O PAPEL DO BISPO AZEREDO COUTINHO NA INTRODUÇÃO DAS CIÊNCIAS
MODERNAS NO BRASIL: PRINCÍPIOS DA AEROSTAÇÃO
JOSÉ CARLOS CORRÊA DE ANDRADES
MARIA RENILDA NERY BARRETO
INTRODUÇÃO
Somente a partir do final da década de 1960 começou a haver uma maior preocupação
nos estudos dos processos de difusão da ciência europeia ocidental para os demais países, bem
como nos estudos do desenvolvimento dessas ciências nacionais, ou seja, as chamadas
ciências dos países periféricos. Apesar do crescimento de estudos com esse enfoque,
permaneceu forte a crença de que praticamente toda a produção científica no Brasil, no
período que antecedeu à transição do século XIX para o século XX, se deveu a cientistas
estrangeiros, sendo fortuitas – e caracterizadas como exceções – as produções de alguns
brasileiros (FIGUEIRÔA, 1998).
Na mesma linha interpretativa de Fernando de Azevedo (1954; 1994), algumas
correntes historiográficas mais tradicionais tendem a considerar as atividades técnico-
científicas no Brasil apenas a partir da criação e desenvolvimento das universidades, com
tendências a dar pouco valor, ou mesmo classificar como inexistentes, ações nacionais antes
disso. É comum a visão de que o ensino de física, por exemplo, era inexistente ou fraco antes
da implantação do ensino superior no Brasil, sendo a implantação do curso superior de física
essencial no remodelamento curricular da física secundária (Cf. NICIOLI JUNIOR e
MATTOS, 2012).
Na contramão dessa linha interpretativa, muitos estudos revelam contribuições e
pioneirismos dos que hoje seriam chamados de “cientistas brasileiros”. Assim é que dentro da
história das ciências e das técnicas, talvez nada mais revele a contribuição de pensadores
brasileiros para o mundo do que a história da aerostação, a qual se confunde com os
primórdios da história da aviação. A aerostação estuda os princípios básicos dos aeróstatos,
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação do CEFET-RJ, Mestre em
Tecnologia pelo CEFET-RJ. Dra em História das Ciências, professora e pesquisadora do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca (CEFET-RJ, Brasil).
que são as aeronaves mais leves que o ar, podendo estas ser dirigíveis ou não. Foi o padre
jesuíta brasileiro Bartolomeu de Gusmão que deu grande contribuição a esta área de estudo
quando, em 1709, fez um balão de ar quente flutuar no ar, pela primeira vez, diante da corte
de D. João V. Este fato o faz ser considerado como o primeiro físico experimental da América
Portuguesa (Cf. COSTA RIBEIRO, 1994; VENÂNCIO FILHO, 1938; VIDEIRA; VEIRA,
2010).
As ciências matemáticas e físicas, aparentemente, alcançaram as suas maiores honras
no campo aeronáutico, e inauguram uma nova era no progresso do conhecimento (MARION,
1888), e o bispo Azeredo Coutinho, fundador do Seminário de Olinda, em 1800, não ficou
alheio a estas perspectivas. O bispo é autor de um manuscrito, que posteriormente foi
publicado na coletânea “Coleção de alguns manuscritos curiosos do exmo bispo de Elvas” (Cf.
COUTINHO, 1819), onde sugere conceituações teóricas para dar direcionamento a um balão
navegando pelo ar. Sua proposta evidencia princípios físicos que envolvem os conceitos de
ação e reação segundo os moldes newtonianos. Isto teria sido uma inovação em relação ao
tradicional ensino jesuítico, em grande parte ainda calcado na escolástica e na física
aristotélica.
Este é o tema escolhido para este artigo, que objetiva discutir elementos de ciência
moderna presentes no pensamento do bispo Azeredo Coutinho a partir da análise de sua
referida produção sobre o problema da direção dos balões aerostáticos, publicado em Londres,
em 1819. Para complementar essa discussão, outros textos, também de produção do bispo
Coutinho são utilizados (Cf. COUTINHO, 1798; 1804).
O CONTEXTO DA ÉPOCA
A física do início do século XVII ainda era fortemente influenciada por Aristóteles, e
foi gradualmente se modelando no decorrer do século XVIII, até atingir os padrões que são
adotados na contemporaneidade, a partir do final do século XIX. A palavra “física”
subentende o estudo das coisas naturais, só que isto envolvia, originariamente, tanto os
objetos inanimados quanto os seres vivos, visto que a própria concepção da natureza era a de
um organismo vivo. O médico e o físico eram a mesma pessoa. Assim, a física dos séculos
XVII e XVIII englobava os fenômenos psicológicos, orgânicos e inorgânicos, e seus métodos
não recomendavam ainda nem a matemática nem a experiência. Era predominantemente
qualitativa, enquanto que as matérias quantificadas da ciência física se situavam naquilo que
poderia se designar por “matemáticas mistas” ou “matemática aplicada” (Cf. HANKINS,
2002; HEILBRON, 1982). Estas matemáticas incluíam a astronomia, a ótica, a estática, a
hidráulica, a gnômica – relativa aos relógios de sol –, a navegação a agrimensura e as
fortificações. Tradicionalmente, essas aplicações práticas, envolvidas na matemática aplicada,
eram menosprezadas pelos filósofos, e não eram considerados academicamente.
