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LARANPARA ALM DOPRETO E BRANCOAJ
MARO 20XI
Porum
mnimoderesPeito 6e 7
GeorGe orwelle
a
Gesto
Frumdaesquerda 10, Xie 12 POR GUILHERME CARVALHO [182.14]POR MARCELO CHILVARQUER [181.23]
Germinal2 e 3
cadavotocontrrio, umamensaGem: resGate, hora
demudar. nsconcordamos.
em
NossoNovojorNal
sadePblica
curtasctricas
PaNoramacultural
aumeNtodoPreodasPassageNs
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Laranja Maro 20XI2 Laranja Maro 20XI2
Germinal
PerdeMos. PerdeMos no 1 tur-no. Perdemos como h anos no
acontecia. Perdemos. Em cada
voto contrrio, um manifesto pelo novo,
um pedido pela quebra de continusmo,
um reflexo do desgaste acumulado du-
rante trs anos de gesto. Em cada voto,
uma mensagem da So Francisco: Res-
gate, hora de mudar. Ns concordamos.
Durante trs anos de gesto, o dia
a dia exigente da Salinha, a presso e ocansao natural imprimiram no grupo
uma srie de marcas, algumas transfor-
madas pelo tempo em vcios. hora de
refletir sobre tais prticas, diagnostiscar
o porqu de seu aparecimento e elimin-
-las. No entanto, o desafio maior: a au-
tocrtica que se impe ao grupo envolve
mais do que alteraes pontuais. Trata-se
de um momento para repensar a aplica-
o da ideologia laranja, de transformaros to falados (e por ns estimados) ide-
ais de Pluralismo, Representatividade e
Gesto Descamisada em reais e efeti-
vas ferramentas na consolidao de umprojeto para o XI, para a So Francisco
e para a sociedade. Mais do que sim-
plesmente mudar - palavra mgica que
tanto encerra, mas que to pouco diz,
facilmente propagandeada e amada pela
esperanosa promessa do novo o mo-
mento de reconstruir.
Tal projeto no pode se contentar
com o estabelecimento de formas de
ao. Apesar de a ausncia destas pos-
turas j ser sentida, o Pluralismo no se
resume a eventos que apresentem posi-
cionamentos divergentes, assim como
a Representatividade no se faz apenaspor urnas no pteo e a Gesto Descami-
sada no se encerra com o no vestir de
uma cor. No. Estes so meios. E meios,
apesar de importantes formas de expres-
so e aplicao de nossos ideais, so
ferramentas para a consolidao de um
objetivo, jamais um fim em si mesmo.
Faltou, nestes ltimos tempos de
gesto, a definio clara deste objetivo,
de uma finalidade que orientasse todosos projetos e decises de nosso grupo,
ento Diretoria do XI. Nas muitas aes
concretas do Resgate faltou unidade.
Mais do que conquistas isoladas, estas
vitrias deveriam significar avanos na
consolidao de um projeto poltico.
Hoje, o momento outro. A sa-
da - nunca cabisbaixa, mas tambm
no vitoriosa - da Sala dos Estudantes
representou para ns mais do que o en-cerramento de um ciclo, representou o
incio de um processo de construo
que visa justamente definio deste
projeto. A bagagem e as vitrias hist-
ricas do grupo, assim como a confiana
depositada por centenas de francisca-
nos em nossa ideologia e experincia
esto desde ento sendo combinadas
com um intenso processo de formao.
Trata-se de trazer as vises crti-
cas de cada membro, apoiador ou aluno
acerca da sociedade, da So Francisco
e do Resgate e transform-las em algo
maior. A reconstruo no uma merareviso do partido, mas uma constante
busca por respostas (nunca fceis, nun-
ca prontas). Nesta busca, cada dvida,
anseio ou inquietao franciscana consi-
derada corriqueira, e por isso ignorada,
pode e deve ser grmen de um mo-
vimento.
Sim, grmen. Grmen porque prin-
cpio, causa. Germm porque elemen-
to inicial do desenvolvimento de algonovo. Reside na So Francisco enorme
potencial, em cada indivduo a crtica e
as opinies necessrias para a constru-
o de uma real fora de transformao
progressista na sociedade. Esse poten-
cial no pode ser silenciado e restringido
a cada franciscano, muito menos perdido
pela implementao macia de uma ide-
ologia pronta. O Resgate acredita que ele
deve crescer, germinar.A partir dos ideais do franciscano,
possvel criar um movimento crescen-
te: coletivizar idias em discusses, para
ento torn-las ao e, finalmente, trans-
formao.
Em cada voto, uma men-sagem da So Francisco:Resgate, hora de mu-dar. Ns concordamos.
A bagagem e as vitriashistricas do grupo e a con-fiana depositada por cen-tenas de franciscanos em
nossa ideologia e experin-
cia esto desde ento sendocombinadas com um inten-so processo de formao.
EDITORIAL
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LaranjaMaro 20XI 3
Nosso novo jornal
e
ste oLaranja. Ele vem para
deixar transparecer nossos po-
sicionamentos, defender nosso
ideal de movimento estudantil e repens--lo. Queremos nos comunicar com a Fa-
culdade, fazer nossa reconstruo junto
a ela e, para isso, convocamos todos e
todas para tomar parte no nosso projeto
e acompanhar o Laranja. Aqui traremos
um contraponto a qualquer maniquesmo
que subestime o potencial das Arcadas.
atravs do posicionamento cr-
tico que podemos voltar a ganhar o
espao h muito perdido pelo movi-
mento estudantil no cenrio brasileiro.
