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Page 1: Importação de Café Torrado no Brasil

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Com ocrescenteinteressedo brasilei-ro pela culi-nária, au-menta aprocurapor pratos diferencia-dos. E as flores são umaótima opção para darum toque especial nocardápio. No livro Entreo jardim e a horta – asflores que vão para amesa, o botânico e pro-fessor aposentado daUnicamp Gil Felippedescreve diversas florescomestíveis e mostracomo podem ser usa-das na culinária. O au-tor relaciona mais de250 plantas cujas florestêm uso alimentício, se-ja em pratos quentes,em saladas ou em san-duíches, bebidas, tortase geléias. Além de ensi-nar o uso das flores, oautor alerta para os cui-dados que se deve terna escolha das flores, le-vando em conta que al-gumas delas podem sertóxicas. É um livro nãosó para encantar gour-mets. A publicação tam-bém é uma valiosa fer-ramenta e incentivo pa-ra aqueles produtoresrurais que pensam eminvestir no crescentemercado de flores co-mestíveis. Essa podeser uma boa aposta pa-ra quem tem espíritoempreendedor. Bastaconstatar que nos su-permercados ainda sãopoucas as variedadesoferecidas. Mas as queestão disponíveis al-cançam um valor bas-tante elevado.

BIBLIOTECADO CAMPO

Florescomestíveis

AARRTTIIGGOO

* O livro, de 288 páginas, podeser comprado pelo sitewww.isla.com.br ou pelo serviçode televendas, com ligaçãogratuita: 0800 709 5050.

A G R O O P O R T U N I D A D E SBALANÇA P/ GADO

Importação de café torrado no BrasilMMAADDEE IINN BBRRAAZZIILL

Reforço para a maçã nacional MARA LUIZA GONÇALVES FREITAS*

Importar matéria-prima deoutros países, industrializá-laaqui e reexportá-la, devida-mente transformada em pro-dutos com maior valor agrega-do, com a marca nacional naembalagem. Aparentemente,essa deveria ser uma práticacorrente para um país que sediz em processo de desenvolvi-mento e em franco processo deinserção no comércio interna-cional em quaisquer setoresprodutivos instalados em terri-tório nacional. Contudo, nos ne-gócios do café, tal perspectiva édistinta dos demais setores emfranco processo de expansão,como os de base tecnológica.

Na cafeicultura, reza, fun-damentalmente, a discussãopolítico-ideológica, que celebrao pacto pela preservação doprodutor nacional e a respecti-va cadeia de valor que incor-pora a indústria e os canais dedistribuição do café processa-do. A princípio, tal reserva demercado contribuiria sobre-maneira para a preservação dopoderio do setor produtivo,impactando positivamentepara a geração de empregos erenda, tanto de empreendedo-res como dos colaboradoresenvolvidos na atividade. Aomesmo tempo, serviria comomoeda em mesas de negocia-ção internacional, relaciona-das por exemplo, a questãodas barreiras técnicas e tarifá-rias. Mas tais premissas, naprática, têm sido colocadas àprova pela importação de cafétorrado realizada pelo Brasil

Ao que parece, a cafeicultu-ra nacional vive o seu primeiroparadoxo oriundo da políticauníssona de investimento naelevação da qualidade e res-pectiva difusão de conheci-mentos relacionados à culturado café aos consumidores na-cionais. Optou-se pela supre-macia do consumidor, pós-Ins-tituto Brasileiro do Café. E écerto, que consumidores beminformados, querem mais. Equerer mais significa, do pon-to de vista do consumidor,

O Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (Ma-pa) lança na primeira semana demarço, no Rio Grande do Sul, umprojeto-piloto para informar omercado interno sobre a sanida-de e qualidade da maçã nacional,cuja cadeia produtiva é uma daspioneiras do Programa de Pro-dução Integrada de Frutas (PIF),criado em 2002. “Vamos mostraraos consumidores e supermer-cadistas que temos um alimen-to seguro, de alta qualidade e sa-boroso, que é a nossa maçã”, dizo coordenador da Produção Inte-grada da Cadeia Agrícola do mi-nistério, Luiz Nasser.

A cadeia produtiva da maçãfoi escolhida para o projeto-pilo-to porque há um grande volumede produção da fruta no país,cultivada em pomares que se-guem as normas do PIF. “A nossamaçã é consumida dentro e forado Brasil”, assinala Nasser. Paradesenvolver o projeto, o minis-tério contará com a parceria daAssociação Brasileira dos Produ-tores de Maçã (ABPM), EmpresaBrasileira de Pesquisa Agrope-cuária (Embrapa), Inmetro, Con-selho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico(CNPq), Sebrae, universidades einstitutos estaduais de pesquisa.

O projeto-piloto começaráno Rio Grande do Sul, porque oestado é um dos principais pro-dutores brasileiros de maçã. Amaior parte dos pomares dafruta está localizada no municí-pio de Vacaria, nos Campos deCima da Serra, na região no-roeste do RS. “Depois de doismeses, pretendemos estenderessas ações para Santa Catarinae São Paulo”, informa Nasser.“Vamos mostrar aos nossosconsumidores e supermerca-distas que o Brasil produz ma-çã num sistema moderno, quegarante um alimento saudávele da melhor qualidade.”