O principal agente na mudança do objeto da física foi a demonstração experimental
(CARVALHO, 1982). Durante os séculos XVI e XVII, a experimentação foi se tornando
parte integrante da abordagem “racional” da natureza, num acontecimento cultural que
associou ideias de racionalistas como Descartes e empiristas como Galileu e Newton. Tratava-
se de uma grande revolução que ocorria no domínio da então chamada “filosofia natural”, e
mais tarde seria designada como “revolução científica”. São as bases do que se convencionou
chamar de “ciência moderna”.
Uma nova forma de pensar o mundo e as relações sociais se alastrou por toda a Europa
durante o século XVIII, sendo identificada pelo nome de Iluminismo ou Ilustração. A essência
do Iluminismo (ideias iluminadas pelas luzes da razão) ou Ilustração (ideias formuladas pelos
homens ilustrados) foi a busca do progresso das ciências e das técnicas como fator
imprescindível ao desenvolvimento do Estado, ancorada politicamente no princípio da
igualdade e liberdade, como forma de assegurar a felicidade aos homens (LYRA, 1994). As
novas ideias provenientes do Iluminismo constituíram um paradigma, e seus novos
pressupostos ideológicos iam sendo formulados em consonância com as particularidades de
cada sociedade. Desta forma, o Iluminismo se apresentou multifacetado, dependendo de cada
contexto social. Hoje reconhece-se que – diferentemente da corrente historiográfica que se
atrela ao iluminismo francês – o iluminismo não foi um movimento homogêneo e uniforme
em toda a Europa (Cf. BOTO, 2011; LYRA, 1994; MONCADA, 1941).
Assim, a face luso-brasileira do Iluminismo teve suas características próprias, sendo
reformista e conservadora, ao invés de revolucionária, e o projeto político de renovação uniria
Velho e Novo Mundo em torno de um monarca absoluto. E é justamente neste contexto de
despotismo esclarecido que Sebastião José de Carvalho e Melo – o Marquês de Pombal –,
Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra de d. José I, passa a promover
uma série de reformas com o objetivo de melhorar a administração do império português e
aumentar as rendas obtidas através da exploração colonial. Isso implicou reformas no sistema
educacional para a obtenção de quadros funcionais especializados, de forma a colocar
Portugal em condições de competir com as potências estrangeiras (Cf. CARDOSO, 2002;
CARVALHO, 1978). Historiadores como Cardoso (ibid.) apontam, inclusive, para o
pioneirismo de Portugal em relação a outros Estados ocidentais na implantação de um sistema
escolar estatizado.
Pombal não deixaria passar a oportunidade de defender e estabelecer a posse dos
imensos territórios garantidos à Coroa pelo Tratado de Madrid e a Companhia de Jesus
detendo exclusivo poder religioso, civil, militar e econômico sobre suas dezenas de milhares
de aldeados não convinha aos seus interesses comerciais e políticos (Cf. CARDOSO, 2002;
CARVALHO, 1978; GARCIA, 2014). Assim é que os jesuítas, que dominavam o ensino em
Portugal desde os tempos de D. João III, e também no Brasil, desde 1549 – quando aportaram
em companhia do primeiro Governador Geral Tomé de Souza – passaram a ser considerados
como responsáveis exclusivos pelo atraso cultural e educacional no mundo luso-brasileiro,
sendo expulsos do Brasil pelo marquês de Pombal, em 1759.
O ensino jesuítico ainda era calcado na escolástica medieval, e as visões de natureza
fundamentavam-se numa cosmologia aristotélica. Em contraste com os padres mais
progressistas da Congregação do Oratório – cujas ideias muito influenciaram as reformas
pombalinas – adeptos de uma visão mais moderna da filosofia natural, estimulavam a adoção
do método experimental (Cf. CARVALHO, 1982; MEDEIROS; MEDEIROS, 2002).
