Universidade de Aveiro 2010
Departamento de Línguas e Culturas
MARIA JOÃO GOMES COUTO
O CANAL DE DISTRIBUIÇÃO NA INTERNACIONALIZAÇÃO – ESTUDO DE CASO GUIALMI
Universidade de Aveiro 2010
Departamento de Línguas e Culturas
MARIA JOÃO GOMES COUTO
O CANAL DE DISTRIBUIÇÃO NA INTERNACIONALIZAÇÃO – ESTUDO DE CASO GUIALMI
Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Línguas e Relações Empresariais, realizada sob a orientação científica do Doutor Carlos de Miguel Mora, Professor Auxiliar do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro
o júri
presidente Prof. Doutor António Barreira Moreno Professor Auxiliar Convidado da Universidade de Aveiro
Prof. Doutora Maria Elisabeth Teixeira Pereira e Rocha
Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro
Prof. Doutor Carlos de Miguel Mora
Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro
agradecimentos
Ao meu orientador, Doutor Carlos de Miguel Mora, pela paciência necessária para me ajudar. À Guialmi pela disponibilidade e apoio que prestaram, em especial ao Dr. João Hernâni, ao Dr. Celso Ferreira e ao Dr. Jorge Almeida pela informação e cooperação facultada. À minha família pelo afecto, incentivo e investimento, transpondo todas as contrariedades, que tornaram possível todo o percurso académico e estimulam o contínuo desenvolvimento pessoal. Aos amigos pelo companheirismo que partilhamos e que em muito contribui para a concretização dos objectivos pessoais. Ao Ricardo por toda a compreensão necessária ao estímulo, por vezes indispensável, para a conclusão deste trabalho.
palavras-chave
Internacionalização, Canal de Distribuição, Cultura, Espanha
resumo
Versando a internacionalização em Espanha, na perspectiva da Guialmi – Empresa de Móveis Metálicos SA, pretende-se demonstrar a estreita relação estabelecida entre a cultura de um país e o canal de distribuição a ser adoptado na estratégia de internacionalização. Contextualizam-se, inicialmente, os elementos teóricos indispensáveis ao estudo de caso: a Internacionalização, a cultura espanhola e os canais de distribuição. No capítulo dedicado à internacionalização apresenta-se o conceito, descrevem-se as teorias e motivações para a internacionalização, expõem-se os factores de decisão e os modos de entrada. No capítulo seguinte caracteriza-se a cultura espanhola, com principal destaque para a divisão regional e respectivos nacionalismos, terminando com a prova da relação entre cultura e gestão empresarial. O canal de distribuição é também focado no que respeita ao seu significado, funções, evolução e importância. O estudo do caso Guialmi compreende a descrição interna e externa da empresa, dando especial importância ao canal de distribuição adoptado no mercado espanhol, pela dependência na cultura para o sucesso da distribuição no país vizinho.
keywords
Internationalization, Distribution Channel, Culture, Spain
abstract
This work focus on the internationalization in Spain, from Guialmi - Empresa de Móveis Metálicos, SA’s perspective, evidencing the close relationship between a country’s culture and the choice of the internationalization strategy’s distribution channel. To begin with is contextualized the theory needed to the case study: internationalization, Spanish culture and the distribution channels. In the internationalization chapter is presented the concept, theories and motivations, deciding factors and entry modes. The next chapter characterizes the Spanish culture with main interest in the regional differences and nationalisms, proving there is a relation between culture and management. The distribution channel is also presented, explaining the concept, function, evolution and importance. The case study on Guialmi focuses especially on the importance of the distribution channel choice for Spain. The internal and external environments are described in order to prove that the success of that choice is intimately related to Spain’s culture.
Índice
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES ................................................................ 9
ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................... 10
ÍNDICE DE GRÁFICOS..................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 12
2 RELEVÂNCIA DO TEMA E OBJECTIVOS DO ESTUDO ............ 14
3 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA .............................................. 15
3.1 Internacionalização ..............................................................................................................15 3.1.1 O Conceito de Internacionalização ................................................................................ 15 3.1.1 Teorias de Internacionalização ...................................................................................... 16 3.1.2 Motivações para a Internacionalização .......................................................................... 26 3.1.3 Factores de Decisão ...................................................................................................... 27 3.1.4 Modos de Entrada .......................................................................................................... 30
3.2 Cultura espanhola ................................................................................................................34 3.2.1 Cultura ............................................................................................................................ 34 3.2.2 Espanha ......................................................................................................................... 35 3.2.3 Nacionalismos Periféricos .............................................................................................. 36 3.2.4 Os Nacionalismos e a Imagem Externa de Espanha .................................................... 44 3.2.5 Impacto da Cultura na Internacionalização .................................................................... 45
3.3 Distribuição ...........................................................................................................................48 3.3.1 Conceito ......................................................................................................................... 48 3.3.2 Objectivos ....................................................................................................................... 48 3.3.3 A importância dos canais na Distribuição ...................................................................... 49 3.3.4 Distribuição Física .......................................................................................................... 50
4 ESTUDO DE CASO ..................................................................... 52
4.1 Apresentação da Empresa ..................................................................................................52 4.1.1 Análise Interna ............................................................................................................... 53 4.1.2 Análise Externa .............................................................................................................. 68 4.1.3 Analise SWOT ................................................................................................................ 77
4.2 Processo de Internacionalização da GUIALMI ..................................................................78 4.2.1 Posicionamento .............................................................................................................. 78
4.2.2 Objectivos Estratégicos - Factores Críticos de Sucesso ............................................... 79 4.2.3 Objectivos operacionais ................................................................................................. 80
4.3 Canal de Distribuição ...........................................................................................................81 4.3.1 Descrição do Canal de Distribuição Guialmi em Espanha ............................................ 81 4.3.2 Caracterização dos Intervenientes no Canal de Distribuição ........................................ 82 4.3.3 Avaliação e Escolha do Canal de Distribuição .............................................................. 85
5 CONCLUSÃO .............................................................................. 91
5.1 Reflexão Final do Estudo de Caso .....................................................................................91
5.2 O Futuro da Internacionalização da GUIALMI ...................................................................91
5.3 Limitações do Estudo ..........................................................................................................93
5.4 Recomendações para Investigações Futuras ...................................................................94
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................ 95
7 REFERÊNCIAS WEB ................................................................ 100
9
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 – Establishment Chain .................................................................................................. 21
Ilustração 2 – Mecanismo Básico da Internacionalização: Variáveis de Estado e Mudança .......... 21
Ilustração 3 – Modelo do Processo de Internacionalização de uma Rede ...................................... 23
Ilustração 4 – Internacionalização e o modelo das Networks .......................................................... 24
Ilustração 5 – Evolução do critério Oportunístico para o critério Sistematizado .............................. 30
Ilustração 6 – Classificação das formas de acesso de acordo com o grau de envolvimento
internacional e o grau de controlo sobre as operações ................................................................... 31
Ilustração 7 – Classificação das formas de acesso de acordo com o local de produção ................ 31
Ilustração 8 – Mapa de Espanha por Comunidades Autónomas ..................................................... 35
Ilustração 9 – Variação Produto Interno Bruto Espanha e UE ......................................................... 36
Ilustração 10 – Dimensões de Cultura de Hofstede adaptadas a Espanha .................................... 47
Ilustração 11 - Dimensões de Cultura de Hofstede adaptadas à Europa ........................................ 47
Ilustração 12 – Cronograma de produtos Guialmi ........................................................................... 54
Ilustração 13 - Cronograma de produtos Guialmi (cont.) ................................................................. 55
Ilustração 14 – Organograma Guialmi ............................................................................................. 57
Ilustração 15 – Interacção Departamento de Serviço ao Cliente Guialmi ....................................... 58
Ilustração 16 – Segmento Guialmi Design ....................................................................................... 59
Ilustração 17 – Segmento Guialmi Solutions ................................................................................... 60
Ilustração 18 – Segmento Guialmi Urban ........................................................................................ 61
Ilustração 19 – Portfolio de Produtos Guialmi por Segmentação de Preço ..................................... 63
Ilustração 20 – Capas da revista MD onde figuraram produtos Guialmi ......................................... 65
Ilustração 21 – Artigo na revista italiana Domus acerca de produtos Guialmi ................................ 74
Ilustração 22 – Profundidade do canal de Distribuição .................................................................... 81
Ilustração 23 – Representantes de vendas Guialmi em Espanha ................................................... 83
Ilustração 24 – Principais Distribuidores Guialmi em Espanha ....................................................... 84
Ilustração 25 – Avaliação e Escolha do Canal de Distribuição ........................................................ 85
Ilustração 26 – Potencial Mobiliário de Escritório Europa ................................................................ 92
Ilustração 27 – Prioridades Guialmi na Europa ................................................................................ 93
10
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Evolução dos Principais Indicadores .............................................................................. 66
Tabela 2 – Mercado de Mobiliário de Escritório em Espanha ......................................................... 71
Tabela 3 - Evolução da Actividade da Guialmi por Mercados ......................................................... 71
Tabela 4 - Quotas de Mercado das Principais Empresas do sector do Mobiliário em Espanha ..... 75
Tabela 5 – Perspectivas do mercado de Mobiliário de Escritório em Espanha ............................... 76
Tabela 6 – Análise SWOT Guialmi................................................................................................... 77
Tabela 7 - Marketing Mix/Posicionamento Guialmi .......................................................................... 78
Tabela 8 - Domínio dos FCS ............................................................................................................ 80
11
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Taxa de Crescimento do PIB em Espanha ................................................................... 69
Gráfico 2 – Taxa de Desemprego em Espanha ............................................................................... 69
Gráfico 3 – Taxa de Inflação em Espanha ....................................................................................... 69
Gráfico 4 – Divisão da Distribuição do sector em Espanha ............................................................. 73
Gráfico 5 – Mercado por Zonas Geográficas ................................................................................... 86
Gráfico 6 – Vendas Guialmi por Comunidades Autónomas ............................................................ 87
12
1 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas a economia mundial tem-se caracterizado pelo aumento constante das
trocas internacionais.
O processo de globalização tem atingido de uma forma avassaladora diversos segmentos de
mercado e por isso tem vindo a transformar por completo as relações internacionais entre países e
empresas. Esta relação entre globalização e internacionalização não é um tema novo, no entanto
a globalização tem contribuído fortemente para acelerar o processo de internacionalização das
empresas.
Desenvolve-se um novo enquadramento onde os mercados nacionais dão lugar a um mercado
global que compreende inúmeras oportunidades para as empresas, assim como uma ameaça à
sobrevivência das empresas presas nos mercados nacionais.
Assim, a internacionalização é palavra de ordem nas estratégias empresariais, tanto das grandes
empresas como das PME.
Por outro lado a entrada num mercado com características diferentes – linguísticas, culturais,
religiosas, ideológicas, etc – deve ser cuidadosamente preparada, quer pela análise das
determinantes económicas, quer pela escolha do modo de entrada no mercado. Devem ser tidas
em conta também as características culturais do país alvo para que as análises e decisões
anteriormente citadas sejam correctas e eficazes.
Pretende-se nesta dissertação abordar o fenómeno internacionalização, analisar todo o processo
desde as teorias de modo de entrada no mercado, passando pelos factores que determinam a sua
selecção e também pelas circunstâncias culturais e linguísticas que condicionam essas escolhas,
nomeadamente a escolha do canal de distribuição.
Para aplicação dos conceitos teóricos, será descrita a estratégia de internacionalização da
GUIALMI – Empresa de Móveis Metálicos, SA, um dos maiores fabricantes portugueses de
mobiliário metálico para escritório. Esta empresa está no mercado há 35 anos e iniciou o seu
processo de internacionalização há cerca de 10 anos, aquando da mudança de management pelo
controlo de novos accionistas. Apostando no design e inovação, é um importante player Ibérico e
concorre com os principais players do seu sector, privilegiando a qualidade dos produtos que
fabrica e o serviço que presta aos seus clientes.
O objectivo desta dissertação é elaborar um estudo teórico, que aborde as temáticas
internacionalização, canal de distribuição e cultura.
13
A informação foi reunida recorrendo à pesquisa exploratória, ao fazer o levantamento bibliográfico
alusivo aos temas abordados e pela experiência prática sobre os temas; e à pesquisa descritiva,
expondo as características da empresa estudada, os seus objectivos e estratégias.
14
2 RELEVÂNCIA DO TEMA E OBJECTIVOS DO ESTUDO A temática da internacionalização é lugar-comum nos dias de hoje pela necessidade gritante que
as empresas têm de conseguir internacionalizar os seus produtos e marcas.
O objectivo geral é demonstrar a importância da escolha do canal de distribuição adequado ao
país de eleição para a internacionalização, tendo em conta a cultura do país alvo.
Também pretende explanar a absoluta necessidade de uma escolha consciente do modo de
entrada e do canal de distribuição, esclarecer as implicações a nível cultural e linguístico dessa
escolha e explicar a relevância do agente/distribuidor nativo do país alvo.
A estrutura do documento dividir-se-á em duas partes essenciais: a explanação teórica dos temas
e o estudo de caso.
Na primeira parte serão descritos os temas teóricos principais: internacionalização, cultura
espanhola e canal de distribuição.
Sobre a Internacionalização serão detalhados conceitos, modelos, motivações e formas de
internacionalização. Além disso serão explicados os vários factores de decisão a ter em conta e os
diversos modos de entrada passíveis de escolha na estratégia de internacionalização.
Acerca da cultura é importante desenvolver o forte regionalismo que se faz sentir no país vizinho,
que condiciona a estratégia de internacionalização de forma diferente do habitual. As diferenças
culturais, linguísticas e de ideais fazem-se sentir de região para região com uma intensidade
semelhante às de diferentes países.
Em relação ao canal de distribuição descreve-se o conceito, a sua importância e evolução e ainda
se desenvolve a questão da distribuição física que desempenha um papel essencial no canal de
distribuição.
No caso de estudo GUIALMI detalhar-se-ão os objectivos traçados para a sua estratégica de
internacionalização e a própria estratégia, analisar os desafios que se colocam actualmente à
empresa e as formas de resposta possíveis.
Actualmente a GUIALMI está a conseguir implementar a sua estratégia de internacionalização
com sucesso em Espanha, planeando numa segunda fase actuar, com a mesma importância, em
mercados como o Reino Unido e Irlanda, bem como os mercados do Médio Oriente.
15
3 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
3.1 Internacionalização
3.1.1 O Conceito de Internacionalização O conceito de Internacionalização não tem uma definição única e inequívoca, pelo que
exploraremos várias para o explicar.
Segundo Freire (1997) a internacionalização de uma empresa consiste na extensão das suas
estratégias de produtos-mercados e de integração vertical para outros países, de que resulta uma
replicação total ou parcial da sua cadeia operacional.
Meyer (1996) define a internacionalização como o processo pelo qual uma empresa incrementa o
nível das suas actividades de valor acrescentado fora do país de origem.
Por outro lado, Calof e Beamish (1995) referem que a internacionalização é o processo de
adaptação das operações da empresa (estratégia, estrutura, recursos…) aos ambientes
internacionais.
Segundo a perspectiva histórica, a Internacionalização começou com a habilidade característica
da Humanidade de viajar e explorar além-mar e além fronteiras. Este não é portanto um fenómeno
dos nossos tempos, contudo tem atingido uma dimensão, crescimento e características nas
últimas décadas que o tornam agora um fenómeno relevante que justifica o interesse renovado no
seu conhecimento.
Portugal viu passar a primeira metade do séc. XX economicamente alheio ao processo de
internacionalização, contando apenas com algumas multinacionais que resultavam do
investimento de algumas empresas em Portugal, como a Nestlé em 1933 e a Lego em 1973.
O percurso para o que conhecemos como um mercado global iniciou-se, em Portugal, com a
adesão à EFTA em 1959 e mais tarde à Comunidade Económica Europeia (agora União Europeia)
em 1986.
“O processo de integração europeia, nomeadamente a construção do Mercado Único e os
avanços no sentido da União Económica e Monetária, veio subverter a distinção tradicional entre
mercado interno e mercado externo. O mercado português deixou de estar protegido e a
competição agudizou-se, os concorrentes estrangeiros já não estando do outro lado da fronteira
mas sim à saída da nossa fábrica.” (Simões, 1997, Estratégias de Internacionalização das
Empresas Portuguesas)
16
Outros impulsionadores para o aumento do grau de internacionalização das empresas
portuguesas foram as associações empresariais (Associação Industrial Portuguesa – AIP,
Associação Nacional de Jovens Empresários – ANJE, Confederação da Indústria Portuguesa –
CIP), as câmaras de comércios e as associações de cooperação económica com os PALOP
(Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), pelas acções de incentivo à internacionalização,
em especial os fóruns e as missões empresariais.
Os alvos da internacionalização de Portugal também evoluíram bastante nas últimas décadas.
Como parte integrante da União Europeia, o processo de internacionalização começou por ser
dirigido para a zona económica Europeia mas é agora já bastante diversificado, dirigido por
exemplo à Europa de Leste, América Latina, África e Estados Unidos.
3.1.1 Teorias de Internacionalização Viana e Hortinha (2002) consideram que existem quatro grupos para abordar as várias teorias
explicativas dos processos de internacionalização: as que assentam em estádios de
internacionalização evolutivos; as que analisam a internacionalização do ponto de vista do
investimento, dos custos de transacção e da localização; as que abordam a internacionalização do
ponto de vista das redes – networks e, por último, as que interpretam a internacionalização do
ponto de vista das opções estratégicas das empresas com vista a melhorarem a competitividade e
maximizarem a sua eficiência.
Há ainda outros autores que agrupam as diversas teorias de internacionalização em dois grupos:
as teorias económicas (teorias clássicas, teoria da vantagem competitiva, teoria do desvio
tecnológico, teoria da internalização, teoria do ciclo de vida do produto e teoria eclética) e as
teorias comportamentais ou organizacionais (teoria da internacionalização de Uppsala e teoria das
networks).
Não há uma teoria que esteja indubitavelmente correcta nem nenhuma que seja redondamente
errada e por este motivo segue-se a descrição das teorias mais referidas e mais comuns.
Teorias Clássicas
Algumas das primeiras teorias a aparecer sobre o tópico da internacionalização das empresas
foram a teoria da vantagem absoluta de Adam Smith (1776), a teoria da vantagem comparativa de
David Ricardo (1817) e a teoria neo-clássica da internacionalização (também referida pelo nome
dos seus autores, a teoria Heckscher-Ohlin 1919 – 1933).
17
A primeira defende que cada país exporta os produtos sobre os quais tem vantagem absoluta em
relação à concorrência no que respeita à produtividade e aos custos. Esta teoria analisa a
especialização internacional de cada país em função dos seus recursos naturais e tecnológicos,
tendo por base dessa análise a nação.
A segunda contraria a teoria de Smith de 1776 da vantagem absoluta já que explica a
comercialização entre países exclusivamente devido à mão-de-obra – que resulta em diferentes
graus de produtividade em cada país. Por isso um dado país exporta aquilo que produz mais
eficientemente e importa aquilo que produz mais ineficientemente.
A terceira teoria declara que um país tende a internacionalizar produtos que requerem métodos de
produção dispendiosos para países menos desenvolvidos mas onde abunda a força laboral.
Comparam-se dois países, dois bens ou produtos e dois factores produtivos – o capital e a mão-
de-obra – e a vantagem reside na interacção entre os recursos e a tecnologia de cada país.
Assim, cada país exportará o produto que explore mais extensivamente os factores produtivos
mais abundantes e importará os outros produtos.
Segundo Lorga (2003) as teorias clássicas não são interessantes para explicar a
internacionalização das empresas já que a unidade de análise que estudam é a nação e nem
todas as empresas duma mesma nação partilham das mesmas características.
Teoria da Vantagem Competitiva
Michael Porter (1980) declara que existem dois tipos básicos de Vantagem Competitiva: a
liderança no custo e a diferenciação, e explica que as nações que se consigam provar como bases
favoráveis ao desenvolvimento dessas vantagens competitivas serão os alvos dos processos de
internacionalização.
