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Ano 2010 – 2011
Edição da Escola Secundária Morgado de Mateus
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PREFÁCIO
Escrever exige libertação. Dizem-mo estas poucas palavras, urdidas num tempo roubado a incumbências menos criativas. Percebo, por isso, que muitos se entreguem à comodidade de não escreverem mais do que o estritamente necessário. Mas não são todos, felizmente, e é sabido que alguma loucura e uma boa dose de poesia fazem parte da nossa matriz nacional.
É possível e benéfico concedermo-nos a liberdade de esquecermos, por momentos mais ou menos prolongados, as obrigações que nos atormentam a vontade de partilharmos o que imaginamos. Essa é uma das nossas riquezas maiores – a imaginação – e a escrita criativa uma forma, ao alcance de muitos, de enriquecer o mundo de todos com o pensamento de cada um.
Neste livro, vai mais uma mão cheia de jovens autores que dão razão às minhas palavras. Da sua vontade nasce esta colectânea de textos e a nossa alegria de vermos, mais um ano renovada, a veia criativa dos alunos da nossa escola!
Maria Manuel Carvalhais
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O Mar
O mar é uma longa extensão de água
salgada que nos leva ao infinito. Não acaba. Não
tem limites, nem uma trajectória determinada.
Sabemos que pode ser sinónimo de riqueza,
prazer, liberdade, calma, ou, conjuntamente,
catástrofe, perigo e dor.
O mar pode ser uma fonte de prazer e
liberdade, por exemplo, para os surfistas. Um
surfista, quando apanha uma onda “perfeita”,
sente-se livre devido à permanência durante um
determinado período de tempo em contacto
directo com a Natureza. Por breves momentos
acredita que é ele que comanda tudo e todos.
Sente-se calmo e, simultaneamente, agitado
devido ao turbilhão de sensações que se passam
no seu interior.
Por outro lado, um indivíduo pode olhar o
mar como um perigo, uma dor ou um sofrimento.
Quando existem medos, todo o nosso imaginário
nos consome com seres míticos, criaturas e
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factos irreais, tal como aconteceu aos
Portugueses nos Descobrimentos, no cabo das
Tormentas, onde idealizaram a existência de um
monstro horrível e terrível.
O mar pode ainda tornar-se o pior inimigo
do Homem no que diz respeito a catástrofes
naturais. Geralmente são repentinas,
avassaladoras, sem premonições e causam
inúmeros estragos na vida de uma sociedade
como, por exemplo, o que aconteceu
recentemente no Japão.
Assim, pode afirmar-se que o mar provoca
reacções distintas a quem com ele vive, uma vez
que funciona como uma “ponte” no quotidiano do
homem, pois este necessita dele para sobreviver
e simultaneamente pode temê-lo ao ponto de se
sentir aterrorizado ao imaginar as suas forças
incrivelmente cruéis.
Alexandra Nunes, 12ºB
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Aquecedor de Alma
A vida das pessoas dá voltas e voltas sem
que elas se apercebam e quando está parada, faz
arrepiar a pele, faz bater o coração, que dói, uma
dor inexplicável, uma dor que grita tão alto que
ecoa nos ouvidos.
Uma batida e outra logo a seguir, a
respiração ofegante, o transpirar da pele, aquele
calor tão corporal que percorre as cicatrizes do
passado, envolve o tempo, a hora, o espaço e
transforma tudo num momento de decisão, onde o
amor deixa de valer a pena, onde os momentos
são esquecidos e onde a dura razão quebra
qualquer encanto e julga o coração, condenando-o
a uma frieza mórbida que apenas poderá ser
aquecida por ti.
Ana Silva 12º D
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Poço da Vida
Deixei-me
C
A
I
R
D – e – v – a – g – a – r – i - n - h – o
Pé,
Por,
Pé,
E caí tão fundo,
Que a vida deixou de ser, o
C a m i n h o.
Ana Silva, 12º D
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O ABC de Viver
A vida é tão natural quanto escrever o
abecedário, que pode ser escrito de várias
maneiras, com diferentes tipos de letra e
tamanho, tal como a vida, que pode ser vivida de
diferentes formas, por muitas e diferentes
pessoas.
E julgando letra a letra, o abecedário vai-
se tornando-se numa palavra, numa frase, num
texto, que descreve o que somos desde que
existimos até o que iremos ser, no futuro.
Ana Silva, 12º D
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Ligações Falhadas
Deixou-me assim, e sempre que o recordar,
irá deixar-me da mesma forma, sem sentido, sem
ligação, apenas existente.
Parecia que tinha sido hoje, agora e que
nunca mais chegava ao fim. Aquela textura,
aquele respirar apressado, aquela força que
exercia em mim.
E eu estática, sem conseguir mexer os
dedos e com o sangue a gelar dentro das veias
que ferviam dentro de mim.
É hoje, é a última vez, pensava. Mas não,
aquele bafo, aquele terror voltava sempre e
voltaria sempre que o permitisse.
Ana Silva, 12º D
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Moi et Toi
E é assim que ficamos, no anonimato, mas
tanto eu como tu queríamos que fosse diferente.
