mostram uma
arrogante depreciação pelos direitos dos outros.
É curioso o fato de esses psicopatas serem capazes de dar uma
explicação racional aos conceitos éticos, capazes de conhecerem a diferença
entre o que é certo e errado, mas, não obstante, são incapazes de
experimentar tais sentimentos.
A noção ética faz com que o Psicopata Malévolo defina melhor os
limites de seus próprios interesses e não perca o controle de suas ações. Esse
tipo de psicopata se encontra entre os mais ameaçadores e cruéis. Ele é
invariavelmente destrutivo, sem misericórdia e desumano.
A noção de certo-errado faz com que esses psicopatas sejam
oportunistas e dissimulem suas atitudes ao sabor das circunstâncias, ou seja,
diante da autoridade jamais atuam sociopaticamente. Portanto, eles são
seletivos na eleição de suas vítimas, identificando sujeitos mais vulneráveis a
sua sociopatia ou que mais provavelmente se submetam aos seus caprichos.
Mais que qualquer outro bandido, este psicopata desfruta prazer em
proporcionar sofrimento e ver seus efeitos danosos em suas vítimas.
4.4 - O Psicopata Dissimulado
Seu comportamento se caracteriza por um forte disfarce de amizade e
sociabilidade. Apesar dessa agradável aparência, ele oculta falta de
confiabilidade, tendências impulsivas e profundo ressentimento e mau humor
para com os membros de sua família e pessoas próximas.
Na realidade, poderíamos comparar o Psicopata Dissimulado como
uma mistura bastante piorada dos transtornos Borderline e Histérico da
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Personalidade. Isso significa que ele pleiteia um estilo de vida socialmente
teatral, com persistente busca de atenção e excitação, permeada por um
comportamento muito sedutor.
O Psicopata Dissimulado é considerado como uma variante da
Personalidade Histriônica, continuamente tentando satisfazer sua forte
necessidade de atenção e aprovação. Essas características não estão
presentes no Psicopata Carente de Princípios ou no Malévolo, os quais
centram em si mesmo sua preocupação e são indiferentes às atitudes e
reações dos outros.
Esse subtipo dissimulado costuma exibir entusiasmo de curta duração
pelas coisas da vida, comportamentos imaturos de contínua busca de
sensações. Seguindo as características básicas e comuns a todos os
psicopatas, o dissimulado também tende a conspirar, mentir, a ter um enfoque
astuto para com a vida social, a ser calculista, insincero e falso. Muito
provavelmente ele não admite a existência de qualquer dificuldade pessoal ou
familiar, e exibe um engenhoso sistema de negações. As dificuldades
interpessoais são racionalizadas e a culpa é sempre projetada sobre terceiros.
A contundente falsidade é a característica principal deste subtipo. O
Psicopata Dissimulado age com premeditação e falsidade em todas suas
relações, fazendo tudo o que for necessário para obter exatamente o que quer
dos outros. Por outro lado, diferentemente do Psicopata Carente de Princípios
ou do Psicopata Malévolo, parece desfrutar prazerosamente do jogo da
sedução, obtendo excitação nas conquistas.
Mesmo aparentando intenções de proteger certas pessoas, o
Psicopata Dissimulado é frio, calculista e falso, caracterizando mais ainda um
estilo fortemente manipulador. Essa característica pode ser conseqüência da
convicção íntima de que ninguém poderá amá-lo ou protegê-lo, a menos que
consiga manipular a todos. Apesar de reconhecer que está manipulando seu
entorno social, tenta convencer aos outros de que suas intenções são boas e
que suas atitudes são, no mínimo, bem intencionadas.
Quando as pessoas com esse tipo de psicopatia são pressionadas ou
confrontadas, sentem-se muito encabuladas e suas reações oscilam entre a
explosão agressiva e vingança calculista. A característica afabilidade dos
Psicopatas Dissimulados é superficial e extremamente precária, estando
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sempre predispostos a depreciarem imediatamente a qualquer um que
represente alguma ameaça à sua hegemonia, chegando mesmo a perderem o
controle e explodirem em cólera.
4.5 - O Psicopata Ambicioso
Persegue avidamente seus engrandecimentos. Os Psicopatas
Ambiciosos sentem que a vida não lhes tem dado tudo o que merecem, que
têm sido privados de seus direitos ao amor, ao apoio, ou às gratificações
materiais. Normalmente acham que os outros têm recebido mais que eles, e
que nunca tiveram oportunidades de uma vida boa.
Portanto, estão motivados por um desejo de retribuição, de compensar-
se pelo que tem sido despojado pelo destino. Através de atos de roubo ou
destruição, compensam a si mesmos pelo vazio de suas vidas, sem importar-
lhes as violações que cometam à ordem social. Seus atos são racionalizados
através da idéia de que nada fazem senão restaurar um equilíbrio alterado.
Para os Psicopatas Ambiciosos que estão somente ressentidos, mas
que ainda têm controle minimamente crítico de seus atos, pequenas
transgressões e algumas aquisições são suficientes para aplacar essas
motivações. Mas para aqueles que têm estas características psicopáticas mais
desenvolvidas, somente a usurpação de bens e coisas alheias podem
satisfazê-los.
O prazer psicopático nos ambiciosos está baseado mais em tomar do
que em ter. Como a fome que os animais experimentam em relação à presa, os
Psicopatas Ambiciosos têm um enorme impulso para a rapinagem, e tratam os
demais como se fossem peões num tabuleiro de xadrez de poder.
Além de terem pouca consideração pelos efeitos de sua conduta,
sentindo pouca ou nenhuma culpa pelos efeitos de suas ações, como os
demais psicopatas, os ambiciosos nunca chegam a sentir que tem adquirido o
bastante para compensar suas privações. Independentemente de suas
conquistas, permanecem sempre ciumentos e invejosos, agressivos e
ambiciosos, exibindo todas as vezes que podem posses e consumo ostentoso.
A maioria deles é totalmente centrada em si mesma, contribuindo isso
para sua comum atitude libertina e em busca de sensações. Esses psicopatas
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nunca experimentam um estado de completa satisfação, sentindo-se não
realizados, vazios, desolados, independentemente do êxito que possam ter
obtido. Insaciáveis, estão sempre convencidos de que serão despojados de
seus direitos e desejos.
Ainda que o subtipo ambicioso seja parecido, em alguns aspectos, ao
Psicopata Carente de Princípios, ele exerce uma exploração mais ativa e sua
motivação central é manifestada através da inveja e apropriação indevida das
posses alheias. O Psicopata Ambicioso experimenta não só um sentimento
profundo de vazio, senão também uma avidez poderosa de amor e
reconhecimento que, segundo ele, não lhe ofereceram na infância.
4.6 - O Psicopata Explosivo
Diferencia-se das outras variantes pela emergência súbita e imprevista
de hostilidade. Estes psicopatas são caracterizados por fúria incontrolável e
ataque a outros, furor este freqüentemente descarregado sobre membros da
própria família. A explosão agressiva se precipita abruptamente, sem dar
tempo de prevenir ou conter.
Sentindo-se frustrados e ameaçados, estes Psicopatas Explosivos
respondem de uma maneira volátil, daninha e mórbida, fascinando aos demais
pela brusca forma com que os surpreende.
Desgostosos e frustrados na vida, estas pessoas perdem o controle e
buscam vingança pelos alegados maus tratos a que foram precocemente
submetidos. Em contraste com outros psicopatas, esses não se movem de
maneira sutil e afável. Pelo contrário, seus ataques explodem
incontrolavelmente, quase sempre, sem nenhuma provocação aparente. Esta
qualidade de beligerância súbita, tanto quanto sua fúria desenfreada distingue
estes psicopatas dos outros subtipos. Muitos são hipersensíveis aos
sentimentos de traição, a ponto de fantasiarem deslealdades o tempo todo.
5 - ALGUNS PSICOPATAS BRASILEIROS
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Suzane Louise von Richthofen
O Caso Richthofen é um processo polêmico que chocou a opinião
pública brasileira. Uma das rés, Suzane Louise von Richtofen, foi acusada de
ter planejado a morte dos próprios pais, com o auxílio do então namorado
Daniel Cravinhos e de seu irmão, Cristian Cravinhos. O júri do caso entendeu
que Suzane foi influenciada pelos irmãos, mas que poderia ter resistido e
evitado o crime.
O interesse da população pelo caso foi tão grande que a rede TV
Justiça cogitou transmitir o julgamento ao vivo. Emissoras de TV, rádios e
fotógrafos chegaram até ser autorizadas a captar e divulgar sons e imagens
dos momentos iniciais e finais, mas o parecer definitivo negou a autorização.
Cinco mil pessoas inscreveram-se para ocupar um dos oitenta lugares
disponíveis na platéia, o que congestionou, durante um dia inteiro, a página do
Tribunal de Justiça na internet. É dessas pessoas autorizadas que se conhece
o que houve no julgamento.
Francisco de Assis Pereira, o "Maníaco do Parque"
Francisco de Assis Pereira, vulgo "Maníaco do Parque", é um
criminoso brasileiro que estuprou, torturou e matou pelo menos seis mulheres e
atacou outras nove. O referido Parque é o Parque do Estado, situado na região
sul da cidade de São Paulo. Nesse local foram encontrados vários corpos das
vítimas.
Antes de ser preso e julgado ele já havia sido detido como suspeito,
mas liberado logo depois. Ao ver seu retrato falado nos jornais, ele fugiu para o
sul do país. Ao desaparecer, deixou apenas o jornal e um bilhete sobre a mesa.
Lamentava ter de ir embora, pedia desculpas pela forma repentina da partida.
"Infelizmente, tem de ser assim." Assinado: Francisco de Assis Pereira. No
mesmo dia, um empresário percebeu que havia algo de errado com o vaso
sanitário da empresa. Tentou consertar duas vezes, mas não conseguiu. Na
sexta-feira 24, quebrou o encanamento para descobrir a causa do entupimento
e encontrou um bolo de papéis queimados, misturado aos restos de um
churrasco feito no final de semana anterior, no cano de saída da privada. Entre
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as coisas que o empresário recolheu do cano estava à carteira de identidade
de Selma Ferreira Queiroz, parcialmente queimada. Selma foi uma das
mulheres cujo cadáver a polícia encontrou no Parque do Estado. Isso alertou
seus patrões (ele trabalhava como motoboy) que comunicaram à polícia que
assim descobriram sua identidade. Durante a fuga, causou desconfiança aos
moradores das cidades por onde passou, até que foi denunciado e preso,
sendo posteriormente enviado para São Paulo. Após ser capturado pela
polícia, o que mais impressionou as autoridades foi como alguém feio, pobre,
sem muita instrução, e sem armas conseguia convencer as mulheres a subir na
garupa de uma moto e ir para o meio do mato com um homem que tinham
acabado de conhecer.
Mohammed D'Ali Carvalho do Santos
O goiano Mohammed D’Ali Carvalho dos Santos, acusado pelo
esquartejamento da inglesa Cara Marrie Burke, 17 anos no ano de 2008..
Esquartejou o corpo para facilitar o transporte. E chegou a fotografar o
corpo mutilado. No celular do acusado, apreendido pela polícia, foi encontrada
a foto da garota inglesa já sem os antebraços e as partes inferiores das pernas.
A cabeça, também já decepada, aparecia sobre o tronco.
A faca e um par de luvas que Santos teria usado no crime foram
encontrados em um bueiro na rua do apartamento dele.
O golpe que matou a moça foi desferido pelas costas, acertando o
coração. O corpo teria sido levado para o box do banheiro, onde foi retalhado.
O tronco de Cara Marrie Burke foi encontrado dentro de uma mala às
margens do Rio Meia Ponte, na Região Leste da Capital.
