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PROTEÇÃO, CONTROLE E MONITORAMENTO AMBIENTAL:

1 Monitoramento ambiental: conceitos, objetivos e suas aplicações no monitoramento de solo, ar, água,

fauna, flora e ecossistemas. 2 Proteção florestal (prevenção e combate a incêndios florestais), legislação

aplicada ao uso do fogo. 3 Conceitos básicos de: cartografia, sistemas de informação geográfica,

sensoriamento remoto, imageamento e interpretação de mapas. 4 Lei nº 9.605/1998. 5 Decreto nº 6.514/2008.

6. Lei Complementar nº 140/2011.

1 Monitoramento ambiental: conceitos, objetivos e suas aplicações no monitoramento de

solo, ar, água, fauna, flora e ecossistemas.

Monitoramento Ambiental consiste na realização de medições e/ou observações específicas,

dirigidas a alguns poucos indicadores e parâmetros, com a finalidade de verificar se

determinados impactos ambientais estão ocorrendo, podendo ser dimensionada sua magnitude e

avaliada a eficiência de eventuais medidas preventivas adotadas (Bitar & Ortega, 1998).

Segundo Machado (1995), a elaboração de um registro dos resultados do monitoramento é de

fundamental importância para o acompanhamento da situação, tanto para a empresa e para o

Poder Público, como também para a realização de auditoria, tema que veremos no próximo

tópico.

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Monitoramento ambiental

O monitoramento ambiental é uma importante ferramenta para a administração dos recursos

naturais. Este oferece conhecimento e informações básicas para avaliar a presença de

contaminantes, para compreender os sistemas ambientais e para dar suporte as políticas

ambientais.

O monitoramento consiste em observações repetidas de uma substância química químico ou

mudança biológica, com um propósito definido de acordo com um planejamento prévio ao longo

do tempo e espaço, utilizando métodos comparáveis e padronizados. Segundo van der Oost e

colaboradores (2003), os cinco métodos de monitoramento ambiental que devem ser seguidos

para avaliar o risco de contaminantes para os organismos e classificar a qualidade ambiental dos

ecossistemas são:

- monitoramento químico – avalia a exposição medindo os níveis de contaminantes

bem conhecidos nos compartimentos ambientais;

- monitoramento da bioacumulação – avalia a exposição medindo os níveis de

contaminantes na biota ou determinando a dose crítica no local de interesse (bioacumulação);

- monitoramento do efeito biológico – avalia a exposição e o efeito determinando

as primeiras alterações adversas que são parcial ou totalmente reversíveis

(biomarcadores);

- monitoramento da saúde – avalia o efeito através do exame da ocorrência de doenças

irreversíveis ou danos no tecido dos organismos;

- monitoramento dos ecossistemas – avalia a integridade de um ecossistema

através de um inventário de composição, densidade e diversidade das espécies, entre outros.

Quando organismos vivos são usados no monitoramento ambiental para avaliar mudanças no

meio ambiente ou na qualidade da água o monitoramento é chamado de monitoramento

biológico ou biomonitoramento. Para que um biomonitoramento seja bem sucedido é

importante a escolha do biomonitor que atenda as seguintes características (Figueira, 2006)

• capacidade de acumulação mensurável da substância química de interesse;

• distribuição generalizada na área de estudo;

• ausência de variações sazonais na quantidade disponível para amostragem;

• capacidade de acumulação diferenciada do poluente, relacionando a intensidade de

exposição ao fator ambiental. Esta relação deve poder ser descrita de uma forma quantitativa ou

semi-quantitativa;

• ausência de variações sazonais na capacidade de acumulação;

• acumulação da substância química apenas pela via que se quer avaliar;

• identificação taxonômica fácil;

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• que tenha sua fisiologia, ecologia e morfologia suficientemente estudada.

Assim, durante o biomonitoramento são utilizados biomarcadores (celulares, tecido, fluidos

corporais, mudanças bioquímicas, entre outros) para indicar a presença de poluentes ou como

sistema de aviso de efeitos iminentes.

Biomarcadores

O biomarcador é uma característica que pode ser: bioquímica, fisiológica, morfológica ou

histológica, utilizada para indicar a exposição ou o(s) efeito(s) de uma substância sobre o

organismo de um ser vivo. A qualidade de um biomarcador está relacionada a capacidade de

uma mudança ser medida antes que alguma consequência adversa significativa ocorra no

organismo de interesse. Um biomarcador ideal deve ser específico para um composto ou

classe de compostos, podendo ser utilizado em diferentes espécies (IPCS,1993).

Convém salientar que é necessário que o sistema envolvido seja bem conhecido para que

se possa interpretar a influência que o meio ambiente exerce sobre ele.

A ordem seqüencial de resposta ao estresse causado por um poluente em um sistema

biológico é visualizado na Figura 9. O efeito em nível hierárquico superior é sempre precedido

por mudanças no processo biológico. Desta forma, o biomarcador é utilizado como um sinal

prévio refletindo a resposta biológica causada por uma toxina.

Representação esquemática da ordem sequencial de respostas ao estresse causado por

poluentes em um sistema biológico (adaptado de van der Oost et al., 2003).

Biomarcadores podem ser divididos em três classes (National Research Council, 2003;

IPCS, 1993):

- biomarcadores de exposição: são aqueles que detectam e mensuram a

quantidade de uma substância exógena, seus metabólitos ou o produto da interação

entre o xenobiótico e a molécula ou célula alvo em um compartimento do organismo;

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- biomarcadores de efeito: são aqueles que incluem alterações bioquímicas,

fisiológicas ou outra alteração nos tecidos ou fluidos

corporais de um organismo que podem ser reconhecidos e associados com uma doença

ou possível prejuízo a saúde;

- biomarcadores de suscetibilidade: são aqueles que indicam a habilidade adquirida ou

inerente de um organismo a responder a exposição a um xenobiótico específico, incluindo

fatores genéticos e mudanças nos receptores que alteram a suscetibilidade de um organismo a

uma dada exposição.

Os biomarcadores de exposição podem ser usados para confirmar ou estimar a

exposição de indivíduos ou de uma população a uma determinada substância ou grupo de

substâncias fornecendo uma relação entre a exposição externa e a dose interna. De acordo com a

definição, a bioacumulação de certos contaminantes persistentes em tecido de animais pode ser

considerada com um biomarcador de exposição.

Os biomarcadores de efeito podem ser usados para documentar alterações pré-

clínicas ou efeitos adversos a saúde devido a exposição externa e absorção de determinada

substância.

Os biomarcadores de suscetibilidade ajudam a elucidar a variação no grau de resposta da

exposição a substâncias tóxicas observadas em diferentes indivíduos.

O uso de biomarcadores de peixes no estudo da resposta biológica e bioquímica a

contaminantes tem atraído grande interesse já que podem ser encontrados praticamente em todos

os ambientes aquáticos e desempenham importante papel na cadeia alimentar, já que têm a

função de transportar energia de níveis tróficos inferiores para níveis superiores (Beyer et al.,

1996).

No entanto, as variações na fisiologia de diferentes espécies de peixes podem repercutir

de forma diferenciada nas respostas de um biomarcador. Apesar disso e de sua alta

mobilidade, peixes são considerados bons organismos para o monitoramento da poluição em

ambientes aquáticos.

Baseados nos critérios formulados por Stegeman e colaboradores (1992), van der Oost e

colaboradores (2003) propõem seis critérios que devem ser observados para avaliar um

biomarcador em peixes:

(1) Confiabilidade na quantificação do biomarcador (com controle de qualidade)

resultante de ensaios simples e de baixo custo;

(2) Sensibilidade da resposta do biomarcador a exposição ou a efeitos de poluentes

utilizados como parâmetros de aviso;

(3) Definição clara dos dados de base de modo a permitir a distinção entre a variabilidade

natural (ruído) e o estresse induzido pelo contaminante (sinal);

(4) Conhecimento dos fatores que possam dificultar a interpretação da resposta do

biomarcador à exposição ao poluente;

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(5) Estabelecimento do mecanismo de relação entre a resposta do biomarcador e a

exposição ao poluente (dosagem e tempo);

(6) Estabelecimento do valor toxicológico do biomarcador, tal como a relação entre sua

resposta e o impacto ao organismo.

O uso e o aprimoramento dos processos de monitoramento ambiental vêm se tornando uma

demanda da sociedade em todos os ramos da atividade econômica e, sobretudo, nas atividades

agrícolas de forte impacto, como é o caso da cana-de-açúcar. A grande polêmica referente à

cultura da cana está ligada principalmente à queima que antecede a colheita, e que gera impactos

ambientais locais e regionais.

Características

O monitoramento ambiental é um processo de coleta de dados, estudo e acompanhamento

contínuo e sistemático das variáveis ambientais, com o objetivo de identificar e avaliar -

qualitativa e quantitativamente - as condições dos recursos naturais em um determinado

momento, assim como as tendências ao longo do tempo. As variáveis sociais, econômicas e

institucionais também são incluídas neste tipo de estudo, já que exercem influências sobre o

meio ambiente.

Com base nesses levantamentos, o monitoramento ambiental fornece informações sobre os

fatores que influenciam o estado de conservação, preservação, degradação e recuperação

ambiental da região estudada. Também subsidia medidas de planejamento, controle,

recuperação, preservação e conservação do ambiente em estudo, além de auxiliar na definição de

políticas ambientais.

O monitoramento ambiental permite, ainda, compreender melhor a relação das ações do

homem com o meio ambiente, bem como o resultado da atuação das instituições por meio de

planos, programas, projetos, instrumentos legais e financeiros, capazes de manter as condições

ideais dos recursos naturais (equilíbrio ecológico) ou recuperar áreas e sistemas específicos.

Como exemplo, pode-se citar o monitoramento de um recurso hídrico, que tem os seguintes

objetivos:

acompanhar as alterações de sua qualidade;

elaborar previsões de comportamento;

desenvolver instrumentos de gestão;

fornecer subsídios para ações saneadoras.

Implantação

A implantação de atividades de monitoramento ambiental necessita de uma seleção prévia de

indicadores que expressem as condições qualitativas ou quantitativas do que será medido e

avaliado. Esses parâmetros devem descrever, de forma compreensível e significativa, os

seguintes aspectos:

o estado e as tendências dos recursos ambientais;

a situação socioeconômica da área em estudo;

o desempenho de instituições para o cumprimento de suas atribuições.

A escolha dos indicadores depende dos seguintes fatores:

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objetivos do monitoramento;

o que será monitorado;

informações que se pretende obter.

Esses parâmetros são medidos em campo, laboratório e em escritório, sendo que alguns são

bastante simples e outros, muito complexos.

Rede de monitoramento

Na maioria das vezes, o monitoramento é realizado em vários locais, formando a chamada

rede de monitoramento. Trata-se de um sistema que capta dados em várias áreas, com

abrangência local, regional, nacional e internacional. A rede é capaz de fornecer uma base de

dados comparativa, tanto em relação ao próprio local amostrado quanto a outras regiões. O

sistema de coleta de dados aumenta o conhecimento sobre uma determinada região, o que

permite tomadas de decisão mais acertadas e um planejamento ambiental adequado.

Objetivos do Monitoramento Ambiental

Monitoramento Ambiental é um processo de coleta de dados, estudo e acompanhamento

contínuo e sistemático das variáveis ambientais, visando identificar e avaliar qualitativamente e

quantitativamente as condições dos recursos naturais em um determinado momento, assim como

as tendências ao longo do tempo.

É um instrumento de controle e avaliação, servindo para conhecer o estado e as tendências

qualitativas e quantitativas dos recursos naturais e as influências exercidas pelas atividades

humanas e por fatores naturais sobre o meio ambiente. Desta forma, seus resultados poderão

subsidiar medidas de planejamento, controle, recuperação, preservação e conservação do

ambiente em estudo.

Dentre os objetivos do monitoramento de um projeto pode-se citar: I) verificar os seus

impactos reais; II) comparar os impactos com as previsões realizadas; III) detectar mudanças não

previstas e relacionadas a atividade ou projeto; IV) alertar para a necessidade de agir, caso os

impactos negativos ultrapassem certos limites.

Dependendo das características do projeto o monitoramento não deve se restringir a

parâmetros ou indicadores físicos e biológicos, mas também deve contemplar indicadores de

impactos sociais e econômicos. Nesse caso, a atividade não emprega a mesma estrutura que o

monitoramento biofísico, mas deve observar o mesmo rigor científico, dentro das especificidades

das ciências sociais com programas de monitoramento de médio ou longo prazo, que atendam as

necessidades e expectativas com base em metodologias criteriosas de coleta e análises de dados

que garantem uma avaliação precisa das mudanças ocorridas no ambiente ao longo do tempo e

podem embasar decisões de gestão.

Monitoramento Ambiental do solo

Monitoramento do solo avalia, impede ou diminui os efeitos de substâncias que podem

prejudicar o solo ou, água, ar e organismos em contato com o solo.

O solo é um meio complexo e heterogêneo, produto de alteração do remanejamento e da

organização do material original (rocha, sedimento ou outro solo), sob a ação da vida, da

atmosfera e das trocas de energia que aí se manifestam, e constituído por quantidades variáveis

de minerais, matéria orgânica, água da zona não saturada e saturada, ar e organismos vivos,

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incluindo plantas, bactérias, fungos, protozoários, invertebrados e outros animais.

São funções do solo:

• sustentação da vida e do "habitat" para pessoas, animais, plantas e outros organismos;

• manutenção do ciclo da água e dos nutrientes;

• proteção da água subterrânea;

• manutenção do patrimônio histórico, natural e cultural;

• conservação das reservas minerais e de matérias primas;

• produção de alimentos; e

• meio para manutenção da atividade sócio-econômica.

A degradação do solo é um processo lento impulsionado por ambos os determinantes, ou

seja, por meios naturais e humanos. A identificação do problema na fase inicial fornece em

tempo hábil, medidas suficiente para a formulação de políticas de intervenção através da

implementação de políticas de baixo custo. Os principais processos que conduzem à

desertificação são os processos que alteram os ciclos naturais da água através da erosão do solo,

salinização, redução de carbono orgânico do solo e as mudanças da aridez do solo.

Monitoramento do solo detecta e avalia a possível libertação de substâncias a partir de

instalações industriais diretamente para os solos e ambientes afins, bem como a monitorização de

derrames históricos e vazamentos em áreas protegidas por lei. Para o monitoramento é necessária

ter a amostragem para estabelecer as condições de base para expansões significativas de novas

áreas de monitoramento. No entanto, algumas instalações (ou partes deles) podem ficar isentos

dos requisitos de monitoramento do solo, devido a riscos mínimos do tipo de operação, ou

porque os controles de engenharia estão no local para proteger o solo.

Monitoramento ambiental do ar

Monitorar o ar é observar continuamente as concentrações na atmosfera de quaisquer

poluentes que afetam a qualidade do ar. Nesse sentido, o objetivo da rede de monitoramento da

qualidade do ar é avaliar continuamente as características que tornam o ar um ambiente propício

ao ser humano e ao meio ambiente em geral, possibilitando observação das emissões relativas às

fontes fixas e móveis.

O índice de qualidade do ar – IQAr é uma escala informativa das concentrações,

estabelecida pelo CONAMA 03/90. A mesma legislação estabelece ainda os padrões primários e

secundários da qualidade do ar. Os padrões primários são as concentrações de poluentes que,

ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Já os padrões secundários de qualidade do

ar, são as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito

adverso sobre o bem estar da população, aos materiais e ao meio ambiente em geral.

A poluição atmosférica tem sido objeto de discussões cada vez mais freqüentes, pois foi

observado um crescimento considerável de diversas fontes de poluentes atmosféricos nos últimos

anos, em especial a frota de veículos automotores em circulação. O impacto ambiental

provocado pelos poluentes atmosféricos reflete diretamente na saúde humana, nos ecossistemas e

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nos materiais de modo que a cada dia aumenta a necessidade de dar maior atenção ao

monitoramento da qualidade do ar.

Os centros urbanos, com o passar dos anos, tiveram um grande crescimento populacional e,

conseqüentemente, um aumento considerável das atividades antrópicas necessárias para atender

à população (transporte público, indústrias, obras diversas, etc). O impacto destas atividades em

associação com outras ações negativas do homem sobre o meio ambiente, como as queimadas e

a devastação de áreas verdes por meio do desmatamento, tornam cada vez mais impuro o ar que

nos circunda.

A comunidade médica internacional entende que respirar um ar impuro é altamente

prejudicial à saúde e, dependendo da concentração dos poluentes, toda a população pode

apresentar sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta. As pessoas de

grupos sensíveis como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas

costumam apresentar sintomas ainda mais graves. Desta forma, o poder público possui a

obrigação não só de realizar o monitoramento da concentração dos principais poluentes, mas de

adotar as medidas mitigadoras necessárias para manter a qualidade do ar em índices que

garantam a saúde e o bem estar da população.

Monitoramento da Qualidade do Ar

O monitoramento da qualidade do ar tem como objetivo a quantificação de poluentes

atmosféricos, bem como a avaliação da qualidade do ar em relação aos limites estabelecidos. Em

razão da maior concentração na atmosfera e dos efeitos nocivos que apresentam, os principais

poluentes atmosféricos são:

Partículas totais em suspensão (PTS) - partículas de até 100 µm de diâmetro

Partículas inaláveis (PI) - partículas de até 10 µm de diâmetro

Fumaça – parâmetro determinado pelo escurecimento de um filtro através da deposição de

partículas em suspensão.

A Resolução Conama nº 3/1990 estabelece para cada um desses poluentes padrões de

qualidade do ar, ou seja, limites máximos de concentração que, quando ultrapassados, podem

afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos ao meio

ambiente em geral. O Distrito Federal adota estes padrões como referência para avaliar a

qualidade do ar em geral e os padrões da Resolução Conama nº 382/2006 para acompanhar as

emissões provenientes de empreendimentos licenciados.

O efeito da poluição atmosférica sobre a saúde é estimado através do Índice de Qualidade do

Ar (IQAr) onde a concentração do poluente está relacionada com um valor adimensional do

índice que, por sua vez, pode ser associado à uma escala de cores em função dos possíveis

efeitos esperados na população. Desta forma, conhecendo a concentração de poluentes, o ar

analisado pode ser classificado como de qualidade: boa, regular, inadequada, má e péssima.

Monitoramento ambiental da água

A água desempenha papel de extrema importância na vida humana, e seu tratamento para

consumo tem por finalidade atender aos padrões de potabilidade, de maneira a não oferecer

riscos à saúde.

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No Brasil os padrões e procedimentos relativos ao controle e vigilância da qualidade da água

para o consumo humano e seu padrão de potabilidade, são regulamentados pela Portaria n. 518

de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde.

Esta Portaria determina padrões e limites em relação aos parâmetros:

Físicos – como pH, cor e turbidez;

Químicos – como alumínio, amônia, cloro residual e substâncias que podem representar

risco à saúde (fluoreto, chumbo, mercúrio, nitrato, etc.);

Microbiológicos – como coliformes fecais e organismos patogênicos;

Radioatividade

As águas residuárias são aquelas que após utilização humana apresentam suas características

naturais alteradas. Estes efluentes líquidos são produzidos por indústrias ou são resultantes dos

esgotos domésticos urbanos.

A devolução dessas águas residuárias de qualquer fonte poluidora ao meio ambiente deve

prever seu tratamento, se necessário. Este lançamento pode ser feito em rios, mares e fontes

subterrâneas, desde que obedeçam às condições determinadas pela legislação. Para verificar a

conformidade deste efluente que será lançado, são analisados parâmetros como:

Temperatura, pH e materiais sedimentáveis;

DBO (demanda bioquímica de oxigênio) 5 dias;

Elementos químicos, dentre outros.

O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) regulamenta no âmbito federal os

padrões de lançamento de efluentes através das Resoluções n. 357 de 17 de março de 2005, e n.

397 de 03 de abril de 2008. Cada Estado pode determinar padrões de lançamentos mais

restritivos se julgarem necessário, e a fiscalização fica sob a responsabilidade da agência de

controle.

A importância deste controle é evitar que tornem a qualidade da água imprópria e nociva à

saúde humana ou que possa prejudicar a fauna e a flora.

A disponibilidade de água, tanto em quantidade como em qualidade, é um dos principais

fatores limitantes ao desenvolvimento regional considerando-se tanto o meio urbano como o

rural. Pelas características do seu ciclo, a quantidade da água no planeta tem se mantido

aproximadamente constante desde a antigüidade. Por isso, tecnicamente, ela não está se tornando

escassa. O que ocorre é uma carência da água para atender determinadas demandas que estejam

associadas a uma qualidade mínima, respeitada a sua disponibilidade local.

As causas desta carência são comumente associadas à poluição dos recursos hídricos e ao

direcionamento estratégico de atividades consultivas para regiões onde sua disponibilidade

natural é limitada. Por falta de estudos específicos no passado, mesmo que a disponibilidade

quantitativa no Brasil seja impressionante, a maior parte das regiões brasileiras vivenciam hoje

conflitos pelo uso da água motivados pela heterogeneidade da sua distribuição espacial, pelo

adensamento populacional descontrolado, pela ocupação desordenada da área de drenagem das

bacias hidrográficas, pelo direcionamento estratégico agro-industrial sem que as outorgas e

licenciamentos sejam comparados à disponibilidade local e à sua capacidade de carga, além dos

desperdícios na conservação do recurso.

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Portanto, numa estratégia de sustentabilidade de longo prazo, o problema da carência dos

recursos hídricos deve ser entendido como uma dupla preocupação: a da quantidade da água,

necessária para atender a demandas atuais e futuras, e a da qualidade, necessária para permitir o

seu uso sem o comprometimento das demandas ecossistêmicas.

METODOLOGIA DE APRESENTAÇÃO DOS DADOS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

SUPERFICIAIS

Dentre os parâmetros analisados no monitoramento foram selecionados os seguintes para

demonstrações nos gráficos e tabelas:

Oxigênio Dissolvido O oxigênio dissolvido na água é fundamental para manutenção da vida aquática. Quanto menor a

concentração de oxigênio dissolvido, maior é a possibilidade de ocorrência de mortandade de

peixes e outros seres vivos do meio aquático. Concentrações abaixo de 2,0 mg/l de oxigênio

podem ocasionar mortandades de peixes. Altas concentrações de oxigênio dissolvido, além de

benéficas para a vida aquática favorecem a depuração da matéria orgânica lançada nos corpos

hídricos (vide DBO).

DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) É a quantidade de oxigênio necessária para depurar a matéria orgânica biodegradável lançada na

água. Portanto, indica a presença de matéria orgânica, que pode ter origem nos esgotos cloacais

ou nos efluentes industriais. Quanto maior a concentração de DBO na água haverá uma

tendência de redução na concentração do oxigênio que está dissolvido na água.

Coliformes Fecais Indicam a presença de esgotos cloacais nas áreas urbanas. Altas concentrações de coliformes

fecais são acompanhadas de concentrações mais elevadas da matéria orgânica (DBO). A

presença de esgotos cloacais aumenta possibilidade de contrair doenças de veiculação hídrica.

Em áreas rurais pode indicar a contaminação oriunda de atividades de pecuária.

Metais Pesados São apresentados gráficos com informações sobre os seguintes metais pesados: cádmio, chumbo,

cobre, cromo total, mercúrio, níquel e zinco. Quando encontrados em áreas urbanas são

indicativos da presença de efluentes industriais (metalúrgicas com galvanoplastia, indústrias

químicas, curtumes, etc.). Em áreas rurais, os metais estão presentes em fungicidas e outros tipos

de agrotóxicos. Podem ser encontrados também em áreas de mineração. Em alguns casos são

decorrentes das características geológicas locais.

a) Gráficos de Freqüência das Classes Os Gráficos permitem a visualização da freqüência das Classes em cada um dos locais de

amostragem. Parâmetros : oxigênio dissolvido, DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e

Coliformes Fecais, bem como uma visão sobre as concentrações de metais pesados (vide item c)

fora dos limites estabelecidos pela Resolução Nº 357 / 05 do CONAMA.

b) Gráficos das Médias Anuais Indicam as médias anuais em cada um dos parâmetros amostrados.

Parâmetros : oxigênio dissolvido, DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e Coliformes Fecais,

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c) Gráficos dos Metais Pesados Apresenta os percentuais de análises fora dos padrões da Resolução Nº 357 / 05 do CONAMA.

O primeiro gráfico indica análises fora da Classe 1, e o segundo gráfico mostra as análises fora

da Classe 3. São considerados os metais cádmio, chumbo, cobre cromo total, mercúrio, níquel e

zinco. A atual Resolução CONAMA nº 357 / 05, publicada em 18/03/2005, revoga a Resolução

CONAMA nº 20/86, e nesta nova legislação os padrões de chumbo, cobre e cromo total estão

agora mais restritivos.

Agência Nacional de Águas – ANA

A Agência Nacional de Águas tem como missão implementar e coordenar a gestão

compartilhada e integrada dos recursos hídricos e regular o acesso a água, promovendo seu uso

sustentável em benefício das atuais e futuras gerações. A instituição também possui outras

definições estratégicas centrais:

Negócio: uso sustentável da água.

Visão: ser reconhecida pela sociedade como referência na gestão e regulação dos recursos

hídricos e na promoção do uso sustentável da água.

Valores: compromisso, transparência, excelência técnica, proatividade e espírito público.

A Agência Nacional de Águas (ANA) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do

Meio Ambiente, e responsável pela implementação da gestão dos recursos hídricos brasileiros.

Foi criada pela lei 9.984/2000 e regulamentada pelo decreto nº 3.692/2000. Já a lei das águas

(lei nº 9.433/97) instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH).

Tem como missão regular o uso das águas dos rios e lagos de domínio da União e

implementar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, garantindo o seu uso

sustentável, evitando a poluição e o desperdício, e assegurando água de boa qualidade e em

quantidade suficiente para a atual e as futuras gerações.

Em 27 de julho de 1999, na cerimônia de abertura do seminário Água, o desafio do próximo

milênio, realizado no Palácio do Planalto, foram lançadas as bases do que seria a Agência

Nacional de Águas (ANA): órgão autônomo e com continuidade administrativa, que atuaria no

gerenciamento dos recursos hídricos. Nessa época, o projeto de criação da agência foi

encaminhado ao Congresso Nacional, com aprovação em 7 de junho de 2000. Foi transformado

na Lei nº 9.984, sancionada pelo presidente da República em exercício, Marco Maciel, no dia 17

de julho do mesmo ano.

A finalidade da ANA é implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de

recursos hídricos, instituída pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida também como

Lei das Águas – instrumento legal inspirado no modelo francês que permite a gestão

participativa e descentralizada dos recursos hídricos.

Compete à ANA criar condições técnicas para implementar a Lei das Águas, promover a

gestão descentralizada e participativa, em sintonia com os órgãos e entidades que integram o

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, implantar os instrumentos de gestão

previstos na Lei 9.433/97, dentre eles, a outorga preventiva e de direito de uso de recursos

hídricos, a cobrança pelo uso da água e a fiscalização desses usos, e ainda, buscar soluções

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adequadas para dois graves problemas do país: as secas prolongadas (especialmente no

Nordeste) e a poluição dos rios.

A agência é uma autarquia sob regime especial, com autonomia administrativa e financeira,

vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, conduzida por uma diretoria colegiada. Tal

instituição também é responsável pela manutenção de uma rede de Plataforma de coleta de dados

visando o monitoramento dos níveis de rios e reservatórios de água em território brasileiro1

Estrutura organizacional

Sua estrutura organizacional e regimental é constituída por uma diretoria colegiada, uma

secretaria-geral (SGE), uma procuradoria-geral (PGE), uma chefia de gabinete (GAB), uma

auditoria interna (AUD), uma coordenação geral das assessorias (CGA) e oito superintendências.

A diretoria colegiada é composta por cinco membros: um diretor-presidente e quatro

diretores, todos nomeados pelo presidente da República, com mandatos não coincidentes de

quatro anos.

Monitoramento da Fauna e Flora

Monitoramento da Fauna Terrestre tem como objetivo principal, monitorar a fauna silvestre,

com o intuito de diagnosticar possíveis alterações nas comunidades ao longo do tempo

decorrentes da perda de habitat dada pela supressão da vegetação.

Monitoramento de fauna é realizado para avaliar os impactos da mineração e

empreendimentos que possa causar impactos negativos sobre as populações da fauna e flora

locais, incluindo aves, répteis , mamíferos e sapos. O monitoramento também é realizado em

áreas de reabilitação e em outras áreas destinadas para fins de conservação de espécies nativas

nessas áreas. Técnicas de monitoramento incluem armadilhas, destacando, a análise chamada

ecolocalização (para espécies de morcegos da floresta ) e inspeção de locais de capoeira

artificiais sob uma licença emitida pelo órgão ambiental responsável.

O monitoramento da flora é, geralmente, realizado sazonalmente para avaliar o

desenvolvimento na regeneração de áreas florestais e de reabilitação. Áreas de vegetação

remanescente são usadas como pontos de controle para comparação com as áreas de reabilitação.

As informações obtidas a partir deste monitoramento são usadas para orientar e melhorar os

esforços de reabilitação em áreas semelhantes.

Monitoramento da diversidade de espécies da flora, dentro dos locais de reabilitação, são

realizados através estratégias elaboradas e avaliada entre as espécies existentes. Esta é uma

ferramenta importante para o desenvolvimento de critérios de conclusão para a reabilitação .

Pesquisas oportunistas e sistemáticas são realizadas, com o objetivo de desenvolver uma lista

completa das espécies presentes para a comparação com o monitoramento de reabilitação e

experimentos.

Proteção florestal (prevenção e combate a incêndios florestais), legislação aplicada ao uso

do fogo

Pragas e Doenças

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As pragas que representam a maior importância econômica são: as formigas cortadeiras em

primeira instância, que ocorrem e devem ser controladas durante toda a fase do projeto; em

segunda, no caso de plantios de eucalipto, pode-se considerar os cupins, na fase mais juvenil, e

as lagartas, como a Thyrinteina arnobia na fase mais adulta, principalmente.

Outra praga comum e causadora de sérios problemas é causada pelo fungo Puccina psidii

Winter (ferrugem do eucalipto). A primeira ocorrência da ferrugem, causando danos, aconteceu

no Espírito Santo, nos anos 70, em plantios de Eucalyptus grandis, com idade inferior a dez anos.

Além de ocorrer em mudas de viveiro, a ferrugem pode atingir também plantas jovens no campo

até os dois anos de idade, reduzindo a produtividade da cultura e podendo levar à morte os

indivíduos mais debilitados.

Em relação aos plantios de pinus, o macaco-prego (Cebus apella), vem causando danos

consideráveis. O macaco-prego ocorre em praticamente em toda a América do Sul, a leste dos

Andes, apresentando uma grande adaptabilidade às condições ambientais e uma grande

diversidade comportamental. Tem o hábito de arrancar a casca das árvores para alimentar-se da

seiva, que tem sabor doce. Ao romper a casca, a árvore fica sem proteção e a circulação da seiva

é interrompida. A árvore fica extremamente debilitada e suscetível ao ataque da vespa-da-

madeira, que, em termos de danos econômicos, é uma das principais pragas. Outra praga que

vem causando danos é o pulgão (Cinara pinivora e Cinara atlantica) que hoje, ocorre em várias

regiões de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

O controle de formigas cortadeiras pode ser desenvolvido como citado anteriormente, e para

o controle de lagartas tem se usado muito o lagartecida biológico, que tem como agente a

bactéria Bacillus thuringiensis, cujos nomes comerciais são o Dipel e o Bac control.

Incêndios Florestais

Entende-se por incêndio florestal todo fogo sem controle sobre qualquer vegetação,

podendo ser provocado pelo homem (intencionalmente ou por negligência), ou por fonte natural

(raio).

Anualmente, após as geadas, ocorre a estação seca, por um período crítico que se estende

do mês de julho até meados de outubro. Neste período a vegetação torna-se suscetível a

incêndios.

Os incêndios florestais, casuais ou propositados, são causadores de grandes prejuízos, tanto

no meio ambiente quanto ao próprio homem e a suas atividades econômicas. No período de 1983

a 1988 no Brasil, os incêndios destruíram uma área de 201.262 hectares de reflorestamento, que

representa aproximadamente 154 milhões de dólares para o seu replantio, fora o prejuízo direto.

As causas dos incêndios podem variar bastante de região para região. No Brasil, há 8 grupos

de causas: raios, queimadas para limpeza, operações florestais, fogos de recreação, o ocasionado

por fumantes, por incendiários, estradas de ferro e diversos.

Os incêndios, devido principalmente às condições meteorológicas, não ocorrem com a

mesma freqüência durante todos os meses do ano. Pode haver também uma variação das épocas

de maior ocorrência de incêndios entre as regiões do país, devido às condições climáticas ou às

diferenças nos níveis de atividades agrícolas e florestais. Da mesma maneira, os incêndios não se

distribuem uniformemente através das áreas florestais. Existem locais onde a ocorrência de

incêndios é mais freqüente, como por exemplo os próximos a vilas de acampamentos, margens

de rodovias, estradas de ferro, proximidades de áreas agrícolas e pastagens.

