III Congresso Consad de Gestão Pública
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO A DISTÂNCIA PARA SERVIDORES PÚBLICOS: A EXPERIÊNCIA DA ESCOLA
DE GOVERNO DO RIO GRANDE DO NORTE
Valeria Maura Rocha de Medeiros
Painel 06/022 Estratégias de ampliação das ofertas de capacitação
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO A DISTÂNCIA PARA SERVIDORES PÚBLICOS: A
EXPERIÊNCIA DA ESCOLA DE GOVERNO DO RIO GRANDE DO NORTE
Valeria Maura Rocha de Medeiros
RESUMO Este trabalho tem por objetivo narrar o Programa de Capacitação em Administração Pública a Distância, atualmente em desenvolvimento, por meio de uma parceria entre a Escola de Governo do Rio Grande do Norte e a Fundação Getúlio Vargas/FGV Online. Este Programa surgiu do desafio de capacitar um grande contingente de servidores públicos, neste caso, o cenário do serviço público do Estado do Rio Grande do Norte, onde se destaca a necessidade de capacitação profissional específica para um contingente de setenta mil servidores públicos. A modalidade de educação a distância se constitui num importante instrumento para essa capacitação, pelo seu caráter mais flexível. O Programa tem por objetivos promover a valorização e desenvolvimento do servidor público estadual, fortalecendo as organizações e elevando os níveis de qualidade, eficiência, eficácia e efetividade dos serviços prestados à comunidade; transformar e consolidar conhecimentos, habilidades e atitudes, potencializando a motivação, o comprometimento e a capacidade de trabalho, favorecendo o desenvolvimento cognitivo, a expansão criativa, o cultivo da sensibilidade e da tenacidade para a mudança, e despertar a vontade de fazer melhor; adequar o quadro de servidores públicos aos novos perfis profissionais requeridos pelo setor público; racionalizar e tornar mais efetivos os investimentos em capacitação pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte por meio da educação, como forma de otimizar a oferta das ações de formação continuada para os servidores. O referencial teórico inerente ao Programa valoriza os ideais antropológicos e epistemológicos da educação proposta pela UNESCO, no relatório de Jacques Delors (Comissão Internacional de Educação para o Século XXI), que pressupõe que o profissional do passado e do futuro deve pautar sua aprendizagem em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo da vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento, que incluem os domínios do aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. O referencial pedagógico considera ainda os princípios do Construtivismo, possibilitando que a organização trate dialogicamente o conhecimento; dissemine a curiosidade para desfazer padrões cristalizados; cultive a disposição para desaprender e desvelar o que está subjacente; fomente a tomada de decisões próprias; incentive a capacidade de problematizar e de buscar respostas pautadas em argumentos convincentes; proponha projetos que motivem a cooperação, que ultrapassem as rotinas individuais, que valorizem o que é comum, que levem a tomada de consciência da interdependência entre todos os seres do planeta. O Programa se desenvolve por meio de cursos, veiculados essencialmente via internet, no ambiente virtual de aprendizagem moodle, utilizando diversos recursos multimídia que facilitam a busca de informações, otimizam a reflexão e incrementam a interação entre os alunos, seus colegas e professor tutor. Os cursos
contemplados no Programa são cursos de atualização (de curta duração) e cursos de extensão (de média duração) a distância aos servidores públicos da administração direta e indireta do Estado do Rio Grande do Norte. Os cursos de atualização funcionam como cursos auto-instrucionais. O material didático é disponibilizado no hot site do programa. Não possuem pré-requisito de escolaridade e podem ser cursados por todos os servidores que possuem acesso a computador com internet. Estes cursos têm a carga horária de quinze horas e duração de quatro semanas, estão voltados para o desenvolvimento de competências gerais do servidor público, nas disciplinas de ética no serviço público, fundamentos de gestão de pessoas, fundamentos de negociação e produção textual. Os cursos de extensão têm como pré-requisito a graduação. São destinados aos gestores e técnicos das áreas de atuação do Governo, entre elas, a área de administração, compras governamentais, comunicação, educação, engenharia e arquitetura, finanças, gestão (assessoramento, chefia e direção), jurídica, meio ambiente, orçamento, patrimônio, perícia técnica, planejamento, tecnologia da informação e comunicação, recursos humanos, saúde, segurança, serviço social, trânsito e transporte e a área de turismo. São ofertados quinze cursos de extensão, com cinquenta participantes por turma, carga horária de 30 horas e duração de oito semanas. Os cursos de extensão são: Captação de fontes de recursos para municípios; Direito Tributário; Elaboração, gestão e avaliação de projetos públicos; Estilos de gestão e liderança; Gestão de tecnologia da informação; Gestão de marketing na administração pública; Gestão de pessoas na administração pública; Gestão fiscal responsável na administração pública; Gestão orçamentária financeira do setor público; Instrumentos de política pública de meio ambiente; Licitações e contratos administrativos; Políticas da educação; Políticas de saúde; Políticas de segurança e Qualidade de vida e saúde no trabalho. Conclusivamente, os resultados iniciais permitem dizer que a política de capacitação está sendo bem vista pelos servidores que participaram do Programa e que este projeto de capacitação está ajudando a melhorar a qualificação profissional destes servidores e dando-lhes uma visão mais ampla da necessidade de melhoria técnica para o atendimento das demandas da sociedade. Isto é um desdobramento importante dos objetivos do programa, pois os servidores passaram a demonstrar conhecimento de que precisam existir mudanças na própria estrutura do serviço público para que os objetivos institucionais e sociais sejam alcançados. Esta conscientização é importante, pois estas pessoas acabam agindo como agentes de mudança para os demais servidores, estimulando-os a adentrarem no programa, de forma a promover uma melhor qualificação técnica do aparato estatal.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 04
2 CENÁRIO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL......................................... 06
3 EDUCAÇÃO A DISTANCIA EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS............................. 10
4 PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A DISTÂNCIA................................................................................................................ 12
5 OBJETIVOS DO PROGRAMA................................................................................ 15
6 METODOLOGIA..................................................................................................... 16
7 PRIMEIROS RESULTADOS................................................................................... 23
8 CONCLUSÕES....................................................................................................... 25
9 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 26
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1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a reforma do Estado a Reforma do Estado se tornou um tema
central no Brasil em 1995, após a eleição e a posse de Fernando Henrique Cardoso.