Lindembergue Fernandes Alves
Em 13 de outubro de 2008, Lindemberg Fernandes Alves, então com
22 anos, invadiu o domicílio de sua ex-namorada, Eloá Cristina Pimentel, de 15
anos, no bairro de Jardim Santo André, em Santo André (Grande São Paulo),
onde ela e colegas realizavam trabalhos escolares. Inicialmente dois reféns
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foram liberados, restando no interior do apartamento, em poder do
seqüestrador, Eloá e sua amiga Nayara Silva.
No dia 14, Eduardo Lopes, o advogado do seqüestrador, passou a
acompanhar as negociações do cliente com o GATE (Grupo de Ações Táticas
Especiais). Às 22h50min desse dia, Nayara Rodrigues, 15 anos, amiga de
Eloá, foi libertada, mas no dia 15 a policia paulista mandou-a de volta para
continuar as negociações.
Após mais de 100 horas de cárcere privado, policiais do Grupo de
Ações Táticas Especiais (GATE) e da Tropa de Choque da PM de SP
explodiram a porta - alegando, posteriormente, ter ouvido um disparo de arma
de fogo no interior do apartamento - e entraram em luta corporal com
Lindemberg, que teve tempo de atirar em direção às reféns. A adolescente
Nayara deixou o apartamento andando, ferida com um tiro no rosto, enquanto
Eloá, carregada em uma maca, foi levada inconsciente para o Centro
Hospitalar de Santo André. O seqüestrador, sem ferimentos, foi levado para a
delegacia e, depois, para a cadeia pública da cidade. Posteriormente foi
encaminhado ao Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na cidade de
São Paulo.
Eloá Pimentel, baleada na cabeça e na virilha, não resistiu e veio a
falecer por morte cerebral confirmada às 23h30min de sábado (18 de outubro).
O caso também repercutiu no exterior; o jornal espanhol El
País destacou a comoção nacional pelo falecimento da jovem Eloá.
Silvia Calabrese Lima
Sílvia Calabrese, presa em março de 2008 em Goiânia, por maltratar e
torturar uma menina de 12 anos que morava com ela. A garota foi encontrada
em seu apartamento com os braços acorrentados em uma escada, uma
mordaça embebida em pimenta, dedos e dentes quebrados, unhas arrancadas,
marcas de ferro quente pelo corpo. Questionada, Sílvia alegou que estava
educando a criança e não mostrou nenhum arrependimento.
Guilherme Pádua
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Ator Guilherme de Pádua, que, após matar a atriz Daniella Perez com
golpes de punhal, em dezembro de 1992, foi ao velório prestar solidariedade à
mãe, Gloria Perez, e ao marido da vítima, o ator Raul Gazolla. Durante o
interrogatório, depois de se entregar, estava calmo e relatou o assassinato sem
esboçar reação alguma.
Kelly Dos Santos
Kelly dos Santos, 19 anos, presa em agosto de 2007, em São Paulo,
acusada de estelionato, furto e falsidade ideológica. Kelly se passava por rica e
cativava com sua simpatia e desenvoltura para depois furtar jóias, dinheiro,
cartões de crédito e talões de cheque. Quando não convencia, era arrogante,
fazia escândalo e destratava as pessoas.
Francisco das Chagas Rodrigues Brito – Meninos Emasculados
O mecânico Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, 41 anos, é
acusado de ter matado 42 meninos nos municípios maranhenses de São Luis,
Paço do Ludimar e São José de Ribamar, além de Altamira no Pará. A série de
assassinatos, ocorridos entre 1991 e 2003, ficou conhecida como o Caso dos
Meninos Emasculados e teve repercussão internacional.
O mecânico é considerado pela Justiça do Maranhão o maior serial
killer do Estado de todos os tempos e um dos principais do país pelo número
de vítimas e o tempo de ação dos crimes.
5.1 – Psicopatas em Mato Grosso do Sul
Gilmar Alberto Wasckmam, o "Canibal Gay"
Gilmar Alberto Wasckmam, de 53 anos, que ficou conhecido como o
“canibal gay” de Mundo Novo, MS, foi condenado em júri popular a cumprir 16
anos e três meses de pena, por matar um homem e comer pedaços de seus
órgãos. O crime foi cometido no dia 23 de novembro de 2007, em Mundo Novo,
município que fica a 460 quilômetros da capital, Campo Grande. Pelo crime de
homicídio, ele foi condenado a 15 anos de reclusão. Por ter comido partes dos
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órgãos da vítima, Gilmar foi condenado a um ano e três meses. A pena pelo
vilipêndio poderá ser cumprida em regime semi-aberto. A liberdade provisória
poderá ser concedida apenas depois que o homem cumprir dois quintos das
duas penas somadas, o que corresponde a pelo menos seis anos e quatro
meses de reclusão.
Maníaco da Cruz
Aos dezesseis anos foi preso depois de ter matado pelo menos 3
vítimas na localidade de Rio Brilhante, por considerá-las impuras,deixava os
corpos nus, e em forma de cruz para que as almas desses 'falsos cristãos'
obtivessem mais rápido o perdão divino.O assassino disse que é um fã
de Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque.
Vítimas do Maníaco da Cruz:
O pedreiro Catalino Gardena, 30, por ser alcoólatra e gay.
A frentista Letícia Neves de Oliveira, 22, por ser lésbica.
A estudante Gleice Kelly da Silva, 13, por ser usuária de drogas . Um
dia depois de ter matado Gleice, ele escreveu no perfil do Orkut da adolescente
aos que manifestavam luto e solidariedade à família que: “mortos não recebem
recado”.
Sempre de acordo com o seu julgamento, todos foram mortos
por asfixia. Antes de decidir quem matar, ele conversava com suas possíveis
vítimas para verificar se eram pecadoras. Carla escapou das garras dele
porque lhe pareceu ser uma pessoa correta, além de lembrar fisicamente a sua
namorada.
6 - PSICOPATIA EM MULHERES
Em geral, a psicopatia caracteriza-se por insensibilidade absoluta,
crueldade,impulsividade, emoções superficiais e ausência de remorso para os
atos cruéis.
Falta ao psicopata, empatia para com as pessoas à sua volta. Os
psicopatas são manipuladores e em geral, por causa da impulsividade, tendem
a envolver-se em atividades criminosas.
A impulsividade é um traço preponderante e até mesmo definidor da
psicopatia.
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Psicopatas não aprendem com as punições e nem com a experiência
e, por essa razão, são encontrados mais facilmente entre os marginais
aprisionados.
Eles acreditam ter uma certa imunidade natural para os limites da vida.
Mas a grande maioria dos psicopatas não está atrás das grades e sim, vivendo
de forma comum, sem nunca terem passado por uma delegacia.
Eles casam-se e tem filhos que serão pessoas problemáticas porque nós
sabemos hoje, que o ambiente tem um poder enorme sobre o desenvolvimento
e rumos do psiquismo.
A psicopatia é uma doença mental que tem vários graus de severidade.
Quando inteligentes, os psicopatas geralmente são persuasivos, carismáticos e
podem induzir as pessoas à sua volta a fazer coisas que eles não querem ou
não se sentem capazes de fazer. São indivíduos extremamente manipuladores.
Psicopatas em geral são mentirosos, mas, não aceitam quando a mentira é
aplicada a eles e por isso, exigem fidelidade e verdade daqueles com quem se
relacionam.
São muito preocupados consigo próprios. Outra característica dos
psicopatas é que não fazem planos a longo prazo e também não assumem a
responsabilidade por suas ações. Mas essa descrição é estabelecida para
psicopatas do sexo masculino.
Será que há uma correspondência de comportamentos para as
mulheres? Vários grupos de pesquisa compostos por psicólogos e psiquiatras
americanos têm se dedicado a estudar a psicopatia no sexo feminino. Em geral
os estudos estão sendo feito em prisões femininas com mulheres que matam e
agridem freqüentemente.
As conclusões atuais mostram que a psicopatia severa entre mulheres
é muito rara. O número de mulheres psicopatas pode ser previsto como sendo
um terço daqueles números prevalentes entre homens e que, por sua vez,
correspondem a 2 ou 3% da população geral. Os profissionais chegaram às
seguintes conclusões provisórias com relação à psicopatia feminina:
1.Os sintomas iniciais em geral, surgem já no inicio da vida.
2. Em alguns casos parecem existir evidências de que, quando
crianças, essas mulheres sofreram abusos sexuais (não é uma condição
necessariamente obrigatória).
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3. Tanto os homens como as mulheres partilham de um processo
comum na infância: negligência e abusos na relação com os pais.
4. Na melhor das hipóteses, as mulheres psicopatas foram criadas em
famílias onde eram introvertidas e tinham um profundo sentimento de
isolamento.
5. Na adolescência elas tornam-se dependentes de várias substâncias
como álcool e drogas.
6. Podem apresentar comportamentos sexuais perversos.
7. Essas mulheres têm um contato instável com a realidade. Esses
contatos tendem a ficar mais precários em situações emocionais intensas.
8. As mulheres psicopatas não apresentam problema com a
impulsividade que é um traço considerado central na psicopatia masculina.
Alguns estudiosos consideram que as mulheres psicopatas tendem a ser mais
paranóicas e histéricas.
9. Assim como os homens, as mulheres psicopatas têm grande
necessidade de controle e de poder. São persuasivas, sedutoras e
carismáticas, mas obtém seu intento de forma diferente.
10. As mulheres psicopatas não gostam de serem contrariadas.
11. Há muitos traços nas psicopatas femininas que coincidem com os
traços encontrados nos homens como insensibilidade, violência e agressão
sem que isso implique em culpa. Suas emoções são superficiais, achatadas.
12. As mulheres psicopatas em geral, estão entre aquelas que
assumem papeis preponderantes nos cuidados com os demais, como por
exemplo, enfermeiras e parteiras. Gostam de cuidar das pessoas á sua volta.
Aliás, foram nessas profissões que surgiram as grandes psicopatas
femininas e que tornaram-se serial Killers.
Como foi observado pelos pesquisadores, as mulheres portadoras de
psicopatia severa, na verdade, são casos muito raros. Mas existem. Segundo
Hare, um pesquisador há muito, envolvido com a pesquisa da psicopatia e seu
tratamento, desconfia que existem algumas alterações cerebrais envolvidas na
psicopatia.
Uma questão que sempre chama a atenção é que as pessoas, ainda
nos dias de hoje, tendem a ver tais atos como fruto de um comportamento
maldoso e não como fruto de uma doença muito séria.
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Creio que essa postura acaba trazendo alguns lucros que podem, num
outro momento, revelarem-se perversos. A doença, principalmente os
transtornos de personalidade, são condições que podem passar despercebidas
por muitos anos até que um dia se manifestam de maneira violenta e então,
nos confrontam com o que há de pior na vida: a morte e a violência. Essa
manifestação pode ser desastrosa e sempre vai depender do stress a que o
indivíduo é submetido.
6.1 - Grandes Assassinas
Elizabeth Bathory - Hungria
Matou de 40 a 600 pessoas entre 1600 e 1611. Ninguém sabe ao certo
o número de vítimas. Interessada em magia negra e acreditava que ficaria
jovem para sempre se tomasse banho em sangue humano. Então, matava e
usava o sangue das vítimas. Nunca foi condenada.
Mary Ann Cotton – Inglaterra
Matou de 15 a 21 pessoas, entre 1852 e 1872. Envenenava suas
vítimas com arsênico. Matou todos os maridos e boa parte dos filhos. O
objetivo era ficar com o seguro deixado pelos maridos, eliminando possíveis
herdeiros rivais. Foi enforcada em 24 de março de 1873.
Marybeth Tinning – EUA
Matou nove ou mais pessoas, entre 1972 e 1985. Matou todos seus
nove filhos, mas confessou ter sufocado apenas três. Condenada em 1987,
cumprindo pena até os dias atuais.