Tu querias que o meu “moi” ficasse cor de
rosa, porque sabes que sou feliz quando tenho
alguma coisa dessa cor, e eu queria que o teu “toi”
estivesse verde ou azul, talvez os dois, queria que
ambos nos fizéssemos notar, num arco-íris de
sentimentos, mas em vez disso, encontramo-nos
assim, em tons de cor nenhuma, em branco quase
sem cor, e o que ainda nos salva é o “et”, que
esteve sempre lá, que presenciou todo o nosso
“amour”, todos os nossos momentos bem
passados.
E agora resta-nos esperar que pintinha por
pintinha, a tinta dissolva com o tempo, tal como o
amor se vai evaporando com o calor de outro
alguém, que chega em tons amarelados e que nos
faz sorrir, que nos faz feliz e nos devolve o nosso
arco-íris sentimental.
Ana Silva, 12º D
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Saudade
Sonho contigo e recordo a maneira como
me sorrias, como possuías aquele olhar meigo que
me iluminava e a doce companhia que eu tanto
desejava e desejo.
Foste uma lutadora esforçada e para mim
nunca falhaste! Entregaste muito amor e afecto!
Avó, partiste mas ficaste!
Queria sentir novamente o teu beijo, mas
perdi-o e sei que nunca mais o voltarei a ter!
Dizias-me que, quando eu fosse crescida, já não
estarias cá, mas eu nunca te disse adeus, vou
esperar para te dizer olá.
Tenho saudades! Bastantes! É natural! Eu
nunca esperei que fosses tão cedo, mas a vida é
assim. Cínica, falsa e injusta! Mas quem nunca
sofreu ainda não sabe o que ela custa e eu fiquei
a conhecer o extremo da dor quando senti a tua
perda de maneira tão dura.
O meu mundo, esse, ainda hoje não tem
cor, porque eras tu que o pintavas com o teu amor
e com a tua maneira de ser, carinho e perfeição.
Sempre foste a amiga do coração, o meu orgulho,
o meu porto de abrigo, fosse para o que fosse.
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E as nossas brincadeiras sempre
„saudáveis‟, hoje trazem saudades insuportáveis
que simplesmente me limito a deixar correr pelo
rosto, desde que o sol nasce até desaparecer no
lado oposto. Todos os dias me lembro de ti, nunca
te esqueço! És uma das pessoas que está mais
longe e mesmo assim eu busco em ti, toda a minha
felicidade, toda a minha sobrevivência, dia após
dia.
E então, aí, a tua ausência torna-se terrível
porque o mundo dos sentimentos torna-se
sensível.
Já chorei a perda de muitas pessoas mas
agora não se vai repetir, vou pôr em prática o que
me ensinaste, e ensinaste-me a sorrir. Partiste
sem avisar mas não te vou deixar! Vou
desobedecer ao provérbio “até que a morte nos
separe”!
Agora, ficam as boas recordações, as
eternas saudades, os beijos que me deste, todas
as tuas felicidades e as tuas emoções.
Gosto de recordar tudo o que passámos, apesar
de não ser fácil, porque me faz odiar esta vida
tão frágil que te levou para um mundo além deste,
para bem longe de mim, de nós… Mas olha sempre
por mim, como um dia prometeste.
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Olho para ti todas as noites, adormeço e
acordo contigo no meu coração e aqui te deixo
todos os dias, para que nunca fiques sozinha.
Lembro-me bem daquele dia - treze de
Maio de dois mil e dez - daquela hora e da enorme
saudade que senti, mesmo antes de te ver partir!
Eu desejo o dia em que nos encontraremos
novamente, porque será o dia mais feliz da minha
vida, certamente.
Para sempre, avó da minha vida!
Simone Alves Lopes, 11ºPRO-A
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Pedaços da minha vida
A nossa vida é feita de pedaços bons e
outros menos bons. E que piada tinha se tudo
fosse um mar de rosas? É importante surgirem
desafios, ultrapassarmos obstáculos, não nos
rendermos à rotina. Todavia temos de ser
realistas, não é qualquer pessoa que tem estofo
para aguentar alterações todos os dias… Temos
direito a uma vida digna e, de preferência, sem
grandes oscilações. Mas, à falta de melhor, que
tenhamos alguns grandes momentos!
De certa forma temos a sorte de apenas
encontrar testemunhos de pura felicidade,
nomeadamente em fotografias. São recordações,
lembranças e memórias, os ingredientes por
excelência da saudade; são retratos do que um
dia nos fez feliz, de quem nos fez feliz.
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Por essa mesma razão devemos dizer aquilo
que sentimos, no momento certo, para que, mais
tarde, não nos arrependamos de não o ter feito. E
se, nesse mesmo momento, adiarmos o que deve
ser dito, talvez por vergonha, por recearmos
falsas interpretações ou simplesmente porque
não, então depois…!!! Depois poderá ser tarde
demais ou até já não fazer qualquer sentido.
Essas pessoas poderão já nem estar presentes e
então emerge a insatisfação que leva à saudade
desses tais momentos perfeitos.
Esquece! Não podes voltar atrás! Decides
reconstruir o passado: escolhes minuciosamente o
local, a data… Desilusão! Nada é igual! Não tens as
mesmas sensações que há uns tempos atrás, o teu
discurso é diferente, tu és diferente! Mas nem
tudo é mau… Retiras uma lição, um conselho para
a tua própria vida, para a vida dos teus pares.