O Laranja vem em defesa de um mo-
vimento inteligente, voltado aos alunos,
aprofundado e, por que no, por vezes,
ctrico. Nossa idia pensar formas efi-
cazes de maximizar tanto pautas da So
Francisco como as grandes questes
dos estudantes e do nosso pas, sem se
vincular a partidos polticos externos
e formas ultrapassadas de atuao que
tirem o nosso crdito. Nosso modelo
voltado aos estudantes que legitimam
seu movimento, e no o contrrio.
nesse sentido que se insere o
Laranja. Buscamos uma viso alm do
preto-e-branco. Buscamos superar a rasa
dicotomia de direita e esquerda. Bus-camos profundidade! Aqui, tomaremos
posies, mas sem nunca consider-las
como verdades absolutas.
Ser Resgate respeitar o francisca-
no, trat-lo como igual, no negligen-
ciar seu ponto de vista. Sabemos que no
somos superiores a ningum e que no
cabe a ns tomar a postura prepotente de
doutrinadores da idia certa: fugimos da
arrogncia e do discurso fcil.
Ideias simplificadas so mais fceis
de vender. Mas dessa facilidade o La-
ranja quer distncia.
Para tanto, preciso que se crie um
ambiente propcio. preciso que o alu-
no tenha a oportunidade de desenvolver
seus posicionamentos atravs de anlises
aprofundadas. preciso que possa tersua voz ouvida e que participe de fato do
debate pblico. preciso que possa atu-
ar na concretizao de uma tranforma-
o substancial na realidade brasileira.
A luta pela realizao de tais neces-
sidades a verdadeira funo do Movi-
mento Estudantil. O XI de Agosto, refe-
rncia deste movimento , no faz sentido
se no for construdo, de fato, por todos
os estudantes. Deve proporcionar o en-
riquecimento das mencionadas opiniesindividuais, e fomentar a sua participa-
o em debates de qualidade, no apenas
realizar eventos vazios no qual o aluno
reduzido a espectador. A partir disto,
torna-se possvel o envolvimento na pro-
duo de resultados prticos, seja inter-namente, seja no espao pblico.
Nosso objetivo a construo des-
te ambiente de fermentao poltica que
leva ao e movimentao de pes-
soas unidas pela defesa de seus ideais
e interesses. Isto s poder ser concre-
tizado com qualidade por meio de uma
atuao plural, nunca neutra, mas crtica.
No, o Resgate no neutro. O Resgate
no apoltico. Tampouco uma direi-ta enrustida. , ao contrrio, um grupo
que quer mais. Mais qualidade, menos
simplificao. Mais senso crtico, me-
nos doutrinao. A verdadeira luta pela
transformao s possvel atravs de
um XI que no aceite respostas prontas.
Mais do que isso, s faz sentido se partir
do envolvimento direto dos alunos nos
projetos e nas decises do CA. Os alunos
no podem ser tratados como massa a serconvencida e instrumentalizada. Devem
ser agentes, protagonistas na construo
de um movimento os ideais a serem
defendidos no so os dos diretores do
XI, mas os construdos pelos estudantes.
este o real sentido de nossa ideo-
logia. para este fim que o MovimentoResgate Arcadas se volta.
A partir dos ideais dofranciscano, possvel
criar um movimento cres-cente: coletivizar idias
em discusses, que porsua vez tornem-se ao e,
finalmente, transformao.
Buscamos uma viso almdo preto-e-branco. Busca-mos superar a rasa dicoto-mia de direita e esquerda.Buscamos profundidade!
o que o GerMInaL?Germinal referncia ao livro ho-
mnimode 1885, escritopelofrancs
naturalista mile Zola. o roman-
ce, consideradopormuitossuaobra
mxima, retratademodoinovadora-
mente realista a condio precria
esubumana davidadeumGrupode
trabalhadores de uma mina de car-
vo na frana. uma lenta tomada
de conscincia sobre suas realida-
desseGuidadeumlentoprocessode
pensaremmeiosdemelhoraremsuas
vidasfaZemGerminarnosmineirosa
semente de um movimento para rei-
vindicarseusdireitos.
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L
EDITORIAL
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LaranjaMaro 20XI 5ABORTO
-se na crtica veementemente contrria
feita pela Igreja Catlica e Evanglica,
usando-a como ltimo recurso para se
alavancar na campanha. Essa postura foi
muito prejudicial para a discusso de umtema que, alm de primordial, dever ser
enfrentado e discutido a fundo pelos go-
vernantes, principalmente com relao a
suas polticas de governo em pautas de
acesso sade e direitos humanos.
Marina Silva teve uma postura mais
coerente. A senadora, evanglica, afir-
mou desde o comeo da pr-campanha
ser contra a prtica. Porm, apresentou
diversas vezes o plebiscito como melhorcaminho para tratar o assunto, admitindo
que a questo no puramente religio-
sa, envolvendo aspectos de natureza fi-
losfica, tica e moral. Plnio de Arruda
Sampaio adotou uma posio semelhan-
te. Como cristo, seu posicionamento
pessoal diante do problema do aborto
ditado pelos valores da f. Porm, acre-
dita que o Presidente da Repblica pre-
cisa levar em conta a dimenso social e
poltica do problema e o carter da so-ciedade em que vive, sociedade na qual
milhares de mulheres morrem ou sofrem
graves danos fsicos e psicolgicos em
razo de abortos clandestinos. Logo,
para ele, o aborto deve ser considerado
uma questo de sade pblica, indepen-
dentemente da sua f.
