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O PAPEL DO BISPO AZEREDO COUTINHO NA INTRODUÇÃO DAS CIÊNCIAS MODERNAS NO BRASIL: PRINCÍPIOS DA AEROSTAÇÃO JOSÉ CARLOS CORRÊA DE ANDRADES MARIA RENILDA NERY BARRETO INTRODUÇÃO Somente a partir do final da década de 1960 começou a haver uma maior preocupação nos estudos dos processos de difusão da ciência europeia ocidental para os demais países, bem como nos estudos do desenvolvimento dessas ciências nacionais, ou seja, as chamadas ciências dos países periféricos. Apesar do crescimento de estudos com esse enfoque, permaneceu forte a crença de que praticamente toda a produção científica no Brasil, no período que antecedeu à transição do século XIX para o século XX, se deveu a cientistas estrangeiros, sendo fortuitas e caracterizadas como exceções as produções de alguns brasileiros (FIGUEIRÔA, 1998). Na mesma linha interpretativa de Fernando de Azevedo (1954; 1994), algumas correntes historiográficas mais tradicionais tendem a considerar as atividades técnico- científicas no Brasil apenas a partir da criação e desenvolvimento das universidades, com tendências a dar pouco valor, ou mesmo classificar como inexistentes, ações nacionais antes disso. É comum a visão de que o ensino de física, por exemplo, era inexistente ou fraco antes da implantação do ensino superior no Brasil, sendo a implantação do curso superior de física essencial no remodelamento curricular da física secundária (Cf. NICIOLI JUNIOR e MATTOS, 2012). Na contramão dessa linha interpretativa, muitos estudos revelam contribuições e pioneirismos dos que hoje seriam chamados de “cientistas brasileiros. Assim é que dentro da história das ciências e das técnicas, talvez nada mais revele a contribuição de pensadores brasileiros para o mundo do que a história da aerostação, a qual se confunde com os primórdios da história da aviação. A aerostação estuda os princípios básicos dos aeróstatos, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação do CEFET-RJ, Mestre em Tecnologia pelo CEFET-RJ. Dr a em História das Ciências, professora e pesquisadora do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ, Brasil).

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O PAPEL DO BISPO AZEREDO COUTINHO NA INTRODUÇÃO DAS CIÊNCIAS

MODERNAS NO BRASIL: PRINCÍPIOS DA AEROSTAÇÃO

JOSÉ CARLOS CORRÊA DE ANDRADES

MARIA RENILDA NERY BARRETO

INTRODUÇÃO

Somente a partir do final da década de 1960 começou a haver uma maior preocupação

nos estudos dos processos de difusão da ciência europeia ocidental para os demais países, bem

como nos estudos do desenvolvimento dessas ciências nacionais, ou seja, as chamadas

ciências dos países periféricos. Apesar do crescimento de estudos com esse enfoque,

permaneceu forte a crença de que praticamente toda a produção científica no Brasil, no

período que antecedeu à transição do século XIX para o século XX, se deveu a cientistas

estrangeiros, sendo fortuitas – e caracterizadas como exceções – as produções de alguns

brasileiros (FIGUEIRÔA, 1998).

Na mesma linha interpretativa de Fernando de Azevedo (1954; 1994), algumas

correntes historiográficas mais tradicionais tendem a considerar as atividades técnico-

científicas no Brasil apenas a partir da criação e desenvolvimento das universidades, com

tendências a dar pouco valor, ou mesmo classificar como inexistentes, ações nacionais antes

disso. É comum a visão de que o ensino de física, por exemplo, era inexistente ou fraco antes

da implantação do ensino superior no Brasil, sendo a implantação do curso superior de física

essencial no remodelamento curricular da física secundária (Cf. NICIOLI JUNIOR e

MATTOS, 2012).

