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1 As Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar, iniciativa conjunta Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. Autoria: Academia Brasileira de Neurologia Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade Elaboração Final: 31 de janeiro de 2011 Participantes: Apolinário D, Araújo LMQ, Chaves MLF, Lopes LC, Okamoto IH, Ramos AM, Stein AT, Andrada NC

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As Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar, iniciativa conjunta

Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar, tem por

objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que

auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas

neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável

pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.

Autoria: Academia Brasileira de Neurologia

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

Sociedade Brasileira de Medicina de Família e

Comunidade

Elaboração Final: 31 de janeiro de 2011Participantes: Apolinário D, Araújo LMQ, Chaves MLF, Lopes LC,

Okamoto IH, Ramos AM, Stein AT, Andrada NC

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2 Doença de Alzheimer: Diagnóstico

DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:A revisão bibliográfica de artigos científicos dessa diretriz foi realizada nas seguintesbases de dados: MEDLINE, Cochrane e SciELO. A busca de evidências partiu decenários clínicos reais, e utilizou palavras-chaves (MeSH terms) agrupadas nas seguintessintaxes: “Brazil” AND”“epidemiologic studies” AND”“prevalence” AND”““Alzheimer´sdisease”, “PET SCAN” AND”“Alzheimer´s disease”, “sleep apnea” AND”“Alzheimer´sdisease”, “Alzheimer´s Disease” AND”“Cross sectional studies” AND”“Neurobehavioralmanifestations”, “Alzheimer´s Disease” AND”“Magnetic Resonance Imaging”AND”“Tomography”””“Alzheimer´s Disease” AND”“Central Nervous System Depressants”AND”“Cholinergic Antagonists”, Alzheimer Disease AND “Polymorphism, Genetic” OR“Genetics”. Os artigos foram selecionados após criteriosa avaliação da força de evidência.

GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.C: Relatos de casos (estudos não controlados).D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos

ou modelos animais.

OBJETIVO: .Fornecer as principais recomendações relacionadas ao diagnóstico da doença deAlzheimer.

CONFLITO DE INTERESSE:Os conflitos de interesse declarados pelos participantes da elaboração desta diretrizestão detalhados na página 16.

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3Doença de Alzheimer: Diagnóstico

INTRODUÇÃO

A doença de Alzheimer (DA) é uma síndrome comcomprometimento da memória (alteração da capacidade deaprender informações novas ou de recordar informações antigas)associada a um prejuízo em pelo menos, uma das funções cognitivas(linguagem, gnosias, praxias ou funções executivas) e que interfereno desempenho social e/ou profissional do indivíduo e representaum declínio em relação ao nível de funcionamento anterior.Geralmente, o início do declínio cognitivo é insidioso1(D).

A prevalência mundial de demência aumenta com oenvelhecimento, sendo que dos 65 a 69 anos está em torno de1,2%, dos 70 aos 74 anos, de 3,7%, dos 75 aos 79 anos, de7,9%, dos 80 aos 84 anos, de 16,4%, dos 85 aos 89 anos, de24,6%, dos 90 aos 94 anos, de 39,9% e > 95 anos, de54,8%2(D). No Brasil, a taxa estimada de DA foi de 7,7 por1000 pessoas-ano em indivíduos com mais de 65 anos. A taxade incidência praticamente dobra a cada cinco anos, não havendodiferença em relação ao gênero, mesmo assim as mulheresapresentam incidência mais elevada de DA, principalmente emidades mais avançadas3(B).

Na fase pré-clínica da DA, que pode se iniciar na quarta décadade vida, ocorre o acúmulo progressivo de placas senis decorrentesdo depósito de proteína ß-amiloide anormalmente produzida e deemaranhados neurofibrilares, fruto da hiperfosforilação da proteínatau. As áreas mais envolvidas nesse processo neurodegenerativosão o hipocampo e o córtex entorrinal, com perda de volume dohipocampo nas fases mais precoces da doença. Nessa fase, as lesõesnão são suficientes para causar alterações morfológicas efuncionais4(D). Na fase conhecida como comprometimentocognitivo leve, estudos longitudinais demonstraram que,possivelmente, o indivíduo já apresente sintomas subjetivos, comoperda de memória e déficit cognitivo mensurável, mas sem notávelprejuízo nas atividades da vida diária.

O comprometimento cognitivo leve pode aumentar em até15 vezes a chance de desenvolver demência, podendo ser umprecursor de DA5,6(B).

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4 Doença de Alzheimer: Diagnóstico

1. QUAL É A PREVALÊNCIA DE QUEIXA DE

MEMÓRIA EM IDOSOS? E QUAIS SÃO AS

CAUSAS MAIS FREQUENTES?

A prevalência de queixa de falta de memóriaem idosos é elevada, mas varia muito, e queixassubjetivas de problemas de memória podemsurgir durante o curso de qualquer consulta. Estaprevalência varia de 11%7(B) a mais de55%8,9(B). Também já foi observado que asqueixas aumentam com o avanço da idade, sendo43% em pessoas com 65-74 anos, chegando a88% naqueles com mais de 85 anos10(D). Estavariação na prevalência pode ser explicada porseleção de amostra, ou métodos de aferiçãodiferentes. Para avaliar queixa de memória, osestudos empregaram um pequeno número dequestões gerais. Os itens incluídos pretendiamespecificar queixas gerais sobre memória, masdiferiam em uma variedade de formas.

Um único estudo estimou razão deprobabilidade de 1,8 (IC 95% 1,5-2,2) pararelato de queixa de memória11(B). Queixassubjetivas de problemas de memória sãodeficientes em especificidade porque tambémexiste associação de queixas com depressão (queainda é complicada pela associação de depressãocom demência). Portanto, uma queixa subjetivade memória em idosos tem uma baixa acuráciapara diagnóstico de DA.

