Download - Os Piratas - Porto Editora
Os PiratasTeatro
Manuel António Pina
CEL-PT_20141220_F01_06_3P.indd 3 5/15/14 10:59 AM
24
MANUEL ANTÓNIO PINA
ANA
— Não acredito. Não existem piratas!
MANUEL
— Existem, existem! Se eu te contasse…
Manuel torna a pegar no lenço.
ANA
— Não acredito…
MANUEL
— Não sei se existem ou não existem… É uma histó-
ria tão estranha… Às vezes acho que foi um sonho, ou-
tras vezes… Não sei… Foi no dia do naufrágio… Nunca
contei isto a ninguém… Até a mim me custa a acre-
ditar…
ANA
— Conta, conta!
MANUEL
— Não… Não sei… Tu não acreditavas, Ana…
CEL-PT_20141220_F01_06_3P.indd 24 5/15/14 11:00 AM
Os Piratas – Teatro
25ANA
— Acredito, juro!
Manuel faz uma pausa.
O vento atira furiosamente a chuva contra a janela.
MANUEL
(Virando-se para Ana)
— E depois não te ris de mim?
CEL-PT_20141220_F01_06_3P.indd 25 5/15/14 11:00 AM
CEL-PT_20141220_F01_06_3P.indd 40 5/15/14 11:00 AM
Os Piratas – Teatro
41CAPITÃO
— Botes à água, botes à água! Ao assalto! Queimem
tudo! Apanhem as mulheres, apanhem as mulheres!
Manuel, aflitíssimo, salta do esconderijo. Olha por
um momento os piratas e o Capitão aos saltos e aos gri-
tos, e corre para as escadas. Tropeça no cordame e cai.
Levanta-se de novo e precipita-se pelas escadas.
MANUEL
— Meu Deus! A minha mãe! Tenho que salvar
a minha mãe!
Apagam-se lentamente as luzes.
CEL-PT_20141220_F01_06.indd 41 5/23/14 1:51 PM