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Os impactos socioambientais e as
medidas mitigadoras/compensatória
s no âmbito do licenciamento ambiental federal das atividades
marítimas de exploração e produção de petróleo no
BrasilMônica Armond SerrãoAnalista Ambiental
Coordenação Geral de Petróleo e Gás - Diretoria de Licenciamento Ambiental -
IBAMADoutoranda programa EICOS/UFRJ
Membro Grupo LIEAS-UFRJ
Objetivos da exposição
1. Apresentar os impactos dos empreendimentos das atividades marítimas de petróleo e gás nos meios físico, biótico e socioeconômico, destacando as medidas exigidas para mitigar os principais impactos sobre as comunidades costeiras.
2. Apresentar os pressupostos da educação no processo de gestão pública adotados na CGPEG/IBAMA.
3. Apontar as potencialidades e limitações do licenciamento enquanto um instrumento de gestão ambiental pública.
Os empreendimentos das atividades
marítimas de petróleo e gás e seus impactos
Exploração:
– Pesquisa Sísmica – método geofísico para a descoberta de novos reservatórios;
– Perfuração – perfura para verificar a existência de hidrocarbonetos, dimensionar o reservatório ou já para produzir.
Produção e Escoamento:
– Etapa de instalação das estruturas de produção e escoamento;
– Etapa de Produção e Escoamento propriamente dita.
Pesquisa Sísmica(Duração: geralmente, até 4 meses)
Principais fatores de geração de impactos:
- Restrição de acesso aos pesqueiros tradicionais da pesca artesanal de baixa mobilidade - Aumento do tráfego de embarcações
Impactos ao meio biótico:
- Possibilidade de interferência em comportamentos biologicamente importantes em organismos marinhos, como acasalamento, amamentação e desova. Impacto ao meio socioeconômico:
- Conflito pelo uso do espaço marinho
Perfuração
As rochas são perfuradas pela ação da rotação e peso aplicados pela broca existente na extremidade de uma coluna de perfuração.
Perfuração(Duração: um poço, geralmente, 45 dias)
Principais fatores de geração de impactos: - Descarte de fluido e cascalho
- Vazamento devido à perda do controle do poço (blowout) - Aumento do tráfego de embarcações
Impactos aos meios físico e biótico:
- Soterramento do assoalho marinho e dos organismos marinhos
- Turbidez da água
- Toxicidade aos organismos marinhos
- Desequilíbrio nos ecossistemas marinhos
Impacto ao meio socioeconômico: - Conflito pelo uso do espaço marinho
Produção e Escoamento(Duração: geralmente, 20 a 30 anos)
Estruturas “permanentes”: Plataformas fixas ou plataformas flutuantes.
Diversidade de instalações submarinas:Dutos rígidos e/ou flexíveis, manifolds, “árvores de
natal”, linha de controle e estruturas de ancoragem. Novas perfurações durante a produção
Produção e Escoamento
Impactos aos meios físico e biótico:
- Poluição da água do mar
- Poluição atmosférica
- Toxicidade aos organismos marinhos
- Desequilíbrio nos ecossistemas marinhos
Impactos ao meio socioeconômico:
- Ocupação desordenada do território das zonas costeiras
- Conflito pelo uso do espaço marinho
- Royalties
Principais fatores de geração de impactos ao meio
socioeconômico (sísmica, perfuração e produção)
Impacto: conflito pelo uso do espaço marinho.
Principais fatores de geração do impacto: restrição de acesso aos pesqueiros tradicionais da pesca artesanal de baixa mobilidade, aumento do tráfego marinho, presença das estruturas do petróleo e gás
Impacto: ocupação desordenada do território das
zonas costeiras.
Principais fatores de geração do impacto: royalties, migração, dinamização da economia local e regional.
- Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental- Zoneamento ambiental- Licenciamento ambiental- Avaliação de impacto ambiental- Incentivo à melhoria da qualidade ambiental- Criação de áreas protegidas- Sistema de informações sobre o meio ambiente- Cadastro técnico federal de atividades- Penalidades disciplinares ou compensatórias- Relatório de qualidade do meio ambiente- Produção de informações sobre o meio ambiente
Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente
(Lei nº 6938/1981)
Disciplinar, previamente, a construção, instalação,
ampliação e funcionamento de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos naturais,
considerados efetiva ou potencialmente poluidores,
bem como aqueles capazes de causar degradação
ambiental
Licenciamento ambiental Objetivo
O Artigo 2º apresenta a listagem de atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de elaboração de EIA/RIMA, tais como: - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
- Ferrovias;
- Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
- Aeroportos;
- Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;
- Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 kV;
- Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
- Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10 MW.