Martha Beck -EUA
Formou com o amante uma das mais famosas duplas de serial killers
no final dos anos 40. Conhecidos como Lonely Hearts, por escolherem suas
vítimas, entre viúvas de veteranos de guerra, através de correios sentimentais
em jornais. Martha manipulava o parceiro, era fria e calculista, apresentava-se
como irmã mais nova e juntos praticavam os crimes. Finalmente teve seu fim
na cadeira elétrica. Graças aos empenho de dois detetives, inconformados com
a audácia e crueldade das mortes, lutaram até o fim para capturar a dupla.
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Sua historia foi filmada com o nome de Lonely Hearts ou Os Fugitivos, o papel
de Martha coube a grande atriz Salma Hayek.
Marie Noe – EUA
Matou oito de seus dez filhos, entre 1940 e 1968. Teve dez filhos que
morreram um depois do outro. Confessou ter asfixiado quatro deles, mas as
provas indicavam que era culpada pelo assassinato de pelo menos oito.
Belle Gunnes – EUA
Matou mais de 40 pessoas, entre 1900 e 1908. Seus dois maridos
morreram subitamente, além de uma sogra, dois filhos e diversos amantes.
Envenenou boa parte das vítimas. Em 1908, desapareceu e não foi
encontrada.
7 - MENTE CRUEL, ROSTO AGRADÁVEL
Charmosos e simpáticos; mentirosos e manipuladores. Os psicopatas
não se importam de passar por cima de tudo e de todos para alcançar seus
objetivos. Egocêntricos e narcisistas, eles não sentem remorso, muito menos
culpa. Se algo ou alguém ameaça seus planos, tornam-se agressivos. São
mestres em inverter o jogo, colocando-se no papel de vítimas. E estão sempre
conscientes de todos os seus atos, pois, diferentemente do que ocorre em
outras doenças mentais, os psicopatas não entram em delírio.
A psicopatia atinge cerca de 4% da população (3% de homens e 1% de
mulheres), segundo a classificação americana de transtornos mentais. Sendo
assim, um em cada 25 brasileiros enquadra-se nesse perfil. Mas isso não
significa, é claro, que todos são assassinos em potencial.
Estudos coordenados por diversos pesquisadores, entre eles o
psicólogo americano Randall T. Salekin, da Universidade do Alabama, indicam
que, de fato, é comum que os psicopatas recorram à violência física e sexual.
No entanto, a maioria dos psicopatas não é violenta. Alguns pesquisadores
acreditam até que muitos sejam bem-sucedidos profissionalmente e ocupem
posições de destaque na política, nos negócios ou nas artes.
O psicólogo Leonardo Araujo, especialista em psicologia clínica pela
Universidade Tuiuti do Paraná, concedeu entrevista ao Comunicação On-line e
fala mais sobre a psicopatia e os psicopatas.
8 - TENDÊNCIA À PSICOPATIA PODE SER DETECTADA
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Mentiras frequentes, crueldade com coleguinhas e irmãos, baixíssima
tolerância à frustração, ausência de culpa ou remorso e falta de
constrangimento quando pegos mentindo ou em flagrante. Os pais podem ligar
o sinal de alerta caso essas características comportamentais (somadas a uma
série de outras, que podem ser vistas em lista abaixo) ocorram de maneira
repetitiva e persistente em crianças e adolescentes. É possível que os filhos
tenham "Transtorno de Conduta" e sejam candidatos à psicopatia quando
tornarem-se adultos.
"Podemos observar características de psicopatia desde a infância até a
vida adulta. Vale ressaltar que o diagnóstico exato só pode ser firmado por
especialistas no assunto", afirma a médica psiquiatra Ana Beatriz B. Silva,
autora do livro "Mentes Perigosas - O Psicopata Mora ao Lado" (Fontanar,
2008). "Além do mais, deve se atentar para a frequência e a intensidade com
as quais estas características se manifestam", explica.
8.1 - O que os pais podem fazer?
Como já foi dito anteriormente, podemos observar características de
psicopatia desde a infância até a vida adulta. Antes dos 18 anos, por uma
questão de nomenclatura, o problema é chamado de Transtorno da Conduta.
Crianças ou adolescentes que são francos candidatos à psicopatia possuem
um padrão repetitivo e persistente que podem ser sintetizados pelas
características comportamentais descritas abaixo:
Mentiras freqüentes (às vezes o tempo todo);
Crueldade com animais, coleguinhas, irmãos etc.;
Condutas desafiadoras às figuras de autoridade (pais, professores
etc.);
Impulsividade e irresponsabilidade;
Baixíssima tolerância à frustração com acessos de irritabilidade ou fúria
quando são contrariados;
Tendência a culpar os outros por seus erros cometidos;
Preocupação excessiva com seus próprios interesses;
Insensibilidade ou frieza emocional;
Ausência de culpa ou remorso;
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Falta de empatia ou preocupação pelos sentimentos alheios;
Falta de constrangimento ou vergonha quando pegos mentindo ou em
flagrante;
Dificuldades em manter amizades;
Permanência fora de casa até tarde da noite, mesmo com a proibição
dos pais. Muitas vezes podem fugir e levar dias sem aparecer em casa;
Faltas constantes na escola sem justificativas ou no trabalho (quando
mais velhos);
Violação às regras sociais que se constituem em atos de vandalismo
como destruição de propriedades alheias ou danos ao patrimônio público;
Participação em fraudes (falsificação de documentos), roubos ou
assaltos;
Sexualidade exacerbada, muitas vezes levando outras crianças ao
sexo forçado;
Introdução precoce no mundo das drogas ou do álcool;
Nos casos mais graves, podem cometer homicídio.
Vale ressaltar que as características acima são apenas genéricas e
que o diagnóstico exato só pode ser firmado por especialistas no assunto. Além
do mais, deve se atentar para a freqüência e a intensidade com as quais estas
características se manifestam.
É muito comum e até compreensível que os pais de jovens com
características psicopáticas se perguntem quase sempre em um tom de
desespero: "O que nós fizemos de errado para que nosso filho seja assim?".
Os pais se sentem culpados por acharem que falharam na educação dos seus
filhos e que não souberam impor limites. Isso é um grande equívoco! Não resta
dúvida de que a educação, a estrutura familiar e o ambiente social influenciam
na formação da personalidade de um indivíduo e na maneira como ele se
relaciona com o mundo. No entanto, esses fatores por si só não são capazes
de transformar ninguém em um psicopata.
Não obstante, é muito importante que os pais tenham conhecimento
pleno sobre o assunto e que passem a reconhecer a disfunção em seus filhos,
dispensando o devido valor que o problema merece. Quando em grau leve e
detectada ainda precocemente, a psicopatia pode, em alguns casos, ser
modulada através de uma educação mais rigorosa. Um ambiente familiar mais
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estruturado e com a vigilância constante de filhos "problemáticos" certamente
não evita a psicopatia, mas pode inibir uma manifestação mais grave. E aí,
fazer toda a diferença. É lógico que estas medidas estão longe de serem
ideais, são apenas paliativas e demandam muito esforço e empenho por parte
dos envolvidos na criação. No entanto, não podemos desprezá-las para
salvaguardar a estrutura familiar e a sociedade como um todo. As posturas que
devem ser assumidas são as seguintes:
Procure conhecer bem o seu filho. A maioria dos pais não sabe como
ele se comporta longe dos seus olhos. Estabeleça contato com todas as
pessoas do convívio dele (professores, amigos, pais dos amigos etc.). Quanto
mais precocemente você identificar o problema maiores serão as chances de
que ele se molde a um estilo de vida minimamente produtivo e socialmente
aceito.
Busque ajuda profissional. Isto é válido tanto para se certificar do
diagnóstico dessa criança quanto para que os pais recebam orientações de
como devem agir.
Não permita que seu filho controle a situação. Estabeleça um programa
de objetivos mínimos para obter alguns resultados positivos. Regras e limites
claros são necessários para evitar as condutas de manipulação, enganos e
falta de respeito com os demais. Lembre-se que uma criança com perfil
psicopático apresenta um talento extraordinário em distorcer as regras
estabelecidas e virar o jogo a seu favor. Por isso não ceda! Se você fraquejar,
certamente ela ocupará todos os "espaços" deixados pela sua desistência.
Não pretendo ser pessimista, no entanto não seria honesto da minha
parte afirmar que a psicopatia infanto-juvenil atualmente tenha uma solução
satisfatória. O máximo que podemos fazer é adotar posturas no trato com
essas crianças no sentido de melhorar a forma como a psicopatia vai se
manifestar no futuro. A psicopatia não tem cura, é um transtorno da
personalidade e não uma fase de alterações comportamentais momentâneas.
Porém, temos que ter sempre em mente que tal transtorno apresenta
formas e graus diversos de se manifestar e que somente os casos mais graves
apresentam barreiras de convivência intransponíveis. Segundo o DSM-IV-TR a
psicopatia tem um curso crônico, no entanto pode tornar-se menos evidente à
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medida que o indivíduo envelhece, particularmente a partir dos 40 anos de
idade.
9 – VOCÊ PENSA COMO UM PSICOPATA ?
Esse é um famoso teste psicológico americano para reconhecer a
mente de assassinos seriais (Serial Killers). A maioria dos assassinos presos
acertou a resposta.
Para um psicopata, os fins sempre justificam os meios.
Teste a seguir:
Uma garota, durante o funeral de sua mãe, conheceu um rapaz que
nunca tinha visto antes.
Achou o cara tão maravilhoso que acreditou ser o homem da sua vida,
apaixonou-se por ele e começaram um namoro que durou uma semana, sem
mais nem menos, o rapaz sumiu e nunca mais foi visto. Dias depois, a garota
matou a própria irmã.
Questão: Qual o motivo da garota ter matado a própria irmã?
Resposta comentada do Teste:Ela matou porque esperava, assim, poder rever o rapaz no funeral de
sua irmã.Se você acertou, você pensa como um psicopata.Se você errou, você é tecnicamente uma pessoa normal.
10 - APLICAÇÕES FORENSES
10.1 - Face à lei penal
A grande indagação é se as chamadas personalidades psicopáticas
são portadoras de transtornos mentais propriamente ditos ou detentoras de
personalidades anormais.
A própria habitualidade criminal não é um critério indiscutível de
caracterizar uma enfermidade mental, mas, antes de tudo, nesse indivíduo,
uma anormalidade social.
Para FRANÇA
“A expressão personalidade psicopática ficou consagrada pelo uso, e aí estão enquadrados todos os que sofrem dessas anomalias do caráter e do afeto, que nascem,
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vivem assim e morrem assim. São privados do senso ético, deformados de sentimentos e inconscientes da culpabilidade e do remorso.”
Antigamente, no advento do sistema duplo-binário, as pessoas
portadoras de personalidades psicopáticas eram consideradas como
inimputáveis, com o equivoco de ser imposto primeiro a pena, e depois o
tratamento em Casa de Custódia.
Hoje, sob o sistema vicariante de aplicação da pena, defende-se que
sejam eles considerados semi-imputáveis, ficando sujeitos à medida de
segurança por tempo determinado e a tratamento médico-psíquico.
Mesmo assim, há ainda quem os considere penalmente responsáveis,
o que o entendimento doutrinário majoritário considera absurdo, pois o caráter
repressivo e punitivo penal a esses indivíduos revelar-se-ia maléfico a
ressocialização dos não portadores desta perturbação no sistema prisional
comum, pois a cadeia pode dar vazão às suas potencialidades criminais.
FRANÇA adota este posicionamento, dizendo que a pena está
totalmente descartada pelo seu caráter inadequado à recuperação e
ressocialização do semi-imputável portador de personalidade anormal.
Para que seja corretamente diagnosticada a existência da
personalidade psicopática, crucial se fazem os estudos da Psiquiatria Médico-
Legal pelos peritos. É de grande importância sua responsabilidade que, ao final
da analise do indivíduo, atribuirá na conclusão do laudo pericial psiquiátrico um
parecer sobre a imputabilidade deste agente, o que será altamente relevante
no convencimento do juiz.