Nesse ano ficou claro para a sociedade brasileira que essa reforma tornara-se
condição, de um lado, da consolidação do ajuste fiscal do Estado brasileiro, e, de
outro, da existência no país de um serviço público moderno, profissional e eficiente,
voltado para o atendimento das necessidades dos cidadãos.
Essa Reforma, segundo Bresser Pereira (1998) terá como objetivos: a
curto prazo, facilitar o ajuste fiscal, particularmente nos estados e municípios, onde
existe um claro problema de excesso de quadros; a médio prazo, tornar mais eficiente
e moderna a administração pública, voltando a para o atendimento aos cidadãos.
A proposta de modernização administrativa se concretizou por meio da
profissionalização do serviço público, da definição das políticas de carreiras e de
concursos públicos, de administração salarial e de programas permanentes de
formação continuada para os servidores, com enfoque na gestão de recursos
humanos para o aperfeiçoamento de capacidades gerenciais e técnicas do setor
público, objetivando consolidar um processo permanente de atualização dos
quadros do Estado.
Nesse sentido, a ENAP (2009) afirma que a administração pública
brasileira tem se esforçado em busca de uma maior profissionalização e
modernização, com o objetivo de melhorar a gestão e, consequentemente, prestar
melhores serviços à sociedade.
Diante deste cenário, o fator humano nas instituições públicas ganha
destaque, pois é através das pessoas que estas instituições poderão atender as
diversas demandas sociais. Segundo Longo (2007) é difícil encontrar trabalhos que
tratam de analisar as mudanças sociais e o futuro das sociedades sem levar em
consideração o fator humano.
Para atender a estas mudanças os servidores públicos precisam de
melhor qualificação profissional, uma vez que o nível de exigência acerca de seu
trabalho aumenta. Para a ENAP (2009: p. 17) algumas conseqüências desta nova
forma de trabalho são inevitáveis, “como o crescimento da incerteza nas relações de
trabalho, causada pela mudança constante de funções e tarefas, pelo menor
detalhamento das atribuições e pela diminuição das expectativas com relação à
própria carreira dentro da organização”.
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Destaca-se assim o papel a ser desempenhado pelas Escolas de Governo
na oferta de programas de formação e capacitação dos servidores públicos.
Entre os principais problemas enfrentados por estas Escolas consiste em
como capacitar um grande contingente de servidores nos modelos tradicionais de
ensino (ensino presencial), uma vez que estes além de limitar o acesso geram
custos crescentes, pois impede a mobilização de um número elevado de pessoas
para participar de cursos desenvolvidos em locais específicos.
Para enfrentar estes problemas faz-se necessário a utilização de modelos
de capacitação mais flexíveis, sendo a educação a distância uma possível solução
para este tipo de obstáculo.
No cenário do serviço público do Estado do Rio Grande do Norte, onde se
destaca a necessidade de capacitação profissional específica para um contingente
de setenta mil servidores públicos, a modalidade de educação a distância se
constitui num importante instrumento de capacitação.
Neste sentido, este trabalho tem por objetivo narrar a experiência de
capacitação em educação a distância para servidores públicos, desenvolvido pela
Escola de Governo do Estado do Rio Grande do Norte.
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2 CENÁRIO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
Apesar de muitos defenderem que se trata de uma nova idéia, a
educação a distância já possui uma longa trajetória. Os primeiros registros
remontam ao século XVII, onde as cartas inauguraram uma nova arte de ensinar. O
primeiro marco foi o anúncio publicado na Gazeta de Boston, no dia 20 de março de
1728, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips:
Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston. (LOBO NETO, 1991).
Em 1833, um anúncio publicado na Suécia já se referia ao ensino por
correspondência e na Inglaterra, em 1840, Isaac Pitman sintetiza os princípios da
taquigrafia em cartões postais que trocava com seus alunos. No entanto, o
desenvolvimento de uma ação institucionalizada de educação a distância tem início
a partir da metade do século XIX, em função do desenvolvimento dos meios de
transporte e comunicação, especialmente com o ensino por correspondência.
O ensino por correspondência é considerado a primeira geração da
educação a distância, onde os materiais eram primordialmente impressos e
encaminhados pelo correio. Nesta modalidade, o pioneiro no Brasil é o Instituto
Monitor, que, em 1939, ofereceu o primeiro curso por correspondência, de
Radiotécnico.
Produzia-se uma abertura do sistema de ensino, gerando-se novas
oportunidades de aprendizagem para muitas pessoas que, por motivos pessoais ou
por discriminação social, não podiam ter acesso à formação presencial.
A segunda geração da educação a distância apresentou o acréscimo de
novas mídias com o recurso aos programas radiofônicos e televisivos, fitas de audio
e vídeo e o telefone. A comunicação síncrona predominou neste período. Nesta
fase, destacaram-se a Telescola, em Portugal, e o Projeto Minerva, no Brasil.
Outro momento importante dessa fase é a criação das universidades
abertas de ensino a distância, tendo como referência o modelo da Open University
britânica, fundada em 1969.
A terceira geração da educação a distância é marcada pelo
desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, com o
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desenvolvimento da internet. As inovações da internet possibilitaram avanços na
educação a distância nesta geração do século XXI. Hoje os meios disponíveis são:
teleconferência, chat, fóruns de discussão, correio eletrônico, blogues, espaços wiki,
plataformas de ambientes virtuais que possibilitam interação multidirecional entre
alunos e tutores.