Segundo Medeiros e Medeiros (2002), existem duas correntes historiográficas opostas
em relação aos jesuítas: uma que assume que eles eram intransigentes defensores da visão
peripatética para a filosofia natural; e outra que afirma que “os jesuítas não apenas teriam sido
conhecedores das teorias dos modernos (Copérnico, Descartes, Galileu, Gassendi e Newton),
como até mesmo teriam lecionado largamente tais teorias em suas aulas” (MEDEIROS;
MEDEIROS, 2002 p. 1698). Talvez, como ponderam Medeiros e Medeiros (ibid.), o ideal
contrário aos princípios da ciência moderna fosse hegemônico entre os inacianos, mas, em
contrapartida, podem ser nomeados vários jesuítas experimentadores e/ou em sintonia com as
descobertas modernas. O padre brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão, por exemplo, era
um padre jesuíta que ficou célebre pela criação do balão de ar quente, em 1709, sendo
considerado o primeiro cientista e inventor brasileiro (ou até das Américas) e fundador da
aerostática (Cf. COSTA RIBEIRO, 1994; VARGAS, 2000; VENÂNCIO FILHO, 1938;
VISONI; CANALLE, 2009). O primeiro balão tripulado só foi ao ar em 1783, a partir dos
experimentos dos irmãos Montgolfier, e, apesar de estudos como o do historiador inglês Noel
Joseph Terence Montgomery Needham (1900-1995) apontarem para a possibilidade do povo
chinês ter sido o precursor dos balões de ar quente, “o fato é que o aeróstato era
completamente desconhecido na China quando da divulgação dos balões dos irmãos
Montgolfier” (VISONE; CANALLE, 2009, p. 3). Além do mais, com base na formação de
Bartolomeu de Gusmão e seu notório saber na época, existe um forte indício de que os
desenvolvimentos técnicos deste “padre voador”, como ficou conhecido, tivessem
fundamentos científicos. Pedidos de patentes, como o de uma bomba hidráulica – seu
primeiro invento – demonstrariam, inclusive aplicações de conhecimentos matemáticos (Cf.
VARGAS, 2000).
Poucos meses depois dos balões de ar quente ganharem popularidade em França com
as demonstrações dos irmãos Montgolfier, a Gazeta de Lisboa noticiava em 17 de junho de
1784 (CASTRIOTO, 2008) que alunos de química da Universidade de Coimbra reformada
faziam experiências com balões sob orientação do professor Domingos Vandelli. O italiano
Vandelli foi um dos professores estrangeiros contratos para atender a reforma universitária
planejada pelo marquês de Pombal. A Universidade de Évora, que era controlada pelos
jesuítas, houvera sido extinta, e a Universidade de Coimbra passou pela chamada “Reforma
dos Ensinos Maiores” (que correspondem ao ensino superior da atualidade), em 1772. Na
proposta, foi introduzido e dado ênfase ao ensino das ciências naturais modernas – na recém-
criada Faculdade de Filosofia –, o qual tinha sido proibido por determinadas instituições
jesuíticas, como o Colégio das Artes. A inclusão da física, da química e da história natural nos
moldes modernos exigiu profissionais mais versados nas mesmas, e para atender a essa
demanda foram contratados vários professores estrangeiros, dentre eles, Vandelli.
Eram quatro os alunos entusiastas do balonismo de Vandelli: Tomás José de Miranda
e Almeida - alferes do regimento de cavalaria de Elvas –, Salvador Caetano de Carvalho,
Vicente Coelho de Seabra e José Álvares Maciel. Estes dois últimos eram brasileiros que se
tornariam eminentes no campo da ciência química. José Álvares Maciel tornou-se,
posteriormente, um inconfidente.
As experiências com balões prosseguiram, envolvendo não apenas o uso de ar quente,
mas também o perigoso – devido ao fato de ser inflamável – gás hidrogênio.
É neste contexto das reformas pombalinas de instrução, com abertura a novas ideias no
campo das ciências e seu ensino, porém com características reformistas ao invés de
revolucionárias, que o bispo Azeredo Coutinho funda seu Seminário em Pernambuco, tendo
sido influenciado pelos estatutos da Universidade de Coimbra reformada, onde se formou.
A PROPOSTA DE AZEREDO COUTINHO PARA UM BALÃO DIRIGÍVEL
José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho nasceu em Campos dos Goitacazes em 8
de setembro de 1742, e faleceu em Lisboa em 12 de setembro de 1821. Descendia de abastada
família de senhores de engenho, mas abdicou de seu direito de primogenitura, indo estudar na
Universidade de Coimbra reformada pelo Marquês de Pombal e abraçando a vida religiosa.
Formou-se em direito canônico e estudou letras e filosofia. Foi ordenado sacerdote e depois
bispo. Ao ser indicado para o bispado de Pernambuco por D. João – então príncipe regente –
condicionou seu aceite a assunção desse cargo à construção de um seminário para a educação
da mocidade (era exigência do Concílio de Trento que cada diocese tivesse um seminário).