As perspectivas de reabilitação médica e social também são de suma
importância, visto que a incidência criminal nestes tipos é por demais elevada.
GARCIA também adota este posicionamento, vejamos:
“O psicopata provoca reitera, reincide, abusa, e quando apanhado nas conseqüências da lei, não aproveita integralmente a pena, pois, recolocado nas mesmas circunstancias, repete os mesmos delitos, as mesmas faltas, porque a isso conduz a sua natureza”
Porém, há uma grande problemática quando da execução da medida
de segurança. De acordo com o § 1° do artigo 97 do Código Penal, a
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internação ou tratamento ambulatorial do agente deverá perdurar enquanto não
for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade, o que
deverá ter por prazo mínimo de um a três anos.
Assim, para sua liberação, é necessário que seja elaborado também
por peritos médicos psiquiatras um simples Laudo de Cessação da
Periculosidade, que, conforme já diz o próprio nome, atesta a cessação ou não
da periculosidade do agente.
11 - DA CULPABILIDADE
11.1 - Da Imputabilidade
Imputabilidade é a aptidão para ser culpável e elemento da
culpabilidade. Faltando ela, esta desaparece, ou pelo menos é atenuada. Há a
imputabilidade quando o sujeito é capaz de compreender a ilicitude de sua
conduta e agir de acordo com esse entendimento.
Para DAMÁSIO,
“Imputar é atribuir a alguém a responsabilidade de alguma coisa. Imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente imputada a pratica de um fato punível.”
Conforme MIRABETE
“Só é reprovável a conduta se o sujeito tem certo grau de capacidade psíquica que lhe permite compreender a antijuridicidade do fato e também de adequar essa conduta a sua consciência. Quem não tem essa capacidade de entendimento é inimputável, excluindo-se a culpabilidade.”
Assim, a capacidade de entender o caráter criminoso do fato não
significa a exigência de o agente ter consciência de que sua conduta se
encontra descrita em lei como infração.
Nesse diapasão, pondera DAMÁSIO :
“Imputável é o sujeito mentalmente são e desenvolvido que possui capacidade de saber que sua conduta contraria os mandamentos da ordem jurídica.”
11.2 - Da Inimputabilidade
Dispõe o artigo 26 do Código Penal
Art. 26. “É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
8
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Inimputável para a lei, conforme o artigo 26 supracitado, é o portador
de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Há três critérios que buscam definir a imputabilidade:
1° Biológico ou Etiológico: condiciona a imputabilidade à rigidez mental
do individuo. Presente a enfermidade mental, ou desenvolvimento mental
deficiente, ou perturbação mental transitória, é ele, sem quaisquer outras
investigações psicológicas, considerado inimputável.
Segundo MIRABETE
“é evidentemente um critério falho, que deixa impune aquele que tem entendimento e capacidade de determinação apesar de ser portador de doença mental, desenvolvimento mental incompleto etc.”
2° Psicológico: é o contrário do anterior: contenta-se com as condições
psíquicas do autor, no momento do fato, sem pesquisar existência de causa
patológica que as tenha determinado. Basta, portanto, a ausência de
capacidade intelectiva e volitiva para exculpar o agente.
3° Biopsicológico: É o adotado pela nossa legislação. É um misto dos
anteriormente citados, ou seja, é considerado inimputável aquele que, em
virtude de uma psicopatologia, não gozava no momento do fato, de
entendimento ético-jurídico e autodeterminação.
A existência ou não de uma causa biológica no fato, é matéria a ser
investigada pelo perito, pelo psiquiatra. Mas ao seu pronunciamento não está
adstrito o juiz que, aqui como sempre, conserva, no tocante as provas, a
faculdade de livre convencimento.
Será imputável aquele que, embora portador de doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, tem capacidade de entender
a ilicitude de seu comportamento e de se autodeterminar.
Inexistente, porém, a base biológica da inimputabilidade (doença
mental, etc) não importa que o agente, no momento do crime, se encontre
privado da capacidade de entendimento e autodeterminação; o individuo
pervertido que, no momento do crime, não pode controlar seus impulsos deve
ser tido por imputável.
8
A inimputabilidade não se presume, e para ser acolhida deve ser
provada em condições de absoluta certeza.
A comprovada inimputabilidade do agente não dispensa o juiz de
analisar na sentença a existência ou não do delito apontado na denuncia e os
argumentos do acusado quanto à inexistência de tipicidade ou antijuridicidade.
Inexistindo tipicidade ou antijuridicidade, o réu, embora inimputável, deve ser
absolvido pela excludente do dolo ou da ilicitude, não se impondo, portanto,
medida de segurança.
11.2.1 - Doença Mental
É a primeira hipótese de causa de exclusão da imputabilidade
mencionada na lei.
Abrange todas as moléstias que causam alterações mórbidas à saúde
mental, podendo ser tanto na forma orgânica(como paralisias cerebrais,
arteriosclerose, etc); na forma tóxica (como a psicose alcoólica ou por
medicamentos), e também na forma funcional (como a esquizofrenia, a psicose
maníaco-depressiva, a paranóia, etc).
O doente mental apresenta características próprias, vivendo num
mundo criado por ele próprio, possuindo suas verdades e seus valores, agindo
de maneira que enfrente o sistema social em que vive, não sendo correto,
desta forma, a aplicação de pena sancionatória, pois esta não surtirá nenhum
efeito, tendo em vista o sentido de desvalor jurídico relacionado à sua conduta.
11.2.2 - Desenvolvimento Mental Retardado
Apresentam-se primeiro as oligofrenias.
A oligofrenia divide-se em faixas de acordo com a capacidade de
entendimento e, se ficar patente que o agente se encontra no nível de
debilidade mental limítrofe, seja por questões culturais ou orgânicas, será
considerado totalmente inimputável, nos termos do artigo 26, caput do Código
Penal.
Débil, imbecil, idiota. A imputabilidade do oligofrênico é questão de
perícia.
11.2.3 - Desenvolvimento Mental Incompleto
Compreendem-se os menores e os silvícolas.
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As expressões usadas pelo artigo 26, sem especificarem entidades
psicopatológicas, englobam enfermidades, defeitos e anormalidades que
apresentam um traço comum: incapacidade de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Saliente-se que este estado deve existir no momento da ação ou
omissão, não antes (atos preparatórios) ou depois (resultado), considerada,
entretanto, a hipótese da “actio libera in causa” , que consiste na embriaguez
pré-ordenada, em que o individuo bebe ou usa substancias entorpecentes com
a intenção de cometer determinado delito, em um ato de ausência de coragem
para a prática do mesmo.
11.3 - Imputabilidade Diminuída ou Restrita: O Semi- Imputável
São indivíduos que não tem a plenitude da capacidade intelectiva e
volitiva. Não tem supressão completa do juízo ético, e são em regra mais
perigosos que os insanos.
Conforme MAGALHÃES NORONHA
“Compreende a imputabilidade restrita os casos benignos ou fugidos de certas doenças mentais, as formas menos graves de debilidade mental, os estados incipientes, os estacionários ou residuais de certas psicoses, os estados interparoxísticos dos epiléticos e histéricos, certos intervalos lúcidos ou períodos de remissão, certos estados psíquicos decorrentes de estados fisiológicos ( gravidez, puerpério, climatério) etc,e, sobretudo, o vasto grupo das chamadas personalidades psicopáticas (psicopatia em sentido estrito).”
Nesse diapasão, MIRABETE enfatiza com clareza a questão do
enquadramento da semi-imputabilidade aos psicopatas:
“Refere-se a lei em primeiro lugar à “perturbação da saúde mental”, expressão ampla que abrange todas as doenças mentais e outros estados mórbidos. Os psicopatas , por exemplo, são enfermos mentais, com capacidade parcial de entender o caráter ilícito do fato. A personalidade psicopática não se inclui na categoria das moléstias mentais, mas no elenco das perturbações da saúde mental pelas perturbações da conduta, anomalia psíquica que se manifesta em procedimento violento, acarretando sua submissão ao art. 26, parágrafo único.”
Assim também entendem os Tribunais:
“A personalidade psicopática se revela pelas perturbações da conduta e não como enfermidade psíquica. Destarte, embora não enfermo mental, é o indivíduo portador de anomalia psíquica, que se manifestou quando do seu procedimento violento ao cometer o crime, justificando, de um lado, a redução da pena, dada a sua semi-responsabilidade; e de outro, a imposição por imperativo legal da
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medida de segurança.”(TJSP – Revisão Criminal – Relator Adriano Marrey – RT 442/412)
Prevê a nossa legislação, em seu artigo 26, parágrafo único, “in
verbis” :
Art. 26, § único: “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental, ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Assim, a lei faculta a redução da pena, diferente de outras
codificações, como por exemplo o código alemão, que impõe a redução da
pena ao invés de facultá-la.
Há quem entenda que a redução da pena é facultativa, porém esse não
é o entendimento de alguns doutrinadores, a exemplo de MIRABETE, que
entende ser dever do juiz, e não mera faculdade, face ao fato de constituir
direito publico do réu ter sua pena reduzida.
Determina, porém, o artigo 98, que trata das medidas de segurança:
Art. 98, in verbis :
“Na hipótese do parágrafo único do artigo 26 deste código e
necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de
liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo
prazo de no mínimo de um a três anos, nos termos do artigo anterior e
respectivos §§ 1° a 4°.”
Esse também é o entendimento tanto do ilustre doutrinador
MIRABETE
“Já se tem decidido que, reconhecida no laudo pericial a necessidade de isolamento definitivo ou por longo período, como na hipótese de ser o réu portador de personalidade psicopática, deve o juiz, inclusive por sua periculosidade, optar pela substituição da pena por medida de segurança para que se proceda ao tratamento necessário.”
Assim também entendeu o emérito Tribunal de Justiça de São Paulo:
“ Réu com personalidade psicopática e semi-imputável, para fins penais – Cancelamento da pena imposta, com aplicação em substituição da internação em hospital de custodia e tratamento psiquiátrico – “Em conformidade com o direito penal atual, consubstanciado na nova parte geral do Código Penal (art. 26, parágrafo único; 96,i; 98 e 99, com redação dada pela lei 7.209/84) deve o condenado ter sua pena substituída por medida de segurança de internação em estabelecimento adequado ao seu tratamento
8
mental, torna-se imprescindível a substituição da pena imposta pela internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico”. (TJSP – Apelação Criminal 34.943/3 – Relator Djalma Lofrano)
Para melhor entendimento, segue capítulo que trata mais
especificamente das medidas de segurança.
12 - DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
12.1 - Conceito
A medida de segurança mantém semelhança à pena no que se refira a
diminuição de um bem jurídico, tratando-se de uma sanção penal.
Entretanto, a diferença reside no fato de que o fundamento da
aplicação da pena reside na culpabilidade do agente, enquanto a medida de
segurança fundamenta-se na questão da periculosidade do agente.
Tratando-se da natureza de ambos os institutos, podemos dizer que
diferem no sentido de que a pena possui natureza retributiva-preventiva, e a
medida de segurança possui natureza unicamente preventiva .
Assim é o entendimento de DAMÁSIO E. DE JESUS :
“Enquanto a pena é retributiva-preventiva, tendendo atualmente a readaptar socialmente o delinqüente, a Medida de Segurança possui natureza essencialmente preventiva, no sentido de evitar que um sujeito que praticou um crime e se mostra perigoso venha a cometer novas infrações penais.”
Segue o mesmo raciocínio CELSO DELMANTO :
“Enquanto as penas têm caráter retributivo-preventivo e se baseiam na culpabilidade, as Medidas de Segurança tem natureza só preventiva e encontram fundamento na periculosidade do sujeito.”
