importação de café torrado no brasil

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AGRO PECUÁRIO ESTADO DE MINAS S E G U N D A - F E I R A , 1 9 D E F E V E R E I R O D E 2 0 0 7 2 AGRO PECUÁRIO ESTADO DE MINAS S E G U N D A - F E I R A , 1 9 D E F E V E R E I R O D E 2 0 0 7 11 Com o crescente interesse do brasilei- ro pela culi- nária, au- menta a procura por pratos diferencia- dos. E as flores são uma ótima opção para dar um toque especial no cardápio. No livro Entre o jardim e a horta – as flores que vão para a mesa, o botânico e pro- fessor aposentado da Unicamp Gil Felippe descreve diversas flores comestíveis e mostra como podem ser usa- das na culinária. O au- tor relaciona mais de 250 plantas cujas flores têm uso alimentício, se- ja em pratos quentes, em saladas ou em san- duíches, bebidas, tortas e geléias. Além de ensi- nar o uso das flores, o autor alerta para os cui- dados que se deve ter na escolha das flores, le- vando em conta que al- gumas delas podem ser tóxicas. É um livro não só para encantar gour- mets. A publicação tam- bém é uma valiosa fer- ramenta e incentivo pa- ra aqueles produtores rurais que pensam em investir no crescente mercado de flores co- mestíveis. Essa pode ser uma boa aposta pa- ra quem tem espírito empreendedor. Basta constatar que nos su- permercados ainda são poucas as variedades oferecidas. Mas as que estão disponíveis al- cançam um valor bas- tante elevado. BIBLIOTECA DO CAMPO Flores comestíveis ARTIGO * O livro, de 288 páginas, pode ser comprado pelo site www.isla.com.br ou pelo serviço de televendas, com ligação gratuita: 0800 709 5050. AGRO OPORTUNIDADES BALANÇA P/ GADO Importação de café torrado no Brasil MADE IN BRAZIL Reforço para a maçã nacional MARA LUIZA GONÇALVES FREITAS* Importar matéria-prima de outros países, industrializá-la aqui e reexportá-la, devida- mente transformada em pro- dutos com maior valor agrega- do, com a marca nacional na embalagem. Aparentemente, essa deveria ser uma prática corrente para um país que se diz em processo de desenvolvi- mento e em franco processo de inserção no comércio interna- cional em quaisquer setores produtivos instalados em terri- tório nacional. Contudo, nos ne- gócios do café, tal perspectiva é distinta dos demais setores em franco processo de expansão, como os de base tecnológica. Na cafeicultura, reza, fun- damentalmente, a discussão político-ideológica, que celebra o pacto pela preservação do produtor nacional e a respecti- va cadeia de valor que incor- pora a indústria e os canais de distribuição do café processa- do. A princípio, tal reserva de mercado contribuiria sobre- maneira para a preservação do poderio do setor produtivo, impactando positivamente para a geração de empregos e renda, tanto de empreendedo- res como dos colaboradores envolvidos na atividade. Ao mesmo tempo, serviria como moeda em mesas de negocia- ção internacional, relaciona- das por exemplo, a questão das barreiras técnicas e tarifá- rias. Mas tais premissas, na prática, têm sido colocadas à prova pela importação de café torrado realizada pelo Brasil Ao que parece, a cafeicultu- ra nacional vive o seu primeiro paradoxo oriundo da política uníssona de investimento na elevação da qualidade e res- pectiva difusão de conheci- mentos relacionados à cultura do café aos consumidores na- cionais. Optou-se pela supre- macia do consumidor, pós-Ins- tituto Brasileiro do Café. E é certo, que consumidores bem informados, querem mais. E querer mais significa, do pon- to de vista do consumidor, O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Ma- pa) lança na primeira semana de março, no Rio Grande do Sul, um projeto-piloto para informar o mercado interno sobre a sanida- de e qualidade da maçã nacional, cuja cadeia produtiva é uma das pioneiras do Programa de Pro- dução Integrada de Frutas (PIF), criado em 2002. “Vamos mostrar aos consumidores e supermer- cadistas que temos um alimen- to seguro, de alta qualidade e sa- boroso, que é a nossa maçã”, diz o coordenador da Produção Inte- grada da Cadeia Agrícola do mi- nistério, Luiz Nasser. A cadeia produtiva da maçã foi escolhida para o projeto-pilo- to porque há um grande volume de produção da fruta no país, cultivada em pomares que se- guem as normas do PIF. “A nossa maçã é consumida dentro e fora do Brasil”, assinala Nasser. Para desenvolver o projeto, o minis- tério contará com a parceria da Associação Brasileira dos Produ- tores de Maçã (ABPM), Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope- cuária (Embrapa), Inmetro, Con- selho Nacional de Desenvolvi- mento Científico e Tecnológico (CNPq), Sebrae, universidades e institutos estaduais de pesquisa. O projeto-piloto começará no Rio Grande do Sul, porque o estado é um dos principais pro- dutores brasileiros de maçã. A maior parte