Esta fase introduziu a utilização do vídeotexto, do computador, da
tecnologia de multimídia, do hipertexto e de redes de computadores, caracterizando
a educação a distância on-line. Em relação à geração anterior, não temos mais uma
diversidade de mídias que se relacionam e si uma integração entre elas, que
convergem para as tecnologias de multimídia e computador.
Em 1990 foram incorporadas as primeiras multimídias educativas e em
1995 a Internet, com seus textos simples, hiperlinks para pesquisa, e se intensifica
o uso do conceito de sociedade da informação. Na realidade a origem deste
conceito remonta aos anos sessenta, quando a sociedade industrial começava a
evoluir em direção a um modelo de sociedade distinto, em que o controle e a
melhoria dos processos industriais vêm sendo substituídos pelo processamento e
gestão da informação.
O que mais chama a atenção nesta época é o fato de que cada pessoa
não somente disponha de seu próprio acervo de conhecimentos, mas sim que
tenha também uma capacidade praticamente ilimitada para ter acesso às
informações geradas por outros, e o potencial de converter-se, ela mesma, em
geradora de conhecimento.
A educação ou formação a distância cada vez mais utiliza diferentes
combinações de recursos tecnológicos para melhorar as capacidades dos
professores e dos estudantes de se comunicarem entre si, favorecendo o processo
de ensino-aprendizagem. O incremento da interatividade se observa a partir de
1998. A melhora na conectividade (banda larga), mais meios, e uma maior exigência
da parte dos usuários fazem que a evolução seja rápida e não possa ser detida.
Acompanhado pelo desenvolvimento progressivo de uma cultura centrada no
conhecimento e baseada no uso da tecnologia, o auge da Internet e da banda larga
repercute positivamente nos ambientes educativos e formativos das organizações e
instituições. Instaura-se, assim, o uso do termo e-learning, surgindo distintas
definições sobre o mesmo.
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A educação a distância, por seu caráter flexível, aponta como uma
proposta que paulatinamente vem ganhando espaço no cenário brasileiro. À sua
expansão alia-se o coeficiente tecnológico, configurando-se como mais um trunfo ao
setor de EaD, já que essa modalidade representa uma economia não só para
aqueles que estudam, mas também um baixo custo no ponto de vista das
instituições que adotam.
No Brasil as ações relacionadas à educação a distância se enquadram
como parte da política permanente de expansão da educação superior,
implementada pelo MEC que tem focado fundamentalmente na definição de
princípios, critérios e diretrizes que zelem pela qualidade dos cursos das instituições
credenciadas nesta modalidade de ensino (BRASIL, 2007).
As bases legais para a modalidade de educação a distância foram
estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996 -, que foi regulamentada pelo Decreto no 5.622, de 2005
(publicada em 20.12.05). Assim, encontram-se em estruturação novas políticas
públicas de educação a distância no Brasil, tendo como referência a regulamentação
da EaD (Decreto no 5.622, de 2005) e a criação da Universidade Aberta do Brasil. A
criação da UAB permitiu a abertura de editais para implantar centenas de pólos nos
municípios do país, bem como a priorização da utilização da EaD como principal
ferramenta para a formação de professores em todo o território nacional e o fomento
à pesquisa na referida área.
A primeira ação de Ead (baseado no modelo atual via internet)
empreendida no Brasil teve início em 2005 através da Secretaria de Educação
Básica e a Secretaria de Educação a Distância (SEED) com a criação do Programa
de Formação Inicial de Professores dos Ensinos Fundamental e Médio – Pró-
Licenciatura, cujo objetivo era formar 180 mil professores do ensino fundamental e
médio num período de quatro anos, através de um investimento de R$ 270 milhões
(PIRES, 2009).
Cabe salientar que apesar desta primeira ação ter surgido apenas em
2005, já se observava na década de 1990 uma intensificação dos discursos e
propostas que visavam garantir educação para todos, baseados nos princípios da
constituição de 1988 que afirmava que a educação era um direito de todos
(MATIAS-PEREIRA, 2008).
Outro ponto de destaque é que este modelo já havia sido formalmente
institucionalizado em 1996 através da Lei de Diretrizes e Bases para a Educação –
Lei no 9.394 (BRASIL, 2007).
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Por trás dessas políticas públicas de educação a distância abre-se um
processo importante de democratização do acesso à educação continuada, por meio
da oferta de oportunidade de educação da qualidade para pessoas que estão
distantes de centros de formação, impossibilitadas de freqüentar os ambientes
presenciais, e para os tem alguma dificuldade de locomoção.
Nesse sentido, entende-se por educação a distância o processo de
ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão
separados espacial e/ou temporalmente.
Assim, educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre
normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de
criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e
disposições organizacionais e administrativas especiais (MOORE; KEARSLEY, 2007).
Landim (2007) afirma, é ensino/aprendizagem onde professores e alunos
não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados,
interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas
também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o
telefone, o fax e tecnologias semelhantes.
Walter Perry e Greville Rumble (1987) afirmam que a característica básica
da educação a distância é o estabelecimento de uma comunicação de dupla via, na
medida em que professor e aluno não se encontram juntos na mesma sala
requisitando, assim, meios que possibilitem a comunicação entre ambos como
correspondência postal, correspondência eletrônica, telefone ou telex, rádio,
"modem", vídeodisco controlado por computador, televisão apoiada em meios
abertos de dupla comunicação etc. Afirmam, também, que há muitas denominações
utilizadas correntemente para descrever a educação a distância, como: estudo
aberto, educação não tradicional, estudo externo, extensão, estudo por contrato,
estudo experimental.
A educação a distância baseia-se nos princípios da igualdade e do ensino
permanente, acessível a qualquer pessoa, independente do seu perfil, a qualquer
hora e em qualquer lugar, porque a EaD prescinde da presença física em um local
para que ocorra educação. A filosofia que fundamenta essa proposta é a de que o
aprendizado não deve ocorrer apenas na sala de aula.