Viver ao máximo, com intensidade! Usufruir de
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todos os momentos, crescer com eles, aprender
com eles. Foram sentimentos vividos, mas
acredita, nunca esquecidos!
E vem a saudade… Não a podes comandar,
não a podes reprimir. Porém, podes matá-la,
estando novamente nos mesmos sítios, com as
mesmas pessoas, mas o tempo já lá vai, esse teu
eterno inimigo que nunca te vai deixar, persegue-
te!
Não há sentimento mais estranho: saudade?
Percorre os extremos que uma pessoa pode
sentir: é a nostalgia do passado que, quer queiras
quer não, causa uma tamanha tristeza e um
enorme vazio e é também a felicidade sentida no
presente que viveste.
Sem dúvida que as fotografias nos
transportam a estes sentimentos opostos, estes
momentos confusos. Contudo, é bom passarmos
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por tudo isto. Se sentimos saudade significa que
a nossa vida foi cheia, tornou-nos completos. Sim,
porque nunca sentiste saudade do que, um dia, te
atormentou, pois não?
Repara, eu tenho imensa sorte em ainda ter
todas estas pessoas, que sempre foram
importantes para mim, comigo. Sempre que
quiser, posso lembrar-lhes do que significam, do
sentimento que em mim despertam. E tu, tens?
Não percas a oportunidade!
Realmente… As saudades que eu tenho do
verão! Sair todas as manhãs, tardes e noites.
Acordar sem preocupações, sem nada para fazer;
programas diferentes todos os dias! A diversão
com os que mais gosto, a calma que sempre
desejo.
Já para não falar da praia, da piscina, dos
bons ambientes. Confraternizar, conviver… mas
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que lindos verbos! Por mim a vida era só isto, não
desejaria melhor…
Não, não! Volta inverno, estás perdoado!
A rotina… Escola, casa, casa, escola,
estudar, treinar dormir. O quentinho e bem-estar
da minha casa deveras acolhedora. O controlo das
emoções, o stress do dia-a-dia, o pânico aos
testes, a aflição que algo corra mal!
A neve, o frio, os cobertores e grandes
casacos. De facto, agitação, movimento! É o Natal
que está a chegar… família, prendas, o que mais
posso querer?
Sabes que mais… Eu tenho saudades dos
primeiros dois anos da minha vida… Sem
responsabilidades, sem pensamentos fúteis. O
mundo girava à minha volta: tinha o que queria,
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quando queria. A menina da mamã, a menina do
papá, a menina da família toda!
Oh! E o infantário! A grande base da minha
vida: os meus primeiros amigos, os meus primeiros
professores, as minhas primeiras refeições de
gente. Brincadeira atrás de brincadeira e pelo
meio uma sesta. Que rica vida!
A partir daí foi sempre a crescer. Ainda no
colégio, sempre protegida, já requeria algum
esforço, dedicação no estudo, sem nunca perder
as amizades. Mas que recordações que me traz: a
macaca, o futebol, as corridas, uma geração feliz
e contente!
Depois escola pública… Tantas asneiras,
tantos disparates. Foi nesta altura que percebi
quem eram os meus verdadeiros amigos, aqueles
que não tentaram levar-me por maus caminhos.
Sorte a minha: eram poucos mas muito bons!
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Novas mudanças, novos rumos e sobretudo uma
nova consciência.
E aqui estou eu, numa nova etapa. Já tenho
saudades do que ainda não vivi. Não quero ir,
deixem-me ficar, não quero voltar a mudar!
E, apesar de tudo, vou sentir a vossa falta,
porque penso que já deu para perceber que só
valorizo os bons momentos!
Joana Lêdo Ribeiro Tomé Queirós, 12º A
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A manhã escura depois de uma noite
sem sentimentos
Despertei de um sono atribulado e sem
sentimentos. Abri os olhos, olhei em meu redor e
voltei a fechá-los. Nada de barulhos, nada de luz,
tudo calmo. Não tinha vontade de me levantar,
apenas queria ficar ali, na escuridão imensa do
meu quarto, a reflectir sobre a escuridão em que
me encontrava. Estava escondida e envolvida por
um calor artificial, e enrolada em mim tal como
um feto dentro da barriga da progenitora, seguro
de tudo o que o rodeia. No entanto, sentia-me
desprotegida de tudo e só queria permanecer tal
como estava, imóvel, escondida e sem pensar em
mais nada.
Subitamente, e sem querer, relembrei-me
das grandes pequenas coisas que mais temia e que
me magoavam incansavelmente. Tudo o que me
atormentava brotou, pela milionésima vez, dentro
de mim, tal qual uma flor que rebenta por entre a
terra, ferindo-me lenta e dolorosamente. Percebi,
então, que os bonitos sonhos que eu tinha
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idealizado se desvaneciam à medida que o tempo
me fugia através das palmas das mãos frias e sem
acção. Sentia-me impotente, mas, no fundo, com
um forte sentimento de culpa e frustração.
Assim, todos os meus medos vieram à tona e
estremeci. Tinha receio de não ser capaz, tinha
receio de não ter forças nem vontade para lutar,
tinha receio de tudo o que podia acontecer no
futuro. E, principalmente, sentia um enorme
temor em desiludir todos aqueles que acreditam
em mim. Estava só e angustiada e, por entre
todos estes pensamentos, questionei o porquê de
ter acordado. O facto de continuar a dormir,
naquele sono inconsciente, longo e sem
sentimentos, teria ajudado em muito.