No seu livro Vantagem Competitiva das Nações, Porter (1990) alargou essa análise às nações
lançando um modelo para ajudar a compreender a posição comparativa de uma nação na
competição global.
O autor defende em 1999 que a competitividade de um país depende da capacidade da sua
indústria de inovar e melhorar sendo que num país são as cidades ou regiões que têm êxito numa
determinada indústria. A influência de um país na procura da vantagem competitiva em
determinados campos é de uma importância vital para o nível e índice de crescimento da
produtividade.
O Modelo de Diamante da Competitividade relaciona quatro determinantes que modelam o
ambiente no qual as empresas competem e que promovem ou impedem, aumentam ou diminuem
a criação da vantagem competitiva:
1. Condições de Factores (como as infra-estruturas, os recursos humanos qualificados e os
recursos físicos e financeiros)
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2. Condições de procura (como as relações com o mercado global e os consumidores
sofisticados)
3. Sectores relacionados e de suporte (como os fornecedores especializados e as
associações industriais)
4. Estratégia, estrutura e rivalidade empresarial (como a promoção da inovação e
concorrência, novas empresas, acesso a clientes e fornecedores)
Além dos determinantes há ainda duas variáveis adicionais que podem influenciar o sistema: as
oportunidades (o acaso) que são os acontecimentos que fogem ao controlo das empresas e o
governo que pela sua acção sobre o sistema pode melhorar ou piorar a competitividade nacional,
dependendo de que forma as politicas do governo influenciam cada um dos determinantes.
Esta teoria tem como principal objectivo explicar a razão pela qual empresas sedeadas num
determinado país são capazes de concorrer eficazmente com rivais estrangeiras em certos
segmentos e indústrias, dado que há países que detêm vantagem competitiva em certas indústrias
e as implicações que daí derivam para a estratégia das empresas e também para a economia
nacional.
Teoria do Desvio Tecnológico
O desvio tecnológico descreve a vantagem na qual um país incorre ao introduzir um produto novo
no mercado. Recorrendo à investigação & desenvolvimento bem como ao empreendedorismo são
criados novos produtos e o país originário dessa inovação detém então o monopólio da
internacionalização do mesmo até que os outros países, que entretanto o importam, aprendam a
produzi-lo.
O período de imitação desse novo produto do ponto de vista do país importador, classifica-se
segundo Posner (1961) nas seguintes categorias:
1. Período da Reacção Internacional, que consiste no tempo decorrido entre a inovação por
parte do país de origem e a percepção por parte do país importador de que este é um
forte concorrente aos seus próprios produtos.
2. Período da Reacção Doméstica, que resulta do tempo decorrido até que todas as
empresas do país importador se apercebem da forte concorrência por parte do novo
produto
3. Período de aprendizagem até que as empresas do país importador saibam como produzir,
iniciem a produção e vendam o novo produto
Posner (1961) define o quanto um país é competitivo pelo numero de vezes que é capaz de criar
novos produtos e pelo tempo que demora a imitação do mesmo pelos concorrentes internacionais.
19
Teoria da Internalização
Os principais representantes desta teoria são Buckley e Casson (1976) e Rugman (1979) e a ideia
que representam é que as empresas têm a função de internalizar ou integrar as transacções mais
ineficientes ou mais dispendiosas realizadas pelo mercado, ou seja, tirar partido das
oportunidades geradas pelos mercados imperfeitos. Por outras palavras, as empresas
internacionalizam-se passando da exportação a processos mais complexos para que os recursos
e conhecimentos partilhados fora do país sejam propriedade exclusiva da empresa.
O tipo de operação vai desde produtos a tecnologia, formas de gestão e principalmente
conhecimento. Quanto maior a operação baseada em conhecimento, maior a probabilidade de as
internalizar, daí que haja uma tendência maior para formas de actuar no mercado internacional
mais complexas, distanciando-se assim da simples exportação.
Teoria do Ciclo de Vida do Produto
Desenvolvida por Vernon (1966) esta teoria tem por base o conceito do ciclo de vida do produto,
constituído por quatro fases: introdução, crescimento, maturidade e declínio.
Segundo Moreira (2009) esta teoria tentou integrar as ideias de Posner (Desvio Tecnológico) e
Linder (1961) que baseia a sua hipótese na procura, propondo que um país não conseguirá
vantagem comparativa na produção de um produto que não tem procura no seu próprio país.
Assim, esta teoria assenta na ideia de que as empresas desenvolvem e produzem novos produtos
de acordo com a procura do mercado nacional. Em seguida a empresa irá procurar formas para
internacionalizar o seu produto, ora pela exportação ora pela relocação da produção. Os visados
serão países similares com índices de procura idênticos. No avançar do ciclo de vida do produto e
à medida que se torna estandardizado será mais facilmente imitado pela concorrência e portanto a
competitividade redirecciona-se para os baixos custos de produção. Na fase de maturidade volta à
vantagem comparativa baseada nos custos e o ciclo tende a repetir-se para novos produtos.
Teoria Eclética (Paradigma OLI)
Dunning (1995,1998,2000) explica a internacionalização das empresas com base no investimento
estrangeiro, assumindo que depende de três factores: Ownership, Location e Internalization – OLI.
Segundo Moreira (2009) esta teoria sintetiza outras teorias para a internacionalização e
caracteriza-se pela análise de duas decisões das empresas ao internacionalizar a produção:
porquê? Para onde?
As vantagens a analisar são:
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1. Ownership advantages – vantagens específicas da empresa (marca própria, gestão,
tecnologia, conhecimento dos mercados) em relação à concorrência que lhe permite tirar
partido de oportunidades de investimento estrangeiro
2. Location advantages – vantagens inerentes e específicas do próprio país como os custos
de factores no país, a estabilidade, etc.
3. Internalization advantages – vantagens que decorrem dos mercados internos e que
permitem às empresas não concorrer nos mercados externos e dispensar esses custos
Este paradigma agrupa dados macroeconómicos e de gestão porque para definir uma teoria de
internacionalização não basta prestar atenção a um único tipo de dados. Por outro lado, as
maiores e recorrentes críticas feitas ao Paradigma Ecléctico centram-se na falta de integração dos
vários factores, pela existência de demasiadas variáveis.
Teoria da internacionalização de Uppsala
A Escola de Uppsala preconiza no seu modelo da internacionalização das empresas por Johanson
e Vahlne (1977) que as empresas tendem a internacionalizar para países psiquicamente mais
próximos, isto é, parecidos com o mercado interno para facilitar a compreensão do mesmo, e
através de uma sucessão de estágios nos quais vão gradualmente aumentando o volume e a
irreversibilidade dos investimentos no estrangeiro.
As investigações dos dois autores deste modelo concluíram que as empresas iniciam o processo
de internacionalização pela exportação directa ocasional; em seguida formalizam a sua presença
através de intermediários, normalmente agentes que representam a empresa no dito mercado;
substituem a representação dos agentes pelas suas próprias subsidiárias de vendas locais e
acompanhando o crescimento das vendas estabelecem a produção local eliminando assim as
barreiras comerciais que pudessem existir.
Johanson e Vahlne (1977) nomeiam a sucessão dos estágios como Establishment Chain
(ilustração 1), que descreve o comportamento das empresas que seguem o modelo da escola
Uppsala. Esta cadeia demonstra os estágios que as empresas seguem no seu processo de
internacionalização, à medida que aumentam o conhecimento e envolvimento da empresa no
mercado alvo.
21
O verdadeiro investimento surge apenas no terceiro estágio da Establishment Chain, já que
envolve a criação de uma subsidiária de vendas da empresa no país alvo, para tratar das vendas
directamente – normalmente um anterior agente.
O mecanismo básico da internacionalização (ilustração 2) ilustra as variáveis nas quais assentam
os estágios propostos nesta teoria.
Ilustração 1 – Establishment Chain
Fonte: www.provenmodels.com baseado em Jan Johanson e Jan-Erik Vahlne (1977)
Ilustração 2 – Mecanismo Básico da Internacionalização: Variáveis de Estado e Mudança
Fonte: Jan Johanson e Jan-Erik Vahlne (1977)
22
Segundo Johanson e Vahlne (1977) as empresas mudam por factores que derivam das operações
e actividades que levam a cabo nos mercados estrangeiros e também das decisões de
envolvimento que tomam para fortalecer a sua posição nos ditos mercados. Por outro lado, a
experiencia de uma empresa desenvolve o conhecimento do mercado que influencia as decisões
acerca do nível de envolvimento que esta mantém no mercado e subsequentemente as
actividades mudam e o nível de envolvimento vai evoluindo.
Trata-se de uma teoria comportamental que assumiu que à medida que o envolvimento no
mercado e conhecimento do mesmo crescem, desde que haja perspectivas e performance
favoráveis, a empresa irá arriscar num estádio potencialmente mais compensador.
Com o crescimento do mercado global, este modelo falha pois parte do princípio que as empresas
irão, como consequência do seu crescimento, percorrer os estágios com crescente envolvimento e
não põe a hipótese de as empresas saltarem etapas ou partirem eventualmente para a última. Por
outro lado não toma em conta os factores externos como a concorrência e as oportunidades de
mercado.
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Teoria das Networks
Considerada uma evolução natural do pensamento da Escola Nórdica de Uppsala, surge por
Johanson e Mattsson (1988), como o modelo de internacionalização de Uppsala adaptado, na
medida em que o ambiente económico, o comportamento das empresas e a fronteira da
investigação mudaram radicalmente.
Os autores consideraram que havia agora muitos conceitos e perspectivas que não existiam
quando propuseram o modelo da internacionalização das empresas (modelo de Uppsala) e
desenvolveram a visão das networks industriais ao explorar as suas implicações no anterior
modelo.
A teoria das redes ou networks contribuiu para reduzir a distância psíquica na medida em que os
mercados são descritos como um sistema de relacionamento social e industrial entre clientes,
fornecedores, concorrentes, centros de I&D. A internacionalização é definida pela premissa de que
as empresas estabelecem e desenvolvem relações com intervenientes em diferentes redes.
Segundo Johanson e Vahlne (2009), o modelo das networks assenta em dois novos grupos de
variáveis, as de estado e as de mudança (ilustração 3). As variáveis relacionam-se e afectam-se
porque se considera agora que a internacionalização ou o sucesso na mesma depende do êxito
nas relações que esta estabelece com os intervenientes das networks em que opera, criando
oportunidades, melhorando a sua posição na rede, aprendendo, criando, construindo relações
duradouras e de confiança e tomando decisões baseadas no envolvimento desenvolvido não só
nos mercados em que opera mas também nas networks.
De acordo com este modelo as empresas dirigem-se para onde existem ou surgem oportunidades,
ao contrário do modelo de Uppsala que predizia a criação de unidades de produção internacionais
Ilustração 3 – Modelo do Processo de Internacionalização de uma Rede
Fonte: Jan Johanson e Jan-Erik Vahlne (versão 2009)
24
como o derradeiro estágio no processo de internacionalização de uma empresa. Outra
possibilidade será a internacionalização para um mercado onde um dos intervenientes da sua rede
já detenha uma forte presença.
Acerca do inicio do processo nesta teoria, os autores acreditam que será arbitrário – fundação da
empresa, a primeira internacionalização, um relacionamento especifico com um interveniente da
sua network – e que a explicação se encontra nas variáveis de estado, como o conhecimento, a
confiança e o envolvimento estabelecidos no interior da rede.
Segundo Johanson e Andersson (1997) a internacionalização deixa de ser somente uma questão
de mudar a produção para o estrangeiro e passa a ser interpretada como a exploração de
potenciais relações além-fronteiras.
Neste modelo foram, à imagem do anterior modelo da escola nórdica, identificados estágios de
internacionalização. Johanson e Mattsson (1988) exploram a tipologia do grau de
internacionalização e categorizam-no segundo o ambiente circundante e o nível de
desenvolvimento da network.
O Early Starter tem um baixo grau de internacionalização e o tamanho e determinação da
empresa desempenham um papel essencial; o Lonely International já adquiriu um elevado grau de
internacionalização ao contrário da sua rede; o Late Starter sofre uma desvantagem
comparativamente aos concorrentes pois o menor conhecimento do mercado dificulta o
posicionamento numa rede estruturalmente internacionalizada; o International among others lidera
o mercado e está inserido numa rede global interdependente.
Ilustração 4 – Internacionalização e o modelo das Networks
Fonte: Johanson e Mattson (1988)
25
Teoria Born Global
Estudos recentes demonstram e debatem explicitamente que o fenómeno born global contradiz o
processo gradual de internacionalização de Uppsala, bem como a grande maioria das teorias para
a internacionalização das empresas, pois sugerem que a internacionalização é um processo que a
empresa inicia com grande esforço financeiro, apesar da distância psíquica, e caracterizam-no
como um percurso lento e imutável para o desenvolvimento.
O mercado tem negligenciado as empresas born global que muitas vezes vendem o seu primeiro
produto no mercado internacional, considerando o mercado nacional como tendo menor
importância para a sua actividade (ao contrario do processo de internacionalização de Uppsala). A
sua actividade internacional pode caracterizar-se no entanto por etapas, como a empresa comum,
e gradualmente intensificando o envolvimento internacional pelo seu modo de operar em
mercados estratégicos.
Não há ainda uma definição exacta para este fenómeno apesar de frequentemente serem
referidos os trabalhos de McKinsey (1993 apud Rasmussen, E. e Madsen, T. (2002)) e de
Cavusgil (1994 apud Rasmussen, E. e Madsen, T. (2002)). O primeiro conduziu uma pesquisa
para o Australian Manufacturing Council, focada em empresas exportadoras emergentes – com
crescimento nos seus índices de exportação nos anteriores 5 anos – realizada através de
inquéritos e entrevistas, onde se apercebeu da existência de um novo tipo de exportadores que
não viam a exportação e o mercado global como um mal necessário. Pelo contrário, encaravam o
mundo como um único e grande mercado. Estas novas empresas eram responsáveis por 20% dos
índices de exportação do país e representavam 25% das empresas analisadas na pesquisa de
McKinsey.
Cavusgil publicou o primeiro artigo académico acerca das empresas born global em 1994 e
interpreta o trabalho de McKinsey da seguinte forma:
“There is emerging in Australia a new breed of exporting companies, which contribute
substantially to the nation's export capital. The emergence of these exporters though not
unique to the Australian economy, reflects 2 fundamental phenomena of the 1990s: 1.Small
is beautiful. 2.Gradual internationalization is dead.” Cavusgil (1994, p.18 apud Rasmussen,
E. e Madsen, T. (2002))
O próprio McKinsey (1993 apud Rasmussen, E. e Madsen, T. (2002) conclui que estas empresas
vêm o mundo como o seu mercado desde o começo e encaram o mercado doméstico como apoio
às suas actividades internacionais.
26
3.1.2 Motivações para a Internacionalização Existem diversas razões que motivam a internacionalização das PME's, o que só por si, será um
indicador da existência de várias abordagens à forma como iniciam esse passo. Um dos motivos
mais frequentes é o desejo de crescer através da conquista de novos mercados que possam ser
mais atraentes. As empresas expandem o seu raio de actuação através da exportação ou criando
subsidiárias ou joint-ventures nos mercados de interesse. A necessidade de obter know-how ou ter
acesso a novas tecnologias para se manter competitiva pode ser um factor determinante para a
internacionalização de uma empresa. Para cada objectivo estratégico delineado pela empresa é
necessário optar entre os vários processos de internacionalização.
O primeiro passo no sentido de começar o processo de internacionalização é delinear uma
estratégia. As oportunidades nos mercados estrangeiros influenciam o desejo de
internacionalização mas apenas funcionam como estímulo caso a empresa tenha os recursos
necessários para entrar no mercado alvo. Podem ser consideradas duas grandes motivações que
impelem uma PME para a internacionalização: motivações proactivas e motivações reactivas
(Cavusgil, (1982) apud Cavusgil 1990)). Aquando a definição da estratégia de internacionalização
é essencial que a empresa saiba quais as motivações que mais influenciam a sua decisão para
que possa explorar de forma eficiente as oportunidades de mercado existentes.
Motivação proactiva
As motivações proactivas indicam que a opção da empresa em internacionalizar é influenciada
sobretudo por factores internos: vantagens competitivas a nível de lucros, tecnologia, unicidade,
informação privilegiada, economias de escala.
Motivação reactiva
Uma empresa reactiva opta pela internacionalização como resposta às pressões internas e
externas do mercado, ou seja, à concorrência. Os factores implícitos nesta motivação passam pelo
excesso de capacidade produtiva, saturação do mercado doméstico, proximidade dos seus
clientes.
Viana e Hortinha (2002) sugerem ainda 6 grandes razões que levam empresas sem qualquer
tradição internacional a procurar mercados externos, especialmente numa era de concorrência a
nível global:
1. Aumentar as vendas
27
2. Redução de custos através de sinergias - o aumento de vendas resultante da presença
em vários mercados pode originar uma produção mais eficiente e eficaz, reduzindo custos
e aproveitando as economias de custo.
3. Partilha de Risco - a diversificação dos mercados e produtos torna as empresas menos
vulneráveis
4. Colaboração - entre empresas e o poder local.
5. Domínio de mercados - muitas vezes por uma questão de imagem e dificultar a ocupação
da concorrência, mesmo que financeiramente não seja vantajoso.
6. Vantagens absolutas - relacionadas com o controlo de recursos únicos, como o petróleo
ou minérios, por exemplo.
3.1.3 Factores de Decisão
3.1.3.1 Porquê internacionalizar
Segundo Kotler (1996) a empresa toma a decisão de internacionalizar quando tem excesso de
produção e necessita de vender os seus produtos noutros mercados ou quando o exportador
doméstico, o importador estrangeiro ou o governo solicitem à empresa vender para outros países.
Para internacionalizar a empresa deve ter em conta um vasto conjunto de factores internos e
externos que podem condicionar a sua presença ou mesmo a forma de entrada no mercado
internacional.
Viana e Hortinha (2002) aconselham a empresa a proceder a um diagnóstico estratégico, que não
se trata de nada mais do que uma espécie de radiografia da situação actual, e ainda a identificar
os recursos e competências que são necessárias à internacionalização da sua actividade. O
primeiro passo desenvolve-se numa análise interna e externa da empresa identificando pontos
fortes e fracos, ameaças e oportunidades para concluir numa reflexão estratégica e identificar a
massa crítica. Os factores a analisar são relacionados com:
Nos Factores internos: qualidade, preços, prazos de entrega, canais de distribuição,
grau de conhecimento dos diversos mercados externos, organização interna da empresa,
capacidade de inovação e adaptação e aspectos relacionados com recursos humanos e
capacidade financeira.
Nos Factores externos: política estatal, acesso ao crédito, intensidade concorrencial,
situação económica, regulamentação e grau de proteccionismo nos mercados alvo.
Os autores enfatizam no entanto que embora este diagnóstico caracterize a situação da empresa
num determinado instante, deve esperar que no futuro a empresa encontre soluções para os
pontos fracos evidenciados.
28
Freire (1997) distingue, por sua vez, três grupos importantes de factores a considerar quando uma
empresa tem intenção de se internacionalizar:
Factores Comerciais: como a dimensão do mercado, a taxa de crescimento dos
rendimentos, as redes de distribuição, o nível de preços e os hábitos de consumo
Factores Operacionais: como a regulamentação legal, a possibilidade de repatriação dos
fundos, a transferência de práticas de gestão, a burocracia, os custos, a disponibilidade de
recursos locais e as barreiras à importação.
Factores de Risco: o risco cambial, político e competitivo
Aquando da tomada de decisão de internacionalizar a empresa deve, portanto ter em conta uma
diversidade de factores internos e externos, que diagnostiquem a empresa, o meio envolvente e o
mercado alvo, para então ser capaz de proceder à escolha dos modos de entrada mais eficazes
no mercado que pretendem explorar.