12.2 - Pressupostos
Constituem pressupostos fundamentais para a aplicação das medidas
de segurança, embora de forma implícita, tanto a prática de fato previsto como
crime, quanto a periculosidade do agente, conforme se verifica nos artigos 97 e
98 do Código Penal.
Assim também entende MIRABETE :
“Pressuposto da aplicação da medida de segurança é também a periculosidade, ou seja, o conhecimento da possibilidade de voltar a delinqüir. Embora se tenha afastado quase que completamente do texto legal o termo “periculosidade”, o Código Penal ainda reconhece tal estado em algumas hipóteses, como as do art. 77, inciso II, e art. 83, parágrafo único, pelos quais se negam o sursis e o livramento condicional àqueles que, por suas condições pessoais, provavelmente voltarão a cometer ilícitos penais.”
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Periculosidade é a probabilidade de o sujeito vir ou tornar a praticar
crimes.
Conforme ilustra JOSÉ FREDERICO MARQUES ,
“Não é a possibilidade de cometer crimes que configura a periculosidade, mas sim a probabilidade de cometê-los, em razão da configuração biopsíquica do agente e de fatores de ordem objetiva de seu ambiente circundante, pois a possibilidade de praticar um fato delituoso, todos apresentam.”
Para que possa haver a aplicação da medida de segurança, é
necessário também que haja nexo causal entre a doença mental e o ato ilícito
praticado, pois, a partir deste, será analisada a periculosidade do agente sob o
aspecto da probabilidade de reiteração da prática de outros crimes.
A lei presume periculosidade aos inimputáveis, que, conforme
disposição do artigo 26, deverão obrigatoriamente ser submetidos à medida de
segurança. Quanto aos semi-imputáveis, esta submissão não é obrigatória,
mas sim facultativa.
12.3 - Modalidades
A Medida de Segurança tem duas modalidades: retentiva
(internação), ou restritiva (tratamento ambulatorial).
A internação deverá ser feita em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico, ou na falta dele, em outro estabelecimento adequado. Hospital de
custódia e tratamento psiquiátrico não passam de “novo nome” dado aos
tristemente famosos “manicômios judiciários brasileiros”.
Ficam sujeitos a tratamento ambulatorial, ao qual são dados cuidados
médicos, mas sem internação.
A internação é destinada ao autor que tiver cometido fato punível com
pena de reclusão.
O tratamento ambulatorial será destinado aos autores de fato que se
comine pena de detenção.
Tanto internação, quanto tratamento, são efetivados em hospital de
custodia e tratamento psiquiátrico (antigos manicômios).
No caso de ausência de vagas, é entendimento jurisprudencial que:
8
“A ausência de vagas para internação em hospital psiquiátrico ou estabelecimento adequado não justifica o cumprimento de Medida de Segurança em cadeia pública; por isso, concede-se liberdade provisória, mas condicionada a tratamento ambulatorial”. (TJSP, RT 608/325).
Muito bem entende a jurisprudência, pois caso contrário fosse, o
ambiente prisional das cadeias públicas lhes seria nocivo, fazendo aflorar ainda
mais suas potencialidades criminais.
12.4 - Aplicação
Pela lei anterior à reforma de 1984, onde vigia o sistema duplo-binário
de aplicação das penas, as medidas de segurança podiam ser aplicadas
isoladamente aos inimputáveis, e somadas com penas aos semi-imputáveis e
aos imputáveis considerados perigosos.
Atualmente, pelo sistema vicariante de aplicação da pena, conforme
disposição do artigo 98 do Código Penal, ao agente semi-responsável, quando
comete fato típico e antijurídico, poderá o juiz aplicar pena reduzida ,
ou medida de segurança, nos termos do artigo 26 do mesmo diploma.
Porém, conforme DAMÁSIO E. DE JESUS:
“O sentido da expressão “pode o juiz” não significa puro arbítrio, simples faculdade judicial , em termos de que o juiz “pode” aplicar uma ou outra medida sem fundamentação. O juiz pode, diante do juízo de apreciação, aplicar a medida de segurança se presentes os requisitos; ou deixar de fazê-los, se ausentes, impondo a pena. A expressão deve ser entendida no sentido de que a lei confere ao juiz a tarefa de, apreciando as circunstâncias do caso concreto em face das condições exigidas, aplicar ou não uma das sanções.”
Nessa linha:
“É facultativa e não obrigatória a redução da pena autorizada pelo art. 22, parágrafo único do CP (atual art. 26, parágrafo único)”. (TJR – Apelação Criminal – Relator Raphael Cirigliano Filho – EJTRJ 7/312)
Divergente deste raciocínio é o entendimento do Emérito Julgador, que
entende por obrigatória a redução da pena:
“Forte corrente jurisprudencial inclina-se no sentido de que, uma vez comprovada a semi-imputabilidade, a redução da pena se torna indeclinável. Uma faculdade-dever, como é de vezo expressar-se” (TJSP – Apelação Criminal – Relator Camargo Sampaio – RT 514/313).
Face à periculosidade do agente, por uma questão de paz social,
dentre outros fatores, entendemos ser mais conveniente ao agente portador de
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personalidade psicopática a imposição de medida de segurança em
substituição à redução da pena privativa de liberdade , pois a simples redução
da pena cumprida em cadeia pública fugiria totalmente ao caráter de
ressocialização da pena, pois de nada serviria o tempo que passasse recluso
nas penitenciárias devido a sua característica de não aprendizagem com a
punição.
No mais, em contato com os demais detentos, conforme já dito, é
propenso que haja maior desordem do que já existe nas penitenciárias, e que
esta seja estimulada pelos próprios agentes psicopatas, que, com sua
inteligência acima da média, tornar-se iam líderes dentre os demais detentos,
como a exemplo ocorre, em nossa opinião, com o atual líder da facção
criminosa PCC – Primeiro Comando da Capital, o conhecido Marcos Camacho,
vulgo “Marcola”, que, mesmo recluso em penitenciárias de segurança máxima,
consegue comandar uma legião de seguidores infratores, e que em entrevistas
a diversos jornais e revistas, já afirmou ser tido como líder por entender como
funciona o sistema, tendo lido mais de trezentos livros, assim conseguindo
dominar a imensa massa de infratores vindos de lares desajustados, fruto do
falido sistema econômico-social brasileiro.
“Marcola”, é um psicopata nato, sua estadia no sistema prisional, por
mais rigoroso que seja este sistema, restará infrutífera, e, quando de volta à
sociedade quando posto em liberdade, continuará a cometer atos infracionais
tão ou mais graves do que os que atualmente comete, mesmo estando recluso.
12.5 - Prazo
Quanto ao início da medida de segurança, é entendimento
jurisprudencial que:
“ Só inicia-se após trânsito em julgado, mediante a guia de execução. Conforme orientação jurisprudencial, conta-se o prazo a partir da data da prisão em flagrante e não da remoção para a casa de custodia.” (TACrSP, Julgados 91/129).
Assim, é executada, em princípio, por tempo indeterminado, fixado
apenas o prazo mínimo, perdurando enquanto não for averiguada, mediante
perícia médica, a cessação da periculosidade, nos termos do parágrafo 1° do
artigo 97 do Código Penal.
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Porém, há quem entenda que, nestes termos, a medida de segurança
reveste-se de caráter de pena perpétua, e assim, tem-se pregado uma
limitação máxima de duração, que aos semi-imputáveis, deverá ser no máximo
a duração da pena substituída pela medida de segurança, e aos inimputáveis,
a duração não deverá exceder o tempo da pena máxima cominada ao crime.
Este não é o nosso entendimento, pois achamos que não há o que se
falar em perpetuidade da medida de segurança, posto que sua própria
definição em lei já prevê seu prazo perfeitamente prorrogável, que perdurará
até que seja confirmada a cessação da periculosidade do agente, com o
objetivo de pacificação, proteção e satisfação da sociedade.
Assim, ao invés de buscar um cumprimento efetivo para as medidas de
segurança, a máquina legislativa trabalha em conta de reformular a lei,
atendendo aos clamores da inconstitucionalidade de sua aplicação, quando o
que realmente clama é a instituição de soluções que viabilizem o efetivo
cumprimento da medida de segurança para que os agentes submetidos a ela
não voltem a agir de maneira atentatória à sociedade.
13 - DO LAUDO DE CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE
Conforme já dissemos, para que cesse a medida de segurança, faz-se
necessário que seja averiguada por perícia médica a cessação da
periculosidade. Em sua conclusão, a resposta do laudo deverá ser meramente
dicotômica: sim ou não.
Consideramos total inadequação na dependência deste laudo para que
se promova o retorno de agentes reconhecidamente perigosos à sociedade,
pois um simples laudo não é capaz de atestar que um agente com distúrbios de
personalidade venha ou não voltar a apresentar comportamentos perigosos a
outrem e delinqüir.
Tratando-se mais especificamente de agentes portadores de distúrbio
anti-social, ou psicopatia, o equívoco faz-se ainda maior, posto que tal
psicopatologia possui reconhecidamente natureza crônica .
Ora, se tal agente possui um distúrbio de personalidade de natureza
crônica, como um laudo poderá afirmar com total convicção que a
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periculosidade deste agente haja cessado, e que ele está pronto para retornar
à sociedade sem apresentar risco algum?
Levando-se em conta todas as características da psicopatia
dissertadas no presente trabalho, tal questão demonstra-se fortemente digna
de preocupação.
Assim também pondera HILDA MORANA , renomada psiquiatra
forense e chefe do ambulatório de transtornos da personalidade da USP, que
traduziu e adaptou a escala Hare para o Brasil:
“Exige-se desta forma, dos peritos, a previsão de que o sujeito não irá mais cometer crimes em virtude de sua doença mental. A periculosidade não é condição própria de doença mental. Quando o psiquiatra avalia o doente para o Laudo de Cessação de Periculosidade já o faz em razão do delito índice, ou seja, do delito que motivou a medida de segurança, e isto não precisa estar previsto na legislação. Psiquiatra não é vidente para saber se o sujeito vai ou não voltar a delinqüir, mas a questão não é essa, é saber para onde encaminhar este sujeito que não necessitaria mais ficar internado em Hospital de Custódia, mas precisa continuar a receber atenção especializada.”
Outrossim, MORANA defende ser absurdo o laudo de cessação da
periculosidade, e, mais especificamente tratando dos psicopatas, realizou
profundos estudos, dos quais concluiu a urgente necessidade de criação de
uma instituição própria que abrigasse agentes com distúrbios de personalidade
de natureza crônica, senão vejamos:
A psicopatia, condição médico-legal, refere-se à insuficiência
permanente do caráter, sendo refratário a tratamento curativo.
“A psicopatia, condição médico-legal, refere-se à insuficiência permanente do caráter, sendo refratário a tratamento curativo. A sugestão que consideramos adequada já é realidade em outros países e se mostra eficiente. Assim, deveria existir uma lei que criasse instituições para doentes mentais crônicos egressos de hospitais de custódia e serem gerenciados por psiquiatras forenses.”
Nesse diapasão, no ano de 2004, Hilda foi a Brasília tentar convencer
os deputados a criarem prisões especiais para psicopatas. Conseguiu fazer a
ideia virar um projeto de lei, mas que infelizmente não foi aprovado.
Assim, hodiernamente, quando cometem delitos, os psicopatas, que na
maioria dos casos são enquadrados como semi-imputáveis, ora são
beneficiados com a redução da pena, ora são submetidos à medida de
segurança, geralmente na modalidade de internação.
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Uma vez internados nos hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico
(quando disponíveis vagas para tal), são submetidos aos tratamentos de
praxe.
Porém, ainda há muita negligência do Estado quanto ao oferecimento
de especiais tratamentos a estes agentes, pois sua peculiaridade e
periculosidade exigem que as pessoas que venham a participar deste
tratamento psiquiátrico sejam profissionais qualificados e especializados, o
que, na realidade, na maioria das vezes não ocorre.