A manhã nasceu, fria e escura.
Inesperadamente, surgiu no mais profundo do
meu ser uma imensa vontade de chorar; foi
inevitável. A minha visão tornou-se embaciada, tal
como o vidro de um carro em dias de nevoeiro
cerrado. Sentia os olhos prestes a largar a sua
essência. Como tal, tornaram-se cada vez mais
cintilantes até que uma lágrima surgiu e desceu
pela minha face carregada de angústia, seguindo-
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se outra e outra…. Apesar de tudo, senti-me
bastante aliviada, descarregando toda a minha
mágoa e desassossego.
Quando entendi tudo o que se passava,
percebi que não estava a agir bem pois não tinha
lutado. Compreendi que os sonhos são para nos
pôr à prova e que não são verdadeiros se não
tiverem obstáculos. Por isso, é necessário lutar,
lutar e lutar. A vida é assim, feita de lutas
constantes, podendo ser tanto justa como
injusta. É simplesmente a vida que temos de
saber e aprender a viver, caso queiramos vingar e
ser realmente felizes.
Após longos minutos de reflexão,
finalmente ganhei forças e levantei-me.
Abandonei o quarto ainda escuro e dirigi-me até à
cozinha, parando à entrada da porta. Dentro,
encontrava-se um vulto bastante familiar, que me
olhou ternamente. Avancei três passos em frente
e recebi um abraço. Naquele momento, foi tudo o
que precisei, nada de explicações nem
repreensões. Apenas um abraço sentido e forte
bastou para abrandar toda a culpa que sentia e
seguir em frente. Assim, a manhã sombria e
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nublada finalmente abriu, e começaram a raiar as
primeiras pontadas de luz.
Joana Pires, 12ºB
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Diz-me
É tarde para nascer, tu sabes,
e cedo para morrer, tu sabes.
Deus deixou-te ir para o sítio mais belo do
mundo:
a morte.
Não é azar, não é sorte,
é a vida que passa sem nos deixar sonhar.
Mas eu sonhei, sonhei ficar contigo, meu trigo
semente que nasceu, morreu e me deixou nesta
solidão.
Vai-te, vai-te, sai do meu coração!!
Odeio esta vida, odeio, e por isto quero pôr fim,
um fim, um fim.
Pela noite a dor chega,
teu rosto se esvai
e eu fico olhando o céu,
o céu e nada mais o que nos une.
Estás longe, tão longe, sou uma alma
perdida que não quer ver mais a luz do dia
e a solidão da noite.
Diz-me ao menos que me amas.
Diz me ao menos que me esperas.
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Diz-me que o céu apenas vai ser algo em comum.
Diz-me tudo, estou por tudo.
Não me ignores
Carla Leirós Bento, 12º B
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Meu grande amigo de todas as horas.
A amizade é como uma flor,
Sensível e formosa,
Sem causar tristeza nem dor,
Apenas esbelta como uma rosa.
Que posso eu fazer
A quem tanto faz por mim?
A não ser esta sincera homenagem
Numa folha de carmim.
Para ser um amigo verdadeiro
Temos de dar carinho e amor,
Como um fiel jardineiro
Que cuida da sua flor.
Amigo verdadeiro!
É assim que te posso chamar,
Quando tenho alguma mágoa
És tu quem me vem ajudar.
Sinto uma profunda admiração
Pela pessoa que te tornaste,
Com toda a grandeza da tua amizade
Sinto que sempre me amaste.
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Que o Universo te cubra de luz
Nesta vida de ilusão,
Seguiremos sempre em frente,
Te darei sempre a mão.
Juliana Gonçalves, 12ºB
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O Amor, a arte e o Beijo
Quando me beijas, tremo, tremo de prazer,
amor e ânsia. Tu tens uma graça, uma beleza e um
fascínio únicos! És quente como a luz do sol e
suave como o amanhecer. Quando te beijo não
sinto um simples desejo ou atracção, mas sim uma
grande ternura e um amor tão forte que me faz
estremecer. Sentir a terna pressão dos teus
lábios sobre os meus faz com que seja quase
impossível suportar tanta doçura! Talvez isto seja
básico para algumas pessoas ou então
incompreensível para outras, mas falamos da arte
da representação, da arte da música, de tantas
artes, que pouca gente se apercebe que a maior
arte, e a mais complicada, é a arte de amar, de
nutrir um sentimento tão forte que envolve tudo,
que não deixa livre nenhum pedaço de nós. É a
arte de nos entregarmos totalmente, sem medos
ou vergonhas. Uma arte que exige dedicação,
empenho e principalmente alma. Muita alma, uma
alma que tem que ser forte determinada. É a arte
de amar, de não pensar. É a arte de sentir.
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Depois de saber o que é o amor, conhecer a
sua arte e depois de o viver, sinto-me capaz de
concluir que as coisas vulgares que há na vida não
deixam saudades, só as lembranças que doem ou
fazem sorrir.