dos pomares da fruta está localizada no municí- pio de Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, na região no- roeste do RS. “Depois de dois meses, pretendemos estender essas ações para Santa Catarina e São Paulo”, informa Nasser. “Vamos mostrar aos nossos consumidores e supermerca- distas que o Brasil produz ma- çã num sistema moderno, que garante um alimento saudável e da melhor qualidade.” Com a criação do PIF, o Bra- sil passou a certificar a produção da fruticultura. O sistema per- mite rastrear toda a cadeia, des- de as áreas de cultivo até a mesa do consumidor. A Produção In- tegrada de Frutas é um modelo agrícola baseado na sustentabi- lidade dos recursos. Ou seja, am- bientalmente correto social- mente justo e economicamente viável. No caso específico da maçã, houve significativa redu- ção no uso de agrotóxicos nos pomares. O emprego de herbici- das caiu 67%, o de acaricidas, 67%; o de inseticidas, 25%; e o de fungicidas em 15%. Atualmente, o país tem cerca de 18 mil hectares ocupados pela produção integrada de maçã, reu- nindo aproximadamente 285 pro- dutores/empresas. A safra brasilei- ra de maçã no sistema PIF gira em torno de 462 mil toneladas/ano. No ano passado, as exportações do setor somaram US$ 31,9 milhões, representando 57,1 mil toneladas. Além da maçã, o Brasil tem outros 13 projetos de produção integrada de frutas, que envol- vem as seguintes espécies: man- ga, uva, mamão, citros, banana, pêssego, caju, melão, goiaba, fi- go, caqui, maracujá, coco, aba- caxi e morango. Brasil tem cerca de 18 mil hectares de produção integrada de maçã, reunindo cerca de 285 produtores Projeto-piloto pretende informar mercado interno sobre qualidade da fruta REPRODUÇÃO/ISLA PARA CONFERIR IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CAFÉ TORRADO (1996-2006) NÃO-DESCAFEINADO Período US$ Peso líquido (Kg) 1996 176.730 60.905 1997 646.280 59.685 1998 860.965 70.905 1999 1.227.134 92.470 2000 1.327.989 101.767 2001 1.533.285 111.120 2002 1.536.530 123.942 2003 822.175 92.582 2004 1.013.431 103.385 2005 978.272 83.815 2006 1.324.193 116.609 DESCAFEINADO Período US$ Peso Líquido (Kg) 1996 863 51 1997 9.590 692 1998 25.709 1.532 1999 48.508 2.951 2000 58.989 5.176 2001 90.962 6.943 2002 69.167 5.669 2003 80.235 9.468 2004 75.284 7.972 2005 60.422 4.570 2006 76.774 5.785 FONTE: com base no Ministério do Desenvolvimento, 2007 romper barreiras, ato muito mais fácil em tempos de inter- net e do cartão de crédito. Se importar café verde pa- ra reexportação de café indus- trializado é um tabu, importar café torrado, mesmo com grãos produzidos em território nacional, ao que parece, não é. Aparentemente, há um proble- ma de juízo de valor inserido no léxico de discussão da cafei- cultura brasileira. É exatamen- te isso que demonstra o cresci- mento das importações de ca- fé torrado na balança comer- cial da cafeicultura ao longo dos últimos 10 anos, nas cate- gorias classificadas como “não- descafeinado” e “descafeina- do”, conforme se pode obser- var no quadro. Somente entre 2005 e 2006, verifica-se que houve um in- cremento de 39,12% na impor- tação de cafés torrados, não- descafeinados e de 21% na im- portação de cafés torrados, descafeinados. Nesse mesmo período, as exportações de ca- fés torrados brasileiros sofre- ram um incremento de 29,97% para a categoria torrado, não- descafeinado e uma retração de 10,85% para a categoria tor- rado, descafeinado. Embora, comparativamente a balança comercial do café torrado ain- da esteja favorável ao Brasil, é certo que o desenvolvimento do mercado interno estimula, sem dúvida, a vinda de produ- tos oriundos de indústrias si- tuadas em diversos países, com ou sem tradição cafeeira, oferecendo ao mercado nacio- nal, uma oportunidade ímpar de competir internacional- mente, localmente. Os números relacionados à importação de café torrado, sem dúvida, colocam em xe- que a defesa de que o Brasil es- tá apto a atender “paladares do menos exigente ao mais sofisticado”. Ao que parece o drawback (operações de im- portação de insumos agrope- cuários exclusivamente desti- nados a produzir para a ex- portação) já é realidade do ponto de vista do consumidor brasileiro: já é possível com- prar cafés, mesmo de origem nacional, com rótulo estran- geiro no varejo nacional. E es- sa prática atualmente não se restringe à Illy, primeira mar- ca a aportar por aqui. * Administradora, especialista em cafeicultura empresarial, professora da Fundação Faculdade Unirg e empreendedora em processo de incubação no Centro de Incubação de Empresas de Gurupi (TO) Números relacionados à importação de café torrado colocam em xeque defesa de que o Brasil está apto a atender paladares do menos exigente ao mais sofisticado MARCOS VIEIRA/EM - 13/7/05 FERNANDO SOUZA/ESPECIAL PARA O EM – 16/12/05