Para que o tema esteja em voga,
preciso que seja discutido juntamen-
te com a Igreja, com as instituies dedireitos humanos e com os grupos de
defesa dos direitos da mulher, sem es-
quecer, claro, da necessidade do vis
de orientao e conscientizao da so-
ciedade, para que isso garanta sua devi-
da representao.
senso comum que o aborto, por
si s, no uma prtica desejvel. Sua
opo , em suma, o ltimo dos recur-
sos. Sabemos que muitas mulheres que
j o enfrentaram lutaram contra, no sos ricos sade, mas tambm contra as
questes morais, a culpa, a vergonha e o
preconceito. Outras ainda, devido a suas
crenas religiosas, optam todos os dias
por no abortar, a pensar dos problemas
socioeconmicos envolvidos. Essa di-
vergncia de pensamento tem um ponto
em comum: o livre arbtrio, a autonomia
da vontade. Cada mulher deve ao menos
ter a oportunidade de escolher. porisso que no podemos aceitar a omis-
so, o descaso, e a indiferena do poder
pblico em no enfrentar o problema de
frente, olhando-o nos olhos e assumin-
do que esse o momento de, finalmente,
super-lo. L
curtasctricas ao entrar na salinha do xi,v-se um mural com fotos da
comemoraodavitriado f-
rumda esquerdanacasadeum
membro do partido vermelho.
na imaGem, salta aos olhos o
rosto feliZ de alGum que se
esforoubastantepelavitria
sem nunca vestir a camisa ru-
bra: renato ribeiro, ombuds-
mando xi de aGosto, quedeu
o furo sobre o fundo do xi
no dia das eleies. provavel-
mente, sua presena deveria
serapenascomoobservadorim-
parcialdanovaGestoemseusmomentosdelaZer...
BaseestreMecIdaaps 30 anosdesimbiosecomos
sindicatos, o pt abreumafissura
narelao. loGonaprimeiravo-
tao importante do conGresso
da era dilma, o partido discor-
da de seu aliado sobre o valor
do salrio mnimo. resta saber
comoamilitnciasindicalvaise
portardaquiemdiante.
oPosIonosaresdiZoditadopopularquedois
bicudosnosebeijameatuca-
nadadoplanaltotemseempe-nhadoemprovarisso. comuma
coerente, mas bastante ir-
responsveldefesadosalrio
mnimo, opartidoviunovamen-
tesua "liderana" racharen-
treoGrupoapoiadopor acio
neves (quequeria r$ 560,00)
e o por serra (cuja proposta
era de r$ 600,00) - o mesmo
rachaqueaconteceuduranteaseleiesde 2010.
FruM PLuraLpassarinhos vermelhos tem fala-do pelas arcadas queos eventos
da calouradado xi estosendo
plurais. de fato, eles traZem to-
dosospontosdevistadentro do
restrito universo ideolGico do
frum. e, afinal, fora desseuni-
verso no h nada que valha a
penaserouvido.
coMeMoraoIMParcIaL
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Laranja Maro 20XI6
Por um mnimo
de respeitoA presidenta Dilma, cujo partido clama no nome pertencer aos trabalhadores, sobe o
salrio mnimo em irrisrios 5 reais. A oposio, liderada por Jos Serra, contraria seu
histrico de defensora da responsabilidade nanceira e lana impraticveis propostas de
560 e 600 reais. As diferenas ideolgicas entre os partidos comeam a se esvair.
POR GUILHERME CARVALHO
era a PrIMeIra votao impor-tante do novo governo: o va-
lor do salrio mnimo. De um
lado, os governistas, preocupados com o
impacto sobre o oramento, propunham
um aumento quase simblico; do outro,
a oposio empurrava o valor para cima,
exigindo um aumento real. Em busca de
apoio poltico para sua proposta, o Pla-
nalto prometia cargos. Poucas semanas
antes, os parlamentares haviam aprova-do aumento considervel de seus pr-
prios salrios, o que dificultava a posi-
o do governo.
No, no estamos falando de
2011. O ano 1995; o presidente, Fer-
nando Henrique Cardoso; o salrio m-
nimo vigente, R$70,00. Naquele ano, a
proposta da oposio (R$100) foi apro-
vada e, em seguida, vetada. Ainda assim,
a semelhana com o que aconteceu noltimo ms, quando o governo fede-
ral elevou o salrio mnimo em R$5,
desconcertante. A inverso dos papeis
(PSDB - PT) deu-se com tamanha preci-
so que no podemos deixar de nos per-
guntar o que isso significa. O que serque realmente defendem os dois lados?
Quais as diferenas entre as posturas dos
dois governos? Para entender um pouco
melhor esse problema, necessrio revi-
sitar a histria.
O salrio mnimo entrou em vign-
cia no Brasil em maio de 1940, em meio
a diversos benefcios trabalhistas ins-
titudos por Vargas. poca, o pas foi
dividido em 22 regies e 50 sub-regies,cada qual com um piso independente.
Com o passar do tempo, essas divises
foram desaparecendo, at que em 1984 o
valor foi nacionalmente unificado. Aps
a LC n 103/00, consolidou-se o entendi-
mento de que os Estados poderiam fixar
salrios mnimos regionais, desde que
superiores ao nacional. Hoje, apenas cin-
co Estados possuem pisos regionais: Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paran,So Paulo e Rio de Janeiro.
A Constituio Federal de 1988,
em seu art. 7, IV, assegurou aos traba-
lhadores um salrio mnimo, fixado em
lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender a suas necessidades vitais b-sicas e s de sua famlia com moradia,
alimentao, educao, sade, lazer, ves-
turio, higiene, transporte e previdncia
social, com reajustes peridicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo ve-
dada sua vinculao para qualquer fim.
Os recm-aprovados R$ 545 esto longe
de atender a essas necessidades vitais.
Segundo o Departamento Intersindical
de Estatstica e Estudos Socioeconmi-cos DIEESE , o valor ideal, tambm
chamado de salrio mnimo necessrio,
estaria em torno de R$2230. No obstan-
te, o abismo entre os dois valores vem
diminuindo progressivamente desde
1995.
