Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
EDUCAÇÃO PARA SAÚDE: UM TEMA ABORDADO NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR
Autor: Everton Luis de Oliveira Lopes¹
Orientadora: Maria Angélica Binotto²
Resumo
Nos dias atuais, a sociedade tem se deparado com um número cada vez maior de pessoas que apresentam algum tipo de doença degenerativa ou sequelas em consequência de estilos de vida pouco saudáveis que a vida moderna nos impõe. Diante desta realidade, cabe à disciplina de educação física proporcionar ao aluno, no período escolar, uma vivência que possibilite um estilo de vida mais ativo. Desta forma, este trabalho teve como objetivo verificar o conhecimento dos educandos sobre o tema “Educação para Saúde” e avaliar uma Proposta didático-pedagógica de atividades prática aplicada às turmas do Ensino Médio. A pesquisa envolveu a participação de 63 alunos dos 1º anos do Ensino Médio noturno do Colégio Estadual Parigot de Souza, no município de Inácio Martins, Paraná. O desenvolvimento do trabalho foi dividido em dois momentos: No primeiro, foi realizado um aprofundamento da fundamentação teórica e no segundo momento foi aplicada a proposta didático pedagógica de atividades e analisado os resultados obtidos. A obtenção das informações ocorreu a partir da aplicação de um questionário a fim de verificar o conhecimento que os escolares possuíam sobre o tema, e informações sobre a pratica de atividades físicas. Este instrumento foi aplicado antes (pré-G1)) e depois (pós-G2) da intervenção (proposta didático pedagógica de atividades). O grupo 1 respondeu ao questionário e participou da intervenção e o grupo 2 respondeu o questionário e não participou da intervenção. Em relação aos conhecimentos prévios sobre o tema: “Educação para a saúde”, que os escolares possuíam os dois grupos tiveram resultados semelhantes. No resultado pós intervenção o G1 apresentou melhores níveis de conhecimento quando comparado ao G2. Já em relação à participação prática em atividades físicas não foram observadas diferenças entre os grupos. Deste modo podemos afirmar que a intervenção promoveu um aumento dos conhecimentos teóricos dos alunos envolvidos, porém não foi suficiente para promover mudanças de comportamento quando nos referimos à prática de atividades físicas. Entende-se, portanto, que mudanças de comportamentos se evidenciam a médio e longo prazo.
Palavras-chaves: Educação Física, Aptidão Física e Saúde.
¹Pós-graduação em Educação Física Escolar e Educação Especial:Atendimento as necessidades Especiais pelo ESAP, Graduação pela Universidade Federal de Santa Maria, RS. Professor na rede Estadual de Ensino do Paraná, no Colégio Estadual Parigot de Souza, Inácio Martins. E-mail: [email protected] ²Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem-UFPR, Mestre em Atividade Física relacionada a Saúde, Graduação em Educação Física, Docente do Departamento de Educação Física da UNICENTRO. E-mail: [email protected]
1. INTRODUÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) configura como uma
experiência de Formação Continuada do governo do Estado do Paraná, onde os
professores do Quadro Próprio do Magistério (QPM) têm a oportunidade da
apropriação de novos conhecimentos por meio da interação com a Universidade.
Atualmente, temos nos deparado com um número cada vez maior de pessoas
que apresentam algum tipo de doença degenerativa ou sequelas em consequência
de estilos de vida pouco saudáveis. Este estado que vem se agravando a cada ano,
aparece como consequência do estilo de vida moderno caracterizado pelo uso de
meios tecnológicos que facilitam nossa vida e consequentemente diminuem cada
vez mais nosso esforço para realização das tarefas diárias, a que denominamos
sedentarismo.
Mediante esta realidade, que tem nos trazido prejuízos incalculáveis e se
tornado uma ameaça para nossa qualidade de vida, torna-se importante que a
escola enquanto disseminadora e produtora do conhecimento, assuma uma posição
frente a este desafio da sociedade moderna. Portanto, cabe a disciplina de educação
física, proporcionar ao aluno no período escolar uma conscientização da importância
da prática regular de atividades físicas.