Esta afirmação é tão verdadeira que, por esses e outros motivos,
tentou a ilustre psiquiatra Dra. Hilda Morana chamar a atenção da sociedade e
do governo acerca desta problemática. Apesar de sua tentativa haver restado
infrutífera, consideramos ser ela um grande exemplo, pois esta questão clama
por solução.
Trabalhando diariamente com esta realidade, tanto a Dra. Hilda
Morana, quanto diversos outros psiquiatras levantam questionamentos acerca
deste assunto, o que infelizmente fica tão somente na esfera de debates entre
os profissionais da área médica.
Com isso, nossa realidade foi e vem sendo uma só. Uma vez postos
em liberdade e de volta ao convívio social, os psicopatas, na maioria dos
casos, reincidirão. E isso não é apenas mero sofismo, mas sim estatística.
Francisco da Costa Rocha, o “Chico Picadinho”
Um caso concreto que ilustra muito bem tal problemática é o do tão
conhecido Francisco da Costa Rocha, mais conhecido como “Chico
Picadinho”.
Chico Picadinho é um dos criminosos mais conhecidos que sofrem de
distúrbios da personalidade.
Em meados do ano de 1966, assassinou e esquartejou uma mulher,
sendo condenado a trinta anos de prisão, e após o cumprimento de um terço
da pena (dez anos), foi posto em liberdade.
Assim, no ano de 1976 quando solto, cometeu outro delito idêntico,
assassinando e esquartejando outra mulher, fazendo jus ao seu apelido de
“Chico Picadinho”.
8
Novamente condenado e preso, sua pena expirou em 1998, mas desta
vez não foi posto em liberdade, assim permanecendo na Casa de Custódia e
Tratamento de Taubaté/SP.
Ilana Casoy, respeitada escritora de livros dedicados à este tema,
conseguiu uma entrevista exclusiva com Chico Picadinho.
No decorrer desta conversa, Ilana se surpreendeu, pois Chico é um homem
muito educado, de elevado nível intelectual, que só queria falar sobre as idéias
dos grandes filósofos e discutir sobre bons livros, numa tentativa de não ter de
falar a respeito de seus crimes.
Ilana teve a surpresa de descobrir através de suas próprias palavras
que entre os crimes que cometeu havia também tentado estrangular várias
mulheres.
Esta demonstração de homem muito erudito prova exatamente o que
descrevemos no presente trabalho, pois tem ele Q.I. acima da média, lê muito,
sabe muito, mas não consegue segurar seu instinto assassino, e de uma certa
forma, acha que suas vítimas queriam morrer e que ele as fez um favor.
14 - ENTREVISTA COM ROBERT HARE (Revista Veja)
O trabalho do psicólogo canadense Robert Hare, de 74 anos,
confunde-se com quase tudo o que a ciência descobriu sobre os psicopatas
nas últimas duas décadas. Foi ele quem, em 1991, identificou os critérios hoje
universalmente aceitos para diagnosticar os portadores desse transtorno de
personalidade. Hare começou a aproximar-se do tema ainda recém-formado,
quando, trabalhando com detentos de uma prisão de segurança máxima nas
proximidades de Vancouver, ficou intrigado com uma questão: "Eu queria
entender o motivo pelo qual, em alguns seres humanos, a punição não tem
efeito algum". A curiosidade levou-o até os labirintos da psicopatia – doença
para a qual, até hoje, não se vislumbra cura. "O que tentamos agora é reduzir
os danos que ela causa, aos seus portadores e aos que os cercam."
Veja- Um psicopata nasce psicopata?
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Hare- Ninguém nasce psicopata. Nasce com tendências para a
psicopatia. A psicopatia não é uma categoria descritiva, como ser homem ou
mulher, estar vivo ou morto. É uma medida, como altura ou peso, que varia
para mais ou para menos.
Veja - O senhor é o criador da escala usada mundialmente para
medir a psicopatia. Quais são as características que aproximam uma
pessoa do número 40, o grau máximo que sua escala estabelece?
Hare - As principais são ausência de sentimentos morais – como
remorso ou gratidão –, extrema facilidade para mentir e grande capacidade de
manipulação. Mas a escala não serve apenas para medir graus de psicopatia.
Serve para avaliar a personalidade da pessoa. Quanto mais alta a pontuação,
mais problemática ela pode ser. Por isso, é usada em pesquisas clínicas e
forenses para avaliar o risco que um determinado indivíduo representa para a
sociedade.
Veja - Todo psicopata comete maldades?
Hare - Não necessariamente com o intuito de cometer a maldade. Os
psicopatas apresentam comportamentos que podem ser classificados de
perversos, mas que, na maioria dos casos, têm por finalidade apenas tornar as
coisas mais fáceis para eles – e não importa se isso vai causar prejuízo ou
tristeza a alguém. Mas há os psicopatas do tipo sádico, que são os mais
perigosos. Eles não somente buscam a própria satisfação como querem
prejudicar outras pessoas, sentem felicidade com a dor alheia.
Veja - Até que ponto a associação entre a figura do psicopata e a
do serial killer é legítima?
Hare - A estimativa é que cerca de 1% da população mundial
preencheria os critérios para o diagnóstico de psicopatia. Nos Estados Unidos,
haveria, então, cerca de 3 milhões de psicopatas. Se o número de serial killers
em atividade naquele país for, como se acredita, de aproximadamente
cinquenta, isso significa que a participação desses criminosos no universo de
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psicopatas é muito pequena. Por outro lado, segundo um estudo do psiquiatra
americano Michael Stone, cerca de 90% dos seriais killers seriam psicopatas.
Veja - Em que medida o ambiente influencia na constituição de
uma personalidade psicopata?
Hare - Na década de 20, John B. Watson, um estudioso de psicologia
comportamental, dizia que, ao nascer, nós somos como páginas em branco: o
ambiente determina tudo. Na sequência, entrou em voga o termo sociopata, a
sugerir que a patologia do indivíduo era fruto do ambiente – ou seja, das suas
condições sociais, econômicas, psicológicas e físicas. Isso incluía o tratamento
que ele recebeu dos pais, como foi educado, com que tipo de amigos cresceu,
se foi bem alimentado ou se teve problemas de nutrição. Os adeptos dessa
corrente defendiam a tese de que bastava injetar dinheiro em programas
sociais, dar comida e trabalho às pessoas, para que os problemas psicológicos
e criminais se resolvessem. Hoje sabemos que, ainda que vivêssemos uma
utopia social, haveria psicopatas.
Veja - Como se chegou a essa conclusão?
Hare - Na década de 60, vários estudiosos, inclusive eu, começaram a
pesquisar a reação de um grupo de psicopatas a situações que, em pessoas
normais, produziriam efeitos sobre o sistema nervoso autônomo. Quando se
está na expectativa da ocorrência de algo desagradável, a preocupação do
indivíduo transparece por meio de tremores, transpiração e aceleração
cardíaca. Os psicopatas estudados, mesmo quando confrontados com
situações de tensão, não exibiam esses sintomas. Isso reforçou a conclusão de
que existem diferenças cerebrais entre psicopatas e não psicopatas. Pouco a
pouco, essas diferenças vêm sendo mapeadas.
Veja - É possível observar sinais que indiquem que uma criança
pode se tornar um adulto psicopata?
Hare - Não há nada que indique que uma criança forçosamente se
transformará num psicopata, mas é possível notar que algo pode não estar
funcionando bem. Se a criança apresenta comportamentos cruéis em relação a
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outras crianças e animais, é hábil em mentir olhando nos olhos do interlocutor,
mostra ausência de remorso e de gratidão e falta de empatia de maneira geral,
isso sinaliza um comportamento problemático no futuro.
Veja - Os pais podem interferir nesse processo?
Hare - Sim, para o bem e para o mal, mas nunca de forma
determinante. O ambiente tem um grande peso, mas não mais do que a
genética. Na verdade, ambos atuam em conjunto. Os pais podem colaborar
para o desenvolvimento da psicopatia tratando mal os filhos. Mas uma boa
educação está longe de ser uma garantia de que o problema não aparecerá lá
na frente, visto que os traços de personalidade podem ser atenuados, mas não
apagados. O que um ambiente com influências positivas proporciona é um
melhor gerenciamento dos riscos.
Veja - Os psicopatas têm consciência de que são diferentes?
Hare - A consciência, o processo de avaliar se algo deve ser feito ou
não, envolve não somente o conhecimento intelectual, mas também o aspecto
emocional. Do ponto de vista intelectual, o psicopata pode até saber que
determinada conduta é condenável, mas, em seu âmago, ele não percebe
quão errado é quebrar aquela regra. Ele também entende que os outros podem
pensar que ele é diferente e que isso é um problema, mas não se importa. O
psicopata faz o que deseja, sem que isso passe por um filtro emocional. É
como o gato, que não pensa no que o rato sente – se o rato tem família, se vai
sofrer. Ele só pensa em comida. Gatos e ratos nunca vão entender um ao
outro. A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sempre
sabe quem é o gato.
Veja - É muito difícil identificar um psicopata no dia a dia?
Hare - Superficialmente, um psicopata pode parecer um sujeito normal.
Mas, ao conhecê-lo melhor, as pessoas notarão que ele é um indivíduo
problemático em diversos aspectos da vida. Ele pode ignorar os filhos, mentir
sistematicamente ou apresentar grande capacidade de manipulação. Se é
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flagrado fazendo algo errado, por exemplo, tenta convencer todo mundo de que
está sendo mal interpretado.
Veja - Um psicopata não sente amor?
Acredito que sim, mas da mesma forma como eu, digamos, amo meu
carro – e não da forma como eu amo minha mulher. Usa o termo amor, mas
não o sente da maneira como nós entendemos. Em geral, é traduzido por um
sentimento de posse, de propriedade. Se você perguntar a um psicopata por
que ele ama certa mulher, ele lhe dará respostas muito concretas, tais como
"porque ela é bonita", "porque o sexo é ótimo" ou "porque ela está sempre lá
quando preciso". As emoções estão para o psicopata assim como o vermelho
está para o daltônico. Ele simplesmente não consegue vivenciá-las.
Veja - Que figuras históricas podem ser consideradas
psicopatas?
Hare - É difícil dizer, porque seu comportamento é mediado por relatos
de terceiros, e não por um diagnóstico psiquiátrico. Mas o ditador da ex-União
Soviética Josef Stalin, por exemplo, era de tal forma impiedoso que talvez
possa ser considerado psicopata. O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein é
outro exemplo. Eu ficaria muito surpreso se ele não preenchesse todos os
critérios para a psicopatia. Aliás, Saddam tinha um filho claramente
psicopata (Udai Hussein, morto em 2003), dirigente de um time de futebol.
Quando o time perdia, ele torturava os jogadores – ou seja, era sádico também.
Já o líder nazista Adolf Hitler é um caso mais complexo. Ele provavelmente não
era só psicopata.
Veja - A psicopatia é incurável?
Hare - Por meio das terapias tradicionais, sim. Pegue-se o modelo-
padrão de atendimento psicológico nas prisões. Ele simplesmente não tem
nenhum efeito sobre os psicopatas. Nesse modelo, tenta-se mudar a forma
como os pacientes pensam e agem estimulando-os a colocar-se no lugar de
suas vítimas. Para os psicopatas, isso é perda de tempo. Ele não leva em
conta a dor da vítima, mas o prazer que sentiu com o crime. Outro tratamento
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que não funciona para criminosos psicopatas é o cognitivo – aquele em que
psicólogo e paciente falam sobre o que deixa o criminoso com raiva, por
exemplo, a fim de descobrir o ciclo que leva ao surgimento desse sentimento e,
assim, evitá-lo. Esse procedimento não se aplica aos psicopatas porque eles
não conseguem ver nada de errado em seu próprio comportamento.
