II ENPES - Encontro Nacional de Pesquisa sobre Economia Solidária
“A economia solidária sob diversos olhares”
22 de setembro de 2012
Anhembi Parque, São Paulo.
Melhoria das condições ergonômicas de trabalho numa cooperativa de
reciclagem.
Lays de Carvalho Freitas
Curso de Engenharia de Produção da
Faculdade de Ciências Integradas do Pontal da
Universidade Federal de Uberlândia – Campus Ituiutaba (MG).
E-mail: [email protected]
Resumo:
Após o fim da segunda guerra mundial, com o surgimento de novas visões
sobre o mundo do trabalho, bem como consequência de lutas travadas no
próprio ambiente fabril no passado, surgiu a Ergonomia. A Ergonomia tem por
objetivo o bem estar dos trabalhadores pela adaptação do trabalho ao homem.
Antes do advento da Ergonomia, a visão fordista-taylorista dominante buscava
o aumento e o controle excessivo do trabalho humano, visando apenas o
aumento da eficiência e da produtividade, sem se preocupar com as condições
mínimas de saúde dos trabalhadores. Assim sendo, este artigo objetiva a
aplicação das técnicas da Ergonomia Física em uma cooperativa de
reciclagem. Utilizando-se dos métodos de Ergonomia Física, sem deixar de
lado a eficiência produtiva, melhorias nos processos produtivos são propostas,
a partir da realidade de um empreendimento popular solidário, com a
participação ativa dos cooperados. Desse modo, a saúde física dos
cooperados pode ser melhorada e os efeitos da fadiga amenizados,
melhorando as suas condições de trabalho na cooperativa, adequada
ergonomicamente.
Palavras-chave: Economia Solidária, Ergonomia Física, Ergonomia.
1-Introdução
No Brasil a economia solidária renasce no final do século XX como
alternativa frente às desigualdades sociais e como resposta ao aparecimento
de novas crises do sistema capitalista, com o advento da luta por melhores
condições de vida e de trabalho por parte da massa operária. Com essas
crises, surgiram outras possibilidades de organização de trabalho em
consequência da necessidade dos trabalhadores encontrarem fontes de
geração de renda. Nesse contexto de economia solidária, as primeiras ideias
de construção de modelos de autogestão em empresas, nas primeiras
cooperativas baseadas nas ideias de Robert Owen, um reformista social
considerado como um dos fundadores de uma das vertentes de formação de
uma sociedade socialista e do cooperativismo, passaram a dominar o
imaginário de transformação das relações de produção, proporcionadas pelo
próprio desenvolvimento acelerado das forças produtivas do modo de produção
capitalista.
Nos dias atuais, com a crise dos modelos (neo) liberais de
desenvolvimento e mesmo com o declínio e a crise das experiências
autointituladas “socialistas”, tem-se o revigoramento de organizações
coletivizadas de produção, de consumo e de crédito, as chamadas
cooperativas populares (YUNUS, M., 2000; SINGER, P., 2002). Muitos são os
casos bem-sucedidos de empreendimentos populares que tomaram corpo
mundo afora, como relatam Bagnasco (1999) e Becattini (1999); o caso da
Terza Italia. No Brasil, a Economia Solidária vem ganhando cada vez mais
espaço no processo de organização e de inclusão social pelo trabalho coletivo,
demonstrado por cooperativas industriais, empreendimentos populares,
movimentos sociais, entre outros. Como é o caso da COPERCICLA,
cooperativa de reciclagem situada em Ituiutaba (MG) localizada no pontal do
triângulo mineiro, criada em consequência da determinação do COPAM
(Conselho Estadual de política Ambiental do estado de Minas Gerais) que a
partir de 2001, através da Deliberação Normativa – DN 52/2001, todos os
municípios com população superior a 50 mil habitantes passam a ser obrigados
a construir um aterro sanitário, e com isso houve a desativação do lixão, onde
havia 30 trabalhadores, sem nenhuma condição básica de sobrevivência e de
trabalho. Assim, foi criada a cooperativa em estudo, para a realocação desses
trabalhadores, visando o desenvolvimento por meio da geração de trabalho e
renda com inclusão social.