Bárbara Reis, 11º D
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A PRESENÇA
As pernas tremiam quando pensava no tão
esperado reencontro, estava ainda mais nervosa
do que quando nos conhecemos. Não queria pensar
no que acharias de mim, eu ainda sou a mesma e o
que sinto continua intacto, tu sabes.
(…)
Quando te vi senti o meu rosto quente, não
sei porquê, mas ainda agora o sinto. São os
efeitos do nosso reencontro, que tomam conta do
meu corpo. Corri para ti e abracei-te como já não
fazia há muito tempo, estava feliz, tão feliz,
inevitavelmente feliz…
Ainda consigo sentir o teu cheiro e os teus
braços a apertar o meu corpo. Como eu sentia a
tua falta, nem imaginava o quanto, até àquele
momento! Restava-me aproveitar o tempo que
tinha contigo, não era o suficiente para deixar de
sentir saudades tuas, acho que nada é suficiente
quando se fala de ti.
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Estranhei-me, estranhei-te, já não
estávamos habituados à presença um do outro.
Mas não foi por muito tempo…
A cumplicidade instalou-se entre nós e de
novo aqueles olhares sem fim, não sei realmente o
que significam, mas eu gosto quando o fazemos.
Esqueci-me do tempo e aproveitei hoje que
estavas presente. Sei que amanhã não estarás
mais comigo, mas hoje preencheste o teu espaço.
Beatriz Pimenta, 10ºD
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O COMEÇO
Caminhava nervosamente para aquele que
seria o primeiro encontro, sonhara com aquele
momento há muito, fazendo dele mais um conto
de fadas.
(…)
Estava “sozinha” entre a multidão, perdida
em si, sem conter a emoção do tão esperado
momento. Viu-o chegar, e tudo em redor parou no
tempo, agora eram só ele e ela.
Aproximaram-se em passos trémulos com
os olhos fixos no chão, os corações explodiam no
peito, era melhor que nos sonhos, pensaram…
O caminho que antes os separara era agora
curto e a tensão sentia-se no ar… Ela aproximou-
se, e mergulhou nos braços dele sem uma única
palavra. O silêncio preencheu o momento, o amor
conteve-se em ternura. Separaram-se
timidamente, e sem hesitar ele deu-lhe a mão e
mostrou-lhe o caminho que seguiriam juntos.
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Trocaram palavras, olhares e juraram um
amor quase eterno em silêncio, varreram tudo à
sua volta e deixaram-se deambular pelas ruas.
Os sorrisos cravaram-se no rosto de
ambos, murmuravam palavras de amor tornando-
se confidentes. Este era apenas o início de mais
uma história de amor.
Beatriz Pimenta, 10ºD
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Mesma Essência
“ Enquanto a cor da pele for mais importante
que o brilho dos olhos, haverá guerra”
Bob Marley
Não importa a tua cor, de onde vens, mas
sim o que me fazes sentir. Tal como eu, és uma
pessoa, nascemos no mesmo mundo e mereces
tudo o que eu mereço.
Não és assim tão diferente e eu gosto de
como és.
O teu coração é da cor do meu,
Quando tens medo sente-lo da mesma
maneira,
Quando choras as tuas lágrimas são iguais
às de todo o mundo, sem cor e com o mesmo
sabor salgado.
Como vês não somos diferentes, a nossa
essência é a mesma.
Beatriz Pimenta, 10ºD
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Crescer
Crescemos.
As roupas,
Soltas,
Ficam agora
Apertadas,
Ao corpo
Meio torto
Em mudança
Que de criança
Já não tem nada.
Crescemos.
Ficam
As memórias,
As histórias
Engraçadas
Das palhaçadas
E macacadas
Do mundo
Luzente,
Estridente
E feliz
De petiz
Irrequieto.
Crescemos.
Perdemos
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A alegria,
A inocência,
A impertinência.
Entramos,
Mudamos
Para a vida
Indecisa
De adulto
Inculto
E complicado.
Crescemos.
Transformamo-nos,
E por fim
Percebemos,
Entendemos
Que afinal
Não há mal
Na mudança
Pois o sorriso
Esquivo
De criança
Não cresce nunca.
Cátia Costa, 11ºA
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Uma história incerta
E sentindo a noite,
Com o luar a iluminar-nos as faces,
Sentindo a brisa nos cabelos,
Com o calor e o frio a envolver-nos,
Numa festa em que
O silêncio nos implica,
E o barulho nos encolhe,
E a cena se complica,
À medida que o tempo decorre.
E eu sei que no final deste momento,
Com o coração ainda palpitando,
Te vou ouvir dizer
O que há momentos senti.
E sei que o amanhã não chegará,
Enquanto a ti não to repetir.
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Dás-me a mão e sussurras
As palavras doridas que sentes,
Tremendo e gaguejando,
Como se de um crime se tratasse,
E a noite como cúmplice, resplandecente,
Ajuda ao momento crítico.
Os olhares, os toques,
Tudo o que uma melodia podia compor,
Fala, grita aos ouvidos.
Mas amanhã, eu sei que tudo
Não passou de um instante,
Um sonho de curto alcance,
Que se desfez num segundo.
Ou talvez apenas foi essa a ilusão que deu,
E que o que escolheu foi
Algo de longa dura,
Uma história incerta,
Um momento inseguro.