A partir da dcada de 60, o valor
real do piso salarial sofreu lenta desvalo-
rizao tendo atingido seus valores mais
baixos entre os anos de 1992 e 1995.Com a estabilizao da moeda, deu-se
incio a uma poltica de valorizao do
salrio mnimo. Em janeiro de 1995, o
salrio mnimo necessrio era estimado
em R$723, e o nominal estava fixado
em R$70 (menos de 10%, portanto). Em
dezembro de 2010, o salrio nominal j
correspondia a cerca de 20% do neces-
srio.
A maior parte desse considervelaumento deu-se nos oito anos do gover-
no Lula. Segundo o ministrio da fazen-
da, entre 1995 e 2002, o salrio mnimo
SALRIO MNIMO
A inverso dos papeis (PSDB - PT) deu-se com ta-manha preciso que no podemos deixar de nos per-
guntar o que isso significa. O que ser que realmen-te defendem os dois lados? Quais as diferenas entreas posturas dos dois governos [FHC e Lula]?
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LaranjaMaro 20XI 7
teve um aumento real de 44,7%. J no
governo petista, o aumento foi de 57,3%.
Embora substancial, a diferena no evi-
dencia per se uma postura distinta dos
dois governos. O governo FHC enfren-
tou cenrios econmicos em geral mais
turbulentos, o que poderia explicar a me-
nor evoluo do salrio mnimo.
O trao diferencial mais ntido entre
os dois provavelmente a manuteno,
por parte do governo Lula, de uma pol-
tica de valorizao constante do mnimo.
De fato, a era FHC alternou reajustes re-
ais com reajustes meramente nominais;em oposio, entre 2003 e 2010, todos
os reajustes no apenas repuseram a in-
flao, como garantiram o aumento do
poder de compra. Esse trao, no entanto,
ficou mais tnue recentemente.
Em dezembro de 2010, o presiden-
te Lula assinou uma medida provisria
fixando o salrio mnimo para 2011 em
R$540. O reajuste representou um au-
mento de 5,88%, valor que no chegou arepor a inflao referente ao mesmo pe-
rodo, calculada em 6,41%. Pela primei-
ra vez, portanto, desde que Lula assumiu
a presidncia o salrio mnimo no obte-
ve aumento real. O ministro da Fazenda,
Guido Mantega, atribuiu o fato ao cres-
cimento econmico negativo registrado
em 2009. Com efeito, o reajuste costuma
ser calculado a partir da evoluo do PIB
de dois anos antes. Na verdade, porm, o
controle dos gastos compe um quadro
maior.
Durante a campanha eleitoral de
2010, o candidato tucano, Jos Serra,
defendeu a elevao do salrio mnimo
para R$ 600, valor que o governo passou
a chamar de irresponsvel. O tamanho
da irresponsabilidade, no entanto, s
ficou claro em fevereiro deste ano, quan-
do o governo federal anunciou o cortede R$50 bilhes no oramento. No que
a notcia tenha sido propriamente uma
surpresa. Desde a campanha eleitoral,
corria nos bastidores a notcia de que a
reduo dos gastos seria inevitvel (em
parte para compensar as despesas pr-
prias dos anos eleitorais).
No se sabe ao certo, porm, se a no-
tcia chegou ao ninho tucano. Enquanto
alguns a aproveitaram para criticar a ir-responsabilidade financeira do governo,
outros continuaram a defender a viabili-
dade da proposta de Jos Serra, como se
um aumento de R$ 17 bilhes nos gastos
fosse a medida que sanaria qualquer pro-
blema fiscal do Estado. Enquanto isso,
as centrais sindicais sustentavam o valor
de R$ 580, apresentado ao Congresso
Nacional em novembro do ano passado.
Depois de muita negociao, o governoe os sindicatos concordaram nos R$ 545
e na fixao, desde j, de uma poltica
de valorizao para os prximos anos.
O valor acordado continuava abaixo da
inflao do perodo.
E assim, em meados de fevereiro
foi submetida votao a proposta do
governo: salrio mnimo fixado em R$
545 para 2011; reajustes anuais com
base no crescimento do PIB de doisanos antes; e a fixao do valor do m-
nimo por decreto presidencial, observa-
das as regras do clculo.
Configurou-se um estranho quadro.
O governo e sua base aliada, apoiados
pelas centrais sindicais, defendiam os
R$ 545. A oposio, ao mesmo tempo
em que tecia duras crticas situao fi-
nanceira do Estado, propunha os R$600
ou, subsidiariamente, o valor de R$ 560
e chamava ateno para a controvertidainconstitucionalidade da fixao do m-
nimo por decreto.
A vitria esmagadora, ao contr-
rio do que aconteceu em 1995, foi do
governo. Mas, talvez, a nica diferena
significativa entre ontem e hoje seja o
momento em que se deu o veto. FHC foi
forado a vetar o aumento aps sua apro-
vao no Congresso. Dilma conseguiu
uma espcie de veto anterior. Anali-sadas as posturas dos dois partidos prin-
cipais, difcil traar grandes distines.
Quem antes cobrava um aumento, hoje
fecha o bolso. Quem ontem bradava em
nome da responsabilidade financeira, le-
vanta propostas irreais.
Quem sabe um dia o governo far
um planejamento adequado de seus gas-
tos. Talvez um dia a oposio no se
apegue tanto a propostas demaggicas.Enquanto isso no acontece, qualquer
que seja o valor do salrio mnimo, o
trabalhador quem paga a conta.