Na contramão dessa linha interpretativa, muitos estudos revelam contribuições e

pioneirismos dos que hoje seriam chamados de “cientistas brasileiros”. Assim é que dentro da

história das ciências e das técnicas, talvez nada mais revele a contribuição de pensadores

brasileiros para o mundo do que a história da aerostação, a qual se confunde com os

primórdios da história da aviação. A aerostação estuda os princípios básicos dos aeróstatos,

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação do CEFET-RJ, Mestre em

Tecnologia pelo CEFET-RJ. Dra em História das Ciências, professora e pesquisadora do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso

Suckow da Fonseca (CEFET-RJ, Brasil).

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que são as aeronaves mais leves que o ar, podendo estas ser dirigíveis ou não. Foi o padre

jesuíta brasileiro Bartolomeu de Gusmão que deu grande contribuição a esta área de estudo

quando, em 1709, fez um balão de ar quente flutuar no ar, pela primeira vez, diante da corte

de D. João V. Este fato o faz ser considerado como o primeiro físico experimental da América

Portuguesa (Cf. COSTA RIBEIRO, 1994; VENÂNCIO FILHO, 1938; VIDEIRA; VEIRA,

2010).

As ciências matemáticas e físicas, aparentemente, alcançaram as suas maiores honras

no campo aeronáutico, e inauguram uma nova era no progresso do conhecimento (MARION,

1888), e o bispo Azeredo Coutinho, fundador do Seminário de Olinda, em 1800, não ficou

alheio a estas perspectivas. O bispo é autor de um manuscrito, que posteriormente foi

publicado na coletânea “Coleção de alguns manuscritos curiosos do exmo bispo de Elvas” (Cf.

COUTINHO, 1819), onde sugere conceituações teóricas para dar direcionamento a um balão

navegando pelo ar. Sua proposta evidencia princípios físicos que envolvem os conceitos de

ação e reação segundo os moldes newtonianos. Isto teria sido uma inovação em relação ao

tradicional ensino jesuítico, em grande parte ainda calcado na escolástica e na física

aristotélica.

Este é o tema escolhido para este artigo, que objetiva discutir elementos de ciência

moderna presentes no pensamento do bispo Azeredo Coutinho a partir da análise de sua

referida produção sobre o problema da direção dos balões aerostáticos, publicado em Londres,

em 1819. Para complementar essa discussão, outros textos, também de produção do bispo

Coutinho são utilizados (Cf. COUTINHO, 1798; 1804).

O CONTEXTO DA ÉPOCA

A física do início do século XVII ainda era fortemente influenciada por Aristóteles, e

foi gradualmente se modelando no decorrer do século XVIII, até atingir os padrões que são

adotados na contemporaneidade, a partir do final do século XIX. A palavra “física”

subentende o estudo das coisas naturais, só que isto envolvia, originariamente, tanto os

objetos inanimados quanto os seres vivos, visto que a própria concepção da natureza era a de

um organismo vivo. O médico e o físico eram a mesma pessoa. Assim, a física dos séculos

XVII e XVIII englobava os fenômenos psicológicos, orgânicos e inorgânicos, e seus métodos

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não recomendavam ainda nem a matemática nem a experiência. Era predominantemente

qualitativa, enquanto que as matérias quantificadas da ciência física se situavam naquilo que

poderia se designar por “matemáticas mistas” ou “matemática aplicada” (Cf. HANKINS,

2002; HEILBRON, 1982). Estas matemáticas incluíam a astronomia, a ótica, a estática, a

hidráulica, a gnômica – relativa aos relógios de sol –, a navegação a agrimensura e as

fortificações. Tradicionalmente, essas aplicações práticas, envolvidas na matemática aplicada,

eram menosprezadas pelos filósofos, e não eram considerados academicamente.

O principal agente na mudança do objeto da física foi a demonstração experimental

(CARVALHO, 1982). Durante os séculos XVI e XVII, a experimentação foi se tornando

parte integrante da abordagem “racional” da natureza, num acontecimento cultural que

associou ideias de racionalistas como Descartes e empiristas como Galileu e Newton. Tratava-

se de uma grande revolução que ocorria no domínio da então chamada “filosofia natural”, e

mais tarde seria designada como “revolução científica”. São as bases do que se convencionou

chamar de “ciência moderna”.