Resolução CONAMA 01/1986
Constituição Federal de 1988; Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº
6.938/81); Legislação correlata. Por exemplo: Resolução CONAMA 23/1994; Resolução CONAMA 237/1997; Lei nº 9.966/00 - Lei do Óleo.
Pautado na exigência de Estudos Ambientais e na realização de Audiências Públicas.
Base legal
Após análise do Estudo Ambiental, caso seja concedida a licença ambiental, a empresa deve implementar as medidas de monitoramento, mitigadoras e compensatórias dos impactos, na forma de projetos:
- Projetos de Monitoramento Ambiental – PMA (dentre eles,
o Projeto de Monitoramento do Desembarque Pesqueiro – PMDP)
- Projeto de Controle da Poluição - PCP
- Plano de Emergência Individual - PEI
- Projeto de Educação Ambiental dos Trabalhadores - PEAT
- Projeto de Comunicação Social - PCS
- Plano de Compensação da Atividade Pesqueira - PCAP
- Projeto de Educação Ambiental - PEA
Os projetos ambientais:
Licenciamento ambiental dos empreendimentos marítimos de petróleo e
gás Setor do IBAMA responsável
Coordenação Geral de Petróleo e Gás
(CGPEG)
Coordenação Geral de Petróleo e Gás
(CGPEG)
A CGPEG está assim estruturada:
– Duas coordenações: Exploração e Produção;– 48 Analistas Ambientais (equipe multidisciplinar),
dos quais três atuam como Coordenadores;– 7 técnicos administrativos;– Uma unidade avançada em Aracaju (SE), com 13
Analistas Ambientais.
Atuação da CGPEG
Temas tratados: avaliação de impacto ambiental, modelagem, risco, biota, geologia marinha e litorânea, contaminação química, controle da poluição e meio socioeconômico.
Grupos de Trabalho (GTs): GT 1 - Controle da Poluição; GT 2 - Meio Socioeconômico
(14 analistas) GT 3 - Compensação Ambiental; GT 4 - Advertências e
Multas; GT 5 - Meio Biótico; GT 6 - Risco e Emergência; GT 7 – Fluidos; GT 8 - Meio Físico.
Atuação da CGPEG: Educação no processo de gestão ambiental
Proposta do Ibama (iniciada em 1989 pela CGEAM):
• Tornar o espaço da gestão ambiental um processo educativo;
• Criar condições para a participação individual e coletiva nos processos decisórios sobre o acesso e o uso dos recursos ambientais no Brasil;
• Ações realizadas em UCs, ordenamento de recursos florestais e pesqueiros, licenciamento ambiental, prevenção de desmatamentos e incêndios florestais; proteção e manejo de fauna etc.
Educação no processo de gestão ambiental: pressupostos
Sujeitos da ação educativa: pescadores, catadores de
caranguejos, marisqueiras, ribeirinhos, produtores rurais,
assentados de reforma agrária, grupos sociais afetados
por impactos e/ou riscos ambientais e tecnológicos,
residentes em UCs e entorno, técnicos e gestores
ambientais, entre outros afetados pelas atividades de
gestão ambiental sob responsabilidade do Ibama.
Educação no processo de gestão ambiental: pressupostos
O Projeto de Educação Ambiental deve desenvolver
capacidades para que os grupos sociais afetados:
Percebam a escala e as conseqüências explícitas e
implícitas dos riscos e danos socioambientais
decorrentes do empreendimento no seu cotidiano;
Educação no processo de gestão ambiental: pressupostos
O Projeto de Educação Ambiental deve desenvolver
capacidades para que os grupos sociais afetados:
Habilitem-se a intervir, de modo qualificado, nos
diversos momentos do processo de licenciamento,
produzindo e negociando, inclusive suas agendas de
prioridades
Educação no processo de gestão ambiental: diagnóstico participativo
A primeira etapa do PEA é necessariamente um
Diagnóstico Participativo com as comunidades da
área de influência do(s) empreendimento(s), que
objetiva levantar os problemas, os conflitos e as
potencialidades do território.
A partir do diagnóstico é elaborada uma agenda de
prioridades com os grupos sociais envolvidos e
definidos os projetos de intervenção que serão
implementados pela empresa.
Educação no processo de gestão ambiental: ações
PEA - Programas de Educação Ambiental: exigidos
nas licenças de produção e perfuração de longa duração
(áreas geográficas)
PCAP: Plano de compensação da Pesca: Projetos de
compensação para licenciamentos de sísmica e
perfuração de curta duração. Voltados para os impactos
que não são mitigáveis. Comunidades pesqueiras
tradicionais são os grupos prioritários devido à restrição
de acesso à áreas de pesca.