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A proteção das florestas, bem como a de povoamentos florestais, torna-se eficiente quando

existe um planejamento prévio das atitudes e atividades a serem tomadas ou implementadas nas

diferentes situações que podem apresentar. Quanto ao controle de incêndios florestais, o

processo preventivo tem se mostrado como o de maior eficiência, através de aceiros manuais e

mecânicos, gradagens internas ao povoamento e um bom sistema de vigilância; este, muito

praticado entre empresas florestais vizinhas, num sistema de cooperativismo.

Planos de Proteção

É necessária a observação de vários fatores existentes na área em questão:

O problema do fogo na unidade a ser protegida.

Os aspectos físicos da área.

Causas mais freqüentes de incêndios, épocas e locais de maior ocorrência, classes de

material combustível e delimitação de zonas prioritárias são informações indispensáveis para a

elaboração de um plano. Este plano deve incluir as ações propostas para a prevenção, detecção e

combate aos incêndios e o registro sistemático de todas as ocorrências.

Classes de Combustível

Os tipos de vegetação influenciam de maneira significativa no potencial de propagação dos

incêndios.

Tipo de formação vegetal Propagação

Povoamentos de coníferas Mais rápida e intensa

Povoamentos de folhosas Mais lenta

Florestas plantadas Mais rápido

Florestas naturais Mais lenta

Pastagens e campos Mais rápida, principalmente após geada

Os mapas de combustível, ou cartas de vegetação, permitem prever as áreas nas quais o fogo

apresenta maior risco de propagação.

Zonas Prioritárias

É preciso definir as áreas que devem ser prioritariamente protegidas, embora todas as

áreas sejam de grande importância. Áreas experimentais, pomares de sementes, nascentes de

água, áreas de recreação, instalações industriais e zonas residenciais são exemplos de áreas

prioritárias.

Plano Operacional

Prevenção

A prevenção dos incêndios florestais envolve, na realidade, dois níveis de atividades, a

redução das causas (através de campanhas educativas, legislação específica e medidas de

controle) e a redução do risco de propagação, que consiste em dificultar ao máximo a

propagação dos incêndios que não forem possíveis de evitar. Pode ser feito através da construção

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de aceiros, da redução do material combustível e da adoção de técnicas apropriadas de

silvicultura preventiva.

Detecção

É a primeira etapa do combate a um incêndio. Pode ser fixo, móvel ou auxiliar, dependendo

das condições locais e da disponibilidade de recursos da empresa responsável pela proteção da

área.

A detecção fixa é feita através de pontos fixos de observação, torres metálicas ou de

madeira. A altura da torre depende da topografia da área e da altura da floresta a ser protegida.

As torres são operadas por pessoas ou por sensores automáticos à base de raios infravermelhos,

que detectam o incêndio devido à diferença de temperatura entre o ambiente e a zona de

combustão.

A móvel é feita através de operários a cavalo, em veículos ou em aeronaves leves. O

patrulhamento aéreo é indicado para áreas muito grandes, de difícil acesso.

A auxiliar é exercida voluntariamente, por pessoas que não estão ligadas diretamente ao

sistema de detecção. Quando bem conscientizadas, através de programas educativos, as pessoas

que vivem nas imediações ou transitam pela floresta podem comunicar a existência de focos de

incêndio.

Passos básicos na detecção dos incêndios:

Comunicar à pessoa responsável pelo combate todos os incêndios que ocorrerem na área

protegida, antes que o fogo se torne muito intenso, de modo a viabilizar o combate o mais rápido

possível; o ideal é cumprir este objetivo em no máximo 15 minutos após iniciado o fogo.

Localizar o fogo com precisão suficiente para permitir à equipe do combate chegar ao

local pelo acesso mais curto, no menor intervalo de tempo possível.

Combate

Equipes treinadas, equipamentos adequados, mobilização rápida, plano de ataque já

estabelecido - é o necessário para proceder um combate eficiente.

Os equipamentos, incluindo as ferramentas manuais, devem ser de uso exclusivo no combate

aos incêndios florestais. O tipo e a quantidade de equipamentos para o combate a incêndios

depende de vários fatores, tais como: características locais, tipo de vegetação, tamanho da área,

número de equipes e disponibilidade financeira.

Registro das ocorrências

Com base nesses registros é que se pode obter informações sobre causas, épocas e locais de

ocorrência, tempo de mobilização, duração do combate, número de pessoas envolvidas,

equipamento utilizado, área queimada, vegetação atingida e outros fatores.

Prevenção e combate a incêndios florestais

PREVFOGO

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As queimadas e os incêndios florestais estão entre os principais problemas ambientais

enfrentados pelo Brasil. As emissões resultantes da queima de biomassa vegetal colocam o país

entre os principais responsáveis pelo aumento dos gases de efeito estufa do planeta. Além de

contribuir com o aquecimento global e as mudanças climáticas, as queimadas e incêndios

florestais poluem a atmosfera, causam prejuízos econômicos e sociais e aceleram os processos de

desertificação, desflorestamento e de perda da biodiversidade.

Este problema foi identificado na década de 80, quando as mídias nacionais e internacionais

tornaram públicos os dados alarmantes de focos de calor observados pelo Inpe. O fato

evidenciou a ausência de estrutura governamental organizada para implementar ações de

prevenção e combate aos incêndios florestais e exigiu do Governo uma resposta a este problema.

Considerando a importância da temática, o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos

Incêndios Florestais - Prevfogo foi criado em 1989 e tem atuado na promoção, apoio,

coordenação e execução de atividades educativas, pesquisa, monitoramento, controle de

queimadas, prevenção e combate aos incêndios florestais em todo território nacional.

Os incêndios ocorrem quando os combustíveis inflamáveis são expostos à materiais acesos.

A ocorrência de fogo, pode ser reduzida pela remoção da fonte de fogo ou pela remoção do

material que pode queimar. Quanto mais valiosa uma área ou produto florestal, maior é a

necessidade de eliminar o risco de incêndios.

O efetivo controle das fontes de risco, requer o conhecimento de como essas operam

localmente, quando e onde os incêndios ocorrem mais comumente. Estas informações estão

vinculadas a um registro individual da ocorrência de incêndios este registro é a principal fonte de

toda a estatística a respeito dos incêndios. Os dados mais frequêntes para programas de

prevenção são: As causas dos incêndios que ocorrem; a época e o local de ocorrência; e a

extensão da área queimada.

Causas

Não deve ser utilizada a classe desconhecida, pois induz a inclusão de outras classes de

incêndios nesta categoria. De uma região para outra ocorrem inúmeras alterações, havendo a

necessidade de observar as características de cada região para um planejamento. No Brasil, não

existem estatística de longo prazo, apenas resultados recentes como os obtidos por SOARES em

l983, onde os incendiários, queimas para limpeza e fogos para recreação são os casos com maior

porcentagem de ocorrência, respectivamente 33,88% , 32.24% e l2.57%. Porém, existem casos

rescritos como os da reflorestadora Sacramento-Resa de Minas Gerais, onde os raios em um

período de 6 anos representaram 14% dos incêndios ocorridos.

Locais de Ocorrência

A definição das áreas de maior ocorrência de incêndios florestais, dependem

prioritariamente de informações dos locais de onde ocorre os incêndios, estes dados podem ser

estaduais ou municipais. Recentemente a EMBRAPA, fornece pela INTERNET informações

sobre incêndios em estados ou regiões. As empresas florestais que possuem estatísticas de

ocorrência de incêndios dentro de suas áreas, podem definir claramente onde ocorrem a maior

incidência de incêndios e desta forma traçar planos de prevenção mais adequados.

Área de Ocorrência

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A distribuição dos incêndios através dos meses do ano é uma informação importante no

planejamento da prevenção, pois indica as épocas de maior ocorrência de fogo, que varia

significativamente de uma região para outra. Dependenddo principalmente do clima,

caracterizado pela frequência e distribuição das chuvas, e seu efeito sobre a vegetação. Por

exemplo na região de Telêmaco Borba onde está localizada a Klabin Florestal 80% dos

incêndios ocorrem nos meses de julho a dezembro.

Extensão da Área Queimada e Tipo de Vegetação Atingida

A extensão da área atingida por um incêndio é útil para uma avaliação da eficiência do

combate utilizado. O tipo de vegetação, possibilita identificar as espécies florestais ou tipos de

vegetação mais sucetíveis à ação do foco em determinada região.

Princípios e Métodos Usados na Prevenção de Incêndios

A prevenção é considerada a função mais importante do combate de incêndios, e para ser

efetiva precisa ser praticada constantemente. Seu objetivo é impedir a ocorrência de incêndios

que tem causa de natureza humana, e impedir a propagação de incêndios que não podem ser

evitados. Os instrumentos mais utilizados na prevenção são: Educação da população; aplicação

da legislação; eliminação ou redução das fontes de propagação do fogo.

Educação da população

Deve ser aplicada a todos os grupos de idade da população, tanto em zonas urbanas como

nas rurais. Sendo que para esse problema particular é necessário preparar o melhor método ou

combinação de métodos para a prevenção de incêndios. Para iniciar um programa para educação

da população, deve ser conhecida de forma detalhada as causas dos incêndios.

Os instrumentos para organizar uma campanha de educação pública são: impresa; rádio;

anúncios; filmes; cartilhas; contatos pessoais. Um detalhe importante é a concientização das

novas gerações, que futuramente irão influir nos fatores que originam incêndios. Esta

concientização de ser feita através de campanhas educacionais, devendo variar deacordo com a

região e os problemas que os incêndios representam em cada local. Outra oportunidade de

concientização são as festas comemorativas (semana da árvore, semana do meio ambiente, etc.),

exposições agropecuárias e outras para implementar as campanhas educativas de prevenção de

incêndios. Além disso, podem ser utilizadas placas de alerta com anúncios como: “O fogo apaga

a vida”, “Conserve a natureza”e outros, ao longo de estradas que cortam áreas florestais,

representando uma concientização permanente sobre os riscos dos incêndios florestais.

Outro método de prevenção é o contato pessoal, que pode ser feito com reuniões ou em contato

com os proprietários, vizinhos e confrontantes em áreas florestais, alertando a todos sobre os

prejuízos causados pelo fogo, sobre o risco de uma queima indesejada, e sobre as formas

utilizadas na prevenção de incêndios.

Aplicação da Legislação

Leis e regulamentos para as atividades relacionadas com uso do fogo na floresta, são

importantes medidas de prevenção, os regulamentos diferem basicamente das leis por serem

mais localizados, e tem como objetivo principal reduzir o risco de incêndios em determinadas

áreas.

Na regulamentação por exemplo as áreas florestais podem ser fechadas a visitação em épocas

críticas, a proibição ou restrição de fumar em épocas de grande perigo, a proibição da pesca

durante a estação de incêndios e outras medidas de caráter local ou regional que contribuam para

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a redução do risco de incêndios. O código florestal brasileiro tem 4 artigos que tratam

específicamente do fogo nas florestas são eles:

Artigo 11 - O emprego de produtos florestais ou Hulha como combustível obriga o uso de

dispositivo que impeça a difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios nas florestas e

demais formas de vegetação.

Artigo 25 - Quando os inêndios rurais não podem ser extintos com os recursos ordinários

compete não só ao funcionário florestal com a qualquer autra autoridade pública, requisitar os

meios materiais e convocar os homens em condições de prestar auxílio.

Artigo 26 - Contituem as contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de

prisão simples ou multa de um a cem vezes o salário mínimo mensal, ou ambas as penas

cumulativamente:

e) fazer fogo em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precauções

adequadas.

f) Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e

demais formas de vegetação.

l) Empregar, como combustíveis, produtos florestais ou hulha sem uso de dispositivos que

impeçam a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas.

Artigo 27 - É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.

Parágrafo único - Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em

práticas agropastorais ou florestais. A permissão será estabelecida em ato do poder público

circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução.

Eliminação ou Redução das Fontes de Propagação

As técnicas preventivas empregadas para evitar ou evitar a propagação de incêndios

baseiam-se principalmente no controle da quantidade, arranjo continuidade e inflamabilidade do

material combustível. As técnicas mais preconizadas são:

Construção e Manutenção de Aceiros

Podem ser naturais como estradas ou cursos d`água, ou especialmente construidas para

impedir a propagação dos incêndios, e para fornecer uma linha de controle estabelecida no caso

de ocorrer um incêndio. Um aceiro é uma faixa livre de vegetação, onde o solo mineral é

exposto. A largura dessa faixa depende do tipo de material combustível, da localização em

relação à configuração do terreno e das condições metereológicas esperadas na época de

ocorrência de incêndios. Porém alguns autores como SOARES recomendam que esta faixa não

deve ser inferior a 5 metros, podendo chegar a 50 m de largura em locais muito perigosos. Em

áreas florestais, existem aceiros principais mais largos, e secundários, mais estreitos. De maneira

geral os aceiros não são suficientes para deter incêndios, porém são extremamente úteis como

meio de acesso e pontos de apoio para o combater os focos de incêndios.

Deve ser lembrados que os aceiros só são eficientes quando existe uma manutenção, mantendo-

os limpos e trafegáveis principalmente durante a área de maior perigo de incêndios.

Redução do Material Combustivel

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A eliminação ou a redução desse material, é a forma mais eficiênte para se evitar a

propagação dos incêndios, existem diversas maneiras de reduzir a quantidade do material

combustível, tais como: meios químicos, biológicos e mecânicos, além disso também ; é

utilizada a queima controlada, que embora perigosa é de baixo custo, principalmente para reduzir

o material combustível no interior dos planaltos florestais. A queima da vegetação seca às

margens de estradas de rodagem ou de ferro, é também um meio eficiente de reduzir o material

combustível.

Cortinas de segurança

A implantação de vegetação com folhagem menos inflamável, é uma prática eficiênte para

reduzir a propagação do fogo, pois dificulta o asceso do fogo às copas, facilitando o combate.

Locais de captação D’água

O reflorestamento de pequenos cursos d`água formando pequenos açudes, é de

fundamental importância para obtenção de água no caso de combate a incêndios, recomenda-se a

implantação de tomada d`água a cada 5 km para assegurar uma eficiência razoável dos

caminhões bombeiros no controle de incêndios. Além disso, esses locais de captação podem ser

utilizados em outras atividades como: melhorar o microclima, recreação e psicultura, auxilio ao

plantio e a aplicação de defensivos, entre outros.

Planos de Prevenção

A fim de organizar os trabalhos de prevenção são elaborados os planos de prevenção.

Nestes planos são detalhados de formas simples e objetiva, as atividades que serão desenvolvidas

numa determinada área para prevenir incêndios florestais.

O Plano de prevenção, engloba as seguintes etapas:

1 - Obtenção de informações sobre as ocorrências de fogo, e aspectos legais da área como:

locais de maior ocorrência, período de maior ocorrência de incêndios durante o ano, tipo de

cobertura vegetal vegetal da área, etc.

2 - Determinar as causas mais frequêntes dos incêndios e concetrar nestes esforços de

prevenção. As causas variam deacordo com a região, sendo agrupados em 8 grupos, raios,

incendiários, queimas para limpeza, fogos de recreação, operações florestais, fumantes, estradas

de ferro e diversos.

3 - Decidir quais as técnicas e medidas preventivas serão adotadas, quem irá executá-las e

quando serão executadas. No plano deverá ficar estabelecido, qual será a melhor forma, por

exemplo de adequar a população de uma determinada região. Assim como a pessoa e a equipe

responsável pela atividade prevista, com um cronograma indicando o início e o término de cada

atividade planejada.

4 - Obter informações sobre todas as operações desencadeadas pelo plano de prevenção, a

fim de auxiliá-lo, corrigí-lo e e dar novas condições quando for necessário.

Legislação aplicada ao uso do fogo

1 - LEI Nº. 4.771- DE 15 DE SETEMBRO DE 1965

Art. 27 - É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.

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Páragrafo único- Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em

práticas agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em ato do Poder Público,

circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução.

2 - LEI Nº. - 6.938 - DE 31 DE AGOSTO DE 1981

DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e

recuperação da qualidade ambiental propicia a vida, visando assegurar, no País, condições ao

desenvolvimento sócio - econômico, aos interesses da Segurança nacional e à proteção da

dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente

como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso

coletivo;

Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal. Estadual e

municipal, o não cumprimento das medidas necessárias a preservação ou correção dos

inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os

transgressores:

I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no

máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional ORTNs, agravada em

casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada sua cobrança pela

União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios;

II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;

III - à perda ou suspensão de participação, em linhas de financiamento em estabelecimentos

oficiais de crédito;

IV - à suspensão de sua atividade.

Art. 15 - O poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal ou

estiver tornando mais grave situação de perigo existente, fica sujeito a pena de reclusão de 1

(um) a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR.

3 - Código Penal Brasileiro dos Crimes Contra a Incolumidade Pública

Capítulo I: Dos Crimes de Perigo Comum Incêndio

Art. 250: Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de

outrem.

Pena: reclusão de três a seis anos, e multa

Aumento da pena

§1º - As penas aumentam de um terço:

a) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

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Incêndio culposo

§ 2º - Se culposo o incêndio, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos.

4 - LEI Nº. 9.605, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1998.

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo Único - Se o crime é culposo, a pena de detenção de seis meses a um ano, e

multa.

Art. 43. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas

florestas e demais normas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento

humano.

Pena - detenção de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

5 - DECRETO Nº 2.661, DE 8 DE JULHO DE 1998

Regulamenta o parágrafo único do art. 27 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,

Código Florestal, mediante o estabelecimento de normas de precaução relativas ao emprego do

fogo em práticas agropastoris e florestais, e dá outras providências.

6 - Portaria nº 94 - N de 09 de julho de 1998

Art 1º Fica instituída a queima controlada, como fator de produção e manejo em áreas de

atividades agrícolas, pastoris ou florestais, assim como com finalidade de pesquisa científica e

tecnológica, a ser executada em áreas com limites físicos preestabelecidos.

Art 5º - Fica instituída a queima solidária, realizada como fator de produção em regime de

agricultura familiar, em atividades agrícolas, pastoris ou florestais.

Parágrafo único: Para os efeitos desta Portaria, entende-se por queima solidária aquela

realizada pelos produtores sob a forma de mutirão, ou de outra modalidade de intenção, em área

de diversas propriedades.

Conceitos básicos de: cartografia, sistemas de informação geográfica, sensoriamento

remoto, imageamento e interpretação de mapas

Conceitos básicos de cartografia

Mesmo considerando todos os avanços científicos e tecnológicos produzidos pelo homem

através dos tempos, é possível, nos dias de hoje, entender a condição de perplexidade de nossos

ancestrais, no começo dos dias, diante da complexidade do mundo a sua volta. Podemos também

intuir de que maneira surgiu no homem a necessidade de conhecer o mundo que ele habitava.

O simples deslocamento de um ponto a outro na superfície de nosso planeta, já justifica a

necessidade de se visualizar de alguma forma as características físicas do "mundo". É fácil

imaginarmos alguns dos questionamentos que surgiram nas mentes de nossos ancestrais, por

exemplo: como orientar nossos deslocamentos? Qual a forma do planeta? Etc.

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O conceito de Cartografia tem suas origens intimamente ligadas às inquietações que sempre

se manifestaram no ser humano, no tocante a conhecer o mundo que ele habita.

O vocábulo CARTOGRAFIA, etimologicamente - descrição de cartas, foi introduzido em

1839, pelo segundo Visconde de Santarém - Manoel Francisco de Barros e Souza de Mesquita de

Macedo Leitão, (1791 - 1856). A despeito de seu significado etimológico, a sua concepção

inicial continha a idéia do traçado de mapas. No primeiro estágio da evolução o vocábulo passou

a significar a arte do traçado de mapas, para em seguida, conter a ciência, a técnica e a arte de

representar a superfície terrestre.

Em 1949 a Organização das Nações Unidas já reconhecia a importância da Cartografia

através da seguinte assertiva, lavrada em Atas e Anais:

"CARTOGRAFIA - no sentido lato da palavra não é apenas uma das ferramentas básicas

do desenvolvimento econômico, mas é a primeira ferramenta a ser usada antes que outras

ferramentas possam ser postas em trabalho”.(1)

(1) ONU, Department of Social Affair. MODERN CARTOGRAPHY - BASE MAPS FOR

WORLDS NEEDS. Lake Success.

O conceito da Cartografia, hoje aceita sem maiores contestações, foi estabelecido em 1966

pela Associação Cartográfica Internacional (ACI), e posteriormente, ratificado pela UNESCO,

no mesmo ano: "A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações

científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou

da análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas

de expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e

socioeconômicos, bem como a sua utilização”.

O processo cartográfico, partindo da coleta de dados, envolve estudo, análise, composição e

representação de observações, de fatos, fenômenos e dados pertinentes a diversos campos

científicos associados à superfície terrestre.

FORMA DA TERRA

A forma de nosso planeta (formato e suas dimensões) é um tema que vem sendo pesquisado

ao longo dos anos em várias partes do mundo. Muitas foram às interpretações e conceitos

desenvolvidos para definir qual seria a forma da Terra. Pitágoras em 528 a.C. introduziu o

conceito de forma esférica para o planeta, e a partir daí sucessivas teorias foram desenvolvidas

até alcançarmos o conceito que é hoje bem aceito no meio científico internacional.

A superfície terrestre sofre freqüentes alterações devido à natureza (movimentos tectônicos,

condições climáticas, erosão, etc.) e à ação do homem, portanto, não serve para definir forma

sistemática da Terra.

A fim de simplificar o cálculo de coordenadas da superfície terrestre foram adotadas

algumas superfícies matemáticas simples. Uma primeira aproximação é a esfera achatada nos

pólos.

Segundo o conceito introduzido pelo matemático alemão CARL FRIEDRICH GAUSS

(1777-1855), a forma do planeta, é o GEÓIDE (Figura 1.2) que corresponde à superfície do nível

médio do mar homogêneo (ausência de correntezas, ventos, variação de densidade da água, etc.)

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supostamente prolongado por sob continentes. Essa superfície se deve, principalmente, às forças

de atração (gravidade) e força centrífuga (rotação da Terra).

Os diferentes materiais que compõem a superfície terrestre possuem diferentes densidades,

fazendo com que a força gravitacional atue com maior ou menor intensidade em locais

diferentes.

As águas do oceano procuram uma situação de equilíbrio, ajustando-se às forças que atuam

sobre elas, inclusive no seu suposto prolongamento. A interação (compensação gravitacional) de

forças buscando equilíbrio faz com que o geóide tenha o mesmo potencial gravimétrico em todos

os pontos de sua superfície.

É preciso buscar um modelo mais simples para representar o nosso planeta. Para contornar o

problema que acabamos de abordar lançou-se mão de uma Figura geométrica chamada ELIPSE

que ao girar em torno do seu eixo menor forma um volume, o ELIPSÓIDE DE REVOLUÇÃO,

achatado nos pólos (Figura 1.1). Assim, o elipsóide é a superfície de referência utilizada nos

cálculos que fornecem subsídios para a elaboração de uma representação cartográfica.

Muitos foram os intentos realizados para calcular as dimensões do elipsóide de revolução que

mais se aproxima da forma real da Terra, e muitos foram os resultados obtidos. Em geral, cada

país ou grupo de países adotou um elipsóide como referência para os trabalhos geodésicos e

topográficos, que mais se aproximasse do geóide na região considerada.

A forma e tamanho de um elipsóide, bem como sua posição relativa ao geóide define um

sistema geodésico (também designado por datum geodésico). No caso brasileiro adota-se o

Sistema Geodésico Sul Americano - SAD 69, com as seguintes características:

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- Elipsóide de referência - UGGI 67 (isto é, o recomendado pela União Geodésica e Geofísica

Internacional em 1967) definido por:

-semi-eixo maior - a:6.378.160m

- achatamento - f: 1/298,25

- Origem das coordenadas (ou Datum planimétrico):

- estação: Vértice Chuá (MG)

- altura geoidal : 0 m

- coordenadas: Latitude: 19º 45º 41,6527‟‟ S

Longitude: 48º 06‟ 04,0639" W

- azimute geodésico para o Vértice Uberaba : 271º 30‟ 04,05"

O Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é constituído por cerca de 70.000 estações implantadas

pelo IBGE em todo o Território Brasileiro, divididas em três redes:

- Planimétrica: latitude e longitude de alta precisão

- Altimétrica: altitudes de alta precisão

- Gravimétrica: valores precisos de aceleração da gravidade.

Para origem das altitudes (ou Datum altimétrico ou Datum vertical) foram adotados:

Porto de Santana - correspondente ao nível médio determinado por um marégrafo

instalado no Porto de Santana (AP) para referenciar a rede altimétrica do Estado do Amapá que

ainda não está conectada ao restante do País.

Imbituba - idem para a estação maregráfica do porto de Imbituba (SC), utilizada como

origem para toda rede altimétrica nacional à exceção do estado Amapá.

LEVANTAMENTOS

Compreende-se por levantamento o conjunto de operações destinado à execução de medições

para a determinação da forma e dimensões do planeta.

Dentre os diversos levantamentos necessários à descrição da superfície terrestre em suas

múltiplas características, podemos destacar:

LEVANTAMENTOS GEODÉSICOS

GEODÉSIA - "Ciência aplicada que estuda a forma, as dimensões e o campo de gravidade

da Terra".

FINALIDADES - Embora a finalidade primordial da Geodésia seja cientifica, ela é

empregada como estrutura básica do mapeamento e trabalhos topográficos, constituindo estes

fins práticos razão de seu desenvolvimento e realização, na maioria dos países.

Os levantamentos geodésicos compreendem o conjunto de atividades dirigidas para as

medições e observações que se destinam à determinação da forma e dimensões do nosso planeta

(geóide e elipsóide). É a base para o estabelecimento do referencial físico e geométrico

necessário ao posicionamento dos elementos que compõem a paisagem territorial.

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Os levantamentos geodésicos classificam-se em três grandes grupos:

a) Levantamentos Geodésicos de Alta Precisão (Âmbito Nacional)

- Científico: Dirigido ao atendimento de programas internacionais de cunho científico e a

Sistemas Geodésicos Nacionais.

- Fundamental (1ª Ordem): Pontos básicos para amarração e controle de trabalhos geodésicos e

cartográficos, desenvolvido segundo especificações internacionais, constituindo o sistema único

de referência.

b) Levantamentos Geodésicos de Precisão (Âmbito Nacional)

- Para áreas mais desenvolvidas (2ª ordem): Insere-se diretamente no grau de

desenvolvimento socioeconômico regional. É uma densificação dos Sistemas Geodésicos

Nacionais a partir da decomposição de Figura s de 1ª ordem.

- Para áreas menos desenvolvidas (3ª ordem): Dirigido às áreas remotas ou aquelas em que

não se justifiquem investimentos imediatos.

c) Levantamentos Geodésicos para fins Topográficos (Local)

Têm características locais. Dirige-se ao atendimento dos levantamentos no horizonte

topográfico. Têm a finalidade de fornecer o apoio básico indispensável às operações topográficas

de levantamento, para fins de mapeamento com base em fotogrametria.

Os levantamentos irão permitir o controle horizontal e vertical através da determinação de

coordenadas geodésicas e altimétricas.

MÉTODOS DE LEVANTAMENTOS

LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO

Dentre os levantamentos planimétricos clássicos, merecem destaque:

- Triangulação: Obtenção de Figuras geométricas a partir de triângulos formados através da

medição dos ângulos subtendidos por cada vértice. Os pontos de triangulação são denominados

vértices de triangulação (VVTT). É o mais antigo e utilizado processo de levantamento

planimétrico.

- Trilateração: Método semelhante à triangulação e, como aquele, baseia-se em propriedades

geométricas a partir de triângulos superpostos, sendo que o levantamento será efetuado através

da medição dos lados.

- Poligonação: É um encadeamento de distâncias e ângulos medidos entre pontos adjacentes

formando linhas poligonais ou polígonos. Partindo de uma linha formada por dois pontos

conhecidos, determinam-se novos pontos, até chegar a uma linha de pontos conhecidos.

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LEVANTAMENTO ALTIMÉTRICO

Desenvolveu-se na forma de circuitos, servindo por ramais às cidades, vilas e povoados às

margens das mesmas e distantes até 20 km. Os demais levantamentos estarão referenciados ao de

alta precisão.

- Nivelamento Geométrico: É o método usado nos levantamentos altimétricos de alta precisão

que se desenvolvem ao longo de rodovias e ferrovias. No SGB, os pontos cujas altitudes foram

determinadas a partir de nivelamento geométrico são denominados referências de nível (RRNN).

- Nivelamento Trigonométrico: Baseia-se em relações trigonométricas. É menos preciso que o

geométrico, fornece apoio altimétrico para os trabalhos topográficos.

- Nivelamento Barométrico: Baseia-se na relação inversamente proporcional entre pressão

atmosférica e altitude. É o de mais baixa precisão, usado em regiões onde é impossível utilizar-se

os métodos acima ou quando se queira maior rapidez.

LEVANTAMENTO GRAVIMÉTRICO

A gravimetria tem por finalidade o estudo do campo gravitacional terrestre, possibilitando,

a partir dos seus resultados, aplicações na área da Geociência como, por exemplo, a

determinação da Figura e dimensões da Terra, a investigação da crosta terrestre e a prospecção

de recursos minerais.

As especificações e normas gerais abordam as técnicas de medições gravimétricas

vinculadas às determinações relativas com uso de gravímetros estáticos.

À semelhança dos levantamentos planimétricos e altimétricos, os gravimétricos são

desdobrados em: Alta precisão, precisão e para fins de detalhamento.

Matematicamente, esses levantamentos são bastante similares ao nivelamento geométrico,

medindo-se diferenças de aceleração da gravidade entre pontos sucessivos.

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LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS

São operações através das quais se realizam medições, com a finalidade de se determinar à

posição relativa de pontos da superfície da Terra no horizonte topográfico (correspondente a um

círculo de raio 10 km).

Figura 1.3 - Maior parte da rede nacional de triangulação executada pelo IBGE

Figura 1.4 - Rede de nivelamento geodésico executado pelo IBGE

POSICIONAMENTO TRIDIMENSIONAL POR GPS

Na coleta de dados de campo, as técnicas geodésicas e topográficas para determinações de

ângulos e distâncias utilizadas para a obtenção de coordenadas bi e/ou tridimensionais sobre a

superfície terrestre, através de instrumentos ópticos e mecânicos tornaram-se obsoletos, sendo

mais utilizada na locação de obras de engenharia civil e de instalações industriais.

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Posteriormente, sistemas eletrônicos de determinações de distâncias por mira "laser" ou

infravermelhas determinaram uma grande evolução.

A geodésia por satélites baseados em Radar (NNSS), em freqüência de rádio muito altas

(bandas de microondas) foi desenvolvido pela Marinha dos Estados Unidos com a finalidade

básica da navegação e posicionamento das belonaves americanas sobre superfície, em meados

dos anos 60. Surgiu através de pesquisas sobre distanciômetros durante a 2ª Grande Guerra e foi

amplamente utilizado até o início de 1993.

Atualmente, o Sistema de Posicionamento Global (GPS) com a constelação NAVSTAR

("Navigation System With Timing And Ranging"), totalmente completa e operacional, ocupa o

primeiro lugar entre os sistemas e métodos utilizados pela topografia, geodésia,

aerofotogrametria, navegação aérea e marítima e quase todas as aplicações em geoprocessamento

que envolvam dados de campo.

O GPS

Em 1978 foi iniciado o rastreamento dos primeiros satélites NAVSTAR, dando origem ao

GPS como é hoje conhecido. No entanto, somente na segunda metade da década de 80 é que o

GPS se tornou popular, depois que o Sistema foi aberto para uso civil e de outros países, já que o

projeto foi desenvolvido para aplicações militares, e também em conseqüência do avanço

tecnológico no campo da microinformática, permitindo aos fabricantes de rastreadores produzir

receptores GPS que processassem no próprio receptor os códigos de sinais recebidos do

rastreador.

Referência

O sistema geodésico adotado para referência é o World Geodetic System de 1984 (WGS-

84). Isto acarreta que os resultados dos posicionamentos realizados com o GPS referem-se a esse

sistema geodésico, devendo ser transformados para o sistema SAD-69, adotado no Brasil, através

de metodologia própria. Ressalta-se que o GPS fornece resultados de altitude elipsoidal,

tornando obrigatório o emprego do Mapa Geoidal do Brasil, produzido pelo IBGE, para a

obtenção de altitudes referenciadas ao geóide (nível médio dos mares).

O Sistema GPS subdivide-se em três segmentos: espacial, de controle e do usuário.

Segmento Espacial (A Constelação GPS)

O segmento espacial do GPS prevê cobertura mundial de tal forma que em qualquer parte do

globo, incluindo os pólos, existam pelo menos 4 (quatro) satélites visíveis em relação ao

horizonte, 24 horas ao dia. Em algumas regiões da Terra é possível a obtenção de 8 (oito) ou

mais satélites visíveis ao mesmo tempo.

A constelação de satélites GPS é composta por 24 satélites ativos que circulam a Terra em

órbitas elípticas (quase circulares). A vida útil esperada de cada satélite é de cerca de 6 anos, mas

existem satélites em órbita com mais de 10 anos e ainda em perfeito funcionamento.

