Download - Ng3-Doença de Alzheimer
DNA de Azheimer
A doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer é a forma mais comum de demência. Estadoença degenerativa, até ao momento incurável e terminal, foi descrita pela primeira vez em 1906pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome. Esta doença afecta geralmentepessoas acima dos 65 anos, embora o seu diagnóstico seja possível também em pessoas mais
novas. Este ano de 2009, estima-se em 35 milhões de pessoas portadores de Alzheimerdiagnosticados no mundo inteiro, e cerca de 115M em 2050 segundo a OMS. Em Portugal a DAafecta cerca de 90 mil portugueses e deve duplicar também até 2050, por iniciativa daOrganização Mundial de Saúde assinala-se a 21 de Setembro o “Dia Mundial da Doença deAlzheimer”. Cada paciente de Alzheimer sofre a doença de forma única, mas existem pontos emcomum, por exemplo, o sintoma primário mais comum é a perda de memória. Muitas vezes osprimeiros sintomas são confundidos com problemas de idade ou de stress. Quando a suspeita recai
sobre o Mal de Alzheimer, o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos. Com o avançarda doença vão aparecendo novos sintomas como confusão, irritabilidade e agressividade,alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começaa desligar-se da realidade. As suas funções motoras começam a perder-se e o paciente acaba pormorrer. Antes de se tornar totalmente aparente o Mal de Alzheimer vai-se desenvolvendo por umperíodo indeterminado de tempo e pode manter-se não diagnosticado durante anos. Menos detrês por cento dos diagnosticados vivemmais de 40 anos depois do diagnóstico.
Histopatologia/Fisiopatologia
A base histopatológica da doença foi descrita pela primeira vezpelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1909, queverificou a existência juntamente com placas senis (hojeidentificadas como agregados de proteína beta-amilóide), detranças neurofibrilhares (hoje associados a mutações econsequente hiperfosforilação da proteína tau, no interior dosmicrotúbulos do citoesqueleto dos neurónios). Estes dois achadospatológicos, num doente com severas perturbaçõesneurocognitivas, e na ausência de evidência de compromisso oulesão intra-vascular, permitiram a Alois Alzheimer caracterizar estequadro clínico como distinto de outras patologias orgânicas docérebro, vindo Emil Kraepelin a dar o nome de Alzheimer àdoença por ele estudada pela primeira vez, combinando osresultados histológicos com a descrição clínica. Caracteriza-seclinicamente pela perda progressiva da memória. O cérebro deum paciente com a doença de Alzheimer, quando visto emautópsia, apresenta uma atrofia generalizada, com perdaneuronal específica em certas áreas do hipocampo, mastambém em regiões parieto-occipitais e frontais. A perda dememória causa a estes pacientes um grande desconforto em suafase inicial e intermediária. Já na fase adiantada não apresentammais condições de perceber-se doentes, por falha da auto-crítica. Não se trata de uma simples falha na memória, mas sim deuma progressiva incapacidade para o trabalho e convívio social,devido a dificuldades para reconhecer pessoas próximas eobjectos. Mudanças de domicílio são mal recebidas, pois tornamos sintomas mais agudos. Um paciente com doença de Alzheimerpergunta a mesma coisa centenas de vezes, mostrando suaincapacidade de fixar algo novo. Palavras são esquecidas, frasessão truncadas, muitas permanecendo sem finalização.
EvoluçãoA evolução é em torno de 5 a 15% da cognição (consciência de si próprio e dos outros) por
ano de doença, com um período em média de oito anos do seu início e seu último estágio.
Com a progressão da doença passa a não reconhecer os familiares ou até mesmo a não
realizar tarefas simples, de higiene ou vestir roupas. No estágio final necessita de ajuda para
tudo. Os sintomas depressivos são comuns, com instabilidade emocional e choros. Delírios e
outros sintomas de psicose são frequentes, embora difíceis de avaliar nas fases finais da
doença, devido à total perda da noção de lugar e de tempo e da deterioração em geral.
Normalmente a doença instala-se em pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes
com início aos quarenta anos, e relatos raros de início na infância, de provável cunho genético.
Podem aparecer vários casos numa mesma família, e também pode acontecer casos únicos,
sem nenhum outro parente afectado, ditos casos esporádicos.