SALRIO MNIMO
L
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Laranja Maro 20XI8
Diga espelho meu...O paradoxo da cultura no BrasilPOR ANA CAPOZZI [183.22]
oBrasILteMa tradio de umacultura rica e diversificada quegarante sua fama e o coloca nocenrio internacional. Entretanto, dizer
que esse reconhecimento se deve exclu-
sivamente ao trabalho realizado pelo Mi-
nistrio da Cultura ignorar os obstcu-
los enfrentados diariamente pela classe
artstica, que lida tanto com uma legis-
lao descompassada com a sociedade
tecnolgica, quanto com a ingerncia de
rgos vitais para a implantao das po-
lticas pblicas adotadas para a rea.
Os msicos, embora teoricamen-
te protegidos por leis autorais rgidas,
vem-se desamparados frente ao rgo
responsvel pelo repasse de seus direi-
tos, o ECAD, que se mostra burocrtico,
pouco transparente e fechado para o di-
logo. Em contraponto, os profissionais
da rea do teatro, televiso, cinema e en-
tretenimento convivem com um ECAD
que raramente falha nas suas funes de
fiscalizao das produes e arrecadao
de direitos.
Essa dualidade duvidosa de postura
da entidade, de cujo funcionamento de-
pende a realizao da legislao de Di-
reito Autoral, tem como consequncia o
desestmulo da produo musical, basea-
da na desconfiana dos profissionais em
relao ao recebimento justo de repasse.
Outro desenrolar o encarecimento das
produes dramticas, sem implicar ne-
cessariamente em benefcio direto para
o compositor.
Com esse breve panorama de um
sistema viciado e pouco eficiente na im-
plementao de polticas de cultura, no
de se espantar que a retirada sbita do
Creative Commons do site do MinC por
Ana de Hollanda gere debates na grande
mdia. A atitude de no apoiar a alterna-
tiva ao modelo Copyright de proteo de
propriedade intelectual de antemo vai
contra a tendncia externa de democrati-
zao do acesso arte. Alm disso, inibe
o desenvolvimento da proposta importa-
da por Gilberto Gil para dar maior auto-
nomia para o autor em relao ao ECAD,
buscando amenizar as suas falhas admi-
nistrativas.Ainda que as mudanas propostas
pelas ltimas gestes tenham sido tmi-
das, uma vez que s influenciariam na
reproduo de msica em eventos sem
fins lucrativos, assinalam a necessidade
urgente de reformas do sistema que pe
em prtica as decises do Ministrio.
Portanto, do o passo inicial para um de-
bate qualificado, no realizado at hoje.
No entanto, o momento agora ou-tro. A nova ministra confirma sua postu-
ra retrgrada ao nomear, para a Direto-
ria de Direitos Autorais, Mrcia Regina
Barbosa, que sabidamente est ligada ao
ECAD. Isso, novamente, significa um
atraso ainda maior do inevitvel debate
sobre novas formas de pensar patentes e
monoplio intelectual frente dissemi-
nao gratuita incontrolvel da produo
artstica pela internet.
Embora reste dvidas acerca dos
prximos passos do MinC, que viro a
pblico no centsimo dia de governo,
este atraso demonstra uma provvel que-
bra de continuidade em relao s ges-
tes anteriores. Isso causa um estranha-
mento natural, j que, com a manuteno
do PT no poder, o esperado seria que se
mantivessem as diretrizes adotadas ante-
riormente.O setor cultural vive um grande
paradoxo. Por ser referncia mundial
e ao mesmo tempo contar com tantos
empecilhos na produo e to pouco
incentivo governamental que transcen-
da o papel. Nesse caso, a perseverana
do artista e das produes de pequeno
porte supera vrios desafios para criar
o espelho da sociedade brasileira nos
palcos, a qual, por sua vez, s teria aganhar se a nova ministra se espelhasse
em novos modelos para fazer as polti-
cas culturais do pas.
Isso [...] significa um atrasoainda maior do inevitveldebate sobre novas formasde pensar patentes e mo-noplio intelectual frente disseminao gratuita
incontrolvel da produoartstica pela internet.
CULTURA
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LaranjaMaro 20XI 9
3 reaisPagando mais por menosPOR GUILHERME GERMANO [183.22] E JOS PAULO NAVES [183.22]
quaLquer uM que pega nibusem So Paulo no tem dvida,o servio precrio. Carros lo-
tados, esperas interminveis em p, ou
melhor, pendurados em disputadas bar-
ras de segurana, e um calor humano re-
sultante de 120 pessoas se espremendo
em um veculo pensado para, no mxi-
mo, 75. Pois , e agora esse sucateado
transporte est nos custando 3 reais.
Ora, no possvel para algum que s
v seu meio de locomoo decair cada
vez mais, conformar-se com um aumen-
to dessa magnitude. 3 reais por aquilo
simplesmente caro, muito caro.
A populao, revoltada com o au-
mento, vem protestando em diversas
oportunidades, o que levou a convoca-
o de uma audincia publica pela C-
mara dos Vereadores, porm sem produ-
zir alteraes. No ltimo dia dez, houve
manifestaes inclusive na frente da re-
sidncia do prefeito Gilberto Kassab.
Dentre as diversas correntes que
tomam parte neste processo, a que vem
obtendo maior destaque na luta contra
o aumento o Movimento Passe Livre.Criado em 2003, em Salvador, visa a
um transporte publico de qualidade e
gratuito, acabando assim com a concep-
o mercadolgica, como eles mesmos
definem, de transporte. Muito embora
essa meta de passagem sem custo possa
parecer invivel, a atual poltica de pre-
o da prefeitura de So Paulo tambm
ultrajante. Apenas para que se tenha
uma noo, em Paris, uma das cidadesmais caras do mundo, a passagem custa
R$3,91, ou 30% a mais do que seu an-
logo paulistano. O salrio mnimo da
Frana, no entanto, aproximadamente
550% maior do que o brasileiro.