Organizou estatutos para o seu Seminário de Olinda obedecendo designações tridentinas, mas
sob a luz das novas ideias da reforma da Universidade de Coimbra (Cf. COUTINHO, 1798).
Ao deixar o Brasil em 1802, assumiu o bispado de Elvas e tornou-se o último inquisidor geral.
Numa época em que os métodos do que atualmente se concebe como ciência
começavam a se distinguir dos métodos da filosofia, talvez o Seminário de Olinda, fundado
em 1800, tenha representado a instituição que mais denotou a existência de um ensino de
ciências no Brasil colonial, onde Azeredo procurou atualizar os métodos e conteúdos
pedagógicos, em função das reformas pombalinas da instrução (Cf. OLIVEIRA, 2005).
Dentro do espírito das reformas, Azeredo revelava verdadeira “obsessão pela restauração da
antiga grandeza material de Portugal, na qual teria papel destacado o Brasil” (ALVES, 1991,
p. 57), o que pode ser observado nos seus escritos mais importantes e reconhecidos
internacionalmente: os de cunho econômico. Assim, desenvolveu-se o ensino de ciências
dentro um modelo utilitarista para atender as demandas do setor produtivo, visto que Azeredo
condenava o que ele denominara de “filósofos de gabinete” (COUTINHO, 1804), ou seja,
aqueles avessos às ciências aplicadas.
A física experimental foi então introduzida como parte da cadeira de filosofia natural,
fazendo parte dela a mecânica e a hidrostática (COUTINHO, 1798). Teria sido a
representação mais sólida que antecedeu o enquadramento curricular da física, enquanto
disciplina autônoma, quando da criação das primeiras faculdades no Brasil.
Em sua “História Geral do Brasil”, Varnhagem (1870) enaltece alguns pensadores e
patriotas brasileiros, dentre eles Azeredo Coutinho e José da Silva Lisboa – o Visconde de
Cairu:
O bispo Azeredo Coutinho foi também grande advogado do
desenvolvimento da indústria e comércio do Brasil. Em firmeza de caráter e
virtudes não era inferior a Cairu; porém era-lhe superior em talentos e na
variedade dos conhecimentos; pois o bispo ostenta em suas obras profundas
noções, não só de direito de governo e de economia política, como de várias
ciências, incluindo a mecânica; também se ocupou do problema da
navegação aérea. (VARNHAGEN, 1870, p. 1047)
O “problema da navegação aérea” ao qual Varnhagen se refere é uma abordagem
teórica que Azeredo faz sobre a possiblidade de dar qualquer direcionamento desejado a um
balão que boia sobre o fluido da atmosfera. Este texto era um manuscrito, que foi publicado
pela primeira vez numa coletânea chamada “Coleção de alguns manuscritos curiosos do Exmº
bispo de Elvas, em 1819. Além deste e outros manuscritos publicados nessa coletânea,
também foram reproduzidas algumas publicações de textos de Azeredo nos periódicos “O
Investigador Português em Inglaterra” ou “Jornal Literário, Político etc.” de fevereiro de 1812
e setembro de 1815, e “Mnemozine Luzitana” ou “Jornal de Belas Artes” de 1816.
O manuscrito sobre o problema do balão era dirigido ao então príncipe D. Pedro. Nele,
o bispo faz as demonstrações de dois teoremas – discursivamente, sem o uso de fórmulas
matemáticas – para mostrar como o problema poderia ser resolvido.
A preocupação de Azeredo no texto revela uma preocupação que persistia desde que o
primeiro balão foi inventado: a capacidade de dirigi-lo no ar. A questão da navegação aérea,
era algo que clamava por uma solução e empolgava a mente de vários pensadores do final do
século XVIII. Havia livros e artigos recorrentes em periódicos que tratavam da aeronáutica. O
livro “O carneiro, o pato, e o galo” de Francisco Ameno (1784), por exemplo, contava, na
forma de fábula e diálogo, a viagem que estes animais fizeram pelos ares na máquina
aerostática de Montgolfier.
O periódico “O Investigador Português em Inglaterra”, com o qual Azeredo se
correspondia e teve artigos seus publicados, descrevia em sua seção “Ciências” – numa parte
dedicada à aeronáutica –, em sua edição de novembro de 1812 (O INVESTIGADOR, 1812), a
“Viagem aérea de M. Sadler”. M. Sandler, um célebre aeronauta britânico, tinha projetado
para a sua trigésima viagem passar da Irlanda para a Inglaterra em seu balão. Já quase
avistando seu objetivo, uma mudança na direção do vento o fez perder contato visual com a
terra. Depois de algum tempo voando sem saber onde estava, avistou navios que podiam
resgatá-lo. Depois de algumas tentativas frustradas de decida do balão e de aproximação de
alguns barcos, M. Sandler conseguiu ser resgatado a bordo de um navio, em estado de
desfalecimento completo. Trata-se de um evento que mostra os perigos de um voo cego sem
controle. Ventos, tempestades e vários tipos de condições não previstas levaram à morte
vários balonistas.