A disciplina de Educação Física possibilita trabalhar os conteúdos
estruturantes e temas articuladores de uma forma contextualizada com a realidade
atual. Surge então a possibilidade e necessidade da problematização do tema
articulador saúde, que se encontra nas Diretrizes Curriculares, como uma estratégia
a ser pensada e trabalhada dentro da escola com a devida relevância e
aprofundamento. Desta forma, destacamos a importância da conscientização de
nossos educandos a partir de conceitos e princípios teórico/práticos pautados de
maneira direta e efetiva com a educação para saúde, podendo dar condições para
os mesmos estabelecerem relações entre atividade física, aptidão física, saúde e os
demais conhecimentos que influenciam em um estilo de vida saudável.
O aluno poderá a partir de uma leitura da realidade e portador dos
conhecimentos necessários que lhe deem suporte para de uma forma critica e
autônoma determinar sua maneira de viver, seus hábitos e atitudes de maneira à
contribuir com a construção e manutenção da saúde.
Diante deste contexto, este trabalho objetivou verificar o conhecimento dos
sobre o tema Educação para Saúde e avaliar uma Proposta Didático-Pedagógica de
atividades práticas, aplicada aos escolares do Ensino Médio.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Educação Física historicamente tem buscado sua identidade. Neste
contexto, as concepções pedagógicas colocadas em pratica nas instituições de
ensino foram influenciadas por diversas áreas, que estavam em evidência, que
detinham o poder ou eram vistas como detentoras do conhecimento. De maneira
que as ações pedagógicas da Educação Física foram influenciadas pelas áreas
médica, militar, biopsicossocial e desportiva. Importante notar que todas elas traziam
em sua essência uma ideologia conservadora que buscava servir os interesses
políticos e sociais da classe dominante e a manutenção da organização vigente
(KRAVCHYCHYN, 2011 e GUEDES, 1999).
Apesar de a Educação Física ter historicamente mudado seu enfoque por
várias vezes, atribuindo valor a determinadas perspectivas de ensino, ela não pode,
em momento algum, afastar-se do tema saúde, pois há uma ligação inseparável
entre Educação Física, Aptidão Física e Saúde (NAHAS, 2003).
Entende-se que não devemos privilegiar o tema saúde em detrimento de
outros conteúdos da Educação Física, mas que devemos sim atribuir-lhes seu
devido valor e importância. De acordo com Guedes & Guedes (1996) uma das
principais preocupações da comunidade cientifica é levantar ações ou caminhos que
possam auxiliar na tentativa de reverter o aparecimento de problemas orgânicos
associados à falta de uma vida fisicamente ativa
Neste sentido, Nahas (1997), defende uma proposta de Educação Física
dentro da temática da saúde e da qualidade de vida. Como proposta o autor propõe
a redefinição dos programas de Educação Física, onde o maior objetivo seja a
indicação para a necessidade de termos um estilo de vida ativo que estimule a
promoção da saúde. Um dos pontos importantes da proposta é o trabalho de
fundamentação teórica dos educandos onde se desenvolva o ensino de conceitos e
princípios teóricos que possam subsidiar os mesmos em suas decisões quanto à
importância da adoção de uma vida fisicamente ativa não apenas no período
escolar, mas também ao longo de toda a vida.
Estes conceitos e princípios teórico-práticos aprofundariam o conhecimento
do educando, levando-o a fazer relações entre a prática de atividades físicas e a
saúde, o que com certeza é um dos pontos fundamentais para que a atividade física
seja incorporada na rotina de vida, e seja considerada como instrumento essencial
para ter e manter uma vida saudável. Nahas (1997) sugere que o objetivo da
Educação Física na escola de Ensino Médio seja ensinar os conceitos básicos da
relação entre atividade física, aptidão física e saúde. Destacando que esta
perspectiva de ensino vem ao encontro das necessidades da maior parte dos
escolares que possuem comportamento sedentários, baixa aptidão física, excesso
de peso ou obesidade.
Os alunos de Ensino Médio encontram-se em nível de amadurecimento e
conhecimento intelectual apropriado para trabalhar este tema, podendo atribuir-lhe a
devida importância. Estes conhecimentos poderão servir de suporte para direcionar
crítica e autonomamente suas escolhas quanto a hábitos e atitudes mais
apropriados para construir e manter uma vida saudável (NAHAS, 1999).