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Artigo publicado no jornal O Estado de Minas em 19 de fevereiro de 2007.

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Page 1: Importação de Café Torrado no Brasil

A G R O P E C U Á R I O

E S T A D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 1 9 D E F E V E R E I R O D E 2 0 0 7

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E S T A D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 1 9 D E F E V E R E I R O D E 2 0 0 7

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Com ocrescenteinteressedo brasilei-ro pela culi-nária, au-menta aprocurapor pratos diferencia-dos. E as flores são umaótima opção para darum toque especial nocardápio. No livro Entreo jardim e a horta – asflores que vão para amesa, o botânico e pro-fessor aposentado daUnicamp Gil Felippedescreve diversas florescomestíveis e mostracomo podem ser usa-das na culinária. O au-tor relaciona mais de250 plantas cujas florestêm uso alimentício, se-ja em pratos quentes,em saladas ou em san-duíches, bebidas, tortase geléias. Além de ensi-nar o uso das flores, oautor alerta para os cui-dados que se deve terna escolha das flores, le-vando em conta que al-gumas delas podem sertóxicas. É um livro nãosó para encantar gour-mets. A publicação tam-bém é uma valiosa fer-ramenta e incentivo pa-ra aqueles produtoresrurais que pensam eminvestir no crescentemercado de flores co-mestíveis. Essa podeser uma boa aposta pa-ra quem tem espíritoempreendedor. Bastaconstatar que nos su-permercados ainda sãopoucas as variedadesoferecidas. Mas as queestão disponíveis al-cançam um valor bas-tante elevado.

BIBLIOTECADO CAMPO

Florescomestíveis

AARRTTIIGGOO

* O livro, de 288 páginas, podeser comprado pelo sitewww.isla.com.br ou pelo serviçode televendas, com ligaçãogratuita: 0800 709 5050.