Tânia Veigas, 12ºB
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A educação em Portugal
Devo dizer que o ensino em Portugal, na
minha opinião, até está acima da falência
ideológica em que o resto do país (e o mundo, já
agora) se encontra, mas ainda assim há alguns
aspectos que simplesmente não me contive em
comentar.
Em primeiro lugar, as notas hoje em dia são
negociadas, a considerar na avaliação entram
factores como a pontualidade e a assiduidade.
Embora eu veja o propósito disto, é
absolutamente ridículo. Se o aluno não é pontual,
o professor, se considerar necessário, não o
deixa entrar na sala de aula. Com o novo estatuto
do aluno, que resolve a questão de excesso de
faltas injustificadas, a assiduidade nem deveria
ser factor de avaliação. Depois temos o modelo
de troca directa. A partir do momento em que
todas as disciplinas valem o mesmo na média do
secundário, estamos a afirmar que as lacunas em
biologia podem ser compensadas por educação
física ou incapacidade de interpretar um texto
pode ser compensada com os relatórios bonitos e
absolutamente desnecessários de uma disciplina
que não tem motivo de existir: área de projecto.
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Isto fez da escola um mercado onde o interesse
por aprender é mínimo e o objectivo de conseguir
a desejada média para a universidade
(independentemente de se ter os conhecimentos
necessário) reina supremo.
O valor cultural próprio de uma disciplina
esteve perto de desaparecer, e com isso a divisão
entre as disciplinas essenciais e as facultativas.
Não deveria Educação Física valer, na média,
metade do que vale Matemática ou Química?
O real problema é a questão dos
professores. Já de si, a vida de professor não é
fácil. Há ainda, e desculpem o termo, “bestas”,
que olham com desprezo para os professores.
Acham que o seu trabalho é fácil, e a sua função
secundária. Estes adultos passam essa opinião aos
filhos. As crianças, com memórias implantadas
pelos pais de algum docente da geração “da régua
de madeira”, têm um enorme desrespeito pelos
professores e passam o ano em competição
constante pelo estatuto “cool” que pretendem
encontrar dentro da turma, facilmente atingido
ao rebelar-se contra um professor. Eu próprio já
fui assim.
Então fica a questão, como conseguirá um
docente aguentar anos sem pensar em fugir?
Como poderá levar um bando de selvagens sem
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interesse na aprendizagem, mal educados e
habituados ao entretenimento digital, a
interessarem-se pelo empirismo de Hume?
Ninguém fora do recinto escolar tem uma noção
real do que se passa na sala de aula, do combate
diário contra a insolência (a qual por vezes eu
também tive). Como se não bastasse, o professor
tem de suportar que lhe sejam apontadas
responsabilidades por falta de educação ou
qualquer tipo de agressão verbal aos alunos.
Atacar a dignidade do professor e depois negar
tudo na presença dos pais é desporto bem
acolhido entre os alunos. Quando algum político
ou administrador escolar diz que a culpa é do
professor, que o aluno não se interessa e se sente
aborrecido e que o professor deveria dar aulas
mais interactivas e com vídeos bonitinhos, sei que
chegámos a um ponto em que a educação no país
não é a melhor. Depois temos pais que não educam
os filhos, e como cereja no topo do bolo, um
governo que acha que os professores devem ser
avaliados. O que faria sentido, não fosse a má
escolha do método de avaliação. Daqui a alguns
anos põem os alunos a avaliar os docentes.
Adoraria se alguém encontrasse a resposta para o
desinteresse generalizado dos alunos e os fizesse
curtir “Memorial do Convento” de Saramago ou
“Fausto” de Goethe.
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A parte que mais me deixa ultrajado é a
forma como o ministro da educação lida com a
situação, retirando os meios disciplinares.
Castigos como as expulsões da sala de aula ou as
suspensões da escola encontram-se minados de
tanta burocracia que os professores preferem
prescindir desse direito. Temos também o caso
da recente pressão sobre os professores para
que passem os alunos, para que lhes tirem as
negativas. Os alunos sabem-no, e ainda
aproveitam a situação.
Para que isto mude (nem vale a pena referir
casos como o dos exames do décimo primeiro ano
em vez de exames com matéria do décimo e
posteriormente exames com matéria do décimo
primeiro) a iniciativa tem de vir dos alunos, e por
isso escrevo a minha perspectiva.
Daniel José Cardoso Martins, 12ºA
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Ao Senhor Presidente da República
Levaram as minhas coisas. Acordei e não
estavam lá. Não sei se mas roubaram, nem quem.
Talvez não as tenham levado. Talvez, fartas de
alguma fatigante e monótona rotina em que são
trabalhadas e modeladas, segundo a perspectiva
de cada um, tenham partido em busca de algo
diferente. Em busca de alguém que fizesse delas
coisas novas. Talvez tenham partido em busca de
um sonho, um destino, um amor para fazerem
coisinhas, ou uma arma para acabarem com a
existência que viam como deprimente.
Não sei das minhas coisas. Sei que li
assuntos que me relembram delas e ao procurá-
las, não estão no seu eterno sítio de estar. Não
sei quando desapareceram. Lentamente talvez,
uma migração lenta da qual não me apercebi, pois
estava camuflada por assuntos rotineiros
menores.