Dentro desta perspectiva da fundamentação do aluno para que compreenda
os conceitos básicos relacionados com a saúde e a aptidão física, a qual aparece
como um dos pontos importantes da proposta de Nahas (2003), o mesmo nos
apresenta algumas sugestões gerais para implementação de um programa centrado
em conceitos relativos à educação para saúde. Este trabalho de fundamentação e
aprendizagem deve acontecer de uma forma progressiva e sequencial, observando
as características, necessidades e interesses dos alunos em cada fase escolar.
Cada ano escolar concentrara objetivos e experiências de aprendizagem que serão
desenvolvidas como pré-requisitos para o ano subsequente. Então, em cada período
escolar se reserva um tempo mais significativo para concentrar-se em objetivos
específicos mais relevantes para aquela fase de desenvolvimento (NAHAS, 2003).
Assim, esta proposta de intervenção terá como publico alvo alunos do Ensino
Médio, que terão a oportunidade de vivenciar a Educação Física escolar com ênfase
na formação da educação para a saúde, a partir da proposta de Nahas (2003).
Outro ponto a se destacar da proposta, é a importância da vivencia prática de
atividades físicas na infância e adolescência, o que segundo afirmam Nahas (2003)
e Guedes (1999), exerce uma forte influencia na formação e adoção destes hábitos
quando adulto. As atitudes e hábitos de uma vida ativa e saudável quando crianças
tendem acompanhar a pessoa em sua vida adulta.
Assim, a prática nas aulas de Educação Física deve ser vista, não apenas
como aprendizagem de técnicas e táticas desportivas, onde grande parte da turma
que não atende aos padrões exigidos para a prática acaba sendo excluída e
desenvolvendo uma verdadeira aversão à prática de qualquer tipo de atividade física
e principalmente ao esporte.
Esta prática deve ser repensada e ressignificada para que assim possa incluir
todos, não se limitando apenas a prática de esportes, mas ao desenvolvimento de
múltiplas formas de atividades físicas. Este é um dos pontos positivos para a adoção
de um estilo de vida saudável e ativo na infância, adolescência e quando adulto.
Nahas & Corbin (1992, p.52), afirmam que, para que as atividades físicas mais
facilmente possam ter continuidade na vida, devem antes de tudo estimular a
satisfação pessoal e a motivação intrínseca na infância. De maneira que, crianças
que se envolvem em atividades físicas porque sentem prazer, tendem a se tornarem
adultos mais ativos fisicamente.
As vivências práticas de atividades físicas na infância e adolescência são de
extrema importância não só para auxiliar na formação de hábitos, mas também para
a qualidade de vida na idade adulta, pois a maior parte das doenças crônico
degenerativas que estão associadas à falta de atividade física começam a
desenvolver-se nos primeiros anos de vida. Pesquisas comprovam que as doenças
hipocinéticas têm um período de desenvolvimento de 20 a 25 anos até sua
manifestação na idade adulta (GUEDES, 1999). Para Guedes (1999, p.10), “grande
número de distúrbios orgânicos que ocorre na idade adulta, poderia ser minimizado
ou evitado se hábitos de vida saudáveis fossem assumidos desde as idades mais
precoces”. Ainda, “Enquanto isso não acontece, professores, alunos e pais devem se
mobilizar para sensibilizar os dirigentes e governantes de que vivemos uma era em
que o estilo de vida, mais que outros fatores, pode determinar como e quanto
viveremos” (NAHAS, 2003, p.160) .
Diante deste contexto, atividades direcionadas aos escolares com o objetivo
de discutir o tema Educação para Saúde nas aulas de Educação Física escolar se
tornam cada vez mais necessárias.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1. Metodologia
Este trabalho de caráter quali-quantitativo foi desenvolvido no município de
Inácio Martins, no Colégio Estadual Parigot de Souza, com estudantes do Ensino
Médio. Fizeram parte desta investigação duas turmas do 1º ano do Ensino Médio
Noturno, sendo uma turma de intervenção (G1) e outra grupo controle (G2) que não
participou da intervenção.