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3 EDUCAÇÃO A DISTANCIA EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS
A rapidez nas mudanças ocorridas no mundo do trabalho, que tem por
base o conhecimento, expõe-nos a um estado de mudança contínua. As
Tecnologias da Informação e da Comunicação causa principal dessa mudança,
oferecem oportunidade às administrações de estender o acesso à informação a
todos os territórios e a todas as pessoas, independentemente de sua condição,
fomentando assim processos de inclusão social e participação cidadã.
Todavia, essa grande oportunidade pode se desvanecer se não formos
capazes de assumir o desafio que a implantação das TIC e a provisão de acesso a
todos os níveis da população supõem.
A crescente globalização produzida pelas mudanças tecnológicas
desencadeia, por sua vez, outros processos inter-relacionados que afetam as
administrações. Esses processos, tais como a descentralização política, a integração
econômica, a harmonização de regulamentações ou a aparição de novos enfoques de
gestão, estão provocando uma profunda transformação na gestão pública.
As administrações públicas, como parte deste mundo globalizado, viram a
necessidade de iniciar processos de modernização de suas estruturas de governo e
funcionamento para dar resposta a esses novos processos e mudanças do
ambiente. A tomada de consciência do uso das TIC como meio para melhorar a
prestação dos serviços públicos e a aparição de novos enfoques, que já não
consideram o estado como uma unidade monolítica e autárquica, mas sim em
relação com o mercado e a cidadania, foram as principais causas dessas iniciativas
de renovação.
Nesse novo contexto, as administrações públicas entenderam que só
poderão se desenvolver e cumprir sua missão, promovendo a implantação das
novas tecnologias e capacitando de forma contínua seu pessoal. A formação de
seus trabalhadores é agora mais importante do que nunca para fazer frente aos
novos desafios que planeja um mundo em permanente mutação. Para adaptar-se e,
na medida do possível, antecipar-se às mudanças do ambiente, o pessoal das
administrações deverá se capacitar de forma permanente não somente para cumprir
com os requerimentos do seu posto, como também para aproveitar ao máximo seu
potencial de desenvolvimento.
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Para aumentar a competência e para combater a obsolescência
profissional, tem se observado o esforço das instituições de capacitação de
servidores para criar oportunidades de aprendizagem contínua. Enquanto se
enfrentam os desafios da inclusão digital, busca-se oferecer um serviço de
qualidade, eficiente, mais barato e rápido.
Perante esta nova realidade não basta que as administrações atuem de
forma legal e objetiva e em concordância com os valores constitucionais para
cumprir com sua missão, mas também que devem contar com pessoas formadas e
capazes de administrar de forma eficaz e eficiente o conhecimento interno e externo.
Abbad (2007) afirma que em organizações públicas e privadas, a educação
a distância amplia e democratiza o acesso de pessoas ao estudo e cria condições
propícias à aprendizagem continuada. O uso de plataformas eletrônicas de
gerenciamento da aprendizagem tem possibilitado a armazenagem e a organização
de verdadeiras universidades virtuais com serviços de orientação profissional, guias
de estudo ou trilhas de aprendizagem, cursos mediados pela intra ou internet,
bibliotecas virtuais, textos e materiais de apoio ao estudo em diferentes áreas.
No contexto do serviço público é imperioso o processo de sensibilização
dos servidores, fazendo com que eles assimilem a exigência da aprendizagem
contínua e percebam o significado da educação em suas vidas e sua contribuição
para o crescimento pessoal e profissional. O ensino a distância oportuniza a
promoção de oportunidades de aprendizagem contínua aos servidores públicos e a
ampliação do acesso ao estudo a qualquer hora e em qualquer lugar.
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4 PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A DISTÂNCIA
O Programa de Capacitação em Administração Pública a Distância é
desenvolvido por meio de uma parceria entre a Escola de Governo do Rio Grande
do Norte, instituição que tem por missão desenvolver as competências dos
servidores públicos estaduais, atuando com excelência, ética e comprometimento,
para otimizar a capacidade de gestão das políticas, e a Fundação Getúlio
Vargas/FGV Online, que se apresenta como o programa de ensino a distância da
FGV e tem como princípios desenvolver e gerenciar tecnologias, metodologias e
soluções específicas em ensino a distância, liderando e inovando em serviços
educacionais de qualidade. O Programa tem a duração de dois anos.
O referencial teórico inerente ao Programa implica na forma como a
organização traduz seus desafios em educação, a fim de viabilizar uma rede de
excelência que transforme conhecimentos em resultados, por meio do
desenvolvimento de pessoas; dá suporte aos métodos, as ações, a gestão, a
governança, ou seja, a todo contexto educativo da organização; e deve abranger a
perspectiva da organização e a do indivíduo, já que o conhecimento transita nas
relações entre indivíduos, entre indivíduos e a organização, entre a organização e
a sociedade.
A diretriz pedagógica valoriza os ideais antropológicos e epistemológicos
da educação proposta pela UNESCO, no relatório de Jacques Delors (Comissão
Internacional de Educação para o Século XXI), que pressupõe que o profissional do
passado e do futuro deve pautar sua aprendizagem em torno de quatro
aprendizagens fundamentais que, ao longo da vida, serão de algum modo para cada
indivíduo, os pilares do conhecimento, que incluem os domínios do aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
O aprender a conhecer decorre da necessidade do indivíduo estar
inserido no processo de compreensão, descoberta, construção e desconstrução do
conhecimento, diz respeito às competências cognitivas.
O aprender a fazer se relaciona as habilidades e atitudes supostamente
capazes de tornar o indivíduo apto a enfrentar novas situações, inclusive no
trabalho, diz respeito às competências produtivas.
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O aprender a conviver constitui-se no terceiro pilar mencionado por Delors
(2003). Relaciona-se às habilidades e atitudes que permitem ao indivíduo conviver
bem com outras pessoas em um cenário em que os trabalhos, cada vez mais
complexos, exigem a atuação profissional em equipes interdisciplinares para a
solução de problemas, diz respeito às competências relacionais.