A evolução da doença está dividida em quatro fasesPrimeira fase
Os primeiros sintomas são muitas vezes falsamente relacionados com o envelhecimento ou com o stress. Alguns testesneuropsicológicos podem revelar muitas deficiências cognitivas até oito anos antes de se poder diagnosticar o Mal de Alzheimerpor inteiro. O sintoma primário mais notável é a perda de memória a curto prazo (dificuldade em lembrar factos aprendidosrecentemente); o paciente perde a capacidade de dar atenção a algo, perde a flexibilidade no pensamento e o pensamentoabstracto; pode começar a perder a sua memória semântica. Nessa fase pode ainda ser notada apatia, como um sintomabastante comum.
Segunda fase (demência inicial)
Uma pequena parte dos pacientes apresenta dificuldades na linguagem, com as funções principais, percepção (agnosia), ou na
execução de movimentos (apraxia), mais marcantes do que a perda de memória. A memória do paciente não é afectada todada mesma maneira. As memórias mais antigas, a memória semântica e a memória implícita (memória de como fazer as coisas)não são tão afectadas como a memória a curto prazo. Os problemas de linguagem implicam normalmente a diminuição dovocabulário e a maior dificuldade na fala, que levam a um empobrecimento geral da linguagem. Nessa fase, o paciente aindaconsegue comunicar ideias básicas. O paciente pode parecer desleixado ao efectuar certas tarefas motoras simples (escrever,vestir-se, etc.), devido a dificuldades de coordenação.
Terceira fase
A degeneração progressiva dificulta a independência. A dificuldade na fala torna-se evidente devido à impossibilidade de se
lembrar de vocabulário. Progressivamente, o paciente vai perdendo a capacidade de ler e de escrever e deixa de conseguir fazeras mais simples tarefas diárias. Durante essa fase, os problemas de memória pioram e o paciente pode deixar de reconhecer osseus parentes e conhecidos. A memória de longo prazo vai-se perdendo e alterações de comportamento vão-se agravando. Asmanifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados deagressividade ou resistência à caridade. Aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvem ilusões e outros sintomas relacionados.Incontinência urinária pode aparecer.
Quarta fase (terminal)
Durante a última fase do Mal de Alzheimer, o paciente está completamente dependente das pessoas que tomam conta dele. A
linguagem está agora reduzida a simples frases ou até a palavras isoladas, acabando, eventualmente, em perda da fala. Apesarda perda da linguagem verbal, os pacientes podem compreender e responder com sinais emocionais. No entanto, aagressividade ainda pode estar presente, e a apatia extrema e o cansaço são resultados bastante comuns. Os pacientes vãoacabar por não conseguir desempenhar as tarefas mais simples sem ajuda. A sua massa muscular e a sua mobilidade degeneram-se a tal ponto que o paciente tem de ficar deitado numa cama; perdem a capacidade de comer sozinhos. Por fim, vem a morte,que normalmente não é causada pelo Mal de Alzheimer, mas por outro factor externo (pneumonia, por exemplo).
Prevenção
Todos os estudos de medidas para prevenir ou atrasar os efeitos do Alzheimer são frequentementeinfrutíferos. Hoje em dia, não parecem existir provas para acreditar que qualquer medida deprevenção é definitivamente bem sucedida contra o Alzheimer. No entanto, estudos indicam relaçõesentre factores alteráveis como dietas, risco cardiovascular, uso de produtos farmacêuticos ouactividades intelectuais e a probabilidade de desenvolvimento de Alzheimer da população. Mas sómais pesquisas, incluindo testes clínicos, revelarão se, de facto, esses factores podem ajudar a prevenir
o Alzheimer. A inclusão de fruta e vegetais, pão, trigo e outros cereais, azeite, peixe, e vinho tinto,podem reduzir o risco de Alzheimer. Algumas vitaminas como a B12, B3, C ou a B9 foram relacionadasem estudos ao menor risco de Alzheimer, embora outros estudos indiquem que essas não têm nenhumefeito significativo no início ou desenvolvimento da doença e podem ter efeitos secundários. Algumasespeciarias como a curcumina e o açafrão mostraram sucesso na prevenção da degeneraçãocerebral em ratos de laboratório. O risco cardiovascular, derivado de colesterol alto, hipertensão,diabetes e o tabaco, está associado a um maior risco de desenvolvimento da doença, e as estatinas
(fármacos para fazer descer o colesterol) não tiveram sucesso em prevenir ou melhorar as condiçõesdo paciente durante o desenvolvimento da doença. No entanto, o uso a longo prazo de anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) está também associado à menor probabilidade dedesenvolvimento de Alzheimer em alguns indivíduos. Já não se acredita que outros tratamentosfarmacêuticos, como substituição de hormonas femininas, previnam a doença. Em 2007, estudoaprofundado concluiu que havia provas inconsistentes e pouco convincentes de que o ginkgo tenhaalgum efeito positivo em reduzir a probabilidade de ocorrência do Mal de Alzheimer. Actividadesintelectuais como ler, disputar jogos de tabuleiro (xadrez, damas, etc.), completar palavras cruzadas,
tocar instrumentos musicais, ou socialização regular também podem atrasar o início ou a gravidade doAlzheimer. Outros estudos mostraram que muita exposição a campos magnéticos e trabalho commetais, especialmente alumínio, aumenta o risco de Alzheimer. A credibilidade de alguns dessesestudos tem sido posta em causa até porque outros estudos não encontraram a mínima relação entreas questões ambientais e o desenvolvimento de Alzheimer.