3.1.3.2 Para onde internacionalizar
A selecção do mercado alvo é uma decisão fundamental no percurso de internacionalização de
uma empresa. Existem critérios pré-definidos para a avaliação do mercado mais receptivo à
exportação de uma dita empresa, como o processo de identificação sistemática, mas na
generalidade a escolha esta relacionada com uma identificação oportunista dos mercados. Esta
pode resultar de uma encomenda ou consulta ocasional, como de uma influência governamental
ou associativa, como as missões empresariais promovidas pelo ICEP ou outras associações,
assim como a participação em feiras ou a recolha da identificação de possíveis parceiros
recolhidas nas mesmas pelas ditas associações.
A visão oportunística recai sobre a proximidade geográfica, como o modelo de Uppsala prevê,
pela reduzida distancia psíquica verificada por exemplo em países vizinhos como Portugal e
Espanha. Esta proximidade deverá diminuir o grau de incerteza e risco, dado que a empresa
conhecerá as características do mercado e este é similar ao mercado doméstico pelo que não é
necessário adaptar o produto nem descobrir novos distribuidores.
Quando a empresa se encontra numa fase mais avançada de internacionalização a selecção dos
mercados será decidida então mediante uma identificação sistemática. Segundo Viana e Hortinha
(2002) os factores a considerar para determinar a atractividade de um mercado, além do supra-
mencionado, são: o potencial do mercado, o tipo de concorrência existente e a acessibilidade.
Este último factor traduz-se nos seguintes aspectos:
1. Facilidade de transferência de fundos
2. Problemas cambiais
3. Localização geográfica
29
4. Facilidade em encontrar agentes e canais de distribuição disponíveis
5. Factores políticos, económicos, culturais ou ainda relacionados com o produto
Ainda Viana e Hortinha (2002) consideram que o processo de escolha do mercado deve ter em
atenção os factores externos à empresa, como as envolventes nos diferentes mercados, e os
internos tais como a dimensão da empresa, os seus objectivos e as suas estratégias e politicas de
marketing internacional. A dimensão naturalmente permite ou impede o recurso a um processo
sistemático de escolha de mercados, já que as pequenas empresas serão provavelmente mais
impelidas a optar pela escolha oportunística de mercados. Acerca dos objectivos destacam-se o
retorno dos investimentos em forma de lucros a curto e longo prazo; a quota de mercado; a
aprendizagem e aquisição de experiencia nos mercados mais desenvolvidos; impedir ou dificultar
a entrada dos concorrentes e a imagem.
Normalmente a empresa procura conseguir lucros importantes num ou dois mercados críticos
dentre os quais o seu mercado doméstico e adoptar para os mercados emergentes com
concorrência mais intensa, objectivos de quota de mercado e de equilíbrio competitivo.
De acordo com Dias (2005) é necessário efectuar uma analise das condições económicas e
politicas, bem como das características culturais de cada nação antes de tomar decisões acerca
do mercado alvo.
Em certas situações verifica-se uma evolução da escolha oportunística para a sistematizada, em
empresas que iniciam a sua internacionalização através da primeira, mas no entanto em vez de
avaliarem uma oportunidade específica de mercado, comparam-na com a possibilidade de entrada
noutros mercados em que ainda não estão presentes, segundo Viana e Hortinha (2002). Esta
comparação (ilustração 5) é similar ao critério de escolha sistematizada.
30
Ilustração 5 – Evolução do critério Oportunístico para o critério Sistematizado
3.1.4 Modos de Entrada
A escolha adequada do modo de entrada correcto é essencial e determinante, dado que uma má
decisão neste aspecto é provável que acarrete prejuízos e pode dar uma imagem desfavorável
nos potenciais consumidores, prejudicando assim o potencial de vendas da empresa.
Esta escolha é o passo seguinte quando uma empresa já decidiu internacionalizar a sua
actividade e já seleccionou o mercado alvo. As alternativas são apresentadas segundo a
perspectiva de Viana e Hortinha (2002) que referem que as alternativas são geralmente agrupadas
segundo critérios baseados em:
Investimento, proposto por Leersnyder (1986)
Local de produção: Produção no país de origem da empresa e subsequente exportação
ou produção no país de destino através da contratação ou investimento directo, proposto
por Sarathy e Terpstra (1999)
Fonte: Frank Bradley (2002) International Marketing Strategy, Prentice Hall
31
Os modos de entrada ilustrados abaixo estão divididos conforme o primeiro critério: Investimento
(ilustração 6) e o segundo critério: Local de produção (ilustração 7).
Ilustração 6 – Classificação das formas de acesso de acordo com o grau de envolvimento internacional e o grau de controlo sobre as operações
Fonte: Jean-Marc de Leersnyder (1986)
Fonte: Ravi Sarathy e Vern Terpstra (1999)
Ilustração 7 – Classificação das formas de acesso de acordo com o local de produção
32
Outra perspectiva de agrupamento dos modos de entrada é sugerida por Freire (1997) e consiste
em dividi-los em transacções, investimento directo e projecto.
Exportação Indirecta
Frequentemente não representa uma decisão por parte da empresa, mas no entanto a exportação
passiva ou indirecta pode acontecer.
Na primeira o comprador desloca-se à empresa e compra ou encomenda o produto que vai então
importar. Na segunda processa-se por intermédio de outra empresa sedeada no mesmo país que
irá por ela exportar os produtos. Estas podem ser, segundo Dias (2005):
− Representantes
− Tradings
− Empresas comerciais exclusivamente exportadoras
− Empresa comercial que opera no mercado interno e externo
− Comissário importador
− Export management company
− Consultores de exportação
− Agente de vendas
− Outra empresa do grupo
− Broker
− Agente de compras
− Consórcio de exportadores
Este modo de entrada permite às empresas adoptar uma postura totalmente alheia à exportação e
ao comércio internacional dos seus próprios produtos, dando à exportação indirecta um carácter
quase igual à venda doméstica.
Exportação Directa
Este processo implica que a empresa tem conhecimento de todo o processo de exportação, e
resume-se à venda do fabricante a um distribuidor estrangeiro ou até mesmo ao consumidor final.
Assim, o exportador controla o processo para atingir os seus objectivos, tem conhecimento dos
riscos e todo o procedimento de venda e expedição.
As principais formas de exportação directa a considerar, segundo Dias (2005) são:
− Vendedor directo
− Piggy back
− Rock Jobbing
− Vendas pelo correio
− Distribuidor
− Agente no exterior
− Jobber
33
− Associação de exportadores
A exportação directa traz normalmente maiores volumes de vendas que a indirecta, maior controlo
e acesso a informação directa sobre o mercado, muito útil já que a empresa é responsável por
todo o processo.
Licenciamento
Esta forma de entrada prevê um contrato entre a empresa produtora e outra empresa no país de
destino, em que a primeira autoriza à segunda a fabricação de um produto e cede as patentes, o
copyright, a marca e o know-how do produto ou processo de fabricação do mesmo, Em troca a
empresa licenciadora recebe uma compensação financeira – royalty.
Álvaro Lopes Dias (2005) insere no licenciamento os seguintes:
− Franchising
− Subcontratação internacional
− Contrato de fabricação
− Controlo de gestão
Joint Venture e Alianças Estratégicas
Nos mercados externos uma firma junta-se, normalmente, a outras no mercado de destino ao
participarem no capital de uma entidade juridicamente independente, sobre a qual partilham
investimentos e lucros, bem como os riscos.
Estas alianças acarretam vantagens, tais como maiores lucros a longo prazo, menor investimento,
maior controlo da produção e marketing, melhor coordenação dos pontos fortes da cadeia de
valor, maior aproximação e conhecimento do mercado e maior experiência de marketing
internacional. No entanto também trazem desvantagens como maior investimento de capital e
recursos humanos, partilha do lucro, possibilidade de o parceiro vir a ser um concorrente e o risco
de diferentes estratégias, culturas e prioridades entre os sócios.
Investimento Directo
Normalmente uma empresa que já acumulou experiência com a exportação ou licenciamento,
decide investir directamente e cria ou adquire uma filial de vendas ou um centro produtivo.
Segundo Viana e Hortinha (2002) e Dias (2005), a investimento directo traz vantagens de entre as
quais a melhor adaptação do produto às exigências locais, maior rapidez e eficácia no serviço ao
cliente e uma relação mais próxima com o mercado. Os problemas desta forma de entrada são
exigir montantes superiores de financiamento, aumentar a complexidade organizacional e expor
mais ao risco.
34
3.2 Cultura espanhola
3.2.1 Cultura
Para poder compreender a cultura de um dado País ou região deve, antes de mais, considerar-se
o significado de cultura.
A palavra cultura provém do latim cultura que significa cultivar os solos, cuidar.
Cultura é o conjunto dos conhecimentos adquiridos que contribuem para a formação do indivíduo
enquanto ser social; o conjunto de costumes, de instituições e de obras que constituem a herança
de uma comunidade ou grupo de comunidades e ainda um sistema complexo de códigos e
padrões partilhados por uma sociedade ou um grupo social e que se manifesta nas normas,
crenças, valores, criações e instituições que fazem parte da vida individual e colectiva dessa
sociedade ou grupo.
Existem várias abordagens ao significado de cultura, já que esta tem níveis diferentes de
importância, relevância e interacção em diversas áreas e ideologias como o romantismo, a
antropologia e a constituição.
Abordagem romântica
O romantismo alemão lembra-nos uma concepção muito ingénua através do conceito de
Volksgeist, em português o Espírito do Povo, que glorifica os particularismos e identifica a cultura
como a expressão, na sua singularidade irredutível, do espírito de cada povo. Este conceito parte
do principio que o povo partilha um espírito comum, definido pela sua cultura. Esta visão foi
amplamente ultrapassada com o avançar, por exemplo, do estudo antropológico da cultura.
Abordagem antropológica
Do ponto de vista antropológico, Tylor (1871) começou por definir cultura como um conjunto
complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as
outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade. O
antropólogo inglês é considerado o pai do conceito moderno de cultura e acredita que a cultura é
caracterizada pela sua dimensão colectiva e expressa a totalidade da vida social do homem.
Abordagem Constitucional
Na Constituição Espanhola de 1978 fala-se de povo espanhol, mas também dos povos de
Espanha; fala-se de nação espanhola e no entanto distinguem-se nacionalidades e regiões. Este
documento alude num momento à protecção das culturas dos distintos povos de Espanha e
seguidamente à promoção do progresso da cultura. A noção constitucional de cultura, segundo
Pedro (2004), consiste num sistema escalonado em que o primeiro escalão será o pluralismo
cultural e o segundo a cultura comum espanhola.
Da constituição depreende-se mais do que a ideia de uma comunidade global, como a unicidade
cultural, conceito que pretende ser integrador da diversidade cultural primária de Espanha.
35
Segundo Tajadura (1998) a complexidade inerente ao cariz polissémico do termo cultura gera uma
ambiguidade que se explica pelas circunstâncias históricas em que se elaborou a Constituição.
3.2.2 Espanha Espanha é uma potência europeia que data de 1492, a sua capital é a cidade de Madrid e a sua
estrutura política assenta numa monarquia constitucional.
Tem uma área total de 505.370 km2 o que a posiciona no 51º lugar na lista dos maiores países do
mundo. No entanto é moderadamente povoado pelo que ocupa o 32º lugar desta lista com
40.525.002 habitantes. A divisão territorial faz-se em 17 comunidades autónomas: Andaluzia,
Aragão, Ilhas Baleares, Ilhas Canárias, Castela-La Mancha, Castela y Leão, Catalunha,
Comunidade Valenciana, Extremadura, Galiza, La Rioja, Madrid, Múrcia, Navarra e País Basco; e
duas cidades autónomas: Ceuta e Melilla.
A moeda oficial é o Euro, a religião predominante é a Católica e a língua oficial o castelhano.
É ainda caracterizada como a 12ª economia mundial dado que após a revolução industrial, não
tendo sido capaz de a acompanhar ao mesmo ritmo, colocou-se política e economicamente atrás
do Reino Unido, da França e da Alemanha.
Manteve-se neutra nas duas guerras mundiais mas sofreu com uma desgastante guerra civil
(1936-39), após a qual realizou as primeiras eleições democráticas livres e aderiu a União
Europeia e consequentemente à moeda única, factores que aproximaram a Espanha aos padrões
europeus.
Ilustração 8 – Mapa de Espanha por Comunidades Autónomas
Fonte: Factbook CIA
36
É um país considerado campeão global da liberdade e dos direitos humanos apesar de se
continuar a bater com a organização terrorista basca ETA (Pátria Basca e Liberdade)
O sucesso económico permitiu durante 16 anos aumentar ininterruptamente o PIB e manter baixas
taxas de desemprego e défice. Actualmente é um dos países da Europa mais afectados pela
recessão global e é esperado que seja um dos últimos a emergir da mesma.
O recesso no crescimento do país que se verificou nos últimos anos foi devido maioritariamente ao
declive da construção, sector que tinha sido o motor económico, verificado na produção excessiva
de habitação provocado pela queda do consumo; e principalmente na descida vertiginosa das
exportações.
Fusi (2000) lembra como se formou a imagem romântica de Espanha, criada pelos franceses e
ingleses viajantes e escritores que por ali passavam: País oriental, embruxado, apaixonado, de
paisagens agrestes e atormentadas, folclore único e costumes pitorescos… mistura de exotismo
oriental, paixão dramática e patetismo religioso.
3.2.3 Nacionalismos Periféricos O sentimento de nacionalismo relaciona-se indissociavelmente do sentimento de identidade
nacional.
O conceito de identidade é inerente ao pensamento humano e resume-se à tomada de
consciência da singularidade do eu pessoal e colectivo em relação ao outro.
O contraste entre esta oposição e os elementos diferenciadores de um dado grupo, como a
cultura, a etnicidade, o espaço, o tempo, as normas, os valores e os comportamentos explicam a
identidade nacional. Esta é ainda definida pelo princípio aristotélico de que uma pessoa ou grupo
tem necessidade de recorrer a uma estrutura própria que lhe sirva de base para o seu devir
Ilustração 9 – Variação Produto Interno Bruto Espanha e UE
Fonte: Instituto Nacional de Estadística
37
histórico. É um conceito e sentimento que advém de factores morais, afectivos, emocionais e de
afirmação e consciência do eu pessoal e colectivo, intimamente ligados.
Como uma percepção racionalizada do sentimento de identidade nacional surge a consciência
nacional que, segundo Frei João Ferreira (1965, apud Marchueta, 2002) é “a consciência histórica
de uma comunidade com os mesmos laços íntimos; da consciência do seu ser colectivo, da sua
unidade psíquica, da sua alma, condensada na índole comum do pensamento, do sentimento e de
aspirações, …consciencializada, a nação cultural adquire una personalidade que a caracteriza,
torna-se quase uma pessoa…”
No séc. XVIII, com a desacreditação do poder soberano, surge a nação caracterizada pelo
liberalismo como o progresso pois edificava-se através da assimilação de comunidades e povos
mais pequenos noutros maiores, continuando no entanto a derivar do sentimento nacional de
pertença a uma comunidade específica. A nação é vista como uma entidade autónoma e original
onde se agrupam o passado, presente e futuro, os factores políticos, sociais, culturais e territoriais.
É por isso considerada como a base da soberania política.
Em 1815 a Conferencia de Viena declara “o direito das nações se organizarem politicamente como
Estados soberanos” e aparece assim o Estado-Nação. Garner (2009) descreve o Estado como
uma comunidade soberana, politicamente organizada para a prossecução de fins e necessidades
comuns. Para Freitas do Amaral (1984, apud Marchueta, 2002) o Estado é uma comunidade
constituída por um povo que, a fim de realizar os seus ideais de segurança, justiça e bem-estar, se
assenhoreia de um território e nele institui, por autoridade própria, o poder de dirigir os destinos
nacionais e de impor as normas necessárias a vida colectiva. Estas visões de Estado fazem
perceber que o principal impulsionador para a criação dos estados foi o nacionalismo, aliando ao
poder político as particularidades e sentimento de pertença a uma determinada comunidade.
As fronteiras das nações sem Estado são constituídas pela língua, a cultura, a etnicidade ou pela
própria história singular da comunidade nacional. Para Marchueta (2002) as noções de identidade
nacional e de nação são interpretadas e recriadas, em benefício da nação, colocando nos
nacionalismos a função de reconstruir a história.
Os nacionalismos periféricos começam a surgir em finais do séc XIX e resultam por um lado do
desenvolvimento capitalista e por outro lado da diversidade ideológica, cultural e institucional.
Em meados da década de 60 foi quando ressurgiram na cena política de alguns países
desenvolvidos movimentos nacionalistas regionalizados ou grupos políticos que constituem um
fenómeno do séc. XX e, alem disso, um grande desafio a dois pressupostos políticos básicos – a
integração e convicção de que o conceito de classe teria sido substituído irreversivelmente e
também os vínculos primários de associação e identificação étnica, religiosa, histórica, cultural e
linguística de uma comunidade.
Segundo Marchueta (2002) este ressurgimento deve-se a factores como:
− Um desenvolvimento económico desigual
− Percepções de privação relativa
− Sentimentos de jugo de colonização interna
38
− Modernização diferencial
− Efeitos políticos da pós-industrialização
− Consequências dos chamados agravos comparativos
Em parte também se explicam os movimentos políticos nacionalistas pelo sentimento de
pertencerem a uma região periférica marginal, pelas prioridades da população em geral e pelos
dirigentes políticos dominantes, controladores das instituições políticas e económicas da
sociedade.
Abaixo descrevem-se os nacionalismos com mais expressão na sociedade espanhola, reforçando
as características que os definem e a transmissão dos mesmos na cultura do país.
O Nacionalismo Basco
Apesar do pequeno espaço geográfico que o constitui, o País Basco é detentor de uma enorme
diversidade orográfica que constitui a base do nacionalismo basco.
Esta diversidade provém da divisão existente entre as províncias originárias do País Basco, das
quais duas delas pertenceram ao estado francês e as restantes ao estado espanhol. Apesar da
divisão, a persistência de uma identidade comum em todo o território prevaleceu. A língua basca
permanece com as mesmas raízes, as actuais demarcações das províncias mantêm-se iguais às
antigas zonas tribais e os elementos étnicos do povo basco permanecem inalterados dada a
escassa penetração da influência latina – as províncias bascas foram as menos romanizadas de
todo o sudoeste europeu. Esta pequena influência não se deveu por falta de tentativa mas pela
situação periférica do País Basco e pelas dificuldades naturais dos territórios bascos.
No séc. XIX, segundo Marchueta (2002) experienciaram-se no território basco sucessivas
dualidades, confrontos e contradições, tais como: carlistas/liberais, católicos/ateus e agnósticos,
clericalismo/anti-clericalismo, modernidade/imoralidade, sociedade tradicional/progresso e
foralismo/centralização.
Sabino Arana sintetizou as dicotomias acima e criou uma ideologia nacionalista, baseada na raça,
língua e religião, que impulsiona uma reacção de carácter mítico. O eixo central desta ideologia é
a renovação de pressupostos políticos pré-existentes. O nacionalismo basco define-se então por
oposição a elementos que lhe são estranhos, como mecanismo de identificação étnica, tal como
refere Marchueta (2002) à imagem de uma Espanha, modelo de vícios, perversões e encarnação
do mal, contra a qual havia de ressaltar e fazer prevalecer as históricas virtudes morais, éticas e
sociais do povo basco.
Em vésperas do começo da Guerra Civil espanhola, a hegemonia do partido fundado por Sabino
Arana (PNV) que lhe concedia influência e pressão leva a que seja aprovado o Estatuto Basco de
Autonomia.
Em finais do séc. XIX, após a derrota na Guerra Civil, o resultado foi a submissão a um governo
ilegítimo e perda do regime foral, da autonomia política e a da liberdade de utilização dos símbolos
da nação basca. No entanto, não tardam a ressurgir os nacionalismos e a situação de crescimento
39
económico vivida no País Basco contrasta com a pobreza no resto de Espanha e confirma o
sentimento de superioridade da população basca. A natureza do nacionalismo basco mantém-se
inalterada e potencia-se na resistência ao franquismo, na clandestinidade, nos laços afectivos e
simbólicos bem como nos traumas e na violência. Continua a ser o símbolo da luta de um povo
pela sua libertação e também o instrumento de coesão, integração, esclarecimento, identificação e
mobilização.