O aprender a ser refere-se às competências pessoais, ao
desenvolvimento integral do indivíduo.
Estas quatro vias do saber devem ser vistas de maneira integrada, dado
que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de
permuta. Os pilares oferecem os rumos para um processo educacional em que o
“aprender a aprender” torna-se essencial, na medida em que o conhecimento
baseado na compreensão da realidade assume posição de destaque no atual
mundo do trabalho.
O referencial pedagógico considera os princípios do Construtivismo,
possibilitando que a organização trate dialogicamente o conhecimento; dissemine a
curiosidade para desfazer padrões cristalizados; cultive a disposição para
desaprender e desvelar o que está subjacente; fomente a tomada de decisões
próprias; incentive a capacidade de problematizar e de buscar respostas pautadas
em argumentos convincentes; proponha projetos que motivem a cooperação, que
ultrapassem as rotinas individuais, que valorizem o que é comum, que levem a
tomada de consciência da interdependência entre todos os seres do planeta.
O construtivismo considera que a aprendizagem se produz em
colaboração com os demais e levando em conta o ambiente
sóciolaboral/educacional do aluno. O desenho da formação se converte, assim, em
um desafio que impele à criação de módulos de aprendizagem e planos de estudo
que requerem do estudante um papel de verdadeiro protagonista.
Faz-se uma especial ressalva sobre facilitar o processo e estimular a
experiência de ensino-aprendizagem. As comunicações e os aspectos da
aprendizagem interativa assumem, nesse caso, uma enorme importância.
A teoria se orienta pela forma de apresentar e organizar aqueles conteúdos
de aprendizagem que se presta a uma instrução mais direta ou guiada, e enfatiza a
necessidade de proporcionar uma estrutura de idéias à qual se pode incorporar os
conteúdos a serem aprendidos. A estruturação dos conteúdos de forma relacionada e
com complexidade crescente pode facilitar sua aprendizagem significativa.
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Ainda como referencial pedagógico destaca-se a teoria de aprendizagem
sócio crítica, que aponta a educação como um processo social, político e
econômico, fundado em valores sociais e que focaliza o contexto e o papel social de
cada cidadão; e a teoria de aprendizagem humanista, que destaca princípios que
tornam a aprendizagem significativa e que permite ao indivíduo aprofundar seu
processo de auto conhecimento e, assim, conviver de forma mais harmônica consigo
mesmo e com os diferentes grupos.
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5 OBJETIVOS DO PROGRAMA
O Programa tem por objetivos promover a valorização e desenvolvimento
do servidor público estadual, fortalecendo as organizações e elevando os níveis de
qualidade, eficiência, eficácia e efetividade dos serviços prestados à comunidade;
transformar e consolidar conhecimentos, habilidades e atitudes, potencializando a
motivação, o comprometimento e a capacidade de trabalho, favorecendo o
desenvolvimento cognitivo, a expansão criativa, o cultivo da sensibilidade e da
tenacidade para a mudança, e despertar a vontade de fazer melhor; adequar o
quadro de servidores públicos aos novos perfis profissionais requeridos pelo setor
público; racionalizar e tornar mais efetivos os investimentos em capacitação pelo
Governo do Estado do Rio Grande do Norte por meio da educação, como forma de
otimizar a oferta das ações de formação continuada para os servidores.
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6 METODOLOGIA
O Programa se desenvolve a partir da oferta de cursos de atualização (de
curta duração) e cursos de extensão (de média duração) a distância aos servidores
públicos da administração direta e indireta do Estado do Rio Grande do Norte.
Os cursos de atualização funcionam como cursos auto-instrucionais. O
material didático é disponibilizado no hot site do programa. Não possuem pré-
requisito de escolaridade e podem ser cursados por todos os servidores que
possuem acesso a computador com internet.
Estes cursos, com carga horária de quinze horas e duração de quatro
semanas, estão voltados para o desenvolvimento de competências gerais do
servidor público, nas disciplinas de ética no serviço público, fundamentos de gestão
de pessoas, fundamentos de negociação e produção textual.
O curso de ética no serviço público trata das perspectivas histórica e
filosófica, dos valores e princípios que regem a ética e a responsabilidade das
organizações públicas. O curso de fundamentos de gestão de pessoas trata da
gestão das habilidades e das competências, desenvolvidas pelas pessoas, de modo
a possibilitar que a empresa obtenha os resultados esperados. Fundamentos de
negociação procura analisar os componentes, o papel dos atores e as forças que
motivam e pressionam as partes diretamente envolvidas em uma negociação.
Finalmente o curso de produção textual objetiva analisar a funcionalidade dos
elementos linguísticos por meio de textos, em situações concretas de interação
comunicativa, de modo a aperfeiçoar as práticas de produção textual.
O processo de inscrição nestes cursos é realizado exclusivamente pelo hot
site do Programa. A avaliação dos cursos de atualização acontece por meio de prova
on line, constituída por dez questões objetivas, podendo ser realizada a qualquer
momento pelo participante. O certificado do curso é expedido, após aprovação, sendo
impresso, a partir do computador, pelo próprio aluno. São oferecidas setenta mil
vagas para os cursos de atualização, no período de vinte e quatro meses. O ambiente
está preparado para suportar quinhentos acessos simultâneos.
O acompanhamento da Escola de Governo acontece por meio da
emissão de relatório mensal, disponibilizando as seguintes informações: relação de
alunos matriculados, rastreamento da navegação do aluno pelo conteúdo do curso,
nota obtida nas tentativas de realização da prova, nota final obtida na prova,
impressão ou não do certificado.
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Além dos relatórios emitidos pelo FGV On-line, o Programa de
Capacitação em Administração Pública a distância é avaliado, a partir da percepção
dos participantes sobre o trabalho que realizaram. Para essa avaliação é utilizado o
Questionário de Avaliação do Curso, que nos cursos de atualização, pontua os
indicadores de conteúdo, exercícios e auto avaliações, designer e navegação,
suporte técnico, secretaria e auto avaliação.