De acordo com a Associação Brasileira de Ergonomia, “entende-se por
Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a
organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem
melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-
estar e a eficácia das atividades humanas”, ou seja, a Ergonomia utiliza-se de
ferramentas para analisar as relações entre o ambiente de trabalho, as
máquinas e o homem visando adequar o trabalho ao homem, de forma que
propicie ao trabalhador segurança, bem-estar e conforto. Antes do surgimento
da Ergonomia, empreendedores industriais que seguiam o modelo fordista –
taylorista focavam na quantidade de produção, visando economias de escalas,
com a ausência de preocupação com a saúde física dos trabalhadores, visando
apenas o aumento da eficiência e da produtividade. Não era atribuída aos
funcionários nenhuma participação na contribuição de ideias para melhorar as
suas condições de trabalho. Assim sendo, o próprio mundo do trabalho
capitalista passou a concordar que o bem – estar dos trabalhadores é uma
condição necessária para que os sistemas produtivos possam desenvolver-se
cada vez mais, criando um ambiente de trabalho menos nocivo para o
trabalhador, garantindo-lhe mais espaços de decisão.
De acordo com Másculo e Vidal (2011), a ergonomia apresenta três
subdivisões, quais sejam:
- Ergonomia Física: ocupa-se das características da anatomia humana,
antropometria, fisiologia e biomecânica, relacionados com a atividade física. Os
tópicos relevantes incluem a postura no trabalho, manuseio de materiais,
movimentos repetitivos, distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao
trabalho, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde do trabalhador;
- Ergonomia Cognitiva: ocupa-se dos processos mentais, como a percepção,
memória, raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações entre
as pessoas e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem a
carga mental, tomada de decisões, interação homem-computador, estresse e
treinamento;
- Ergonomia Organizacional: ocupa-se da otimização dos sistemas sócio-
técnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, políticas e processos. Os
tópicos relevantes incluem comunicações, projeto de trabalho, programação do
trabalho em grupo, projeto participativo, trabalho cooperativo, cultura
organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade.
Todas essas especializações da Ergonomia, na verdade, aparecem de
maneira integrada na organização do trabalho mais adequado ao homem, sem
deixar de lado a eficiência produtiva, mesmo que essa não seja o seu objetivo
essencial. Porém, neste primeiro momento o foco deste trabalho será em
Ergonomia Física, visto que as incidências dos elementos de ergonomia que
trata as relações entre o corpo humano e os elementos do sistema são mais
primordiais neste momento. Aplicando assim, o método RULA, um método ou
ferramenta desenvolvida por Mc Attamney e Corlett (1993) que objetiva avaliar
o risco do trabalhador à exposição de posturas e atividades musculares
inadequadas e aquisição de LER /DORT, segundo Másculo e Vidal (2011).
No caso de um empreendimento solidário ou todo qualquer outro que se
apresenta como uma alternativa ao modelo capitalista da intensa competição
fabril, Novaes (2007) avalia que a mera incorporação de tecnologias
desenvolvidas para empresas convencionais, quais sejam capitalistas, apesar
de aumentar a produtividade dos trabalhadores e, por conseguinte, os ganhos
salariais, ao invés de levar a um processo de emancipação, ocorrem, na
verdade, reforços da exploração e da alienação pelo trabalho. Considerando
essa problemática, Novaes (2007) propõe a adequação e a construção coletiva
de técnicas e de tecnologias produtivas, a partir da realidade de um
empreendimento alternativo ou, no caso aqui tratado, solidário, com a
participação ativa dos cooperados. Diante dessa perspectiva, a Ergonomia
aproxima-se mais do que se distancia, uma vez que ela visa,
contemporaneamente, o desenvolvimento de sistemas dinâmicos, flexíveis e
adaptáveis ao homem a cada nova realidade a ser enfrentada, enriquecendo a
sua ação nas decisões do seu futuro no ambiente de trabalho, com o
desenvolvimento de novas competências, de acordo com Másculo e Vidal
(2011).
No Brasil, a Economia Solidária tem tornado-se o motor central de
constituição de cooperativas populares. Resumidamente, essas são
empreendimentos que visam eliminar por completo estruturas hierárquicas de
administração da produção, coletivizar os bens de produção, dividir os ganhos
do trabalho de maneira justa sem abalar o meio ambiente, por intermédio do
desenvolvimento de uma consciência coletiva de um consumo necessário e
racional. Numa única palavra: a realização de empresas autogestionadas,
humanamente ricas de valores sociais e ético-ambientais.
Tal é precisamente o caso do empreendimento popular a ser
transformado pela prática da Ergonomia: a COPERCICLA. Tendo que receber
todo o resíduo reciclável das residências e das empresas, ela tem uma função
social clara e fundamental para realmente possibilitar o desenvolvimento
sustentável da cidade de Ituiutaba (MG), criando oportunidades de trabalho e
de renda para vários trabalhadores socialmente excluídos. Ademais, a
cooperativa popular em tela está em processo de transição para relações
sociais de produção solidárias.