Fusi (1998) distingue no início do séx. XX a cultura vasco-espanhola e a cultura etno-euskaldún na
“demanda social de cultura” que se traduziu na criação de novos jornais e na aparição de um
número notável de escritores, pintores, eruditos e arquitectos. São ainda criadas instituições
decisivas para o fomento da cultura basca como a Sociedade de Estudos Bascos e de
Euskaltzaindia e a Academia da língua Basca através do estudo da pré-historia, da etnologia, da
antropologia e da mitologia do primitivo povo euskaldún. Apesar disso, a hegemonia da cultura
vasco-espanhola na produção cultural é evidente e natural, reconhecida até pelo nacionalismo
basco, não sendo no entanto alheia aos feitos bascos que são descritos pelos escritores, pintores
e arquitectos: paisagens e cenários singulares, guerras civis, vidas sombrias, heróis populares e
românticos, aventureiros, cabecilhas carlistas ferozes e crimes obscuros.
O sentimento de nacionalismo evidenciado acima, pela história da sua aparição e presença no
seio do Estado espanhol, continua forte nos dias que correm e mantém os pilares fundamentais
que o fizeram nascer: a diferença pela língua, o desenvolvimento económico, a geografia
periférica e a politica nacionalista criada na transição para a democracia.
A língua basca, o euskera, é uma das línguas oficiais desta comunidade autónoma, a par do
castelhano. Não deriva do latim, ao contrário das restantes línguas ibéricas, e é hoje a língua mais
antiga falada na Europa.
Apesar da escassa extensão territorial, a economia basca concentra um grande volume de
indústrias e é uma das regiões mais ricas de Espanha. Atingiu em 2004, segundo relatórios da
ONU, um dos mais altos índices de Desenvolvimento Humano, imediatamente atrás da Noruega e
Islândia, num estudo que mede o bem-estar social e progresso de quase todos os estados do
planeta. Este estudo compreende como referências a esperança média de vida da população, a
taxa de alfabetização de adultos, a matrícula nos diferentes níveis de ensino e o nível de renda da
população.
A opção política maioritária foi, desde a transição democrática até 1 de Março de 2009, do
nacionalismo basco em diversas vertentes.
O País Basco dispõe ainda de uma polícia própria, a Ertzaintza, que trata de todas as diligências
excepto a luta antiterrorista. A presença da Guarda Civil e da Policia Nacional é bastante escassa.
40
O Nacionalismo Catalão
O nacionalismo catalão surge como a expressão da singularidade histórica, cultural e linguística,
com características defensivas dos atributos de personalidade diferenciada da Catalunha. Afirma-
se como catalanismo e rejeita a designação de nacionalismo. Aparece como consequência das
necessidades das sociedades industriais modernas que requerem, como colocou de manifesto
Gellner (1983), uma cultura homogénea, completa e alfabetizada, dentro do território de Estado
para garantir eficácia de um sistema de produção em permanente progresso.
O catalanismo percebe-se como, segundo Herrero de Minon e Roca i Junyent (1994 apud
Marchueta, 2002), a defesa e reforço da identidade nacional da Catalunha bem como o movimento
renovador e transformador das velhas e arcaicas estruturas do Estado.
O hecho diferencial catalão protege os elementos diferenciais da Catalunha como a história, a
cultura, a língua, os costumes, o direito e uma sociedade tendencialmente estruturada,
desenvolvida e moderna. A sociedade catalã tem sido descrita como estruturada, culta, laboriosa,
com espírito associativo, bem como mais europeia, moderna e avançada quando comparada com
o resto de Espanha, por Alvarez (1994) e Hernandez (1985).
Os pontos mais evidentes do hecho diferencial catalão são a industrialização e o desenvolvimento
do comercio, mas é a língua o elemento configurador de identidade nacional facilmente
apreensível e assimilável pela população geral, o que o torna portanto o símbolo máximo de
expressão do nacionalismo catalão. É bastante distante dos nacionalismos com base política,
conservadores e obscurantistas.
É nesse sentido, reconhecida a importância da língua catalã, que a Mancomunidad da Catalunha
– que coordena as quatro Diputaciones Catalanas, uma das quais foi presidida por Prat de la Riba
– criou o Instituto de Estudos Catalães e a Biblioteca da Catalunha com a intenção de desenvolver
uma língua moderna, apta para possibilitar o funcionamento de uma sociedade avançada em
permanente renovação como a catlã, referido por Vidal-Quadras (1993). São ainda fundadas a
Escola Industrial, a Escola de Bibliotecários, a Escola de Administração Pública, as Escolas
Profissionais para a Mulher e o Instituto de Educação Nacional, criando um mini-estado cultural
que foi incentivado por Prat de la Riba e deu força extraordinária à institucionalização da cultura
catalã.
Acerca da produção cultural, Fusi (1998) destaca o modernismo catalão (1890-1910), um
movimento integralista representado na arquitectura, literatura, pintura, escultura e também nas
artes decorativas, industriais e no gosto musical.
Um novo movimento, o Novecentismo (1905-6 a 1920), assume uma nova estética transmitindo
uma nova visão particularista da Catalunha em detrimento dos valores simbolistas e decadentes
do modernismo. Ambos os movimentos provam que a cultura catalã tem identidade própria e
distinta.
41
O nacionalismo catalão, afirma Ayala (1992 apud Marchueta, 2002), apesar de diferente do basco,
é um instrumento de poder, neste caso idealmente extensível a toda a Espanha.
O catalanismo, à semelhança do nacionalismo basco, mantém a maioria dos fundamentos
nacionalistas descritos acima, na sua história inicial, na diferenciação do resto de Espanha pela
língua, progresso industrial e económico, geografia mediterrânica, e uma capacidade de produção
cultural fenomenal.
Apesar de representar somente 6,3% do território total de Espanha, a Comunidade Autónoma da
Catalunha detém 15,8% da população espanhola.
A economia catalã tem nos principais sectores o turismo, a indústria e os serviços. Esta
comunidade é a que mais participa no PIB industrial do território espanhol, com cerca de 25%.
O catalão é uma língua falada já por cerca de nove milhões de pessoas em todo o mundo, seja a
língua materna ou como segunda língua. É a língua própria da Catalunha, segundo o Estatuto de
Autonomia e singulariza-a como povo, de acordo com a Lei de Política Linguística. Tem sido
desenvolvida legislação que promove e protege o uso social do catalão, como definem o Estatuto
de Autonomia e a Constituição Espanhola.
No que respeita á produção cultural, a Catalunha é palco de grandes obras arquitectónicas e
plásticas, música erudita, popular e rock, bem como da dança.
O Nacionalismo Galego
O nacionalismo galego é tardio, com o seu verdadeiro despertar em 1916-18. Segue um efeito
mímico do nacionalismo basco e catalão, dada a sua forte componente católica que se opõe ao
liberalismo e a exaltação da raça e da religião, embora com perspectivas diferentes no
nacionalismo basco.
A teoria tradicional do nacionalismo galego rejeita o progresso da sociedade industrial-capitalista e
a industrialização, mantendo a sua essência pura de perfil rural. Esta distância à industrialização
justifica-se para afastar as ideias laicas, ligadas a uma economia de desenvolvimento capitalista.
Nesta altura surge a primeira expressão organizada do nacionalismo galego, o Movimento das
Irmandades de Fala e o Seminário dos Estudos Galegos uns anos mais tarde. É ainda publicada a
Teoria do Nacionalismo Galego por Vicente Risco e o galleguismo ganha identidade própria.
Segundo Marchueta (2002) o nacionalismo galego atravessa duas fases. A primeira, impulsionada
pelas Irmandades da Fala, em que é adoptada uma linha integradora e populista que apelava à
consciência nacional de toda a população galega na defesa da identidade cultural de Galiza e
resulta na hegemonia ideológica dos sectores tradicionalistas, neo-tradicionalistas e
conservadores. A segunda suscitada pela alteração constitucional de Espanha (implantação da II
República) manifesta-se sob o conceito de Galiza-nação, a partir de 1932, quando se processa o
Estatuto de Autonomia da Galiza.
42
A singularidade galega, que exalta a distância de Espanha, apoia-se no seu meio físico e social,
na estrutura da sua economia, no carácter de apoio no Atlântico, o isolamento periférico, a
recordação da sua história particular e a vigência de uma cultura e língua próprias.
A Galiza dos anos 30 não é industrializada, é carente de grandes cidades, dominada pela vida de
aldeia, com níveis educativos deploráveis, atrasada e pessimamente comunicada. Posto isto, é
natural que a vida cultural galega careça de projecção social significativa e se circunscreva a
pequenos círculos intelectuais e universitários.
A essência do nacionalismo galego, na sua singularidade histórica, vida de aldeia e tradição
piscatória são atributos ainda hoje sentidos na região.
A sua história assenta nas bases megalíticas e célticas que foram formando a cultura da região
pela sua passagem. Os vestígios megalíticos pelos túmulos e celtas pelos castros (recintos
fortificados de forma circular) ainda estão presentes, distribuídos pela região da Galiza. A
nacionalidade galega é percebida no seu Estatuto de Autonomia como uma nacionalidade
histórica.
A língua galega é o idioma da Galiza, identificado com tal no Estatuto de Autonomia e Real
Academia Galega. A sua semelhança com o português não é reconhecida pelos galegos, no
entanto existe um movimento integracionista que defende que estas nunca se separaram
realmente e são variantes da mesma língua, à semelhança do português de Portugal e o
português do Brasil.
O Nacionalismo Canário
Este nacionalismo aparece como uma relação causa-efeito da particular conjuntura político-
económica do arquipélago, da metrópole ou da cintura regional internacional em que se inserem.
Surge nos finais do séc. XIX por um determinismo geográfico, reforçado pela história de lutas com
o Estado pelas liberdades comerciais.
A consciência nacionalista insular canária deriva da dependência económica e do isolamento do
continente.
O nacionalismo canário fundamenta-se segundo Rolando Rodriguez García (1994) na história,
geografia, economia, cultura, direito e na inter-relação dos vários factores. São estes factores que
tornam as Canárias diferentes do conjunto peninsular hispânico.
O arquipélago Canário é uma mistura de populações aborígenes, elementos dos circuitos
esclavagistas afro-americanos e expatriados da península e da Europa e por isso uma sociedade
estruturalmente diferenciada de Espanha continental. A sua economia é de mono cultivo e a sua
situação geográfica faz do arquipélago um porto de confluência das rotas internacionais do
Atlântico entre África, América e Europa.
43
A dependência político-administrativa e a dependência económico-financeira vinculada ao capital
estrangeiro determinam a implantação de um regime de Portos Francos no arquipélago das
Canárias.
O nacionalismo canário aquando da democracia consistia numa corrente autonomista com o
seguinte quadro constitucional: disposições constitucionais específicas e o Estatuto de Autonomia.
Os nacionalistas defendem um maior incremento dos níveis de auto governo e a
institucionalização da co-responsabilidade na distribuição dos recursos a nível interterritorial. O
nacionalismo adquire então natureza económica e internacional.
Além das motivações nacionalistas acima descritas, o povo canário não se sente verdadeiramente
integrado na nação de que emana o Estado de que fazem parte, nem sequer se identificam com
ela.
O arquipélago canário contínua sem encontrar verdadeiro equilíbrio e uma autêntica convergência
de interesses.
Ainda nos dias de hoje a principal fundamentação do nacionalismo canário assenta na sua
situação geográfica, como ponto de escala nas rotas comerciais com a América e África, apesar
de não se fazer sentir como o basco ou catalão.
A indústria é escassa no arquipélago, pelo que predomina a monocultura, com maior incidência
agora no cultivo da banana, cevada, trigo e tabaco. A refinaria de petróleo de Tenerife é uma das
maiores de Espanha, tornando a refinação de petróleo também um dos sectores com mais força
nas Canárias.
As Regiões Históricas
Além dos nacionalismos mais explícitos no contexto da história e também da actualidade
espanholas, é importante referir que existem diferentes opções políticas regionais que não se
revêem no grande projecto nacional, mas que no entanto não foram capazes de oferecer uma
alternativa nacional própria.
O nacionalismo espanhol, aquando da derrota colonial de 1898, sofreu uma queda também
causada pelo divisionismo político e pela falha ao delinear a vértebra territorial. Neste contexto
começam a surgir mensagens salvadoras de discurso regionalista, com o pressuposto de
regenerar politicamente a Espanha.
Nesta crise de fim de século, surge uma nova variante do nacionalismo espanhol – democrático-
liberal – com Manuel Azaña como expoente máximo. Esta variante baseava-se no
aprofundamento da democracia política para consolidar a nação espanhola e a incorporação de
mais amplos sectores da população e das forças vivas da sociedade na sociedade do Estado. O
seu líder defendia, segundo Nunez Seixas (1995) apud Marchueta, 2002)), um melhor e mais
estável entendimento com os nacionalismos periféricos, com base na comum aceitação de um
regime democrático e de um sistema de descentralização administrativa ou de autonomia
territorial.
44
Posto isto, e por todos os motivos acima enumerados, aparecem em Espanha conceitos
intermédios, entre o nacionalismo espanhol e os nacionalismos periféricos, que se integram e
entrecruzam, especialmente no final do séc. XIX. Estas foram designadas, pelos estudiosos da
matéria, de regiões-instituição e são: Andaluzia, Aragão, Navarra e Valência. Nenhuma destas
regiões postula a construção de nações alternativas próprias. Antes pelo contrário, nascem com o
intuito de regenerar a nação política espanhola através de um processo de descentralização
administrativa e da aproximação das instituições de governo à sociedade real local. Estes
objectivos permitem aos cidadãos uma maior participação nos poderes políticos do Estado.
As regiões-instituição pretendem, por isso, fortalecer a super-nação espanhola ao complementar a
construção e modernização do Estado. Por este motivo não possuem características
diferenciadoras que lhe permitam diferenciar-se em grande escala da nação espanhola que
pretendem integrar.
3.2.4 Os Nacionalismos e a Imagem Externa de Espanha
A imagem externa de Espanha é, segundo Ortí-Bordás (1995), que esta se encontra imersa num
processo de consolidação da sua fragilidade estrutural e de desagregação do Estado que afecta,
não só a sua credibilidade, como também a própria confiança dos agentes económicos
internacionais.
Os factores que debilitam o país são, segundo Marchueta (2002) a retórica independentista, a
afirmação de particularismos, a violência da ETA e a pressão constante para o reconhecimento
formal dos factores diferenciais. Estes projectam repercussões na cultura, na educação, na moral
colectiva, no sentimento de solidariedade, nos projectos de vida em comum de toda a comunidade
hispânica e no desenvolvimento harmonioso de todos os pilares do Estado. Mais visível e com
maior projecção são as repercussões na própria imagem dos representantes máximos do Estado,
perante os seus interlocutores a nível internacional.
45
3.2.5 Impacto da Cultura na Internacionalização
3.2.5.1 Dimensões de Cultura de Hofstede
A cultura é de importância chave para diversas áreas de estudo como tivemos um leve exemplo
acima, na sua definição.
Na gestão a cultura é também tida em conta, apesar de que há meio século atrás a ideia de
cultura aplicada à gestão não existisse com este relevo pois era prática comum acreditar que a
cultura se deveria adaptar à gestão e não o oposto. As práticas de gestão não se moldavam
consoante a cultura do país para onde internacionalizavam mas esperavam que a cultura se
adequasse às mesmas práticas que já usavam no país de origem, muitas vezes culturalmente
distante. Esta filosofia de acção designou-se por convergência da gestão.
Como as diferenças nacionais e até regionais estão para ficar, este foi um dos problemas cruciais
na gestão das multinacionais, multiculturais, públicas e privadas.
Segundo Hofstede (1983) a nacionalidade e cada cultura inerente são importantes para a gestão
por três razoes:
Políticas
As nações são unidades políticas, com instituições próprias e estas diferem. Mesmo sendo as
mesmas, as formas informais de interagir com elas será diferente e as realidades políticas são
resistentes à mudança.
Sociológicas
A nacionalidade ou o regionalismo tem valor simbólico para os cidadãos. Parte da nossa própria
identidade deriva daí, portanto essas diferenças são sentidas como realidade e por isso são uma
realidade.
Psicológicas
O nosso pensamento é em parte condicionado por factores culturais que nos ligam ao nosso país.
Fruto de experiencias familiares, educacionais, organizacionais que não são iguais fora dos limites
nacionais.
O autor acredita que muitos dos traços que nos definem como pertencendo a uma nacionalidade
são como programação mental, dado que actuamos de certa maneira em dada situação que um
outro indivíduo, de outra nacionalidade, não actuaria. Esta forma comum de pensar e agir são
espelhadas em instituições como o governo, o sistema legal e de educação, os sistemas de
relacionamento industrial, estruturas familiares, organizações religiosas, clubes de desporto,
literatura, arquitectura e até teorias científicas, e estão enraizadas na cultura comum mas podem
ser diferentes noutra cultura.
As dimensões da cultura que Hofstede (1994) propõe, identificam diferenças entre várias
sociedades em relação a cinco índices:
46
1. Distância do Poder consiste na percepção que os membros menos poderosos de uma
instituição ou organização no seio de um dado país aceitam e esperam que o poder não
seja distribuído uniformemente. Um alto índice de distância do poder indica que as
diferenças na distribuição do poder e saúde existem na sociedade e os membros menos
influentes dessa sociedade aceitam a situação. Um baixo índice de distância do poder
significa que a sociedade não aceita bem as diferenças entre o poder e saúde distribuídos
pelos cidadãos. São sociedades que enfatizam a igualdade e oportunidade para todos.
2. Individualismo é pertinente em sociedades que dão menos importância aos laços
afectivos. Um alto índice de individualismo indica que o individualismo e os direitos
individuais são os pilares da sociedade. Um baixo índice de individualismo caracteriza
uma sociedade de natureza colectiva que partilha de fortes laços com os seus membros.
É ilustrada como uma sociedade onde, desde a nascença, o indivíduo é integrado num
grupo coeso e forte que continuará a protegê-lo no decorrer da sua vida em troca de
lealdade inquestionável.
3. Masculinidade foca o nível em que os valores ditos masculinos como a competitividade e
aquisição de riqueza estão acima dos valores ditos femininos como a qualidade de vida e
o relacionamento com os outros. Um índice alto transmite que a sociedade valoriza traços
agressivos e portanto masculinos. Um índice baixo tipifica a sociedade onde
características femininas predominam.
4. Evasão à incerteza resume-se ao nível de tolerância pela incerteza e ambiguidade na
sociedade. Altos níveis denotam uma baixa tolerância pela incerteza e ambiguidade no
país. Esta sociedade baseia-se em regras, leis, regulamentos e controlo para dessa forma
evitar a incerteza. Baixos níveis sugerem que o país tolera melhor a diversidade de
opiniões. Esta sociedade reage melhor à mudança e corre riscos.
5. Orientação de longo prazo relaciona-se com a devoção que a sociedade mantém ou não a
valores tradicionais. Índices altos comunicam que o país prescreve valores como o
compromisso de longo prazo e respeito pela tradição, assim como espera recompensas
de longo prazo pelo esforço diário. Índices baixos significam que o país não dá grande
importância ao conceito de longo prazo e os cidadãos esperam recompensas a curto
prazo pelo seu trabalho.
Segundo os índices acima referidos os países são categorizados conforme as ilustrações 10 e 11
o demonstram para Espanha e para a Europa, apesar de não estar ainda disponível os dados para
análise da última dimensão – orientação de longo prazo – já que foi acrescentada a posteriori.
47
A interpretação dos índices sugere que Espanha em comparação com o conjunto dos países
europeus aceita melhor a distribuição desigual do poder e saúde, é uma sociedade com uma
ligeira tendência para o colectivismo apesar de inferior ao resto da Europa, um índice médio de
masculinidade que significa que não dão demasiada importância aos valores ditos masculinos e
em relação à evasão à incerteza está acima da media europeia o que significa que se trata de
uma sociedade baseada em leis, regras e regulamentos com grande controlo para evitar a
incerteza.