Ok, faz sentido que o preo das coi-
sas suba com o tempo, mas o fato que a
conta que a prefeitura de So Paulo vem
fazendo para justificar esse aumento
nada mais que uma fantasiosa distoro
da realidade scio econmica de nosso
municpio. Entre 2005 e 2011, o valor
da tarifa passou de 1,70 para 3,00, tota-
lizando um aumento de 76%, mais que o
dobro da inflao acumulada do perodo,
que ficou no patamar de 32,5%, segundo
o IPC (ndice de Preos ao Consumidor)
medido pela Fipe (Fundao Instituto de
Pesquisas Econmicas).
Essa escalada explosiva no preo dapassagem no significou, contudo, eco-
nomia no oramento da prefeitura, uma
vez que os subsdios, valores repassados
pela secretria dos transportes s com-
panhias que operam o sistema, aumen-
taram de 660 milhoes para 740 milhoes.
Ou seja, ao mesmo tempo em que o go-
verno despeja mais dinheiro pblico no
servio, teoricamente visando o baratea-
mento da passagem, ela reajustada bemacima da inflao.
de se perguntar ento, por que
essa soma entre cobrar mais do usurio e
investir mais dinheiro pblico na opera-
o dos nibus no se traduz em grandes
melhorias no cotidiano dos passageiros.
Isso se deve ao modelo de gasto da pre-
feitura, que ao priorizar subsdios e isen-
tar as concessionrias de qualquer res-
ponsabilidade relativa infra-estrutura,
drena os recursos que deveriam servir
para tornar a vida do usurio menos di-
fcil. Nessa estrutura irracional, difcil
no pensar que ser concessionrio de
transporte pblico em So Paulo um
verdadeiro negcio da China. No entan-
to, essa suposio pode ficar apenas no
pensamento do cidado, uma vez que es-
ses contratos supostamente pblicos -
so mais bem escondidos do que muitos
segredos de Estado.
Nessa conta que no fecha, sobrou
ento para o combustvel. Em planilha
de gastos apresentada Cmara, a ges-
to municipal atribuiu grande parte do
aumento da tarifa ao preo do diesel e
queda do rendimento dos veculos.
Entretanto, tal afirmao muito ques-
tionvel quando se tem acesso a alguns
dados. Alegando inflao de 8,75% nascotaes do combustvel, a Prefeitura
declara pagar R$1,8543 por litro. O
problema, contudo, que para a ANP
(Agncia Nacional de Petrleo), o que
ocorreu de fato foi uma leve deflao
no preo, de acordo com eles, R$1,
700 o litro. Tal distoro nos valores
declarados pela prefeitura aumenta os
gastos em 21,4 %. Como se no bastas-
se, o diesel referido na planilha, subs-tancialmente mais caro, de uma ca-
tegoria utilizada por apenas 1.200 dos
quase 15 mil coletivos.
de se perguntar ento,por que essa soma entrecobrar mais do usurioe investir mais dinheiropblico na operao dosnibus no se traduz em
grandes melhorias nocotidiano dos passageiros.
PREO DO NIBUS
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Laranja Maro 20XI10
Isso revela uma determinao por
parte do poder pblico em justificar esse
aumento, custe o que custar. Seja distor-
cendo dados tcnicos, ou ignorando os
patamares de inflao, o desespero daprefeitura em subir a tarifa nada mais
do que uma maneira de manter tudo como
est. Ao invs de conduzir as reformas ne-
cessrias para tornar o transporte pblico
paulistano condizente com as reais neces-
sidades de uma metrpole congestionada,
prioriza-se a ineficcia e o desperdcio de
dinheiro, mantendo um regime predesti-
nado a custar cada vez mais e funcionarcada vez menos. Tal descaso, contudo,
responsvel por manter os 9,6 milhes de
passageiros que dependem do nibus dia-
riamente, em condies indignas.
Essa cara ineficincia do sistema de
transportes pblicos em So Paulo re-sultado de erros histricos, combinando
problemas endmicos da metrpole com
falhas de planejamento das administra-
es pblicas, passadas e recentes. Por
exemplo, a atual gesto da prefeitura j
havia anunciado a criao de cinco corre-
dores, mas nada saiu do papel. Esse desin-
teresse na infra-estrutura geral do sistema
contribui progressivamente para diluirsua capacidade, jogando os coletivos no
trnsito comum. Manter estes automveis
de grande capacidade em meio aos con-
gestionamentos interminveis da capital
agrava os problemas do modelo estrutu-
rado hoje, deficiente, lento, superlotado ecaro. De acordo com a SPTRANS, a ve-
locidade mdia de circulao dos nibus
de 20 km/h, ou seja, realmente perde-se
muito tempo parado. Existe, portanto, um
vicioso ciclo no qual, medida que piora
a qualidade do servio, mais passageiros
querem evit-lo, contribuindo para mais
carros nas ruas, e por fim, mais trnsito.
Se continuar desse jeito, 3 reais vo sers o comeo.
George Orwell
e a gestoFrum da Esquerda
POR MARCELO CHILVARQUER [181.23]
GnIo na arte de desmascararpor meio de fbulas satricase romances distpicos1 comogovernos totalitrios se utilizavam dapropaganda oficial para disseminar as
suas verdades e (des)construir a cons-
cincia coletiva, a obra do ingls Eric
Arthur Blair (George Orwell era um
pseudnimo) me parece necessria para
entender os primeiros atos da gesto
Frum da Esquerda a frente do Centro
Acadmico.