No antigo lugar das minhas posses
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encontro novas posses. São capazes de ocupar
com exactidão o lugar das anteriores, mas desta
vez com uma pose imperativa, intriguista,
cinzenta, burocrática e vazia de significado,
paixão ou preocupação genuína. Observo-as mais
assustado do que intrigado, cuidadoso em vez de
fascinado. Pareceriam a qualquer mente menos
observadora estar ali desde sempre, mas a minha
dá conta das diferenças, e incomodada expulsa
estas novas posses, estas novas coisas, e procura
pelas antigas. Decidida a encontrá-las, e com isso
repor o meu normal estado de ser.
Há, no entanto, quem não distinga. Não
sabe o que acontecera aos tempos do idealismo,
das lutas por justiça e à procura de um bom rumo.
Não, isso é para a oposição. E assim, os políticos
no poder perdem as suas coisas, as suas ideias.
Deixam-se ficar com as ideias que cabem nos
interesses pessoais e das grandes empresas. São
as ideias de alguém. Um alguém genérico,
impessoal e inumano que só se interessa pela sua
gula ou obsessão.
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E para eles, tudo é perfeito, dentro da
imperfeição possível da impessoalidade.
Nunca verdadeiramente voltam a encontrar
as suas posses, mas prometem-nos a utilização
das nossas. Ou se não prometem, nós tentamos
impor a procura das nossas posses, através de
greves e protestos não raramente supérfluos.
Não conseguimos impor as nossas ideias, mas,
simpáticos, votamos nos mesmos políticos de
novo, para que eles possam continuar à procura
das suas antigas ideias e convicções. Assim
ganhou o Sr. X. Talvez um dia encontre a vontade
de fazer algo de bom pelo país de novo.
"Uma maioria democrática poderá apenas
significar que todos os idiotas estão do mesmo
lado".
Daniel José Cardoso Martins, 12ºA
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Para Ricardo Reis
Um homem de longos cabelos loiros
sentava-se no Rubi todos os dias. Por vezes vinha
de manhã, e nesses dias o cabelo estava molhado.
Outras vinha à hora de almoço e outras ainda
antes da hora comummente aceite, como a hora
de jantar. O certo é que todos os dias entrava na
pastelaria e punha-se a ler. É também certo que
todas as Quintas vinha acompanhado. E nessas
Quintas comportava-se de forma diferente. O
seu acompanhante era um homem mais alto, mas
de cabelos negros e curtos, a sua face magra e
quadrada. Entravam a rir e a cochichar, os seus
pedidos variavam todas as semanas. Depois de
algum tempo de conversa animada, punham-se a
ler. De vez em quando trocavam sorrisos e
olhares cúmplices, outras vezes interrompiam a
leitura subitamente e saiam a correr depois de
pagarem, como se alguma necessidade ou desejo
súbito lhes surgisse.
Nas Sextas passava algum tempo a
observar um quadro na parede à sua frente,
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quadro esse que mostrava um rio, um rio imóvel e
eterno.
Às Terças lia um jornal em vez de um livro.
Sobre as Quartas não vou falar.
Segundas não tinha qualquer hábito ou
ritual à parte pôr-se a ler, embora nestes dias
aparentasse cansaço. Não da vida, cansaço de
quem havia acordado cedo para ir ao ginásio.
Educado, talvez até invulgarmente
simpático, pedia um café cheio e um pastel de
nata. Quando lhe traziam o pedido, agradecia
sorrindo, e punha-se a ler silenciosamente,
excepto nas Quintas. Quando lia inclinava o
tronco, e ao fazê-lo o cabelo cobria o seu rosto
como se fosse uma máscara. Na perspectiva da
empregada do Rubi, seria impossível nestas
condições que o homem fosse capaz de ler, talvez
ele só fingisse ler. O facto é que por uma ou duas
horas, todos os dias, tranquila e metodicamente
virava as páginas de um livro qualquer que
aparentava não ter parágrafos ou pontuação, que
se estendia numa contínua e talvez cíclica oração.
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Certo dia, o leitor parecia ter adormecido, e a
empregada, de seu nome Adriana, dirigiu-se a ele:
– Senhor?
Imediatamente ele abriu os olhos,
perguntou a Adriana se ela conseguiria parar um
relógio intocável ou mover as águas do rio no
quadro, e ainda, se tal coisa valeria a pena. A
pobre rapariga disse que não percebeu onde ele
queria chegar com a pergunta, e o homem sem
dizer mais nada pôs-se a ler.
Certo dia, perto da hora de jantar, a
pastelaria estava vazia, à excepção de Adriana e
Sartre, como a empregada lhe havia chamado
quando falou dele às amigas. Sartre não porque o
homem se parecesse com o filósofo francês,
aliás, aquele homem, achava ela, era belo e
Adriana de bom grado o teria conhecido na sua
cama. Sartre porque aquele senhor fartava-se de
ler, e o nome soava-lhe bem. Foi no silêncio dessa
tarde que se ouviu um telefone tocar. O toque
parecia o de alguém feliz, fazia lembrar o de um
telemóvel de brincar. E já agora não são todos os
telemóveis de brincar? Brincamos às mensagens,
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julgando que se podem expressar sentimentos
usando os chamados “emoticons”. Usamo-los às
dezenas, industrializados e desprovidos de
qualquer significado que não o imediato. O certo é
que a Adriana, Sartre parecia exaltado. Não o
segredo dizia ele, que para isso mais valia
Nietzche, e Nietzche era um filho da mãe e um
niilista. E também não um quadro de um dragão,
que isso lhe fazia lembrar Ouroboros, que por sua
vez lhe lembrava a vontade de poder e com esta
última lá se lembrava de Nietzche de novo. Um
filme poderia ser, mas não, não poderia ser o
clube de combate, que nesse a Bonham Carter
parecia uma prostituta, e Sartre não gostava
disso.