Uma possível solução para dar direção à navegação de um balão no ar já era sugerida
numa obra que foi usada como referência durante a reforma pombalina, sendo adotada na
Universidade de Coimbra, e também tendo sido encomendada por alguns docentes do
Seminário de Olinda, segundo pesquisa de Gilda Verri (2010). Era “A recreação filosófica”
do padre oratoriano Teodoro de Almeida (1786), um projeto de condensação enciclopédica de
10 volumes, constituída por diálogos que contrapunham os conceitos de Filosofia Natural
segundo os antigos (escolástica peripatética) e a Filosofia Natural dos modernos. Era uma
proposta pedagógica para se atingir um vasto público com conhecimentos atualizados, além
do que normalmente era aplicado às escolas. Ali se identificavam vários elementos
discordantes entre a escolástica e os princípios da ciência moderna, como é o caso da
continuidade de movimento, do movimento dos fluidos, dentre vários outros. Observa-se
nessa obra, portanto, a preocupação didática no contexto da transição da escolástica para a
ciência moderna.
A teoria da continuidade de movimento começa a ser tratado na página 154 do volume
I de Teodoro (ALMEIDA, 1786). Um modelo tradicional defendia a teoria dos ímpetos
(impulso), que era negada pelo próprio Tomás de Aquino, que seguia os princípios
aristotélicos originais. Na página 157 há uma discordância dos princípios de Descartes.
Começa a discutir os princípios da inércia, contra a ideia tradicional que há a necessidade de
força para manter o movimento. Introduz o conceito de “resistência dos corpos” (atrito).
Coloca que em um experimento dentro de uma máquina pneumática, onde o ar é retirado, o
movimento de um pêndulo dura mais, pois a duração de um movimento, depende da
quantidade de movimento aplicada inicialmente ao objeto e da resistência do meio que o
objeto atravessa. Essas eram as ideias postas no ensino das “novas ciências” e o uso de
instrumentos para fazer demonstrações experimentais tornou-se característico. Um exemplo é
a “máquina pneumática” usada para retirar o ar de um contêiner e fazer o vácuo. Esta máquina
estava na proposta do livro para retirar o ar de quatro bolas feitas de um metal muito delgado
de forma a ficarem mais leves que o ar (os antigos acreditavam que o ar não tinha peso. Mas
experimentos desde dos tempos de Galileu e Torriceli demonstravam que o ar era pesado).
Assim, essas bolas subiriam (princípio de Arquimedes), e se estivessem presas a um barco de
matéria a mais leve possível e este, por sua vez, equipado com “remos de penas, à maneira de
asas” (ALMEIDA, 1786, p. 340), poderia governar o sistema do mesmo modo que um barco
faz na água.
O projeto proposto no livro de Almeida já tinha similares bem anteriores, e baseava-se
na ideia de conduzir uma embarcação no “fluido ar” de modo análogo a guiar uma
embarcação no “fluido água”. Um exemplo é o projeto de “barco voador” do padre jesuíta
italiano, matemático e naturalista, Francesco Lana, apresentado em 1670 em seu livro de
invenções. O sistema era constituído de quatro globos de cobre, grandes, finos e vazios em
seu interior, a semelhança da proposta no livro de Teodoro de Almeida. O motivo do uso de
“metais leves” para os globos era que as propriedades mais leves do ar quente e do gás
hidrogênio ainda não haviam sido descobertas (Cf. MARION, 1888), e para fazer os globos
subirem era necessário retirar-lhes o ar, produzindo um vácuo interno. Uma bexiga murcharia
nesta situação, perdendo a sua forma esférica (Cf. ALMEIDA, 1786).
Havia inúmeras dificuldades de ordem prática nestas propostas, como destaca Almeida
(1786), como conseguir materiais leves o bastante para flutuar e ainda levantar um homem.
Caso se conseguisse um cobre tão delgado quanto se propunha, inevitavelmente ele se
colapsaria sob a pressão atmosférica (MARION, 1888). Marion (ibid.) também destaca que
havia um erro de concepção no projeto de Lana, o qual usaria velas para o direcionamento.
Isto não daria certo como ocorre numa navegação marítima, e a aeronave ficaria à mercê da
direção do vento. Marion (op. cit.) explica que no caso de um barco na água, quando as velas
se inflam com o vento, há duas forças em operação: a força ativa do vento e a força passiva da
resistência da água. Uma vez atuando uma força contra a outra, o marinheiro pode girar para
um ponto em qualquer direção que deseje. Já no caso da flutuação no ar, não há ponto de
apoio, e o sistema fica submetido a ação de uma única força, não produzindo o efeito de
direcionamento desejado.