Dados sobre causa de queixa subjetiva dememória em idosos são controversos.Comprometimento cognitivo (perda de memóriaobjetiva) não foi a causa mais associada à queixade memória nos estudos que investigaram gruposrepresentativos da comunidade, empregandomedidas de desempenho globais como oMEEM9(B) ou outros testes de memória12(B).No entanto, estudos de base comunitária com

medidas de desempenho de áreas específicas dacognição mostraram associações significativascom queixas de memória em algunsdomínios13(B).

Indivíduos acompanhados na comunidade nãodemonstraram relação de queixas de memória comdeclínio cognitivo e demência8,13(B). Indivíduoscom menos de 80 anos, com queixa subjetiva dememória sem perda objetiva da mesma,apresentaram baixo risco de ter ou desenvolverdemência, num período de 3,5 anos deseguimento14(B).

Por outro lado, encontramos associação decomprometimento subjetivo de memória, comrisco aumentado de desenvolver demência15(B).Queixas subjetivas de memória podem não estarcorrelacionadas com problemas de memória,mas com sintomas depressivos8,12(B) ou traçosde personalidade14(B). Numa grande proporçãode indivíduos, as queixas de memória podemrepresentar impressões sobre atitudes relacio-nadas a um senso geral de auto-eficiência econtrole pessoal9(B).

Gênero também já foi significativo eindependentemente relacionado a queixas dememória. Homens são mais prováveis de queixar-se comparados a mulheres9(B). No entanto, háreferência de que as mulheres relatam mais queixassubjetivas de memória do que os homens12(B),possivelmente por diferenças nos papéis sociais emdiferentes idades, além de apresentarem taxas dedepressão mais elevadas do que os homens16(D).

Baixo nível educacional e nível deinteligência pré-mórbido foram associadosa queixas subjetivas de memória13(B). Noentanto, também já foi observado que ido-sos de nível educacional mais elevado

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5Doença de Alzheimer: Diagnóstico

apresentavam mais queixas do que aquelesde baixa escolaridade17(B).

O relato subjetivo de um informante de que opaciente tem problemas de memória, especialmentede um informante que viva com paciente, é maisassociado com declínio cognitivo do que relatosdo paciente, com uma razão de probabilidade pararesposta positiva de 6,5 (IC 95% 4,4-9,6)11(B).

RecomendaçãoQueixas subjetivas de problema memória em

idosos são frequentes, mas têm baixa acurácia paradiagnóstico de DA. Elas podem não estarcorrelacionadas com problemas de memória, mascom sintomas depressivos8,12(B) ou traços depersonalidade14(B). Indivíduos com menos de 80anos, com queixa subjetiva de memória sem perdaobjetiva da mesma, apresentam baixo risco de terou desenvolver demência num período de 3,5 anosde seguimento14(B).

Recomendamos valorizar mais o relato deproblemas de memória de um informante,especialmente se o mesmo viver com o paciente,pois isto geralmente é associado com declíniocognitivo ou perda objetiva de memória, comuma razão de probabilidade para respostapositiva de 6,5 (IC 95% 4,4-9,6)11(B).

2. ENTRE OS PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM

DEMÊNCIA, QUAL É A PROPORÇÃO DE

PORTADORES DE DA?

Os estudos epidemiológicos brasileiros queavaliaram a prevalência de demência napopulação com 65 anos ou mais detectaram afrequência de 7,1%. Nestes casos, a proporçãode DA foi de 55,1% e DA associada à doençacerebrovascular de 14,4%18(B). Quanto àincidência anual, esta foi de 1,38% em idosos,

sendo que 50% dos casos novos apresentavamDA provável ou possível3(B). A correlação dodiagnóstico clínico de DA com os achadosneuropatológicos de autopsia é de cerca de 63%de DA isolada ou associada a alguma outra causade demência, determinando-se sensibilidade de75,9% e especificidade de 60,6% para odiagnóstico clínico19(B).

RecomendaçãoAo observar pacientes com mais de 65 anos

e com demência, lembrar que 55,1% destasdemências são decorrentes de DA e 14,1% sãodecorrentes de DA associada à doençacerebrovascular18(B).

3. QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS MAIS ADEQUADOS

PARA ESTABELECER O DIAGNÓSTICO DE DA?

O diagnóstico de DA deve ser feito por meioda aplicação de critérios clínicos padronizados,como os do Diagnostic and Statistic Manual -DSM III-R, DSM IV e National Institute ofNeurological and Communicative Disorders andStroke-Alzheimer’s Disease and Related DisordersAssociation - NINCDS-ADRDA1,20,21(D). Ostrês sistemas são similares quanto ao valordiagnóstico22(B). Os critérios são preenchidospor meio de uma anamnese bem feita cominformante apropriado e exame físico e avaliaçãocognitiva do paciente.

Os critérios clínicos para o diagnóstico pormeio dos critérios NINCDS-ADRDAclassificam DA em provável, possível e definitiva.Os critérios para DA provável incluem demênciaestabelecida por exame clínico e documentadapor teste objetivo, como o MEEM23(B) ou escalade Demência de Blessed24(D) ou similar, econfirmada por testes neuropsicológicos; DAprovável terá déficit em duas ou mais áreas da

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6 Doença de Alzheimer: Diagnóstico

cognição; piora progressiva da memória e deoutras funções cognitivas, ausência detranstorno da consciência; início entre os 40 eos 90 anos de idade; e ausência de transtornossistêmicos ou outra doença cerebral que possacausar os déficits progressivos de memória ecognição. Os critérios diagnósticos para DAdefinitiva são critérios para provável DA eevidência histopatológica obtida de biopsia ounecropsia.