Veja - No Brasil, os psicopatas costumam ser considerados semi-
imputáveis pela Justiça. Os magistrados entendem que eles até podem
ter consciência do caráter ilícito do que cometeram, mas não conseguem
evitar a conduta que os levou a praticar o crime. Assim, se condenados,
vão para a cadeia, mas têm a pena diminuída. O senhor acha que, do
ponto de vista jurídico, os psicopatas são totalmente responsáveis por
seus atos?
Hare - Eu diria que a resposta é sim. Mas há divergências a respeito e
existem muitas investigações em andamento para determinar até que ponto vai
a responsabilidade deles em certas situações. Uma corrente de pensamento
afirma que o psicopata não entende as consequências de seus atos. O
argumento é que, quando tomamos uma decisão, fazemos ponderações
intelectuais e emocionais para decidir. O psicopata decide apenas
intelectualmente, porque não experimenta as emoções morais. A outra corrente
diz que, da perspectiva jurídica, ele entende e sabe que a sociedade considera
errada aquela conduta, mas decide fazer mesmo assim. Então, como ele faz
uma escolha, deve ser responsabilizado pelos crimes que porventura venha a
cometer. Não há dados empíricos que dêem apoio a um lado ou a outro. Ainda
é uma questão de opinião. Acredito que esse ponto será motivo de discussão
pelos próximos cinco ou dez anos, tanto por parte dos especialistas em
distúrbios mentais quanto pelos profissionais de Justiça.
Veja - O senhor está para publicar um estudo sobre um novo
modelo de tratamento para psicopatas. Do que se trata?
Hare - Trata-se de um modelo mais afeito à escola cognitiva, em que
os pacientes são levados a compreender que até podem fazer algo que
desejem, sem que isso seja ruim para os outros. Não vai mudá-los, mas talvez
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possa atenuar as consequências de suas ações. É um tratamento com
ambições relativamente modestas – tem por objetivo a redução de danos.
14 - TESTE DE PSICOPATIA DE ROBERT HARE (PCL-R)
Para diagnosticar uma pessoa com psicopatia, Robert
Hare desenvolveu um famoso teste psicológico, válido somente quando
aplicado por um psicólogo ou psiquiatra. Seus critérios diagnósticos abrangem
os recursos afetivos, interpessoais e comportamentais. Cada item é avaliado
em uma nota de zero (ausente ou leve), um (moderada) ou dois (grave). A
soma total determina o grau de psicopatia de uma pessoa.
Fator 1
Narcisismo agressivo
1. Sedutora / Charme superficial
2. Grandioso senso de auto-estima
3. Mentira patológica
4. Esperteza / Manipulação
5. Falta de remorso ou culpa
6. Superficialidade emocional
7. Insensibilidade / Falta de empatia
8. Falha em aceitar a responsabilidade por ações
próprias
Fator 2
Estilo de vida socialmente desviantes
1. Necessidade por estimulação / tendência ao tédio
2. Estilo de vida parasitárias
3. Falta de metas de longo prazo realistas
4. Impulsividade
5. Irresponsabilidade
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Fator 3
Estilo de comportamentos irresponsáveis
1. Controle comportamental pobre
2. Versatilidade criminal
3. Delinquência juvenil
4. Problemas comportamentais precoces
5. Revogação da liberdade condicional
Traços não correlacionadas com ambos fatores
1. Várias relações conjugais de curta duração
2. Promiscuidade
Uma nota elevada no Fator 2 está associado com reação agressiva,
ansiedade, elevado risco de suicídio, criminalidade e violência por
impulsividade. Uma nota elevada no Fator 1 por outro lado indica uma melhor
habilidade em conviver socialmente, baixa ansiedade, baixa empatia, baixa
tolerância a frustrações e baixa ideação suicida, além de estar associado a
sucesso e bem estar.
Indivíduos com Fator 1 positivo já foi considerado como adaptativo em
um ambiente altamente competitivo, por obter resultados tanto para o indivíduo
quanto paras as corporações, porém muitas vezes eles causam dano a longo
prazo, tanto para seus colegas de trabalho quanto para a organização como
um todo, devido ao seu comportamento manipulativo, enganoso, abusivo e,
muitas vezes fraudulento. Além disso, essas pessoas geralmente causam
extremo sofrimento a seus parceiros amorosos e a seus filhos.
A análise dos possíveis resultados encontra-se no Anexo I
15 - MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA
Saiba com quem você está lidando.
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Essa primeira e importante regra se traduz no “remédio amargo” de
aceitar que os psicopatas existem de fato e que eles literalmente não possuem
consciência genuína. Ou seja, eles são incapazes de experimentar o amor ou
qualquer outro tipo de ligação positiva com os outros seres humanos. Eles
podem ser encontrados em todos os segmentos da sociedade e existe uma
grande chance de você ter um encontro doloroso com um deles. Nunca
menospreze o poder destruidor de um psicopata. Todas as pessoas, incluindo
os especialistas, podem ser manipuladas e enganadas por eles, mesmo que
tenham um conhecimento razoável sobre o assunto. Por isso, sua melhor
defesa é entender e, principalmente, aceitar que existem pessoas com essa
natureza: fria e devastadora.
As aparências enganam!
Todo cuidado é pouco! Como disse Saint-Exupéry em O Pequeno
Príncipe: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.”
Tenha sempre em mente que a maioria dos psicopatas não tem “pinta”
de assassino. Costumam ter um sorriso cativante, uma linguagem corporal
interessante e uma boa lábia. Não caia nessa cilada! Ao conhecer novas
pessoas, procure enxergar o que está por trás de tantos atrativos. Não se
distraia com olhares sedutores, demonstração de poder, gestos atraentes, voz
suave ou traquejo verbal, característicos de um psicopata. Todos esses
artifícios são utilizados com extrema habilidade exatamente para encobrir as
suas verdadeiras intenções. Também não se esqueça do poder do olhar
desses indivíduos. Pessoas normais mantêm contato visual com as outras por
uma gama de razões, na maioria das vezes por educação, mas o olhar intenso
e frio do psicopata é mais um exercício de poder e de manipulação do que
simplesmente interesse ou empatia pelo outro.
Em suma, da próxima vez que conhecer alguém que pareça ser uma
pessoa muito extraordinária, tente não se iludir com o “evento teatral” à sua
frente. Desvie seu olhar para as outras pessoas e se atenha ao que está sendo
dito no conteúdo do discurso. É um exercício de separar a letra da melodia em
uma canção.
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Não se esqueça de considerar a voz da sua intuição.
Sem percebermos, todos nós estamos constantemente observando o
comportamento das pessoas. Muitas das impressões captadas por nosso
cérebro podem se acumular em nossa memória de forma inconsciente, ou seja,
sem que tenhamos conhecimento racional disso. Essas informações por vezes
“guardadas” se manifestam na forma de intuição — como se fosse um instinto
protetor do nosso organismo —‘ sinalizando perigos “invisíveis”. Embora
aparentemente estranhas, essas informações, traduzidas na forma de
“sensações”, podem lhe ajudar se você permitir.
Então, lembre-se! Quando você estiver num dilema entre seguir o que
manda o seu “coração” (intuição) e valorizar uma pessoa apenas pelo seu
status profissional ou social, não vacile: siga sua intuição. Ela pode tirá-lo de
uma grande enrascada!
Abra os olhos com pessoas maravilhosas ou excessivamente
bajuladoras.
No início de qualquer relacionamento, todos nós tentamos esconder
aquele “lado meio sombrio”, mostrando apenas o que temos de melhor. Para a
maioria dos psicopatas isso também não é diferente, muito embora com
conseqüências infinitamente maiores. Eles tendem a impressionar suas vítimas
com elogios, cuidados especiais, gentilezas excessivas e histórias falsas sobre
seu status social e/ou financeiro. Devemos ter uma “dose” extra de cautela
quando alguma pessoa aparenta ser “tudo de bom”. Não estou propondo que
você contrate um detetive particular todas as vezes que conhecer alguém que
lhe desperte algum interesse profissional ou afetivo. De forma alguma! Estou
apenas sugerindo que você avalie muito bem quem é a pessoa com a qual está
lidando.
Na medida do possível, procure lhe fazer perguntas sobre seus
familiares, amigos, emprego, residência, projetos futuros... Os psicopatas
geralmente dão respostas vagas, evasivas ou até inconsistentes quando são
questionados sobre suas vidas. Suspeite de tais respostas e, se puder, procure
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confirmá-las. Cuidado também para não cair no golpe da pessoa perfeita, que
fica horas a fio ouvindo seus problemas sem se preocupar em falar de si
mesma. Na realidade, esses falsos “terapeutas” estão colhendo informações
para usá-las mais tarde contra você.
Outra situação para manter os olhos bem abertos é quanto à bajulação.
A maioria de nós gosta de receber elogios. Eles são sempre muito bem-vindos
principalmente quando são sinceros. Em contrapartida, a bajulação excessiva,
o agradar “afetado” e pouco realista é uma das táticas dos psicopatas para nos
cegar, seduzir ou encobrir suas verdadeiras intenções: manipulação e controle.
Por isso, desconfie dos famosos “puxa-sacos”!
E aqui é importante esclarecer que a regra da bajulação se aplica tanto
para os indivíduos quanto para os grupos e nações. Da mesma forma que um
indivíduo se empolga com a adulação de um manipulador, uma nação inteira
pode se “hipnotizar” por lideranças políticas que se utilizam desses mesmos
recursos. A história da humanidade está recheada de estadistas tiranos que, ao
engrandecerem seu povo, fazem dele uma “presa coletiva” com um único
objetivo: o desejo de poder. A exaltação do patriotismo, por exemplo, muitas
vezes vem apenas como uma camuflagem para “legitimar” a necessidade de
realização das guerras. Discursos com apelos de que as guerras devem ser
travadas para o bem da humanidade ou para a construção de um mundo
melhor são extremamente perigosos e suspeitos. Guerras são guerras e todas
elas são injustificáveis!
Certas situações merecem atenção redobrada.
Determinados lugares encaixam-se como luvas para a ação plena dos
psicopatas: bares, clubes sociais, boates, resorts, cruzeiros, aeroportos.
Nesses locais eles fazem verdadeiros plantões. Suas vítimas preferenciais são
os solitários que buscam companhia ou diversão. Os psicopatas, na espreita,
observam-nas atentamente e depois partem para o ataque. Os viajantes
solitários também são alvos fáceis, pois prontamente são identificados como
perdidos e sozinhos num aeroporto ou num ponto turístico qualquer. Então,
fique esperto!
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Autoconhecimento é fundamental.
Os psicopatas são experts em detectar e explorar nosso lado mais
vulnerável. Eles identificam as “feridas” certas e não perdem a chance do tocá-
las quando podem. Assim, uma ótima forma de defesa é entender a si mesmo,
saber verdadeiramente quais são seus pontos fracos. Desconfie de qualquer
pessoa que os aponte com freqüência, seja em particular ou em situações
públicas e pouco apropriadas. Tenha cuidado com pessoas muito críticas e que
vivem atentas às suas vulnerabilidades e às dos outros. O autoconhecimento
nem sempre é fácil de ser alcançado, por vezes a ajuda de um profissional
especializado pode ser muito útil nesse sentido.
Não entre no jogo das intrigas.
A intriga é uma das ferramentas poderosas de um psicopata. No
ambiente de trabalho, a intriga pode levar a consequências devastadoras. A
princípio o psicopata se mostra um ótimo colega de trabalho, com espírito de
colaboração e um especial interesse em oferecer seu ombro a quem necessita
de uma “força”. Em pouco tempo ele é capaz de se tornar seu “melhor amigo
de infância”. Logo depois começará a utilizar as informações colhidas no ombro
amigo para fazer intrigas. E isso ele fará com você e com todos que
inicialmente acreditaram em sua “amizade”.