De inicio, gostaria de destacar que
sou particularmente contrrio a crticasmuito pesadas em inicio de gesto. Ao
contrrio do que o Frum sempre fez
enquanto oposio s gestes2 de que
participei, creio que importante um
interregno para que a gesto se adaptea mquina mesmo que seja do mesmo
grupo gestor a seu predecessor.
No entanto, o que me leva a escre-
ver esse texto a atitude deslavada com
que a atual gesto vem reescrevendo a
histria, transferindo responsabilidadesque lhe cabem a gestes anteriores e se
vangloriando por coisas que no reali-
zou. Em grande medida, me sinto como
em 1984 em que uma Novilingua3 circu-
la pelas Arcadas e que o Grande Irmo(Frum da Esquerda) tudo sabe, tudo
faz e tudo resolve, enquanto a histria
oficial narrada pela teletela (informes
eletrnicos e jornal da gesto e no dos
alunos) vai tomando o lugar da verdade
factual.
Aos calouros que me desculpem,
mas para exemplificar o que digo pre-
ciso uma breve digresso histrica so-
bre o que o Frum defendia enquantooposio.
1 Distopia: gnero discursivo que promove, atravs da co, a representao da anttese da utopia ou uma utopia negativa.2 Participei das gestes Resgate de 2009 e 2010.
Em grande medida, mesinto como em 1984 [...]
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POLTICA ACADMICA
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Duas pernas bom, quatro
pernas ruim
noInIcIodagesto 2010, a cr-tica mais contundente a gestoResgate que era apresentadapelo Frum da Esquerda era a suposta
falta de transparncia com que o contrato
do Poro vinha sendo encaminhado pela
diretoria4. A crtica, de forma oportunis-
ta, apontava que os contratos no pode-
riam ser fechados durante as frias, pois
seria causado um prejuzo inestimvel
a participao dos alunos nos rumos do
Centro Acadmico. Alm disso, julgava
ilegtimo o mecanismo de deciso por
meio de Conselho de Entidades (criado,por sinal, pelo Resgate em 2008) por ser
elitista, j que contemplava apenas as
diretorias das entidades da Faculdade (e
tambm aqueles que eram afetados pelos
constantes atrasos de aluguel dos locat-
rios em seus repasses) e clamava (nota
de rodap) para que a assinatura fosse
protelada at as aulas, independente do
prejuzo que isso pudesse causar aos co-
fres da entidade.
No entanto, qual no foi minha sur-
presa quando abri o informe eletrnico
extraordinrio de 02 de fevereiro (pero-
do de frias) da atual gesto com expli-
caes sobre o novo contrato do Campo
do XI que fora chancelado no excluden-
te Conselho de Entidades. Ao melhor
estilo duas pernas bom, quatro pernas
ruim de Revoluo dos Bichos, me vi
diante da maior concentrao de hipocri-
sia e incoerncia por cm quadrado vir-
tual dos anos que participei da poltica
acadmica da So Francisco.
No referido informe a gesto se
autovangloriava (inclusive substituindo,
gradativamente, entre o incio do infor-
me e o seu final o termo Clube das Ar-
cadas - unio de XI de Agosto, Atltica
e Associao dos Antigos Alunos - por
gesto Frum da Esquerda) de ter as-
sinado um contrato como nunca antes
na histria deste Centro Acadmico
que seria uma ddiva diante da sada do
DETRAN ocorrida em 2009 (dois anos
antes). Falado com todas as letras em
Conselho de Entidades e repetido taci-
tamente no referido informe, a gesto
vermelha exaltava a brava resistncia
que conseguiu suportar diante das pres-
ses do Palhinha acusando o Resgate de
ter enrolado o locatrio por dois anos
enquanto ele, incauto, sofria em silncio
seus prejuzos econmicos tendo desper-
tado to somente no dia em que a gesto
rubra tomara posse.
Ora, quase delirante crer que a
presso que o Frum da Esquerda sofreu
em seu incio de gesto era fruto de uma
gerao espontnea repentina. Esta situ-
ao, inclusive com os referidos atrasos
de pagamento de aluguel como forma
de ameaa, que tornou-se a justificativa
de ir contra o que previamente defendia
apenas um ano antes e assinar o contrato
sem qualquer consulta aos alunos, por 25
gestes e nas frias, foi recorrente duran-
te toda a gesto 2010 e comunicadas em
todos os conselhos de entidade, no Pla-
nejamento Financeiro Anual neste mes-
mo ano e at mesmo na exposio orga-
nizada pelo Clube das Arcadas sobre o
Campo do XI em meados do ano passa-
do. Alm da implementao da reforma
do Campo do XI atravs de Lei de In-
centivo ao Esporte, a funo da criao
do Clube das Arcadas com a assessoria
do Pinheiro Neto Advogados idealizada
pelas gestes Resgate procurava exa-
tamente isto: tornar a gesto do espao
profissional e menos sujeita a presses
de um locatrio ou qualquer outro ator
que tivesse total capacidade de enfor-
car financeiramente uma extremamente
efmera gesto em uma j politicamente
turbulenta entidade.
Isso tudo para dizer que a enrola-
o de dois anos das gestes Resgate
em que foram trocadas dezenas de mi-
nutas foram, como se deve imaginar,
uma complexa negociao, que j havia
garantido quase que a totalidade das be-
nesses elencadas pelo contrato nunca
antes na histria do Centro Acadmico
divulgada no informe da atual gesto
como se fosse uma obra de seu gnio ne-
gocial. O fato de a assinatura ter se dado
nas frias e sem qualquer comunicao
3 Novilingua - idioma ctcio criado pelo governo hiperautoritrio na obra literria 1984, de George Orwell. A novilngua era desenvolvida no
pela criao de novas palavras, mas pela "condensao" e "remoo" delas ou de alguns de seus sentidos, com o objetivo de restringir o es-
copo do pensamento. Uma vez que as pessoas no pudessem se referir a algo, isso passa a no existir. Assim, por meio do controle sobrea linguagem, o governo seria capaz de controlar o pensamento das pessoas, impedindo que ideias indesejveis viessem a surgir. (Fonte: http://
pt.wikipedia.org/wiki/Novil%C3%ADngua)
Ora, quase delirante crerque a presso que o F-rum da Esquerda sofreuem seu incio de gesto
era fruto de uma geraoespontnea repentina.