Os cursos de extensão têm como pré-requisito a graduação. São
destinados aos gestores e técnicos das áreas de atuação do Governo, entre elas, a
área de administração, compras governamentais, comunicação, educação,
engenharia e arquitetura, finanças, gestão (assessoramento, chefia e direção),
jurídica, meio ambiente, orçamento, patrimônio, perícia técnica, planejamento,
tecnologia da informação e comunicação, recursos humanos, saúde, segurança,
serviço social, trânsito e transporte e a área de turismo.
São ofertados quinze cursos de extensão, com cinquenta participantes
por turma, carga horária de 30 horas e duração de oito semanas. Os cursos de
extensão são:
Captação de fontes de recursos para municípios que trata de temas
relacionados ao equilíbrio do orçamento, ao aumento dos investimentos e à redução
dos impactos sociais da tributação, a partir da analise dos insumos da arrecadação
de recursos pelos municípios, sem onerar, excessivamente, os contribuintes.
Direito Tributário que tem por objetivo aproximar a legislação e a doutrina
na solução de casos concretos, de modo a proporcionar o debate e a reflexão sobre
questões relacionadas à forma pela qual o Estado exige tributos dos contribuintes e
responsáveis tributários. Ao aproximar as questões empresariais práticas e atuais
aos mais avançados estudos de Direito Tributário, subverte a ordem de investigação
do Direito – parte do real para o normativo.
Elaboração, gestão e avaliação de projetos públicos que trata do
desenvolvimento de estratégias para o cumprimento da visão e dos objetivos de
projetos e para a implementação de escopos que atendam às demandas da
sociedade e da gestão pública, a partir da analise das etapas e técnicas de projeto,
abordando seu escopo, prazo, custo e qualidade.
Estilos de gestão e liderança que aborda o processo de liderança,
enquanto elemento estimulador de mudanças, abordando tanto a gestão
participativa e inovadora dos colaboradores da empresa, quanto o papel chave
desempenhado pelo gerente.
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Gestão de tecnologia da informação que trata das melhores técnicas,
tendências e questões existentes na área de tecnologia da informação e objetiva
analisar as competências implicadas no planejamento, criação e inovação de
estratégias na área de tecnologia da informação, a partir da analise das
competências implicadas no planejamento, criação e inovação de estratégias na
área de tecnologia da informação.
Gestão de marketing na administração pública apresenta uma visão de
como implementar marketing na administração pública, tratando não só das
dificuldades dessa implementação mas também da tensão constante que esse setor
sofre do setor privado. Aborda ainda a forma de implementação do marketing, via o
marketing interno, marketing institucional e marketing social.
Gestão de pessoas na administração pública trata da atuação estratégica
da área de recursos humanos na esfera pública, de modo a agregar valor à missão
organizacional, frente às mudanças do mundo contemporâneo. Tem como objetivo
analisar os instrumentos relativos ao alinhamento da gestão de pessoas à gestão
estratégica das organizações públicas, de modo a contribuir para seu
desenvolvimento e aperfeiçoamento.
Gestão fiscal responsável na administração pública trata dos princípios,
das normas e dos instrumentos relativos à Lei de Responsabilidade Fiscal e tem
como objetivo analisar os mecanismos que disciplinam a conduta ética e as
responsabilidades do2s gestores, visando assegurar o equilíbrio financeiro da
gestão pública.
Gestão orçamentária financeira do setor público apresenta as noções
gerais e específicas inerentes à gestão orçamentária e financeira aplicada ao setor
público. Discute os princípios básicos de planejamento e orçamento, o ciclo
orçamentário, a gestão das receitas e despesas, os créditos adicionais,
transferências de recursos e operações de crédito, os controles da gestão fiscal e a
responsabilidade administrativa e penal dos gestores. Tem como objetivo abordar o
ciclo da gestão pública, sob o enfoque da execução das despesas e das receitas, e
analisar as noções gerais e específicas inerentes à gestão orçamentária e financeira
aplicada ao setor público.
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Instrumentos de política pública de meio ambiente que trata das práticas
de gestão ambiental, ressaltando o papel dos instrumentos e das ferramentas da
legislação ambiental, tendo como objetivo analisar o funcionamento da política
nacional do meio ambiente e do CONAMA, abordando os principais sistemas de
licenciamento e avaliando instrumentos e ferramentas da gestão ambiental.
Licitações e contratos administrativos permite que tanto os agentes
públicos como as empresas privadas possam ter uma visão panorâmica do
importante sistema jurídico, que, afinal, movimenta volumosos recursos da nossa
economia. O curso tem como objetivo examinar os principais conceitos dos institutos
jurídicos contidos na legislação, além de diversas controvérsias doutrinárias que
permeiam o tema, sem a pretensão de estabelecer aqui nenhuma verdade absoluta,
mas, ao contrário, de provocar a reflexão. Nesse aspecto, o caso gerador cumpre
papel de grande importância, pois é por seu intermédio que poderemos discutir,
prospectivamente, temas que não possuem uma única resposta, mas que
comportam mais de uma interpretação jurídica razoável.
Políticas da educação trata das políticas que norteiam a educação no
Brasil, apontando suas principais diretrizes e programas, tendo como objetivo
analisar as principais políticas e programas de educação, identificando seus
impactos na democratização do país.
Políticas de saúde trata do processo de construção do SUS, descrevendo
o papel do gestor estadual de saúde e os instrumentos para a administração
eficiente das políticas públicas. Tem como objetivo analisar o processo de formação,
implantação e desenvolvimento do SUS, visando à administração eficiente das
políticas públicas.
Políticas de segurança trata das principais teorias sociológicas sobre
criminalidade e violência, de modo a diagnosticar o fenômeno criminoso da
sociedade. O curso tem como objetivo analisar as bases sociológicas da
criminalidade e da violência, apontando estratégias para controle da criminalidade a
partie do diagnóstico de suas determinações sociais.