Uma nova forma de pensar o mundo e as relações sociais se alastrou por toda a Europa

durante o século XVIII, sendo identificada pelo nome de Iluminismo ou Ilustração. A essência

do Iluminismo (ideias iluminadas pelas luzes da razão) ou Ilustração (ideias formuladas pelos

homens ilustrados) foi a busca do progresso das ciências e das técnicas como fator

imprescindível ao desenvolvimento do Estado, ancorada politicamente no princípio da

igualdade e liberdade, como forma de assegurar a felicidade aos homens (LYRA, 1994). As

novas ideias provenientes do Iluminismo constituíram um paradigma, e seus novos

pressupostos ideológicos iam sendo formulados em consonância com as particularidades de

cada sociedade. Desta forma, o Iluminismo se apresentou multifacetado, dependendo de cada

contexto social. Hoje reconhece-se que – diferentemente da corrente historiográfica que se

atrela ao iluminismo francês – o iluminismo não foi um movimento homogêneo e uniforme

em toda a Europa (Cf. BOTO, 2011; LYRA, 1994; MONCADA, 1941).

Assim, a face luso-brasileira do Iluminismo teve suas características próprias, sendo

reformista e conservadora, ao invés de revolucionária, e o projeto político de renovação uniria

Velho e Novo Mundo em torno de um monarca absoluto. E é justamente neste contexto de

despotismo esclarecido que Sebastião José de Carvalho e Melo – o Marquês de Pombal –,

Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra de d. José I, passa a promover

uma série de reformas com o objetivo de melhorar a administração do império português e

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aumentar as rendas obtidas através da exploração colonial. Isso implicou reformas no sistema

educacional para a obtenção de quadros funcionais especializados, de forma a colocar

Portugal em condições de competir com as potências estrangeiras (Cf. CARDOSO, 2002;

CARVALHO, 1978). Historiadores como Cardoso (ibid.) apontam, inclusive, para o

pioneirismo de Portugal em relação a outros Estados ocidentais na implantação de um sistema

escolar estatizado.

Pombal não deixaria passar a oportunidade de defender e estabelecer a posse dos

imensos territórios garantidos à Coroa pelo Tratado de Madrid e a Companhia de Jesus

detendo exclusivo poder religioso, civil, militar e econômico sobre suas dezenas de milhares

de aldeados não convinha aos seus interesses comerciais e políticos (Cf. CARDOSO, 2002;

CARVALHO, 1978; GARCIA, 2014). Assim é que os jesuítas, que dominavam o ensino em

Portugal desde os tempos de D. João III, e também no Brasil, desde 1549 – quando aportaram

em companhia do primeiro Governador Geral Tomé de Souza – passaram a ser considerados

como responsáveis exclusivos pelo atraso cultural e educacional no mundo luso-brasileiro,

sendo expulsos do Brasil pelo marquês de Pombal, em 1759.

O ensino jesuítico ainda era calcado na escolástica medieval, e as visões de natureza

fundamentavam-se numa cosmologia aristotélica. Em contraste com os padres mais

progressistas da Congregação do Oratório – cujas ideias muito influenciaram as reformas

pombalinas – adeptos de uma visão mais moderna da filosofia natural, estimulavam a adoção

do método experimental (Cf. CARVALHO, 1982; MEDEIROS; MEDEIROS, 2002).

Segundo Medeiros e Medeiros (2002), existem duas correntes historiográficas opostas

em relação aos jesuítas: uma que assume que eles eram intransigentes defensores da visão

peripatética para a filosofia natural; e outra que afirma que “os jesuítas não apenas teriam sido

conhecedores das teorias dos modernos (Copérnico, Descartes, Galileu, Gassendi e Newton),

como até mesmo teriam lecionado largamente tais teorias em suas aulas” (MEDEIROS;

MEDEIROS, 2002 p. 1698). Talvez, como ponderam Medeiros e Medeiros (ibid.), o ideal

contrário aos princípios da ciência moderna fosse hegemônico entre os inacianos, mas, em

contrapartida, podem ser nomeados vários jesuítas experimentadores e/ou em sintonia com as

descobertas modernas. O padre brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão, por exemplo, era

um padre jesuíta que ficou célebre pela criação do balão de ar quente, em 1709, sendo

considerado o primeiro cientista e inventor brasileiro (ou até das Américas) e fundador da

aerostática (Cf. COSTA RIBEIRO, 1994; VARGAS, 2000; VENÂNCIO FILHO, 1938;