Sem mais nem porque, a confusão está armada! Funcionários
começam a se desentender e todos acabam fazendo mexericos. Somente o
psicopata, perante o chefe, está fora de tanta ‘baixaria”.
Resista à tentação de entrar no jogo das intrigas, fale diretamente com
seu colega sobre os fatos ou se possível com o próprio chefe. Não deixe
ninguém intermediar desentendimentos por você. Se você entrar nesse
joguinho pode acabar se igualando ao psicopata e se distraindo do mais
importante, que é se proteger.
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Cuidado com o jogo da pena e da culpa.
É muito importante que você entenda que o sentimento de pena ou de
compaixão deve ser reservado às pessoas generosas, de bom coração e que
estejam em sofrimento verdadeiro. Temos a virtude de sentir tristeza frente à
aflição alheia e nos compadecemos com a sua dor. A compaixão nos faz sentir
mais humanos, pois enxergamos nosso semelhante como a nós mesmos.
Mas, afinal, devemos dispensar um sentimento tão nobre a alguém frio
e cruel? Decididamente não! Para início de conversa, um psicopata não sofre
de fato. O máximo que ele consegue sentir é frustração por algo que não
conseguiu concretizar. Também é muito importante que você tenha em mente
que os psicopatas se alimentam dos nossos sentimentos mais nobres, da
nossa compaixão, o que os torna cada vez mais fortes e poderosos. Sentir
pena de um deles é o mesmo que dar o alimento preciso para que continue
com suas atitudes inescrupulosas. Não tenha pena de um psicopata, não gaste
suas reservas de compaixão com uma pessoa sem coração. Ela vai sugar você
até que se sinta vazio e fragilizado.
Por outro lado, um psicopata também “brinca” com o nosso sentimento
de culpa, que também é uma virtude. Qualquer que seja o motivo que o fez se
envolver com um psicopata, é muito importante que você não esqueça o
seguinte: nunca aceite que ele culpe você pelas atitudes dele. Tenha a plena
convicção de que a vítima é você e não ele. Os psicopatas são habilidosos em
inverter papéis e fingem sofrer. De algozes passam-se por vítimas com a maior
tranqüilidade. Maridos que agridem fisicamente suas esposas costumam
responsabilizá-las por seus atos agressivos. Uma paciente minha passou anos
se culpando pelos descontroles agressivos de seu marido: ele a convenceu
durante muito tempo de que a espancava porque a amava demais e por ela
utilizar roupas que valorizavam sua beleza. Veja só o tamanho do disparate.
Os psicopatas não amam seus cônjuges, isso não existe! Eles os
possuem como uma mercadoria ou um trofeu com os quais reforçam seus
desejos de manipulação, controle e poder.
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De forma muito parecida, pais de filhos psicopatas sofrem e se culpam
porque se sentem responsáveis pelo desenvolvimento da personalidade de
seus filhos. No entanto, tudo indica que esses pais não cometeram erros tão
graves assim, se é que os tenham cometido de fato. Os estudos sobre a
personalidade psicopática revelam que a educação fornecida pelos pais pode,
no máximo, exacerbar o problema, mas não existe nenhum indício de que a
maneira de educar seja capaz de originar a psicopatia.
Filhos psicopatas se utilizam muito do jogo da culpa. Eles costumam
justificar os seus atos transgressores como consequência de comportamentos
inadequados de seus pais quando eles ainda eram crianças. E, infelizmente, é
muito difícil convencer esses pais de que nada disso é verdade. Os pais são as
maiores vítimas do jogo da culpa.
Não tente mudar o que não pode ser mudado.
“Deus, conceda-me serenidade para aceitar as coisas que não posso
mudar, coragem para mudar aquelas que posso e sabedoria para reconhecer a
diferença entre elas.”
Oração da Serenidade
Em algum momento, a maioria de nós precisa aprender uma
importante e decepcionante lição de vida: mesmo que nossas intenções de
ajudar um psicopata sejam as melhores possíveis, não devemos nem podemos
controlar o comportamento dele. Por isso, ignore os repetidos pedidos de
chances teatralmente implorados pelo psicopata. Chances são para as
pessoas que possuem consciência, indivíduos de bom coração.
Se você está convencido de que não pode controlar ninguém, mas mesmo
assim deseja ajudar pessoas de forma geral, então procure apenas as que
realmente querem ser ajudadas. Logo, logo você vai descobrir que esse grupo
que merece ajuda não inclui as pessoas sem consciência. E lembre-se: o
comportamento do psicopata não é culpa sua e muito menos ajudá-lo constitui
sua missão de vida.
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Quando se trata especificamente de filhos psicopatas, o caso se torna
mais sério. Isso porque os pais tentam desesperadamente entender o
comportamento transgressor de seus filhos. Além de passarem anos a fio
livrando-os de encrencas, também costumam fazer uma verdadeira via crucis a
diversos especialistas médicos. Ao final, amargam a certeza de que muito
pouco podem fazer para controlar seus filhos.
Nunca seja cúmplice de um psicopata.
Não negocie com o mal! Jamais concorde, seja por pena, chantagem
ou por qualquer outro motivo, em ajudar um psicopata a ocultar o seu
verdadeiro caráter. Cuidado com os velhos chavões do tipo “Não conte nada
disso a ninguém”, “você me deve uma”, “em nome dos velhos tempos”,
“amanhã eu limpo a tua barra”, “uma mão lava a outra”, que geralmente são
proferidos aos prantos ou sussurros cautelosos. Intervenções desse tipo são
muito utilizadas pelos psicopatas para convencer alguém a encobrir suas
transgressões. Ignore todos esses apelos. As outras pessoas precisam saber
desses “segredos” para que não caiam na mesma armadilha.
Evite os a qualquer custo.
Se você já identificou um psicopata na sua vida, o único método
verdadeiramente eficaz de lidar com ele é mantê-lo longe, bem longe de você.
Os psicopatas vivem completamente fora das regras sociais, por isso incluí-los
em seus relacionamentos é sempre perigoso. Fique com sua consciência limpa
e tranqüila, pois você não estará ferindo os sentimentos de ninguém. Por mais
bizarro que isso possa parecer, os psicopatas não se importam se serão
magoados ou não. Isso por uma razão muito simples, eles não têm
sentimentos para serem feridos. E se demonstrarem tristeza, tenha a convicção
de que tudo não passa de encenação, puro teatro.
É possível que os seus familiares, amigos ou pessoas do seu convívio
nunca entendam por que você está evitando alguém em particular. Isso ocorre
pelo fato de a psicopatia ser um transtorno surpreendentemente difícil de ser
detectado e muito mais difícil de ser aceito. Não se espante se amigos e
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parentes muito bem-intencionados promoverem encontros inesperados para
resgatar seus laços com o “coitado excluído”. Isso acontece por puro
desconhecimento sobre a personalidade psicopática. Mantenha-se firme e evite
essa pessoa de todas as formas.
Busque ajuda profissional.
Os danos causados pela passagem (ou permanência) de um psicopata
na vida de alguém são devastadores e imensuráveis. Sua vida emocional,
fisica, profissional (ou financeira) e até mesmo sua dignidade podem ser
sumariamente destruídas por um deles. Assim, na medida do possível, os
familiares e as vítimas de psicopatas devem buscar ajuda médica, psicológica
e até mesmo jurídica. É recomendado que esses profissionais tenham profundo
conhecimento sobre a natureza da personalidade psicopática. Essa união
profissional em favor da vítima é que poderá fazer com que ela possa se
reconstruir.
Dê valor a sua capacidade de ser consciente.
Não se esqueça de que você possui o bem mais valioso que um ser
humano pode alcançar. Você tem a sua consciência que lhe confere o dom de
amar a própria vida, o planeta e a humanidade como um todo, Por isso, é tão
importante desenvolver e aperfeiçoar a nossa consciência. O desenvolvimento
da consciência provoca experiências transformadoras em nós. Mudamos a
nossa forma de ver, viver, sentir e nos relacionar com o mundo. Com o
aperfeiçoamento da consciência, aumentamos a nossa capacidade de amar e,
com isso, temos o privilégio de praticar o amor incondicional. Exercer esse
amor de forma realista e madura é ter o bem pulsando dentro de nós.
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CONSIDERAÇÕES FINAISDepois desta breve incursão no universo da interessante psicopatologia
denominada “distúrbio da personalidade anti-social”, percebemos que, fazendo
uma análise superficial acerca de todas as características que denotam esta
personalidade, certamente chegaremos à conclusão de conhecer ao menos uma
pessoa que podemos considerar ser um psicopata. Por sorte, a maioria dessas
pessoas não tem inclinação ao cometimento de homicídios ou de delitos graves, e
usam seu instinto de maldade meramente para ter bom status na sociedade,
mesmo que para isso precise ser desonesto, estelionatário, trapaceiro, etc.
Entretanto, quando desenvolvem a violência, são seres de alta
periculosidade e dignos de muita preocupação e cautela. Mesmo após presos e
condenados, esta preocupação não deveria cessar, o que infelizmente não
acontece.
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O Estado parece desconhecer esta realidade, preocupando-se apenas e
tão somente com projetos de lei que visam a redução da maioridade penal.
Nem quando acontece um homicídio de conhecimento público cometido por um
psicopata, o Estado preocupa-se com esta latente questão, acreditando que o
simples fato de condenar o autor a décadas de prisão será a panacéia.
Porém, após este estudo, vimos que esta questão é sim muito digna de
preocupação e clama por uma solução, pois as barbáries cometidas por pessoas
portadoras de personalidade anti-social certamente não se resumem aos poucos
casos que chegam ao conhecimento e clamor público.
Por derradeiro, as reflexões ora apresentadas visam realçar a
necessidade de uma maior atenção do Estado através de um estudo mais
aprofundado das Medidas de Segurança, protegendo a sociedade das práticas
infracionais cometidas por agentes altamente perigosos, portadores de distúrbio
anti-social da personalidade, para a construção de meios efetivos de preservação
da boa estrutura social.
REFERÊNCIAS
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Oliveira. Lições de Medicina Legal – 15° ed. São Paulo: Editora Nacional,
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semelhanças dessemelhanças. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 734, 9 jul.
2005. Disponível em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6969>.
Acesso em: 23/03/2012
GARCIA, J. Alves. Psicopatologia Forense – 2° ed. Rio de Janeiro:
Irmãos Pongetti Editores, 1958.
JESUS, Damásio Evangelista. Código Penal Anotado – 10° ed. São
Paulo: Saraiva, 2000.
MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal III V.1 – 1° ed.
Campinas: Editora Millennium, 1999.
8
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal – Parte Geral – 22°
ed. São Paulo: Editora Atlas, 2005
MORANA, Hilda. Versão em Português da Escala Hare (PCL-R).
SãoPaulo: Casa do Psicólogo, 2002
NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal Vol I - 38° ed. São Paulo:
Saraiva, 2004.
SICA, Ana Paula Zomer. Autores de Homicídio e Distúrbios da
Personalidade – 2° ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas : O Psicopata Mora ao
Lado - Rio de Janeiro : Objetiva, 2008.
http://veja.abril.com.br/010409/entrevista.shtml Acesso em 19/03/2012
http://www.psicopatia.com.br Acesso em 22/03/2012
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6969 Acesso em: 23/03/
2012.
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ANEXOS
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Figura 1 Análise do Resultado da Aplicação da Escala Hare, de Acordo com o Escore Obtido
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Entrevista com o psicopata Francisco das Chagas Rodrigues de Brito –
Meninos Emasculados
Número de vítimas: 42 meninos
Local dos crimes: Altamira (PA) e São Luís (MA)
Período: 1989 a 2004
A Entrevista encontra-se gravada no CD que acompanha o presente trabalho.