Ilustração 10 – Dimensões de Cultura de Hofstede adaptadas a Espanha
Fonte: http://www.geert-hofstede.com/
Fonte: http://www.geert-hofstede.com/
Ilustração 11 - Dimensões de Cultura de Hofstede adaptadas à Europa
48
3.3 Distribuição
3.3.1 Conceito A distribuição é um sistema que permite a entrega do produto certo, no momento certo, nas
quantidades correctas e com os serviços que são necessários para a venda, consumo e
manutenção do produto. É ainda a forma como o produto é distribuído aos consumidores já que o
facto de existir a oferta de um produto, por si só, não garante as vendas. A distribuição é uma
forma de tornar o produto acessível ao cliente a um preço aceitável, segundo Álvaro Lopes Dias
(2005).
Os canais de distribuição são, segundo Rosenbloom (2002), o caminho percorrido por um
determinado produto desde a fabricação até ao consumidor final, sendo durante este processo
posse de vários dos intermediários do canal.
Podem ser entendidos, como referem Stern, El- Ansary e Coughlan (1996), como “um conjunto de
organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço disponível
para consumo ou uso”. Os canais de distribuição não só satisfazem a necessidade do mercado
através de produtos e serviços no local, em quantidade, qualidade e preço correcto mas também
têm um papel crucial no estímulo da procura de mercado, através de actividades promocionais dos
componentes ou equipamentos dos grossistas, retalhistas, representantes entre outros.
É uma matriz bem articulada que cria valor aos clientes/consumidores finais. É através da
distribuição que produtos e serviços públicos e privados se tornam disponíveis e acessíveis aos
consumidores, pois o produto precisa da função transporte para que o cliente/consumidor tenha
acesso a ele.
Berman (1996) define canais de distribuição como “uma rede organizada de agências e
instituições combinadas que desempenham as actividades necessárias para ligar produtores a
clientes/consumidores”.
Os canais de distribuição são portanto, de acordo com Pigatto e Alcantara (2007),
relacionamentos estabelecidos por organizações, agentes e instituições que materializam a
disponibilidade de produtos e serviços ao consumidor e acrescentam valor para o mesmo
consumidor. Por outras palavras, são uma estrutura complexa que se inicia no produtor, no seu
país de origem, e vai ate ao utilizador ou consumidor final, no país de destino, como refere Dias
(2005).
3.3.2 Objectivos Nos últimos anos, a evolução do canal de distribuição foi notória e envolveu tanto os aspectos
políticos como económicos do mesmo. Foram conseguidos diversos avanços, como referem
Consoli, Neves e Castro (2006): o relacionamento de rede entre empresas e cadeias produtivas,
49
os mercados business to business, a natureza e papel das relações entre compradores e
vendedores, e o estudo institucional dos intermediários de canais. Estes desenvolvimentos
permitiram aprofundar o conhecimento do canal de distribuição relacionando-o com áreas como a
economia, a geografia, a sociologia, a política, a psicologia, a psicologia social e o direito, como
refere Wilkinson (2001).
O propósito do canal de distribuição é disponibilizar produtos e serviços para uso ou consumo e
satisfazer os consumidores finais no mercado – sejam eles consumidores, utilizadores ou business
to business. A forma de atingir este objectivo passa pela estruturação adequada do canal de
distribuição, onde são muitas vezes incluídos intermediários que desempenham algum papel na
distribuição dos produtos e serviços. Estes intervenientes ajudam a acrescentar valor ao produto,
pelos serviços que prestam, e também a reduzir os custos do canal para o preço do produto não
inflacione.
3.3.3 A importância dos canais na Distribuição Segundo Kotler (2000) nem todos os fabricantes possuem recursos ou conhecimento para
distribuir directamente os seus produtos ou serviços no mercado e, por isso, são utilizados os
canais de distribuição.
Os canais de distribuição são o meio pelo qual os produtos ou serviços chegam aos locais onde
são adquiridos ou consumidos. Apenas isto já demonstra a importância que detêm os canais na
distribuição, pelo que são o meio de cumprir o seu objectivo de disponibilizar os produtos para uso
ou consumo.
Além da fundamental importância do canal de distribuição, o seu custo representa uma grande
fatia do preço final do produto que é vendido ao consumidor final. Os canais não só satisfazem a
procura através de produtos e serviços in loco,em quantidade, qualidade e preço correctos, como
a estimulam pelas actividades promocionais de componentes ou equipamentos dos retalhistas,
grossistas, representantes etc.
A eficiência dos canais depende de como se relacionam os seus componentes, podendo haver
relações formais, informais, oportunistas ou acordadas, Pigatto e Alcântara (2006) apontam que o
interessante é a possibilidade de construir acordos de colaboração que venham a reduzir custos
de transacção, evitando acções oportunistas perante falhas contratuais ou até mesmo a ausência
de contratos.
A escolha dos intermediários do canal de distribuição é igualmente decisiva no sucesso do canal
visto que serão estes os responsáveis por tornar os produtos acessíveis aos consumidores e
facilitar o fluxo de produtos.
50
3.3.4 Distribuição Física
3.3.4.1 Natureza “É a integração de uma ou mais actividades levadas a cabo, com a finalidade de planear,
implantar e controlar o fluxo eficiente de matérias-primas, produtos semi-acabados e produtos
acabados desde a origem até ao consumo. Um bom sistema de distribuição física, tem como
objectivo a colocação dos produtos que a empresa comercializa no mercado, na quantidade certa
e na altura certa.” (Caetano e Bandeira, 2001, Dicionário de Marketing)
3.3.4.2 Funções As funções de distribuição dividem-se em duas categorias, funções materiais e funções
comerciais:
Funções materiais: Reduzir o espaço (funções espaciais) e o tempo (funções temporais)
que separam a produção do consumo. Isto é abrangido pela área logística e financeira da
empresa:
- Nas funções espaciais podemos considerar o transporte, agrupamento, triagem, etc…
- Nas funções temporais podemos considerar a armazenagem, financiamento da
mercadoria e a responsabilidade pelo risco dos stocks.
Funções comerciais:
- Temos a informação, iniciativa da venda e respectivos riscos.
- A variedade de produtos, na perspectiva comercial
- Os serviços prestados ao consumidor: entrega ao domicílio, instalação, manutenção,
garantia, etc…
Bucklin, (apud Stern et al. (1996), afirma que o canal de distribuição realiza diversas funções para
satisfazer a procura de mercado por produtos e serviços. Segundo este autor, para viabilizar as
empresas a longo prazo, estas deverão simplificar o processo de procura dos consumidores,
reduzir o tempo de espera e de stockagem, entre outros. O autor aponta ainda quatro serviços
prestados pelo canal de distribuição, sendo eles a conveniência espacial (na descentralização da
oferta), o tamanho dos lotes dos produtos, o tempo de espera ou de entrega e a variedade da
oferta.
Segundo Dias (2005), a principal função do canal de distribuição internacional é permitir que o
produto chegue desde o produtor até ao consumidor final, em qualquer ponto que este se encontre
nos diversos mercados internacionais.
A função de distribuição é um elemento da política comercial da empresa, cuja eficácia tem de ser
aperfeiçoada de modo a reduzir a duração necessária para o encaminhamento dos produtos.
Responde-se assim à necessidade dos consumidores.
51
3.3.4.3 Objectivos O objectivo geral é levar os produtos certos, para os lugares certos, no momento certo e com o
nível de serviço desejado, pelo menor custo possível.
3.3.4.4 Serviços a Clientes É uma actividade da distribuição física, agregando a ela:
Processamento de pedido
Correcção de envio
Precisão da data de entrega
Constância do prazo de entrega
Atendimento de reclamações
Informação sobre o estado da encomenda
Estado dos bens
Correcção da documentação
Quanto melhor for o serviço de entrega, maior o custo da distribuição. A lógica da empresa será
encontrar um ponto de equilíbrio entre o que o consumidor espera do serviço e a minimização dos
custos de distribuição para a empresa. “…o serviço ao cliente, quando eficazmente utilizado, é
uma variável fundamental com impacto significativo no aumento da procura e na fidelização do
cliente.”, (Kyj e Kyj, 1994, Customer Service: Product Differentiation in International Markets).
52
4 Estudo de Caso
4.1 Apresentação da Empresa
Neste capítulo será feita a apresentação da empresa objecto de estudo e mais tarde do seu
processo de internacionalização em Espanha.
A Guialmi – Empresa de Móveis Metálicos, SA é um dos principais fabricantes portugueses de
mobiliário metálico para escritório. Iniciou a sua actividade em 1973 com a produção de móveis de
cozinha. Porém devido a necessidades e adaptações de mercado em 1978, começou a operar na
área do mobiliário metálico para escritório.
No ano de 1983, a empresa alterou a sua designação social, passando de Guialmi – Empresa de
Bilhares e Móveis, Lda. para Guialmi – Empresa de Móveis Metálicos, Lda e nos anos 90 assume
definitivamente o mobiliário de escritório como core business. Com o objectivo de apostar na
melhoria contínua da produtividade e na qualidade de produto altera a sua forma jurídica para
Sociedade Anónima – Guialmi – Empresa de Moveis Metálicos, SA.
Tem sede em Aguada de Cima – Águeda, onde estão situados os Serviços Administrativos e as
duas unidades industriais, especializadas por famílias de produto. Em Lisboa dispõe de uma filial
comercial com uma infra-estrutura humana vocacionada para as Grandes Contas e de um
armazém em Odivelas. Situada no Funchal, a Guialmi Comercial – detida a 100% pela Guialmi –
intervém como filial comercial na Região Autónoma da Madeira.
A empresa é certificada de acordo com a norma NP EN ISO 9001/2000 e OSHAS 18000. A
maioria dos produtos que fabrica é também certificada pelo laboratório espanhol CIDEMCO, de
acordo com as EN.
Em 1998, a empresa começa a exportar para países como Espanha, começando aqui uma nova
realidade. No mercado de exportação a GUIALMI começa a sentir cada vez mais a exigência por
parte dos clientes e dos mercados, e com este aumento é necessário estar sempre em constante
evolução de processos.
No ano de 2001, o referencial normativo foi alterado para NP EN ISO 9001:1995, aumentando a
extensão da certificação da GUIALMI para a comercialização.
A par da I&D da GUIALMI, foram desenvolvidas parcerias com designers em Barcelona e Milão,
com o objectivo de fomentar a internacionalização e de dar a conhecer os seus produtos fora do
país. Estas parcerias serviram também para a empresa apostar na sua própria marca (GUIALMI) e
criar produtos exclusivos em parceria com reconhecidos designers. Como os seus produtos
estavam a ter boa receptividade por parte do mercado, a empresa decide apostar num segmento
mais alto. A aposta no desenvolvimento de produtos de segmento alto é conseguida através da
pareceria com um designer italiano Paolo Favaretto e a sociedade Favaretto&Partners.
53
Em 2002 a GUIALMI foi considerada a melhor PME do sector da madeira, cortiça e móveis. Torna-
se cada vez mais uma referência no seu sector tendo conseguido atingir no ano de 2007 uma
facturação total de aproximadamente 12 milhões de euros.
4.1.1 Análise Interna
4.1.1.1 Produtos comercializados
A Guialmi fabrica mobiliário metálico para escritório. Esta característica enquadra imediatamente a
Guialmi num segmento mais específico do mercado (mas nem por isso mais pequeno), uma vez
que existem fabricantes de mobiliário de base metálica e de base de madeira. O que diferencia
estes dois grandes segmentos é a oferta destas empresas em relação aos módulos
complementares às secretárias: blocos e armários (soluções de arquivo). As opções em relação a
estas duas alternativas têm que ver sobretudo com os seguintes aspectos:
− Preço, sendo que os armários e blocos de melamina são mais económicos.
− Estética, sendo que os mercados do Centro e Norte da Europa preferem mobiliário de
madeira, enquanto os mercados do Sul da Europa, América do Norte e Médio Oriente
privilegiam produtos de base metálica.
− Qualidade e tecnicidade, sendo que clientes exigentes quanto à qualidade e durabilidade
dos produtos (seja em que região for), privilegiam produtos de base metálica.
Ao longo dos últimos anos a Guialmi tem vindo a dinamizar a actividade de desenvolvimento de
novos produtos, de forma a proceder à adequação aos diferentes mercados e segmentos. Os
últimos desenvolvimentos incorporam forte componente estética e funcional, como resultado da
contratação de designers de prestígio internacional.
Apresenta-se, em cronograma, a evolução histórica do desenvolvimento de produtos (ilustrações
12 e 13) da Guialmi.
A partir de 1990 inicia-se o percurso até à estrutura de produtos que a Guialmi detém hoje em dia,
com especial ênfase a partir de 2002, quando se procedeu também à reestruturação e re-styling
de algumas linhas, como a Ofimatica, a Scribba e a Zabra.
54
90
Staff
91
Ofimática
93
Scribba
97
Argos
Zabra
ScribbaNovo Catálogo e Imagem2002
Ofimática 2Re-styling e Novo Catálogo2002
ZabraRe-styling e
Novo Catálogo
2002
ArgosNovo Catálogo
2004
00
Manifest
02
Oceanus
Enara
Andra
Lagun
Züco
05
Armários
Vestiários Cadeiras
Oceanus“Re-styling”
Ilustração 12 – Cronograma de produtos Guialmi
Fonte: Guialmi
55
07
L4P
Nina
Marciana
06
Layer
Basilissa Bizancio Oceanus novo catálogo e re-styling
Ilustração 13 - Cronograma de produtos Guialmi (cont.)
Fonte: Guialmi
56
4.1.1.2 Organograma
Na ilustração 13 apresenta-se o organograma actual da Guialmi.
Este tipo de organograma é geralmente caracterizador de PMEs onde se verifica pouca
verticalidade. Todos os departamentos respondem à direcção geral e apenas um agrupa várias
secções à sua responsabilidade.
A Guialmi denota a divisão horizontal das tarefas sendo a autoridade e hierarquia definidas pela
verticalidade, que neste caso se expressa na direcção geral.
57
Ilustração 14 – Organograma Guialmi
Fonte:Guialmi
58
4.1.1.3 Departamento de Serviço ao Cliente
O Departamento de Serviço ao Cliente (DSC) da Guialmi é o departamento chave no que respeita
ao canal de distribuição e à própria distribuição física e por este motivo será o único aqui descrito.
Está representado no organograma e é de importância estratégica para a Guialmi, que se define
com um lema de serviço ao cliente muito claro e com missão perfeitamente definida. As funções
desempenhadas neste departamento constam dos procedimentos da Guialmi e o nível de
profissionalismo exigido é elevado.
O objectivo principal do DSC é comunicar eficazmente com os clientes sobre a situação das suas
encomendas actuais e futuras no que respeita por exemplo aos prazos de entrega, reclamações,
especificações técnicas. É também responsável pelo cumprimento dos procedimentos da área de
logística, imprescindíveis à boa performance de entregas. Ainda intervém com informação às
vendas, relevante e atempada, sobre a carteira de encomendas para que os comerciais possam
intervir ou colaborar na definição de prioridades.
O DSC relaciona-se com a maior parte dos departamentos da forma exemplificada na ilustração
abaixo (ilustração 15) e com os propósitos explicados.
Ilustração 15 – Interacção Departamento de Serviço ao Cliente Guialmi
Fonte: Guialmi
59
4.1.1.4 Marketing Mix Guialmi
Produto
A estratégia da Guialmi em relação à carteira de produtos, posta em prática em 2007 e ainda em
vigor, começou por proceder ao seu agrupamento em três segmentos claramente diferenciados –
Design, Solutions e Urban – o que permitiu facilitar a comunicação com os distribuidores e
clientes e estruturar uma política de desenvolvimento de produto para cada segmento. Deste
modo, facilitou-se a penetração em mercados internacionais com especificidades diferenciadas e
construiu-se uma solução de aumento de quota nos clientes (fidelizando-os cada vez mais).
Para alcançar esses objectivos há que ter em conta que os distribuidores, e obviamente o
mercado, necessitam de produtos diferentes, dependendo do perfil dos compradores em causa:
produtos mais económicos, de entrega mais ágil, de aspecto e design mais sofisticado, com
imagem muito diferenciada.
A Guialmi decidiu responder a este alargado tipo de necessidades com o lançamento das três
colecções atrás referidas:
Ilustração 16 – Segmento Guialmi Design
É uma gama de produtos de design da responsabilidade de prestigiados designers Italianos como
Paolo Favaretto ou Isabella Steffan, portadores de uma série de características relacionadas com
Fonte: Guialmi
60
uma estética evoluída, uma forte capacidade de diferenciação e a disponibilização de inovadoras e
avançadas soluções de gestão dos espaços de trabalho. São produtos ideais para negócios
conduzidos por decoradores de interiores, arquitectos ou outro tipo de prescritor. Esta colecção de
produtos conta com uma série de elementos de promoção (catálogos de elevado nível estético,
bibliotecas CAD 2D e DXF 3D, catálogos de amostras…) ao nível das principais marcas
Europeias. Aliás a estratégia comercial para estes produtos é bem clara, e trata-se de dotar os
nossos distribuidores de “armas” para concorrer com distribuidores das mais prestigiadas marcas
Europeias. É importante referir que em relação ao preço estes produtos ainda oferecem uma
vantagem considerável em relação a essas marcas – aproximadamente diferenças entre 20% a
35% menos.
Embora a maioria dos produtos que compõem a gama Guialmi Design tenham sido desenvolvidos
apenas há quatro anos, e em número ainda reduzido, no final do primeiro ano activo desta
segmentação (2007) este representava aproximadamente 8% das vendas da Guialmi. Por outro
lado, este segmento foi dos que mais cresceu nos últimos dois anos do ponto de vista percentual,
sobretudo como consequência dos lançamentos da cadeira Nina, da Marciana – sistema de
estantes para bibliotecas e de display – e acredita-se que continue a evoluir nos próximos anos
em resultado do recente lançamento de um produto de alta de direcção – Origami System (todos
assinados pelo Arq. Paolo Favaretto).
Esta gama de produtos compreende uma ampla oferta, desde biombos de separação de espaços,
secretárias, blocos, armários, estantes metálicas ou vestiários. Esta colecção dota o distribuidor de
um conjunto de produtos que lhe permite na grande maioria dos casos propor produtos da
Guialmi. Estes produtos apresentam elevadas prestações do ponto de vista da ergonomia e
Ilustração 17 – Segmento Guialmi Solutions
Fonte: Guialmi
61
qualidade, sendo que todos estão certificados pelas normais europeias. Do ponto de vista do
preço são produtos que estão posicionados no segmento médio do mercado.
No final de 2007 o segmento Solutions representou 75% das vendas.
Sob o conceito de produtos de “good value for money” surge a colecção Urban. Produtos com
gamas adequadas à orçamentação de projectos correntes, onde é fulcral a competitividade em
relação ao aspecto económico. A relação qualidade/preço transforma-se numa imbatível relação
design/preço. O objectivo é democratizar as principais tendências estéticas deste sector, lançando
produtos contemporâneos, actualizados e com um nível de design interessante, a preços que
permitam a quase todos os consumidores a sua aquisição.
No final de 2007 o segmento Urban representou 17% das vendas. A Guialmi acredita que a
capacidade da empresa para desenvolver produtos para o segmento Urban será vital no futuro,
uma vez que existe uma tendência clara para a polarização do mercado (produtos topo de gama
vs produtos gama baixa), que se fica a dever a uma perda de capacidade económica das classes
médias (efeitos similares no mundo empresarial).
Numa perspectiva mais convencional e sobretudo funcional a carteira de produtos da Guialmi
pode ser segmentada em linhas de mobiliário, armários, vestiários, outros móveis e cadeiras.
No final de 2007 as linhas de mobiliário (secretárias e blocos) valiam 34,7% das vendas da
Guialmi. De uma forma geral o peso destes produtos nas vendas não deve a prazo sofrer grande
acréscimo. Prevê-se no entanto crescimentos acentuados das vendas destes produtos em
determinados mercados, por exemplo o mercado Espanhol.