Os critérios da DSM-IV para DA incluemdesenvolvimento de múltiplos déficits cognitivosmanifestados, tanto por comprometimento damemória (capacidade prejudicada de aprendernovas informações ou recordar informaçõesanteriormente aprendidas), quanto por uma (oumais) das seguintes perturbações cognitivas:

• Afasia - perturbação da linguagem;• Apraxia - capacidade prejudicada de executar

atividades motoras, apesar de um funciona-mento motor intacto;

• Agnosia - incapacidade de reconhecer ouidentificar objetos, apesar de um funcio-namento sensorial intacto;

• Perturbação do funcionamento executivo,isto é, planejamento, organização, sequen-ciamento e abstração.

O curso caracteriza-se por um início graduale um declínio cognitivo contínuo. Os déficitscognitivos observados não se devem a quaisquerdos seguintes fatores: outras condições do sistemanervoso central que causam déficits progressivosna memória e na cognição (por exemplo, doençacerebrovascular, doença de Parkinson, doença deHuntington, hematoma subdural, hidrocefalia depressão normal, tumor cerebral); condiçõessistêmicas que comprovadamente causamdemência (por exemplo, hipotiroidismo,deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico,

deficiência de niacina, hipercalcemia, neurossífilise infecção com HIV); condições induzidas porsubstâncias. Os déficits não ocorremexclusivamente durante o curso de delírio, e aperturbação não é melhor explicada por outrotranstorno do eixo I (por exemplo, transtornodepressivo maior e esquizofrenia).

O diagnóstico de DA por meio dos critériosNINCDS-ADRDA mostra boa confiabilidade[índice Kappa de 0,5125(B); até 0,7326(B)].Concordância interavaliador de 95% foiobservada para estes critérios, com intervalo deum ano entre avaliação inicial e seguimento27(B).

Acurácia do diagnóstico clínico de DA peloDSM III-R alcançou sensibilidade de 51% eespecificidade de 97%28(B), enquanto DAprovável pelos critérios NINCDS-ADRDAmostrou sensibilidade 49% e especificidade de100%28(B). A combinação de DA provável compossível mostrou sensibilidade de 61% eespecificidade de 97%28(B).

A avaliação do valor diagnóstico da definiçãode DA pelos critérios NINCDS-ADRDA oupelo DSM III-R alcançou sensibilidade de 93%e especificidade de 55%29(B).

Para pacientes atendidos em ambulatório, asensibilidade do diagnóstico clínico de DA(NINCDS-ADRDA provável e possível) foi98% e a especificidade foi 84%, para um grupoda comunidade, a sensibilidade foi 92% e aespecificidade de 79%30(B).

A acurácia (número de casos suspeitosconfirmados pela necropsia) da definição de DAprovável pelos critérios NINCDS-ADRDAnuma amostra comunitária variou de 83%31(B)até 100% em série de pacientes32(B).

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7Doença de Alzheimer: Diagnóstico

RecomendaçãoO diagnóstico de DA é feito por meio de

critérios clínicos padronizados25-26(B), utilizando-se de uma anamnese bem feita com informanteapropriado, exame físico e avaliação cognitiva dopaciente. Depois desta avaliação, a DA poderáser considerada provável28(B), possível28(B) oudefinitiva (biopsia ou necropsia).

Recomendamos pensar em DA quandoobservados múltiplos déficits cognitivosmanifestados tanto por comprometimento damemória (capacidade prejudicada de aprender novasinformações ou recordar informações anterior-mente aprendidas), e também quando observadaalteração de uma (ou mais) das seguintes funçõescognitivas: afasia, apraxia, agnosia e perturbaçãodo funcionamento executivo1(D).

4. QUAL É A ACURÁCIA DO MINI-EXAME DO

ESTADO MENTAL NA DETECÇÃO DE DEMÊNCIA

EM PACIENTES COM DIFERENTES NÍVEIS DE

ESCOLARIDADE?

O MEEM foi elaborado para auxiliar oclínico a estimar quantitativamente o prejuízocognitivo de seus pacientes33(D). No entanto,ele vem sendo utilizado para classificar ademência em leve, moderada e grave. Alémdisso, também tem sido aplicado paraacompanhamento da evolução de pacientes comdiagnóstico de demência já definido34(D).

O MEEM consiste de várias questõesagrupadas em sete categorias, totalizando apontuação em 30 pontos33(D). Esse instrumentotem sido utilizado por vários estudos na primeiraetapa do rastreamento do diagnóstico dedemência34(D). No entanto, ele sofre algumasvariações, dependendo do nível de escola-ridade23(B)34(D). Entre os pacientes com baixo

nível de escolaridade, pode ocorrer aumento dosfalsos positivos e entre aqueles com alto nível deescolaridade, aumento dos falsos negativos34(D).

No Brasil, foi determinado que 13 fosse oponto de corte para pessoas analfabetas, comsensibilidade de 82,4% e especificidade de97,5%35(B). Em outro estudo também reali-zado no Brasil, concluiu-se que seria necessáriodiferenciar os pontos de corte, sugerindo paraos idosos sem escolaridade os pontos de cortede 19/20 (sensibilidade de 80% e especificidadede 70,9%) e de 23/24 para aqueles comescolaridade (sensibilidade de 77,8% eespecificidade de 75,4%)36(B).

Em uma revisão34(D), foram examinadas aspropriedades psicométricas do MEEM. A partirda revisão de artigos publicados durante 26 anos,foram encontrados níveis de confiabilidade, demoderados a altos, com alta confiabilidade teste-reteste (0,8% a 0,95%), assim como as medidasde consistência interna.