Para a coleta das informações foi aplicado um questionário com o objetivo de
identificar o nível de conhecimento que os alunos possuíam sobre o tema e avaliar
os efeitos da implementação prática. O Instrumento foi criado a partir dos objetivos
desta pesquisa e de instrumentos já aplicados em outros estudos (GALLO, 2009).
Desta maneira o questionário como instrumento de análise e avaliação, foi
dividido em duas partes: a primeira parte (questões 1 a 6) objetivou verificar o
conhecimento teórico que os alunos possuíam e adquiriram durante a intervenção
(Grupo G1). A segunda parte (questões 7 a 11) teve como objetivo conhecer e
acompanhar a influência dos conhecimentos teóricos em ações práticas, ou seja, em
mudanças no estilo de vida. Ambos os aspectos foram
avaliados antes e depois da intervenção nos dois grupos.
A implementação da Proposta didático-pedagógica de atividades prática
ocorreu entre os meses de março e julho de 2014, envolvendo 32 horas aula para
realização das atividades propostas na turma que participou da intervenção. As
atividades propostas constavam de momentos de aulas teóricas e práticas. Nas
aulas teóricas foi trabalhada a fundamentação teórica envolvendo o tema proposto,
enquanto nas aulas práticas o objetivo foi desenvolver, proporcionar vivências
práticas variadas, associadas a momentos de experiências positivas e prazerosas
de movimento que pudessem contribuir para aquisição do gosto pela prática de
atividades físicas.
Durante as aulas teóricas, realizadas na sala de aula, foram trabalhados os
conteúdos estruturantes da Educação Física articulados com o tema Saúde. As
aulas foram desenvolvidas, tendo como ponto de partida uma reflexão inicial sobre o
que os alunos conheciam sobre o conteúdo, diagnosticando o nível de conhecimento
dos mesmos, contextualizando, atribuindo significado e buscando fazer uma relação
com as atividades do cotidiano. As aulas foram expositivas envolvendo pesquisa
bibliográfica sobre o tema, leituras orientadas, apresentação de trabalho, vídeos e
elaboração de sínteses críticas a partir de debates e reflexões.
A partir do conhecimento construído nas aulas teóricas de Educação Física
foram confeccionados materiais para exposição: cartazes, paródias, desenhos,
pinturas e outras formas de expressão que os alunos encontraram para expressar o
que aprenderam.
As aulas práticas de Educação Física foram realizadas na sala de aula,
quadra, pátio, sala multiuso, nas quais foram desenvolvidas atividades físicas
diversificadas buscando despertar o gosto pelas mesmas, sensibilizar e motivar
todos a participar. Foram trabalhados todos os conteúdos estruturantes da disciplina
(Esportes, Jogos e Brincadeiras, Danças, Ginástica e Lutas).
Além da vivência nas diversas atividades práticas de movimento, foram
utilizadas outras estratégias para complementar o conteúdo prático, como: vídeos
ilustrativos, palestras com outros profissionais, realização de testes para monitorar
frequência cardíaca, frequência respiratória, força muscular, e outras qualidades
físicas onde os alunos puderam, a partir destes resultados, estabelecerem relações
teórico/práticas com o efeito benéfico da atividade física para a qualidade de vida e
saúde.
As atividades desenvolvidas tiveram o acompanhamento e a supervisão da
orientadora educacional do colégio onde a implementação foi realizada.
3.2. Resultados e Discussão
Primeiramente, o projeto foi a apresentado aos professores da escola em que
a implementação foi realizada. No mês de março de 2014, foi feito um primeiro
contato com os alunos explicando o que seria o projeto e após iniciou-se a
implementação nas turmas do ensino médio do colégio Parigot de Souza.
Iniciamos o desenvolvimento da pesquisa com 63 alunos, sendo 33 do grupo
de intervenção (G1) e 30 grupo controle (G2). Finalizaram a intervenção 26 alunos
do G1 e 18 alunos do G2, esta diminuição nos grupos ocorreu pela desistência,
remanejamento e transferência de alunos. A idade média dos alunos participantes da
intervenção era de 16 anos. No grupo G1 participaram 10 meninas e 16 meninos e
no grupo G2 08 meninas e 10 meninos
Para a implementação que aconteceu no 1º semestre de 2014 na turma de 1º
ano de ensino médio, bloco 1, período noturno, as atividades desenvolvidas foram
divididas em módulos: 8 módulos de 4 horas aula cada um, sendo 2 horas de
atividades teóricas e 2 horas aula de atividades práticas.