Ilustração 18 – Segmento Guialmi Urban
Fonte: Guialmi
62
Quanto aos armários (a mais vendida solução de arquivo documental) representavam no final do
ano 2007 quase 21% das vendas. A capacidade para aumentar as vendas deste produto depende
da capacidade da Guialmi para o diferenciar do ponto de vista do design, aumentado o valor
acrescentado do mesmo. O investimento em equipamento adequado feito recentemente permitiu
no ano transacto o desenvolvimento dos armários de persiana desmontáveis que diminui o custo
de transporte e permite a evolução para mercados mais distantes, que tornam essencial não só o
preço, qualidade e design do produto como a facilidade de transporte do mesmo.
Nos vestiários a questão é relativamente parecida. A Guialmi apenas conseguirá dinamizar as
vendas destes produtos com o desenvolvimento de um modelo desmontável. Em Portugal e
Espanha, mercados até onde o produto chega sem grande agravamento do preço por efeito dos
custos de transporte, os resultados de vendas neste produto são difíceis de melhorar. Nos
restantes mercados apenas custos de transporte mais reduzidos permitirão o desenvolvimento das
vendas. Certo é que é um segmento a ter em conta sobretudo nos mercados do Médio Oriente e
África, países em vias de desenvolvimento e de industrialização, onde a Guialmi está presente e
pode marcar posição nas instalações industriais.
A família de produtos Cadeiras representava no final de 2007 aproximadamente 16,5% das
vendas. A Guialmi prepara-se para fazer investimentos importantes nesta área e para dinamizar
acordos de cooperação. Há 7 anos atrás a empresa importava estes produtos enquanto
mercadorias, assumindo-se como distribuidor exclusivo para Portugal de marcas como a Sokoa e
a Züco. Entretanto, com os objectivos de aumentar a cadeia de valor, oferecer prazos de entrega
mais curtos aos clientes e costumisar alguns modelos; a empresa assinou acordos com estas
marcas para montar os seus produtos debaixo de licença. A estratégia de desenvolvimento da
carteira de produtos no que toca a cadeiras é clara e passa por três vias: pela incorporação de
modelos de design Italiano exclusivamente desenvolvidos para a Guialmi; pela manutenção da
parceria com as marcas Züco e Sokoa e por último pela diferenciação no preço e prazo de
entrega, adoptando novos modelos operativos cujos componentes são subcontratados na Malásia
e montados na Guialmi. Espera-se que as cadeiras possam vir a ter um peso bastante maior nas
vendas da empresa, contando com a garantia de transformação e montagem, na unidade
industrial Guialmi, de todos os produtos integrantes no portfolio. O lançamento de modelos de
cadeiras exclusivamente desenvolvidos para a Guialmi (por Paolo Favaretto) é importantíssimo
uma vez que permitirá o desenvolvimento das vendas de cadeiras nos mercados externos.
Para além da gama descrita a Guialmi lançou recentemente três novos produtos – um programa
de alta direcção – Origami System, uma cadeira para o segmento de contract e um programa de
mobiliário para bibliotecas - Marciana. Todos incorporam a colecção Guialmi Design e permitirão à
marca reforçar o posicionamento nos targets de alta direcção, contract (a cadeira Nina é o
segundo modelo Guialmi que a empresa está a apresentar, depois da cadeira Marciana) e dispor
63
de uma proposta para um segmento onde não estava presente – bibliotecas. O primeiro, com
design de Paolo Faveretto, permitirá à Guialmi dispor de oferta para a alta direcção num segmento
de preço abaixo ao da linha Oceanus (que é considerado um excelente produto, mas com preços
demasiadamente elevado para realizar volume).
Marciana é um sistema de estantes que permite o equipamento de bibliotecas públicas ou de
empresas (mercados que normalmente fazem parte das competências comerciais da nossa rede
de distribuição), que está posicionado num segmento médio-alto quanto ao preço. É um produto
sofisticado do ponto de vista do design e que permitirá possivelmente melhorar o acesso da
empresa aos mercados do centro da Europa, Reino Unido e sobretudo aumentar as vendas aos
clientes actuais já existentes em Portugal e Espanha. Ao ser um produto que “viaja” desmontado
em flat-pack tem a vantagem de não ser penalizado pelos custos de transporte.
Preço
Genericamente a Guialmi distribui os produtos por três faixas de preço no que respeita aos
programas de secretárias e cadeiras: Alta, Média e Baixa. Os armários, embora com predomínio
na faixa média, dispõem de uma colecção na faixa Baixa e os vestiários incorporam apenas esta
faixa.
Ilustração 19 – Portfolio de Produtos Guialmi por Segmentação de Preço
Fonte: Guialmi
64
Distribuição
A Guialmi tem as suas core competences no domínio da componente industrial (sobretudo da
cadeia de transformação de metal), mas igualmente no domínio do conhecimento dos mercados e
sobretudo da forma como funcionam os canais de distribuição nesses mercados.
A empresa tem uma rede de aproximadamente 60 distribuidores em Portugal - provavelmente a
melhor do ponto de vista da qualidade do serviço oferecido e do ponto de vista de cobertura.
Em Portugal, para além da rede especializada de distribuidores, a Guialmi detém duas filiais de
vendas, uma em Lisboa e outra no Funchal. As motivações para a sua criação foram muito
diferentes. Se no caso do Funchal, a tomada de decisão resulta da falta de alternativas na Ilha da
Madeira (inexistência de distribuidores com perfil considerado adequado), no caso de Lisboa, a
filial existe com o objectivo de “atacar” as grandes contas (multinacionais, bancos, seguradoras e
estado), habituadas a comprar directamente aos fabricantes (como forma de encurtar o canal de
distribuição). A Guialmi tem conquistado importantes clientes com esta estratégia, citando-se
alguns apenas a título de exemplo: Barclays Bank, Banif, Mello Saúde, Portugal Telecom, Caixa
Geral de Depósitos, BIC…
No mercado Espanhol, objecto de análise, a empresa conta igualmente com uma rede de
distribuição muito bem organizada e que assegura uma completa cobertura do mercado –
aproximadamente 120 distribuidores. Os produtos da Guialmi estão neste momento homologados
em várias comunidades daquele país, o que significa que integram um leque relativamente curto
de produtos que podem ser fornecidos às várias instituições dos governos das comunidades.
A Guialmi exporta ainda para vários mercados - na Irlanda, detém uma excelente e importante
quota de mercado, os mercados de África continuam a ser importantes do ponto de vista do
volume de negócios, sendo que Angola e Marrocos têm um potencial de desenvolvimento que vale
a pena aproveitar. Em África ainda, a Guialmi exporta para Cabo Verde e Moçambique.
Mais recentemente a empresa definiu dois novos objectivos: os mercados do Middle East e o
Reino Unido. Ambos são mercados para fazer de forma estruturada e com vista a conseguir
dentro de alguns anos uma posição similar à que a marca conseguiu adquirir por exemplo no
mercado Espanhol.
O desenvolvimento dos mercados para a Guialmi segue a seguinte linha estratégica: aposta clara
e estruturada em mercado com potencial de desenvolvimento, com intensidade competitiva
moderada permitindo uma penetração mais rápida (isto passa por aposta em mercados emergente
de potencial – Middle East – e em economias em crescimento – Espanha, Irlanda, Reino Unido).
65
Promoção
A promoção tem acompanhado a internacionalização da empresa.
Em Portugal assume um posicionamento repartido:
• Institucional – Com o patrocínio da equipa de futebol de Aveiro: Beira-Mar, com o
patrocínio do torneio internacional de ténis para veteranos (edição do Algarve) e com a
realização anual do torneio de golfe Guialmi.
• Dirigida – Com presença sistemática nas revistas Exame e Visão.
No exterior, a Guialmi optou por uma cobertura dirigida:
• Participação em certames do sector – esteve presente em todas as edições da Ofitec
(Madrid) desde 2002 (2002, 2004, 2006 e 2008), participou nas duas últimas edições da
Orgatec (Colónia – 2004 e 2006) e nas três últimas Dubai Office Exhibition (2006, 2007 e
2008). A participação na Orgatec assume um carácter global quanto à notoriedade da
marca.
• Publicidade em revistas afectas ao sector – Oficinas e OnDiseño em Espanha, Domus
(Itália), MD Design (Alemanha) e OnOffice no Reino Unido.
Como marco da notoriedade da marca Guialmi referimos:
• A MD, uma das mais prestigiadas revistas mundiais de design industrial, fez duas capas
com produtos Guialmi – o programa de móveis Layer e a cadeira Basilissa (ilustração 20);
• A Domus, uma das mais prestigiadas revistas mundiais de design de interiores,
seleccionou a Guialmi como uma das mais representativas marcas expostas na última
Orgatec (2006), integrando-a no grupo das mais prestigiadas marcas internacionais (p.e.:
Álea, Arper, Citterio, Fantoni, Rimadesio, Sinetica, Sitland, Steelcase Unifor, Vitra)
Ilustração 20 – Capas da revista MD onde figuraram produtos Guialmi
Fonte: Guialmi
66
4.1.1.5 Análise financeira
Para a análise financeira, ilustram-se no quadro abaixo (Tabela 1) os rácios de solvabilidade e
equilíbrio, de actividade, de rentabilidade, de crescimento de vendas e de estrutura de custos
desde a instalação do sistema de informação, que permite o tratamento dos dados com maior
eficácia. Este sistema foi implementado no final do primeiro semestre de 2004 pelo que os dados
disponíveis datam a partir de 2005.
Tabela 1 - Evolução dos Principais Indicadores
RÁCIOS 2005 2006 2007 2008 2009
1. SOLVABILIDADE E EQUILIBRIO
A. Financiamento Imobilizado (Cap Perm/Imo Liq 1,742 1,743 1,799 1,609 1,766
B. Financiamento Estável Act Circ (FM/Act Circ) 0,534 0,471 0,506 0,528 0,670
C. Autonomia Financeira 1 (Cap Prop/Act Liq) 0,620 0,597 0,642 0,618 0,700
D. Autonomia Financeira 2 [(Cap Prop+Supr)/Act Liq] 0,620 0,597 0,642 0,618 1,202
2. ACTIVIDADE
A. Rotação Cap Próp. [(Vnd+PS)/Cap Prop] 1,121 1,219 1,437 1,447 1,134
B. Rotação Cap. Perm. [(Vnd+PS)/Cap. Perm.] 0,953 1,076 1,323 1,196 0,964
C. Tempo Médio Stockagem
Mat Primas [(MP/CMPC)*360 140 151 110 100 107
PA+PCF [((PA+PCF)/Produção)*360] 42 41 30 26 29
D. Tempo Médio Cobrança [(Clientes/Facturação)*360] 131 130 109 103 133
E. Tempo Médio Pag.º [(Forn/(Fact.Compras+FSE))*360] 72 95 54 53 34
3. RENTABILIDADE
A. Rentab Bruta (Vnd+PS+Var St-CMPC)/(V+PS+Var St) 0,589 0,581 0,543 0,521 0,558
B. Rentab Liquida [Res Liquidos/(V+PS+Var St)] 0,041 0,038 0,040 0,046 0,018
C. Rentab Cap.Propr.(Result.Liq./Cap.Próprios) 0,047 0,047 0,057 0,066 0,020
D. Capacidade Lucrat [Cash-Flow liq./(V+PS+Var St)] 0,116 0,118 0,107 0,124 0,113
4. OUTROS
A. Crescimento Vendas (Vnd+PS Ano n/Vnd + PS Ano n-1) 0,125 0,245 0,073 -0,200
B. Consumo MP [CEC/(Vnd+Var Stocks)] 0,412 0,421 0,458 0,480 0,443
C. Restante Estrutura de Custos [Custos/(Vnd+PS+Var Stocks)]
F.S.E 0,225 0,219 0,224 0,201 0,202
Impostos 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Custos Pessoal 0,227 0,211 0,186 0,184 0,224
Outros Custos Operacionais 0,003 0,002 0,001 0,002 0,002
Amortizações Exercício 0,073 0,080 0,067 0,073 0,092
Provisões Exercício 0,002 0,000 0,001 0,005 0,003
Função Financeira 0,012 0,016 0,011 0,013 0,009
Fonte: Guialmi
67
No essencial desta análise destaca-se que os rácios de Solvabilidade e Equilíbrio permitem
verificar uma relativa estabilidade.
Em relação à actividade, a evolução é favorável no que respeita à rotação dos capitais próprios e
permanentes, com ligeiro decréscimo em 2009. Relativamente às componentes que influenciam
as necessidades de fundo de maneio verificou-se uma relativa optimização até 2008, com
destaque para os tempos médios de stockagem. Esta componente merece particular destaque, na
medida em que resultou de esforços organizativos que não foram de fácil implementação.
Também a diminuição do tempo médio de pagamento assume importância, pelo impacto sobre a
função financeira de funcionamento (via melhoria do desconto de pronto pagamento obtido).
O rácio de rentabilidade mantém uma certa estabilidade. Apenas uma nota para o peso dos
consumos em 2007 e 2008, cujo ligeiro aumento ficou no essencial a dever-se a negócios
importantes de vendas de cadeiras, cuja margem bruta é inferior à dos móveis.
No que toca ao Crescimento de Vendas, os anos de 2006 e 2007 foram particularmente
interessantes para a Guialmi, em resultado da concretização dos seus objectivos estratégicos.
Por sua vez a Estrutura de Custos mantém um comportamento relativamente estável, à excepção
da rubrica Custos com Pessoal, cujo peso foi diminuindo ao longo do período, com subida ligeira
no último ano.
68
4.1.2 Análise Externa
4.1.2.1 Analise PEST Espanha
A análise PEST é um modelo que analisa a envolvente externa macro-ambiental da organização.
Esta envolvente externa compreende todo o conjunto de variáveis externas à organização mas
que a influenciam, directa ou indirectamente e que poderão também ser influenciadas por si. A
sigla deste modelo equivale às iniciais dos quatro grupos de factores ou variáveis a serem
analisadas.
Segundo as variáveis Político-Legais podemos observar:
− A estrutura do governo espanhol é uma monarquia constitucional e é considerado
internacionalmente como um país que envolve baixo risco político.
− O sistema fiscal prevê actualmente taxas de IVA de 18, 8 e 4% respectivamente sobre a
generalidade dos produtos, certos géneros alimentícios e produtos alimentares de
primeira necessidade.
− O sistema Judicial é levado a cabo pelo Supremo Tribunal
− O incentivo ao investimento estrangeiro é da responsabilidade das comunidades
autónomas e transmite-se pela oferta de território, pela igualdade de direitos e deveres,
pela minimização dos custos nas infra-estruturas, pela tributação sobre lucros, valores
reduzidos e pelo fácil acesso ao sistema financeiro.
− A dependência estrangeira inclui o sistema energético (petróleo e gás natural), a
maquinaria pesada para criação de infra-estruturas, e a criação de meios de transporte
(aviões e comboios)
− Na regulamentação de acesso ao mercado podemos verificar que existe livre circulação
de mercadorias e capitais, pertence ao Regime Comunitário Aduaneiro pelo que não
existe controlo alfandegário e dispõe de zonas francas em Vigo, Cádiz, Gran Canaria e
Barcelona.
No que respeita às variáveis económicas podemos analisar a variação na taxa de crescimento do
PIB (gráfico 1), a taxa de desemprego (gráfico 2) e a evolução da taxa de inflação (gráfico 3), nos
gráficos abaixo.
69
Gráfico 1 – Taxa de Crescimento do PIB em Espanha
Gráfico 2 – Taxa de Desemprego em Espanha
Fonte: CIA Factbook
Gráfico 3 – Taxa de Inflação em Espanha
Fonte: CIA Factbook
0%
1%
1%
2%
2%
3%
3%
4%
4%
5%
Taxa Crescimento PIB
2005
2006
2007
2008
2009
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
Taxa de Desemprego
2005
2006
2007
2008
2009
0%
1%
2%
3%
4%
5%
Taxa de Inflação
2005
2006
2007
2008
2009
Fonte: CIA Factbook
70
As variáveis socioculturais incluem tendências demográficas como a estrutura etária da
população, a esperança média de vida da população e a taxa de natalidade, bem como os índices
de literacia e a religião.
A estrutura etária da população está presentemente dividida da seguinte forma: 14,5% da
população está na faixa etária até aos 14 anos; 67,4% insere-se entre os 15 e os 64 anos; e os
restantes 18,1% da população têm mais de 65 anos.
A esperança média de vida da população tem, nos últimos anos, rondado os 80 anos e é superior
no sexo feminino.
A taxa de natalidade tem vindo a decrescer dos 10,01 em 2005 aos 9,72 em 2009.
Em relação aos índices de literacia são idênticos em ambos os sexos e no total 97,9% da
população acima dos 15 anos sabe ler e escrever.
No que toca a religião, 94% da população é católica e todas as outras religiões presentes no país
compreendem os restantes 6%.
Acerca das variáveis tecnológicas podemos dizer que houve um aumento de 7,3% nas verbas
destinadas ao desenvolvimento tecnológico, foram criados dois laboratórios científicos, a rede de
banda larga foi alargada a todo o território, procedeu-se ao aumento das estruturas de energias
alternativas, bem como está prevista a criação de uma rede de dessalinização.
Ainda de referir são as estratégias ambientais, sobre as quais podem ser expostos:
− Cumprimento do protocolo de Quioto
− Fomentação das práticas agrícolas sustentáveis para a conservação do solo
− Gestão sustentável da floresta
− Gestão das bacias e recuperação de áreas degradadas em condições semi-áridas
− Prevenção e combate a incêndios florestais
− Diagnóstico e monitorização da desertificação através da análise e difusão dos resultados
de programas I+D+I, em desertificação
− Incentivos para projectos e pesquisa
71
4.1.2.2 Dimensão de mercado
A Guialmi opera no sector da Fabricação de Mobiliário e de Colchões, segundo o CAE português
31010 com actividade económica (subsector) na Fabricação de mobiliário para escritório e
comércio, muito idêntico no país vizinho.
Dados referentes a este sector em particular são difíceis de obter ao fazer uma busca pelos
principais intervenientes estatísticos em Portugal ou Espanha, pelo que serão utilizados dados
fornecidos pela Guialmi com referências anuais até 2007.
Abaixo a síntese do sector do mobiliário de escritório no mercado espanhol (Tabela 2).
Tabela 2 – Mercado de Mobiliário de Escritório em Espanha
Fonte: DBK para Guialmi
Para comparação e definição da dimensão de mercado da Guialmi em relação ao seu sector,
apresentam-se abaixo os valores relativos à empresa no triénio 2005-2007 (Tabela 3).
Tabela 3 - Evolução da Actividade da Guialmi por Mercados
2005 2006 2007 2008 2009 Valor
(M€) % Valor
(M€) % Valor
(M€) % Valor
(M€) % Valor
(M€) %
1.Portugal 6.622 74.3 6.376 63.6 7.678 61.6 8.035 59,9 5.872 57,1
2.Europa 1.377 15.5 2.221 22.2 3.050 24.5 4.001 30 3.455 33,6
3.África 915 10.2 1.424 14.2 1.746 13.7 1.239 9,3 874 8,5
4.Médio Oriente 38 0.2 130 0,8 85 0,8
5.Total (1+2+3+4)
8.914 100 10.021 100 12.474 100 13.405 100 10.286 100
6.Espanha
6.1.Valor 944 10.6 1.704 17.0 2.705 21.7 3.657 27,3 2.974 28,9
6.2.Crescimento 80.5 58.7 Fonte: Guialmi
Podemos concluir que a Guialmi experiencia um crescimento muito superior ao do seu sector em
Espanha.
72
A venda em valor, assumindo o facto de existirem 125 empresas fabricantes e importadoras de
material de escritório em Espanha, a Guialmi encontra-se abaixo da media do sector em Espanha
em cerca de metade do volume de vendas em valor.
Em relação a venda em volume as características do sector impossibilitam a análise por falta de
dados precisos para analisar, quer da Guialmi, quer do próprio sector.
Isto deve-se ao factor dos sistemas informáticos de gestão contabilizarem unidades (no caso de
uma secretária: duas pernas + travessas + tampo) que não correspondem ao produto acabado.