Por este motivo, a solução de Azeredo Coutinho, contida no manuscrito endereçado a
D. Pedro, dependia da demonstração de dois teoremas:
1º) Dar-se um ponto de apoio na corrente do fluido da atmosfera sobre o qual o balão
boia;
2º) Dar-se uma força impulsiva no balão de uma velocidade maior do que a da
corrente do fluido da atmosfera a qual o balão boia.
Para o primeiro teorema ele faz duas demonstrações. Na primeira, parte do fato
conhecido de que um corpo que boia sobre a corrente de um fluido qualquer é levado pela
corrente deste fluido sem qualquer direção, porém quando este corpo boiante encontra algum
apoio ou resistência ele muda de direção. Assim, para um balão que boia sobre o fluido da
corrente da atmosfera, este poderá mudar de direção se a ele for dado um ponto de apoio ou
resistência.
Na segunda demonstração cuida de especificar de onde surgiria este ponto de apoio.
Ao se infligir um impulso, ou uma velocidade maior do que a da corrente do fluido sobre a
qual boia o corpo, formar-se-ia no fluido duas correntes laterais na razão inversa da
velocidade do corpo impelido. Colocando-se um leme ao encontro de uma dessas correntes
laterais, uma vez encontrada uma resistência na corrente de um determinado lado, o corpo
mudará de direção sobre esse lado.
Para a demonstração do segundo teorema, parte da constatação de que o ar é um corpo
elástico e, em sendo assim, ao ser comprimido por uma força qualquer resiste à força de
compressão por uma força igual de reação. O ar pode ser comprimido por máquinas
artificiais, e também é expelido por meio de máquinas artificiais, a exemplo de uma
espingarda de vento, um fole, pelo vapor da água quente, pólvora inflamada etc. O impulso do
ar comprimido sendo desenvolvido contra a atmosfera, é por esta repelido por uma força igual
de reação, a exemplo de uma peça de artilharia que, ao mesmo tempo que dispara contra a
atmosfera, também é repelida. Assim, se o balão com sua barquinha for convertido num
sistema de corpo único, e se a esse corpo for adicionado uma máquina impelente ou que
dispara o ar desenvolvido contra a atmosfera, esta, pela sua força de reação, dará ao sistema
um impulso de velocidade maior do que a da corrente do fluido sobre o qual o balão boia.
Ainda acrescenta que não é necessário que a força impelente esteja sempre atuante, bastando
repeti-la a intervalos de tempo regulares.
O que Azeredo descreve é o empuxo, que é uma força de reação descrita
quantitativamente pela segunda e terceira leis de Newton. Quando um sistema expele ou
acelera massa em uma direção, a massa acelerada vai causar uma força de igual magnitude,
porém em sentido contrário. Em um moderno avião, por exemplo, este gera um empuxo para
a frente quando o ar é empurrado na direção oposta ao voo, através do movimento de hélices
ou, no caso de um avião a jato, de uma turbina, a qual empurra o ar na sua parte traseira.
A tecnologia disponível na época de Azeredo, entretanto, conduzia a uma série de
limitações. O voo em balões progrediu muito pouco, desde que ele foi inventado até o final do
século XIX, período em que houve muitos experimentos para a consecução do voo
controlado. Motores a vapor e motores elétricos movidos a bateria, que não existiam no tempo
de Azeredo, foram acrescentados para permitir a propulsão que houvera sido sonhada por
Azeredo. Tais engenhos, entretanto, acabavam se tornando impraticáveis devido ao grande
peso desses motores, sendo necessário um grande volume de gás para erguê-los. Somente com
o advento do motor explosão, movido a gasolina, mais potentes e leves que os motores
elétricos ou a vapor é que o problema passou a ser resolvido. Foi outro brasileiro, Alberto
Santos Dumont que obteve outra primazia no campo da aerostação: projetar, construir e voar
nos primeiros dirigíveis com motor a gasolina. Ganhou o Prêmio Deutsch, em 1901, quando
em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu dirigível nº 6. Já o seu primeiro balão fora o
menor balão aeróstato até então construído, com seis metros de diâmetro e 34 quilos de peso.