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VISONI; CANALLE, 2009). O primeiro balão tripulado só foi ao ar em 1783, a partir dos

experimentos dos irmãos Montgolfier, e, apesar de estudos como o do historiador inglês Noel

Joseph Terence Montgomery Needham (1900-1995) apontarem para a possibilidade do povo

chinês ter sido o precursor dos balões de ar quente, “o fato é que o aeróstato era

completamente desconhecido na China quando da divulgação dos balões dos irmãos

Montgolfier” (VISONE; CANALLE, 2009, p. 3). Além do mais, com base na formação de

Bartolomeu de Gusmão e seu notório saber na época, existe um forte indício de que os

desenvolvimentos técnicos deste “padre voador”, como ficou conhecido, tivessem

fundamentos científicos. Pedidos de patentes, como o de uma bomba hidráulica – seu

primeiro invento – demonstrariam, inclusive aplicações de conhecimentos matemáticos (Cf.

VARGAS, 2000).

Poucos meses depois dos balões de ar quente ganharem popularidade em França com

as demonstrações dos irmãos Montgolfier, a Gazeta de Lisboa noticiava em 17 de junho de

1784 (CASTRIOTO, 2008) que alunos de química da Universidade de Coimbra reformada

faziam experiências com balões sob orientação do professor Domingos Vandelli. O italiano

Vandelli foi um dos professores estrangeiros contratos para atender a reforma universitária

planejada pelo marquês de Pombal. A Universidade de Évora, que era controlada pelos

jesuítas, houvera sido extinta, e a Universidade de Coimbra passou pela chamada “Reforma

dos Ensinos Maiores” (que correspondem ao ensino superior da atualidade), em 1772. Na

proposta, foi introduzido e dado ênfase ao ensino das ciências naturais modernas – na recém-

criada Faculdade de Filosofia –, o qual tinha sido proibido por determinadas instituições

jesuíticas, como o Colégio das Artes. A inclusão da física, da química e da história natural nos

moldes modernos exigiu profissionais mais versados nas mesmas, e para atender a essa

demanda foram contratados vários professores estrangeiros, dentre eles, Vandelli.

Eram quatro os alunos entusiastas do balonismo de Vandelli: Tomás José de Miranda

e Almeida - alferes do regimento de cavalaria de Elvas –, Salvador Caetano de Carvalho,

Vicente Coelho de Seabra e José Álvares Maciel. Estes dois últimos eram brasileiros que se

tornariam eminentes no campo da ciência química. José Álvares Maciel tornou-se,

posteriormente, um inconfidente.

As experiências com balões prosseguiram, envolvendo não apenas o uso de ar quente,

mas também o perigoso – devido ao fato de ser inflamável – gás hidrogênio.

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É neste contexto das reformas pombalinas de instrução, com abertura a novas ideias no

campo das ciências e seu ensino, porém com características reformistas ao invés de

revolucionárias, que o bispo Azeredo Coutinho funda seu Seminário em Pernambuco, tendo

sido influenciado pelos estatutos da Universidade de Coimbra reformada, onde se formou.

A PROPOSTA DE AZEREDO COUTINHO PARA UM BALÃO DIRIGÍVEL

José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho nasceu em Campos dos Goitacazes em 8

de setembro de 1742, e faleceu em Lisboa em 12 de setembro de 1821. Descendia de abastada

família de senhores de engenho, mas abdicou de seu direito de primogenitura, indo estudar na

Universidade de Coimbra reformada pelo Marquês de Pombal e abraçando a vida religiosa.

Formou-se em direito canônico e estudou letras e filosofia. Foi ordenado sacerdote e depois

bispo. Ao ser indicado para o bispado de Pernambuco por D. João – então príncipe regente –

condicionou seu aceite a assunção desse cargo à construção de um seminário para a educação

da mocidade (era exigência do Concílio de Trento que cada diocese tivesse um seminário).