4.1.2.3 Marketing Mix do Sector em Espanha
Produto
As empresas do sector em Espanha, na sua maioria, utilizam uma única marca genérica,
acompanhada de diferentes sub-marcas para cada uma das colecções ou linhas de produtos.
Nesse sentido os operadores realizam crescentes esforços de inovação, para se adaptarem às
novas tendências, em relação às diferentes formas de trabalho e a aspectos relacionados com a
saúde e a produtividade, como a ergonomia, a cor e a luz.
Desta forma, é usual a colaboração das empresas com arquitectos e designers de interiores com o
objectivo de reforçar a imagem da marca.
Preço
Algumas das principais empresas começaram já a repercutir no preço os fortes incrementos de
custos, se bem que a situação de deterioração da procura e o consequente crescimento da
concorrência dificulta este processo.
Portanto a opção tem sido lançar novos produtos, tomando partido da presença nos certames do
sector para os apresentar oficialmente.
Biplax, Actiu Berbedal y Formas, Imasoto, Ismobel y Ofita são algumas das empresas que mais
dinamizaram a imagem da feira de Madrid – Ofitec – em 2008.
Distribuição
No que diz respeito à distribuição, predomina a venda através de distribuidores especializados,
que canalizam a totalidade do mobiliário de grande parte das empresas.
Por outro lado, tem vindo a aumentar a distribuição por venda directa, seja através de subsidiárias
de vendas próprias ou contacto com clientes. Um caso digno de referência é o da Levira, que até
ao ano de 2006 vendia a totalidade dos seus produtos através de distribuidores, mas em 2007
comercializou directamente quase metade dos mesmos de forma a poder deter maior controlo e
oferecer um melhor serviço.
No gráfico 4 quantifica-se a divisão acima mencionada, nas diversas formas de distribuição. Gráfico 4 – Divisão da Distribuição do sector em Espanha
Fonte: DBK para Guialmi
Promoção
As características do produto determinam que o investimento em promoção não seja muito
relevante, recorrendo a acções de marketing principalmente nos contactos directos com
distribuidores e clientes, bem como em eventos, feiras e missões comerciais.
A Ofitec, realizada a cada dois anos em Madrid, e a Orgatec que tem lugar em Colónia
(Alemanha) no mês de Outubro são as principais feiras do sector, nas quais se concentra uma boa
parte das principais empresas.
orientadas para o design e a inovação.
A publiciade é geralmente realizada em revistas da especialidade, de escritório, arquitectura ou
design tais como a Oficinas, On
A internet é cada vez mais um outro meio de promover os produtos e a imagem da própria
empresa.
Na Ilustração 20 exemplifica-se a promoção em revista com um artigo na Domus sobre a Guialmi,
neste caso os produtos em foco são a Marciana
comercializou directamente quase metade dos mesmos de forma a poder deter maior controlo e
se a divisão acima mencionada, nas diversas formas de distribuição.
ivisão da Distribuição do sector em Espanha
As características do produto determinam que o investimento em promoção não seja muito
relevante, recorrendo a acções de marketing principalmente nos contactos directos com
istribuidores e clientes, bem como em eventos, feiras e missões comerciais.
A Ofitec, realizada a cada dois anos em Madrid, e a Orgatec que tem lugar em Colónia
(Alemanha) no mês de Outubro são as principais feiras do sector, nas quais se concentra uma boa
parte das principais empresas. Por outro lado algumas empresas reúnem
orientadas para o design e a inovação.
A publiciade é geralmente realizada em revistas da especialidade, de escritório, arquitectura ou
design tais como a Oficinas, On Diseño, On Office.
A internet é cada vez mais um outro meio de promover os produtos e a imagem da própria
se a promoção em revista com um artigo na Domus sobre a Guialmi,
neste caso os produtos em foco são a Marciana a cadeira Nina e a recente Origami System.
2007Distribuidores
especializados
Empresas
arquitectura/design de
interiores
Grandes superfícies
Venda directa
73
comercializou directamente quase metade dos mesmos de forma a poder deter maior controlo e
se a divisão acima mencionada, nas diversas formas de distribuição.
As características do produto determinam que o investimento em promoção não seja muito
relevante, recorrendo a acções de marketing principalmente nos contactos directos com
A Ofitec, realizada a cada dois anos em Madrid, e a Orgatec que tem lugar em Colónia
(Alemanha) no mês de Outubro são as principais feiras do sector, nas quais se concentra uma boa
Por outro lado algumas empresas reúnem-se em feiras mais
A publiciade é geralmente realizada em revistas da especialidade, de escritório, arquitectura ou
A internet é cada vez mais um outro meio de promover os produtos e a imagem da própria
se a promoção em revista com um artigo na Domus sobre a Guialmi,
a cadeira Nina e a recente Origami System.
74
Ilustração 21 – Artigo na revista italiana Domus acerca de produtos Guialmi
Fonte: Guialmi
4.1.2.4 Principais Concorrentes
Neste ponto serão descritos os principais concorrentes no sector ainda que não aprofundando em
demasia cada um dos mesmos.
Em 2007 verificava-se uma situação de comportamento favorável da procura que se traduziu no
crescimento da facturação nas principais empresas do sector, de forma que Dynamobel, Ofiprix,
Movinord, Móstoles Industrial, Estel, Akaba e JDM Silleria alcançaram taxas de variação
superiores a 20%.
Por sua parte, a empresa AF Steelcase, apesar do grande crescimento que verificou em 2006,
experienciou ainda no ano de 2007 um crescimento de 5% que lhe permitiu continuar a liderar
como principal operador do mercado espanhol.
Na tabela 4 detalham-se as quotas de mercado das principais empresas do sector em Espanha.
Podemos verificar que o grupo das primeiras 5 empresas completa os 36,4% e as primeiras 10
alcançam mais de metade da quota de mercado do sector com 54,3%.
A exportação é liderada pela Mobel Línea y Actiu Berbegal y Formas com participações de 12 e
11,5%; a empresa AF Steelcase ocupa a primeira posição de vendas de mobiliário importando,
seguida pela Haworth e Planinter.
75
Por zonas geográficas, em Madrid, na Comunidade Valenciana e no País Basco impera a AF
Steelcase, na Catalunha a Dynamobel e o Grupo Forma 5 em Andaluzia e no resto de Espanha.
Fonte: DBK para Guialmi
Tabela 4 - Quotas de Mercado das Principais Empresas do sector do Mobiliário em Espanha
76
4.1.2.5 Perspectivas do Mercado
A Tabela 5 resume as perspectivas e previsões para a evolução do mercado no sector de
mobiliário de escritório em Espanha.
Tabela 5 – Perspectivas do mercado de Mobiliário de Escritório em Espanha
Oportunidades Ameaças Evolução das formas de trabalho: procura de mobiliário e espaços de trabalho com maior flexibilidade, adaptação a diferentes utilizadores e usos
Deterioração da evolução da actividade económica e geral
Crescente preocupação com a saúde e ergonomia
Baixo crescimento da contratação de escritórios
Aumento da procura internacional Paralisação de projectos para mobilar novos escritórios e adiamento da remodelação dos escritórios já existentes
Acções de promoção do mobiliário de escritório espanhol no estrangeiro, apoiadas por organismos públicos e associações do sector
Forte crescimento dos custos de produção: matérias-primas, energia, transporte
Crescente reconhecimento do mobiliário de escritório espanhol no estrangeiro pela sua qualidade, design, inovação e funcionalidade
Aumento da concorrência no preço proveniente de países asiáticos e de Europa de leste, com menores custos de produção
Maior protecção ao plágio Maior procura de mobiliário em segunda mão e em regime de aluguer
Tendências Adaptação às novas necessidades de trabalho: redução do espaço por posto de trabalho, maior flexibilidade do mobiliário e dos espaços, incorporação de mais zonas de reunião informais, regulação em altura, maior importância da tecnologia
Expansão internacional: aumento da presença na Europa de Leste, América Latina, países árabes e Ásia
Aumento do investimento em I+D+I
Progressivo aumento da venda directa. Adaptação do mobiliário e dos espaços as necessidades particulares de cada cliente
Incorporação de um maior nível de serviço pré e pós-venda
Crescente colaboração das empresas com arquitectos, designers e consultores
Fonte: elaboração própria com base em dados fornecidos pela DBK à Guialmi
77
4.1.3 Analise SWOT
Na tabela 6 descreve-se a análise SWOT da Guialmi onde se explanam os pontos fortes e fracos,
as oportunidades e ameaças.
Tabela 6 – Análise SWOT Guialmi
SWOT
Pontos Fortes Pontos Fracos
1.Estrutura económico-financeira estável 5.Capacidade de fabrico utilizada no limite
2.Equipa de gestão conhecedora do sector
6.Convivência desajustada entre tecnologias industriais recentes e antigas
3.Quadros motivados 7.Tecnologia desajustada ao fabrico automático de determinados componentes
4.Sucesso na implementação de planos estratégicos anteriores
8.Lay-outs de montagem ineficazes
9.Partes do processo exageradamente MO intensiva
10.Inaptidão tecnológica de alguns colaboradores
11.Serviço ao cliente em fase de arranque
12.Comunicação da segmentação
13.Programa de alta direcção na fase terminal do ciclo de vida
14.Notoriedade da marca circunscrita
15.Hardware do Gabinete Técnico desadequado
Oportunidades Ameaças
16.Novos segmentos
22.Players internacionais maduros
17.Cadeiras Guialmi 23.Entrada de novos players, de baixo preço
18.Programas alternativos de Armários
19.Mercado do Reino Unido
20.Mercados de proximidade
21.Mercados Médio Oriente
Fonte: elaboração própria
78
4.2 Processo de Internacionalização da GUIALMI
4.2.1 Posicionamento Em Dezembro de 1998 a Guialmi altera a estrutura accionista com base numa operação de MBO
e, consequentemente muda também de administração. É definida uma base estratégica de
transição, através da qual se desenvolvem um conjunto de acções com o objectivo de corrigir os
principais pontos fracos identificados (fraca penetração em Lisboa, estrutura de distribuição de
província pouco profissionalizada, mix de produtos ajustados à distribuição mas conservador para
o mercado de Lisboa, quadros desajustados face aos objectivos pretendidos). Neste sentido
procede-se ao refrescamento estético e ajustamento funcional do mix de produtos, contrata-se
nova equipa de gestão de produção e planeamento e focaliza-se a promoção. A Guialmi participa
pela primeira vez num certame do sector, expondo em 2002 na Ofitec de Madrid. O objectivo da
presença foi de iniciar a penetração no mercado espanhol e a criação do canal de distribuição que
detém hoje. Neste ano a Guialmi ainda não contava com nenhum distribuidor nesse mercado.
A prioridade era fazer da Guialmi um importante player ibérico e era esse o posicionamento
pretendido no decorrer dos anos seguintes.
Para isso foram decisivos os objectivos estratégicos e operacionais que serão descritos abaixo.
Actualmente, o posicionamento da Guialmi, no que respeita ao domínio das componentes do
Marketing Mix, pode resumir-se no quadro abaixo (Tabela 7). Graduou-se o domínio numa escala
de 1 a 5 (do mais fraco para o mais forte).
Tabela 7 - Marketing Mix/Posicionamento Guialmi
Marketing Mix
Portugal
Península Ibérica
Europa
Produto 5 3 3 Preço 4 3 3 Distribuição 5 4 2 Promoção 5 3 3 Fonte: elaboração própria
A oferta da Guialmi em Portugal é das mais equilibradas, e pensa-se ser a que mais evoluiu nos
últimos anos, quer na actualidade estética quer funcional. Na Península Ibérica e na Europa estão
presentes, para além de bons concorrentes locais, os mais importantes players mundiais.
A competitividade do preço é das mais interessantes no nosso País, considerando a relação com
a qualidade e a modernidade. Esta relação enfraquece ligeiramente quando a Guialmi se compara
nas restantes regiões referidas.
A Rede de Distribuição em Portugal é a que apresenta maior cobertura nacional e inclui boas
empresas de distribuição. Em Espanha, embora tenha evoluído a bom ritmo ainda tem
79
considerável potencial de crescimento. Na Europa encontra-se numa fase embrionária, com um
apontamento favorável na Irlanda, e em construção no Reino Unido.
A promoção em Portugal, quando comparada com os restantes concorrentes, é das mais activas.
Nas restantes regiões pode classificar-se de suficiente.
4.2.2 Objectivos Estratégicos - Factores Críticos de Sucesso
Os Factores Críticos de Sucesso são o design do produto, o preço e o serviço.
A competitividade dos FCS constitui um forte apoio à notoriedade da Marca.
O design, facilmente identificado com a estética, deve incluir também conceitos como a
funcionalidade e a ergonomia. A intensidade da funcionalidade e da ergonomia devem ser
crescentes à medida que o produto pretende posicionar-se em faixas de preço mais elevadas.
Quanto à estética, mais sofisticada ou mais democratizada, no sentido de popularizada, deve estar
sempre presente. Na Guialmi, um exemplo de um produto com elevado desenvolvimento funcional
e ergonómico e com estética sofisticada, encontra-se no programa Layer. Do mesmo modo, um
exemplo de um produto funcionalmente simples, mas com preocupações estéticas, embora
democratizadas é o programa L4P e mais recentemente o programa LPO.
A Guialmi resolveu este dilema no processo de segmentação referido anteriormente: Guialmi
Design, Guialmi Soluctions e Guialmi Urban.
Quanto ao Preço, na óptica do mercado, não tem que ser baixo, mas deve ser competitivo na
relação com os factores diferenciadores intrínsecos ao produto (estética, funcionalidade
ergonomia e qualidade). A montante, o preço depende do custo, e este depende muito na Guialmi
da competitividade industrial, na medida em que vende o que fabrica.
Do ponto de vista da competitividade industrial tem-se assistido à entrada de novos concorrentes,
cada vez mais activos, principalmente oriundos da Turquia e da Ásia, que adoptam práticas de
baixo preço. Atendendo a que na Europa a gestão dos factores tem regras diferentes, é
determinante o reforço da competitividade pelo lado do conhecimento. O mesmo é dizer que, a
competitividade industrial sustentada pressupõe lay-outs eficientes, tecnologia inteligente, flexível
e dotada de elevado grau de produtividade e processos bem ajustados à tecnologia. Deve ser
apoiada em processos organizativos eficazes, onde o planeamento integrado assume papel
determinante.
O Serviço, é fundamentalmente constituído pelo prazo de entrega, curto, comunicado previamente
ao cliente e cumprido. Pela resposta rápida a reclamações e solicitações do cliente. Pela entrega
cómoda no cliente. Pela criação de instrumentos facilmente inteligíveis pelo cliente, em mercados
diferentes. Pelo nível de ferramentas de trabalho disponibilizadas ao cliente.
A Guialmi tem percorrido um caminho dedicando particular atenção a estas áreas. O projecto
reforça-as de forma consistente.
80
De acordo com a sensibilidade da Guialmi, o seu posicionamento competitivo na matriz dos FCS
representa-se na Tabela 8. À semelhança da metodologia adoptada no posicionamento do
marketing mix, consideraram-se três regiões: Portugal, Península Ibérica e Europa e graduou-se a
intensidade do domínio de 1 a 5 (1 – domínio fraco; 5 – domínio forte).
Tabela 8 - Domínio dos FCS
FCS
Portugal
Península Ibérica
Europa
Produto 5 4 3 Preço 4 4 4 Serviço 4 4 3 Fonte: elaboração própria
4.2.3 Objectivos operacionais
Os objectivos operacionais assentavam no inicio do processo de internacionalização em Espanha
na admissão de recursos humanos com experiencia e no investimento com base tecnológica.
A partir de 2004 remodelaram-se para a admissão exigente de recursos humanos, o investimento
em sistemas de informação, na adequação das instalações e tecnologia assim como no produto.
A partir de 2008, com um posicionamento razoável e vários objectivos estratégicos cumpridos, os
operacionais transformam-se na política selectiva de admissão de novos colaboradores, no
investimento de base tecnológica relacionado com as cadeiras, com a melhoria da produtividade e
capacidade e também na logística com o aumento da frota própria afecta ao mercado ibérico.
Os níveis de exigência modificam e o investimento neste tipo de objectivo mantém-se
praticamente inalterado.
81
4.3 Canal de Distribuição
O canal de distribuição é, segundo a American Marketing Association, uma rede organizada de
agências e instituições que, em combinação, desempenham todas as actividades requeridas para
conectar produtores e utilizadores para realizar a tarefa de marketing.
A descrição de Keegan (2005) remete que os canais dão compreendidos por grupos coordenados
de indivíduos ou firmas, que desempenham funções adicionando utilidade a um produto ou
serviço.
Neste capítulo proceder-se-á à descrição e avaliação do canal de distribuição adoptado pela
Guialmi para o mercado espanhol.
Descrever-se-á o canal de distribuição para possível avaliação e prova da relevância da cultura do
país na escolha e posterior sucesso do mesmo.
4.3.1 Descrição do Canal de Distribuição Guialmi em Espanha
O canal de distribuição, de uma visão muito prática, corresponde ao itinerário percorrido por um
produto ou serviço desde o estádio da produção ao do consumo.
Segundo Lindon et al. (2004), este itinerário é formado por um conjunto de indivíduos e de
empresas, chamados de intermediários. Existem diversas categorias de intermediários que
intercedem entre o produtor e o consumidor final.
A profundidade do canal mede-se pelo número de intermediários que o constituem, como
representado na Ilustração 22.
Fonte: elaboração própria com base em Mercator XXI, Lindon et al.
Ilustração 22 – Profundidade do canal de Distribuição
82
O numero de intermediários do canal sempre foi um tema polémico, dado que é costume pensar
que quanto maior o numero de intermediários, mais elevado será o preço do produto para o
consumidor final.
A eficácia económica do canal depende em maior percentagem da produtividade de cada nível do
canal do que propriamente à profundidade do mesmo. Se o intermediário é especializado o seu
papel traz vantagens tanto para o produtor como para o consumidor final já que liga com um
grande volume de mercadorias.
A distribuição da Guialmi em Espanha é feita num canal de dois níveis, dado que entre o produtor
e o consumidor intervêm um representante de vendas local e um distribuidor.
Este tipo de canal de distribuição é considerado longo na medida em que existem dois
intermediários entre o produtor e o consumidor.
Por outro lado a estratégia ou modalidade do canal de distribuição pode ser intensiva, exclusiva ou
selectiva.
Segundo Viana e Hortinha (2002), a distribuição intensiva é adoptada quando uma empresa
pretende a exposição máxima para o seu produto e coloca-o em tantos locais quanto possível.
Esta estratégia utiliza canais múltiplos de forma a conseguir inundar o mercado com o seu
produto. É uma estratégia atractiva de distribuição para bens de conveniência.
Por sua vez, a distribuição exclusiva é colocada nas mãos de um só intermediário numa dada
área. Isto significa maior apoio e controlo para o fabricante em relação ao preço, às promoções, ao
crédito e a outras funções. É vista como motivadora e é levada a cabo quando os produtores
acreditam que concorrência agressiva é prejudicial.
A distribuição selectiva implica que o produto seja distribuído por um limitado número de locais.
Esta é uma estratégia considerada intermédia entre as duas anteriores. Envolve menores custos e
maior controlo do canal que a distribuição intensiva e é um modo eficaz de conseguir
distribuidores e intermediários permitindo a cobertura de uma área de mercado extensa.
A estratégia de distribuição adoptada pela Guialmi neste canal, em relação aos representantes de
vendas, pode ser considerada exclusiva na medida em que se procede à distribuição a cargo de
um só intermediário numa dada área ou região de Espanha.
4.3.2 Caracterização dos Intervenientes no Canal de Distribuição O canal de distribuição adoptado pela Guialmi no mercado espanhol, é como se referiu acima,
composto por dois intervenientes entre o produtor e o consumidor: o representante de vendas e o
distribuidor.
83
Na ilustração 23 estão presentes os representantes de vendas Guialmi em Espanha.
Por cada região foi escolhido um representante de vendas que funciona como um agente,
segundo Dias (2005), é uma entidade independente que actua na transferência de bens e
serviços, que, sem tomar posse física e legal sobre os bens comercializados, recebe uma
comissão pela sua participação na operação.