O ponto de corte de 23/24 apresentousensibilidade de 54% a 100% e especificidade emtorno de 62% a 100% para diagnóstico dedemência em indivíduos com alto nível deescolaridade34(D). Esses achados foram confir-mados por outro estudo36(B), no qual clínicos geraisavaliaram idosos (> 60 anos) sob suspeita dedemência. Os níveis de sensibilidade citados nosdois estudos foram elevados para detecção dedemência moderada a grave. No entanto, o seunível de sensibilidade foi inferior quando utilizadopara a discriminação de um idoso sem demência,de um indivíduo com demência leve37(B).

RecomendaçãoO MEEM pode ser utilizado em rastrea-

mento no diagnóstico de demência34(D). No

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8 Doença de Alzheimer: Diagnóstico

entanto, ele sofre algumas variações, dependendodo nível de escolaridade23(B). Entre os pacientescom baixo nível de escolaridade, pode ocorreraumento dos falsos positivos e entre aqueles comalto nível de escolaridade, aumento dos falsosnegativos34(D). Sua acurácia depende do pontode corte utilizado e da população estudada.

5. QUAIS OUTROS TESTES PODEM SER UTILIZADOS

PARA DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DA

EVOLUÇÃO NA DA?

A população brasileira é muito heterogênea,com algumas características próprias que adiferem dos demais países, principalmentequando se trata de graus de escolaridade de umapopulação mais idosa. Sabidamente testeselaborados para se avaliar uma população comalta escolaridade e culturalmente distinta danossa podem não ser adequados para utilizaçãoem nosso país. Além do MEEM como avaliaçãocognitiva já sugerida, recomenda-se paraavaliação funcional o IQCO37(B), o questionárioPfeffer ou Escala Bayer de atividade diária38(D).

A função cognitiva pode ser avaliada com asseguintes escalas:

• Função cognitiva global: MEEM34(D);

• Informação-Memória-Concentração deBlessed24(D), CASI-S39,40(B);

• Memória: recordação tardia do CERAD oude objetos apresentados como figuras41,42(B);

• Atenção: teste de Trilhas, extensão de dígitos43(B);

• Linguagem: Teste de nomeação de Boston,do ADAS-cog ou do NEUROPSI41,44(B);

• Funções Executivas: fluência verbal45(B),desenho do relógio43,46(B);

• Conceituação e Abstração: teste de semelhançasdo CAMDEX46(B) ou do NEUROPSI44(B),arranjo de figuras do WAIS-R46(B);

• Habilidades Construtivas: desenhos doCERAD41(B), desenho do relógio44(B).

RecomendaçãoRecomenda-se a utilização de testes cognitivos

em combinação com testes funcionais paramelhor diagnóstico de DA. Além das escalas dediagnóstico, estudos brasileiros avaliam aintensidade e o estágio da demência, além deavaliação das alterações comportamentais. Asescalas de gravidade mais empregadas foram oCDR (“Clinical Dementia Rating”)47(D), seguidapelo CGI (“Clinical Global Impression”)48(B). Aquantificação das alterações de comportamentotem sido realizada com o InventárioNeuropsiquiátrico (NPI) e da BEHAVE-AD.A qualidade de vida é outro aspecto que deve serconsiderado na avaliação do paciente com DA eo impacto em seus familiares/cuidadores49(B).

6. COMO PERCEBER OS DÉFICITS COGNITIVOS EAS ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO EM

PACIENTES COM FASES DIFERENTES DA DA:PRÉ-DEMÊNCIA, DEMÊNCIA INICIAL,MODERADA E AVANÇADA?

Testes rigorosos para avaliar a memóriaepisódica são os melhores preditoresneuropsicológicos da conversão subsequente docomprometimento cognitivo leve para a DA.Existem exames de imagem que demonstramalterações cerebrais iniciais, ambas estruturais oumetabólicas, mas nenhum exame pode identificarde forma precisa a possibilidade de evolução do

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comprometimento cognitivo leve (CCL) paraum quadro demencial ou para a própriaDA50,51(D). Quando são associados testes paraavaliação cognitiva e exames de imagem,consegue-se melhorar a acurácia diagnóstica depredizer declínio cognitivo, comparado com cadamodalidade individualmente52(D). Como nãofoi identificado benefício clínico para realizar otratamento do comprometimento cognitivo leve,a utilidade do diagnóstico pré-clínico é incerta.No entanto, existem estudos demonstrando quea identificação precoce do comprometimentocognitivo leve pode retardar a necessidade deinstitucionalização e reduzir o risco de umdiagnóstico e manejo inapropriado53(B).

A fase estável do comprometimentocognitivo leve finaliza com um detectáveldeclínio cognitivo, durando de dois a cincoanos, nos quais a memória semântica (armaze-namento de fatos e o conhecimento geral) e amemória implícita (a influência não conscienteda experiência passada no desempenhosubsequente) também se tornam compro-metidas. Nessa fase inicial, além do compro-metimento da memória a curto-prazo, podeaparecer a repetição de questões, a redução dointeresse por algumas atividades que anterior-mente lhe causavam prazer e o prejuízo nasatividades da vida diária54(D). Algunsindivíduos com CCL podem evoluir em doisou três anos para demência em fase inicial -com uma taxa de conversão de 12%54(D).

Na fase moderada da doença, ocorreprogressão do déficit cognitivo, disfunçãoexecutiva, piora do comprometimento nasatividades da vida diária, aparecimento dealterações de comportamento e sintomaspsicológicos. Na fase grave da doença, pode

ocorrer agitação, alteração no padrão de sono,maior necessidade de auxílio para se vestir, tomarbanho, se alimentar, alterações mais importantesno comportamento e sintomas psicológicos maisintensos54(D). Na fase muito grave da doença,o paciente torna-se acamado, incontinente esuas habilidades psicomotoras básicas estãocomprometidas54(D).