Segmento de Controle (Sistemas de Controle)

Compreende o Sistema de Controle Operacional, o qual consiste de uma estação de controle

mestra, estações de monitoramento mundial e estações de controle de campo.

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Estação mestra: Localiza-se na base FALCON da USAF em Colorado Springs -

Colorado. Esta estação, além de monitorar os satélites que passam pelos EUA, reúne os dados

das estações de monitoramento e de campo, processando-os e gerando os dados que efetivamente

serão transmitidos aos satélites.

Estações de monitoramento: Rastreiam continuamente todos os satélites da constelação

NAVSTAR, calculando suas posições a cada 1,5 segundo. Através de dados meteorológicos,

modelam os erros de refração e calculam suas correções, transmitidas aos satélites e através

destes, para os receptores de todo o mundo.

Existem quatro estações, além da mestra:

- Hawai;

- Ilha de Assención, no Atlântico sul;

- Diego Garcia, no Oceano Índico;

- Kwajalein, no Pacífico.

Estações de campo: Estas estações são formadas por uma rede de antenas de rastreamento

dos satélites NAVSTAR. Tem a finalidade de ajustar os tempos de passagem dos satélites,

sincronizando-os com o tempo da estação mestra.

Segmento do Usuário

O segmento dos usuários está associado às aplicações do sistema. Refere-se a tudo que se

relaciona com a comunidade usuária, os diversos tipos de receptores e os métodos de

posicionamento por eles utilizados.

Métodos de Posicionamento

Absoluto (Ponto isolado): Este método fornece uma precisão de 100 metros.

Diferencial: As posições absolutas, obtidas com um receptor móvel, são corrigidas por um

outro receptor fixo, estacionado num ponto de coordenadas conhecidas. Esses receptores

comunicam-se através de link de rádio. Precisão de 1 a 10 metros.

Relativo: É o mais preciso. Utilizado para aplicações geodésicas de precisão. Dependendo

da técnica utilizada (estático, cinemático ou dinâmico), é possível obter-se uma precisão de até 1

ppm.

Para aplicações científicas, por exemplo, o estabelecimento da Rede Brasileira de

Monitoramento Contínuo - RBMC, essa precisão é de 0,1 ppm.

AEROLEVANTAMENTOS

Baseados na utilização de equipamentos aero ou espacialmente transportados (câmaras

fotográficas e métricas, sensores), presta-se à descrição geométrica da superfície topográfica, em

relação a uma determinada superfície de referência.

A legislação brasileira amplia o campo das atividades de aerolevantamento à interpretação

ou tradução, sob qualquer forma, dos dados e observações efetuadas.

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Aerolevantamento é definido como sendo o conjunto de operações aéreas e/ou espaciais de

medição, computação e registro de dados do terreno, com o emprego de sensores e/ou

equipamentos adequados, bem como a interpretação dos dados levantados ou sua tradução sob

qualquer forma.

O aerolevantamento engloba as atividades de aerofotogrametria, aerogeofísica e

sensoriamento remoto, constituindo-se das fases e operações seguintes:

1ª fase: Aquisição dos dados, constituída de operações de cobertura aérea e/ou espacial.

2ª fase: Operação relativa à interpretação ou tradução dos dados obtidos em operação aérea e/ou

espacial.

Operações:

a) Processamento fotográfico de filme aéreo ou espacial e respectiva obtenção de diafilme,

diapositivo, fotografia, fotoíndice e mosaico não controlado.

b) Confecção de mosaico controlado e fotocarta.

c) Confecção de ortofotografia, ortofotomosaico e ortofotocarta.

d) Interpretação e tradução cartográfica, mediante restituição estereofotogramétrica ou de

imagem obtida com outro sensor remoto.

e) Processamento digital de imagem.

f) Preparo para impressão de original de restituição estereofotogramétrica ou elaborado a partir

de imagem obtida com outro sensor remoto.

g) Reprodução e impressão de cartas e mapas.

REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA

TIPOS DE REPRESENTAÇÃO

POR TRAÇO

GLOBO - representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em escala pequena, dos

aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa.

MAPA (Características):

- representação plana;

- geralmente em escala pequena;

- área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas, etc.), político-

administrativos;

- destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos.

A partir dessas características pode-se generalizar o conceito:

“Mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos

geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma

Figura planetária, delimitada por elementos físicos, político-administrativos, destinada aos

mais variados usos, temáticos, culturais e ilustrativos”.

CARTA (Características):

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- representação plana;

- escala média ou grande;

- desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática;

- limites das folhas constituídos por linhas convencionais, destinada à avaliação precisa de

direções, distâncias e localização de pontos, áreas e detalhes.

Da mesma forma que da conceituação de mapa, pode-se generalizar:

“Carta é a representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos

artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em

folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelos e meridianos - com a finalidade de

possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão compatível com a escala”.

PLANTA - a planta é um caso particular de carta. A representação se restringe a uma área muito

limitada e a escala é grande, conseqüentemente o nº de detalhes é bem maior.

"Carta que representa uma área de extensão suficientemente restrita para que a sua

curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em conseqüência, a escala possa

ser considerada constante”.

POR IMAGEM

MOSAICO - é o conjunto de fotos de uma determinada área, recortadas e montadas,

técnica e artisticamente, de forma a dar a impressão de que todo o conjunto é uma única

fotografia. Classifica-se em:

- controlado - é obtido a partir de fotografias aéreas submetidas a processos específicos de

correção de tal forma que a imagem resultante corresponda exatamente à imagem no instante da

tomada da foto. Essas fotos são então montadas sobre uma prancha, onde se encontram plotados

um conjunto de pontos que servirão de controle à precisão do mosaico. Os pontos lançados na

prancha têm que ter o correspondente na imagem. Esse mosaico é de alta precisão.

- não-controlado - é preparado simplesmente através do ajuste de detalhes de fotografias

adjacentes. Não existe controle de terreno e as fotografias não são corrigidas. Esse tipo de

mosaico é de montagem rápida, mas não possui nenhuma precisão. Para alguns tipos de trabalho

ele satisfaz plenamente.

- semicontrolado - são montados combinando-se características do mosaico controlado e do

não controlado. Por exemplo, usando-se controle do terreno com fotos não corrigidas; ou fotos

corrigidas, mas sem pontos de controle.

FOTOCARTA - é um mosaico controlado, sobre o qual é realizado um tratamento

cartográfico (planimétrico).

ORTOFOTOCARTA - é uma ortofotografia - fotografia resultante da transformação de

uma foto original, que é uma perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre

um plano - complementada por símbolos, linhas e georreferenciada, com ou sem legenda,

podendo conter informações planimétricas.

ORTOFOTOMAPA - é o conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada

região.

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FOTOÍNDICE - montagem por superposição das fotografias, geralmente em escala

reduzida. É a primeira imagem cartográfica da região. O fotoíndice é insumo necessário para

controle de qualidade de aerolevantamentos utilizados na produção de cartas através do método

fotogramétrico. Normalmente a escala do fotoíndice é reduzida de 3 a 4 vezes em relação à

escala de vôo.

CARTA IMAGEM - Imagem referenciada a partir de pontos identificáveis e com

coordenadas conhecidas, superposta por reticulado da projeção, podendo conter simbologia e

toponímia.

ESCALA

Uma carta ou mapa é a representação convencional ou digital da configuração da superfície

topográfica.

Esta representação consiste em projetarmos esta superfície, com os detalhes nela existentes,

sobre um plano horizontal ou em arquivos digitais.

Os detalhes representados podem ser:

- Naturais: São os elementos existentes na natureza como os rios, mares, lagos, montanhas,

serras, etc.

- Artificiais: São os elementos criados pelo homem como: represas, estradas, pontes,

edificações, etc.

Uma carta ou mapa, dependendo dos seus objetivos, só estará completo se trouxer esses

elementos devidamente representados.

Esta representação gera dois problemas:

1º) A necessidade de reduzir as proporções dos acidentes a representar, a fim de tornar

possível a representação dos mesmos em um espaço limitado.

Essa proporção é chamada de ESCALA

2º) Determinados acidentes, dependendo da escala, não permitem uma redução acentuada,

pois tornar-se-iam imperceptíveis, no entanto são acidentes que por usa importância devem ser

representados nos documentos cartográficos.

A solução é a utilização de símbolos cartográficos.

DEFINIÇÃO

Escala é a relação entre a medida de um objeto ou lugar representado no papel e sua medida

real.

Duas figuras semelhantes têm ângulos iguais dois a dois e lados homólogos proporcionais.

Verifica-se, portanto, que será sempre possível, através do desenho geométrico obter-se

figuras semelhantes às do terreno.

Sejam:

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D = um comprimento tomado no terreno, que denominar-se-á distância real natural.

d = um comprimento homólogo no desenho, denominado distância prática.

Como as linhas do terreno e as do desenho são homólogas, o desenho que representa o

terreno é uma Figura semelhante à dele, logo, a razão ou relação de semelhança é a seguinte; d/D

A esta relação denomina-se ESCALA.

Escala é definida como a relação existente entre as dimensões das linhas de um

desenho e as suas homólogas.

A relação d/D pode ser maior, igual ou menor que a unidade, dando lugar à classificação das

escalas quanto a sua natureza, em três categorias:

- Na 1ª, ter-se-á d > D.

- Na 2ª, ter-se-á d = D.

- Na 3ª categoria, que é a usada em Cartografia, à distância gráfica é menor que a real, ou seja, d

< D.

É a escala de projeção menor, empregada para reduções, em que as dimensões no desenho

são menores que as naturais ou do modelo.

ESCALA NUMÉRICA

Indica a relação entre os comprimentos de uma linha na carta e o correspondente

comprimento no terreno, em forma de fração com a unidade para numerador.

E = 1_ onde N = D_

N d

Logo, E = 1_

D_

d

Sendo:

E = escala

N = denominador da escala

d = distância medida na carta

D = distância real (no terreno)

As escalas mais comuns têm para numerador a unidade e para denominador, um múltiplo de 10.

E = 1__

10 X

E = d_

D

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Ex: E = 1___ ou E = 1:25.000

25.000

Isto significa que 1cm na carta corresponde a 25.000 cm ou 250 m, no terreno.

OBS: Uma escala é tanto maior quanto menor for o denominador.

Ex: 1:50.000 é maior que 1:100.000

PRECISÃO GRÁFICA

É a menor grandeza medida no terreno, capaz de ser representada em desenho na mencionada

Escala.

A experiência demonstrou que o menor comprimento gráfico que se pode representar em um

desenho é de 1/5 de milímetro ou 0,2 mm, sendo este o erro admissível.

Fixado esse limite prático, pode-se determinar o erro tolerável nas medições cujo desenho

deve ser feito em determinada escala. O erro de medição permitido será calculado da seguinte

forma:

Logo, E = 1_

M

Sendo em = erro tolerável em metros.

O erro tolerável, portanto, varia na razão direta do denominador da escala e inversa da

escala, ou seja, quanto menor for a escala, maior será o erro admissível.

Os acidentes cujas dimensões forem menores que os valores dos erros de tolerância, não

serão representados graficamente. Em muitos casos é necessário utilizar-se convenções

cartográficas, cujos símbolos irão ocupar no desenho, dimensões independentes da escala.

ESCOLHA DE ESCALAS

Da fórmula

tira- se:

Considerando uma região da superfície da Terra que se queira mapear e que possua muitos

acidentes de 10m de extensão, a menor escala que se deve adotar para que esses acidentes

tenham representação será:

M = 10m _ = _100.000_ = 50.000

em = 0,0002 metro x M

M = em _

0,0002

em = 0,0002 m x M

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0,0002m 2

A escala adotada deverá ser igual ou maior que l:50.000

Na escala 1:50.000, o erro prático (0,2 mm ou 1/5 mm) corresponde a 10 m no terreno.

Verifica-se então que multiplicando 10 x 5.000 encontrar-se-á 50.000, ou seja, o denominador da

escala mínima para que os acidentes com 10m de extensão possam ser representadas.

ESCALA GRÁFICA

É a representação gráfica de várias distâncias do terreno sobre uma linha reta graduada.

É constituída de um segmento à direita da referência zero, conhecida como escala primária.

Consiste também de um segmento à esquerda da origem denominada de Talão ou escala de

fracionamento, que é dividida em sub-múltiplos da unidade escolhida graduadas da direita para a

esquerda.

A Escala Gráfica nos permite realizar as transformações de dimensões gráficas em

dimensões reais sem efetuarmos cálculos. Para sua construção, entretanto, torna-se necessário o

emprego da escala numérica.

O seu emprego consiste nas seguintes operações:

1º) Tomamos na carta à distância que pretendemos medir (pode-se usar um compasso).

2º) Transportamos essa distância para a Escala Gráfica.

3º) Lemos o resultado obtido.

MUDANÇAS DE ESCALA

Muitas vezes, durante o transcorrer de alguns trabalhos cartográficos, faz-se necessário unir

cartas ou mapas em escalas diferentes a fim de compatibiliza-los em um único produto. Para isso

é necessário reduzir alguns e ampliar outros.

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Para transformação de escala existem alguns métodos:

- Quadriculado

- Triângulos semelhantes

- Pantógrafo: Paralelogramo articulado tendo em um dos pólos uma ponta seca e no outro

um lápis, o qual vai traçar a redução ou ampliação do detalhe que percorremos com a ponta seca.

- Fotocartográfico: Através de uma câmara fotogramétrica de precisão, na qual podemos

efetuar regulagens que permitem uma redução ou ampliação em proporções rigorosas. Tem

como vantagem à precisão e rapidez.

- Digital: por ampliação ou redução em meio digital diretamente.

Como em cartografia trabalha-se com a maior precisão possível, só os métodos

fotocartográfico e digital devem ser utilizados, ressaltando que a ampliação é muito mais

susceptível de erro do que a redução, no entanto reduções grandes poderão gerar a fusão de

linhas e demais componentes de uma carta (coalescência) que deverão ser retiradas.

ESCALA DE ÁREA

A escala numérica refere-se a medidas lineares. Ela indica quantas vezes foi ampliada ou

reduzida uma distância.

Quando nos referimos à superfície usamos a escala de área, podendo indicar quantas vezes

foi ampliada ou reduzida uma área.

Enquanto à distância em uma redução linear é indicada pelo denominador da fração, a área

ficará reduzida por um número de vezes igual ao quadrado do denominador dessa fração.

PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

A confecção de uma carta exige, antes de tudo, o estabelecimento de um método, segundo o

qual, a cada ponto da superfície da Terra corresponda um ponto da carta e vice-versa.

Diversos métodos podem ser empregados para se obter essa correspondência de pontos,

constituindo os chamados "sistemas de projeções".

A teoria das projeções compreende o estudo dos diferentes sistemas em uso, incluindo a

exposição das leis segundo as quais se obtêm as interligações dos pontos de uma superfície

(Terra) com os da outra (carta).

São estudados também os processos de construção de cada tipo de projeção e sua seleção, de

acordo com a finalidade em vista.

O problema básico das projeções cartográficas é a representação de uma superfície curva em

um plano. Em termos práticos, o problema consiste em se representar a Terra em um plano.

Como vimos, a forma de nosso planeta é representada, para fins de mapeamento, por um

elipsóide (ou por uma esfera, conforme seja a aplicação desejada) que é considerada a superfície

de referência a qual estão relacionados todos os elementos que desejamos representar (elementos

obtidos através de determinados tipos de levantamentos).

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Podemos ainda dizer que não existe nenhuma solução perfeita para o problema, e isto pode

ser rapidamente compreendido se tentarmos fazer coincidir a casca de uma laranja com a

superfície plana de uma mesa. Para alcançar um contato total entre as duas superfícies, a casca de

laranja teria que ser distorcida. Embora esta seja uma simplificação grosseira do problema das

projeções cartográficas, ela expressa claramente a impossibilidade de uma solução perfeita

(projeção livre de deformações). Poderíamos então, questionar a validade deste modelo de

representação já que seria possível construir representações tridimensionais do elipsóide ou da

esfera, como é o caso do globo escolar, ou ainda expressá-lo matematicamente, como fazem os

geodesistas. Em termos teóricos esta argumentação é perfeitamente válida e o desejo de se obter

uma representação sobre uma superfície plana é de mera conveniência. Existem algumas razões

que justificam esta postura, e as mais diretas são: o mapa plano é mais fácil de ser produzido e

manuseado.

Podemos dizer que todas as representações de superfícies curvas em um plano envolvem:

"extensões" ou "contrações" que resultam em distorções ou "rasgos". Diferentes técnicas de

representação são aplicadas no sentido de se alcançar resultados que possuam certas

propriedades favoráveis para um propósito específico.

A construção de um sistema de projeção será escolhido de maneira que a carta venha a

possuir propriedades que satisfaçam as finalidades impostas pela sua utilização.

O ideal seria construir uma carta que reunisse todas as propriedades, representando uma

superfície rigorosamente semelhante à superfície da Terra. Esta carta deveria possuir as seguintes

propriedades:

1- Manutenção da verdadeira forma das áreas a serem representadas (conformidade).

2- Inalterabilidade das áreas (equivalência).

3- Constância das relações entre as distâncias dos pontos representados e as distâncias dos

seus correspondentes (eqüidistância).

Essas propriedades seriam facilmente conseguidas se a superfície da Terra fosse plana ou

uma superfície desenvolvível. Como tal não ocorre, torna-se impossível à construção da carta

ideal, isto é, da carta que reunisse todas as condições desejadas.

A solução será, portanto, construir uma carta que, sem possuir todas as condições ideais,

possua aquelas que satisfaçam a determinado objetivo. Assim, é necessário ao se fixar o sistema

de projeção escolhido considerar a finalidade da carta que se quer construir.

As representações cartográficas são efetuadas, na sua maioria, sobre uma superfície plana

(Plano de Representação onde se desenha o mapa). O problema básico consiste em relacionar

pontos da superfície terrestres ao plano de representação. Isto compreende as seguintes etapas:

1º) Adoção de um modelo matemático da terra (Geóide) simplificado. Em geral, esfera ou

elipsóide de revolução;

2º) Projetar todos os elementos da superfície terrestre sobre o modelo escolhido. (Atenção:

tudo o que se vê num mapa corresponde à superfície terrestre projetada sobre o nível do mar

aproximadamente);

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3º) Relacionar por processo projetivo ou analítico pontos do modelo matemático com o plano

de representação escolhendo-se uma escala e sistema de coordenadas.

Antes de entrarmos nas técnicas de representação propriamente ditas, introduziremos alguns

Sistemas de Coordenadas utilizados na representação cartográfica.

SISTEMAS DE COORDENADAS

CONSTRUÇÃO DO SISTEMA DE COORDENADAS

Os sistemas de coordenadas são necessários para expressar a posição de pontos sobre uma

superfície, seja ela um elipsóide, esfera ou um plano. É com base em determinados sistemas de

coordenadas que descrevemos geometricamente a superfície terrestre nos levantamentos

referidos no capítulo I. Para o elipsóide, ou esfera, usualmente empregamos um sistema de

coordenadas cartesianas e curvilíneas (PARALELOS e MERIDIANOS). Para o plano, um

sistema de coordenadas cartesianas X e Y é usualmente aplicável.

Para amarrar a posição de um ponto no espaço necessitamos ainda, complementar as

coordenadas bidimensionais que apresentamos no parágrafo anterior, com uma terceira

coordenada que é denominada ALTITUDE. A altitude de um ponto qualquer está ilustrada na fig

.2.1-a, onde o primeiro tipo (h) é à distância contado a partir do geóide (que é a superfície de

referência para contagem das altitudes) e o segundo tipo (H), denominado ALTITUDE

GEOMÉTRICA é contada a partir da superfície do elipsóide.

Figura 2.1- Sistemas de coordenadas

MERIDIANOS E PARALELOS

MERIDIANOS - São círculos máximos que, em conseqüência, cortam a TERRA em duas

partes iguais de pólo a pólo. Sendo assim, todos os meridianos se cruzam entre si, em ambos os

pólos. O meridiano de origem é o de GREENWICH (0º).(2)

PARALELOS - São círculos que cruzam os meridianos perpendicularmente, isto é, em

ângulos retos. Apenas um é um círculo máximo, o Equador (0º). Os outros, tanto no hemisfério

Norte quanto no hemisfério Sul, vão diminuindo de tamanho à proporção que se afastam do

Equador, até se transformarem em cada pólo, num ponto (90º). (Figura 2.2)

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a) no elipsóide de revolução

PN - Pólo Norte

PS - Pólo Sul

Figura 2.2 - Paralelos e Meridianos

(2) Meridiano Internacional de Referência, escolhido em Bonn, Alemanha, durante a

Conferência Técnica das Nações Unidas para a Carta Internacional do Mundo ao

milionésimo, como origem da contagem do meridiano.

LATITUDE E LONGITUDE

A TERRA COMO REFERÊNCIA (Esfera)

LATITUDE GEOGRÁFICA (j)

É o arco contado sobre o meridiano do lugar e que vai do Equador até o lugar considerado.

A latitude quando medida no sentido do pólo Norte é chamada Latitude Norte ou Positiva.

Quando medida no sentido Sul é chamada Latitude Sul ou Negativa.

Sua variação é de: 0º a 90º N ou 0º a + 90º;

0º a 90º S ou 0º a - 90º

LONGITUDE GEOGRÁFICA (l)

É o arco contado sobre o Equador e que vai de GREENWICH até o Meridiano do referido

lugar.

A Longitude pode ser contada no sentido Oeste, quando é chamada LONGITUDE OESTE

DE GREENWICH (W Gr.) ou NEGATIVA. Se contada no sentido Este, é chamada

LONGITUDE ESTE DE GREENWICH (E Gr.) ou POSITIVA.

A Longitude varia de: 0º a 180º W Gr. ou 0º a - 180º;

0º a 180º E Gr. ou 0º a + 180º .

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Figura 2.3 - Latitude e Longitude

O ELIPSÓIDE COMO REFERÊNCIA

LATITUDE GEODÉSICA (j)

É o ângulo formado pela normal ao elipsóide de um determinado ponto e o plano do

Equador.

LONGITUDE GEODÉSICA (l)

É o ângulo formado pelo plano meridiano do lugar e o plano meridiano tomado como origem

(GREENWICH). (Figura 2.1.a)

CLASSIFICAÇÃO DAS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

_Geométricas

Quanto ao método _Analíticas

_____________________________________________________________

_Planas (AZIMUTAIS)

Quanto à superfície de projeção _Cônicas

_Cilíndricas

_Poli-superficiais

_____________________________________________________________

_Eqüidistantes

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Quanto às propriedades _Conformes

_Equivalentes

_Afiláticas

______________________________________________________________

Quanto ao tipo de contato entre as _Tangentes

superfícies de projeção e referências _Secantes

______________________________________________________________

QUANTO AO MÉTODO

a) Geométricas - baseia-se em princípios geométricos projetivos. Podem ser obtidos pela

interseção, sobre a superfície de projeção, do feixe de retas que passa por pontos da superfície de

referência partindo de um centro perspectivo (ponto de vista).

b) Analíticas - baseia-se em formulação matemática obtida com o objetivo de se atender

condições (características) previamente estabelecidas (é o caso da maior parte das projeções

existentes).

QUANTO À SUPERFÍCIE DE PROJEÇÃO

a) Planas - este tipo de superfície pode assumir três posições básicas em relação à

superfície de referência: polar, equatorial e oblíqua (ou horizontal) (Figura 2.4).

b) Cônicas - embora esta não seja uma superfície plana, já que a superfície de projeção é o

cone, ela pode ser desenvolvida em um plano sem que haja distorções (Figura 2.5), e funciona

como superfície auxiliar na obtenção de uma representação. A sua posição em relação à

superfície de referência pode ser: normal, transversal e oblíqua (ou horizontal) (Figura 2.4).

c) Cilíndricas - tal qual a superfície cônica, a superfície de projeção que utiliza o cilindro

pode ser desenvolvida em um plano (Figura 2.5) e suas possíveis posições em relação à

superfície de referência podem ser: equatorial, transversal e oblíqua (ou horizontal) (Figura 2.4).

d) Polissuperficiais - se caracterizam pelo emprego de mais do que uma superfície de

projeção (do mesmo tipo) para aumentar o contato com a superfície de referência e, portanto,

diminuir as deformações (plano-poliédrica; cone-policônica; cilindro-policilíndrica).

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Figura 2.5 - Superfícies de Projeção desenvolvidas em um plano.

QUANTO ÀS PROPRIEDADES

Na impossibilidade de se desenvolver uma superfície esférica ou elipsóidica sobre um

plano sem deformações, na prática, buscam-se projeções tais que permitam diminuir ou eliminar

parte das deformações conforme a aplicação desejada. Assim, destacam-se:

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a) Eqüidistantes - As que não apresentam deformações lineares para algumas linhas em

especial, isto é, os comprimentos são representados em escala uniforme.

b) Conformes - Representam sem deformação, todos os ângulos em torno de quaisquer

pontos, e decorrentes dessa propriedade, não deformam pequenas regiões.

c) Equivalentes - Têm a propriedade de não alterarem as áreas, conservando assim, uma

relação constante com as suas correspondentes na superfície da Terra. Seja qual for a porção

representada num mapa, ela conserva a mesma relação com a área de todo o mapa.

d) Afiláticas - Não possui nenhuma das propriedades dos outros tipos, isto é, equivalência,

conformidade e eqüidistância, ou seja, as projeções em que as áreas, os ângulos e os

comprimentos não são conservados.

As propriedades acima descritas são básicas e mutuamente exclusivas. Elas ressaltam mais

uma vez que não existe uma representação ideal, mas apenas a melhor representação para um

determinado propósito.

QUANTO AO TIPO DE CONTATO ENTRE AS SUPERFÍCIES DE PROJEÇÃO E

REFERÊNCIA

a) Tangentes - a superfície de projeção é tangente à de referência (plano - um ponto; cone

e cilindro - uma linha).

b) Secantes - a superfície de projeção secciona a superfície de referência (plano - uma

linha; cone - duas linhas desiguais; cilindro - duas linhas iguais) (Figura 2.6).

Através da composição das diferentes características apresentadas nesta classificação das

projeções cartográficas, podemos especificar representações cartográficas cujas propriedades

atendam as nossas necessidades em cada caso específico.

Figura 2.6 - Superfícies de projeção secantes

PROJEÇÕES MAIS USUAIS E SUAS CARACTERÍSTICAS

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PROJEÇÃO POLICÔNICA

- Superfície de representação: diversos cones

- Não é conforme nem equivalente (só tem essas características, próximo ao Meridiano

Central).

- O Meridiano Central e o Equador são as únicas retas da projeção. O MC é dividido em

partes iguais pelos paralelos e não apresenta deformações.

- Os paralelos são círculos não concêntricos (cada cone tem seu próprio ápice) e não

apresentam deformações.

- Os meridianos são curvas que cortam os paralelos em partes iguais.

- Pequena deformação próxima ao centro do sistema, mas aumenta rapidamente para a

periferia.

- Aplicações: Apropriada para uso em países ou regiões de extensão predominantemente

Norte-Sul e reduzida extensão Este-Oeste.

É muito popular devido à simplicidade de seu cálculo, pois existem tabelas completas para

sua construção.

É amplamente utilizada nos EUA.

No BRASIL é utilizada em mapas da série Brasil, regionais, estaduais e temáticos.

Figura 2.7 - Projeção Policônica

PROJEÇÃO CÔNICA NORMAL DE LAMBERT (com dois paralelos padrões)

- Cônica.

- Conforme.

- Analítica.

- Secante.

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- Os meridianos são linhas retas convergentes.

- Os paralelos são círculos concêntricos com centro no ponto de interseção dos meridianos.

- Aplicações: A existência de duas linhas de contato com a superfície (dois paralelos padrão)

nos fornece uma área maior com um baixo nível de deformação. Isto faz com que esta projeção

seja bastante útil para regiões que se estendam na direção este-oeste, porém pode ser utilizada

em quaisquer latitudes.

A partir de 1962, foi adotada para a Carta Internacional do Mundo, ao Milionésimo.

Figura 2.8 - Projeção Cônica Normal de Lambert (com dois paralelos-padrão)

PROJEÇÃO CILÍNDRICA TRANSVERSA DE MERCATOR (Tangente)

- Cilíndrica.

- Conforme.

- Analítica.

- Tangente (a um meridiano).

- Os meridianos e paralelos não são linhas retas, com exceção do meridiano de tangência e

do Equador.

- Aplicações: Indicada para regiões onde há predominância na extensão Norte-Sul. É muito

utilizada em cartas destinadas à navegação.

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Figura 2.9 - Projeção Cilíndrica Transversa de Mercartor

PROJEÇÃO CILÍNDRICA TRANSVERSA DE MERCATOR (Secante)

- Cilíndrica.

- Conforme.

- Secante.

- Só o Meridiano Central e o Equador são linhas retas.

- Projeção utilizada no SISTEMA UTM - Universal Transversa de Mercator desenvolvido

durante a 2ª Guerra Mundial. Este sistema é, em essência, uma modificação da Projeção

Cilíndrica Transversa de Mercator.

- Aplicações: Utilizado na produção das cartas topográficas do Sistema Cartográfico

Nacional produzidas pelo IBGE e DSG.

-

Figura 2.10 - Cilindro secante

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO SISTEMA UTM:

1) O mundo é dividido em 60 fusos, onde cada um se estende por 6º de longitude. Os fusos

são numerados de um a sessenta começando no fuso 180º a 174º W Gr. e continuando para este.

Cada um destes fusos é gerado a partir de uma rotação do cilindro de forma que o meridiano de

tangência divide o fuso em duas partes iguais de 3º de amplitude (Figura 2.11).

2) O quadriculado UTM está associado ao sistema de coordenadas plano-retangulares, tal

que um eixo coincide com a projeção do Meridiano Central do fuso (eixo N apontando para

Norte) e o outro eixo, com o do Equador. Assim cada ponto do elipsóide de referência (descrito

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por latitude, longitude) estará biunivocamente associado ao terno de valores Meridiano Central,

coordenada E e coordenada N.

3) Avaliando-se a deformação de escala em um fuso UTM (tangente), pode-se verificar que o

fator de escala é igual a 1(um) no meridiano central e aproximadamente igual a 1.0015 (1/666)

nos extremos do fuso. Desta forma, atribuindo-se a um fator de escala k = 0,9996 ao meridiano

central do sistema UTM (o que faz com que o cilindro tangente se torne secante), torna-se

possível assegurar um padrão mais favorável de deformação em escala ao longo do fuso. O erro

de escala fica limitado a 1/2.500 no meridiano central, e a 1/1030 nos extremos do fuso (Figura

2.12).

4) A cada fuso associamos um sistema cartesiano métrico de referência, atribuindo à origem

do sistema (interseção da linha do Equador com o meridiano central) as coordenadas 500.000 m,

para contagem de coordenadas ao longo do Equador, e 10.000.000 m ou 0 (zero) m, para

contagem de coordenadas ao longo do meridiano central, para os hemisférios sul e norte

respectivamente. Isto elimina a possibilidade de ocorrência de valores negativos de coordenadas.

5) Cada fuso deve ser prolongado até 30' sobre os fusos adjacentes criando-se assim uma área

de superposição de 1º de largura. Esta área de superposição serve para facilitar o trabalho de

campo em certas atividades.

6) O sistema UTM é usado entre as latitudes 84º N e 80º S.

Além desses paralelos a projeção adotada mundialmente é a Estereográfica Polar Universal.

- Aplicações: Indicada para regiões de predominância na extensão Norte-Sul, entretanto

mesmo na representação de áreas de grande longitude poderá ser utilizada.

É a mais indicada para o mapeamento topográfico a grande escala, e é o Sistema de Projeção

adotado para o Mapeamento Sistemático Brasileiro.

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CONCEITOS IMPORTANTES

O sistema de coordenadas geodésicas ou o UTM permite o posicionamento de qualquer

ponto sobre a superfície da Terra, no entanto é comum se desejar posicionamento relativo de

direção nos casos de navegação. Assim, ficam definidos três vetores associados a cada ponto:

Norte Verdadeiro ou de Gauss - Com direção tangente ao meridiano (geodésico) passante

pelo ponto e apontado para o Pólo Norte.

Norte Magnético - Com direção tangente à linha de força do campo magnético passante

pelo ponto e apontado para o Pólo Norte Magnético.

OBS.: Devido à significativa variação da ordem de minutos de arco anualmente deste pólo

ao longo dos anos, torna-se necessária à correção do valor constantes da carta/mapa para a data

do posicionamento desejado.

Norte da Quadrícula - Com direção paralela ao eixo N (que coincide com o Meridiano

Central do fuso) do Sistema de Projeção UTM no ponto considerado e apontado para o Norte

(sentido positivo de N)

Azimute: É o ângulo formado entre a direção Norte-Sul e a direção considerada, contado a

partir do Pólo Norte, no sentido horário. O Azimute varia de 0º a 360º e dependendo do Norte ao

qual esteja a referenciado podemos ter:

- Azimute Verdadeiro ou de Gauss (Az G AB)

- Azimute da Quadrícula (Az Q AB)

- Azimute Magnético (Az M AB)

OBS.: O azimute Geodésico corresponde ao Azimute Verdadeiro contato a partir do Pólo

Sul.