Nesse contexto, este artigo busca mostrar como as ferramentas de
ergonomia física que estão sendo implantadas podem beneficiar a cooperativa
de reciclagem de Ituiutaba (MG), contribuindo com o bem-estar dos seus
quarenta cooperados, melhorando as condições de trabalho pela análise
ergonômica da realidade produtiva da COPERCICLA, conciliando-os com os
preceitos da Economia Solidária. Tudo isso com uma participação ativa e
coletiva de todos os cooperados nas decisões operacionais e estratégicas a
serem tomadas, melhorando continuamente as suas condições de vida e de
trabalho, tanto em termos materiais e sociais, ao que tange relações sociais de
produção mais humanizadas e enriquecidas.
O método ergonômico, essencialmente, consiste no uso dos recursos
dos diversos campos de conhecimento que possibilitem averiguar, levantar,
analisar e sistematizar o trabalho e as condições de trabalho (MÁSCULO, F. e
VIDAL, M. 2011). Isto é, utilizando-se de ferramentas de análise do trabalho, é
possível observar a relação entre o homem e os elementos do sistema com o
intuito de auxiliar na construção de um ambiente de trabalho agradável e que
reduz significativamente as possibilidades de erros e riscos à saúde dos
cooperados. A ergonomia física apresenta métodos, tais como, o método
OWAS, para análise da postura, o método OCRA para a avaliação da
aquisição de LER (Lesão por esforços repetitivos) /DORT (Distúrbio
osteomuscular relacionado ao trabalho) e o método RULA, para avaliação de
risco de lesão músculo esquelética em geral, sendo que esse último foi o único
aplicado na COPERCICLA até o momento.
Utilizando-se dos preceitos e técnicas de Engenharia de Produção, fez-
se o estudo ergonômico na perspectiva biomecânica e antropométrica na
cooperativa em todas as etapas do processo produtivo que são eles:
descarregamento do caminhão, separação, prensagem e expedição. Ademais,
analisaram-se as falhas quanto ao cuidado da saúde física do cooperado.
Segundo Iida (2005), a biomecânica ocupacional é uma parte da
biomecânica geral, que se ocupa dos movimentos corporais e forças
relacionadas ao trabalho. Assim, preocupa-se com as interações físicas do
trabalhador, com o seu posto de trabalho, máquinas, ferramentas e materiais,
visando reduzir os riscos de distúrbios músculo esqueléticos. Analisa
basicamente a questão das posturas corporais no trabalho, a aplicação de
forças, bem como as suas consequências. A antropometria é o conjunto de
técnicas que estuda as medidas físicas do corpo humano, determinando as
variações e os alcances dos movimentos.
2-Desenvolvimento
Para o começo dos estudos, foram feitas várias análises da relação dos
cooperados com o ambiente de trabalho, observando instrumentos e máquinas
utilizados por eles e as posturas adotadas para a realização de cada tarefa. Foi
possível levantar informações do método de trabalho que eles utilizam e os
movimentos inadequados que são realizados, como mostrados nas imagens
abaixo:
Figura 1: Posturas adotadas enquanto recolhem os resíduos no chão.
Figura 2: Retratando o modo como o cooperado alimenta a prensa.
Figura 3: Demonstra como os cooperados carregam os bags.
Foi notória a ausência do uso dos equipamentos de Proteção Individual
(EPIs), pela maioria dos cooperados durante todas as etapas do trabalho, e
mesmo assim não são todos os equipamentos necessários para a proteção do
corpo físico deles. Os EPIs que a maioria não utiliza são as máscaras para a
proteção respiratória. Essas são essenciais, visto que os cooperados trabalham
com recicláveis e estes possuem odores, bem como, no local de trabalho, há
poeira e muitos pombos; luvas para a proteção das mãos, sendo que quase
todos que trabalham na separação usam, porém os que trabalham no
descarregamento, na prensa, e na expedição não têm o hábito de usar as luvas
que são importantes contra aos agentes patogênicos, cortes com vidros e
metais, objetos contundentes (perfurantes) e relativa resistência a produtos
químicos os mais diversos, pelo menos, para contatos acidentais; chapéus
para proteção contra o sol, visto que alguns cooperados trabalham expostos ao
sol, sendo que alguns já utilizam protetor solar, porém não suportam as
temperaturas altas da cidade; protetor auricular para proteção auditiva, porque
a máquina de prensagem possui um ruído, capacetes para proteção da
cabeça, pois ficam muito próximos de uma rede elétrica, quando sobem no
caminhão para carregar este, como pode ser ilustrado na imagem a seguir:
Figura 4: Cooperados próximos de uma rede elétrica para carregar o caminhão
na COPERCICLA.