Esta opção deve-se não só à estratégia de distribuição adoptada, que em relação aos
representantes de vendas pode ser considerada exclusiva, mas também à importante e muito
influente cultural espanhola, que condiciona em grande parte das regiões a actuação de força de
vendas própria. Isto deve-se em grande parte à componente linguística que varia de região para
região e dificulta não só a comunicação mas a participação em acções de comunicação com o
mercado, tais como os concursos públicos e a relação com distribuidores locais.
Em Madrid a Guialmi optou pela venda directa.
Os distribuidores aumentaram desde a primeira intervenção da Guialmi na feira de Madrid em
2002 – Ofitec – de nenhum a cerca de 100 distribuidores no mercado espanhol.
Fonte: Guialmi
Ilustração 23 – Representantes de vendas Guialmi em Espanha
84
Em relação a este intermediário a estratégia de marketing varia um pouco pois funcionam como
comerciantes, segundo Dias (2002), adquirem as mercadorias, assumindo a titularidade legal dos
bens a comercializar.
Na ilustração 24 são representados os principais distribuidores. Os pontos representados a verde
são focos de mercado onde há vários clientes que individualmente ainda não representam grande
volume de vendas mas no colectivo já merecem destaque. Alguns são contactos recentes que se
esperam ser fortes distribuidores e portanto são aqui representados.
Este tipo de canal traz bastantes vantagens dado que os representantes de vendas locais têm
conhecimento do mercado mais aprofundado que o produtor e os distribuidores atingem negócios
de fornecimento de grandes divisões estatais e superfícies comerciais, bem como de empresas
com filiais em todo o país.
Por outro lado podem ser identificadas algumas desvantagens, como por exemplo a dificuldade
em construir mercado para um novo produto. Isto deve-se ao interesse dos intermediários de
aumentar o seu próprio lucro e não o do fabricante.
Fonte Guialmi
Ilustração 24 – Principais Distribuidores Guialmi em Espanha
85
4.3.3 Avaliação e Escolha do Canal de Distribuição
Segundo Lindon et al. (2004), a distribuição, como variável do marketing-mix, detém
particularidades que dificultam a sua gestão por parte dos produtores, já que é indispensável mas
pouco flexível e difícil de controlar.
Os autores sugerem uma sequência no processo de avaliação do canal de distribuição, também
usada na escolha do mesmo, que está representada na ilustração 25.
Esta sequência divide-se em três etapas principais: a análise das funções de distribuição, as
limitações e os critérios de avaliação de um canal de distribuição.
4.3.3.1 Funções da Distribuição
As funções da distribuição, segundo Lindon et al. (2004), dividem-se em dois tipos principais: a
distribuição física e os serviços.
Fonte: Mercator XXI, Lindon et al.
Ilustração 25 – Avaliação e Escolha do Canal de Distribuição
86
A distribuição física tem como funções o transporte, armazenamento e manutenção. Os serviços
dividem funções como a constituição de uma oferta comercial, a recolha e transmissão de
informações, a venda, a pós-venda e os serviços financeiros.
Esta decomposição das funções da distribuição possibilita descobrir qual é o agente económico
que detém melhores condições para desempenhar estas funções: o próprio produtor, os
armazenistas, os prestadores de serviços como os transportadores, os retalhistas ou os próprios
consumidores.
Estas funções estão dependentes de certos factores que delineiam a importância que terão:
− Objectivos e estratégia de marketing do produtor
Neste ponto pode-se estabelecer que o objectivo estratégico prioritário da Guialmi para a primeira
fase do processo de internacionalização em Espanha era tornar-se um importante player Ibérico
no sector de mobiliário de escritório. Para isto pretendia-se a fidelização de distribuidores nas
regiões ou comunidades onde se concentrava a maior percentagem de mercado (gráfico 5).
Desfrutava ainda de uma gama de produtos segmentada a nível de preço e uma oferta reduzida
na diversidade apesar da reconhecida qualidade (mercado português); eficácia no serviço e
robustez financeira que permitem um bom posicionamento no mercado interno; exportação
apenas pela subcontratação no mercado holandês que apesar de importante não confere
notoriedade à marca.
Fonte: DBK para Guialmi
Gráfico 5 – Mercado por Zonas Geográficas
A estratégia de marketing levou a cumprir o objectivo de tornar a Guialmi num player ibérico
o conseguir, tomaram-se medidas como: foi
desenvolvidos instrumentos de trabalho em espanhol, francês e inglês e é assumido um prazo de
entrega para o mercado espanhol garantido de 2 semanas (medidas su
relevantes).
Além disso procedeu-se ao abandono da marca do cliente, acabando com a actividade de
subcontratação. Apesar desta actividade com domínio da Holanda valer no ponto alto do ciclo
cerca de 20% das vendas da empresa, os p
comercializados exclusivamente com a marca Guialmi.
Assim conseguem-se resultados por região de acordo com o apresentado no gráfico
Gráfico 6 – Vendas Guialmi por Comunidades Autóno
Fonte: elaboração própria, dados Guialmi
− Características dos clientes, dimensão e natureza do mercado
Sobre este tópico, pode-se recorrer à caracterização da cultura espanhola, dividida pelo
sentimento nacionalista regional e à caracterização do me
escritório. Aquando da primeira frequência da Guialmi na feira Ofitec, em 2002, a procura no
mercado espanhol não era muito forte devido a falta de investimento empresarial e adiamento da
A estratégia de marketing levou a cumprir o objectivo de tornar a Guialmi num player ibérico
se medidas como: foi criado o Departamento de Serviço ao Cliente, foram
desenvolvidos instrumentos de trabalho em espanhol, francês e inglês e é assumido um prazo de
entrega para o mercado espanhol garantido de 2 semanas (medidas suportadas em investimentos
se ao abandono da marca do cliente, acabando com a actividade de
subcontratação. Apesar desta actividade com domínio da Holanda valer no ponto alto do ciclo
cerca de 20% das vendas da empresa, os produtos fabricados pela Guialmi passam a ser
comercializados exclusivamente com a marca Guialmi.
se resultados por região de acordo com o apresentado no gráfico
Vendas Guialmi por Comunidades Autónomas
Fonte: elaboração própria, dados Guialmi
Características dos clientes, dimensão e natureza do mercado
se recorrer à caracterização da cultura espanhola, dividida pelo
sentimento nacionalista regional e à caracterização do mercado espanhol de mobiliário de
escritório. Aquando da primeira frequência da Guialmi na feira Ofitec, em 2002, a procura no
mercado espanhol não era muito forte devido a falta de investimento empresarial e adiamento da
Vendas
Madrid & Baleares
Galiza
Castilla y León & Extremadura
Astúrias
Andaluzia
Catalunha
Valência & Murcia
La Rioja & Navarra
País Basco & Cantabria
Canárias
87
A estratégia de marketing levou a cumprir o objectivo de tornar a Guialmi num player ibérico. Para
criado o Departamento de Serviço ao Cliente, foram
desenvolvidos instrumentos de trabalho em espanhol, francês e inglês e é assumido um prazo de
portadas em investimentos
se ao abandono da marca do cliente, acabando com a actividade de
subcontratação. Apesar desta actividade com domínio da Holanda valer no ponto alto do ciclo
rodutos fabricados pela Guialmi passam a ser
se resultados por região de acordo com o apresentado no gráfico 6.
se recorrer à caracterização da cultura espanhola, dividida pelo
rcado espanhol de mobiliário de
escritório. Aquando da primeira frequência da Guialmi na feira Ofitec, em 2002, a procura no
mercado espanhol não era muito forte devido a falta de investimento empresarial e adiamento da
Madrid & Baleares
Castilla y León & Extremadura
Valência & Murcia
La Rioja & Navarra
País Basco & Cantabria
88
aquisição de mobiliário por se viver uma época de incerteza. A comercialização indirecta era o
principal canal de distribuição utilizado, onde dominava a venda através de distribuidores
especializados. O mercado concentrava-se maioritariamente em Madrid e na Catalunha (gráfico
5).
Segundo dados do sector em Espanha, de 2007, as divisões da procura no sector tendem a
crescer. Aumentaram a criação de sociedades comerciais, a superfície de escritórios dos
Ayuntamientos, estabelecimento de novas sucursais das entidades de depósito e na rede das
caixas de aforro, bem como o número de empregado nas entidades de depósito.
A natureza do mercado divide-se entre a reposição e acondicionamento de escritórios já
existentes e o acondicionamento de espaços novos. Ambos são influenciados pela economia em
geral e das empresas em particular, dado que são decisões de compra que podem ser adiadas
sem grande prejuízo nas firmas já existentes e não chegarem a ser efectuadas nos novos
escritórios.
− Características dos produtos
Os produtos não desenvolvem condicionantes em termos de duração, peso e dimensão para o
transporte, armazenamento e manutenção.
No entanto requerem um certo grau de tecnicidade na montagem e consequentemente no serviço.
4.3.3.2 Limitações
O número de soluções possíveis para a escolha do canal de distribuição adequado está
normalmente sujeita a diversas limitações. São estas:
− Limitações Legais
Segundo Lindon et al. (2004), alguns canais são obrigatórios para certos produtos, como os
medicamentos, e outros têm restrições como as áreas de serviço que não podem vender álcool
desde 2004. Além dessas, todas as empresas dispõe de limitações legais e algumas são comuns,
como a proibição da recusa de venda.
A Guialmi não é abrangida em nenhum grupo com limitações legais específicas, apenas pelas
comuns gerais.
− Limitações financeiras
É indispensável avaliar os custos inerentes a cada canal de distribuição para poder escolher
conscientemente. Esta análise foi feita acima, na análise interna da Guialmi, onde se concluiu que
detém uma certa estabilidade financeira.
− Limitações dos circuitos existentes
As empresas estão normalmente dependentes dos circuitos existentes e das suas formas de
actuação como os prazos de entrega, armazenamento, margens, etc. Estas estão mais evidentes
89
na exportação principalmente pelas diferenças entre os países no que diz respeito, por exemplo,
ao aparelho comercial e praticas comerciais.
Os produtores, segundo Lindon et al. (2004), não costumam ser muito imaginativos na política de
distribuição, podendo esta surgir de quatro formas: nova utilização de um circuito existente, nova
organização de um circuito tradicional, circuito completamente novo ou a criação de parcerias com
utilização da rede de parceiros.
Como já foi referido, a Guialmi utiliza uma rede de distribuidores em todo o território espanhol para
distribuir os seus produtos ao consumidor. Esta é a forma mais comum de distribuir neste
mercado, apesar de no caso da Guialmi a venda não ser efectuada por uma força de vendas
própria, mas através de representantes de vendas ou agentes que constituem mais um
intermediário.
4.3.3.3 Critérios de Avaliação do Canal de Distribuição
A selecção de um sistema de distribuição passa pela avaliação dos canais segundo sete critérios
principais, segundo Lindon et al. (2004):
− Cobertura do alvo e potencial de venda dos canais
É importante estabelecer se o canal previsto atinge uma importante parte do mercado e se dele
fazem parte os compradores regulares e importantes.
Por outro lado deve ser considerado o potencial de vendas ainda que a cobertura do alvo seja à
partida muito boa.
O canal de distribuição através de distribuidores, não só é o mais utilizado em Espanha, como é o
que potencialmente terá maior cobertura de vendas ainda que possam haver outros com igual
potencial (gráfico 4).
− Competência do circuito e adaptação da sua politica de marketing ao marketing do
produtor
A experiencia de venda do produto em questão deve ser considerada, bem como as politicas de
marketing do canal na medida em que não prejudiquem as do produtor.
Os distribuidores especializados são o canal com maior experiencia de venda do produto, apenas
superados pelo produtor que não conseguiria estar presente, de forma directa, com a mesma
cobertura do alvo nem potencial de vendas.
− Imagem do canal, dinamismo e capacidade promocional
Um distribuidor pode ser competente mas ter uma má imagem, pode referenciar os produtos mas
seguidamente ser passivo ou pode cooperar activamente com os produtores na promoção das
marcas.
Sobre este tópico será de salientar a estratégia intimamente ligada ao nível de serviço, divulgada
pela Guialmi. Grande parte da imagem parte directamente do produtor, neste caso, e o restante do
representante de vendas, que é incentivado e motivado para evoluir (através de vendas por
90
comissão e descontos em grandes negócios, como apoio documental e informático à venda –
catálogos cd’s informativos e website com informação de produto para descarregar).
− Controlo da distribuição
A relação entre produtor e distribuidor deve ser equilibrada. Devem ser tidos em conta ainda as
condições comerciais que podem ser exigidas pelos distribuidores e os conflitos que podem surgir.
Alguns pontos-chave reconhecidos pela Guialmi neste canal foram precisamente a necessidade
pela fidelidade ao modelo de distribuição e à figura do representante de vendas assim como o
respeito pelo distribuidor e pelo seu papel no mercado. Desta forma incrementa-se a relação
informal com o representante de vendas e com o distribuidor para evitar conflitos e condições que
não façam parte da política da empresa.
− Compatibilidade entre canais
Muitos distribuidores opõem-se a que o produtor venda através de outros canais, por isso algumas
marcas estão especializadas por canal.
Por este motivo se evidenciou na Guialmi a fidelidade ao modelo de distribuição como um ponto
estratégico na adopção do canal de distribuição e de motivação dos representantes de vendas.
− Custo da distribuição
O custo do canal e posterior funcionamento é também um factor essencial a considerar.
A distribuição indirecta, com distribuidores especializados e representantes de vendas, pode
significar custos mais elevados na distribuição física já que o transporte está, neste caso, a cargo
do produtor, mas podem significar que nos serviços os custos expectáveis podem ser divididos
pelo representante e distribuidor entre montagem, manutenção e informação de vendas.
− Evolução provável dos canais
Alguns canais são flexíveis e consegue adaptar-se às variações do mercado, critério muito
importante dado que a escolha do canal de distribuição é feita a longo prazo.
Os distribuidores especializados geralmente adaptam-se ao mercado para sua sobrevivência e o
canal estará portanto seguro. As tendências e adaptações de design bem como a ergonomia, a
cor e a luz são evoluções de mercado e que são acompanhadas pelo produtor. Em relação à
variação geográfica de mercado, é acompanhada por cada distribuidor, de cada região.
91
5 Conclusão
5.1 Reflexão Final do Estudo de Caso
Como conclusão podemos destacar a evolução conseguida pela Guialmi a nível financeiro, de
marketing e do serviço.
Uma das armas ou pontos fortes evidenciados pela Guialmi é, precisamente, a sólida estrutura
financeira de capitais próprios que permite o investimento em estratégias que levam ao
crescimento da empresa e ao reconhecimento da marca a nível nacional e internacional.
O posicionamento em relação ao Marketing Mix, bem como em relação aos Factores Críticos de
Sucesso fazem antever o cumprimento dos objectivos estabelecidos para a primeira fase de
internacionalização da Guialmi no mercado espanhol.
Na análise SWOT detectam-se algumas fraquezas que são tendencialmente reparadas ao longo
do desenvolvimento da estratégia de internacionalização. A capacidade de melhorar esses pontos
fracos evidenciados, exprimir os pontos fortes, investir nas oportunidades e considerar seriamente
as ameaças dita o sucesso de qualquer empresa, pelo que a Guialmi tem vindo, nos últimos anos,
a esforçar-se na correcção dos pontos fracos principalmente a nível de infra-estruturas e
produção, mas também no que diz respeito aos recursos humanos.
No que diz respeito à internacionalização em Espanha e à importância do canal de distribuição fica
explicita a escolha de um canal, não só adequado às especificidades da empresa, do produto e da
imagem da marca, mas também às especificidades do mercado alvo e do país em que se insere.
A nível de serviço, uma das fortes apostas da Guialmi, desenvolve-se um departamento integrado
de serviço ao cliente, onde se une o backoffice das vendas à logística e distribuição, para
proporcionar o melhor serviço possível aos clientes e representantes de vendas. A Guialmi espera
assim a diferenciação também pelo nível exigente de serviço que presta.
5.2 O Futuro da Internacionalização da GUIALMI
A estratégia futura da Guialmi está focada em três objectivos fundamentais:
• Conquistar posição de relevo no mercado espanhol, de modo a que a empresa seja
reconhecida com um Player Ibérico importante;
• Criar rede de distribuição estruturada no Reino Unido;
• Desenvolver mercados de oportunidade identificados e conhecidos – Marrocos, França e
Médio Oriente (principalmente Dubai e Arábia Saudita).
92
A intervenção sobre o mercado espanhol está na continuidade do trabalho desenvolvido a partir de
2002. A Guialmi pretende relacionar-se com o mercado Ibérico, constituindo-se como um player
desta região da Europa.
O investimento realizado na criação de uma rede de distribuição em Espanha dotou a empresa de
competências que permitem acreditar na capacidade de definir as políticas de acção adequadas à
constituição de redes de distribuição noutros mercados.
Os mercados de oportunidade identificados são conhecidos da Guialmi. Dispõe actualmente de
um distribuidor em cada um dos mercados referidos. Pretende-se a intervenção nestes mercados
de modo a conseguir-se reforçar o posicionamento da marca.
O Reino Unido dispõe de oportunidade – a Guialmi afectou um comercial (que contratou para a
função), desde Janeiro de 2008, exclusivamente a este mercado. Actualmente intercala uma
semana em Inglaterra com uma semana na Guialmi. Actualmente, a empresa dispõe de um bom
posicionamento no mercado irlandês.
A concretização dos objectivos estratégicos pressupõe que a Guialmi tenha capacidade de reagir
às disfunções identificadas como pontos fracos, cuja correcção corresponde às acções a
implementar no futuro.
Na ilustração 26 é representada a atractividade da Europa no que respeita às percentagens de
produção e procura.
Fonte: Guialmi
Ilustração 26 – Potencial Mobiliário de Escritório Europa
93
Ainda se destacam as prioridades apresentadas pela Guialmi para o futuro, que são
representadas na ilustração 27, classificadas de nível 1 (mais importante) a 4 (menos importante).
Ainda se podem referir as prioridades em África, de nível 1 em Angola, nível 2 em Marrocos e
nível 3 em Moçambique e Cabo Verde.
No mercado Árabe o futuro passa pelas prioridades de nível 2 em Abu Dhabi e de nível 3 na
Arábia Saudita, Jordânia e Kuwait.
No continente Americano constituem-se prioridades de nível 3 na Guatemala e nível 4 no Brasil,
México e Estados Unidos.
5.3 Limitações do Estudo
Dado que se trata de um estudo de caso, os resultados não devem ser generalizados pelo que a
sua aplicação a outras empresas pode não surtir o mesmo efeito, principalmente tomando em
conta que diferentes empresas actuam de formas diferentes.
Na mesma medida, o canal de distribuição analisado não deve adoptar-se para qualquer mercado
alvo, visto que a forte componente de diferenças culturais no seio de um mesmo país é o motivo
pelo qual este canal de distribuição vigora em Espanha e obtém resultados positivos.
Fonte: Guialmi
Ilustração 27 – Prioridades Guialmi na Europa
94
Este estudo é, portanto, de natureza exploratória visto que se presta a compreender a relação
entre a cultura do país de destino e o sucesso do canal de distribuição adoptado, no caso
especifico de uma única empresa.
5.4 Recomendações para Investigações Futuras
Esta investigação poderá ser efectuada tendo em conta outros mercados, de forma a poder avaliar
qual o canal de distribuição adequado para atingir vantagem competitiva, já que as diferentes
componentes culturais e/ou económicas podem sugerir a escolha de um canal distinto do
analisado, mais vantajoso para a empresa naquele mercado.
Esta adaptação pode ser feita no estudo da mesma empresa, contando como variáveis os
mercados apontados como prioridades futuras.
Vindouras investigações acerca de ditos mercados serão interessantes tendo em conta que
aumenta a distância psíquica, como no caso do mercado árabe ou mesmo do norte-americano.
Possíveis comparações e inter-relações entre estudos adivinham-se proveitosas para a empresa
como forma de alargar o seu conhecimento em mercados com características substancialmente
diferentes do abordado neste estudo.
95
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