Contra-azimute: Contra-Azimute de uma direção é o Azimute da direção inversa.

Declinação Magnética (d): É o ângulo formado entre os vetores Norte Verdadeiro e o Norte

Magnético associado a um ponto.

Convergência Meridiana Plana (g): É o ângulo formado entre os vetores Norte Verdadeiro

e o Norte da Quadrícula associado a um ponto.

No sistema UTM, a Convergência Meridiana Plana cresce com a latitude e com o afastamento

do Meridiano Central (MC).

No hemisfério Norte ela é positiva a Este do MC e negativa a Oeste do MC.

No hemisfério Sul ela é negativa a Este do MC e positiva a Oeste do MC.

Rumo: É o menor ângulo que uma direção faz com a Direção Norte-Sul.

Após o valor do rumo deve ser indicado o quadrante geográfico a que o mesmo pertence, ou

seja: NO, NE, SO ou SE.

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OBS: Como os azimutes, os rumos, dependendo do norte ao qual são referenciados podem

ser: Rumo verdadeiro, da quadrícula ou magnético.

Contra-rumo: É o rumo da direção inversa.

CARTAS E MAPAS

CLASSIFICAÇÃO DE CARTAS E MAPAS

Quanto à natureza da representação:

a) GERAL

_CADASTRAL - Até 1:25.000

_TOPOGRÁFICA - De 1:25.000 até 1:250.000

_GEOGRÁFICA - 1:1.000.000 e menores

(1:2.500.000, 1:5.000.000 até 1:30.000.000)

b) TEMÁTICA

c) ESPECIAL

GERAL

São documentos cartográficos elaborados sem um fim específico. A finalidade é fornecer

ao usuário uma base cartográfica com possibilidades de aplicações generalizadas, de acordo com

a precisão geométrica e tolerâncias permitidas pela escala.

Apresentam os acidentes naturais e artificiais e servem, também, de base para os demais

tipos de cartas.

CADASTRAL

Representação em escala grande, geralmente planimétrica e com maior nível de

detalhamento, apresentando grande precisão geométrica. Normalmente é utilizada para

representar cidades e regiões metropolitanas, nas quais a densidade de edificações e arruamento é

grande.

As escalas mais usuais na representação cadastral são: 1:1.000, 1:2.000, 1:5.000, 1:10.000

e 1:15.000.

Mapa de Localidade - Denominação utilizada na Base Territorial dos Censos para

identificar o conjunto de plantas em escala cadastral, que compõe o mapeamento de uma

localidade (região metropolitana, cidade ou vila).

TOPOGRÁFICA

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Carta elaborada a partir de levantamentos aerofotogramétrico e geodésico original ou

compilada de outras cartas topográficas em escalas maiores. Inclui os acidentes naturais e

artificiais, em que os elementos planimétricos (sistema viário, obras, etc.) e altimétricos (relevo

através de curvas de nível, pontos colados, etc.) são geometricamente bem representados.

As aplicações das cartas topográficas variam de acordo com sua escala:

1:25.000 - Representa cartograficamente áreas específicas, com forte densidade

demográfica, fornecendo elementos para o planejamento socioeconômico e bases para

anteprojetos de engenharia. Esse mapeamento, pelas características da escala, está dirigido para

as áreas das regiões metropolitanas e outras que se definem pelo atendimento a projetos

específicos. Cobertura Nacional: 1,01%.

1:50.000 - Retrata cartograficamente zonas densamente povoadas, sendo adequada ao

planejamento socioeconômico e à formulação de anteprojetos de engenharia.

A sua abrangência é nacional, tendo sido cobertos até agora 13,9% do Território Nacional,

concentrando-se principalmente nas regiões Sudeste e Sul do país.

1:100.000 - Objetiva representar as áreas com notável ocupação, priorizadas para os

investimentos governamentais, em todos os níveis de governo - Federal, Estadual e Municipal.

A sua abrangência é nacional, tendo sido coberto até agora 75,39% do Território Nacional.

1:250.000 - Subsidia o planejamento regional, além da elaboração de estudos e projetos que

envolvam ou modifiquem o meio ambiente.

A sua abrangência é nacional, tendo sido coberto até o momento 80,72% do Território

Nacional.

Mapa Municipal: Entre os principais produtos cartográficos produzidos pelo IBGE

encontra-se o mapa municipal, que é a representação cartográfica da área de um município,

contendo os limites estabelecidos pela Divisão Político-Administrativa, acidentes naturais e

artificiais, toponímia, rede de coordenadas geográficas e UTM, etc.

Esta representação é elaborada a partir de bases cartográficas mais recentes e de

documentos cartográficos auxiliares, na escala das referidas bases.

O mapeamento dos municípios brasileiros é para fins de planejamento e gestão territorial e

em especial para dar suporte as atividades de coleta e disseminação de pesquisas do IBGE.

GEOGRÁFICA

Carta em que os detalhes planimétricos e altimétricos são generalizados, os quais oferecem

uma precisão de acordo com a escala de publicação. A representação planimétrica é feita através

de símbolos que ampliam muito os objetos correspondentes, alguns dos quais muitas vezes têm

que ser bastante deslocados.

A representação altimétrica é feita através de curvas de nível, cuja eqüidistância apenas dá

uma idéia geral do relevo e, em geral, são empregadas cores hipsométricas. São elaboradas na

escala. 1:500.000 e menores, como por exemplo, a Carta Internacional do Mundo ao

Milionésimo (CIM).

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Mapeamento das Unidades Territoriais: Representa, a partir do mapeamento

topográfico, o espaço territorial brasileiro através de mapas elaborados especificamente para

cada unidade territorial do país.

Produtos gerados:- Mapas do Brasil (escalas 1:2.500.000,1:5.000.000,1:10.000.000, etc.).

-Mapas Regionais (escalas geográficas diversas).

-Mapas Estaduais (escalas geográficas e topográficas diversas).

TEMÁTICA

São as cartas, mapas ou plantas em qualquer escala, destinadas a um tema específico,

necessária às pesquisas socioeconômicas, de recursos naturais e estudos ambientais. A

representação temática, distintamente da geral, exprime conhecimentos particulares para uso

geral.

Com base no mapeamento topográfico ou de unidades territoriais, o mapa temático é

elaborado em especial pelos Departamentos da Diretoria de Geociências do IBGE, associando

elementos relacionados às estruturas territoriais, à geografia, à estatística, aos recursos naturais e

estudos ambientais.

Principais produtos: -Cartogramas temáticos das áreas social, econômica territorial, etc.

-Cartas do levantamento de recursos naturais (volumes RADAM).

-Mapas da série Brasil 1:5.000.000 (Escolar, Geomorfológico, Vegetação, Unidades de

Relevo, Unidades de Conservação Federais).

- Atlas nacional, regional e estadual.

ESPECIAL

São as cartas, mapas ou plantas para grandes grupos de usuários muito distintos entre si, e

cada um deles, concebido para atender a uma determinada faixa técnica ou científica. São

documentos muito específicos e sumamente técnicos que se destinam à representação de fatos,

dados ou fenômenos típicos, tendo assim, que se cingir rigidamente aos métodos e objetivos do

assunto ou atividade a que está ligado. Por exemplo: Cartas náuticas, aeronáuticas, para fins

militares, mapa magnético, astronômico, meteorológico e outros.

Náuticas: Representa as profundidades, a natureza do fundo do mar, as curvas batimétricas,

bancos de areia, recifes, faróis, bóias, as marés e as correntes de um determinado mar ou áreas

terrestres e marítimas.

Elaboradas de forma sistemática pela Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN, do

Ministério da Marinha. O Sistema Internacional exige para a navegação marítima, seja de carga

ou de passageiros, que se mantenha atualizado o mapeamento do litoral e hidrovias.

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Aeronáuticas: Representação particularizada dos aspectos cartográficos do terreno, ou

parte dele, destinada a apresentar além de aspectos culturais e hidrográficos, informações

suplementares necessárias à navegação aérea, pilotagem ou ao planejamento de operações

aéreas.

Para fins militares: Em geral, são elaboradas na escala 1:25.000, representando os

acidentes naturais do terreno, indispensáveis ao uso das forças armadas. Pode representar uma

área litorânea características topográficas e náuticas, a fim de que ofereça a máxima utilidade em

operações militares, sobretudo no que se refere a operações anfíbias.

CARTA INTERNACIONAL DO MUNDO AO MILIONÉSIMO – CIM

Fornece subsídios para a execução de estudos e análises de aspectos gerais e estratégicos,

no nível continental. Sua abrangência é nacional, contemplando um conjunto de 46 cartas.

É uma representação de toda a superfície terrestre, na projeção cônica conforme de

LAMBERT (com 2 paralelos padrão) na escala de 1:1.000.000.

A distribuição geográfica das folhas ao Milionésimo foi obtida com a divisão do planeta

(representado aqui por um modelo esférico) em 60 fusos de amplitude 6º, numerados a partir do

fuso 180º W - 174º W no sentido Oeste-Leste (Figura 2.13). Cada um destes fusos por sua vez

estão divididos a partir da linha do Equador em 21 zonas de 4º de amplitude para o Norte e com

o mesmo número para o Sul.

Como o leitor já deve ter observado, a divisão em fusos aqui apresentada é a mesma

adotada nas especificações do sistema UTM. Na verdade, o estabelecimento daquelas

especificações é pautado nas características da CIM.

Cada uma das folhas ao Milionésimo pode ser acessada por um conjunto de três caracteres:

1º) letra N ou S - indica se a folha está localizada ao Norte ou a Sul do Equador.

2º) letras A até U - cada uma destas letras se associa a um intervalo de 4º de latitude se

desenvolvendo a Norte e a Sul do Equador e se prestam à indicação da latitude limite da folha

(3).

3º) números de 1 a 60 - indicam o número de cada fuso que contém a folha.

OBS: O Território Brasileiro é coberto por 08 (oito) fusos. (Figura 2.14)

(3) Além das zonas de A a U, temos mais duas que abrangem os paralelos de 84º a

90º. A saber: a zona V que é limitada pelos paralelos 84º e 88º e a zona Z, ou polar, que vai

deste último até 90º. Neste intervalo, que corresponde às regiões Polares, a Projeção de

Lambert não atende convenientemente a sua representação. Utiliza-se então a Projeção

Estereográfica Polar.

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Figura 2.13 - Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo

Figura 2.14 - O Brasil dividido em fusos de 6º

ÍNDICE DE NOMENCLATURA E ARTICULAÇÃO DE FOLHAS

Este índice tem origem nas folhas ao Milionésimo, e se aplica a denominação de todas as

folhas de cartas do mapeamento sistemático (escalas de 1:1.000.000 a 1:25.000).

A Figura 2.15 apresenta a referida nomenclatura.

Para escalas maiores que 1:25.000 ainda não existem normas que regulamentem o código

de nomenclatura. O que ocorre na maioria das vezes é que os órgãos produtores de cartas ou

plantas nessas escalas adotam seu próprio sistema de articulação de folhas, o que dificulta a

interligação de documentos produzidos por fontes diferentes.

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Existem dois sistemas de articulação de folhas que foram propostos por órgãos envolvidos

com a produção de documentos cartográficos em escalas grandes:

O primeiro, proposto e adotado pela Diretoria de Eletrônica e Proteção ao vôo (e também

adotado pela COCAR), se desenvolve a partir de uma folha na escala 1:100.000 até uma folha na

escala 1:500.

O segundo, elaborado pela Comissão Nacional de Região Metropolitana e Política Urbana,

tem sido adotado por vários órgãos responsáveis pela Cartografia Regional e Urbana de seus

estados. Seu desenvolvimento se dá a partir de uma folha na escala 1:25.000 até uma folha na

escala 1:1.000.

Figura 2.15 - Nomenclatura das cartas do mapeamento sistemático

MAPA ÍNDICE

Além do índice de nomenclatura, dispomos também de um outro sistema de localização de

folhas. Neste sistema numeramos as folhas de modo a referenciá-las através de um simples

número, de acordo com as escalas. Assim:

- para as folhas de 1:1.000.000 usamos uma numeração de 1 a 46;

- para as folhas de 1:250.000 usamos uma numeração de 1 a 550;

- para as folhas de 1:100.000 temos 1 a 3036;

Estes números são conhecidos como "MI" que quer dizer número correspondente no

MAPA-ÍNDICE.

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O número MI substitui a configuração do índice de nomenclatura para escalas de

1:100.000, por exemplo, à folha SD-23-Y-C-IV corresponderá o número MI 2215.

Para as folhas na escala 1:50.000, o número MI vem acompanhado do número (1,2,3 ou 4)

conforme a situação da folha em relação à folha 1:100.000 que a contém. Por exemplo, à folha

SD-23-Y-C-IV-3 corresponderá o número MI 2215-3.

Para as folhas de 1:25.000 acrescenta-se o indicador (NO,NE,SO e SE) conforme a

situação da folha em relação à folha 1:50.000 que a contém, por exemplo, à folha SD-23-Y-C-

IV-3-NO corresponderá o número MI 2215-3-NO.

A aparição do número MI no canto superior direito das folhas topográficas sistemáticas

nas escalas 1:100.000, 1:50.000 e 1:25.000 é norma cartográfica hoje em vigor, conforme

recomendam as folhas-modelo publicadas pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército,

órgão responsável pelo estabelecimento de Normas Técnicas para as séries de cartas gerais, das

escalas 1:250.000 e maiores.

NOÇÕES DE SENSORIAMENTO REMOTO

Entende-se por Sensoriamento Remoto a utilização conjunta de modernos sensores,

equipamentos para processamento e transmissão de dados, aeronaves, espaçonaves e etc., com o

objetivo de estudar o ambiente terrestre através do registro e da análise das interações entre a

radiação eletromagnética e as substâncias componentes do planeta Terra, em suas mais diversas

manifestações.

Fontes de energia eletromagnética:

Natural: O Sol é a principal fonte de energia eletromagnética. Toda matéria a uma

temperatura absoluta acima de (0º K) emite energia, podendo ser considerada como uma fonte de

radiação.

Artificial: Câmaras com flash, sensores microondas.

Energia eletromagnética:

A forma mais conhecida da energia eletromagnética é a luz visível, embora outras formas

como raios X, ultravioleta, ondas de rádio e calor também sejam familiares.

Todas essas formas além de outras menos conhecidas são basicamente da mesma natureza

e sua forma de propagação pode ser explicada através de duas teorias. Uma teoria é conhecida

como "Modelo Corpuscular" e preconiza que a energia se propaga pela emissão de um fluxo de

partículas (fótons). Outra é conhecida como "Modelo Ondulatório" e postula que a propagação

da energia se faz através de um movimento ondulatório. Esta teoria descreve a energia

eletromagnética como uma feição sinuosa harmônica que se propaga no vácuo à velocidade da

luz, ou seja, 3x108

m/s.

Uma carga elétrica produz ao seu redor um campo elétrico (E). Quando essa carga entra em

movimento desenvolve-se ao seu redor uma corrente eletromagnética. A aceleração de uma

carga elétrica provoca perturbações nos campos elétrico e magnético, que se propagam

repetitivamente no vácuo.

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Uma onda eletromagnética pode então ser definida como a oscilação do campo elétrico (E)

e magnético (M) segundo um padrão harmônico de ondas, ou seja, espaçadas repetitivamente no

tempo.

Duas características importantes das ondas eletromagnéticas:

- Comprimento de onda: É à distância entre dois picos consecutivos de ondas

eletromagnéticas. Por exemplo, os sensores da faixa do visível apresentam comprimento de onda

.

-6 m

- Freqüência: Nº de picos que passa por um determinado ponto numa unidade de tempo.

A freqüência é diretamente proporcional à velocidade de propagação da radiação, mas como

essa velocidade é constante para um mesmo meio de propagação, para que haja alteração na

freqüência é necessário que haja alteração no comprimento de onda (l).

onde, V = veloc. da luz = 300.000 Km/s

f = freqüência, medida em Hertz (Hz).

O espectro eletromagnético

Pode ser ordenado em função do seu comprimento de onda ou de sua freqüência. O

espectro eletromagnético se estende desde comprimentos de onda muito curtos associados a raios

cósmicos até ondas de rádio de baixa freqüência e grandes comprimentos de onda.

As características de cada elemento observado determinam a maneira particular segundo a

qual emite ou reflete energia, ou seja, a sua "assinatura" espectral. Um grande nº de interações

torna-se possível quando a energia eletromagnética entra em contato com a matéria. Essas

interações produzem modificações na energia incidente, assim, ela pode ser:

- Transmitida: Propaga-se através da matéria

- Absorvida: Cede a sua energia, sobretudo no aquecimento da matéria.

- Refletida: Retorna sem alterações da superfície da matéria à origem

- Dispersa: Defletida em todas as direções e perdida por absorção e por novas deflexões

- Emitida: Geralmente remitida pela matéria em função da temperatura e da estrutura

molecular

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Reflectância espectral: É a comparação entre a quantidade de energia refletida por um

alvo e a incidente sobre ele.

Esse comportamento por qualquer matéria é seletivo em relação ao comprimento de onda, e

específico para cada tipo de matéria, dependendo basicamente de sua estrutura atômica e

molecular. Assim, em princípio, torna-se possível à identificação de um objeto observado por um

sensor, através da sua "assinatura espectral".

Sistemas sensores

Um sistema sensor pode ser definido como qualquer equipamento capaz de transformar

alguma forma de energia em um sinal passível de ser convertido em informação sobre o

ambiente. No caso específico do Sensoriamento Remoto, a energia utilizada é a radiação

eletromagnética.

Classificação dos Sensores Remotos

a) Quanto aos modelos operantes

- Ativos: Possuem sua própria fonte de radiação, a qual incide em um alvo, captando em

seguida o seu reflexo. Ex.: Radar

- Passivos: Registra irradiações diretas ou refletidas de fontes naturais. Dependem de uma

fonte de radiação externa para que possam operar. Ex.: Câmara fotográfica

b) Quanto ao tipo de transformação sofrida pela radiação detectada

- Não imageador: Não fornecem uma imagem da superfície sensoriada e sim registros na

forma de dígitos ou gráficos.

- Imageador: Fornecem, mesmo por via indireta, uma imagem da superfície observada

através do Sistema de quadros ou Sistema de Varredura.

Sistemas de quadro: Adquirem a imagem da cena em sua totalidade num mesmo instante.

Sistemas de Varredura: A imagem da cena é formada pela aquisição seqüencial de

imagens elementares do terreno ou elementos de resolução, também chamado "pixels".

- Resolução: É a medida da habilidade que o sistema sensor possui em distinguir objetos

que estão próximos espacialmente ou respostas que são semelhantes, espectralmente.

- Resolução espacial: Mede a menor separação angular ou linear entre dois objetos. Ex.:

Um sistema de resolução de 30m (LANDSAT) significa que os objetos distanciados de 30m

serão em geral distinguidos pelo sistema. Assim, quanto menor a resolução espacial, maior o

poder resolutivo, ou seja, maior o seu poder de distinguir entre objetos muito próximos.

- Resolução espectral: É uma medida da largura das faixas espectrais e da sensibilidade do

sensor em distinguir entre dois níveis de intensidade do sinal de retorno.

- Resolução temporal (Repetitividade): É o tempo entre as aquisições sucessivas de dados

de uma mesma área.

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Aquisição de dados em Sensoriamento Remoto

É o procedimento pelos quais os sinais são detectados, gravados e interpretados. A

detecção da energia eletromagnética pode ser obtida de duas formas:

- Fotograficamente: O processo utiliza reações químicas na superfície de um filme sensível

à luz para detectar variações de imagem dentro de uma câmara e registrar os sinais detectados

gerando uma imagem fotográfica.

- Eletronicamente: O processo eletrônico gera sinais elétricos que correspondem às

variações de energia provenientes da interação entre a energia eletromagnética e a superfície da

terra. Esses sinais são transmitidos às estações de captação onde são registrados geralmente

numa fita magnética, podendo depois ser convertidos em imagem.

Sensores Imageadores

Os sensores que produzem imagens podem ser classificados em função do processo de

formação de imagem, em:

Sistemas Fotográficos: Foram os primeiros equipamentos a serem desenvolvidos, e

possuem excelente resolução espacial. Compõem esse sistema, as câmaras fotográficas (objetiva,

diafragma, obturador e o corpo), filtros e filmes.

Sistemas de imageamento eletro-óptico: Diferem do sistema fotográfico porque os dados

são registrados em forma de sinal elétrico, possibilitando sua transmissão à distância. Os

componentes básicos desses sensores são um sistema óptico e um detector. A função do sistema

óptico é focalizar a energia proveniente da área observada sobre o detector. A energia detectada é

transformada em sinal elétrico.

- Sistema de Imageamento Vidicon (sistema de quadro): Tiveram origem a partir de

sistema de televisão. Nesse sistema a cena é coletada de forma instantânea. Um exemplo de

produto de Sensoriamento Remoto obtido por esse tipo de sensor é as imagens RBV coletadas

pelas câmaras RBV a bordo dos satélites 1, 2 e 3 da série LANDSAT.

- Sistema de Varredura Eletrônica: Utiliza um sistema óptico através do qual a imagem da

cena observada é formada por sucessivas linhas imageadas pelo arranjo linear de detectores na

medida que a plataforma se locomove ao longo da linha de órbita. Esse sistema é utilizado em

diversos programas espaciais, como por exemplo, o SPOT (França).

- Sistema de Varredura Mecânica: Esse sistema, onde a cena é imageada linha por linha,

vem sendo utilizado pelos sensores MSS e TM a bordo dos satélites da série LANDSAT. O

espelho de varredura oscila perpendicularmente em direção ao deslocamento da plataforma,

refletindo as radiâncias provenientes dos pixels no eixo de oscilação. Após uma varredura

completa, os sinais dos pixels formam uma linha, e juntando os sinais linha a linha, forma-se a

imagem da cena observada.

Sistemas de Microondas: O sistema de imageamento mais comum é o dos Radares de

Visada Lateral, que por ser um sistema ativo não é afetado pelas variações diurnas na radiação

refletida pela superfície do terreno, podendo ser usado inclusive à noite. Pode operar em

condições de nebulosidade, uma vez que as nuvens são transparentes à radiação da faixa de

microondas.

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IMAGENS RADARMÉTRICAS

O termo "Radar" é derivado da expressão Inglesa "Radio Detecting and Ranging", que

significa: detectar e medir distâncias através de ondas de rádio.

Inicialmente os radares destinavam-se a fins militares. No decorrer da Segunda Guerra

Mundial a Inglaterra foi equipada com eficiente rede de Radar, mas só a partir da década de 60

os geocientistas procuraram aplicar os princípios de Radar para fins de levantamento de recursos

naturais.

A grande vantagem do sensor Radar é que o mesmo atravessa a cobertura de nuvens. Pelo

fato de ser um sensor ativo, não depende da luz solar e conseqüentemente pode ser usado à noite,

o que diminui sobremaneira o período de tempo do aerolevantamento.

Um trabalho de relevância foi realizado na América do Sul, em especial na Região

Amazônica pela Grumman Ecosystens. Esta realizou o levantamento de todo o território

brasileiro, com a primeira fase em 1972 (Projeto RADAM) e posteriormente em 1976, na

complementação do restante do Brasil (Projeto RADAM BRASIL).

Desde o final da década de 70 até o presente momento, uma série de Programas de Sistema

Radar, foram executados ou estão em avançado estágio de desenvolvimento: SEAT; SIR-A; SIR-

B; SIR-C (EUA); ERS-1 e ERS-2 (Europeu); JERS-1 e JERS-2 (Japão); ALMOZ (Rússia) e

RADAR SAT (Canadá).

BANDAS DE RADAR

Banda Comprimento de Onda (cm) Freqüência

Q 0,75 - 1,18 40,0 - 26,5

K 1,18 - 2,40 26,5 - 12,5

X 2,40 - 3,75 12,5 - 8

C 3,75 - 7,50 8,0 - 4,0

S 7,50 - 15 4,0 - 2,0

L 15,00 - 30 2,0 - 1,0

UHF 30,00 - 100 1,0 - 0,3

P 77,00 - 136 0,2 - 0,4

O radar de visada lateral (RVL) situa-se na faixa de microondas do espectro

eletromagnético, variando entre comprimentos de onda de 100 cm a 1mm, e freqüência de 0,3 a

50 GHZ.

IMAGENS ORBITAIS

Como imagem orbital, considera-se a aquisição de dados de sensoriamento remoto através

de equipamentos sensores coletores a bordo de satélites artificiais.

Desde a década de 70, o IBGE vem utilizando imagens de satélite da série LANDSAT.

Estas imagens, uma vez corrigidas geometricamente dos efeitos de rotação e esfericidade da

Terra, variações de atitude, altitude e velocidade do satélite, constitui-se em valiosos

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instrumentos para a Cartografia, na representação das regiões onde a topografia é difícil e onde

as condições de clima adversas não permitem fotografar por métodos convencionais.

No sistema de Sensoriamento Remoto do satélite LANDSAT, a produção de radiação que

retorna ao sensor é direcionada para vários detectores, recebendo cada um deles, comprimento de

ondas diferente, gerando 7 bandas distintas do espectro eletromagnético, sendo este sensor

conhecido como multiespectral. O que na fotografia aérea (visível) e radar (microondas), possui

uma pequena faixa espectral.

Para que o sistema de coleta de dados funcione é necessário que sejam preenchidas algumas

condições:

a) Existência de fonte de radiação.

b) Propagação de radiação pela atmosfera.

c) Incidência de radiação sobre a superfície terrestre.

d) Ocorrência de interação entre a radiação e os objetos da superfície.

e) Produção de radiação que retorna ao sensor após propagar-se pela atmosfera.

O Sol é a principal fonte de energia eletromagnética disponível para o Sensoriamento

Remoto da superfície terrestre. Quando observado como fonte de energia eletromagnética, o Sol

pode ser considerado como uma esfera de gás aquecida pelas reações nucleares ocorridas no seu

interior. A superfície aparente do Sol é conhecida por fotosfera e sua energia irradiada é a

principal fonte de radiação eletromagnética no Sistema Solar. Esta energia radiante proveniente

do Sol em direção a Terra, é chamada "Fluxo Radiante".

SISTEMA LANDSAT

O Sistema LANDSAT, originalmente denominado ERTS (Earth Resources Technology

Satellite) foi desenvolvido com o objetivo de se obter uma ferramenta prática no inventário e no

manejo dos recursos naturais da Terra.

Planejou-se uma série de 6 satélites, tendo-se lançado o primeiro em julho de 1975.

SATÉLITE DATA DE

LANÇAMENTO

PROBLEMAS

OPERACIONAIS

TÉRMINO DE

OPERAÇÃO

Landsat 1 Jul´ 72 - Jan´ 78

Landsat 2 Jan´ 75 Nov´79/Fev´82 Jul´ 83

Landsat 3 Mar´ 78 Dez´80/Mar´83 Set´ 83

Landsat 4 Jul´ 82 Fev´83(apenas TM) -

Landsat 5 Mar´ 84 - -

Figura 2.17 - Satélites da série LANDSAT

O quadro apresenta o período de vida útil possuído pelos satélites, que embora tenham

sido concebidos para terem uma vida média útil de 2 anos, manteve-se em operação durante

cerca de 5 anos.

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Figura 2.18 - Configuração dos satélites da série LANDSAT

COMPONENTES DO SISTEMA LANDSAT

O Sistema LANDSAT, como qualquer outro sistema de Sensoriamento Remoto, compõe-

se de duas partes principais:

- Subsistema satélite: Tem a função básica de adquirir os dados. Como componentes

básicos, tem o satélite com o seu conjunto de sensores e sistemas de controle.

- Subsistema estação terrestre: Tem a função de processar os dados e torna-los utilizável

pelos usuários. É composto por estações de recepção, processamento e distribuição dos dados.

As operações de uma estação de recepção de dados são:

- Verificar os equipamentos antes da entrada do satélite no campo de visualização da antena.

- Apontamento da antena na direção de conexão com o satélite.

- Rastreamento automático.

- Registro dos dados em fita de alta densidade (HDDT).

- Verificação da qualidade dos dados gravados.

- Retorno da antena à posição de descanso.

O laboratório de processamento de imagens tem a função de transformar os dados recebidos

pelas estações de recepção. As atividades executadas neste processamento são: calibração

radiométrica e correção geométrica baseada nos seguintes dados:

- Rotação e curvatura da Terra.

- Atitude do satélite

- Geometria dos instrumentos

- Projeção cartográfica utilizada, etc.

Através de arquivo de pontos de controle obtidos no terreno ou oriundos de cartas

topográficas, pode-se melhorar a posição geométrica das imagens.

Os principais produtos resultantes do processamento de dados e disponibilizados para o

usuário são fitas magnéticas ou imagens fotográficas e digitais.

CARACTERÍSTICA DA ÓRBITA

A órbita do satélite LANDSAT é repetitiva, quase circular, sol-síncrona e quase polar. A altitude

dos satélites da série 4 e 5 é inferior à dos primeiros, posicionado a 705 Km em relação à

superfície terrestre no Equador.

PARÂMETROS ORBITAIS LANDSAT (MSS) 1, 2 e 3 LANDSAT (TM) 4 e 5

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Resolução 80 m 30 m

Inclinação (graus) 99,114 98

Período (minuto) 103,267 98,20

Recobrimento da faixa 185 x 185 Km 185 x 185 Km

Hora da passagem pelo Equador 09:15 09:45

Ciclo de cobertura 18 dias 16 dias

Duração do ciclo 251 revoluções 233 revoluções

Distância entre passagens no Equador 2.760 Km 2.760 Km

Altitude (Km) 920 709

Figura 2.19 - Características da órbita do LANDSAT

SISTEMAS SENSORES

Os satélites LANDSAT 1 e 2 carregavam a bordo 2 sistemas sensores com a mesma

resolução espacial, mas com diferentes concepções de imageamento: o sistema RBV(Returm

Beam Vidicon), com imageamento instantâneo de toda a cena e o sistema MSS, com

imageamento do terreno por varredura de linhas.

Ambos os sistemas propunham-se à aquisição de dados multiespectrais, mas o desempenho

do sistema MSS (Multi Spectral Scanner) fez com que o terceiro satélite da série tivesse seu

sistema RBV modificado, passando a operar em uma faixa do espectro ao invés de três. Por

outro lado, foi acrescentada uma faixa espectral ao sistema MSS, passando a operar na região do

infravermelho termal.

A partir do LANDSAT 4, ao invés do sensor RBV, a carga útil do satélite passou a contar

com o sensor TM (Thematic Mapper) operando em 7 faixas espectrais. Esse sensor

conceitualmente é semelhante ao MSS, pois é um sistema de varredura de linhas. Entretanto,

incorpora uma série de aperfeiçoamentos, como resolução espacial mais fina, melhor

discriminação espectral entre objetos da superfície terrestre, maior fidelidade geométrica e

melhor precisão radiométrica.

FORMAÇÃO DE IMAGENS

Cada vez que o espelho imageador visa o terreno, a voltagem produzida por cada detector é

amostrada a cada 9,95 microssegundos para um detector, aproximadamente 3.300 amostras são

tomadas ao longo de uma linha de varredura com 185,2 Km.

As medidas individuais de radiação são arranjadas nas imagens, com dimensões de 30 x 30

metros. Esta área chama-se elemento de imagem ou pixel, que corresponde à menor unidade que

forma uma imagem.

A detecção de objetos no terreno depende da relação entre o tamanho do objeto e o seu

brilho (valor de brilho).

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Figura 2.20 Arranjo espacial de pixels e seus VB

Uma imagem LANDSAT original é produzida na escala de 1:1.000.000. Esta imagem não se

apresenta como um retângulo, pois durante o tempo em que os dados são tomados (25 segundos),

a Terra gira um curto espaço devido ao movimento de rotação, e as linhas de latitude e longitude

fazem um certo ângulo com o topo e a base da imagem, originando então uma imagem com a

forma de um trapézio.

Figura 2.21 - Formato de uma imagem original

À medida que o satélite se desloca ao longo da órbita, o espelho de varredura oscila

perpendicularmente à direção deste deslocamento, proporcionando o imageamento contínuo do

terreno. Entretanto, o movimento de rotação provoca um pequeno deslocamento do ponto inicial

da varredura para oeste, a cada oscilação do espelho.

Tais distorções geométricas são posteriormente corrigidas nas estações terrestres, como já

visto, onde também são criadas as referências marginais das imagens e as informações de

rodapé.

SISTEMA SPOT

O sistema SPOT é um programa espacial francês semelhante ao programa LANDSAT. O

primeiro satélite da série SPOT, lançado em fevereiro de 1986, levou a bordo 2 sensores de alta

resolução HRV (High Resolution Visible) com possibilidade de apontamento perpendicular ao

deslocamento do satélite.

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CARACTERÍSTICAS DA ÓRBITA

A altitude da órbita do SPOT é de 832 Km. É uma órbita polar, síncrona com o Sol,

mantendo uma inclinação de 98º,7 em relação ao plano do equador. A velocidade orbital é

sincronizada com o movimento de rotação da Terra, de forma que a mesma área possa ser

imageada a intervalos de 26 dias.