Tratamento Infelizmente ainda não há cura para a DA; portanto, o principal objectivo
do tratamento é minimizar os danos e a progressão da doença. Como a
DA é uma doença que se manifesta por alterações do comportamento e
afecta o cérebro de idosos, as especialidades médicas que geralmente
tratam de indivíduos com DA são a psiquiatria, a neurologia e a geriatria.
Faz parte do tratamento a presença de cuidadores, que devem ser
adequadamente orientados sobre como lidar com alguém com a DA e
sobre mudanças ambientais que devem ou não ser feitas. O trabalho do
cuidador é muito cansativo, pois há um grande esforço físico e
emocional. O ideal é que mais de um profissional, ou familiar, assumam
esta responsabilidade, para o estabelecimento de turnos de repouso.
Essas orientações buscam proporcionar o máximo de segurança e a
melhor qualidade de vida possível para os pacientes e seus cuidadores.
Existem duas classes principais de medicamentos para o tratamento da
DA. Uma é representada pelos medicamentos denominados de
anticolinesterásicos e a outra, até ao momento representada por um
único medicamento, é a do antagonista dependente de voltagem dos
receptores N-metil-D-aspartato (NMDA). Os medicamentos chamados de
anticolinesterásicos diferem entre si por terem acções sobre dois enzimas
do tipo colinesterase, a acetilcolinesterase e/ou a butirilcolinesterase,
além de acção sobre receptores nicotínicos. Essas duas classes de
medicamentos agem de forma totalmente diferenciada no cérebro e
podem ser usadas isoladamente ou associadas. No cérebro de indivíduos
com DA há uma diminuição da amplitude do sinal e um aumento do
ruído de fundo, o que dificulta todos os processos. Os anticolinesterásicos
agem através da amplificação do sinal e o antagonista dependente de
voltagem dos receptores NMDA diminui o ruído de fundo. Dessa forma, a
resultante do tratamento com um destes medicamentos - ou com ambos
- é uma modificação das alterações inerentes à doença, o que resulta
na diminuição da progressão da mesma. Outras substâncias já foram
estudadas no tratamento da DA, tais como as vitaminas C e E, alguns
anti-inflamatórios, o gingko biloba etc.
Maior avanço nos últimos 15 anos
Descobertos três genes relacionados com Alzheimer
06.09.2009 - Lusa
Dois grupos de cientistas (Reino Unido e França) deram um "grandepasso em frente" na investigação do Alzheimer, identificando trêsnovos genes, o que poderá no futuro reduzir até 20 por cento astaxas de incidência da doença. Julie Williams, professora daUniversidade de Cardiff (Gales), que esteve à frente da equipa doReino Unido, afirmou após a publicação da investigação na revistacientífica "Nature Genetics" que se trata "do maior avançoconseguido na investigação do Alzheimer nos últimos 15 anos". Osinvestigadores calculam o potencial desta descoberta easseguram que, neutralizando a actividade dos genes em causa,se poderão evitar num país como o Reino Unido (com umapopulação de 61 milhões) 100.000 novos casos por ano da variantemais habitual do Alzheimer, a que afecta os mais idosos. Aidentificação dos três genes é a primeira que é divulgada desde1993. Dois dos genes, denominados CLU e PICALM, foramidentificados pela equipa britânica e o terceiro, denominadoreceptor complementar 1 (ou CR1), pela equipa francesa. O CLUtem uma qualidade protectora do cérebro e ajuda-o a desfazer-sedos amilóides, uma proteína potencialmente destrutiva. Segundo oestudo, também ajuda a reduzir as inflamações no cérebrocausadas por uma resposta excessiva do sistema imunitário, funçãoque partilha com o CR1. O PICALM está relacionado com otransporte de moléculas até às células nervosas e com ofuncionamento das sinapses, o processo de conexões neuronaisque ajudam a formar a memória do indivíduo. Ter determinadasversões destes genes aumenta entre 10 e 15 por cento o risco desofrer de Alzheimer. O estudo britânico é a maior investigaçãosobre o Alzheimer até agora, com o acompanhamento do ADN demais de 16.000 pessoas durante dois anos e a análise de um milhãode variações do código genético associadas com a doença. Aprofessora Williams declarou à imprensa que "se se conseguisseeliminar os efeitos prejudiciais daqueles genes através detratamentos poder-se-ia reduzir a percentagem de pessoas adesenvolver Alzheimer em 20 por cento".