POLTICA ACADMICA
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aos alunos era, no mnimo, um absurdo
em termos de coerncia poltica. O fato
de uma gesto assinar um contrato de
locao que garanta a sade financeira
da entidade no , em minha opinio,
equivocado. Porm, as razes elencadas
para a ao no se sustentavam diante
da mesma defesa feita um ano antes em
contrato anlogo. Ora, ou o Frum no
acreditava no que defendia ano passado
e apenas o fez para fustigar a gesto Res-
gate independente do interesse do XI de
Agosto envolvido tornando-o um parti-
do nada institucional, fato grave. Ou foi
contra aquilo que defendia ideologica-
mente quando na gesto, fato ainda mais
grave.
A gesto que sonhava ser
oposio ou o comigo no
morreu
aquesto da falta de institu-
cionalidade ressurge em ou-
tro assunto delicado: o bar do
Poro. Grande nus do inicio de gesto2010, o novo contrato garantiu 50% no
aumento de receitas as entidades, alm
de, convenhamos no mnimo, um espa-
o salubre para se comer.
O Frum, embora criticasse a mu-
dana a poca, no teve coragem de sol-
tar um texto formal pelo qual pudesse
ser cobrado publicamente defendendo
a manuteno dos locatrios inadim-
plentes em plebiscito realizado paraselecionar o novo contrato. No entan-
to, puxou votos para esta proposta
e defendia para quem quisesse ouvir a
frente das urnas. Passada a apurao e
com a esmagadora vitria (650 votos a
250 votos) pela alterao do locatrio,
o Frum soltou um texto dizendo que
plebiscitar no seria democratizar5 e
batendo na forma, mesmo que, a poca,
a escolha fosse sim binomial (ou uma
proposta ou outra).
Ano novo, Frum na gesto e au-mento do preo da cerveja. Excluindo
a discusso de que embora a So Fran-
cisco seja um lugar especial, a inflao
tambm existe em nosso mundo, vieram
com o aumento, as reclamaes dos alu-
nos com a gesto, leia-se, membros do
Frum. A resposta foi no maior estilo
comigo no morreu: culpa do Res-
gate, sempre fomos contra essa mudan-
a do Poro.
Embora esse no desejo pela
mudana significasse manter-se com
locatrios inadimplentes, um poro sujo
em que o lixo ficava por dias perto da
comida e a cerveja faltava com bastante
assiduidade em qualquer festinha, po-
deria ser, forando a barra, suportvel
no fosse um detalhe: o Frum era ges-
to e no oposio. E, como tal, deve-ria ler o contrato do bar que estipulava
literalmente o seguinte o preo dever
ser compatvel com o praticado por pa-
darias e bares localizados nas proximi-
dades do IMVEL, devendo o aumento
dos preos ser sempre justificado ao
LOCADOR.. A gesto, portanto, ao in-
vs de ficar falando mal de seu advers-
rio poltico, deveria fazer uma pesquisade preos na regio e, caso houvesse
abuso no aumento, resolver a questo,
at mesmo judicialmente. No entanto,
o Frum preferiu agir como oposio,
fugindo do nus de gerir a entidade e
representar o interesse dos alunos para
ganhar politicamente. No fim das con-
tas os alunos ficam com o preo caro
da cerveja e o Frum da Esquerda no
precisa trabalhar.Para finalizar, uma passagem na
Calourada foi emblemtica da gesto
que temos a frente do XI de Agosto.
Ao ser cancelado o primeiro evento da
semana por ausncia dos convidados
(ou de pblico), fato incomodo, mas
que pode ocorrer a qualquer gesto, um
diretor do XI disse, no obstante carta-
zes do evento a sua volta, que o referi-
do no existia de forma a tentar evitar
a responsabilidade por um evento mal
sucedido. So os novos tempos. E as
ovelhas vermelhas repetem duas per-
nas bom, quatro pernas ruim...
4 Em texto como oposio enviado em jan/2010 referente a assinatura de contrato nas frias o Frum da Esquerda proclamava:
O que propomos?
A deciso sobre a alterao dos locatrios do espao do Poro de extrema importncia no s pelos j citados motivos, mas tambm
por vincular outras gestes. Para uma efetiva participao de todos os alunos, em primeiro lugar, preciso que todos estejam presente,
interados e informados sobre o processo. Para tanto, fundamental que a gesto transra a deciso sobre os rumos do poro nos
prximos anos para a volta do perodo letivo. No h nenhum prejuzo para a entidade que se adie em um ms deciso de tal importn-cia. No podem os alunos serem penalizados pela descaso da gesto com o tema antes do vencimento do contrato.5 Em texto como oposio enviado em abril/2010 referente a vitria esmagadora pelo novo locatrio, posio divergente do Frum naquele mo-mento
Para o Frum da Esquerda, a poltica no se resume escolha binria de valores. Muitas variveis so ocultas quando se resume toda a com-
plexidade de escolhas polticas a opo um ou dois.
O preo dever ser com-patvel com o praticadopor padarias e bares lo-calizados nas proximi-dades do imvel [...]
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POLTICA ACADMICA