Os resultados referentes aos conhecimentos prévios que os alunos possuíam
sobre o tema da intervenção indicaram que os escolares possuíam algum
conhecimento, apesar de pouco aprofundamento.
As turmas eram participativas e demonstravam interesse pelo que estava
sendo feito.
Outro aspecto interessante que foi identificado foi a falta de preocupação dos
alunos com o estilo de vida e cuidados na adoção de hábitos e atitudes positivas e
conscientes para prevenção e promoção da saúde. Possivelmente, isso seja
explicado por estarem numa fase de crescimento e desenvolvimento em que o auge
de sua saúde e vitalidade, está presente.
As atividades práticas, bastante diversificadas, possibilitaram grande
experiência de movimento o que conseguiu tornar as aulas mais atrativas e motivar
os educandos a participação. Segundo Alves (2007), quanto maior a gama de
possibilidades apresentadas para os alunos na escola com fins de pratica, maior
será o numero de indivíduos que descobrirão alguma atividade que possa lhe dar
prazer e consequentemente torná-la um hábito.
Todos os alunos participaram das atividades, vivenciando experiências de
movimento positivas e motivadoras. Para Marques e Gaya (1999), experiências
traumáticas e desmotivadoras durante a infância podem prejudicar a relação que se
estabelece do adulto com a prática de atividades físicas.
Ao propor as vivências práticas observamos que alcançamos os objetivos
desejados em algumas atividades, em outras, o resultado não foi o que
esperávamos, mas o mais importante foi fazer com que todos participassem das
atividades propostas, propiciamos momentos de prática prazerosos e reflexões que
puderam contribuir positivamente para a formação física, emocional e intelectual de
nossos educandos. Para Nahas & Corbin (1992, pg.52), as práticas e reflexões
estimulam a satisfação pessoal e a motivação intrínseca em relação ao gosto às
atividades físicas. Crianças e adolescentes que se envolvem em atividades físicas
por que sentem prazer tendem a tornar-se adultos mais propensos a serem ativos
fisicamente. Concordando com autores, Darido (2003), destaca que esta vivência de
atividades físicas na infância e adolescência se caracteriza como importante atributo
para a adoção de um estilo de vida ativo quando adulto.
Os resultados obtidos a partir do questionário aplicado pré e pós intervenção
para os grupos G1 e G2, referentes aos conhecimentos sobre o tema atividade
física, aptidão física e saúde, são apresentados na tabela 1.
Tabela 1: Resultados referentes aos conhecimentos sobre o tema: educação para a
saúde nos Grupos 01 e 02, pré e pós-intervenção, relatados pelos escolares
participantes do estudo.
Aspectos Avaliados
Resultados pré-intervenção
Nada/muito pouco
(%)
Mais ou menos
(%)
Bastante/
Extremamente (%)
G1 G2 G1 G2 G1 G2
Importância da Atividade física
como e promoção da saúde
12 11 42 44 46 45
Importância da Alimentação como
promoção da saúde
12 12 11 14 77 74
Importância dos Exercícios
físicos para a promoção da saúde
8 10 40 38 52 52
Cuidados com Estilo de vida 20 20 23 23 57 57
Cuidados com Peso corporal 23 23 31 31 46 46
Resultados pós-intervenção
Importância da Atividade física
como e promoção da saúde
6 12 19 43 75 45
Importância da Alimentação como
promoção da saúde
9 12 10 15 81 73
Importância dos Exercícios
físicos para a promoção da saúde
7 10 19 38 75 52
Cuidados com Estilo de vida 18 21 22 23 60 56
Cuidados com Peso corporal 22 22 32 31 46 47
Para os dois grupos tanto na pré-intervenção quanto na pós-intervenção os
alunos apresentaram uma prevalência maior para opção bastante/extremamente
para todas as categorias.