Atuação da CGPEG- Costa Nordestina
Costa NordestinaBACIAPEA PCAP MUNICÍPIOS NO ACOMPANHAMENTOS (2009-2010)
BARREIRINHAS (Maranhão)
- 1 6 municípios8 localidades
8
RN/CE 1 PEA/RN 1 8 municípios13 localidades
15
1 PEA/CE municípios 6
SE/AL 1 PEA 1 12 municípios95 localidades
18
CAMAMU PIPP 1 9 municípios44 localidades
15
1 7 municípios9 localidades
2
Atuação da CGPEG - Costa Sudeste
BACIA PEA PCAP MUNICÍPIOS NO ACOMPANHAMENTOS (2009-2010)
CAMPOS PEA BC 14 municípios
1 6 municípios
23
PROJETO POLEN
13 municípios 20
NEA-BC 13 municípios 15
HUMANO MAR 10 municípios 4
Quilombolas 8 municípios 2
OGX 8 municípios 8
CGG 10 municípios 5
PEA ES 14 municípios Espírito Santo
1 3 municípios 10 localidades
7
Santos PAPP 4 municípios 21 localidades
52
Desafios
Trazer para o debate, atores, que na maioria das vezes,
ficam invisíveis.
Trazer para o processo decisório, as contribuições do
conhecimento leigo e desta maneira, melhorar a
qualidade das decisões do órgão ambiental.
Viabilizar as condições necessárias à participação dos
grupos sociais na prevenção e/ou gerenciamento de
questões ambientais.- Gestão ambiental.
Desafios
Resistência à incorporação dos princípios propostos pelas empresas de petróleo e pelas empresas consultoras.
Interesse na manutenção do status quo por atores locais.
Risco de cooptação de lideranças locais
.
Desafios
Territórios são comuns a diversas atividades socioeconômicas, com diversas instituições atuando.
As percepções de risco e do papel do licenciamento entre os diversos atores envolvidos são distintas.
Tanto nas localidades, quanto nos grupos afetados pelos empreendimentos, há diversos campos de disputas políticas.
Objetivos: Propor diretrizes para a elaboração, execução e
divulgação dos programas de educação ambiental
coordenados pela CGPEG/IBAMA;
Fortalecer o conteúdo teórico-metodológico em que se
baseiam as diretrizes pedagógicas exigidas pela
CGPEG/IBAMA
Nota Técnica CGPEG/DILIC/IBAMA N.001/10 – Novembro/2010
Descreve responsabilidades e prerrogativas do órgão ambiental e dos empreendedores, bem como princípios para o desenvolvimento do programa, com o objetivo de garantir maior previsibilidade e agilidade para o processo de licenciamento. (Reforça princípios vigentes na prática da CGPEG)
Dentre outras questões, prevê a possibilidade de diferentes empresas compartilharem um mesmo projeto, assim como sinaliza para a possibilidade do projeto não desenvolver ações em toda a área de influência do empreendimento. . (Responde a desafios da gestão regional)
Nota Técnica CGPEG/DILIC/IBAMA
N.001/10 – Novembro/2010
Estabelece 6 Linhas de ação para orientar os Programas Regionais de EA:
Pautadas, principalmente, em duas diretrizes:
(i) necessidade de mitigar/ compensar impactos da atividade licenciada e;
(ii) necessidade de favorecer uma gestão ambiental compartilhada de caráter regional.
Nota Técnica CGPEG/DILIC/IBAMA N.001/10 – Novembro/2010
Linhas de ação:A - Organização comunitária para a participação na
gestão ambiental, no âmbito do licenciamento ambiental;B - Controle social da aplicação de royalties e de
participações especiais da produção de petróleo e gás natural;
C - Apoio à democratização, à discussão pública e à fiscalização do cumprimento das diretrizes de Planos Diretores municipais;
D - A ser proposta pela empresa E - Projetos compensatórios para populações
impactadas por empreendimentos de curto prazo;F - Apoio à discussão e ao estabelecimento de acordos
para a gestão compartilhada das atividades na zona marítima.
Nota Técnica CGPEG/DILIC/IBAMA N.001/10 – Novembro/2010
Principais Potencialidades e Limites do Licenciamento
O licenciamento tem potencialidades quanto a:
(i) melhorias na qualidade das informações;
(ii) ampliação do controle social;
(iii) emancipação de grupos que historicamente estiveram
excluídos dos projetos de desenvolvimento.
O licenciamento tem limitações que dizem respeito:
(i) à incorporação dos princípios propostos;
(ii) ao aporte de recursos e projetos limitados pelo tempo do
empreendimento e destinados a determinadas localidades;
(iii) ao risco de cooptação de atores locais.
CGPEG – DILIC – IBAMA
Praça XV de Novembro, nº 42, 9º andar – Centro
20.010-010 – Rio de Janeiro – RJ
Tel: (21) 3077- 4307 e 3077- 4270