Com a observação direta do trabalho e conversação com os cooperados
foi possível ter conhecimento sobre as dores na coluna vertebral e nos braços
visto que trabalham em posições ou ações inadequadas observadas em cada
etapa do trabalho detalhadas a seguir:
Na etapa do descarregamento, os cooperados adotavam posturas
inadequadas, para subir no caminhão que se encontra a uma distância
de 130 cm, em relação ao solo; para apanhar os recicláveis e colocar
dentro dos bags que estavam no chão, que se encontravam a uma
distância de 150 cm, em relação aos cooperados, sendo que eles
torciam os membros superiores, prejudicando a coluna cervical, ombros
e braços;
Na alimentação da esteira, o cooperado inclina a coluna em um ângulo
entre 20 ° e 60° para pegar os bags, contendo os recicláveis para
alimentar a esteira menor, sendo que os bags estavam no chão a uma
distância 110 cm do cooperado. Nesta mesma tarefa, o cooperado fica
apoiado em uma rampa inclinada em um ângulo aproximado de 30°,
ficando em uma posição maléfica para a coluna cervical;
Na separação dos recicláveis, os cooperados torcem os membros
superiores quando vão colocar os recicláveis nos bags correspondentes,
prejudicando a coluna cervical, lombar, ombros e braços;
Na alimentação da prensa, os cooperados agacham de maneira irregular
para apanhar os recicláveis e depositar dentro da prensa, prejudicando a
sua coluna vertebral;
Durante a prensagem, os cooperados inclinam o corpo para frente para
forçar os recicláveis para dentro da máquina, o que traz malefícios para
a sua coluna. E nessa mesma etapa, quando o pistão está descendo,
eles colocam uma mão dentro da prensa, correndo risco de acidentes
com as mãos;
Após a prensagem, os cooperados amarram o fardo em uma posição
prejudicial à sua saúde e retiram o fardo da prensa agachando de
maneira irregular, fazendo uma grande força para abrir a máquina de
prensagem, retiram o fardo com muita dificuldade e ainda empurram o
fardo que pesa aproximadamente entre 150 e 200 kg, prejudicando a
coluna cervical;
Quando os cooperados vão clicar ou puxar a alavanca para acionar a
prensa, eles não ficam próximos o suficiente da máquina;
Os cooperados têm que carregar o elevador que auxilia no
carregamento do caminhão até o mesmo, sendo muito prejudicial para a
saúde física deles, pois o elevador é muito pesado;
Carregam os bags com os braços virados para trás, isso gera problemas
na coluna cervical, na lombar, ombros e braços.
Os cooperados não possuem preocupação com questões relacionadas à
higiene, saúde e limpeza. Comem comidas que vêm das casas que
provavelmente estão perdidas e pode conter agentes patogênicos prejudiciais à
saúde. Alimentam-se com as mãos sujas, não sendo aconselhável comer com
as mãos sujas, pois há agentes patogênicos principalmente porque eles
trabalham com recicláveis e todo tipo de material; não mantém o local onde se
alimentam e trabalham limpo e organizado. Observou-se uma cooperada
comendo enquanto trabalhava, porque havia chegado atrasada, sendo que
uma grande parcela dos cooperados chegam atrasados para o trabalho e o
nível de absenteísmo é alto na cooperativa, atrapalhando assim a
produtividade e a renda obtida na cooperativa. Durante as observações,
constatou-se a presença de um bag de agrotóxico, que é prejudicial à saúde do
cooperado; sementes de soja, que são escorregadias, às vezes ficam
espalhadas pelo local de trabalho dos cooperados correndo riscos de
acidentes;
Posteriormente, após as análises e ter recolhido os dados referente às
atividades de trabalho, aplicou-se na COPERCICLA, o método RULA. Ela foi
aplicada primeiramente, pela facilidade de aplicação, pois foi possível obter os
dados de um grande número de trabalhadores, através de entrevistas e
observação direta dos quarenta cooperados. A seguir estão as planilhas
preenchidas com as posições referentes a duas operações:
Figura 5. Posições referentes na operação de separação dos resíduos.
Figura 6. Posições referentes à operação de prensagem dos fardos.