Com o nome dado a este primeiro balão – BRASIL – e com a conquista obtida no dirigível nº
6 de Santos Dumont, Azeredo teria visto, se estivesse vivo, parte de seu sonho realizado, pois
só pedira como recompensa, caso alguém implementasse suas ideias, que colocasse a seguinte
inscrição no aeróstato:
- O Pássaro do Brasil
Voando em giro rotundo
Levará riquezas mil
Às gentes de todo o mundo
CONCLUSÃO
Azeredo Coutinho não é citado na história da aerostação porque, até onde se conhece,
não realizou nenhum experimento neste campo. Vários elementos tratados ao longo deste
trabalho permitem evidenciar um diferencial de sua proposta de ensino da filosofia natural a
ser aplicada no Seminário de Olinda, comparativamente ao modelo de ensino jesuítico
calcado na escolástica peripatética, e as ideias apresentadas na confecção de um balão
dirigível demonstram esse lado. Vários princípios da ciência moderna, envolvendo
principalmente as aplicações de ação e reação e inércia das leis de Newton, podem ser
observados. Associando-se este lado técnico-científico aos condicionantes políticos, sociais e
culturais da época, também podem ser realçadas as percepções a respeito das preocupações do
bispo Azeredo Coutinho no sentido de consolidar os princípios da física experimental no
mundo luso-brasileiro – através de seu ensino e divulgação – para atingir o progresso
nacional.
Entretanto, não se podem declarar homogeneidades, nem por parte dos jesuítas e seu
ensino, nem por parte dos iluminados luso-brasileiros, de forma a caracterizar a tradicional
dicotomia “antigos versus modernos”. A começar pelo fato de que os chamados “princípios
da ciência moderna” não partiram de bases homogêneas. Durante o século XVII haviam três
correntes mecanicistas principais: a de Descartes, a de Leibniz e a de Newton. No tempo de
Azeredo já havia uma tendência de confluência dessas linhas, associando princípios
racionalistas e empiristas. Mas, de qualquer forma, foi uma época de transição, onde ainda
não podem ser completamente dissociados os princípios que hoje caracterizam o chamado
“conhecimento científico” do que ficou caracterizado como “conhecimento filosófico”.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Padre Teodoro de. Recreação filosofica ou Dialogo sobre a filosofia natural
para instrucção de pessoas curiosas, que não frequentarão as aulas. 5. ed. Lisboa: Na Regia
Officina Typographica, 1786-1800. 10 v.
ALVES, Gilberto Luiz. O pensamento burguês e o plano de estudos do Seminário de Olinda
(1800-1836). 1991. 201 f. Tese (Doutorado em Educação)–Universidade Estadual de
Campinas/Faculdade de Educação, Campinas, São Paulo, SP, Brasil, 1991.
AMENO, Francisco Luiz; REI, Pedro Joseph. O carneiro, o pato, e o gallo: fabula em forma
de dialogo, ou viagem que fizerao pelos ares estes animaes na machina aerostatica de
Montgolfier. &c. &c.”. Lisboa: Na Offic. Patr. de Francisco Luiz Ameno : Vende-se na loja
de Pedro Joseph Rei mercador de livros no largo do Loreto, 1784).
AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira. 3. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1958. 3 v.
AZEVEDO, Fernando de. Introdução. In: ______ (Org.). As ciências no Brasil, v. 1. Rio de
Janeiro: Ed. UFRJ, 1994. p. 13-53.
BOTO, Carlota. Iluminismo e educação em Portugal: o legado do século XVIII ao XIX. In:
STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Camara (Orgs.). Histórias e memórias da
educação no Brasil, v. 1: séculos XVI a XVIII. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 158-178.
CARDOSO, Tereza Maria Rolo Fachada Levy. As luzes da educação: fundamentos, raízes
históricas e prática das aulas régias no Rio de Janeiro. 1759 – 1834. Bragança Paulista: Ed.
Universidade São Francisco, 2002.
CARVALHO, Laerte Ramos de. As reformas pombalinas da instrução pública. São Paulo:
Saraiva; São Paulo: EDUSP, 1978.
CARVALHO, Rómulo de. A física experimental em Portugal no século XVIII. Lisboa:
Oficinas Gráficas da Livraria Bertrand, 1982. 96 p. (Biblioteca Breve / Série Pensamento da
Ciência, v. 63).
CASTRIOTO, Félix Antonio. Experiências aerostáticas: Gazeta de Lisboa 1784: Memória
sobre a máquina aerostática. Rio de Janeiro: DANTES, 2008.
COSTA RIBEIRO, Joaquim da. A física no Brasil. In: AZEVEDO, Fernando de (Org.). As
ciências no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994.
COUTINHO, José Joaquim da Cunha de Azeredo. Estatutos do Seminário Episcopal de N.
Senhora da Grasa da cidade de Olinda de Parnambuco ordenados por D. Joze Joaquim da
Cunha de Azeredo Coutinho, XII Bispo de Parnambuco do Conselho de S. Magestade
Fidelisima, fundador do mesmo Seminario, Lisboa, Na Typografia da Acad. R. das Ciencias,
com licensa da Meza do Dezembargo do Paso, 1798.