Qualidade de vida e saúde no trabalho trata da qualidade de vida no
trabalho, partindo do entendimento de que grande parte da vida adulta é dedicada
às atividades de trabalho. Tem como objetivo analisar questões relativas à
construção da qualidade de vida no trabalho, valendo-se de discussões acerca do
trabalho em seu contexto atual.
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O processo de inscrição nestes cursos é realizado exclusivamente pelo
hot site do Programa. A oferta dos cursos de extensão acontece no início dos
semestres letivos, entre 2009.1 e 2010.2. São destinadas duas mil e quinhentas
vagas para servidores públicos.
O material didático dos cursos de extensão consiste em apostila e CD,
onde estão contidos todo o conteúdo e atividades do curso, com manual das
funcionalidades do ambiente on-line de aprendizagem. O participante recebe o
material por correio, em até cinco dias antes do início do curso.
O funcionamento dos cursos se desenvolve a partir das etapas de início
do curso, onde o participante recebe, por e-mail, seu login, senha e instruções, para
acessar o ambiente on-line de aprendizagem; da primeira semana do curso, onde o
aluno realiza pequenas tarefas para se familiarizar com o ambiente on-line de
aprendizagem e para conhecer seu professor-tutor e seus colegas de turma; e das
demais semanas de curso, onde de acordo com o calendário, o aluno trabalhará
com o conteúdo e com as atividades do curso, participando de fóruns, de discussões
e de reuniões on-line.
Os participantes do curso são acompanhados pelo professor tutor,
especialista na área do curso e capacitado para atuar com ensino a distância. Este
professor orienta a turma, media as discussões, tira dúvidas e avalia os trabalhos
produzidos. Os alunos são acompanhados também pelo suporte técnico, que auxilia
nos eventuais problemas técnicos e pela secretaria acadêmica, que orienta sobre as
questões administrativas e acadêmicas.
Os cursos são veiculados essencialmente via internet, no ambiente virtual
de aprendizagem moodle, utilizando diversos recursos multimídia que facilitam a
busca de informações, otimizam a reflexão e incrementam a interação entre os
alunos, seus colegas e professor tutor. No ambiente on-line de aprendizagem, o
participante conta com os recursos de ferramentas de calendário, onde estão
agendadas todas as atividades do curso; área de estudos, onde estão disponíveis o
conteúdo e as atividades do curso; sala de aula, onde o aluno pode interagir com
seus colegas e receber atendimento personalizado do professor tutor; biblioteca
virtual, onde o aluno tem acesso a um centro de recursos multimídia, com cerca de
quarenta e cinco mil documentos; e reunião on-line, onde o aluno discute e trabalha,
em tempo real, com qualquer participante de sua turma, seja um colega de turma,
membros de sua equipe de trabalho e o professor tutor.
21
O processo de avaliação dos cursos de extensão acontece por meio da
participação individual do aluno no ambiente e de atividades dissertativas on-line, a
saber, tarefa individual do fórum, reunião on-line do fórum e participação individual.
O acompanhamento da Escola de Governo acontece por meio da
emissão de relatórios, a saber: relatório de inscrição, disponibilizando as
informações de relação de pré-inscrições aceitas e refutadas; relatório de início de
curso disponibilizando as informações de frequência de mensagens, com data do
último acesso ao ambiente on-line, preenchimento de perfil e quantidade de
mensagens postadas até o momento; relatório de acompanhamento,
disponibilizando as informações de relação de alunos matriculados, relação de
alunos que solicitaram cancelamento, mini currículo do professor tutor, andamento
dos alunos no curso de acordo com as atividades programadas; e relatório final,
disponibilizando as informações relação de alunos matriculados, relação de alunos
que solicitaram cancelamento, mini currículo do professor tutor, andamento dos
alunos no curso de acordo com as atividades programadas, desempenho
acadêmico alcançados pelos alunos no curso e resultados da avaliação dos alunos
sobre o curso.
Além dos relatórios emitidos pelo FGV On-line, o Programa de
Capacitação em Administração Pública a distância é avaliado, a partir da percepção
dos participantes sobre o trabalho que realizaram. Para essa avaliação é utilizado o
Questionário de Avaliação do Curso, que nos cursos de extensão, pontua os
indicadores de conteúdo, atividades, professor tutor, designer e material didático,
navegação, suporte técnico, secretaria, auto avaliação e impressões sobre a política
de conseqüências.
Paralela e complementar à governança, a política de conseqüências
norteia o Programa ao longo do tempo, por meio de processos sistemáticos de
avaliação, os quais, periodicamente, possibilitam a verificação de quanto os
resultados alcançados por cada colaborador, no cotidiano das situações rotineiras,
de fato, expressam as competências desejadas pela organização.
A política de governança institui que o Programa de Capacitação em
Administração Pública:
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� É financiado com verbas do FUNDESPE e são ofertados de forma
gratuita aos servidores da administração direta e indireta do Governo
do Rio Grande do Norte.
� No ato da pré-inscrição on-line, o aluno deverá declarar estar de
acordo com o Regulamento e com o Termo de Compromisso do
Programa.
� O Termo de Compromisso será assinado digitalmente pelo aluno com o
registro de data, hora e IP do computador utilizado na inscrição.
� O aluno que desistir do curso de Extensão, até o 15o dia após seu
início, terá o direito de solicitar, por meio do Requerimento do Servidor
à Secretaria Acadêmica da Escola de Governo e por meio do e-mail
[email protected], o cancelamento de sua inscrição, devendo,
entretanto, reembolsar a Escola de Governo em R$ 126,00, valor
referente à 30% do custo unitário de sua vaga no curso, o qual será
descontado em folha de sua remuneração pessoal.
� O aluno que desistir do curso de Extensão após o 15o dia após seu
início, deverá reembolsar a Escola de Governo em R$ 421,00, valor
referente à 100% do custo unitário de sua vaga no curso, se o motivo
da desistência não for devidamente justificado e aceito pela Secretaria
de Estado da Administração e dos Recursos Humanos do Rio Grande
do Norte.