Organizou estatutos para o seu Seminário de Olinda obedecendo designações tridentinas, mas

sob a luz das novas ideias da reforma da Universidade de Coimbra (Cf. COUTINHO, 1798).

Ao deixar o Brasil em 1802, assumiu o bispado de Elvas e tornou-se o último inquisidor geral.

Numa época em que os métodos do que atualmente se concebe como ciência

começavam a se distinguir dos métodos da filosofia, talvez o Seminário de Olinda, fundado

em 1800, tenha representado a instituição que mais denotou a existência de um ensino de

ciências no Brasil colonial, onde Azeredo procurou atualizar os métodos e conteúdos

pedagógicos, em função das reformas pombalinas da instrução (Cf. OLIVEIRA, 2005).

Dentro do espírito das reformas, Azeredo revelava verdadeira “obsessão pela restauração da

antiga grandeza material de Portugal, na qual teria papel destacado o Brasil” (ALVES, 1991,

p. 57), o que pode ser observado nos seus escritos mais importantes e reconhecidos

internacionalmente: os de cunho econômico. Assim, desenvolveu-se o ensino de ciências

dentro um modelo utilitarista para atender as demandas do setor produtivo, visto que Azeredo

condenava o que ele denominara de “filósofos de gabinete” (COUTINHO, 1804), ou seja,

aqueles avessos às ciências aplicadas.

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A física experimental foi então introduzida como parte da cadeira de filosofia natural,

fazendo parte dela a mecânica e a hidrostática (COUTINHO, 1798). Teria sido a

representação mais sólida que antecedeu o enquadramento curricular da física, enquanto

disciplina autônoma, quando da criação das primeiras faculdades no Brasil.

Em sua “História Geral do Brasil”, Varnhagem (1870) enaltece alguns pensadores e

patriotas brasileiros, dentre eles Azeredo Coutinho e José da Silva Lisboa – o Visconde de

Cairu:

O bispo Azeredo Coutinho foi também grande advogado do

desenvolvimento da indústria e comércio do Brasil. Em firmeza de caráter e

virtudes não era inferior a Cairu; porém era-lhe superior em talentos e na

variedade dos conhecimentos; pois o bispo ostenta em suas obras profundas

noções, não só de direito de governo e de economia política, como de várias

ciências, incluindo a mecânica; também se ocupou do problema da

navegação aérea. (VARNHAGEN, 1870, p. 1047)

O “problema da navegação aérea” ao qual Varnhagen se refere é uma abordagem

teórica que Azeredo faz sobre a possiblidade de dar qualquer direcionamento desejado a um

balão que boia sobre o fluido da atmosfera. Este texto era um manuscrito, que foi publicado

pela primeira vez numa coletânea chamada “Coleção de alguns manuscritos curiosos do Exmº

bispo de Elvas, em 1819. Além deste e outros manuscritos publicados nessa coletânea,

também foram reproduzidas algumas publicações de textos de Azeredo nos periódicos “O

Investigador Português em Inglaterra” ou “Jornal Literário, Político etc.” de fevereiro de 1812

e setembro de 1815, e “Mnemozine Luzitana” ou “Jornal de Belas Artes” de 1816.

O manuscrito sobre o problema do balão era dirigido ao então príncipe D. Pedro. Nele,

o bispo faz as demonstrações de dois teoremas – discursivamente, sem o uso de fórmulas

matemáticas – para mostrar como o problema poderia ser resolvido.

A preocupação de Azeredo no texto revela uma preocupação que persistia desde que o

primeiro balão foi inventado: a capacidade de dirigi-lo no ar. A questão da navegação aérea,

era algo que clamava por uma solução e empolgava a mente de vários pensadores do final do

século XVIII. Havia livros e artigos recorrentes em periódicos que tratavam da aeronáutica. O

livro “O carneiro, o pato, e o galo” de Francisco Ameno (1784), por exemplo, contava, na

forma de fábula e diálogo, a viagem que estes animais fizeram pelos ares na máquina

aerostática de Montgolfier.