Os sintomas psicológicos, como depressãomaior, podem ocorrer em 24% a 32% doscasos de DA, ansiedade em 17% a 27%, apatiaem até 41% e alucinações em 23%55(D).

RecomendaçãoNenhum exame de imagem pode identificar

de forma precisa a possibilidade de evolução docomprometimento cognitivo leve (CCL) pré-demencial para um quadro demencial ou para aprópria DA50,51(D).

Alguns indivíduos com CCL podem evoluirem dois ou três anos para demência em fase inicial- com uma taxa de conversão de 12%54(D).

Na fase de demência inicial, além docomprometimento da memória a curto-prazo,pode aparecer a repetição de questões, a reduçãodo interesse por atividades que anteriormentecausavam prazer e o prejuízo nas atividades davida diária54(D). A evolução clínica da doençapode ser acompanhada pela piora dos déficitscognitivos e pelo agravamento das alteraçõescomportamentais.

7. QUAIS SÃO OS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

DA DA?

Os seguintes diagnósticos diferenciais de DAdevem ser considerados:

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10 Doença de Alzheimer: Diagnóstico

• Demência vascular56(B): os critérios maisutilizados para a demência vascular são o“Critério da Califórnia” (“State of CalifórniaAD Diagnostic and Treatment CentersCriteria”), o critério “NINDS-AIREN”(“National Institute of Neurologic Disordersand Stroke and the Association Inter-nationale pour la Recherche et l’Enseignementen Neurosciences”, a “Escala Isquêmica deHachinski” (HIS) modificada por Rosen,e a do Manual de Diagnóstico e Estatísticade Desordens Mentais - 4ª edição (DSM-IV). Todos apsresentam uma sensibilidadebaixa (com acurácia média em torno de50%), mas com alta especificidade (médiade 87%) em cinco estudos avaliados57(B).A Escala Isquêmica de Hachinski pode serutilizada no diagnóstico de demênciavascular56(B).

• Demência por Corpos de Lewy -(DCL)58(B): DCL tem sido caracterizadacomo um quadro de demência, comalterações de marcha/equilíbrio (parkinso-nismo) e flutuações na cognição comvariações na atenção e alerta, com relatosde alucinações e delírios bem estruturados.Outras características que auxiliam nodiagnóstico de DCL são a sensibilidadeexcessiva aos neurolépticos, alterações desono REM e baixa recaptação detransportadores de dopamina no PET ouSPECT. Além disso, outras característicaspodem estar presentes, mas com poucasensibilidade, como síncopes e quedasrepetidas, perdas de consciência nãojustificáveis, disfunção autonômica grave,outros tipos de alucinação e delírios,depressão, relativa preservação de estruturasde lobo temporal na tomografiacomputadorizada (TC) e ressonância

magnética (RM), hipofluxo ocipital no PET/Spect, cintilografia miocárdica anormal (MIB),ondas lentas frequentes no eletroencefalograma(EEG), com algumas ondas agudasintervaladas no lobo temporal. Os estudos têmdemonstrado baixa sensibilidade (média de58%), com alta especificidade (87%, emmédia) para estes critérios diagnósticos naavaliação clínica59(D).

• Demência Fronto-Temporal (DFT)60(D):menos frequente que DA, demência vasculare DCL nas populações mais idosas, a DFTassume um papel importante na prevalênciaem populações mais jovens (antes dos 50anos de idade). O quadro clínico écaracterizado por perda de crítica pessoal esocial, hiperoralidade, comportamentosestereotipados e comportamento perse-verativo, possuem uma razoável sensibilidade(63% a 73%), com melhor especificidade(97% a 100%) na comparação compacientes com DA61(B). Não existemcaracterísticas clínicas que possam serutilizadas para estabelecer um diagnósticohistológico para os subtipos de DFT.

• Doenças Priônicas: as características deDemência rapidamente progressiva (2-3anos), atividade periódica de ondas agudasno EEG e análise do tecido cerebral sãoainda as marcas da Doença deCreutzfe ldt-Jakob (DCJ), porém apossibilidade de dosagem da proteína 14-3-3 no líquor veio trazer maior acuráciano diagnóstico62(B).

RecomendaçãoAlém de sinalizar os diagnósticos diferen-

ciais, há necessidade de recomendar como fazerna prática essa diferenciação.

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11Doença de Alzheimer: Diagnóstico

8. QUAIS COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS SÃO

FREQUENTES NA DA?

Tomando-se como critério as definiçõesclássicas para o diagnóstico de transtornospsiquiátricos, as comorbidades mais frequentesnos indivíduos com DA são os transtornos dehumor e de ansiedade. Em estudos transversaisde prevalência, a proporção de pacientes comDA que preencheu critérios para depressãovariou de 1,5% a 26%63(A), enquanto aprevalência de ansiedade generalizada variouentre 5% e 15%64(A).

A grande variabilidade observada, além derefletir a seleção de diferentes populações einstrumentos, levanta questionamentos sobre avalidade dos critérios diagnósticos gerais quandoaplicados ao contexto específico do indivíduocom DA. Assim, há uma tendência cada vezmaior de adaptar os critérios diagnósticos paraas particularidades psicopatológicas do pacientecom DA65(B).

Ainda nesse sentido, tem sido comum o usode instrumentos para detectar e quantificar ossintomas neuropsiquiátricos, como o InventárioNeuropsiquiátrico66(B). Nos cuidadores depacientes com DA, há pelo menos um sintomaneuropsiquiátrico em 78% dos casos. Ossintomas mais comuns foram apatia (53%),depressão (38%), distúrbio do sono (38%) eansiedade (25%)67(B).