O SENSOR HRV

Os sensores HRV foram planejados para operar em dois modos:

- O modo pancromático (preto e branco) que corresponde à observação da cena numa

ampla faixa do espectro eletromagnético, permitindo uma resolução espacial de 10 x 10 metros

(pixel).

- O modo multiespectral (colorido), corresponde à observação da cena em 3 faixas estritas

do espectro, com resolução espacial de 20 x 20 metros (pixel).

Uma das características mais importantes apresentadas pelo satélite SPOT é a utilização de

sensores com ângulos de visada variável e programável através de comandos da estação terrestre,

graças ao sistema de visada “off-nadir”.

Através deste sistema, durante o período de 26 dias que separa 2 passagens sucessivas sobre

uma mesma área, esta poderá ser observada de órbitas adjacentes em 7 diferentes passagens, se

localizada no equador. Se a área de interesse estiver localizada nas latitudes médias (45º), a

possibilidade de aquisição de dados será aumentada para 11 passagens.

Outra importante possibilidade através da visada “off-nadir” é a aquisição de pares

estereoscópicos, proporcionada pelo imageamento de uma mesma área segundo ângulos de

visada opostos, obtendo-se assim, uma visão tridimensional do terreno.

Figura 2.22 - Aquisição de dados proporcionado pela visada "off-nadir"

COMPONENTES DO SISTEMA SPOT

O sistema consiste em um satélite para observações da Terra, os instrumentos e a estação de

rastreamento, recepção e processamento de dados.

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Figura 2.23 - Componentes do Sistema SPOT

APLICAÇÕES DAS IMAGENS ORBITAIS NA CARTOGRAFIA

Como visto, o sensoriamento remoto propriamente dito seria o aproveitamento simultâneo

das vantagens específicas de cada faixa de comprimento de ondas do espectro eletromagnético.

Os sensores, geralmente, podem ser imageadores e não imageadores, sendo os primeiros os que

vêm sendo mais estudados e aplicados no campo da Cartografia, especialmente a fotogrametria e

a fotointerpretação.

Os estudos não se restringem apenas à porção visível do espectro, indo até as porções

infravermelho e das microondas (radar), com diversas aplicações, principalmente na atualização

cartográfica.

As imagens podem ser reproduzidas em papel, transparência (diapositivo), meio digital,

etc., podendo ser em preto e branco, cores naturais, falsas cores e outras formas que permitem

uma variação de estudos cartográficos, ou ainda poderão ser entregues sob a forma de fitas

CCTS.

NO MAPEAMENTO PLANIMÉTRICO

Os produtos mais usuais são imagens obtidas a partir da visada vertical georreferenciadas

para a projeção cartográfica desejada.

A utilização experimental de imagens LANDSAT-MSS no mapeamento planimétrico foi

iniciada em convênio entre o INPE/DSG. Neste caso, a imagem na esc. 1:250.000 serve como

fundo, sendo os temas lançados a seguir, manualmente.

NO MAPEAMENTO PLANIALTIMÉTRICO

Neste caso, os efeitos do relevo são levados em conta, por meio de um MNT (5) (Modelo

Numérico de Terreno, é composto por uma grade regularmente espaçada com as cotas de cada

ponto, seu uso permite a inclusão de altitude de cada ponto no modelo de correção) obtido por

meio de formação de pares estereoscópicos de imagens.

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NO MAPEAMENTO TEMÁTICO

A utilização de imagens orbitais no mapeamento temático apresenta um grande potencial.

Neste caso, a imagem deve ser inicialmente corrigida para a projeção cartográfica desejada. A

seguir, por meio de um sistema computacional para processamento de imagem, uma nova

imagem é gerada. Esta nova imagem tanto pode ser uma imagem classificada (onde os diversos

temas são separados), ou o resultado de algoritmo de combinações entre as diferentes bandas

espectrais, por exemplo, as composições coloridas geradas a partir de imagem "razão entre

bandas", muito úteis em mapeamento geológico. Finalmente, produz-se um documento

cartográfico com a imagem resultante.

Vale ressaltar, para o fim temático, que as imagens LANDSAT-TM apresentam vantagens

com relação ao produto SPOT, devido ao maior número de bandas espectrais e maior potencial

temático.

CARTA IMAGEM

As Cartas-imagens são imagens de satélite no formato de folhas de carta. Neste tipo de

produto as cenas de satélites são ligadas digitalmente para cobrir a área requisitada, e

subseccionadas em unidades de folhas de cartas. As unidades de folhas de carta são

suplementadas por anotações relativas às coordenadas e informações auxiliares que são extraídas

de outros mapas ou cartas, para posteriormente serem reproduzidos numa escala média. As

Cartas-imagem de satélite são derivadas de imagens dos satélites SPOT e LANDSAT corrigidas

com alta precisão geométrica e radiométrica. Na Carta-imagem de satélite a imagem é produzida

em preto e branco a partir de única banda espectral ou a cores a partir da utilização de 3 bandas

espectrais. A imagem é realçada por filtragens e métodos estatísticos. A parte interna de uma

carta-imagem de satélite normalmente não contém qualquer outro tipo de informação que não

seja o próprio conteúdo da imagem.

O referido produto tem suas aplicações em diferentes áreas de empreendimentos como, por

exemplo, aplicações florestais, Inventário de Recursos Naturais, Planejamento e Gerenciamento

do uso da terra, etc. As vantagens apresentadas por este tipo de produto para a atualização

cartográfica são evidentes, especialmente em áreas onde as cartas tradicionais encontram-se

desatualizadas ou inexistem.

Cabe aos clientes a especificação da projeção da carta e do elipsóide de referência a ser

utilizado. Através de solicitação, poderão ainda ser realizados processamentos suplementares

visando realçar as imagens, em benefício de trabalhos de interpretação especializada, como

geológico ou de análise da vegetação, por exemplo.

As Cartas-imagens de satélite podem ser apresentadas em escalas padrão, de acordo com as

delimitações da latitude/longitude ou X/Y.

MNT - Modelo Numérico de Terreno - Fleotiaux 1979 - Revista Brasileira de Cartografia -

Janeiro/87 pág. 75

ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO

Sendo uma carta ou mapa a representação, numa simples folha de papel, da superfície

terrestre, em dimensões reduzidas, é preciso associar os elementos representáveis a símbolos e

convenções.

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As convenções cartográficas abrangem símbolos que, atendendo às exigências da técnica,

do desenho e da reprodução fotográfica, representam, de modo mais expressivo, os diversos

acidentes do terreno e objetos topográficos em geral. Elas permitem ressaltar esses acidentes do

terreno, de maneira proporcional à sua importância, principalmente sob o ponto de vista das

aplicações da carta.

Outro aspecto importante é que, se o símbolo é indispensável é determinada em qualquer

tipo de representação cartográfica, a sua variedade ou a sua quantidade acha-se, sempre, em

função da escala do mapa.

É necessário observar, com o máximo rigor, as dimensões e a forma característica de cada

símbolo, a fim de se manter, sobretudo, a homogeneidade que deve predominar em todos os

trabalhos da mesma categoria.

Quando a escala da carta permitir, os acidentes topográficos são representados de acordo

com a grandeza real e as particularidades de suas naturezas. O símbolo é, ordinariamente, a

representação mínima desses acidentes.

A não ser o caso das plantas em escala muito grande, em que suas dimensões reais são

reduzidas à escala (diminuindo e tornando mais simples a simbologia), à proporção que a escala

diminui aumenta a quantidade de símbolos.

Então, se uma carta ou mapa é a representação dos aspectos naturais e artificiais da

superfície da Terra, toda essa representação só pode ser convencional, isto é, através de pontos,

círculos, traços, polígonos, cores, etc.

Deve-se considerar também um outro fator, de caráter associativo, ou seja, relacionar os

elementos a símbolos que sugiram a aparência do assunto como este é visto pelo observador, no

terreno.

A posição de uma legenda é escolhida de modo a não causar dúvidas quanto ao objeto a que

se refere. Tratando-se de localidades, regiões, construções, obras públicas e objetos congêneres,

bem como acidentes orográficos isolados, o nome deve ser lançado, sem cobrir outros detalhes

importantes. As inscrições marginais são lançadas paralelamente à borda sul da moldura da

folha, exceto as saídas de estradas laterais.

A carta ou mapa tem por objetivo a representação de duas dimensões, a primeira referente ao

plano e a segunda à altitude. Desta forma, os símbolos e cores convencionais são de duas ordens:

planimétricos e altimétricos.

PLANIMETRIA

A representação planimétrica pode ser dividida em duas partes, de acordo com os

elementos que cobrem a superfície do solo, ou sejam, físicos ou naturais e culturais ou artificiais.

Os primeiros correspondem principalmente à hidrografia e vegetação, os segundos decorrem

da ocupação humana, sistema viário, construções, limites político ou administrativos etc.

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HIDROGRAFIA

A representação dos elementos hidrográficos é feita, sempre que possível, associando-se

esses elementos a símbolos que caracterizem a água, tendo sido o azul a cor escolhida para

representar a hidrografia, alagados (mangue, brejo e área sujeita a inundação), etc.

Figura 3.1 - Elementos hidrográficos (Carta topográfica esc. 1:100.000)

VEGETAÇÃO

Como não poderia deixar de ser, a cor verde é universalmente usada para representar a

cobertura vegetal do solo. Na folha 1:50.000, por exemplo, as matas e florestas são representadas

pelo verde claro. O cerrado e caatinga, o verde reticulado, e as culturas permanentes e

temporárias, outro tipo de simbologia, com toque Figurativo (Figura 3.2).

Figura 3.2 - Elementos de vegetação (Carta topográfica esc. 1:100.000)

UNIDADES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS

O território brasileiro é subdividido em Unidades Político-Administrativas abrangendo os

diversos níveis de administração: Federal, Estadual e Municipal. A esta divisão denomina-se

Divisão Político- Administrativa - DPA.

Essas unidades são criadas através de legislação própria (lei federais, estaduais e

municipais), na qual estão discriminadas sua denominação e informações que definem o

perímetro da unidade.

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A Divisão Política-Administrativa é representada nas cartas e mapas por meio de linhas

convencionais (limites) correspondentes a situação das Unidades da Federação e Municípios no

ano da edição do documento cartográfico. Consta no rodapé das cartas topográficas a referida

divisão, em representação esquemática.

Nas escalas pequenas, para a representação de áreas político-administrativas, ou áreas com

limites físicos (bacias) e operacionais (setores censitários, bairros, etc.), a forma usada para

realçar e diferenciar essas divisões é a impressão sob diversas cores.

Nos mapas estaduais, por exemplo, divididos em municípios, a utilização de cores auxilia

a identificação, a forma e a extensão das áreas municipais. Pode-se utilizar também estreitas

tarjas, igualmente em cores, a partir da linha limite de cada área, tornando mais leve a

apresentação.

- Grandes Regiões - Conjunto de Unidades da Federação com a finalidade básica de

viabilizar a preparação e a divulgação de dados estatísticos. A última divisão regional, elaborada

em 1970 e vigente até o momento atual, é constituída pelas regiões: Norte, Nordeste, Sudeste,

Sul e Centro-Oeste.

- Unidades da Federação: Estados, Territórios e Distrito Federal. São as Unidades de maior

hierarquia dentro da organização político-administrativa no Brasil, criadas através de leis

emanadas no Congresso Nacional e sancionadas pelo Presidente da República.

- Municípios: São as unidades de menor hierarquia dentro da organização político-

administrativa do Brasil, criadas através de leis ordinárias das Assembléias Legislativas de cada

Unidade da Federação e sancionadas pelo Governador. No caso dos territórios, a criação dos

municípios se dá através de lei da Presidência da República.

- Distritos: São as unidades administrativas dos municípios. Têm suas criações norteadas

pelas Leis Orgânicas dos Municípios.

- Regiões Administrativas; Subdistritos e Zonas: São unidades administrativas

municipais, normalmente estabelecidas nas grandes cidades, citadas através de leis ordinárias das

Câmaras Municipais e sancionadas pelo Prefeito.

- Área Urbana: Área interna ao perímetro urbano de uma cidade ou vila, definida por lei

municipal.

- Área Rural: Área de um município externa ao perímetro urbano.

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- Área Urbana Isolada: Área definida per lei municipal e separada da sede municipal ou

distrital por área rural ou por um outro limite legal.

- Setor Censitário: É a unidade territorial de coleta, formada por área contínua, situada

em um único Quadro Urbano ou Rural, com dimensões e número de domicílio ou de

estabelecimentos que permitam o levantamento das informações por um único agente

credenciado. Seus limites devem respeitar os limites territoriais legalmente definidos e os

estabelecidos pelo IBGE para fins estatísticos.

A atividade de atualizar a DPA em vigor consiste em transcrevê-la para o mapeamento

topográfico e censitário. Para documentar a DPA se constituiu o Arquivo Gráfico Municipal -

AGM, que é composto pelas cartas, em escala topográfica, onde são lançados/representados os

limites segundo as leis de criação ou de alteração das Unidades Político Administrativas.

Figura 3.3 - Grandes Regiões do Brasil

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Figura 3.4 - Divisão Político-Administrativa

LOCALIDADES

Localidade é conceituada como sendo todo lugar do território nacional onde exista um

aglomerado permanente de habitantes.

Classificação e definição de tipos de Localidades:

1 - Capital Federal - Localidade onde se situa a sede do Governo Federal com os seus

poderes executivo, legislativo e judiciário.

2 - Capital - Localidade onde se situa a sede do Governo de Unidade Política da

Federação, excluído o Distrito Federal.

3 - Cidade - Localidade com o mesmo nome do Município a que pertence (sede municipal)

e onde está sediada a respectiva prefeitura, excluídos os municípios das capitais.

4 - Vila - Localidade com o mesmo nome do Distrito a que pertence (sede distrital) e onde

está sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos das sedes municipais.

5 - Aglomerado Rural - Localidade situada em área não definida legalmente como urbana e

caracterizada por um conjunto de edificações permanentes e adjacentes, formando área

continuamente construída, com arruamentos reconhecíveis e dispostos ao longo de uma via de

comunicação.

- Aglomerado Rural de extensão urbana - Localidade que tem as características

definidoras de Aglomerado Rural e está localizada a menos de 1 Km de distância da área urbana

de uma Cidade ou Vila. Constitui simples extensão da área urbana legalmente definida.

Aglomerado Rural isolado - Localidade que tem as características definidoras de

Aglomerado Rural e está localizada a uma distância igual ou superior a 1 Km da área urbana de

uma Cidade, Vila ou de um Aglomerado Rural já definido como de extensão urbana.

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Povoado - Localidade que tem a característica definidora de Aglomerado Rural Isolado e

possui pelo menos 1 (um) estabelecimento comercial de bens de consumo freqüente e 2 (dois)

dos seguintes serviços ou equipamentos: 1 (um) estabelecimento de ensino de 1º grau em

funcionamento regular, 1 (um) posto de saúde com atendimento regular e 1 (um) templo

religioso de qualquer credo. Corresponde a um aglomerado sem caráter privado ou empresarial

ou que não está vinculado a um único proprietário do solo, cujos moradores exercem atividades

econômicas quer primárias, terciárias ou, mesmo secundárias, na própria localidade ou fora dela.

- Núcleo - Localidade que tem a característica definidora de Aglomerado Rural Isolado e

possui caráter privado ou empresarial, estando vinculado a um único proprietário do solo

(empresas agrícolas, indústrias, usinas, etc.).

Lugarejo - Localidade sem caráter privado ou empresarial que possui característica

definidora de Aglomerado Rural Isolado e não dispõe, no todo ou em parte, dos serviços ou

equipamentos enunciados para povoado.

Propriedade Rural - Todo lugar em que se encontre a sede de propriedade rural, excluídas

as já classificadas como Núcleo.

Local - Todo lugar que não se enquadre em nenhum dos tipos referidos anteriormente e

que possua nome pelo qual seja conhecido.

Aldeia - Localidade habitada por indígenas.

São representadas, conforme a quantidade de habitantes em nº absolutos pelo seguinte esquema:

Figura 3.5 - Localidades (Carta topográfica esc. 1:250.000)

Variando de acordo com a área, o centro urbano é representado pela forma generalizada dos

quarteirões, que compõem a área urbanizada construída. A área edificada, que é representada na

carta topográfica pela cor rosa, dá lugar, fora da área edificada, a pequenos símbolos quadrados

em preto, representando o casario. Na realidade, um símbolo tanto pode representar uma casa

como um grupo de casas, conforme a escala.

Na carta topográfica, dentro da área edificada, é representado todo edifício de notável

significação local como prefeitura, escolas, igrejas, hospitais, etc., independentemente da escala.

Conforme a escala, representa-se a área edificada por simbologia correspondente.

Outras construções como barragem, ponte, aeroporto, farol, etc., têm símbolos especiais

quase sempre associativos.

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Figura 3.6 (a, b, c, d) - Uma mesma localidade representada em várias escalas.

ÁREAS ESPECIAIS

Área especial é a área legalmente definida subordinada a um órgão público ou privado,

responsável pela sua manutenção, onde se objetiva a conservação ou preservação da fauna, flora

ou de monumentos culturais, a preservação do meio ambiente e das comunidades indígenas.

Principais tipos de Áreas Especiais:

- Parques Nacional, Estadual e Municipal

- Reservas Ecológicas e Biológicas

- Estações Ecológicas

- Reservas Florestais ou Reservas de Recursos

- Áreas de Relevante Interesse Ecológico

- Áreas de Proteção Ambiental

- Áreas de Preservação Permanente

- Monumentos Naturais e Culturais

- Áreas, Colônias, Reservas, Parques e Terras Indígenas.

SISTEMA VIÁRIO

No caso particular das rodovias, sua representação em carta não traduz sua largura real

uma vez que a mesma rodovia deverá ser representada em todas as cartas topográficas desde a

escala 1:250.000 até 1:25.000 com a utilização de uma convenção. Assim sendo, a rodovia será

representada por símbolos que traduzem o seu tipo, independente de sua largura física. As

rodovias são representadas por traços e/ou cores e são classificadas de acordo com o tráfego e a

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pavimentação. Essa classificação é fornecida pelo DNER e DERs, seguindo o Plano Nacional de

Viação (PNV).

Uma ferrovia é definida como sendo qualquer tipo de estrada permanente, provida de

trilhos, destinada ao transporte de passageiros ou carga. Devem ser representadas tantas

informações ferroviárias quanto o permita a escala do mapa, devendo ser classificadas todas as

linhas férreas principais. São representadas na cor preta e a distinção entre elas é feita quanto à

bitola. São representados ainda, os caminhos e trilhas.

As rodovias e ferrovias são classificadas da seguinte forma:

Figura 3.7 - Vias de Circulação (Carta topográfica esc. 1:100.000)

LINHAS DE COMUNICAÇÃO E OUTROS ELEMENTOS PLANIMÉTRICOS

As linhas de comunicação resumem-se à linha telegráfica ou telefônica e às linhas de

energia elétrica (de alta ou baixa tensão).

No rodapé das cartas topográficas constam ainda outros elementos:

Figura 3.8 - Linhas de comunicação e outros elementos planimétricos

(Carta topográfica esc. 1:100.000)

LINHAS DE LIMITE

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Em uma carta topográfica é de grande necessidade a representação das divisas

interestaduais e intermunicipais, uma vez que são cartas de grande utilidade principalmente para

uso rural. Na carta em 1:25.000 é possível a representação de divisas distritais, o que não

acontece nas demais escalas topográficas.

Numa carta geográfica, a CIM, por exemplo, só há possibilidade do traçado dos limites

internacionais e interestaduais.

Conforme as áreas, são representadas certas unidades de expressão administrativa, cultural,

etc., como reservas indígenas, parque nacionais e outros.

Figura 3.9 - Linhas de Limites (Carta topográfica esc. 1:250.000)

ALTIMETRIA

ASPECTO DO RELEVO

A cor da representação da altimetria do terreno na carta é, em geral, o sépia. A própria

simbologia que representa o modelado terrestre (as curvas de nível) é impressa nessa cor. Os

areais representados por meio de um pontilhado irregular também são impressos, em geral, na

cor sépia.

À medida que a escala diminui, acontece o mesmo com os detalhes, mas a correspondente

simbologia tende a ser tornar mais complexa. Por exemplo, na Carta Internacional do Mundo ao

Milionésimo (CIM), o relevo, além das curvas de nível, é representado por cores hipsométricas,

as quais caracterizam as diversas faixas de altitudes.

Também os oceanos além das cotas e curvas batimétricas, têm a sua profundidade

representada por faixas de cores batimétricas.

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Figura 3.10 - Escala de cores Hipsométrica e Batimétrica (CIM)

A representação das montanhas sempre constituiu um sério problema cartográfico, ao

contrário da relativa facilidade do delineamento dos detalhes horizontais do terreno.

O relevo de uma determinada área pode ser representado das seguintes maneiras: curvas de

nível, perfis topográficos, relevo sombreado, cores hipsométricas, etc.

As cartas topográficas apresentam pontos de controle vertical e pontos de controle vertical

e horizontal, cota comprovada e cota não comprovada, entre outros.

Figura 3.11 - Elementos altimétricos (Carta topográfica esc. 1:100.000)

Ponto Trigonométrico - Vértice de Figura cuja posição é determinada com o levantamento

geodésico.

Referência de nível - Ponto de controle vertical, estabelecido num marco de caráter

permanente, cuja altitude foi determinada em relação a um DATUM vertical. É em geral

constituído com o nome, o nº da RN, a altitude e o nome do órgão responsável.

Ponto Astronômico - O que tem determinadas às latitudes, longitudes e o azimute de uma

direção e que poderá ser de 1ª, 2ª ou 3ª ordens.

Ponto Barométrico - Tem a altitude determinada através do uso de altímetro.

Cota não Comprovada - Determinada por métodos de levantamento terrestre não

comprovado. É igualmente uma altitude determinada por leitura fotogramétrica repetida.

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Cota Comprovada - Altitude estabelecida no campo, através de nivelamento geométrico

de precisão, ou qualquer método que assegure a precisão obtida.

CURVAS DE NÍVEL

O método, por excelência, para representar o relevo terrestre, é o das curvas de nível,

permitindo ao usuário, ter um valor aproximado da altitude em qualquer parte da carta.

A curva de nível constitui uma linha imaginária do terreno, em que todos os pontos de

referida linha têm a mesma altitude, acima ou abaixo de uma determinada superfície da

referência, geralmente o nível médio do mar.

Com a finalidade de ter a leitura facilitada, adota-se o sistema de apresentar dentro de um

mesmo intervalo altimétrico, determinadas curvas, mediante um traço mais grosso. Tais curvas

são chamadas "mestras", assim como as outras, denominam-se "intermediárias". Existem ainda

as curvas "auxiliares".

Figura 3.12 - Curvas de Nível

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:

a) As curvas de nível tendem a ser quase que paralelas entre si.

b) Todos os pontos de uma curva de nível se encontram na mesma elevação.

c) Cada curva de nível fecha-se sempre sobre si mesma.

d) As curvas de nível nunca se cruzam, podendo se tocar em saltos d'água ou despenhadeiros.

e) Em regra geral, as curvas de nível cruzam os cursos d'água em forma de "V", com o vértice

apontando para a nascente.

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FORMAS TOPOGRÁFICAS

A natureza da topografia do terreno determina as formas das curvas de nível. Assim, estas

devem expressar com toda fidelidade o tipo do terreno a ser representado.

As curvas de nível vão indicar se o terreno é plano, ondulado, montanhoso ou se o mesmo é

liso, íngreme ou de declive suave.

Figura 3.13 - Formação escarpada e suave

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REDE DE DRENAGEM

A rede de drenagem controla a forma geral da topografia do terreno e serve de base para o

traçado das curvas de nível. Desse modo, antes de se efetuar o traçado dessas curvas, deve-se

desenhar todo o sistema de drenagem da região, para que possa representar as mesmas.

- Rio: Curso d‟água natural que deságua em outro rio, lago ou mar. Os rios levam as águas

superficiais, realizando uma função de drenagem, ou seja, escoamento das águas. Seus cursos

estendem-se do ponto mais alto (nascente ou montante) até o ponto mais baixo (foz ou jusante),

que pode corresponder ao nível do mar, de um lago ou de outro rio do qual é afluente.

De acordo com a hierarquia e o regionalismo, os cursos d‟água recebem diferentes nomes

genéricos: ribeirão, lajeado, córrego, sanga, arroio, igarapé, etc.

- Talvegue: Canal de maior profundidade ao longo de um curso d‟água.

- Vale: Forma topográfica constituída e drenada por um curso d‟água principal e suas

vertentes.

- Bacia Hidrográfica: "Conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes".

É resultante da reunião de dois ou mais vales, formando uma depressão no terreno, rodeada

geralmente por elevações. Uma bacia se limita com outra pelo divisor de águas.

Cabe ressaltar que esses limites não são fixos, deslocando-se em conseqüência das

mutações sofridas pelo relevo.

- Divisor de Águas: Materializa-se no terreno pela linha que passa pelos pontos mais

elevados do terreno e ao longo do perfil mais alto entre eles, dividindo as águas de um e outro

curso d‟água. É definido pela linha de cumeeira que separa as bacias.

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- Lago: Depressão do relevo coberta de água, geralmente alimentada por cursos d‟água e

mananciais que variam em número, extensão e profundidade.

- Morro: Elevação natural do terreno com altura de até 300 m aproximadamente.

- Montanha: Grande elevação natural do terreno, com altura superior a 300 m, constituída

por uma ou mais elevações.

- Serra: Cadeia de montanhas. Muitas vezes possui um nome geral para todo o conjunto e

nomes locais para alguns trechos.

- Encosta ou vertente: Declividade apresentada pelo morro, montanha ou serra.

- Pico: Ponto mais elevado de um morro, montanha ou serra.

EQÜIDISTÂNCIA

Na representação cartográfica, sistematicamente, a eqüidistância entre uma determinada

curva e outra tem que ser constante.

Eqüidistância é o espaçamento, ou seja, a distância vertical entre as curvas de nível. Essa

eqüidistância varia de acordo com a escala da carta com o relevo e com a precisão do

levantamento.

Só deve haver numa mesma escala, duas alterações quanto à eqüidistância. A primeira é

quando, numa área predominantemente plana, por exemplo, a Amazônia, precisa-se ressaltar

pequenas altitudes, que ali são de grande importância. Estas são as curvas auxiliares. No segundo

caso, quando o detalhe é muito escarpado, deixa-se de representar uma curva ou outra porque

além de sobrecarregar a área dificulta a leitura.

Imprescindível na representação altimétrica em curvas de nível é a colocação dos valores

quantitativos das curvas mestras.

ESCALA EQÜIDISTÂNCIA CURVAS MESTRAS

1: 25.000 10 m 50 m

1: 50.000 20 m 100 m

1: 100.000 50 m 250 m

1: 250.000 100 m 500 m

1: 1.000.000 100 m 500 m

OBS: 1) A curva mestra é a quinta (5ª) curva dentro da eqüidistância normal.

2) Eqüidistância não significa a distância de uma curva em relação à outra, e sim a altitude

entre elas, ou seja, o desnível entre as curvas.

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Figura 3.16 - Identificação das Curvas mestras

CORES HIPSOMÉTRICAS

Nos mapas em escalas pequenas, além das curvas de nível, adotam-se para facilitar o

conhecimento geral do relevo, faixas de determinadas altitudes em diferentes cores, como o

verde, amarelo, laranja, sépia, rosa e branco.

Para as cores batimétricas usa-se o azul, cujas tonalidades crescem no sentido da

profundidade (Figura 3.10).

RELEVO SOMBREADO

O sombreado executado diretamente em função das curvas de nível é uma modalidade de

representação do relevo.

É executada, geralmente, à pistola e nanquim e é constituída de sombras contínuas sobre

certas vertentes dando a impressão de saliências iluminadas e reentrâncias não iluminadas.

Para executar-se o relevo sombreado, imagina-se uma fonte luminosa a noroeste, fazendo

um ângulo de 45º com o plano da carta, de forma que as sombras sobre as vertentes fiquem

voltadas para sudeste.

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Figura 3.17 - Representação do Relevo Sombreado

PERFIL TOPOGRÁFICO

Perfil é a representação cartográfica de uma seção vertical da superfície terrestre.

Inicialmente precisa-se conhecer as altitudes de um determinado nº de pontos e a distância entre

eles.

O primeiro passo, para o desenho de um perfil é traçar uma linha de corte, na direção onde

se deseja representa-lo. Em seguida, marcam-se todas as interseções das curvas de nível com a

linha básica, as cotas de altitude, os rios, picos e outros pontos definidos. (fig 3.18)

ESCALAS

Tanto a escala horizontal como a vertical, serão escolhidas em função do uso que se fará do

perfil e da possibilidade de representa-lo (tamanho do papel disponível).

A escala vertical deverá ser muito maior que a horizontal, do contrário, as variações ao

longo do perfil dificilmente serão perceptíveis, por outro lado, sendo a escala vertical muito

grande o relevo ficaria demasiadamente exagerado, descaracterizando-o. A relação entre as

escalas horizontal e vertical é conhecida como exagero vertical.

Para uma boa representação do perfil, pode-se adotar para a escala vertical um nº 5 a 10

vezes maior que a escala horizontal.

Assim, se H = 50.000 e V = 10.000, o exagero vertical será igual a 5.

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DESENHO

Em um papel milimetrado traça-se uma linha básica e transfere-se com precisão os sinais

para essa linha.

Levantam-se perpendiculares no princípio e no fim dessa linha e determina-se uma escala

vertical.

Quer seguindo-se a linha vertical do milimetrado quer, levantando-se perpendiculares dos

sinais da linha-base, marca-se a posição de cada ponto correspondente na escala vertical. Em

seguida, todos os pontos serão unidos com uma linha, evitando-se traços retos.

Alguns cuidados devem ser tomados na representação do perfil:

- Iniciar e terminar com altitude exata.

- Distinguir entre subida e descida quando existir duas curvas de igual valor.

- Desenhar cuidadosamente o contorno dos picos, se achatados ou pontiagudos.

Figura 3.18 - Perfil topográfico

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PROCESSO CARTOGRÁFICO

Mapeamento: Entende-se por mapeamento a aplicação do processo cartográfico sobre uma

coleção de dados ou informações, com vistas à obtenção de uma representação gráfica da

realidade perceptível, comunicada a partir da associação de símbolos e outros recursos gráficos

que caracterizam a linguagem cartográfica.

O planejamento de qualquer atividade que de alguma forma se relaciona com o espaço

físico que habitamos requer, inicialmente, o conhecimento deste espaço. Neste contexto, passa a

ser necessária alguma forma de visualização da região da superfície física do planeta, onde

desejamos desenvolver nossa atividade. Para alcançar este objetivo, lançamos mão do processo

cartográfico.

Partindo-se do conceito estabelecido pela ACI (vide 1.1), pode-se distinguir, no processo

cartográfico, três fases distintas: a concepção, a produção e a interpretação ou utilização. As três

fases admitem uma só origem, os levantamentos dos dados necessários à descrição de uma

realidade a ser comunicada através da representação cartográfica.

CONCEPÇÃO

Quando se chega à decisão pela elaboração de um documento cartográfico, seja uma carta,

um mapa ou um atlas, é porque a obra ainda não existe, ou existe e se encontra esgotada ou

desatualizada.

Para se elaborar um documento dessa natureza, é imprescindível uma análise meticulosa de

todas as características que definirão a materialização do projeto.

FINALIDADE

A identificação do tipo de usuário que irá utilizar um determinado documento cartográfico a

ser elaborado, ou que tipo de documento deverá ser produzido para atender a determinado uso é

que vai determinar se este será geral, especial ou temático, assim como a definição do sistema de

projeção e da escala adequada.

PLANEJAMENTO CARTOGRÁFICO

É o conjunto de operações voltadas à definição de procedimentos, materiais e

equipamentos, simbologia e cores a serem empregados na fase de elaboração, seja convencional

ou digital, de cartas e mapas gerais, temáticos ou especiais.

O planejamento cartográfico pressupõe, além da definição dos procedimentos, materiais,

equipamentos e convenções cartográficas, o inventário de documentos informativos e

cartográficos que possam vir a facilitar a elaboração dos originais cartográficos definitivos.

Após a decisão da necessidade da elaboração de um mapa, deve-se inventariar a melhor

documentação existente, sobre a área a ser cartografada.

No caso de carta básica, recorre-se à coleta de dados em campo (reambulação),

principalmente para levantar a denominação (toponímia) dos acidentes visando à

complementação dos trabalhos executados no campo.

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No caso do mapa compilado a documentação coletada terá vital importância na atualização

da base cartográfica compilada.

PRODUÇÃO

Aí estão incluídas todas as fases que compõem os diferentes métodos de produção. A

elaboração da carta ou mapa planejado terá início com a execução das mesmas.