O periódico “O Investigador Português em Inglaterra”, com o qual Azeredo se

correspondia e teve artigos seus publicados, descrevia em sua seção “Ciências” – numa parte

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dedicada à aeronáutica –, em sua edição de novembro de 1812 (O INVESTIGADOR, 1812), a

“Viagem aérea de M. Sadler”. M. Sandler, um célebre aeronauta britânico, tinha projetado

para a sua trigésima viagem passar da Irlanda para a Inglaterra em seu balão. Já quase

avistando seu objetivo, uma mudança na direção do vento o fez perder contato visual com a

terra. Depois de algum tempo voando sem saber onde estava, avistou navios que podiam

resgatá-lo. Depois de algumas tentativas frustradas de decida do balão e de aproximação de

alguns barcos, M. Sandler conseguiu ser resgatado a bordo de um navio, em estado de

desfalecimento completo. Trata-se de um evento que mostra os perigos de um voo cego sem

controle. Ventos, tempestades e vários tipos de condições não previstas levaram à morte

vários balonistas.

Uma possível solução para dar direção à navegação de um balão no ar já era sugerida

numa obra que foi usada como referência durante a reforma pombalina, sendo adotada na

Universidade de Coimbra, e também tendo sido encomendada por alguns docentes do

Seminário de Olinda, segundo pesquisa de Gilda Verri (2010). Era “A recreação filosófica”

do padre oratoriano Teodoro de Almeida (1786), um projeto de condensação enciclopédica de

10 volumes, constituída por diálogos que contrapunham os conceitos de Filosofia Natural

segundo os antigos (escolástica peripatética) e a Filosofia Natural dos modernos. Era uma

proposta pedagógica para se atingir um vasto público com conhecimentos atualizados, além

do que normalmente era aplicado às escolas. Ali se identificavam vários elementos

discordantes entre a escolástica e os princípios da ciência moderna, como é o caso da

continuidade de movimento, do movimento dos fluidos, dentre vários outros. Observa-se

nessa obra, portanto, a preocupação didática no contexto da transição da escolástica para a

ciência moderna.

A teoria da continuidade de movimento começa a ser tratado na página 154 do volume

I de Teodoro (ALMEIDA, 1786). Um modelo tradicional defendia a teoria dos ímpetos

(impulso), que era negada pelo próprio Tomás de Aquino, que seguia os princípios

aristotélicos originais. Na página 157 há uma discordância dos princípios de Descartes.

Começa a discutir os princípios da inércia, contra a ideia tradicional que há a necessidade de

força para manter o movimento. Introduz o conceito de “resistência dos corpos” (atrito).

Coloca que em um experimento dentro de uma máquina pneumática, onde o ar é retirado, o

movimento de um pêndulo dura mais, pois a duração de um movimento, depende da

quantidade de movimento aplicada inicialmente ao objeto e da resistência do meio que o

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objeto atravessa. Essas eram as ideias postas no ensino das “novas ciências” e o uso de

instrumentos para fazer demonstrações experimentais tornou-se característico. Um exemplo é

a “máquina pneumática” usada para retirar o ar de um contêiner e fazer o vácuo. Esta máquina

estava na proposta do livro para retirar o ar de quatro bolas feitas de um metal muito delgado

de forma a ficarem mais leves que o ar (os antigos acreditavam que o ar não tinha peso. Mas

experimentos desde dos tempos de Galileu e Torriceli demonstravam que o ar era pesado).

Assim, essas bolas subiriam (princípio de Arquimedes), e se estivessem presas a um barco de

matéria a mais leve possível e este, por sua vez, equipado com “remos de penas, à maneira de

asas” (ALMEIDA, 1786, p. 340), poderia governar o sistema do mesmo modo que um barco

faz na água.