RecomendaçãoObservar a associação frequente entre DA

com comorbidades psiquiátricas, principalmenteos transtornos de humor e de ansiedade; aprevalência de depressão variou de 1,5 a26%63(A), enquanto que a ansiedade genera-lizada variou entre 5% e 15%64(A). Para detectar

e quantificar os sintomas neuropsiquiátricosnormalmente utiliza-se o Inventário Neuropsi-quiátrico66(B).

9. HÁ VANTAGENS NO USO DA RM EM RELAÇÃO

À TM AO REALIZARMOS EXAMES COMPLE-MENTARES NA AVALIAÇÃO DA DA?

A obtenção de neuroimagem na avaliação dopaciente com declínio cognitivo tem a funçãoprincipal de afastar causas potencialmentereversíveis, como hematomas, hidrocefalia eneoplasias. Nessa função, a TC e a RM sem con-traste apresentam desempenho semelhante comométodo inicial, embora a primeira seja uma técnicade menor custo e maior acessibilidade56(B).

A RM pode detectar lesões vasculares nãoreveladas na TC, que justificam um controlemais rigoroso do risco cardiovascular. Noentanto, não existe evidência suficiente de queessa estratégia realmente possa determinarmedidas capazes de atenuar a progressão dadoença68(B).

Ao caracterizar melhor a atrofia de regiõesespecíficas, a RM pode oferecer algumavantagem na formulação do diagnósticodiferencial. Uma imagem coronal revelandoatrofia de hipocampo, por exemplo, conferesuporte à hipótese de DA. No entanto, há umaampla sobreposição entre as imagens observadasno envelhecimento normal e aquelas observadasnas fases iniciais de DA. A capacidade da RMem agregar acurácia adicional após uma boaavaliação clínica ainda não está bem estabe-lecida69(B).

RecomendaçãoNenhum exame de imagem pode

diagnosticar a DA50,51(D). Com a intenção

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12 Doença de Alzheimer: Diagnóstico

de afastar causas reversíveis de declíniocognitivo, como hematomas, hidrocefalia eneoplasias, a TC tem melhor custo-benefícioque a RM56(B). Com a intenção de controlerigoroso do risco cardiovascular, a RM revelalesões vasculares não demonstradas à TC,mas esta informação não atenua a progressãoda DA68(B). A capacidade da RM em agregaracurácia ao diagnóstico de DA, após uma boaavaliação cl ínica, ainda não está bemestabelecida69(B).

10. O EEG É UM INSTRUMENTO PARA

AVALIAR A EVOLUÇÃO DA FUNÇÃO CERE-BRAL NA DA?

Não há evidência até o momento querecomende o EEG como um instrumento deavaliação da evolução da DA, portanto arealização desse exame na avaliação de rotinade pacientes dementados não estáindicada56(B).

No entanto, o papel do EEG quantitativo(EEGq) como um marcador clínico de doençaprecoce ou progressão tem merecido maioratenção, em função dos recentes avançostecnológicos e de sua possível relevânciaprática, considerando ser um métododisponível e não-invasivo. Alguns estudosindicam que o EEGq pode ser um marcadorprecoce de prejuízo cognitivo, não sóidentificando indivíduos com comprometi-mento cognitivo leve (CCL), mas também osque irão progredir para DA70(A)71(B). Algunspacientes com CCL apresentaram evoluçãopara DA e outros permanecem estáveis, sendoque a análise de frequências do EEGqpermitiu distinguir o subgrupo que sofreriadeterioração para a DA72(B). Os índices desensibilidade foram de 88,9% e especificidade

de 84,3% para predizer pacientes queapresentariam CCL ou demência; quandoconsiderados somente aqueles que evoluírampara demência, os índices subiram para 96,3%e 94,1%, respectivamente72(B).

Mais estudos são necessários no sentido deestabelecer a indicação do EEGq como umbiomarcador de prejuízo cognitivo precoce econversão de CCL em demência.

RecomendaçãoNão recomendamos a realização de EEG

como instrumento de avaliação da evolução daDA56(B). Mais estudos são necessários nosentido de indicar o EEGq como umbiomarcador de prejuízo cognitivo precoce,apesar da análise de frequência do EEGqpermitir distinguir o subgrupo que sofreriadeterioração para a DA72(B).

11. A ANÁLISE LIQUÓRICA É UM INSTRUMENTO

ÚTIL PARA AVALIAR A EVOLUÇÃO DA

FUNÇÃO CEREBRAL NA DA?

Não há evidência demonstrando o papel daanálise liquórica na avaliação da evolução dafunção cerebral (função cognitiva,comportamental ou outros). Níveis reduzidosde ß-amiloide1-42 foram observados no líquorde pacientes com DA em relação a idososnormais73,74(B). A sensibilidade para diferenciarpacientes com DA incipiente de sujeitos comcomprometimento cognitivo leve foi de 68% ea especificidade de 97%, ao longo de umseguimento aproximado de 20 meses75(A).Também foi demonstrado que pacientes comCCL que evoluem para demência apresentavamníveis significativamente mais baixos de ß-amiloide1-42 e níveis mais elevados de proteína

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tau l iquóricos do que aqueles que nãoprogrediram para demência76(B).

Pacientes com DA mostraram níveis de proteínatau no líquor significativamente mais elevados emrelação a controles normais. Este achado apresentousensibilidade de 80% a 97% e especificidade de86% a 95%77(B). Porém, proteína tau liquóricaelevada pode ser observada em pacientes com outrasdoenças neurodegenerativas78(B). A medidasimultânea de ß-amiloide1-42 e proteína tau no líquorapresentam sensibilidade de 85% e especificidadede 87%73,74(B).

Há necessidade de mais estudos paraestabelecer o valor que o uso destesmarcadores, isoladamente ou combinados,adiciona ao diagnóstico clínico da DA.