Recomendações para quem cuida do doente de
AlzheimerComunicar, alimentar-se, vestir-se e cuidar da higiene pessoal são algumas das acções rotineiras que,aos poucos e poucos, o doente de Alzheimer vai deixar de conseguir realizar.Aqui ficam algumas sugestões para quem cuida de doentes de Alzheimer. Para bem do doente e dopróprio cuidador.
Como se comunica com o doente de Alzheimer?
É normal o doente não encontrar as palavras que precisa para se expressar ou não compreender ostermos que ouve.Como deve reagir:• Esteja próximo e olhe bem para o seu doente, olhos nos olhos, quando conversam;• Permaneça calmo e quieto. Fale clara e pausadamente, num tom de voz nem demasiado altonem demasiado baixo;• Evite ruídos (rádio, televisão ou conversas próximas);• Se for possível, segure na mão do doente ou ponha a sua mão no ombro dele. Demonstre-lhe
carinho e apoio.Em todas as fases da doença, é necessário manter uma atitude carinhosa e tranquilizadora, mesmoquando o doente parece não reagir às nossas tentativas de comunicação e às nossas expressões deafecto.Lembre-se, também, que é preciso verificar se a pessoa doente tem problemas de visão, audição ououtros problemas de saúde, designadamente de saúde oral, necessidade de usar óculos ou deajustamento das próteses dentárias ou auditivas.
Vaguear, deambular e andar sem rumo é um perigo. O que fazer para o minimizar?
Andar sem saber para onde e com que objectivo é característico dos doentes de Alzheimer, a partir
de uma determinada fase. E é um perigo enorme.Eis algumas sugestões para minimizar esse perigo:• O doente deve trazer sempre algo que o identifique, por exemplo, uma pulseira com o nome,morada e telefone;• Previna os vizinhos e comerciantes próximos do estado do doente. Estes podem ajudá-lo emqualquer momento caso se perca e peça informações;• Em casa, feche as portas de saída para a rua, para evitar que o doente vá para o exterior sem que
dê por isso;• Tenha uma fotografia actualizada do doente, para o caso deste se perder e precisar de pedirinformações;• Se o doente quiser sair de casa, não deve impedi-lo de o fazer. É preferível acompanhá-lo ou vigiá-lo à distância e, depois, distraí-lo e convencê-lo a voltar a casa;Pode ser necessário pedir aconselhamento ao médico assistente
O que fazer quando o doente persiste em conduzir?
Esteja preparado. No período inicial o doente vai tentar conduzir e, provavelmente, entrar em todos oscarros de cor parecida com o dele.• Fale calmamente com o doente, lembrando-lhe que pode surgir algo de inesperado e que os seus
reflexos talvez não ajudem. Sublinhe que o doente se sentiria muito infeliz se fosse culpado de umacidente;• Se não resultar, não deixe as chaves do carro num local acessível e que escape ao seu controlo.Esconda as chaves do carro (perderam-se) ou simule uma avaria;• Tente convencer a pessoa a utilizar os transportes públicos.
Como ajudar a manter a higiene do doente?
É normal o doente deixar de reconhecer a necessidade de tomar banho, de lavar os dentes, etc. Emsuma, recusar cuidar da sua higiene pessoal e da sua higiene oral.• Não faça disso um “bicho de sete cabeças”. Se for possível, aguarde um pouco, pode ser quemude de disposição;• Simplifique a tarefa: tenha sempre em ordem e à mão as coisas que são necessárias, como sabão,
sabonete ou espuma, toalhas, etc.;• Se o banho é de imersão, verifique a temperatura da água;• Instale pegas e tapetes que evitem escorregar dentro e fora da banheira. Há bancos e cadeirasadaptáveis à banheira, assim como outros dispositivos de apoio e ajuda que podem ser muito úteis;• Se o doente preferir tomar duche, deixe-o. O melhor é procurar manter a rotina a que a pessoaestava habituada;• Se o doente recusar mesmo tomar banho, então tente a lavagem parcial;• Aplique, se possível, cremes ou pomadas adequadas para evitar escaras.