O projeto proposto no livro de Almeida já tinha similares bem anteriores, e baseava-se

na ideia de conduzir uma embarcação no “fluido ar” de modo análogo a guiar uma

embarcação no “fluido água”. Um exemplo é o projeto de “barco voador” do padre jesuíta

italiano, matemático e naturalista, Francesco Lana, apresentado em 1670 em seu livro de

invenções. O sistema era constituído de quatro globos de cobre, grandes, finos e vazios em

seu interior, a semelhança da proposta no livro de Teodoro de Almeida. O motivo do uso de

“metais leves” para os globos era que as propriedades mais leves do ar quente e do gás

hidrogênio ainda não haviam sido descobertas (Cf. MARION, 1888), e para fazer os globos

subirem era necessário retirar-lhes o ar, produzindo um vácuo interno. Uma bexiga murcharia

nesta situação, perdendo a sua forma esférica (Cf. ALMEIDA, 1786).

Havia inúmeras dificuldades de ordem prática nestas propostas, como destaca Almeida

(1786), como conseguir materiais leves o bastante para flutuar e ainda levantar um homem.

Caso se conseguisse um cobre tão delgado quanto se propunha, inevitavelmente ele se

colapsaria sob a pressão atmosférica (MARION, 1888). Marion (ibid.) também destaca que

havia um erro de concepção no projeto de Lana, o qual usaria velas para o direcionamento.

Isto não daria certo como ocorre numa navegação marítima, e a aeronave ficaria à mercê da

direção do vento. Marion (op. cit.) explica que no caso de um barco na água, quando as velas

se inflam com o vento, há duas forças em operação: a força ativa do vento e a força passiva da

resistência da água. Uma vez atuando uma força contra a outra, o marinheiro pode girar para

um ponto em qualquer direção que deseje. Já no caso da flutuação no ar, não há ponto de

apoio, e o sistema fica submetido a ação de uma única força, não produzindo o efeito de

direcionamento desejado.

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Por este motivo, a solução de Azeredo Coutinho, contida no manuscrito endereçado a

D. Pedro, dependia da demonstração de dois teoremas:

1º) Dar-se um ponto de apoio na corrente do fluido da atmosfera sobre o qual o balão

boia;

2º) Dar-se uma força impulsiva no balão de uma velocidade maior do que a da

corrente do fluido da atmosfera a qual o balão boia.

Para o primeiro teorema ele faz duas demonstrações. Na primeira, parte do fato

conhecido de que um corpo que boia sobre a corrente de um fluido qualquer é levado pela

corrente deste fluido sem qualquer direção, porém quando este corpo boiante encontra algum

apoio ou resistência ele muda de direção. Assim, para um balão que boia sobre o fluido da

corrente da atmosfera, este poderá mudar de direção se a ele for dado um ponto de apoio ou

resistência.

Na segunda demonstração cuida de especificar de onde surgiria este ponto de apoio.

Ao se infligir um impulso, ou uma velocidade maior do que a da corrente do fluido sobre a

qual boia o corpo, formar-se-ia no fluido duas correntes laterais na razão inversa da

velocidade do corpo impelido. Colocando-se um leme ao encontro de uma dessas correntes

laterais, uma vez encontrada uma resistência na corrente de um determinado lado, o corpo

mudará de direção sobre esse lado.

Para a demonstração do segundo teorema, parte da constatação de que o ar é um corpo

elástico e, em sendo assim, ao ser comprimido por uma força qualquer resiste à força de

compressão por uma força igual de reação. O ar pode ser comprimido por máquinas

artificiais, e também é expelido por meio de máquinas artificiais, a exemplo de uma

espingarda de vento, um fole, pelo vapor da água quente, pólvora inflamada etc. O impulso do

ar comprimido sendo desenvolvido contra a atmosfera, é por esta repelido por uma força igual

de reação, a exemplo de uma peça de artilharia que, ao mesmo tempo que dispara contra a

atmosfera, também é repelida. Assim, se o balão com sua barquinha for convertido num

sistema de corpo único, e se a esse corpo for adicionado uma máquina impelente ou que

dispara o ar desenvolvido contra a atmosfera, esta, pela sua força de reação, dará ao sistema

um impulso de velocidade maior do que a da corrente do fluido sobre o qual o balão boia.

Ainda acrescenta que não é necessário que a força impelente esteja sempre atuante, bastando

repeti-la a intervalos de tempo regulares.