MÉTODOS

AEROFOTOGRAMETRIA

A fotogrametria é a ciência que permite executar medições precisas utilizando fotografias

métricas. Embora apresente uma série de aplicações nos mais diferentes campos e ramos da

ciência, como na topografia, astronomia, medicina, meteorologia e tantos outros, tem sua maior

aplicação no mapeamento topográfico.

Tem por finalidade determinar a forma, dimensões e posição dos objetos contidos numa

fotografia, através de medidas efetuadas sobre a mesma.

Inicialmente a fotografia tinha a única finalidade de determinar a posição dos objetos, pelo

método das interseções, sem observar ou medir o relevo, muito embora desde 1732 se

conhecessem os princípios da estereoscopia; o emprego desta tornou possível apenas observar

(sem medir), o relevo do solo contido nas fotografias analisadas estereoscopicamente.

Em 1901, o alemão Pulfrich, apoiando-se em princípios estabelecidos por Stolze, introduziu

na Fotogrametria o chamado índice móvel ou marca estereoscópica. Então, não só foi possível

observar o relevo, como medir as variações de nível do terreno.

Pulfrich construiu um primeiro aparelho que denominou "estereocomparador", e com ele

iniciou os trabalhos dos primeiros levantamentos com base na observação estereoscópica de

pares de fotografias utilizados em fotogrametria terrestre.

A partir de então uma série de outros aparelhos foram construídos e novos princípios foram

estabelecidos, porém, para tomada de fotografias era necessário que os pontos de estação que

referenciavam o terreno continuassem no solo, com todos os seus inconvenientes.

Ocorreu elevar ao máximo o ponto de estação, sendo utilizados balões, balões cativos e até

"papagaios". Durante a guerra de 1914 - 1918 tornou-se imperioso um maior aproveitamento da

fotogrametria, usando-se, para tomada de fotografias, pontos de estação sempre mais altos.

Com o advento da aviação desenvolveram-se câmaras especiais para a fotografia aérea,

substituindo quase que inteiramente a fotogrametria terrestre, a qual ficou restrita apenas a

algumas regiões. Quando são utilizadas fotografias aéreas, tem-se a aerofotogrametria.

Assim, aerofotogrametria é definida como a ciência da elaboração de cartas mediante

fotografias aéreas tomadas com câmara aerotransportadas (eixo ótico posicionado na vertical),

utilizando-se aparelhos e métodos estereoscópicos.

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VÔO FOTOGRAMÉTRICO

É realizado após um completo planejamento da operação, que é resultante de um estudo

detalhado com todas as especificações sobre o tipo de cobertura a ser executado.

A tomada das fotografias aéreas obedece a um planejamento meticuloso e uma série de

medidas são adotadas para que se possa realizar um vôo de boa qualidade. É necessário consultar

o mapa climatológico para conhecimento do mês e dias favoráveis à realização do vôo

fotogramétrico.

Um projeto de recobrimento é um estudo detalhado, com todas as especificações sobre o tipo

de cobertura, por exemplo:

Condições naturais da região:

- Local a ser fotografado

- Área a fotografar

- Dimensões da área

- Relevo

- Regime de ventos

- Altitude média do terreno

- Variação de altura do terreno

- Mês para execução do vôo

- Nº de dias favoráveis ao vôo

Apoio logístico:

- Transporte

- Hospitais

- Alimentação

Condições técnicas (base e aeronave):

- Base de operação

- Alternativa de pouso

- Recursos na base

- Modelo da aeronave

- Autonomia

- Teto de serviço operacional

- Velocidade média de cruzeiro

- Tripulação

Condições técnicas (plano de vôo):

- Altura de vôo

- Altitude de vôo

- Escala das fotografias

- Superposição longitudinal

- Superposição lateral

- Câmara aérea

- Tipo e quantidade de filme empregado5

- Rumo das faixas

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- Nº de faixas e nº de fotos

- Velocidade máxima (arrastamento)

- Tempo de exposição ideal

- Intervalo de exposição

- Distância entre faixas

- Base das fotos

OBS: As fotografias aéreas devem ser tomadas sempre com elevação do sol superior a 30º,

em dias claros, nos quais as condições climáticas sejam tais que permitam fazer-se negativos

fotográficos claros e bem definidos, isto é, bem contrastados.

FOTOGRAMA

É a fotografia obtida através de câmaras especiais, cujas características óticas e geométricas

permitem a retratação acurada dos dados do terreno, de forma que os pormenores topográficos e

planimétricos possam ser identificados e projetados na carta, bem como forneçam elementos

para a medição das relações entre as imagens e suas posições reais, tais como existiam no

momento da exposição. O termo é empregado genericamente, tanto para os negativos originais,

como para as cópias e diapositivos. Por extensão pode também ser aplicado à tradução

fotográfica dos dados obtidos por outros sensores remotos que não a câmara fotográfica. O

formato mais usual é o de 23 x 23 cm.

Uma carta topográfica é um desenho do terreno, em que os acidentes e detalhes são

representados por símbolos convencionais. Uma fotografia aérea é um retrato da superfície da

terra, em que esses acidentes e detalhes aparecem como são vistos da aeronave. As duas

maneiras, embora diferentes, representam a mesma coisa.

Classificação das imagens;

a) Quanto à estação de tomada das fotos

Fotografias aéreas: São tomadas a partir de aeronaves

Fotografias ou imagens orbitais: São tomadas em plataformas a nível orbital. Por exemplo,

as obtidas pelo laboratório espacial SKYLAB, utilizadas para fotointerpretação e fins militares e

satélites orbitais com uma grande variedade de sensores (faixa do visível, infravermelho,

microondas, etc.).

Fotografias terrestres: São tomadas a partir de estações sobre o solo. Utilizadas para

recuperação de obras arquitetônicas e levantamento de feições particulares do terreno, como

pedreiras, encostas, etc.

b) Quanto à orientação do eixo da câmara/sensor

Fotografia aérea ou imagem vertical: São assim denominadas aquelas cujo eixo principal

é perpendicular ao solo. Na prática tal condição não é rigorosamente atingida em conseqüência

das inclinações da aeronave durante o vôo. Esta não deve exceder a 3%, limite geralmente aceito

para classificar-se uma fotografia como vertical.

Fotografia aérea ou imagem oblíqua: São tomadas com o eixo principal inclinado. Seu

uso restringe-se mais a fotointerpretação e a estudos especiais em áreas urbanas. Subdividem-se

em baixa oblíqua e alta oblíqua.

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Fotografia terrestre horizontal: É aquela cujo eixo principal é horizontal.

Fotografia terrestre oblíqua: quando o eixo principal é inclinado.

c) Quanto à característica do filme/sensor

Imagens pancromáticas: São as de uso mais difundido, prestando-se tanto para

mapeamento quanto para fotointerpretação.

Imagens infravermelhas: Indicadas para mapeamento em áreas cobertas por densa

vegetação, ressaltando as águas e, devido a isso, diferenciando áreas secas e úmidas.

Imagens coloridas ou multiespectrais: Além da cartografia se aplica a estudos de uso da

terra, estudos sobre recursos naturais, meio ambiente, etc.

As fotografias aéreas têm como aplicação principal, em cartografia, o mapeamento através

da restituição fotogramétrica, sendo utilizadas também em fotointerpretação.

Fotointerpretação: É a técnica de analisar imagens fotográficas com a finalidade de

identificar e classificar os elementos naturais e artificiais e determinar o seu significado.

Existem diferentes tipos de imagem, sendo a fotografia aérea apenas um dos vários tipos

resultantes do sensoriamento remoto, o qual inclui também imagem de radar (microondas) e

imagens orbitais (pancromáticas, coloridas, termais e infravermelhas).

CÂMARAS FOTOGRAMÉTRICAS

As câmaras aerofotogramétricas subdividem-se em dois grandes grupos, classificados

quanto ao seu uso e objetivos, a saber:

a) Câmaras terrestres

b) Câmaras aéreas

Ambos os tipos executam a mesma função fundamentalmente; entretanto, possuem

diferenças acentuadas, dentre as quais as mais importantes são:

1º) A câmara terrestre, permanecendo estacionária durante a exposição, não necessita de

grande velocidade na tomada da fotografia, assim sendo, não precisa de um sistema obturador

muito sofisticado.

2º) A câmara aérea, ao contrário, se desloca durante a exposição, necessitando de objetivas

adequadas, obturadores de alta velocidade e filmes de emulsão ultra-rápida, reduzindo a um

mínimo o tempo de exposição, sem prejudicar a qualidade da imagem.

Classificam-se ainda as câmaras aéreas de acordo com o ângulo que abrange a diagonal do

formato, ângulo este que define a cobertura proporcionada pela câmara:

- Ângulo normal: até 75º - Para abranger uma área a uma determinada altura de vôo.

- Grande angular: de 75º até 100º - A altura de vôo será menor, com menor distância focal

(f).

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- Supergrande angular: maior que 100º - A altura de vôo e a distância focal serão ainda

menores.

Também são classificadas pela distância focal da objetiva:

- Curta: até 150 mm

- Normal: de 150 a 300 mm

- Longa: acima de 300 mm

ESCALA FOTOGRÁFICA

A escala fotográfica é definida como sendo a relação entre um comprimento de uma linha

na fotografia e a sua correspondente no terreno.

Figura 4.1. - Geometria básica de uma fotografia aérea

Considerando a Figura, nota-se que os raios de luz refletidos do terreno passam pelo eixo

ótico da lente. O eixo ótico e o plano do negativo são perpendiculares, assim como o eixo ótico e

o plano do terreno. Desta forma, o ponto principal da fotografia e o ponto Nadir representam o

mesmo ponto.

Pode-se afirmar que os triângulos NOA e noa são semelhantes, assim, pode-se calcular a

escala da fotografia usando essa semelhança de triângulos. Existem três elementos: a medida na

foto, a medida no terreno e a escala conhecida ou a determinar.

A escala mantém a seguinte relação com os triângulos semelhantes:

E = na = oa = no

NA OA NO

Onde:

AN = distância real

an = distância na fotografia

NO = altura de vôo = H

no = distância focal = f

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Assim, a escala da fotografia pode ser determinada conhecendo-se a distância focal e a altura de

vôo.

E = no = f

NO H

Ou ainda através de uma distância na fotografia entre dois pontos a e b quaisquer e a sua

respectiva medida no terreno.

E = ab

AB

Exemplo: Em um recobrimento aéreo, a uma altura de vôo igual a 6.000 m, utilizando-se uma

câmara com distância focal de 100 mm, a escala da fotografia será:

E = f = 100 mm = 1

H 6.000.000mm 60.000

COBERTURA FOTOGRÁFICA

É a representação do terreno através de fotografias aéreas, as quais são expostas

sucessivamente, ao longo de uma direção de vôo. Essa sucessão é feita em intervalo de tempo tal

que, entre duas fotografias haja uma superposição longitudinal de cerca de 60%, formando uma

faixa. Nas faixas expostas, paralelamente, para compor a cobertura de uma área é mantida uma

distância entre os eixos de vôo de forma que haja uma superposição lateral de 30% entre as

faixas adjacentes. Alguns pontos do terreno, dentro da zona de recobrimento, são fotografados

várias vezes em ambas as faixas.

Figura 4.2 - Vôo fotogramétrico

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Figura 4.4 - Recobrimento lateral

Figura 4.5 - Perspectiva de 04 faixas de vôo

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O recobrimento de 60% tem como objetivo evitar a ocorrência de "buracos" (área sem

fotografar) na cobertura. Estes podem ocorrer principalmente devido às oscilações da altura de

vôo e da ação do vento.

Figura 4.6 - Recobrimento com a ocorrência de deriva e desvio

Figura 4.7 - Efeitos da deriva e desvio

GLOSSÁRIO CARTOGRÁFICO

Aceleração da Gravidade - Força resultante da atração gravitacional da massa da Terra e da

força centrífuga de sua rotação, exercida sobre um elemento de massa. Varia de acordo com a

posição na superfície, devido à rotação, à topografia e às variações da densidade interna da Terra.

Açude - Pequeno reservatório de água natural ou artificial.

Aerofotogrametria - Vide Fotogrametria.

Altimetria - Conjunto de processos que objetivam a determinação da altitude de uma dada

estação geodésica.

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Altitude - Distância vertical a partir de um referencial, geralmente o nível médio dos mares, ao

ponto considerado. As altitudes obtidas pelo rastreio de satélites artificiais têm como referência

um elipsóide, sendo, por isso, geométricas.

Altura - Distância vertical entre um ponto e um plano de referência, que em geral é a superfície

terrestre.

Altura Geoidal - Afastamento entre o elipsóide de referência e o geóide, contado sobre a

normal ao elipsóide que passa pelo ponto.

Aluvião - Denominação genérica para englobar depósitos detríticos recentes, de natureza fluvial

ou lacustre, constituídos por cascalhos, areias, siltes e argilas, transportados e depositados por

correntes, sobre planícies de inundação e no sopé de muitas escarpas.

Área - Quantidade projetada, em um plano horizontal dentro dos limites de um polígono. É todo

agregado de espaços planos a serem considerados num estudo ou pesquisa.

Banco de Areia - Acúmulo de sedimentos (areia e cascalho) depositados no leito de um rio,

constituindo obstáculo ao escoamento e à navegação.

Carta - É a representação de uma porção da superfície terrestre no plano, geralmente em escala

média ou grande, oferecendo-se a diversos usos, como por exemplo, a avaliação precisa de

distâncias, direções e localização geográfica dos aspectos naturais e artificiais, podendo ser

subdividida em folhas, de forma sistemática em consonância a um plano nacional ou

internacional.

Cartografia - É um conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo

como base os resultados de observações diretas ou a análise de documentação já existente, visa a

elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão gráfica ou representação de objetos,

elementos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos, bem como sua utilização.

Cartograma - É um esquema representativo de uma superfície ou parte dela, sobre a qual são

apresentadas informações quantitativas e qualitativas, de eventos geográficos, cartográficos e

socioeconômicos.

CONCAR - Comissão Nacional de Cartografia vinculada ao poder Executivo Federal, que

congrega as entidades do Sistema Cartográfico Nacional - SCN cuja principal função é

coordenar a elaboração da Política Cartográfica Nacional.

Coordenadas Geográficas - São valores numéricos através dos quais podemos definir a

posição de um ponto na superfície da Terra, tendo como ponto de origem para as latitudes o

Equador e o meridiano de Greenwich para a origem das longitudes.

Datum - Sistema de referência para as coordenadas geodésicas e aceleração da gravidade. No

caso da planimetria o datum do Sistema Geodésico Brasileiro é South American Datum - SAD-

69; para a altimetria, Imbituba; para a gravimetria, Rede Gravimétrica Fundamental Brasileira.

EG - Ver Estação gravimétrica

Elipsóide - Figura matemática mais adequada à representação da forma da Terra em função da

simplificação dos cálculos e da boa aproximação relativa à sua forma real. Ver também Geóide.

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EP - Ver Estação de poligonal

Escala - Relação entre as dimensões dos elementos representados em um mapa, carta, fotografia

ou imagem e as correspondentes dimensões no terreno.

Escala Cartográfica - Relação matemática entre as dimensões dos elementos no desenho e no

terreno.

Escala Gráfica - É a representação gráfica da escala numérica sob a forma de uma linha

graduada, na qual a relação entre as distâncias reais e as representadas nos mapas, cartas ou

outros documentos cartográficos é dada por um segmento de reta em que uma unidade medida na

reta corresponde a uma determinada medida real.

Escala Numérica - É a escala de um documento cartográfico (Mapa, Carta ou Planta) expressa

por uma fração ou proporção, a qual correlaciona a unidade de distância do documento à

distância medida na mesma unidade no terreno.

Ex: 1:100.000 - Lê-se 1 por 100.000.

Significa que 1cm no documento equivale a 100.000 cm no terreno, ou seja, 1000m ou 1Km.

Quando se conhece a escala numérica pode-se calcular as distâncias reais utilizando-se as

expressões:

D = d x N \ N = D / d \ d = D / N

D = Distância real

d = Distância no documento

E = Escala = 1 / N

Um elemento de 15cm no documento cartográfico elaborado na escala 1:50.000 terá que

dimensão no terreno?

E = 1/ 50.000 = 1/N

d = 15

D = d x N

D = 15 x 50000 = 7,50000 = 7,5Km

Um elemento de 7,5 Km no terreno será representado num documento cartográfico na escala de

1:50000 com que dimensão?

E= 1 / N = 1 / 50.000

D = 7,5 Km = 7 500 m = 750000cm

d= D / N = 750 000 / 50 000 = 15 cm

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Qual a escala de um documento cartográfico na qual um elemento com 7,5 Km no terreno é

representado por 15 cm?

D = 7,5 Km = 750.000cm

d = 15 cm

N= D/d = 750 000 / 15 = 50 000

E = 1 / N = 1 / 50 000

Superfície do solo.

Estação à satélite - Estação geodésica tridimensional determinada através de técnicas de

rastreamento de satélites artificiais.

Estação de Poligonal - Estação geodésica planimétrica determinada através do método de

poligonação geodésica.

Estação Geodésica - Ponto da superfície terrestre, materialmente definido por um marco, chapa

ou pino, implantado em terreno sólido e estável, cujas coordenadas geodésicas e aceleração da

gravidade foram determinadas através de levantamentos geodésicos adequados. Devido à sua

importância e elevado custo de determinação, as estações geodésicas são protegidas por lei.

Estação Gravimétrica - Estação geodésica cuja principal determinação é a aceleração da

gravidade.

Estação Maregráfica - Conjunto de instrumentos e instalações destinados à observação do nível

do mar. A Geodésia utiliza as estações maregráficas para a determinação do nível médio do mar.

Estereoscopia - É a ilusão de ótica produzida quando observamos documentos que dentro de

uma determinada condição de superposição de áreas, através de lentes apropriadas, fornece-nos a

sensação de tridimensionalidade.

É a ciência que trata com modelos tridimensionais e os métodos pelos quais este efeito se

produz.

Estereoscópio - Instrumento destinado ao exame de pares de fotografias ou imagens vistas de

pontos diferentes resultando numa impressão mental de uma visão tridimensional. Na sua

construção são utilizados lentes, espelhos e prismas.

Fotogrametria - (Geral) é a ciência que trata da obtenção de medições fidedignas de imagens

fotográficas.- (Mapeamento) é a ciência da elaboração de cartas topográficas que congrega

diversos processos e métodos matemáticos e físicos a partir de fotografias ou imagens aéreas ou

orbitais, utilizando-se instrumentos óticos-mecânicos sofisticados.

Fuso Horário - Convenção estabelecida que se refere a uma área abrangida por dois

meridianos, dentro da qual a hora é a mesma para todos os lugares nela inseridos. Cada fuso tem

em geral 15° de longitude, tendo como centro um meridiano cuja longitude é exatamente

divisível por 15.

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Geóide - Figura definida como a superfície eqüipotencial do campo de gravidade da Terra que

melhor se aproxima do nível médio dos mares, supostos homogêneos e em repouso. Embora

melhor descreva a forma física da Terra, o geóide se caracteriza por grande complexidade em

função da distribuição irregular de massas no interior da Terra e, conseqüentemente, por difícil

representação matemática, o que leva à adoção do elipsóide como forma matemática da Terra,

devido à simplificação decorrente de seu uso.

Gravimetria - Conjunto de processos destinados à determinação da aceleração da gravidade em

uma dada estação geodésica.

Greenwich

Nome da cidade inglesa, situada a leste de Londres, onde foi construído o Observatório Real, e

que desde 1884 é o meridiano origem para a definição das longitudes.

Hidrovia - Trecho navegável de um curso de água ou canal.

IGSN-71 - Ver International Gravity Standardization Net, 1971

Imbituba - Datum vertical do Sistema Geodésico Brasileiro, definido pelo nível médio do mar

no Porto de Imbituba (SC). Ver também Estação maregráfica.

ternational Gravity Standardization Net, 1971 - Rede gravimética mundial de referência, cujo

objetivo é garantir a homogeneidade das determinações gravimétricas em toda a Terra.

Jusante - Trecho de um curso de água, situado abaixo de um ponto de referência.

Laplace - Estação geodésica planimétrica determinada através de observações astronômicas de

alta precisão.

Latitude - É o ângulo formado pela normal, à superfície adotada para a Terra, que passa pelo

ponto considerado e a reta correspondente à sua projeção no Plano do Equador. A latitude

quando medida no sentido do Pólo Norte é chamada Latitude Norte ou Positiva. Quando medida

no sentido do Pólo Sul é chamada Latitude Sul ou Negativa. Sua variação é:

O° a 9O°N ou O° a + 90°

O° a 9O°S ou O° a - 90°

Leste - Um dos pontos cardeais, o mesmo que este, nascente. - Ponto Cardeal situado à direita

do observador voltado para o Norte, Oriente, Nascente ou Levante.

Levantamento Aerofotogramétrico - Método de levantamento fotográfico que utiliza como

sensor uma câmera fotogramétrica instalada em aeronaves, para fotografar a área de interesse de

forma sistemática compondo faixas de fotos aéreas com especificações que permitam a

construção de modelos estereoscópicos.

Levantamento Geodésico - Ver com o DEGED

Limite - Linha materializada ou não, que demarca a fronteira entre duas áreas vizinhas. É

definido normalmente por lei de qualquer umas das instâncias da administração pública, federal,

estadual ou municipal.

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Linha de Limite - Linha divisória entre unidades territoriais ou parcela/áreas.

Longitude - Ângulo diedro formado pelos planos do Meridiano de Greenwich e do meridiano

que passa pelo ponto considerado. A longitude pode ser contada no sentido oeste, quando é

chamada Longitude Oeste de Greenwich (W Gr.) ou Negativa. Se contada no sentido este, é

chamada Longitude Este de Greenwich (E Gr.) ou Positiva.

Mapa - Representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos,

naturais, culturais e artificiais de toda a superfície (Planisfério ou Mapa Mundi), de uma parte

(Mapas dos Continentes) ou de uma superfície definida por uma dada divisão político-

administrativa (Mapa do Brasil, dos Estados, dos Municípios) ou por uma dada divisão

operacional ou setorial (bacias hidrográficas, áreas de proteção ambiental, setores censitários).

Mapa Geoidal - Meio através do qual se pode obter, aproximadamente, a altura ou ondulação

geoidal em dada estação geodésica.

Mapeamento - Conjunto de operações geodésicas, fotogramétricas, cartográficas e de

sensoriamento remoto, visando à edição de um ou de vários tipos de cartas e mapas de qualquer

natureza, como cartas básicas ou derivadas, cadastrais, topográficas, geográficas, especiais,

temáticas, etc.

Mapeamento Básico ou Sistemático - Conjunto de operações de mapeamento regular, e que se

destina à edição de cartas para a cobertura sistemática de um país ou região, e das quais outras

cartas ou mapas podem derivar-se.

Mapa Índice - Cartograma que contém informações sobre o recobrimento cartográfico do país

nas diversas escalas do mapeamento sistemático.

Meridiano - Linha de referência Norte - Sul, em particular o círculo máximo através dos pólos

geográficos da Terra, de onde as longitudes e os azimutes são determinados. São círculos

máximos que cortam a Terra em duas partes iguais de pólo a pólo, fazendo que todos os

meridianos se cruzam entre si, em ambos os pólos. O meridiano origem é o de GREENWICH

(0°)

Meridional - Relativo ao Sul, o mesmo que austral.

Ondulação Geoidal - Ver Altura Geoidal

Ocidental - Relativo ao ocidente

Ocidente - O lado oeste de referência.

Oeste - Ponto cardeal situado à esquerda do observador voltado para o Norte.

Oriental - Relativo ao Oriente.

Oriente - Lado onde nasce o sol, Nascente, Levante.

Paralelos - Círculos da superfície da Terra paralelos ao plano do Equador, os quais unem todos

os pontos da mesma latitude.

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Círculos que cruzam os meridianos perpendicularmente, isto é, em ângulos retos. Apenas um é

um círculo máximo, o Equador (0°), os outros tanto no hemisfério Norte quanto no hemisfério

Sul, vão diminuindo de tamanho à proporção que se afastam do Equador, até se transformarem

em cada pólo, num ponto (90°).

Planimetria - Conjunto de processos que visam à determinação de coordenadas geodésicas

horizontais de uma dada estação geodésica.

Rede Gravimétrica Fundamental Brasileira - Datum gravimétrico do Sistema Geodésico

Brasileiro conectado a International Gravity Standardization Net, 1971 e a estações

gravimétricas absolutas no território nacional.

Referência de Nível - Estação geodésica altimétrica determinada através de nivelamento

geométrico de alta precisão.

Representação Cartográfica - Representação gráfica de uma superfície, que obedece a

convenções e normas cartográficas preestabelecidas, geral ou parcial, em duas ou três

dimensões.(Terra, Planeta, Lua, Céu, etc.).

RGFB - Ver Rede Gravimétrica Fundamental Brasileira

RN - Ver Referência de nível

SAD-69 - Ver South American Datum, 1969

SAT - Ver Estação a satélite

Setentrional - Relativo ao Norte, Boreal.

Sistema Cartográfico - Conjunto de especificações que normalizam a organização de um grupo

coerente de cartas de um país ou região.

Sistema Cartográfico Nacional - Constituído por entidades nacionais, públicas e privadas.

Congrega as atividades cartográficas em todo Território nacional, previstas pelo Decreto-lei

número 243. Sistema Geodésico Brasileiro - conjunto de pontos geodésicos implantados na

porção da superfície terrestre delimitada pelas fronteiras do país, que são determinados por

procedimentos operacionais e coordenadas calculadas, segundo modelos geodésicos de precisão

compatível com as finalidades a que se destinam.

South American Datum, 1969 - Datum horizontal do Sistema Geodésico Brasileiro, definido no

Vértice de Triangulação Chuá (MG), com orientação para o Vértice de Triangulação Uberaba

(MG), tendo como superfície de referência o elipsóide recomendado pela União Geodésica e

Geofísica Internacional, 1967.

UGGI-67 - Ver União Geodésica e Geofísica Internacional, 1967.

União Geodésica e Geofísica Internacional, 1967. - Elipsóide usado no datum South American

Datum, 1969, recomendado na Assembléia Geral da União Geodésica e Geofísica Internacional

de 1967.

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Sensoriamento Remoto

RADIAÇÃO SOLAR

O Sol é a principal fonte de energia para todo o sistema solar e, devido à sua elevada

temperatura, gera uma grande quantidade de energia que é irradiada para todo o espaço.

Propagando-se pelo vácuo com uma velocidade próxima de 300.000 km/s a energia radiante,

também chamada radiação solar, atinge a Terra onde é em parte refletida de volta para o espaço

e em parte absorvida pelos objetos terrestres transformando-se em calor ou outras formas de

energia. Por exemplo, a radiação solar ao ser absorvida pela água do oceano se transforma em

calor que a faz evaporar formando as nuvens e estas, ao se precipitarem na forma de chuva

alimentam os reservatórios das usinas hidroelétricas; a água acumulada nos reservatórios contém

energia mecânica potencial que ao se precipitar através dos geradores da usina é transformada em

energia elétrica e então transportada (por fios elétricos) para outros lugares onde novas

transformações podem gerar luz, calor, acionar motores, etc. A energia radiante também pode ser

gerada na Terra por objetos aquecidos ou através de outros fenômenos físicos. Por exemplo, o

filamento de uma lâmpada se torna incandescente ao ser percorrido por uma corrente elétrica,

gera energia radiante, sob a forma de luz, que ilumina os objetos ao redor.

LUZ E RADIAÇÃO

Isaac Newton (1642-1727), um dos maiores cientistas de todos os tempos, provou que a

radiação solar poderia ser separada (dispersa) em um espectro colorido, como acontece num arco-

íris. Sua experiência, mostrou que a radiação solar visível (luz branca) é uma mistura de luzes de

cores diferentes. Experimentos realizados posteriormente mostraram que o espectro solar contém

outros tipos de radiação invisíveis, como a ultravioleta e a infravermelha (figura 1).

Figura 1. Dispersão da radiação solar.

Observe na figura 2 que ao agitar uma corda você transfere energia para ela e esta energia

se propaga formando ondas ao longo da mesma. Se você observar com cuidado verá que as ondas

que se formam tem uma geometria que se repete em ciclos de mesmo comprimento ao longo da

corda. Esse comprimento de onda depende da freqüência com que você agita a corda e também

da velocidade com que as ondas podem se propagar através dela (numa corda fina as ondas se

propagam mais rapidamente que numa grossa). Desta forma, uma propagação ondulatória de

energia pode ser caracterizada pelo comprimento ou freqüência das ondas que se formam. Para

produzir ondas curtas você precisa agitar a corda com freqüência mais alta, isto é, transferir mais

rapidamente energia para a corda; por isso, as ondas de comprimento de onda curto transportam

mais energia por segundo.

Diferente dos outros tipos de energia que dependem de um meio material (como a corda)

para se propagar de um lugar para outro, a energia radiante pode se deslocar através do vácuo;

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neste caso, os físicos dizem que a radiação se propaga através de um meio denominado campo

eletromagnético e, por isso, é também denominada radiação eletromagnética (REM).

Figura 2. Propagação da energia.

Os comprimentos de onda da radiação eletromagnética podem ser tão pequenos que são

medidos em sub-unidades como o nanometro (1nm = 0.000000001m) ou o micrometro (1mm =

0.000001m). Por outro lado as freqüências podem ser tão altas que são medidas em Gigahertz

(1Ghz = 1.000.000.000 de ciclos por segundo) ou Megahertz (1MHz = 1.000.000 de ciclos por

segundo).

Se organizarmos todo o nosso conhecimento sobre os diferentes tipos de radiação

eletromagnética, teremos um gráfico como o da figura 3, denominado EspectroEletromagnético,

que foi construído com base nos comprimentos de onda (ou freqüências) das radiações

conhecidas. O espectro está dividido em regiões ou bandas cujas denominações estão

relacionadas com a forma com que as radiações podem ser produzidas ou detectadas (com certeza

você já ouviu falar em muitos desses nomes, apenas não sabia que se tratavam de coisas da

mesma natureza).

Figura 3. O espectro eletromagnético.

Podemos destacar algumas bandas do espectro e suas características mais notáveis:

1. A pequena banda denominada luz compreende o conjunto de radiações para as quais o

sistema visual humano é sensível;

2. A banda do ultravioleta é formada por radiações mais energéticas que a luz (tem menor

comprimento de onda); é por isso que penetra mais profundamente na pele, causando

queimaduras quando você fica muito tempo exposto à radiação solar.

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3. A banda de raios X é mais energética que a ultravioleta e mais penetrante; isso explica

porque é utilizada em medicina para produzir imagens do interior do corpo humano.

4. As radiações da banda infravermelha são geradas em grande quantidade pelo Sol, devido

à sua temperatura elevada; entretanto podem também ser produzidas por objetos aquecidos

(como filamentos de lâmpadas).

5. O conjunto de radiações geradas pelo Sol, se estendem de 300 até cerca de 3000nm e essa

banda é denominada espectro solar.

LUZ E COR

O sistema visual do homem e dos animais terrestres é sensível a uma pequena banda de

radiações do espectro eletromagnético situada entre 400nm e 700nm e denominada luz.

Dependendo do comprimento de onda, a luz produz as diferentes sensações de cor que

percebemos. Por exemplo, as radiações da banda entre 400nm até 500nm, ao incidir em nosso

sistema visual, nos transmitem as várias sensações de azul e cian, as da banda entre 500nm e

600nm, as várias sensações de verde e as contidas na banda de 600nm a 700 nm, as várias

sensações de amarelo, laranja e vermelho.

Uma propriedade importante das cores é que estas podem ser misturadas para gerar novas

cores. Escolhendo três cores básicas (ou primárias) como o azul, o verde e o vermelho, a sua

mistura em proporções adequadas pode gerar a maioria das cores encontradas no espectro visível.

Como você pode ver na figura 4, os matizes formados podem ser agrupados em amarelo (Y),

cian (C) e magenta (M), este último não encontrado no espectro visível. A mistura das três cores

primárias forma o branco (W).

Figura 4. Mistura de cores.

ASSINATURAS ESPECTRAIS

Quando a radiação interage com um objeto, pode ser refletida, absorvida ou mesmo

transmitida (no caso de objetos transparentes). Em geral a parte absorvida é transformada em

calor ou em algum outro tipo de energia e a parte refletida se espalha pelo espaço. O fator que

mede a capacidade de um objeto de refletir a energia radiante indica a sua reflectância, enquanto

que a capacidade de absorver energia radiante é indicada pela sua absortância e, da mesma

forma, a capacidade de transmitir energia radiante é indicada pela sua transmitância. Certamente

um objeto escuro e opaco tem um valor baixo para a reflectância, alto para a absortância e nulo

para a transmitância. A reflectância, absortância e a transmitância costumam ser expressas em

percentagem (ou por um número entre 0 e 1).

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Podemos medir a reflectãncia de um objeto para cada tipo de radiação que compõe o

espectro eletromagnético e então perceber, através dessa experiência, que a reflectãncia de um

mesmo objeto pode ser diferente para cada tipo de radiação que o atinge. A curva a da figura 5

mostra como uma folha verde tem valores diferentes de reflectância para cada comprimento de

onda, desde o azul até o infravermelho próximo. Esse tipo de curva, que mostra como varia a

reflectância de um objeto para cada comprimento de onda, é denominada assinatura espectral e

depende das propriedades do objeto.