Não há evidência que sustente a realizaçãode punção lombar na avaliação de rotina depacientes com demência, exceto nas seguintescondições: presença de câncer metastáticosuspeita de infecção do sistema nervoso central(SNC), sorologia sérica reativa para sífilis,hidrocefalia, idade menor de 55 anos comdemência rapidamente progressiva, imunos-supressão ou suspeita de vasculite doSNC56(B).

RecomendaçãoNão recomendamos a realização de análise

liquórica para avaliar a evolução da funçãocerebral na DA. A punção lombar depacientes com demência deve ser feita napresença de câncer metastático, suspeita deinfecção do SNC, sorologia sérica reativa parasífilis, hidrocefalia, idade menor de 55 anoscom demência rapidamente progressiva,imunossupressão ou suspeita de vasculite doSNC56(B).

12. PACIENTE COM CASO DE DA NA FAMÍLIA

DEVE SER SUBMETIDO À AVALIAÇÃO

GENÉTICA? COMO DEVE SER AABORDAGEM CLÍNICA DESSES PACIENTES?

No presente momento do conhecimentocientífico, não existe evidência suficiente quejustifique a realização de avaliação genética naprática clínica para familiares de pessoas com DA.

A DA apresenta-se em dois tipos distintos:DA de início recente e DA de início tardio. ADA de início recente tem um componentefamiliar e apresenta três marcadores genéticos:genes da proteína precursora amiloide, dapresenilina 1 e 2, considerados deterministas,sendo citado 100% de penetrância79(D). Noentanto, menos de 5% dos casos de DA sãorelacionadas a estes genes e o PS 2 e APP sãobem mais raros que o PS 1. Filhos de pai e mãecom DA de início tardio apresentam um riscocumulativo de 20% de desenvolver a doença aos70 anos e de 60% aos 80 anos, que é maior doque o esperado na população geral e reforça aideia da influência genética no desenvolvimentoda DA de início tardio80(B). São descritos váriospolimorfismos de baixa penetrância, porém comalta frequência, associados à DA de início tardioe, destes, o alelo e4 do gene da apolipoproteínaE é o mais forte marcador, mesmo em idososacima de 90 anos 81(B).

O alelo e4 do gene da apolipoproteína E(APOE4) é um gene de suscetibilidade à DA deinício tardio, sendo que sua presença aumentao risco de ter a doença em três vezes (emheterozigose, em caucasianos: OR: 2,8; IC95%p<0,0000 e em japoneses: OR: 3,9; IC95%1,9 – 8,0; p=0,0002) e em até 20 vezes (emhomozigose, em caucasianos: OR: 11,8; IC95%7,0 – 19,8; p<0,0000 e em japoneses: OR:

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21,8; IC95% 8,6 – 55,3; p=0,000),dependendo da etnia82(B). No entanto, suaaplicabilidade para o uso clínico ainda équestionável, já que possui baixos valorespreditivos negativos e positivos na populaçãogeral (de baixo risco). Assim como outros testesgenéticos, os valores preditivos positivos enegativos são maiores, quando aplicados parapopulações de maior risco para DA83(B).

O impacto do APOE4 é modificado porfatores extrínsecos, como é típico das doençasmultifatoriais. Pessoas portadoras da APOE4sedentárias têm um risco quatro vezes maior dedesenvolver DA quando comparadas às não-portadoras do alelo E4 e fisicamente ativas (OR:5,53 IC95%: 2,31–13,23). Tabagistas comAPOE4 têm duas vezes mais risco do que não-fumantes sem o alelo E4 (IC95%, 1,37 – 7,35).O baixo consumo de gordura poliinsaturadaaumenta o risco para DA na presença doAPOE4 em relação a um maior consumo emnão-portadores do alelo (OR: 5,00; IC95%:1,45 – 17,42) e o maior consumo de gordurasaturada aumenta o risco em seis vezes (OR:7,05; IC95%: 1,34 – 37,06). Em relação aoconsumo de bebida alcoólica, bebedoresfrequentes com APOE4 têm risco maior de DAque bebedores infrequentes sem o APOE4 (OR:3,81, IC95%: 1,14 – 12,75), com efeito aditivoentre consumo de álcool e presença doAPOE484(B).

Apesar dos vários estudos apresentando aassociação do APOE4 e DA, existem muitosfatores concorrentes que modificam o resultadoesperado pelo teste, isto é, ter ou não ter DA.Além disso, até o momento não existemterapêuticas preventivas que justifiquem aavaliação genética na prática clínica diária.Porém, em ambiente de pesquisa, são feitas

avaliações genéticas e há a preocupação de seavaliar o efeito do resultado sobre a saúde mentaldos participantes.

Na população americana, as pessoas maisinteressadas em conhecer seu perfil genético derisco para DA (APOE4) são mulheres comescolaridade de nível superior e idade abaixo de60 anos. Este interesse é motivado pelapossibilidade de planejar a vida e encarar o medoda doença (enfretamento). O conhecimento dorisco parece estar associado a mudançascomportamentais com engajamento ematividades potencialmente protetoras, comoatividade física e mudanças na dieta. Não háassociação de ansiedade ou piora do bem-estarmental com o conhecimento do risco85(B).Também parece não existir diferença em relaçãoao estresse pelo conhecimento do perfil genéticoentre avaliação da APOE (suscetibilidade) eindicadores determinantes de demência (PS1,PS2 para DA e TAU para demência fronto-temporal)86(B).