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O que Azeredo descreve é o empuxo, que é uma força de reação descrita

quantitativamente pela segunda e terceira leis de Newton. Quando um sistema expele ou

acelera massa em uma direção, a massa acelerada vai causar uma força de igual magnitude,

porém em sentido contrário. Em um moderno avião, por exemplo, este gera um empuxo para

a frente quando o ar é empurrado na direção oposta ao voo, através do movimento de hélices

ou, no caso de um avião a jato, de uma turbina, a qual empurra o ar na sua parte traseira.

A tecnologia disponível na época de Azeredo, entretanto, conduzia a uma série de

limitações. O voo em balões progrediu muito pouco, desde que ele foi inventado até o final do

século XIX, período em que houve muitos experimentos para a consecução do voo

controlado. Motores a vapor e motores elétricos movidos a bateria, que não existiam no tempo

de Azeredo, foram acrescentados para permitir a propulsão que houvera sido sonhada por

Azeredo. Tais engenhos, entretanto, acabavam se tornando impraticáveis devido ao grande

peso desses motores, sendo necessário um grande volume de gás para erguê-los. Somente com

o advento do motor explosão, movido a gasolina, mais potentes e leves que os motores

elétricos ou a vapor é que o problema passou a ser resolvido. Foi outro brasileiro, Alberto

Santos Dumont que obteve outra primazia no campo da aerostação: projetar, construir e voar

nos primeiros dirigíveis com motor a gasolina. Ganhou o Prêmio Deutsch, em 1901, quando

em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu dirigível nº 6. Já o seu primeiro balão fora o

menor balão aeróstato até então construído, com seis metros de diâmetro e 34 quilos de peso.

Com o nome dado a este primeiro balão – BRASIL – e com a conquista obtida no dirigível nº

6 de Santos Dumont, Azeredo teria visto, se estivesse vivo, parte de seu sonho realizado, pois

só pedira como recompensa, caso alguém implementasse suas ideias, que colocasse a seguinte

inscrição no aeróstato:

- O Pássaro do Brasil

Voando em giro rotundo

Levará riquezas mil

Às gentes de todo o mundo

CONCLUSÃO

Azeredo Coutinho não é citado na história da aerostação porque, até onde se conhece,

não realizou nenhum experimento neste campo. Vários elementos tratados ao longo deste

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trabalho permitem evidenciar um diferencial de sua proposta de ensino da filosofia natural a

ser aplicada no Seminário de Olinda, comparativamente ao modelo de ensino jesuítico

calcado na escolástica peripatética, e as ideias apresentadas na confecção de um balão

dirigível demonstram esse lado. Vários princípios da ciência moderna, envolvendo

principalmente as aplicações de ação e reação e inércia das leis de Newton, podem ser

observados. Associando-se este lado técnico-científico aos condicionantes políticos, sociais e

culturais da época, também podem ser realçadas as percepções a respeito das preocupações do

bispo Azeredo Coutinho no sentido de consolidar os princípios da física experimental no

mundo luso-brasileiro – através de seu ensino e divulgação – para atingir o progresso

nacional.

Entretanto, não se podem declarar homogeneidades, nem por parte dos jesuítas e seu

ensino, nem por parte dos iluminados luso-brasileiros, de forma a caracterizar a tradicional

dicotomia “antigos versus modernos”. A começar pelo fato de que os chamados “princípios

da ciência moderna” não partiram de bases homogêneas. Durante o século XVII haviam três

correntes mecanicistas principais: a de Descartes, a de Leibniz e a de Newton. No tempo de

Azeredo já havia uma tendência de confluência dessas linhas, associando princípios

racionalistas e empiristas. Mas, de qualquer forma, foi uma época de transição, onde ainda

não podem ser completamente dissociados os princípios que hoje caracterizam o chamado

“conhecimento científico” do que ficou caracterizado como “conhecimento filosófico”.

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Mnemozine Luzitana nos nos 13, 15, 16, 17, e 18; pag. 201, 241, 257, 273, e 289; com tudo

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