Como ajudar o doente a vestir-se?
A certa altura o doente vai ficar embaraçado sobre o que vestir ou, eventualmente, recusar-se a vestir.
Para o ajudar:
• Simplifique o mais possível a roupa a usar;• Evite laços, botões, fechos de correr (substitua-os por velcro), sapatos com atacadores, etc.;• Prepare as peças de roupa pela ordem que devem ser vestidas;• Procure que a pessoa se conserve bem vestida e elogie o seu bom aspecto;
• Enquanto o doente tiver autonomia, deixe-o actuar conforme ainda pode.
Como ajudar o doente a alimentar-se?
• Sente o doente com o tronco bem direito e a cabeça firme;
• Se necessário, ponha-lhe um grande guardanapo só para comer;
• Não tagarele com o doente durante a refeição;
• Aguarde que a boca esteja vazia para fazer alguma pergunta;
• Dê-lhe tempo para comer tranquilamente e não o contrarie se ele quiser comer à mão;
• Dê-lhe bocados pequenos de alimentos sólidos; por vezes, o doente poderá preferir alimentos passados ou
batidos;
• Faça-o mastigar bem e assegure-se de que a boca permanece fechada durante a mastigação e a
deglutição. Verifique se há restos de alimentos na boca;
• Pouse-lhe a chávena ou o copo, depois de cada gole, fazendo uma pausa. Note que dar-lhe de beber é
muitas vezes difícil;
• Deixe-o deglutir uma segunda vez, se alguns alimentos ainda estiverem na boca;
• Lave-lhe cuidadosamente a boca depois de cada refeição para evitar que restos de alimentos passem
para os pulmões. Com uma gaze húmida, limpe-lhe o interior das faces. Use uma pasta dentífrica infantil;
• Deixe o doente sentado durante 20 minutos após a refeição.
O que fazer quando o doente se mostra agressivo?
Em certas fases da doença é normal que o doente se torne agressivo. Sente-se incapaz de realizar tarefas
simples (vestir-se, lavar-se, alimentar-se), reconhece que está a perder a independência, a autonomia e a
privacidade, o que é muito frustrante.
A agressividade pode manifestar-se de diversas formas, tais como ameaças verbais, destruição de objectos
que estejam próximos ou mesmo violência física.
Como deve reagir:
• Se possível, procure compreender o que originou a reacção agressiva. Não deve partir do princípio que o
doente o quer agredir ou ofender pessoalmente;
• Evite discutir, ralhar ou fazer qualquer coisa que se assemelhe a um castigo. Não force contactos físicos e
deixe-lhe bastante espaço livre;
• Procure manter-se calmo, não manifeste ansiedade, medo ou susto. Fale calma e tranquilamente e procure
desviar a atenção do doente para qualquer outra coisa.
Não tente lidar com tudo sozinho. Pode deprimir-se ou esgotar-se. Procure ajuda e aconselhamento médico se
não conseguir lidar com a situação.
Como prevenir que surjam crises de agressividade?
• Não seja demasiado exigente com a rotina diária do doente;
• Deixe que o doente faça o que ainda lhe é possível fazer, ao seu ritmo, sem pressas e sem exigir a
perfeição;
• Não critique, antes pelo contrário, elogie (mas não exagere);
• Ajude, mas de forma a não parecer estar a dar ordens;
• Procure que o doente faça actividades que lhe interessem;
• Assegure-se de que o doente faz exercício físico suficiente;
• Esteja atento a sinais que possam indiciar crise iminente e procure distrair a atenção do doente.
Ao cuidador É extremamente difícil cuidar de um doente de Alzheimer. Tem de acompanhar o doente ao longo do tempo,
viver um dia-a-dia que se torna progressivamente mais difícil e experimentar sentimentos diversos, muitos deles
negativos.
É normal que sinta tristeza pela sensação de que a pouco e pouco vai perdendo alguém que lhe é muito
querido.
Sentirá também frustração, pois tem a consciência de que todos os seus cuidados, atenção e carinho não
impedem a progressão da doença.
Vai sentir culpa, pela falta de paciência que por vezes tem, pelo sentimento de revolta em relação ao próprio
doente, pela situação que vive e por poder admitir a hipótese de procurar um lar.