Figura 5. Assinaturas espectrais.

Analisando a assinatura espectral da folha verde na figura 5, podemos explicar as razões

para as variações encontradas: na banda visível (B, G e R), a pequena reflectância (maior

absortância) é produzida por pigmentos da folha (clorofila, xantofila e carotenos) enquanto que na

banda infravermelha (IR), a maior reflectância resulta da interação da radiação com a estrutura

celular superficial da folha. Duas características notáveis resultam dessa assinatura espectral: 1- a

aparência verde da fôlha, e por extensão da vegetação, está relacionada com a sua maior

reflectância nessa banda (G) e é produzida pela clorofila, 2- a elevada reflectância na banda

infravermelha (IR) está relacionada com os aspectos fisiológicos da folha e varia com o seu

conteúdo de água na estrutura celular superficial; por isso é um forte indicador de sua natureza,

estágio de desenvolvimento, sanidade, etc. Veja na curva b da mesma figura a assinatura espectral

de uma folha seca. Você seria capaz de explicar a razão das mudanças? Veja ainda nessa figura, a

curva c que mostra a assinatura espectral de uma amostra de solo; no caso do exemplo trata-se de

um tipo de solo contendo ferro e pouca matéria orgânica.

CÂMARAS DIGITAIS

Na figura 6, que mostra a estrutura do olho humano, você pode perceber como as imagens

dos objetos observados são formadas. Cada ponto do objeto reflete luz em todas as direções e

parte dessa luz refletida atinge o olho sendo focalizado pelo cristalino (uma lente orgânica) sobre

o fundo do olho numa região chamada retina. Desta forma, o conjunto de todos os pontos

projetados sobre a retina formam uma imagem do objeto. Na retina, milhões de células sensíveis à

luz são estimuladas pela imagem e transmitem sinais nervosos para o cérebro, através do nervo

óptico .No cérebro esses sinais são interpretados como sensações de forma, brilho e cor em

função de nossa experiência visual.

No fundo do olho, a retina é recoberta por dois tipos de células: os cones e os bastonetes.

Os cones estão divididos em grupos sensíveis ao azul, ao verde e ao vermelho; assim, quando a

imagem de um objeto colorido é projetado sobre a retina, as células correspondentes às cores da

imagem são excitadas e enviam para o cérebro os sinais nervosos respectivos que são

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interpretados como sensações adicionais de cor. Os bastonetes não tem sensibilidade para cores,

entretanto tem maior sensibilidade para detectar sinais luminosos fracos e são responsáveis pela

visão noturna. Você certamente já ouviu falar que "à noite todos os gatos são pardos; tente

justificar isso!

Figura 6. O sistema visual humano.

Com o desenvolvimento da tecnologia das câmaras digitais, o processo fotográfico está

sofrendo transformações muito importantes que aumentam a sua flexibilidade e aplicações.

Compare a a câmara digital, mostrada na figura 7, com a câmara convencional da mesma figura.

Veja que as partes ópticas são iguais, entretanto no lugar do filme é utilizado um chip CCD. Um

chip CCD é um dispositivo eletrônico composto de milhares de pequenas células sensíveis à

radiação, também chamadas de detetores, dispostas numa matriz (linhas e colunas). Quando uma

imagem é projetada sobre o chip, cada detetor é ativado gerando uma pequena carga elétrica

proporcional ao brilho da parte da imagem projetada sobre ele. Um componente eletrônico da

câmara, lê rapidamente o valor da carga de cada detetor e a registra num dispositivo de memória

física (cartão de memória, disquete, fita magnética, disco óptico) na forma de um arquivo de

computador, Esses arquivos podem então ser lidos por um programa do computador que torna as

imagens visíveis para serem analisadas, modificadas e impressas.

Figura 7. Câmara convencional e câmara digital CCD.

Quando um computador lê o arquivo da imagem digital, esta é exibida no monitor como

um conjunto de células organizadas em uma matriz de linhas e colunas equivalente à do chip

CCD. Cada célula dessa matriz é denominada PIXEL (de picture cell) e o seu brilho (tonalidade)

é proporcional ao valor ou nível digital registrado na célula correspondente do chip CCD.

Não é difícil perceber que uma câmara digital cujo chip CCD tem poucos detetores

sensíveis, produz imagens pouco detalhadas como a da figura 8b; por outro lado, se o chip tem

uma grande quantidade de detetores a imagem exibirá detalhes que antes não podiam ser

percebidos, como mostra a figura 8a.

A qualidade da imagem relacionada com a sua capacidade de registrar detalhes de uma cena

é denominada resolução geométrica ou espacial. Essa resolução da imagem depende da

qualidade óptica da câmara e do número de detetores do chip CCD.

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Muitas vêzes a resolução da imagem costuma ser expressa pelo tamanho do elemento da

cena representada por um píxel; por exemplo, se cada píxel da imagem 8b representa uma parte

da cena de 1mm x 1mm então costuma se dizer que a imagem tem resolução de 1mm.

Figura 8. Pixel e resolução na imagem digital.

Uma câmara como o da figura 7 gera imagens pancromáticas (todas as cores) em tons de

cinza, como as da figura 8, entretanto a sua configuração pode ser modificada para que produza

imagens coloridas. Veja no arranjo da figura 9 que a luz proveniente da cena é separada por um

dispositivo óptico, formado por prismas e filtros, em três componentes. Escolhendo filtros

adequados para as cores primárias azul, verde e vermelho, uma imagem da cena, em cada uma

dessas três bandas, é projetada sobre o chip CCD correspondente. A leitura dos chips pelo sistema

eletrônico gera três imagens monocromáticas (relativas a uma cor) da cena que são gravadas em

um arquivo de computador.

Figura 9. Uma câmara digital colorida.

Para entender como essas três imagens podem ser compostas para sintetizar uma única

imagem colorida no computador observe a figura 10. A tela do monitor é composta de milhares

de pequenas células coloridas (azul, verde e vermelho) dispostas em trincas como em D. Quando

o computador superpõe as imagens das três bandas no monitor, as células de cada cor, brilham

com intensidades proporcionais aos níveis digitais de cada píxel da imagem monocromática

correspondente e o resultado percebido é uma imagem colorida. Se você olhar para a tela do

monitor com uma lente de aumento poderá observar essas trincas, entretanto sem a lente, cada

uma delas funciona como se fosse um único pixel já que o seu sistema visual não tem resolução

suficiente para percebê-las. Resumindo: decompõe-se a imagem para registrá-la e compõe-se os

registros para exibi-la de forma colorida.

No exemplo da figura 10 você pode perceber que as imagens da vegetação nas

componentes A, B e C guardam estreita relação com a assinatura espectral da folha mostrada na

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figura 5. Note que em A, a vegetação aparece escura, na B onde a reflectância é maior aparece em

tonalidade mais clara e na imagem C, onde a clorofila absorve a radiação vermelha, aparece

novamente mais escura; com base na figura 4, é fácil entender porque a vegetação aparece verde

na imagem colorida. Como exercício, tente justificar a aparência da área de solo preparado que

aparece na imagem colorida.

Figura 10. Sintetizando uma imagem colorida.

CÂMARAS NÃO CONVENCIONAIS

Um sensor remoto é um sistema opto-eletrônico utilizado para gerar imagens ou outro

tipo de informações, sobre objetos distantes. A câmara digital que analisamos pode ser

considerada como um sensor remoto quando instalada em uma aeronave para fotografar a

superfície da Terra; entretanto esse sensor remoto seria ainda muito simples e gerando imagens

coloridas apenas na parte visível do espectro.

A figura 11 mostra como a nossa câmara digital pode ser aperfeiçoada para obter imagens

que incluam a banda infravermelha (muito importante para o estudo da vegetação). Para isto, o

nosso sistema sensor foi modificado para incluir um filtro e um chip CCD, sensível à radiação

infravermelha, no lugar do filtro e do chip CCD da banda azul. Neste caso, os filtros dicróicos

fazem uma separação preliminar das bandas em verde, vermelha e infravermelha e os filtros

secundários separam com maior precisão as bandas desejadas. As imagens geradas nos 3 chips

CCD são então armazenados em um arquivo compatível com computador da mesma forma que na

câmara convencional.

Como não existe uma cor básica correspondente ao infravermelho, um artifício é utilizado

na hora de observar a imagem obtida no computador. Utilizamos a cor básica azul para

representar o registro da banda verde, a cor verde para representar o registro da banda vermelha e

a cor vermelha para representar o registro da banda infravermelha. Você pode ver que a imagem

produzida desta forma, tem as formas e textura esperadas entretanto, as cores não correspondem à

nossa experiência visual e por isso esse tipo de imagem é denominada falsa-cor.

Imagens construídas com a banda infravermelha podem ter uma quantidade muito maior de

informações temáticas que as convencionais (de cores naturais); entretanto, é importante ressaltar

que o significado dessas cores e suas variações, deve ser analisado com base no conhecimento das

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assinaturas espectrais dos objetos, para que possamos extrair informações corretas sobre as suas

propriedades.

Figura 11. Uma câmara digital de infravermelho.

Da mesma forma que o nossa câmara foi modificada para funcionar na banda

infravermelha, outras bandas podem ser incluídas utilizando chips e filtros adequados. Nos

sensores orbitais, como o Landsat, Spot e o Cbers, os sensores são bem mais sofisticados e tem

muitas bandas (veja na tabela 1), entretanto seguem os mesmos princípios discutidos para a nossa

câmara digital.

SATÉLITES ARTIFICIAIS

Sensores remotos podem ser colocados em aeronaves, foguetes e balões para obter

imagens da superfície da Terra, entretanto estas plataformas são operacionalmente caras e

limitadas. Uma boa idéia neste caso é utilizar satélites artificiais para instalar esses sistemas. Um

satélite pode ficar girando em órbita da Terra por um longo tempo e não necessita combustível

para isso; alem do mais, a sua altitude permite que sejam obtidas imagens de grandes extensões da

superfície terrestre de forma repetitiva e a um custo relativamente baixo.

Como os satélites ficam em órbita e não caem? Esta é uma pergunta freqüente cuja

resposta é bastante fácil de entender. Vamos imaginar uma experiência simples: pegue uma pedra,

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levante a do chão e solte; a pedra cai verticalmente puxada pelo seu peso, isto é, pela força da

gravidade. Jogue a pedra horizontalmente em frente, ela também cai só que desta vez realiza uma

trajetória curva antes de atingir o solo. Vamos melhorar o nosso experimento; agora você sobe

num lugar bem alto (que tal o pico do Everest?) e lança novamente a pedra em frente com

bastante força; esta ainda descreve um arco antes de cair ao solo, só que muito mais longe de

você. Se você puder lançá-la com tanta força que o arco que realiza seja paralelo à curvatura da

Terra, então a pedra dará a volta na Terra, passará por você (abaixe a cabeça!) e continuará

"caindo", isto é dando voltas em torno da Terra. Neste momento você poderá dizer que a pedra

entrou em órbita e se transformou num satélite da Terra (como a Lua). Neste experimento você

pode perceber que existe uma velocidade crítica de lançamento para que a pedra entre em órbita

(a bem da verdade, nesse experimento, a pedra logo cairá ao solo porque a resistência do ar

diminuirá constantemente a sua velocidade e a órbita será uma espiral descendente).

Como levar um satélite artificial (que pode pesar algumas toneladas) para uma grande

altitude, onde a resistência do ar seja desprezível, e fazê-lo atingir aquela velocidade crítica para

permanecer em órbita durante um longo tempo? A solução para este problema está na utilização

dos foguetes que são sistemas extremamente poderosos e capazes de levar grandes cargas para

grandes altitudes onde a resistência do ar é desprezível. Como você pode ver na figura 13, o

foguete após disparado, realiza uma trajetória curva enquanto sobe e, no momento que atinge a

altitude desejada e com a velocidade crítica necessária, libera o satélite e este permanece em

órbita, girando em torno da Terra.

Figura 13. Pondo satélites em órbita.

Como você pode notar na figura 13, o plano da órbita pode ser polar, equatorial ou estar

em qualquer outro plano adequado para o tipo de aplicação do satélite. O período de rotação do

satélite é o tempo que êle leva para da uma volta completa em torno da Terra e isto depende de

sua altitude. Muitos satélites de comunicações e meteorológicos são geoestacionários, isto é,

ficam aparentemente "parados" no céu sobre um mesmo ponto da superfície terrestre; neste caso,

o seu período de rotação deve ser de 24 horas e por isso, são lançados em órbita equatorial, a

cerca de 36000 km de altitude, na mesma direção de rotação da Terra (de oeste para leste). Existe

uma grande quantidade desses satélites utilizados para a difusão de sinais de rádio e televisão,

retransmissão de telefonia e geração de imagens meteorológicas. Certamente você já assistiu no

boletim meteorológico da TV, uma animação que mostra o deslocamento das nuvens sobre a

superfície da Terra; essa animação é uma seqüência de imagens produzidas (à cada meia hora) por

esses satélites meteorológicos geoestacionários.

IMAGEADORES ORBITAIS

Os satélites artificiais são plataformas estruturadas para suportar o funcionamento de

instrumentos de diversos tipos e, por isso, elas são equipadas com sistemas de suprimento de

energia (painéis solares que convertem a energia radiante do Sol em energia elétrica e a armazena

em baterias), de controle de temperatura, de estabilização, de transmissão de dados, etc.

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Os satélites de observação da Terra são plataformas com a estrutura básica citada

anteriormente e que tem como instrumento principal um sistema sensor capaz de produzir

imagens da superfície da Terra em várias bandas simultâneas; neste caso, o imageador orbital

funciona basicamente como a câmara digital que analisamos e com as adaptações necessárias para

gerar imagens em muitas bandas.

De modo geral os sistemas imageadores orbitais, para aplicações em Geociências, tem

órbitas de pequena inclinação com relação aos meridianos, isto é, órbitas do tipo quase-polar.

Esse tipo de órbita associado ao seu período de rotação faz com que o satélite passe sempre

"voando" de norte para sul na parte da Terra que está iluminada pelo Sol, cruzando o equador no

mesmo horário (por volta de 10h local), quando as condições de iluminação são as mais

adequadas para a aquisição de imagens. Um efeito desse tipo de órbita, combinado com a rotação

da Terra, é que o satélite passa sobre uma região diferente da Terra em cada rotação, voltando

depois de um período de vários dias, denominado período de revisita, a passar sobre a mesma

região. Esta característica orbital é muito importante porque permite a aquisição de imagens

periódicas de uma mesma região, o que é muito conveniente para analisar fenômenos temporais

ou obter imagens sem nuvens. Veja na tabela Ia, b e c o período de revisita dos principais satélites

utilizados em Sensoriamento Remoto.

Quando o satélite de Sensoriamento Remoto avança de norte para sul em sua órbita, seu

sensor multibandas pode produzir imagens de uma faixa da superfície terrestre, como mostra a

figura 14. Aproveitando o movimento do satélite, o imageador utiliza chips CCD lineares (uma só

linha de detetores) para produzir (em várias bandas) as linhas de imagem transversais ao seu

deslocamento na órbita. Essas linhas de imagem ou linhas de varredura, são transmitidas para as

estações receptoras na Terra, à medida que vão sendo produzidas. A recepção e gravação dessas

linhas é feita por meio de receptores, gravadores e grandes antenas parabólicas, como as do INPE

em Cuiabá que acompanham o satélite em sua trajetória (de norte para sul) de horizonte a

horizonte.

Figura 14. Varredura de um imageador orbital multibandas.

As fitas magnéticas contendo a gravação das linhas de varredura produzidas pelo

imageador orbital são então processadas nos computadores das estações terrenas, para gerar as

cenas correspondentes a cada banda. Neste caso, cada cena é um conjunto de linhas cuja

quantidade é suficiente para gerar imagens no formato estabelecido para cada tipo de imageador

orbital.

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CBERS: CHINESE-BRAZILIAN EARTH RESOURCES SATELLITE

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Massa 1.450 kg

Potência do painel solar 1.100 watts

Dimensões do painel solar 6,3 x 2,6m

Dimensões do corpo 2,0m x 8,3m x 3,3m (em orbita)

Tempo de vida 2 anos (confiabilidade de 0,6)

CARACTERÍSTICAS ORBITAIS

Altitude média 778 km

Inclinação 98,5 graus com o equador

Revoluções por dia 14 + 9/26

Período 100,26 minutos

Cruzamento do equador 10h 30min

CARACTERÍSTICAS DOS IMAGEADORES

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Imageadores > CCD IR-MSS WFI

Bandas Espectrais (?m) 0,51 – 0,73 (pan)

0,45 – 0,52

0,52 – 0,59

0,63 – 0,69

0,77 – 0,89

0,50-1,10 pan

1,55-1,75

2,08-2,35

10,40-12,50

0,63-0,69

0,76-0,90

Resolução espacial (m) 20 80 (pan e IV) 260

Período de revisita (nadir): 26 dias 26 dias 3-5 dias

Período de revisita (off-nadir): 3 dias (+/- 32º) - -

Largura da faixa imageada 113 km 120 km 890 km

Ângulo de visada lateral +/- 32º - -

Tabela I-a. Satélites de Sensoriamento Remoto

LANDSAT 7: EARTH RESOURCES TECHNOLOGY SATELLITE – USA

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Massa ~2100 kg

Potência do painel solar Nd

Dimensões do painel solar Nd

Dimensões do corpo Nd

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Tempo de vida > 5 anos

CARACTERÍSTICAS ORBITAIS

Altitude média 705 km

Inclinação 98.2

Revoluções por dia ~14

Período 98 minutos

Cruzamento do equador ~10h15min

CARACTERÍSTICAS DOS IMAGEADORES

Imageadores > TM (LANDSAT 5) ETM+ (LANDSAT 7)

Bandas espectrais (?m) 0,45 - 0,52

0,52 - 0,60

0,63 - 0,69

0,76 - 0,90

1,55 - 1,75

10,4 - 12,5

2,08 - 2,35

0,45 - 0,52

0,53 - 0,61

0,63 - 0,69

0,78 - 0,90

1,55 - 1,75

10,4 - 12,5

2,08 - 2,35

0,52 - 0,90 (pan)

Resolução espacial (m) 30m

120 m (termal)

30 m

60 m (termal)

15 m (pan)

Período de revisita 16 dias 16 dias

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Largura da faixa imageada 185 km 185 km

Tabela I-b. Satélites de Sensoriamento Remoto

SPOT 4: SISTÉME PROBATOIRE DE L’OBSERVATION DE LA TERRE - FRANCE

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Massa 2700 kg

Potência do painel solar 2.100 watts

Dimensões do painel solar 8m (comprimento)

Dimensões do corpo 2,0m x 2,0m x 5,6m

Tempo de vida >5 anos

CARACTERÍSTICAS ORBITAIS

Altitude média 822 km

Inclinação 98.7

Revoluções por dia ~14

Período 101.4 minutos

Cruzamento do equador ~10h30min

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CARACTERÍSTICAS DOS IMAGEADORES HRVIR

Imageadores > MULTIESPECTRAL PANCRO

Bandas espectrais (?m) 0,50 - 0,59 (verde)

0,61 - 0,68 (vermelha)

0,79 - 0,89 (infravermelho)

0,61 - 0,68

Resolução espacial (m) 20 m 10 m

Período de revisita (nadir): 26 dias 26 dias

Período de revisita (off-nadir): 3 dias 3 dias

Largura da faixa imageada 117 km (2X60km) 117 km (2X60km)

Ângulo de visada lateral +/- 27º +/- 27º

Tabela I-c. Satélites de Sensoriamento Remoto

Sensoriamento Remoto Ótico

Sensoriamento remoto é um termo utilizado na área das ciências aplicadas que se refere à

obtenção de imagens à distância, sobre a superfície terrestre. Estas imagens são adquiridas através

de aparelhos denominados sensores remotos. Por sua vez estes sensores ou câmaras são colocadas

a bordo de aeronaves ou de satélites de sensoriamento remoto - também chamados de satélites

observação da Terra. Um sensor a bordo do satélite gera um produto de sensoriamento remoto

denominado de imagem ao passo que uma câmara aerofotográfica, a bordo de uma aeronave, gera

um produto de sensoriamento remoto denominado de fotografia aérea. Mais adiante vamos ver

que um sensor remoto também pode ser utilizado para obter informações a poucos metros da

superfície terrestre ou mesmo de amostras em laboratório para estudos específicos.

Antes do advento dos satélites de sensoriamento remoto na década de 70, do século

passado, o uso de fotografias aéreas era muito comum e até hoje estas fotografias são

insubstituíveis para muitas aplicações. Entretanto, notamos que com o avanço tecnológico as

imagens dos sensores de satélites de sensoriamento remoto estão se aproximando da qualidade

das fotografias aéreas. Todavia, para o momento, vamos nos ater às imagens obtidas por satélites

de sensoriamento remoto e deixar as fotografias aéreas para outra discussão.

Existe hoje um grande número destes satélites em órbita ao redor da Terra. Eles obtêm

imagens com características distintas que dependem tanto do satélite quanto do sensor. Os

sensores podem ser comparados aos nossos olhos. Se olharmos para uma floresta que está distante

conseguimos ver apenas uma mancha de árvores. À medida que nos aproximamos desta floresta

começamos a identificar árvores isoladas e se nos aproximarmos ainda mais podemos até ver os

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diferentes tipos de folhas. A mesma experiência poderia ser feita à distância se dispuséssemos de

um binóculo ou de uma luneta. Assim, precisamos entender algumas das características básicas

dos satélites e de seus sensores para conhecermos a finalidade a que se destina cada produto ou

imagem de sensoriamento remoto e o que podemos e não podemos "enxergar" nestas imagens.

Cararterística Espectral

Uma imagem de sensoriamento remoto colorida é resultante da combinação das três cores

básicas (azul, verde e vermelho), associadas através de filtros às imagens individuais obtidas em

diferentes comprimentos de onda ou faixas espectrais, conforme é apresentado nas Figuras 1, 2 e

3. Vemos que um mesmo objeto, por exemplo uma floresta, pode aparecer em tonalidade verde

escuro (Figura 1), vermelho (Figura 2) ou verde intenso (Figura 3) dependendo da associação

feita entre as cores e as imagens obtidas nas diferentes faixas espectrais do sensor. As imagens

apresentadas nestas figuras foram obtidas pelo sensor Enhanced Thematic Mapper (ETM+) a

bordo de um dos satélites americanos da série Landsat. Cabe lembrar que o sensor capta a energia

refletida pelo objeto num determinado comprimento de onda, portanto, objetos claros refletem

muita energia (p. ex. solo exposto) enquanto objetos escuros (p. ex. água sem sedimentos)

refletem pouca energia. A vegetação reflete uma quantidade muito pequena de energia na faixa

espectral do vermelho pois ela utiliza boa parte desta energia no processo da fotossíntese e,

portanto, aparece em tonalidade escura na banda TM-3 que correspondente à faixa do vermelho

(Figuras 2). Já na faixa do infravermelho próximo a vegetação reflete muita energia, em função da

estrutura celular das folhas, de tal forma que aparece em tonalidade clara na banda TM-4 (Figura

2) que corresponde à faixa do infravermelho próximo.

Figura 1 – Imagem em composição colorida utilizando as bandas TM-1 (azul), TM-2 (verde) e

TM-3 (vermelho) do sensor ETM+ do satélite Landsat-7 (órbita 224, ponto 78) de 05 de agosto de

1999.

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Figura 2 – Imagem em composição colorida utilizando as bandas TM-2 (verde), TM-3 (vermelho)

e TM-4 (infravermelho próximo) do sensor ETM+ do satélite Landsat-7 (órbita 224, ponto 78) de

05 de agosto de 1999.

Figura 3 – Imagem em composição colorida utilizando as bandas TM-3 (vermelho), TM-4

(infravermelho próximo) e TM-5 (infravermelho médio) do sensor ETM+ do satélite Landsat-7

(órbita 224, ponto 78) de 05 de agosto de 1999.

Característica Espacial

O nível de detalhe com que podemos observar os objetos da superfície terrestre é outra

característica importante das imagens de sensoriamento remoto à qual damos o nome de resolução

espacial, ou seja, a capacidade que o sensor possui para discriminar objetos em função do seu

tamanho. As imagens do Landsat-TM tem uma resolução espacial de 30 metros, o que implica

que objetos com dimensões menores do que 30 x 30 m não podem ser identificados. A resolução

espacial dos sensores a bordo dos satélites de sensoriamento remoto varia de 1 metro até 1 km. A

Figura 4 apresenta uma imagem do satélite IKONOS-II com resolução espacial de 1 m na qual

podemos observar nitidamente feições locais como o traçado das ruas e até mesmo árvores e

casas. A Figura 5 apresenta uma imagem do sensor WFI, a bordo do satélite sino-brasileiro

CBERS-1 (China-Brazil Earth Resources Satellite), com resolução espacial de 260 m na qual

podemos observar feições regionais como a distribuição das cidades ao longo do eixo Rio-São

Paulo. Na Figura 6 é apresentada uma imagem do sensor AVHRR, a bordo do satélite NOAA,

com uma resolução espacial de 1 km na qual observamos feições globais como por exemplo

distribuição da cobertura vegetal no território brasileiro.

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Figura 4 – Imagem do satélite IKONOS-II com resolução espacial de 1x1m

(cedida pela Intersat), permitindo uma visão local sobre o aeroporto no

Paraguai.

Figura 5 – Imagem do WFI, a bordo do satélite CBERS-1, com resolução

espacial de 260x260m, permitindo uma visão regional de parte dos estados de

São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais

Figura 6 – Imagem do satélite NOAA do sensor AVHRR com resolução

espacial de 1000x1000m (Shimabukuro & Rudorff, 2000), permitindo uma

visão global.

Característica Temporal

A freqüência com que a superfície terrestre é observada ou imageada é uma terceira

característica importante das imagens de sensoriamento remoto. Os satélites de sensoriamento

remoto orbitam ao redor da Terra em órbitas quase polar, ou seja, de um polo a outro a uma

distância da superfície terrestre em torno de 800 km, conforme é exemplificado para o satélite

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CBERS na Figura 7. Através da combinação sincronizada da velocidade do satélite com a rotação

da Terra é possível recobrir todo planeta após um certo número de dias. Cada passagem do

satélite é chamada de órbita. Dependendo do sensor, a órbita de imageamento pode ser mais larga

ou mais estreita. Satélites com sensores de órbita de imageamento larga, como o NOAA-AVHRR

(2.700 km), recobrem a superfície terrestre diariamente, enquanto satélites com órbita de

imageamento estreita, como o IKONOS-II (11 km), podem levar quase um ano para imagear todo

o planeta. Os satélites da série Landsat tem uma órbita de imageamento de 185 km e recobrem

todo o planeta a cada 16 dias, ou seja, podemos obter uma imagem de uma determinada área a

cada 16 dias e dizemos que a resolução temporal do Landsat é de 16 dias. Entretanto, é importante

notar que para se obter imagens da superfície terrestre não pode haver a presença de nuvens pois

elas formam um anteparo entre o satélite e a superfície. Durante o período de inverno que

corresponde à estação seca a probabilidade de se obter imagens livres de nuvens é alta.

Figura 7 – Órbita do satélite CBERS: altitude 778 km; inclinação 98,504o; período 100,26 min.

Característica Espacial versus Temporal

Com base no exposto acima concluímos que existe uma relação entre o nível de detalhe

(resolução espacial) e a freqüência de observação (resolução temporal) da superfície terrestre pelo

satélite. A Figura 8 é uma representação da órbita de imageamento dos três sensores do satélite

CBERS – CCD, IRMSS e WFI. O sensor CCD distingue objetos com dimensões de até 20 metros

e sua largura de órbita é de 120 km, fazendo com que a freqüência de revisita seja de 26 dias. O

sensor WFI, que distingue objetos com dimensões de 260 metros, possui uma largura de órbita de

imageamento de 890 km e recobre todo o planeta em apenas 5 dias. Neste momento podemos

perguntar – qual destes sensores é melhor? E a resposta vai depender do que estamos querendo

observar na superfície terrestre. Se estamos querendo monitorar o andamento do cultivo da soja

no Paraná certamente vamos optar pelas imagens do WFI, pois o objetivo é observar grandes

áreas várias vezes ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura. Se por outro lado, quisermos

mapear as áreas plantadas com café no estado do Paraná vamos optar pelas imagens do CCD, pois

queremos observar áreas pequenas e basta uma cobertura de imagens do estado por ano para

realizarmos este mapeamento anualmente.

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Figura 8 – As diferentes órbitas de imageamento dos sensores a bordo do CBERS-1: WFI – 890

km; CCD – 120 km; e IRMSS – 113 km.

Imagens adquiridas no Brasil

O Brasil recebe as imagens dos satélites de sensoriamento remoto para todo o território

brasileiro e boa parte da América do Sul através de uma antena de recepção localizada no centro

geométrico da América do Sul em Cuiabá-MT. Existem hoje dezenas de satélites de

sensoriamento remoto pertencentes a diferente países. O Brasil recebe as imagens dos satélites

Landsat-5 e -7, CBERS-1, SPOT e NOAA-AVHRR. Imagens do satélite IKONOS-II podem ser

adquiridas do Brasil através do gravador de bordo e posterior transmissão dos dados para uma

estação de recepção nos EUA. Desde fevereiro de 2001, o Brasil está gravando também as

imagens do satélite canadense RADARSAT. Este satélite gera imagens na faixa das microondas

na qual a radiação proveniente da superfície terrestre é detectada por meio de antenas, e não

através de um sistema de lentes e detetores como é o caso dos demais satélites de sensoriamento

remoto ótico apresentados neste capítulo.

Comportamento Espectral

Como havíamos mencionado anteriormente, um sensor remoto também pode ser utilizado

para obter informações a poucos metros da superfície terrestre ou mesmo de amostras em

laboratório. Neste caso não se obtém imagens mas sim um gráfico que relaciona a quantidade de

energia refletida com o comprimento de onda. Chamamos de comportamento espectral de alvos

aos estudos relacionados com a obtenção de medidas a campo ou em laboratório, utilizando

sensores denominados de espectrorradiômetros, com a finalidade de verificar como os alvos ou

objetos refletem a energia incidente, em função das suas características bio-fisico-químicas ao

longo de determinadas faixas do espectro eletromagnético. Estes estudos propiciam definir

adequadamente as bandas espectrais de sensores a bordo de satélites, além de permitir um melhor

entendimento sobre a interação da radiação eletromagnética com os objetos e consequentemente

identificá-los de forma correta nas imagens dos satélites. A Figura 9 mostra a obtenção de

medidas com um espectrorradiômetro a campo sobre a cultura do trigo.

Esses dois conjuntos podem ser chamados de escalas pequenas e grandes,

respectivamente. A prática cartográfica define também uma escala intermediária conhecida como

escala média. Esta escala é usada nos mapeamentos de grandes áreas e com grau de detalhamento

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necessário para o subsidiar o planejamento econômico regional, servindo de base à elaboração de

estudos e projetos que envolvem ou modificam o meio ambiente, assim como a representação de

áreas desenvolvidas ou sensíveis a investimentos governamentais, visando subsidiar o

planejamento setorial em todos os níveis de governo

Imagem LANDSAT/TM- Escala 1:1.000.000

Imagem LANDSAT/TM- Escala 1:500.000

Imagem LANDSAT/TM- Escala 1:250.000

Imagem LANDSAT/TM- Escala 1:100.000

Tipos de mapas

Os mapas são divididos em 3 tipos de documentos: topográfico, temático e especial. O

mapa topográfico é o principal, pois sobre ele assentam-se informações de temas específicos, tais

como vegetação, geologia, sistemas ferroviários etc.

Face ao exposto, podemos escrever que a cartografia contempla os seguintes documentos:

• Cartas Topográficas: Aplica-se este termo aos documentos cartográficos produzidos em

escalas grandes que visem à representação da superfície do terreno e sua ocupação.

• Cartas ou mapas temáticos: São documentos cartográficos que tem por objetivo mostrar temas

específicos, voltados a interesses comuns em diversas aplicações (Figura 10).

• Cartas ou mapas especiais: Semelhantes aos temáticos, entretanto fornecem informações

somente para uma única aplicação.

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Figura-10 Construindo o mapa temático

Com o desenvolvimento das modernas tecnologias espaciais, dentre as quais se incluem os

satélites artificiais, tornou-se possível "(re)conhecer" a terra, através da coleta de diferentes dados

e da aquisição de imagens da sua superfície, por meio de sensores remotos.

Os dados gerados pelos diversos sensores remotos, sobretudo os orbitais (a bordo de

satélites), tem servido como base para o desenvolvimento e realização de projetos associados às

atividades humanas, no mundo inteiro e em diversas escalas, bem como auxiliado no diagnóstico

sobre as implicações ambientais, econômicas, sociais, políticas e culturais desses projetos com

relação a ocupação dos espaços geográficos, favorecendo na realização do planejamento sócio

econômico ambiental sustentável.