A G R O O P O R T U N I D A D E SBALANÇA P/ GADO

Importação de café torrado no BrasilMMAADDEE IINN BBRRAAZZIILL

Reforço para a maçã nacional MARA LUIZA GONÇALVES FREITAS*

Importar matéria-prima deoutros países, industrializá-laaqui e reexportá-la, devida-mente transformada em pro-dutos com maior valor agrega-do, com a marca nacional naembalagem. Aparentemente,essa deveria ser uma práticacorrente para um país que sediz em processo de desenvolvi-mento e em franco processo deinserção no comércio interna-cional em quaisquer setoresprodutivos instalados em terri-tório nacional. Contudo, nos ne-gócios do café, tal perspectiva édistinta dos demais setores emfranco processo de expansão,como os de base tecnológica.

Na cafeicultura, reza, fun-damentalmente, a discussãopolítico-ideológica, que celebrao pacto pela preservação doprodutor nacional e a respecti-va cadeia de valor que incor-pora a indústria e os canais dedistribuição do café processa-do. A princípio, tal reserva demercado contribuiria sobre-maneira para a preservação dopoderio do setor produtivo,impactando positivamentepara a geração de empregos erenda, tanto de empreendedo-res como dos colaboradoresenvolvidos na atividade. Aomesmo tempo, serviria comomoeda em mesas de negocia-ção internacional, relaciona-das por exemplo, a questãodas barreiras técnicas e tarifá-rias. Mas tais premissas, naprática, têm sido colocadas àprova pela importação de cafétorrado realizada pelo Brasil

Ao que parece, a cafeicultu-ra nacional vive o seu primeiroparadoxo oriundo da políticauníssona de investimento naelevação da qualidade e res-pectiva difusão de conheci-mentos relacionados à culturado café aos consumidores na-cionais. Optou-se pela supre-macia do consumidor, pós-Ins-tituto Brasileiro do Café. E écerto, que consumidores beminformados, querem mais. Equerer mais significa, do pon-to de vista do consumidor,

O Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (Ma-pa) lança na primeira semana demarço, no Rio Grande do Sul, umprojeto-piloto para informar omercado interno sobre a sanida-de e qualidade da maçã nacional,cuja cadeia produtiva é uma daspioneiras do Programa de Pro-dução Integrada de Frutas (PIF),criado em 2002. “Vamos mostraraos consumidores e supermer-cadistas que temos um alimen-to seguro, de alta qualidade e sa-boroso, que é a nossa maçã”, dizo coordenador da Produção Inte-grada da Cadeia Agrícola do mi-nistério, Luiz Nasser.

A cadeia produtiva da maçãfoi escolhida para o projeto-pilo-to porque há um grande volumede produção da fruta no país,cultivada em pomares que se-guem as normas do PIF. “A nossamaçã é consumida dentro e forado Brasil”, assinala Nasser. Paradesenvolver o projeto, o minis-tério contará com a parceria daAssociação Brasileira dos Produ-tores de Maçã (ABPM), EmpresaBrasileira de Pesquisa Agrope-cuária (Embrapa), Inmetro, Con-selho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico(CNPq), Sebrae, universidades einstitutos estaduais de pesquisa.

O projeto-piloto começaráno Rio Grande do Sul, porque oestado é um dos principais pro-dutores brasileiros de maçã. Amaior parte dos pomares dafruta está localizada no municí-pio de Vacaria, nos Campos deCima da Serra, na região no-roeste do RS. “Depois de doismeses, pretendemos estenderessas ações para Santa Catarinae São Paulo”, informa Nasser.“Vamos mostrar aos nossosconsumidores e supermerca-distas que o Brasil produz ma-çã num sistema moderno, quegarante um alimento saudávele da melhor qualidade.”

Com a criação do PIF, o Bra-sil passou a certificar a produçãoda fruticultura. O sistema per-mite rastrear toda a cadeia, des-de as áreas de cultivo até a mesado consumidor. A Produção In-

tegrada de Frutas é um modeloagrícola baseado na sustentabi-lidade dos recursos. Ou seja, am-bientalmente correto social-mente justo e economicamenteviável. No caso específico damaçã, houve significativa redu-ção no uso de agrotóxicos nospomares. O emprego de herbici-das caiu 67%, o de acaricidas,

67%; o de inseticidas, 25%; e o defungicidas em 15%.