Com os resultados das planilhas do método RULA, aconselha-se
investigar melhor e mudar o método de trabalho, para prevenir a ocorrência de
problemas de saúde ocupacional, e reduzir o desgaste físico excessivo. Afinal,
se o cooperado estiver cansado ou com problemas físicos ou emocionais, ele
não produzirá bem. Por isso, sugestões de melhorias foram feitas para
favorecer a saúde do cooperado e auxiliar o crescimento produtivo da
cooperativa, em termos humanos, das relações interpessoais e da
lucratividade. A seguir, são listadas as recomendações para o benefício de
todos os cooperados:
Analisar as funções dos cooperados e providenciar EPIs adequados
para cada função garantindo assim, a segurança dos mesmos;
Com seminários e nas visitas do dia-a-dia, mostrar para os cooperados
as posturas adequadas durante a jornada de trabalho;
Adotar uma escada para os cooperados subirem no caminhão, pois eles
estendem a perna e torcem a coluna;
Utilizar uma pinça, um rodinho ou qualquer outro instrumento que
melhorem as condições de trabalho dos cooperados na esteira, no
momento em que elas vão pegar os recicláveis para separar, à longa
distância, sendo que algumas já dispõem de alguns dispositivos para o
auxilia-las;
Sugere-se ter um carrinho para ajudar os cooperados a carregar bags e
fardos pesados, visto que o carrinho ameniza o peso dos itens a serem
carregados;
Com a mudança do layout e utilizando todas as baias para colocar os
recicláveis que devem ser prensados, diminuiremos o transporte dos
cooperados até os bags, o cansaço e dor na coluna;
Sugerimos uma rampa para colocar os fardos no elevador, assim os
cooperados não precisarão fazer um esforço excessivo e não ficarão
fadigados;
A adaptação de tablados nas baias irá favorecer os cooperados, pois
eles não ficarão agachados por muito tempo e isso também ira diminuir
a dor na coluna e o tempo gasto para pegar os recicláveis e prensa-los;
Registro de acidentes: registrar é importante para prevenir acidentes;
Aplicação de questionários de fácil entendimento, pois os cooperados
possuem nível de escolaridade muito baixo, e através desses
questionários obterem informações que ajudem a melhorar as condições
de trabalho de todos os cooperados;
Averiguação das razões de atrasos e falta no trabalho;
Reforçar a prática da ginástica laboral que é uma extensão da
ergonomia que diminui a tensão da musculatura, proporcionando
relaxamento. Assim os cooperados vão ter conhecimento do próprio
corpo, terão momento de descontração, vão melhorar a interação da
equipe e aprender a importância dos exercícios. Sendo que esse
método já é realizado por uma fisioterapeuta.
Sugere-se o melhoramento da iluminação do lado debaixo do galpão,
onde ficam localizadas as prensas.
Deve haver uma conscientização de saúde;
Recomenda-seque a postura, alcance, visão e espaço para os
movimentos corporais, assim como o uso das forças devem ser
colocadas dentro das capacidades humanas, na medida do possível.
Essas são as propostas apresentadas para o presidente da cooperativa,
que em algumas ocasiões se opôs contra algumas sugestões, justificando que
alguns desses pontos não teriam como de ser implementados. Mas em contra
partida em outros casos o então presidente gostou muito e ficou esperançoso
para ver o desenvolvimento da cooperativa. Resaltando a importância dessas
melhorias, pois se os métodos de ergonomia são bem feitos, é possível
melhorar a eficiência, a saúde e a segurança dos cooperados, diminuindo
problemas como a fadiga muscular, gerando profissionais satisfeitos e com
uma maior produtividade.
Espera-se que com a possível aplicação dos métodos, os cooperados
melhorem o seu condicionamento físico, que eles valorizem a sua saúde e em
consequência eles possam ter um melhor relacionamento entre eles e uma
maior produtividade aumentando assim renda e melhorando a qualidade de
vida deles.
3- Conclusão
Portanto, utilizando-se de preceitos de economia solidária e de
Ergonomia, acredita-se que os todos os cooperados possam se associar para
que todos tenham consciência do que é ser um cooperado e pratiquem os
métodos de ergonomia gerando bem estar e um ambiente seguro.
As pessoas que trabalham na cooperativa são muito importantes para
sociedade, pois são agentes ambientais, transformando tudo que for possível
dos resíduos em materiais recicláveis tirando das ruas algo que produz um
impacto enorme no meio ambiente e na qualidade de vida da população, ou
seja, o trabalho dos cooperados além de beneficiar a sociedade contribui com a
natureza, e é dela que nós precisamos, por isso precisamos preserva-la, e
também valorizar e colaborar com as pessoas que fazem parte desse cuidado,
como os cooperados que trabalham na cooperativa de reciclagem. Por isso
colocar em prática as ferramentas de ergonomia, pois se bem feita é possível
melhorar a eficiência, a saúde e a segurança dos cooperados, diminuindo
problemas ostemuscalares, gerando profissionais satisfeitos e com uma maior
produtividade.
4-Referências bibliográficas
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