Nos resultados comparativos na pós intervenção os dois grupos, apresentam
diferentes níveis de conhecimento intelectual em relação ao tema em estudo. Desta
forma, podemos observar que o grupo G1 que participou do processo de intervenção
apresenta níveis de conhecimento melhores, demonstrando que os processos de
fundamentação teórica com o trabalho de aprofundamento de conceitos e princípios
relativos ao tema auxiliam decisivamente na construção do conhecimento
necessário para compreender, a valorizar a importância de cultivar um estilo de vida
ativo e saudável.
A tabela 2, representa as frequências dos escolares em relação a prática
de atividades físicas e a continuidade desta prática fora do âmbito escolar.
Tabela 2: Resultados referentes aos Motivos pelo qual os escolares continuam
praticando atividades físicas.
Motivos relatados
Pré-intervenção
Pós-intervenção
G1 (%) G2 (%) G1 (%) G2 (%)
Diversão 4 4 4 4
Saúde 38 38 40 37
Passar tempo 19 19 17 20
Encontrar os amigos 8 7 8 8
Entrar em forma 12 13 13 13
Manter o peso 11 11 12 12
Outros motivos 8 8 7 6
Na tabela 2, observou-se que dos alunos dos grupos G1 e G2 que são
fisicamente ativos, sua pratica é principalmente motivada pela preocupação com a
saúde. Desta forma, observa-se que a manutenção da prática em atividades física
dos escolares está relacionada a saúde.
Na tabela 03, são apresentados os resultados com relação aos motivos que
levam os alunos a não praticarem atividades físicas.
Tabela 3: Resultados referentes aos Motivos pelo qual os escolares não praticam
atividades físicas.
Motivos relatados
Pré- intervenção Pós- intervenção
G1 (%) G2 (%) G1 (%) G2 (%)
Falta de tempo 31 30 30 30
Não vê importância 19 16 11 16
Preguiça 19 22 19 21
Não tem opção 6 6 6 7
Falta de lugar apropriado 25 26 34 26
Não gosta - - - -
Outros motivos - - - -
Podemos constatar na tabela 3 que na percepção dos escolares as maiores
barreiras para não praticar atividades físicas são a falta de tempo e a falta de lugar
apropriado. Segundo Santos et al (2010), em estudo realizado com jovens sedentários
apontou que a principal barreira para exercitar-se é a “falta de tempo” seguido do
“cansaço excessivo” e a “falta de interesse”.
De acordo com Nahas (2003) o poder público poderia ser um facilitador,
reconhecendo os benefícios e a importância da criação de espaços apropriados para
práticas de atividades físicas, como meio para promoção da saúde.
Tabela 4: Resultados referentes a pratica de atividade físicas nos Grupos 01 e 02, pré
e pós-intervenção, relatados pelos escolares participantes do estudo.
Resultados pré-intervenção
Aspectos
avaliados
Sim (%) Não (%)
G1 G2 G1 G2
Pratica atividades físicas
61 63 39 37
Continuidade da pratica de atividades físicas
81 81 19 19
Chama-nos a atenção os resultados apresentados, que tanto no pré como no
pós intervenção os mesmos não apresentam grandes alterações relativos ao
aumento da prática em atividades físicas.
Da mesma forma os resultados quanto a intencionalidade de continuar com a
prática de atividades físicas não apresentam grandes alterações. Mas observamos
um aumento no percentual em relação aos que praticam. No momento existem
barreiras como falta de tempo e falta de lugar apropriado para prática, que os
impossibilitem de ter uma vida mais ativa, e também a preocupação preventiva com
a saúde não seja um fator motivacional para mudança de seu estilo de vida.
Resultados pós-intervenção
Aspectos avaliados
G1 G2 G1 G2
Pratica atividades físicas
62 62 38 38
Continuidade da pratica de atividades físicas
85 81 15 19
Tabela 5: Resultados referentes a frequência com que os alunos praticam atividades
físicas durante a semana.