COUTINHO, José Joaquim da Cunha de Azeredo. Discurso sobre o estado actual das minas
do Brazil. Lisboa: Na Impresam Regia, 1804.
COUTINHO, José Joaquim da Cunha de Azeredo. Problemas sobre a direção dos balões
aerostáticos, etc. In: ______. Collecção de alguns manuscriptos curiosos do exm. bispo de
Elvas, depois inquisidor geral, dos quaes posto que já se ténham publicados alguns no
Periódico denominado O Investigador Portuguez nos nos. do mez de fevereiro de 1812 pag.
554 até 557; e no setembro de 1815 pag. 313 até 322; outro no Periódico denominado
Mnemozine Luzitana nos nos 13, 15, 16, 17, e 18; pag. 201, 241, 257, 273, e 289; com tudo
fôram sem nome do Authôr; outros que ainda se conservavam manuscriptos se vão agora
fazer publicos pelo meio da imprensa. Londres: L. Thompson, 1819. p. 71-77.
FIGUEIRÔA, Silvia Fernanda de Mendonça. Mundialização da ciência e respostas locais:
sobre a institucionalização das ciências naturais no Brasil (de fins do século XVIII à transição
ao século XX). Asclepio: Revista de historia de la medicina y de la ciencia, Madrid, v. L-2,
1998.
GARCIA, Fernando Cacciatore de. Como escrever a história do Brasil: miséria e grandeza.
Porto Alegre: Editora Sulina, 2014.
HANKINS, Thomas Leroy. Ciência e iluminismo. Porto: Porto Editora, 2002.
HEILBRON, J. L.: Elements of early modern physics. Berkeley, L.A., London: University of
California Press, 1982.
LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso império: Portugal e Brasil: bastidores
da política, 1798-1822. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994.
MARION, Fulgence. Wonderful ballon ascents or The conquest of the skies: A history of
ballons and balloon voyages. London, Paris, New York: Cassell, Petter & Galpin (1888).
MEDEIROS, Alexandre; MEDEIROS, Cleide Farias de. As origens do ensino da física em
Portugal no século XVIII, Acta Scientiarum, Maringá, v. 24, n. 6, p. 1697-1706, 2002.
MONCADA, Luís Cabral. Um iluminista português no século XVIII: Luiz Antonio Verney.
São Paulo: Acadêmica; São Paulo: Saraiva & C.ª, 1941
NICIOLI Junior, Roberto Bovo; MATTOS, Cristiano. História e memória do ensino de física
no Brasil: a faculdade de medicina de São Paulo (1913-1943). Ciência & Educação, Bauru,
v. 18, n. 4, 2012.
O INVESTIGADOR PORTUGUEZ EM INGLATERRA. Viagem aeria de M. Sandler.
Londres: H. Bryer, Impressor, Bridge-Street, Blackfriars, v. 5, n. 17, novembro de 1812, p.
51-53.
OLIVEIRA, José Carlos de. D. João VI: Adorador do Deus das Ciências? A constituição da
cultura científica no Brasil (1808-1821). Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais, 2005.
(Coleção Coppe/UFRJ - Engenho & Arte. v. 8).
VARNHAGEN, FRANCISCO ADOLFO DE (Visconde de Porto Seguro). Historia Geral do
Brazil antes da sua separação e independencia de Portugal, Tomo 2. 2. ed. Rio de Janeiro:
Em Casa de E. & H. Laemmert, 1870.
VARGAS, Milton. Bartolomeu de Gusmão: primeiro cientista das Américas. In:
GOLDFARB, José Luiz; FERRAZ, Márcia H.M. (Orgs.). Anais do VII Seminário Nacional
de História da Ciência e da Tecnologia e da VII Reunião da Rede de Intercâmbios para a
História e a Epistemologia das Ciências Químicas e Biológicas. São Paulo: EDUSP, 2000.
VENÂNCIO FILHO, Francisco. Os cultores da física no Brasil. In: CONGRESSO DE
HISTÓRIA NACIONAL, 3., set. 1938, Rio de Janeiro. Anais... v. 5 Rio de Janeiro: Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, 1938, p. 423-445.
VERRI, Gilda Maria Whitaker. O Seminário de Olinda e a educação para a mocidade. In:
______ (Org.). Memorat: memória e cultura escrita na formação brasileira. Recife: Ed. UFPE,
2010. p. 53-106.
VIDEIRA, Antonio Augusto Passos; VIEIRA, Cássio Leite. Reflexões sobre historiografia e
história da física no Brasil. São Paulo: Liv. da Física, 2010. (Coleção CBPF - tópicos em
física, n.5).
VISONI, Rodrigo Moura; CANALLE, João Batista Garcia. Bartolomeu Lourenço de
Gusmão: o primeiro cientista brasileiro. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v.
31, n. 3, 2009.