� Não haverá desistência para os cursos de atualização.
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7 PRIMEIROS RESULTADOS
A partir das informações obtidas pela aplicação do instrumento
Questionário de Avaliação dos Cursos, podemos destacar:
� A interação entre os alunos e com os tutores foi satisfatória para o
alcance do aprendizado propostos pelos cursos.
� Em termos de aprendizado percebido, observa-se que os alunos
aprenderam a relacionar questões importantes sobre os conteúdos
discutidos no ambiente de ensino de forma prática.
� Existe uma concordância sobre a posição de que fazer o curso a
distância foi mais difícil do que se o mesmo tivesse sido realizado
presencialmente.
� Os alunos destacaram a importância do material impresso, colocando
como fundamental para apoio as atividades do curso.
� Sobre o desempenho dos tutores, verifica-se que esse foi o ponto mais
destacado pelos alunos, atribuindo o desempenho dos mesmos a
permanência e motivação dos alunos nos cursos.
� Os alunos destacaram dificuldade em lidar com a flexibilidade
subjacente a modalidade de ensino a distância. Apesar de esse ser um
ponto destacado pelos alunos como determinante pela opção de fazer
um curso a distância, flexibilidade de organizar melhor os horários de
estudo e de trabalho, eles apontam como fator de dificuldade no
desenvolvimento do curso. Essa questão aponta muito mais para uma
dificuldade de ordem pessoal, comportamental, relacionada a práticas
e experiências de ensino presencial, do que propriamente as premissas
do programa.
� Os alunos revelam como ponto crítico do curso a primeira semana de
estudos, revelando a dificuldade sentida com o processo de
ambientação na plataforma.
� Sobre a política de conseqüências os alunos revelam concordância
com a mesma e apontam que no momento crítico do curso (semana de
ambientação) foi fundamental para a não desistência.
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� As informações prestadas pelos alunos apontam para um elevado nível
de satisfação com o programa. Outro ponto de destaque é que os
alunos demonstram interesse em fazer quantos cursos puderem a
partir de agora pela modalidade a distância.
É importante destacar que o instrumento Questionário de Avaliação dos
Cursos foi aplicado apenas com os alunos que concluíram os cursos, ficando de fora
os alunos que se evadiram e cancelaram o curso.
Sobre os alunos evadidos e que solicitaram cancelamento, a maioria dos
registros remete a dificuldades de ordem pessoal, como doenças na família, férias,
viagens e dificuldades de acesso a internet. Em número menor, alguns alunos
revelam dificuldades de outra ordem, a saber:
� Percepção de que o curso exigiu um esforço maior do que o esperado
pelo participante.
� Dificuldade de conciliar o curso com as atividades profissionais e
pessoais.
� Crença que um curso a distância exigiria menos dedicação do que um
presencial.
� Outro ponto destacado é que alguns alunos consideraram precipitado o
ingresso no Programa. Eles destacaram que foram estimulados pelas
chefias e se sentiram “obrigados” a participar.
Essas informações sobre os alunos evadidos e cancelados foram
registradas a partir de relatos orais e emails de alunos enviados a coordenação do
programa.
Em janeiro de 2010 o Programa capacitou hum mil, oitocentos e cinquenta
servidores em cursos de atualização e hum mil e quinhentos servidores em cursos de
extensão, atingindo servidores lotados em oitenta municípios do Estado.
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8 CONCLUSÕES
Este trabalho teve por objetivo descrever o Programa de Capacitação a
Distância para servidores públicos do Estado do Rio Grande do Norte, atualmente
em execução no por meio da Escola de Governo do Estado.
Os resultados iniciais permitem dizer que a política de capacitação está
sendo bem vista pelos servidores que fizeram o curso e que este projeto de
capacitação está ajudando a melhorar a qualificação profissional destes servidores e
dando-lhes uma visão mais ampla da necessidade de melhoria técnica para o
atendimento das demandas da sociedade. Isto é um desdobramento importante dos
objetivos do programa, pois os servidores passaram a demonstrar conhecimento de
que precisam existir mudanças na própria estrutura do serviço público para que os
objetivos institucionais e sociais sejam alcançados.
Esta conscientização é importante, pois estas pessoas acabam agindo
como agentes de mudança para os demais servidores, estimulando-os a
adentrarem no programa, de forma a promover uma melhor qualificação técnica do
aparato estatal.
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9 REFERÊNCIAS
BRASIL. Referências de qualidade para educação superior a distância. Brasília: Ministério da Educação, 2007. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Uma reforma gerencial da Administração Pública no Brasil. Revista do Serviço Público. ENAP, 1998. DELORS, J. Educação para o Século XXI: questões e perspectivas. Porto Alegre, RS: Artmed, 2005. _______. Educação um tesouro a descobrir. Brasília: DF: MEC: UNESCO,2003. LANDIM, Claudia Maria Ferreira. Educação a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro, s/n, 1997. LOBO NETO, Francisco José de Silveira. Educação a Distância: função social, tecnologia educacional. Rio de Janeiro, v. 20, n. 101, 1991. LONGO, F. Mérito e flexibilidade: a gestão das pessoas no setor público. São Paulo: FUNDAP, 2007. MATIAS-PEREIRA. J. Curso de gestão pública. São Paulo: Atlas, 2008. ______. Evolução dos conceitos de Educação a Distância. Brasília: PPGA/UnB, 2005. MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Educação a Distância: uma visão integrada. São Paulo: Thomson Learning, 2007. (Tradução Roberto Galman) PERRY, W.; RUMBLE, G. (1987). A short guide to distance education. Cambridge: International Extension College.
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AUTORIA
Valeria Maura Rocha de Medeiros – Secretaria de Estado da Administração e dos Recursos Humanos/Escola de Governo. Endereço eletrônico: [email protected]