Com a criação do PIF, o Bra-sil passou a certificar a produçãoda fruticultura. O sistema per-mite rastrear toda a cadeia, des-de as áreas de cultivo até a mesado consumidor. A Produção In-

tegrada de Frutas é um modeloagrícola baseado na sustentabi-lidade dos recursos. Ou seja, am-bientalmente correto social-mente justo e economicamenteviável. No caso específico damaçã, houve significativa redu-ção no uso de agrotóxicos nospomares. O emprego de herbici-das caiu 67%, o de acaricidas,

67%; o de inseticidas, 25%; e o defungicidas em 15%.

Atualmente, o país tem cercade 18 mil hectares ocupados pelaprodução integrada de maçã, reu-nindo aproximadamente 285 pro-dutores/empresas. A safra brasilei-ra de maçã no sistema PIF gira emtorno de 462 mil toneladas/ano.No ano passado, as exportações do

setor somaram US$ 31,9 milhões,representando 57,1 mil toneladas.

Além da maçã, o Brasil temoutros 13 projetos de produçãointegrada de frutas, que envol-vem as seguintes espécies: man-ga, uva, mamão, citros, banana,pêssego, caju, melão, goiaba, fi-go, caqui, maracujá, coco, aba-caxi e morango.

Brasil tem cerca de 18 mil hectares de produção integrada de maçã, reunindo cerca de 285 produtores

Projeto-piloto pretende informar mercado interno sobre qualidade da fruta

REPRODUÇÃO/ISLA

PARA CONFERIR

IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CAFÉ TORRADO (1996-2006)

NÃO-DESCAFEINADOPeríodo US$ Peso líquido (Kg)1996 176.730 60.9051997 646.280 59.6851998 860.965 70.9051999 1.227.134 92.4702000 1.327.989 101.7672001 1.533.285 111.1202002 1.536.530 123.9422003 822.175 92.5822004 1.013.431 103.3852005 978.272 83.8152006 1.324.193 116.609

DESCAFEINADOPeríodo US$ Peso Líquido (Kg)1996 863 511997 9.590 6921998 25.709 1.5321999 48.508 2.9512000 58.989 5.1762001 90.962 6.9432002 69.167 5.6692003 80.235 9.4682004 75.284 7.9722005 60.422 4.5702006 76.774 5.785

FONTE: com base no Ministério do Desenvolvimento, 2007

romper barreiras, ato muitomais fácil em tempos de inter-net e do cartão de crédito.

Se importar café verde pa-ra reexportação de café indus-trializado é um tabu, importarcafé torrado, mesmo comgrãos produzidos em territórionacional, ao que parece, não é.Aparentemente, há um proble-ma de juízo de valor inseridono léxico de discussão da cafei-cultura brasileira. É exatamen-te isso que demonstra o cresci-mento das importações de ca-fé torrado na balança comer-cial da cafeicultura ao longodos últimos 10 anos, nas cate-gorias classificadas como “não-descafeinado” e “descafeina-do”, conforme se pode obser-var no quadro.

Somente entre 2005 e 2006,verifica-se que houve um in-cremento de 39,12% na impor-tação de cafés torrados, não-descafeinados e de 21% na im-portação de cafés torrados,descafeinados. Nesse mesmoperíodo, as exportações de ca-fés torrados brasileiros sofre-ram um incremento de 29,97%para a categoria torrado, não-descafeinado e uma retraçãode 10,85% para a categoria tor-rado, descafeinado. Embora,comparativamente a balançacomercial do café torrado ain-

da esteja favorável ao Brasil, écerto que o desenvolvimentodo mercado interno estimula,sem dúvida, a vinda de produ-tos oriundos de indústrias si-tuadas em diversos países,com ou sem tradição cafeeira,oferecendo ao mercado nacio-nal, uma oportunidade ímparde competir internacional-mente, localmente.

Os números relacionadosà importação de café torrado,sem dúvida, colocam em xe-que a defesa de que o Brasil es-tá apto a atender “paladaresdo menos exigente ao maissofisticado”. Ao que parece odrawback (operações de im-portação de insumos agrope-cuários exclusivamente desti-nados a produzir para a ex-portação) já é realidade doponto de vista do consumidorbrasileiro: já é possível com-prar cafés, mesmo de origemnacional, com rótulo estran-geiro no varejo nacional. E es-sa prática atualmente não serestringe à Illy, primeira mar-ca a aportar por aqui.

* Administradora, especialista em

cafeicultura empresarial, professora da

Fundação Faculdade Unirg e

empreendedora em processo de incubação

no Centro de Incubação de Empresas

de Gurupi (TO)

Númerosrelacionados à

importação de cafétorrado colocam em

xeque defesa deque o Brasil estáapto a atender

paladares do menosexigente ao mais

sofisticado

MARCOS VIEIRA/EM - 13/7/05

FERNANDO SOUZA/ESPECIAL PARA O EM – 16/12/05

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