Poderá também sentir solidão, pelo afastamento gradual da família e dos amigos, pela impossibilidade de
deixar o doente, pela falta de convívio.
Todos esses sentimentos negativos não significam que não seja um bom prestador de cuidados e de apoio.
São apenas reacções humanas! Pelo que, para seu bem e para o bem do seu doente:
• Não se recrimine demasiado;
• Cuide de si e vigie a sua saúde;
• Sensibilize os seus familiares para o ajudarem. Esclareça-os sobre a doença e sobre o modo como podem
colaborar consigo;
• Conheça os seus limites e tente encontrar auxílio;
Lembre-se que a sua presença, a sua ternura, o seu amor são indispensáveis, quer mantenha o doente em
casa quer tenha de recorrer a internamento numa instituição.
A ALZHEIMER PORTUGAL é uma Instituição Particular de Solidariedade Social fundada, em 1988, pelo Professor Doutor
Carlos Garcia. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional, especificamente constituída para promover a
qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de sete mil associados em
todo o país.Como membro da Alzheimer Europe e da Alzheimer´s Disease International, a ALZHEIMER PORTUGAL participa
activamente no movimento mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos
mais recentes sobre a doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos,
profilaxia e tratamentos
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE FAMILIARES E AMIGOS DE DOENTES DE ALZHEIMER
(APFADA)
Quem somos
Objectivos
• Auxiliar associados e público em geral através da difusão de informação e esclarecimentos sobre a Doença, dando
especial relevo à forma de lidar com diversas alterações de comportamento dos Doentes, já que disso depende em
grande parte a possível qualidade de vida dentro do ambiente familiar.
• Estabelecer contactos com aqueles que procuram saber algo mais, que pretendem uma orientação, ou apenas um
ouvido amigo e compreensivo que escute os seus desabafos, através de entrevistas pessoais, atendimento telefónico
sem limitações de horário, tratamento da correspondência recebida de todo o País.
• Minimizar problemas de ordem económica, concedendo subsídios para as fraldas aos associados mais carenciados
do SNS, desprotegidos neste aspecto; também se emprestam cadeiras de rodas e camas articuladas.
• Realização de visitas domiciliárias feitas por voluntários, no intuito de ajudar a quebrar o isolamento de quem dedica
as 24 horas do dia a cuidar do doente, graças à colaboração de voluntários.
Divulgação da Associação através de diverso material informativo e publicação de um boletim semestral remetido a
todos os associados.
● Sempre que possível organizam-se cursos de formação frequentados por cuidadores familiares e profissionais.
• Associação tem também um sonho antigo que é o de criar um Centro de Dia para Doentes de Alzheimer onde
apenas aqueles que ainda gozam de alguma autonomia, possam ter durante algumas horas a assistência de
terapeutas ocupacionais que ajudem a estimular as suas capacidades, um Centro de Dia que sirva de piloto a muitos
outros, cuja falta é tão sentida pelos familiares que, tendo de cumprir horário de trabalho, vivem tantas vezes
angustiados ao deixarem os seus doentes sós à mercê de muitos perigos.
NOTA PESSOAL
Quando há cerca de 4 anos contactei a APFADA, para saber qual seria o apoioque poderiam dar ao meu pai, portador da doença de Alzheimer, indicaram-memoradas de lares (poucos) que aceitavam pessoas com essa doença.Cheguei à conclusão, que aqueles onde havia vaga as mensalidades eramincompatíveis com os rendimentos do meu pai. Lamento que a Segurança SocialPortuguesa esteja tão "a leste" deste problema ,que afecta tantas famílias emPortugal. O estado gasta tanto dinheiro inutilmente e pouco tem feito pelosdoentes de Alzheimer.
Depois do atrás referido é cada vez mais importante sensibilizar a população emgeral, o poder politico, social e económico em particular em sintonia com acomunicação social, para a necessidade urgente de uma politica nacional naárea da demência na qual está a DA inserida de forma a permitir que os doentestenham um maior apoio social e clínico, porque é fundamental oacompanhamento pessoal e diário ,deste tipo de doentes.
Actualmente as novas tecnologias revestem-se de extrema importância destadivulgação, visto que, podemos mais facilmente alertar e sensibilizar um maiornúmero de pessoas para esta situação.
Trabalho elaborado por:Augusta Boleto
Paulo Sousa
Bibliografia: www.wikipedia.com ; www.apfada.pt ; www.min-saude.pt ; www.alzheimerportugal.org
28/10/09