Adriana apercebeu-se de que discutiam
sobre que presente haveriam de oferecer a
alguém, e continuou a ouvir a conversa.
Ângelo, já chega, dizia Sartre. E
continuava: Porque temos de lhe oferecer algo
meu amor? Depois a voz do homem de cabelos
loiros tornou-se trémula, a sua cara contorcia-se
tentando evitar expressar emoção, ouviu-se um
último apelo antes da chamada terminar: não
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desligues, podemos resolver isto... E com o fim da
chamada Sartre sai a correr, sem pagar.
Uma semana depois apareceu no café,
pagou mais do quíntuplo do que devia. Adriana
ganhou coragem para inquiri-lo sobre o que se
havia passado. Como resposta obteve apenas a
informação de que o tempo, disse Sartre, estava
parado, e que por curto que tenha sido, antes um
amor vivido e acabado do que o pálido
desconhecimento da emoção humana. Ao sair do
café retirou o gorro, e Adriana viu uma nuca com
a pele exposta, nua e negra onde antes houvera a
percepção de um mundo pintado de ouro, um
mundo grande e cheio de alegria.
Daniel José Cardoso Martins, 12ºA
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Sem Saber
Sem saber o que escolher
Sem saber onde pousar,
Só o pensamento sabe
Pelo que estou a passar.
O sentimento é duro,
A razão nem se vê
Só o coração sabe,
O que se passa, e o porquê.
E é o sonho
E a vontade de vencer
Que me tranquilizam
Me fazem crescer.
Vera Fonseca, 12ºB
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Da janela do meu quarto
De manhã, quando acordo vejo uma ponte
muito antiga com os seus pilares dentro do rio
calmo que surge, ao longe, por de trás da colina.
Em frente dessa ponte, existe uma colina,
cheia de vinhas verdejantes e arrojadas. Antes
da ponte, há o bonito e branco Hotel Vintage e
muitas casas brancas com telhados vermelhos
como o sangue. A este da ponte existe um parque
de estacionamento sempre cheio de carros à
sombra de árvores frondosas e verdes. Por entre
o casario também se avista a velhinha estação de
comboios e o Porto Fluvial do Pinhão.
Hoje o céu está azul como o mar da praia
de Palma de Maiorca e eu encontro-me perante
este espectáculo maravilhoso que é o Douro.
Todos os dias me maravilho com esta paisagem
tão bela e tão fresca que nos traz calma e prazer
de viver.
Maria Leonor Ribeiro Borges, 7º B
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O Douro
Todos os dias quando acordo, vejo da minha
varanda o sol Já a brilhar e já quentinho a
iluminar a casa apalaçada. Um pouco mais atrás,
no primeiro plano, vejo as vinhas verdejantes e
casas com os seus telhados vermelhos. À frente
da casa apalaçada existe um rio a cantar com a
alegria da manhã. Por todo o lado existem árvores
frondosas e verdes.
Do lado esquerdo há grandes arbustos e
eucaliptos, existindo também alguns arbustos já
queimados, que, mesmo assim, não deixam de
mostrar a grandiosidade a beleza do Douro.
Do lado direito, mas com menos sol, vejo
uma casa branca e à volta vinhas muito bem
cultivadas e verdejantes.
E é dessas vinhas que sai o famoso vinho do
Porto. É uma paisagem que aprecio
profundamente e me alegra a alma.
Ana Alves, 7ºB
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Poema à Mãe
Mãe a sorrir,
Mãe a pensar,
Mãe adorada,
Mãe cansada…
Mãe a pensar,
Mãe a sorrir.
Quero-te amar,
Quero-te sentir.
Sentir-te a falar,
Sentir-te e amar.
Pensar e sorrir
E o coração abrir.
Falo e canto
Para tu sorrires.
Ver-te feliz.
Mãe, vamos sorrir!
Diogo Pinto, 8º C
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Poema continuado
- Faz de conta que sou véu
- Eu serei o teu céu
- Faz de conta que sou ar
- Eu serei o teu mar.
- Faz de conta que sou flor
- Eu serei o teu amor.
- Faz de conta que sou poesia
- Eu serei a tua magia
magia, voando, voando,
por ti sempre cantando.
- Faz de conta, faz de conta.
Rafaela Teixeira, Ana Alves e
Mariana Santos, 7º B
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Poema continuado a dois
- Faz de conta que sou o sol
- Eu serei o Universo
- Faz de conta que sou poesia
- Eu serei a tua magia
- Faz de conta que sou o vento
- Eu serei o teu momento
- Faz de conta que sou pincel
- Eu serei aguarela, dando voltas
e voltas, e voltas, e voltas
até pintar a tua tela.
- Faz de conta, faz de conta
Francisco Teixeira e Filipa Costa, 7º B
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