Familiares de portadores de DA devem tersuas dúvidas esclarecidas e oferecidas infor-mações sobre medidas com potencial de prevenira DA, como controle de fatores de risco cardio-vascular, atividade física regular e alimentaçãoequilibrada e saudável. Até o momento, nãoexiste proposta de terapia medicamentosa parapessoas saudáveis a fim de prevenir a DA. Foramfeitas avaliações de resposta terapêutica aosvários tratamentos farmacológicos em pacientesainda sem DA instalada, de acordo com apresença da APOE4 e não apresentaramnenhum benefício87,88(A)89-91(B).

RecomendaçãoNão recomendamos a realização de testes

genéticos para avaliação de risco de DA, pois a

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aplicação clínica destas informações ainda équestionável83(B). R ecomendamos que os fami-liares de portadores de DA tenham suas dúvidasesclarecidas e oferecidas informações sobre medidascom potencial de prevenir a DA, como controlede fatores de risco cardiovascular, atividade físicaregular e alimentação equilibrada e saudável.Aqueles familiares com queixas cognitivas devemser submetidos à avaliação clínica como os demaispacientes com queixas semelhantes.

13. QUAL É O BENEFÍCIO CLÍNICO DA

SOLICITAÇÃO DO PET-SCAN PARA A

AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM DA?

A tomografia por emissão de pósitrons podedeterminar, por meio da aplicação de FDG (2-fluoro-2-deoxi-D-glicose), sinais de hipome-tabolismo (redução do fluxo) e de atrofia dasubstância cinzenta, especialmente em regiõescerebrais mais relacionadas à cognição, comohipocampo, córtex entorrinal, córtex temporal,orbitofrontal e cíngulo posterior. Na D A,observa-se também redução no metabolismodo lobo parietal e temporal, com perfilmetabólico diferente do envelhecimentocognitivo normal ou outras demências. Umdos objetivos do uso deste exame seria obterdiagnósticos mais precoces, anteriores aopróprio surgimento de queixas clínicas. Oimpacto clínico da obtenção de diagnósticomuito precoce de DA é, entretanto, discutíveldo ponto de vista populacional, já que as drogasdisponíveis para o tratamento da doença têmcusto elevado e eficácia limitada namodificação da evolução da doença.

Os estudos que avaliam a aplicação do PETSCAN têm estabelecido escores estruturais efuncionais para quantificar o grau de perda, comacurácia de 97,8% para diagnóstico de DA92(A).

A correlação do diagnóstico clínico de DA comos achados de necropsia foi de 70% e aumentoupara 84% com achados positivos no PET. Acontribuição, porém, foi considerada modesta,pois a acurácia diagnóstica atingida foi a mesmaquando aguardados quatro anos de seguimentoclínico93(B). A maioria dos estudos ficou restritaa série de casos. Pode-se considerar a contribuiçãodo PET SCAN como secundária, sempreaplicável depois da evidência clínica primária (fortesuspeita ou dúvida diagnóstica)94(B).

RecomendaçãoO impacto clínico da utilização do PET-

SCAN para avaliar portadores de DA é muitorestrito. A contribuição é modesta, pois aacurácia diagnóstica atingida foi a mesmaquando aguardados quatro anos de seguimentoclínico93(B). Pode-se considerar a contribuiçãodo PET-SCAN como secundária, sempreaplicável depois da evidência clínica primária(forte suspeita ou dúvida diagnóstica)94(B).

14. HÁ VANTAGENS EM APLICAR TESTES

FUNCIONAIS PARA ACOMPANHAR O

PORTADOR DE DA?

A avaliação funcional é parte fundamentaldo diagnóstico de DA1(D), visto que a síndromedemencial obrigatoriamente repercute na vidasocial do indivíduo, comprometendo a suacapacidade de realizar atividades de autocuidadoe/ou convívio na vida em comunidade.Tradicionalmente, divide-se em dois níveis:básicas (autocuidado) e instrumentais (vida nacomunidade). Dentre os vários testes funcionaisdescritos para avaliação da capacidade funcional,os questionários de “Atividades de VidaDiária”95(D) e de “Atividades Instrumentais deVida Diária”96(D) são amplamente usados erecomendados.

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16 Doença de Alzheimer: Diagnóstico

Em relação à cognição, podem ser usadostestes para o rastreio, por exemplo,MEEM23(B ) , para diagnóstico41(B ) ,graduação da fase clínica97(B) ou para acompa-nhamento98(D). Além disso, existem tambémos instrumentos de avaliação do compor-tamento (como, por exemplo, o NPI –Neuropsychiatric Inventory)66(B). As escalas deavaliação cognitiva, testes funcionais e decomportamento são úteis por apresentarevidência objetiva de mudança do estado dopaciente, sendo fundamentais na pesquisa deintervenções para tratamento ou prevençãoPodem também ser aplicadas na prática clínicapara melhor registro da evolução da doença efacilitar a comunicação entre o médico efamiliares/cuidadores. Não existem estudosque avaliem diretamente o benefício do usodessas escalas na prática clínica.

RecomendaçãoRecomendamos aplicar teste para avaliação da

capacidade funcional95,96(D), avaliaçãocognitiva23,42,97(B) e avaliação de comporta-mento66(B). As escalas de avaliação cognitiva, testesfuncionais e de comportamento são úteis porapresentar evidência objetiva de mudança do estadodo paciente, sendo fundamentais na pesquisa deintervenções para tratamento ou prevenção. Naconsulta médica, os testes padronizados sãoinstrumentos que auxiliam a avaliação clínica, porémnão a substitui.

CONFLITO DE INTERESSE

Okamoto IH: recebeu honorário paraconferência e palestras patrocinadas pelasempresas Novartis, Janssen, Wyeth e Apsen;recebeu honorários para organização de atividadede ensino e honorários de consultoria dosLaboratórios Novartis, Janssen, Wyeth e Apsen.

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17Doença de Alzheimer: Diagnóstico

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