Frequência da
pratica
Pré-intervenção Pós-intervenção
G1 (%) G2(%) G1(%) G2(%)
01 dia 16 14 16 14
02 dias 15 17 17 18
03 dias 8 10 6 11
04 dias 23 23 22 20
Nenhum 38 36 39 37
De acordo com o relato dos alunos há um grande percentual de alunos que
não pratica nenhum dia de atividade física. De modo geral, considerando os valores
percentuais observados, não foram encontradas diferenças entre o grupo que
realizou a intervenção e o grupo controle. Possivelmente isso não foi evidenciado
nos escolares participantes do estudo, em função do tempo (quatro meses) de
intervenção realizado, uma vez que as mudanças de comportamentos são
observadas a médio e longo prazo. Para Nahas (2003), Guedes (1999) e Sobral
(1993), a mudança do comportamento e o desenvolvimento de hábitos e atitudes
saudáveis com relação ao estilo de vida são observados em períodos de médio em
longo prazo.
Além disso, outros fatores são decisivos para a sensibilização dos educandos
quanto à adoção de um estilo de vida ativo. Apesar de reconhecerem seu valor, não
sentem a necessidade de atribuir a devida importância. Para SOBRAL (1993), a
escola deve assegurar, mais do que benefícios imediatos, um programa a longo
prazo onde a aquisição de atitudes, conhecimentos e competências motoras sejam o
grande objetivo, para que garantam a prática consciente de atividades físicas em
fases mais adiantadas.
Na tabela 6 são descritos os valores percentuais do tempo em que os alunos
se envolvem em atividades físicas.
Tabela 6: Resultados referentes ao quanto tempo os alunos gastam fazendo estas
atividades físicas.
Tempo de pratica Pré-intervenção Pós-intervenção
G1(%) G2(%) G1(%) G2(%)
Nenhum 38 35 38 34
10 minutos 8 10 9 10
20 minutos 8 9 8 12
40 minutos 12 12 13 12
1 hora 11 12 13 13
2 horas 23 22 19 19
Considerando os resultados da tabela 6, podemos observar que a maior parte
dos alunos se envolveu 2 horas, nos dias quando realizaram suas praticas.
Observa-se também um grande percentual de alunos que não praticam atividades
físicas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a implementação observamos que o conhecimento dos educandos é
bastante superficial, mas que o trabalho promoveu uma reflexão ou ao menos serviu
como uma provocação para que os escolares pensassem sobre o tema.
As experiências práticas vivenciadas durante este período de intervenção
com certeza contribuíram positivamente para uma mudança nos hábitos e atitudes
dos escolares, pois tiveram a oportunidade de reconhecer no trabalho implementado
e na atividade física, agentes de promoção da saúde integral.
Foi possível observar por meio dos dados obtidos, que os valores relativos na
pré e pós-intervenção não apresentam grandes mudanças na rotina e nos hábitos e
atitudes dos alunos envolvidos nesta pesquisa, mas podemos afirmar que as
pequenas mudanças que surgiram podem ser o inicio de um processo de
sensibilização dos educandos sobre a importância nos cuidados com o estilo de
vida, traduzido pela prática de atividades físicas. Possivelmente, estes resultados
confirmam que mudanças de comportamento poderão ser observadas a médio e
longo prazo, logo, um projeto com esta proposta precisaria de mais tempo para
atingir todos os objetivos propostos e para que os educandos tivessem mais tempo
para assimilar os conhecimentos trabalhados e transformá-los em ações praticas de
mudança. A partir desta intervenção, sugere-se que sejam desenvolvidos outros
projetos que avaliem a médio e longo prazo a mudança de comportamento dos
escolares relacionados aos hábitos saudáveis.
Desta forma, destacamos a importância do trabalho desenvolvido com este
projeto de implementação, pois nos dias atuais mediante aos desafios da
modernidade, a escola, e em particular as áreas do conhecimento, devem fazer a
diferença. Ao trabalharmos conhecimentos contextualizados contribuímos para que
os educandos possam repensar e readequar seu estilo de vida, preparando-os para
atuar como cidadãos críticos, capazes de escolher a melhor forma de se viver. A
partir da conscientização sobre os males que o estilo de vida moderno os impõem,
poderão, como sujeitos, decidir qual caminho desejam seguir.
O presente projeto traz contribuições para a atuação dos profissionais de
educação física, disponibilizando um material que poderá subsidiar as aulas de
Educação Física escolar a fim de trabalhar o tema saúde, tanto em aulas teóricas
como práticas.
5. REFERENCIAS
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