Atualmente, o país tem cercade 18 mil hectares ocupados pelaprodução integrada de maçã, reu-nindo aproximadamente 285 pro-dutores/empresas. A safra brasilei-ra de maçã no sistema PIF gira emtorno de 462 mil toneladas/ano.No ano passado, as exportações do

setor somaram US$ 31,9 milhões,representando 57,1 mil toneladas.

Além da maçã, o Brasil temoutros 13 projetos de produçãointegrada de frutas, que envol-vem as seguintes espécies: man-ga, uva, mamão, citros, banana,pêssego, caju, melão, goiaba, fi-go, caqui, maracujá, coco, aba-caxi e morango.

Brasil tem cerca de 18 mil hectares de produção integrada de maçã, reunindo cerca de 285 produtores

Projeto-piloto pretende informar mercado interno sobre qualidade da fruta

REPRODUÇÃO/ISLA

PARA CONFERIR

IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CAFÉ TORRADO (1996-2006)

NÃO-DESCAFEINADOPeríodo US$ Peso líquido (Kg)1996 176.730 60.9051997 646.280 59.6851998 860.965 70.9051999 1.227.134 92.4702000 1.327.989 101.7672001 1.533.285 111.1202002 1.536.530 123.9422003 822.175 92.5822004 1.013.431 103.3852005 978.272 83.8152006 1.324.193 116.609

DESCAFEINADOPeríodo US$ Peso Líquido (Kg)1996 863 511997 9.590 6921998 25.709 1.5321999 48.508 2.9512000 58.989 5.1762001 90.962 6.9432002 69.167 5.6692003 80.235 9.4682004 75.284 7.9722005 60.422 4.5702006 76.774 5.785

FONTE: com base no Ministério do Desenvolvimento, 2007

romper barreiras, ato muitomais fácil em tempos de inter-net e do cartão de crédito.

Se importar café verde pa-ra reexportação de café indus-trializado é um tabu, importarcafé torrado, mesmo comgrãos produzidos em territórionacional, ao que parece, não é.Aparentemente, há um proble-ma de juízo de valor inseridono léxico de discussão da cafei-cultura brasileira. É exatamen-te isso que demonstra o cresci-mento das importações de ca-fé torrado na balança comer-cial da cafeicultura ao longodos últimos 10 anos, nas cate-gorias classificadas como “não-descafeinado” e “descafeina-do”, conforme se pode obser-var no quadro.

Somente entre 2005 e 2006,verifica-se que houve um in-cremento de 39,12% na impor-tação de cafés torrados, não-descafeinados e de 21% na im-portação de cafés torrados,descafeinados. Nesse mesmoperíodo, as exportações de ca-fés torrados brasileiros sofre-ram um incremento de 29,97%para a categoria torrado, não-descafeinado e uma retraçãode 10,85% para a categoria tor-rado, descafeinado. Embora,comparativamente a balançacomercial do café torrado ain-

da esteja favorável ao Brasil, écerto que o desenvolvimentodo mercado interno estimula,sem dúvida, a vinda de produ-tos oriundos de indústrias si-tuadas em diversos países,com ou sem tradição cafeeira,oferecendo ao mercado nacio-nal, uma oportunidade ímparde competir internacional-mente, localmente.

Os números relacionadosà importação de café torrado,sem dúvida, colocam em xe-que a defesa de que o Brasil es-tá apto a atender “paladaresdo menos exigente ao maissofisticado”. Ao que parece odrawback (operações de im-portação de insumos agrope-cuários exclusivamente desti-nados a produzir para a ex-portação) já é realidade doponto de vista do consumidorbrasileiro: já é possível com-prar cafés, mesmo de origemnacional, com rótulo estran-geiro no varejo nacional. E es-sa prática atualmente não serestringe à Illy, primeira mar-ca a aportar por aqui.

* Administradora, especialista em

cafeicultura empresarial, professora da

Fundação Faculdade Unirg e

empreendedora em processo de incubação

no Centro de Incubação de Empresas

de Gurupi (TO)

Númerosrelacionados à

importação de cafétorrado colocam em

xeque defesa deque o Brasil estáapto a atender

paladares do menosexigente ao mais

sofisticado

MARCOS VIEIRA/EM - 13/7/05

FERNANDO SOUZA/ESPECIAL PARA O EM – 16/12/05