Dada a sua importância para o mundo moderno, entende-se que o conhecimento produzido e

acumulado sobre o potencial de utilização das tecnologias espaciais, sobretudo do sensoriamento

remoto, movido pela crença de "ir ao espaço buscar soluções para os problemas da terra", deve ser

conhecido por toda nossa sociedade, pela qualificação que pode promover no desempenho dos

agentes sociais, para a melhoria das condições de vida, o que justifica o compromisso de divulgar

ciência.

A escola, concebida como agência de comunicação social que tem no saber sua matéria

prima, é o espaço privilegiado capaz de receber e processar tais informações transformando-as em

conhecimento, e por meio desse processo, desenvolver a função social de formar cidadãos

preparados para participações sociais consistentes e construtivas.

Com o processo de mudanças desencadeado a partir da nova lei de diretrizes e bases da

educação (9394/96), resultante em parte da evolução e ampliação do conhecimento sistematizado,

vem sendo assinalada a necessidade da educação escolar trabalhar com conteúdos e recursos que

qualifiquem o cidadão para a vida na sociedade moderna tecnológica. Em consonância com a lei,

os parâmetros curriculares nacionais e as diretrizes para o ensino médio, destacam a importância

do trabalho com o conhecimento científico e tecnológico no ensino fundamental e médio,

respectivamente.

Este contexto favorece a introdução da tecnologia de sensoriamento remoto na escola,

enquanto conteúdo e recurso didático inovador no processo de ensino e aprendizagem, frente as

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atuais exigências de reformulação da educação escolar impostas pela conjuntura de nossa

sociedade de final de milênio.

O Sensoriamento Remoto e suas possibilidades no estudo das disciplinas escolares

O trabalho realizado com sensoriamento remoto nas escolas, tem se constituído numa

oportunidade de aproveitar seu vasto potencial de uso e aplicações para a compreensão da

dinâmica do processo de intervenção/repercussão das relações sociais no equilíbrio/desequilíbrio

do meio ambiente, permitindo ultrapassar uma perspectiva de abordagem restrita às ciências da

natureza, comum na abordagem desta questão, e avançar na perspectiva das ciências sociais e da

pedagogia da comunicação.

O uso escolar dos produtos e técnicas de sensoriamento remoto apresentam-se como recurso

para o processo de discussão/construção de conceitos pelos alunos, e como conteúdo em si

mesmas.

Podemos verificar suas possibilidades de uso em diferentes disciplinas tais como: geografia,

história, ciências, matemática, educação artística, dentre outras, principalmente em abordagens

interdisciplinares, como por exemplo na focalização do tema meio ambiente.

No ensino da geografia, a utilização de imagens de satélite, por exemplo, permite

identificar e relacionar elementos naturais e sócio econômicos presentes na paisagem tais como

serras, planícies, rios, bacias hidrográficas, matas, áreas agricultáveis, industriais, cidades.., bem

como acompanhar resultados da dinâmica do seu uso, servindo portanto como um importante

subsídio à compreensão das relações entre os homens e de suas conseqüências no uso e ocupação

dos espaços e nas implicações com a natureza.

No ensino da história, com imagens de um mesmo local produzidas em períodos/anos

diferentes, é possível apreender a temporalidade dos fatos em sua dinâmica e fazer a

reconstituição do processo de uso, ocupação e desenvolvimento de uma região, enquanto um

movimento em suas regularidades e alternâncias, permanências e mudanças, mostrando as

transformações no perfil econômico e as possibilidades de construção de planos administrativos e

condutas sociais participativas que se abrem a partir desse conhecimento.

Como as imagens de satélite estão associadas aos fenômenos físicos de absorção e reflexão

da luz, estas podem ser analisadas e compreendidas por intermédio do ensino de ciências, de tal

forma a se constituírem no próprio conteúdo a ser compreendido, enquanto elemento cultural

componente das sociedades tecnológicas, ao mesmo tempo em que propiciam compreensão de

conceitos físicos a elas associados.

Outros estudos voltados ao ensino de ciências ainda podem encontrar nas imagens uma

referência para a sua compreensão, tais como o processo saúde/doença relacionado a vetores

naturais como por exemplo a água e as condições em que se apresenta no meio ambiente,

evidenciadas pelo sensoriamento remoto.

No ensino de matemática, as imagens de satélite e fotografias aéreas podem ser utilizadas

como recurso para a compreensão de conceitos, como os de área, proporção e formas

geométricas, através da análise e compreensão entre os elementos constitutivos de uma paisagem

tais como plantações, estradas, serras, rios e cidades. Os produtos de sensoriamento remoto

podem ser utilizados como recurso à compreensão e resolução de problemas reais/concretos,

como por exemplo calcular a área desmatada de uma floresta e a proporção deste impacto para a

população local e circunvizinha, utilizando diferentes escalas. Esses recursos podem auxiliar o

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aluno a perceber "o tamanho real" do problema e consequentemente a importância de aprender a

manipular conceitos matemáticos para compreendê-los, construindo o próprio conhecimento.

Em educação artística, é possível elaborar maquetes a partir de imagens de satélite,

fotografias aéreas e mapas (cartas topográficas), mostrando em diferentes escalas serras, vales,

rios, represas, estradas, ferrovias, cidades, etc., "construindo" a região na sua tridimensionalidade,

além de possibilitar a elaboração de outros textos artísticos, literários e plásticos a partir das

percepções propiciadas pela leitura das imagens e pela experiência estética da relação com elas. O

contato, sobretudo com as cores e formas características das imagens de satélite e sua

decodificação, encaminha os alunos aos desdobramentos de leituras objetivas e subjetivas do

espaço geográfico, propícias ao desenvolvimento de experimentos plásticos originais.

Esses são apenas alguns exemplos dos possíveis usos didáticos dos produtos e técnicas de

sensoriamento remoto no tratamento de conteúdos curriculares.

Embora estes exemplos apresentem possibilidades multidisciplinares de utilização escolar

do sensoriamento remoto, é possível também desenvolver estudos interdisciplinares a partir da

definição de um tema específico para estudo, onde as contribuições disciplinares se tecem na sua

análise, como por exemplo o tema meio ambiente.

O Sensoriamento Remoto e o Estudo do Meio Ambiente na Escola

As características dos produtos do sensoriamento remoto, sobretudo das imagens de satélite,

tais como repetitividade de cobertura; justaposição de informações; abrangência espacial; cores e

formas, apresentam importante contribuição para os estudos ambientais na escola, revelando a

dinâmica do processo de construção do espaço geográfico.

A abrangência espacial e o caráter temporal das imagens de satélite, que possibilitam uma

visão de conjunto da paisagem em tempos diferentes, seqüenciais e simultâneos, podem auxiliar

nos estudos do meio ambiente, mostrando, por exemplo, as relações entre o crescimento

desordenado das cidades e a presença de rios/córregos poluídos, favorecendo na localização de

possíveis fontes poluidoras, tais como indústrias ou loteamentos irregulares, bem como subsidiar

na análise dos processos de uso e ocupação dos espaços, enriquecendo estudos históricos e

geográficos.

A possibilidade de associarmos, ao uso escolar do sensoriamento remoto, atividades de

campo voltadas à verificação da verdade terrestre e a contextualização das informações obtidas a

partir das imagens de satélite e fotografias aéreas, através do estudo do meio ambiente local, tem

norteado o desenvolvimento de projetos de educação ambiental nas escolas, sob nossa

coordenação.

Explorar com recursos de sensoriamento remoto, inicialmente, regiões conhecidas do aluno

favorece a descrição dos elementos presentes na paisagem, familiarizando-o com esta forma de

representação do espaço. deixar que o aluno observe uma imagem durante o tempo que for

necessário para localizar sozinho seus principais elementos, sobretudo os constitutivos da sua

cidade, permite que este "se encontre" nesta paisagem:

convém ressaltar que entendemos a educação ambiental como um importante instrumento

para a compreensão e conscientização sobre questões/problemas da realidade sócio

ambiental, cujo desenvolvimento, sobretudo nas escolas, se constitui em uma das mais

sérias exigências educacionais contemporâneas para o exercício/construção da cidadania, e

consequente melhoria da qualidade de vida.

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contudo, convém lembrar que fotografias aéreas e imagens de satélite são instrumentos,

recursos que, ante ao estudo em questão ou a sua complexidade, não dispensa, mas ao

contrário, cria a necessidade de acesso a outras fontes de informação, coleta de dados, etc.,

ou seja, exige o desenvolvimento de atividades correlacionadas para o estudo do meio

ambiente.

A realização de um estudo sobre os problemas sócio ambientais de uma cidade/região e suas

implicações com a qualidade de vida da população, constitui-se em exemplo interessante do que

consideramos acima.

Se selecionarmos o recurso hídrico como vetor, a partir do qual iniciaremos o estudo em

questão, não podemos deixar de investigar o comprometimento de um simples córrego urbano

poluído (contribuinte, que deságua no rio principal de uma bacia hidrográfica, com o meio

ambiente regional, segundo uma visão local e posteriormente por uma ótica integrada com toda

região atingida direta ou indiretamente por este manancial.

Quando se analisa o córrego poluído em questão utilizando apenas levantamentos restritos, é

possível que escape à vista as implicações degradantes que o mesmo possa estar provocando em

outros locais, à quilômetros de distância da área estudada.

A utilização de recursos de sensoriamento remoto possibilita aos alunos uma apreensão

sistêmica da área de estudo, favorecendo à análise do meio ambiente e ecossistemas associados,

considerando não apenas um único aspecto/variável, mas sim a multiplicidade de

aspectos/variáveis que possam estar contribuindo para a degradação da qualidade das águas,

estabelecendo relações entre o impacto local e suas repercussões espaciais e revelando,

consequentemente, suas implicações para o declínio da qualidade de vida da população atendida

direta ou indiretamente por este manancial.

Nos projetos educacionais desenvolvidos, voltados ao uso escolar do sensoriamento remoto

no estudo do meio ambiente com referência nos recursos hídricos, professores de diferentes

disciplinas foram capacitados em módulos específicos e orientaram seus alunos na realização de

atividades em sala de aula e trabalhos de campo, incluindo:

Leitura e interpretação de imagens de satélite e fotografias aéreas, em diferentes escalas;

leitura de mapas;

estudo do meio, com referência na coleta de amostras d‟água nos rios/córregos para

posterior análise;

realização de roteiros ambientais;

entrevistas na comunidade;

elaboração de mapeamento sócio ambiental do bairro/região de estudo, visando discussões

sobre os problemas sócio ambientais locais (bairro/município), e suas repercussões

regionais/globais, bem como suas implicações sociais, econômicas, políticas e culturais no

cotidiano da sociedade.

A utilização dos recursos de sensoriamento remoto, associados ao desenvolvimento de

diferentes atividades como as citadas acima, tem propiciado aos alunos condições de

compreender o meio ambiente local e regional; refletir sobre a realidade sócio ambiental em

estudo; propor soluções para os problemas identificados, bem como exercitarem a sua cidadania

através de ações/intervenções escolares voltadas para a melhoria da qualidade de vida.

Considerações sobre o Uso Escolar do Sensoriamento Remoto

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A proposta de trabalho com os recursos de sensoriamento remoto na escola não se limita a

uma mera transferência mecânica de informações. Não se trata de proceder apenas à divulgação

de suas características e potencialidades, mas sobretudo de refletir sobre elas e trabalhar suas

relações com a prática pedagógica e com o tratamento dos conteúdos curriculares em suas

relações com a vida, visando a construção do conhecimento por professores e alunos.

Como afirma o educador Gutierrez (1979), "o mero fato de interpretar ou apropriar-se de

um saber não é suficiente para que, com propriedade de termos, possamos falar de aprendizagem

„autêntica‟. Somente pode chamar-se autêntico o conhecimento que em si mesmo e por si mesmo

seja produtivo e transformador, o que requer do preceptor que ele o transforme em conhecimento

seu e reestruture à sua maneira a informação".

Tal reestruturação requer um trabalho ativo-reflexivo com a informação, por parte do

aprendiz, orientado pelo docente, que o levará a utilizá-la enquanto ferramenta:

de decodificação, compreensão da realidade imediata em que está inserido e de outras

realidades semelhantes a esta;

para o estabelecimento de relações com realidades distintas da sua, mas a ela conectadas

por diferentes relações, que é preciso aprender a captar e estabelecer, já que não são

evidentes por si mesmas, enquanto repercussões à distância de fenômenos, e que

facilmente passam por desapercebidas a olhares menos desavisados.

O uso escolar do sensoriamento remoto recomenda o desenvolvimento da pedagogia da

comunicação no tratamento dos conteúdos curriculares, considerando a análise da realidade

concreta e as reflexões possíveis de serem desenvolvidas sobre ela, propiciadoras do exercício de

operações mentais implementadoras do desenvolvimento do raciocínio crítico e da produção do

conhecimento.

Por em prática a pedagogia da comunicação significa por em prática iniciativas pedagógicas

transformadoras. Tais iniciativas implicam:

Considerar a realidade social em que o educando existe e na qual a tecnologia espacial, em

especial o sensoriamento remoto, tem uma presença relevante;

lidar com o meio ambiente do educando, sua realidade imediata, circundante, e a

compreensão que o aluno tem dela, como ponto de partida;

alcançar como ponto de chegada do processo de ensino e aprendizagem a reelaboração da

compreensão inicial que o aluno tem do meio ambiente;

recorrer como caminho, como método, à utilização do sensoriamento remoto; à

observação da realidade focalizada; ao diálogo entre diferentes tipos de saber, para a

construção do conhecimento mais elaborado e mais crítico do educando.

Isto pressupõe propiciar ao aluno condições de compreender a vida humana numa

dimensão de totalidade, pela apreensão das relações recíprocas entre o seu meio imediato e o mais

amplo; pela apreensão da ressonância das atuações individuais e das organizadas de maneira

coletiva e colaborativa, na implementação de planos administrativos que visem a qualificação e

preservação do meio ambiente.

O uso escolar do sensoriamento remoto, como recurso didático pedagógico no processo de

ensino aprendizagem, permite desmistificar a idéia que uma tecnologia de ponta é algo distante da

escola, bem como esclarece que professores podem promover ou proceder à socialização da

ciência requalificando a relação do ensino com o conhecimento e com a vida, quando o seu uso

está voltado para o estudo de questões importantes da atualidade e significativa para os alunos.

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Nesta perspectiva, entendemos que o uso escolar do sensoriamento remoto pode contribuir

para o desenvolvimento da função da escola na atualidade, de formar cidadãos preparados para

participações sociais consistentes e construtivas através dos recursos da ciência presentes na

sociedade, oportunizando a escola, e a partir dela a comunidade, o acesso ao conhecimento da

função social desta tecnologia.

Lei nº 9.605/1998

LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.

Mensagem de veto

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º (VETADO)

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Art. 5º (VETADO)

CAPÍTULO II

DA APLICAÇÃO DA PENA

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

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I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.

Art. 8º As penas restritivas de direito são:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

V - recolhimento domiciliar.

Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o

crime:

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I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;

m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

n) mediante fraude ou abuso de confiança;

o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.

Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.

Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

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Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.

Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:

I - multa;

II - restritivas de direitos;

III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:

I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.

§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:

I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

III - manutenção de espaços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

CAPÍTULO III

DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO

ADMINISTRATIVA OU DE CRIME

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Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.

§ 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.

§ 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a

instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. (Vide Medida provisória nº 62, de 2002)

§ 3° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.

§ 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem.

CAPÍTULO IV

DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;

II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;

III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput;

IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III;

V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.

CAPÍTULO V

DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

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Seção I

Dos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas:

I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:

I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;

II - em período proibido à caça;

III - durante a noite;

IV - com abuso de licença;

V - em unidade de conservação;

VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.

§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.

Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:

I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público;

II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;

III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:

Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:

I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:

I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;

II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Pena - reclusão de um ano a cinco anos.

Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:

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I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

III – (VETADO)

IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Seção II

Dos Crimes contra a Flora

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:

Art. 40. (VETADO) (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Público.

§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas,

as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação será considerada circunstância agravante para a fixação da pena.

§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das

Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

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§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 40-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção

Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das

Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº 9.985, de

18.7.2000)

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 43. (VETADO)

Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Art. 47. (VETADO)

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação:

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Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do

agente ou de sua família. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1

(um) ano por milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:

I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático;

II - o crime é cometido:

a) no período de queda das sementes;

b) no período de formação de vegetações;

c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração;

d) em época de seca ou inundação;

e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Seção III

Da Poluição e outros Crimes Ambientais

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Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 12.305, de 2010)

I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de segurança; (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)

II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)

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§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço.

§ 3º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 57. (VETADO)

Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:

I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;

II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;

III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

Art. 59. (VETADO)

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Seção IV

Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

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Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e multa.

Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)

§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor

artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 12.408, de 2011)

§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o

patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei nº 12.408, de 2011)

Seção V

Dos Crimes contra a Administração Ambiental

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa.

Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais:

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Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao

meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

CAPÍTULO VI

DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.

§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.

Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:

I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;

II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação;

III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação;

IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

I - advertência;

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II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

X – (VETADO)

XI - restritiva de direitos.

§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.

§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

§ 8º As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;

II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

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IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.

Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador.

Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.

CAPÍTULO VII

DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:

I - produção de prova;

II - exame de objetos e lugares;

III - informações sobre pessoas e coisas;

IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa;

V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

§ 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.

§ 2º A solicitação deverá conter:

I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;

II - o objeto e o motivo de sua formulação;

III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;

IV - a especificação da assistência solicitada;

V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.

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Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros países.

CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do

SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á, exclusivamente, a

permitir que as pessoas físicas e jurídicas mencionadas no caput possam promover as necessárias correções de suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes, sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha sobre: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissadas e dos respectivos representantes legais; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidade de prorrogação por igual período; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento previsto e o cronograma físico de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídica compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser superior ao valor do investimento previsto; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30 de março de 1998, envolvendo

construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, a assinatura do termo de compromisso deverá ser requerida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de dezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelo dirigente máximo do estabelecimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 3o Da data da protocolização do requerimento previsto no § 2

o e enquanto perdurar a

vigência do correspondente termo de compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos que deram causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções administrativas contra a

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pessoa física ou jurídica que o houver firmado. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este artigo não impede a execução

de eventuais multas aplicadas antes da protocolização do requerimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de compromisso, quando descumprida

qualquer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até noventa dias, contados da

protocolização do requerimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 7o O requerimento de celebração do termo de compromisso deverá conter as informações

necessárias à verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deverão ser publicados no órgão

oficial competente, mediante extrato. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias a contar de sua publicação.

Art. 81. (VETADO)

Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Gustavo Krause

Decreto nº 6.514/2008

DECRETO Nº 6.514, DE 22 DE JULHO DE 2008.

Vigência

Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Capítulo VI da Lei n

o 9.605, de

12 de fevereiro de 1998, e nas Leis nos

9.784, de 29 de janeiro de 1999, 8.005, de 22 de março de 1990, 9.873, de 23 de novembro de 1999, e 6.938, de 31 de agosto de 1981,

DECRETA:

CAPÍTULO I

DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS AO MEIO AMBIENTE

Seção I

Das Disposições Gerais

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Art. 1o Este Capítulo dispõe sobre as condutas infracionais ao meio ambiente e suas

respectivas sanções administrativas.

Art. 2o Considera-se infração administrativa ambiental, toda ação ou omissão que viole as

regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente, conforme o disposto na Seção III deste Capítulo.

Parágrafo único. O elenco constante da Seção III deste Capítulo não exclui a previsão de outras infrações previstas na legislação.

Art. 3o As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da biodiversidade, inclusive fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora e demais produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total das atividades; e

X - restritiva de direitos.

§ 1o Os valores estabelecidos na Seção III deste Capítulo, quando não disposto de forma

diferente, referem-se à multa simples e não impedem a aplicação cumulativa das demais sanções previstas neste Decreto.

§ 2o A caracterização de negligência ou dolo será exigível nas hipóteses previstas nos

incisos I e II do § 3o do art. 72 da Lei n

o 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

Art. 4o A aplicação das sanções administrativas deverá observar os seguintes critérios:

Art. 4o O agente autuante, ao lavrar o auto de infração, indicará as sanções estabelecidas

neste Decreto, observando: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

I - gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; e

III - situação econômica do infrator.

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§ 1o Para a aplicação do disposto no inciso I, o órgão ou entidade ambiental estabelecerá

de forma objetiva critérios complementares para o agravamento e atenuação das sanções administrativas. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 2o As sanções aplicadas pelo agente autuante estarão sujeitas à confirmação pela

autoridade julgadora. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Subseção I

Da Advertência

Art. 5o A sanção de advertência poderá ser aplicada, mediante a lavratura de auto de

infração, para as infrações administrativas de menor lesividade ao meio ambiente, garantidos a ampla defesa e o contraditório.

§ 1o Consideram-se infrações administrativas de menor lesividade ao meio ambiente

aquelas em que a multa máxima cominada não ultrapasse o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), ou que, no caso de multa por unidade de medida, a multa aplicável não exceda o valor referido.

§ 2o Sem prejuízo do disposto no caput, caso o agente autuante constate a existência de

irregularidades a serem sanadas, lavrará o auto de infração com a indicação da respectiva sanção de advertência, ocasião em que estabelecerá prazo para que o infrator sane tais irregularidades.

§ 3o Sanadas as irregularidades no prazo concedido, o agente autuante certificará o

ocorrido nos autos e dará seguimento ao processo estabelecido no Capítulo II.

§ 4o Caso o autuado, por negligência ou dolo, deixe de sanar as irregularidades, o agente

autuante certificará o ocorrido e aplicará a sanção de multa relativa à infração praticada, independentemente da advertência.

Art. 6o A sanção de advertência não excluirá a aplicação de outras sanções.

Art. 7o Fica vedada a aplicação de nova sanção de advertência no período de três anos

contados do julgamento da defesa da última advertência ou de outra penalidade aplicada.

Subseção II

Das Multas

Art. 8o A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma, metro de

carvão-mdc, estéreo, metro quadrado, dúzia, estipe, cento, milheiros ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Parágrafo único. O órgão ou entidade ambiental poderá especificar a unidade de medida aplicável para cada espécie de recurso ambiental objeto da infração.

Art. 9o O valor da multa de que trata este Decreto será corrigido, periodicamente, com base

nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

Art. 10. A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.

§ 1o Constatada a situação prevista no caput, o agente autuante lavrará auto de infração,

indicando, além dos requisitos constantes do art. 97, o valor da multa-dia.

§ 2o O valor da multa-dia deverá ser fixado de acordo com os critérios estabelecidos neste

Decreto, não podendo ser inferior ao mínimo estabelecido no art. 9o nem superior a dez por cento

do valor da multa simples máxima cominada para a infração.

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§ 3o Lavrado o auto de infração, será aberto prazo de defesa nos termos estabelecidos no

Capítulo II deste Decreto.

§ 4o O agente autuante deverá notificar o autuado da data em que for considerada cessada

ou regularizada a situação que deu causa à lavratura do auto de infração. § 5

o Por ocasião do julgamento do auto de infração, a autoridade ambiental deverá julgar o

valor da multa-dia e decidir o período de sua aplicação. § 6

o O valor da multa será consolidado e executado periodicamente após o julgamento

final, nos casos em que a infração não tenha cessado. § 7

o A celebração de termo de compromisso de reparação ou cessação dos danos encerra

a contagem da multa diária.

§ 4o A multa diária deixará de ser aplicada a partir da data em que o autuado apresentar

ao órgão ambiental documentos que comprovem a regularização da situação que deu causa à

lavratura do auto de infração. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 5o Caso o agente autuante ou a autoridade competente verifique que a situação que deu

causa à lavratura do auto de infração não foi regularizada, a multa diária voltará a ser imposta

desde a data em que deixou de ser aplicada, sendo notificado o autuado, sem prejuízo da adoção

de outras sanções previstas neste Decreto. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 6o Por ocasião do julgamento do auto de infração, a autoridade ambiental deverá, em

caso de procedência da autuação, confirmar ou modificar o valor da multa-dia, decidir o período

de sua aplicação e consolidar o montante devido pelo autuado para posterior execução.

(Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 7o O valor da multa será consolidado e executado periodicamente após o julgamento

final, nos casos em que a infração não tenha cessado. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de

2008).

§ 8o A celebração de termo de compromisso de reparação ou cessação dos danos

encerrará a contagem da multa diária. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 11. O cometimento de nova infração ambiental pelo mesmo infrator, no período de cinco anos, contados da lavratura de auto de infração anterior devidamente confirmado no julgamento de que trata o art. 124, implica:

I - aplicação da multa em triplo, no caso de cometimento da mesma infração; ou

II - aplicação da multa em dobro, no caso de cometimento de infração distinta.

§ 1o O agravamento será apurado no procedimento da nova infração, do qual se fará

constar, por cópia, o auto de infração anterior e o julgamento que o confirmou.

§ 2o Antes do julgamento da nova infração, a autoridade ambiental deverá verificar a

existência de auto de infração anterior confirmado em julgamento, para fins de aplicação do agravamento da nova penalidade.

§ 3o Após o julgamento da nova infração, não será efetuado o agravamento da

penalidade.

§ 4o Constatada a existência de auto de infração anteriormente confirmado em julgamento,

a autoridade ambiental deverá:

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I - agravar a pena conforme disposto no caput;

II - notificar o autuado para que se manifeste sobre o agravamento da penalidade no prazo de dez dias; e

III - julgar a nova infração considerando o agravamento da penalidade.

§ 5o O disposto no § 3

o não se aplica para fins do disposto nos arts. 123 e 130.

§ 5o O disposto no § 3

o não se aplica para fins de majoração do valor da multa, conforme

previsão contida nos arts. 123 e 129. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 12. O pagamento de multa por infração ambiental imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a aplicação de penalidade pecuniária pelo órgão federal, em decorrência do mesmo fato, respeitados os limites estabelecidos neste Decreto.

Parágrafo único. Somente o efetivo pagamento da multa será considerado para efeito da substituição de que trata o caput, não sendo admitida para esta finalidade a celebração de termo de compromisso de ajustamento de conduta ou outra forma de compromisso de regularização da infração ou composição de dano.

Parágrafo único. Somente o efetivo pagamento da multa será considerado para efeito da substituição de que trata o caput, não sendo admitida para esta finalidade a celebração de termo de compromisso de ajustamento de conduta ou outra forma de compromisso de regularização da infração ou composição de dano, salvo se deste também participar o órgão ambiental federal. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 13. Reverterão ao Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA, cinqüenta por cento dos valores arrecadados em pagamento de multas aplicadas pela União, podendo o referido percentual ser alterado, a critério dos órgãos arrecadadores.

Art. 13. Reverterão ao Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA vinte por cento dos valores arrecadados em pagamento de multas aplicadas pela União, podendo o referido percentual ser alterado, a critério dos órgãos arrecadadores. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Subseção III

Das Demais Sanções Administrativas

Art. 14. A sanção de apreensão de animais, produtos e subprodutos da biodiversidade, inclusive fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos e embarcações de qualquer natureza utilizados na infração, reger-se-á pelo disposto nas Seções II, IV e VI do Capítulo II deste Decreto.

Art. 14. A sanção de apreensão de animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos e embarcações de qualquer natureza utilizados na infração reger-se-á pelo disposto nas Seções II, IV e VI do Capítulo II deste Decreto. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 15. As sanções indicadas nos incisos V a IX do art. 3o serão aplicadas quando o

produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às determinações legais ou regulamentares.

Art. 15-A. O embargo de obra ou atividade restringe-se aos locais onde efetivamente caracterizou-se a infração ambiental, não alcançando as demais atividades realizadas em áreas não embargadas da propriedade ou posse ou não correlacionadas com a infração. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

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Art. 15-B. A cessação das penalidades de suspensão e embargo dependerá de decisão da autoridade ambiental após a apresentação, por parte do autuado, de documentação que regularize a obra ou atividade. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 16. No caso de desmatamento ou queimada irregulares de vegetação natural, o agente autuante embargará a prática de atividades econômicas e a respectiva área danificada, excetuadas as atividades de subsistência, e executará o georreferenciamento da área embargada para fins de monitoramento, cujas coordenadas geográficas deverão constar do respectivo auto de infração.

Art. 17. O embargo da área objeto do Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS não exonera seu detentor da execução de atividades de manutenção ou recuperação da floresta, permanecendo o termo de tesponsabilidade de manutenção da floresta válido até o prazo final da vigência estabelecida no PMFS.

Art. 16. No caso de áreas irregularmente desmatadas ou queimadas, o agente autuante embargará quaisquer obras ou atividades nelas localizadas ou desenvolvidas, excetuando as atividades de subsistência. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o O agente autuante deverá colher todas as provas possíveis de autoria e materialidade,

bem como da extensão do dano, apoiando-se em documentos, fotos e dados de localização, incluindo as coordenadas geográficas da área embargada, que deverão constar do respectivo auto de infração para posterior georreferenciamento. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 2o Não se aplicará a penalidade de embargo de obra ou atividade, ou de área, nos casos

em que a infração de que trata o caput se der fora da área de preservação permanente ou reserva legal, salvo quando se tratar de desmatamento não autorizado de mata nativa. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 17. O embargo de área irregularmente explorada e objeto do Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS não exonera seu detentor da execução de atividades de manutenção ou recuperação da floresta, na forma e prazos fixados no PMFS e no termo de responsabilidade de manutenção da floresta. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 18. O descumprimento total ou parcial de embargo, sem prejuízo do disposto no art. 79, ensejará a aplicação cumulativa das seguintes sanções:

I - suspensão da atividade que originou a infração e da venda de produtos ou subprodutos criados ou produzidos na área ou local objeto do embargo infringido; e

II - cancelamento de cadastros, registros, licenças, permissões ou autorizações de funcionamento da atividade econômica junto aos órgãos ambientais e de fiscalização.

Parágrafo único. O órgão ou entidade ambiental promoverá a divulgação dos dados do imóvel rural, da área ou local embargado e do respectivo titular em lista oficial, resguardados os dados protegidos por legislação específica para efeitos do disposto no inciso III do art. 4

o da Lei

10.650, de 16 de abril de 2003.

II - cancelamento de registros, licenças ou autorizações de funcionamento da atividade econômica junto aos órgãos ambientais e de fiscalização. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o O órgão ou entidade ambiental promoverá a divulgação dos dados do imóvel rural, da

área ou local embargado e do respectivo titular em lista oficial, resguardados os dados protegidos por legislação específica para efeitos do disposto no inciso III do art. 4º da Lei nº 10.650, de 16 de abril de 2003, especificando o exato local da área embargada e informando que o auto de infração encontra-se julgado ou pendente de julgamento. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 2o A pedido do interessado, o órgão ambiental autuante emitirá certidão em que conste a

atividade, a obra e a parte da área do imóvel que são objetos do embargo, conforme o caso. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

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Art. 19. A sanção de demolição de obra poderá ser aplicada pela autoridade ambiental quando:

Art. 19. A sanção de demolição de obra poderá ser aplicada pela autoridade ambiental, após o contraditório e ampla defesa, quando: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

I - verificada a construção de obra em área ambientalmente protegida em desacordo com a legislação ambiental; ou

II - quando a obra ou construção realizada não atenda às condicionantes da legislação ambiental e não seja passível de regularização.

§ 1o A demolição poderá ser feita pela administração ou pelo infrator, em prazo assinalado,

após o julgamento do auto de infração, sem prejuízo do disposto no art. 112.

§ 2o As despesas para a realização da demolição correrão às custas do infrator, que será

notificado para realizá-la ou para reembolsar aos cofres públicos os gastos que tenham sido efetuados pela administração.

§ 3o Não será aplicada a penalidade de demolição quando, mediante laudo técnico, for

comprovado que o desfazimento poderá trazer piores impactos ambientais que sua manutenção, caso em que a autoridade ambiental, mediante decisão fundamentada, deverá, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, impor as medidas necessárias à cessação e mitigação do dano ambiental, observada a legislação em vigor. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 20. As sanções restritivas de direito aplicáveis às pessoas físicas ou jurídicas são:

I - suspensão de registro, licença, permissão ou autorização; II - cancelamento de registro, licença, permissão ou autorização;

I - suspensão de registro, licença ou autorização; (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

II - cancelamento de registro, licença ou autorização; (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; e

V - proibição de contratar com a administração pública;

Parágrafo único. A autoridade ambiental fixará o período de vigência da sanção restritiva de direitos, que não poderá ser superior a três anos.

§ 1o A autoridade ambiental fixará o período de vigência das sanções previstas neste

artigo, observando os seguintes prazos: (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

I - até três anos para a sanção prevista no inciso V; (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

II - até um ano para as demais sanções. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 2o Em qualquer caso, a extinção da sanção fica condicionada à regularização da conduta

que deu origem ao auto de infração. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Seção II

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Dos Prazos Prescricionais

Art. 21. Prescreve em cinco anos a ação da administração objetivando apurar a prática de infrações contra o meio ambiente, contada da data da prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado.

§ 1o Considera-se iniciada a ação de apuração de infração ambiental pela administração

com a lavratura do auto de infração.

§ 2o Incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de infração paralisado por

mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação e da reparação dos danos ambientais.

§ 2o Incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de infração paralisado por

mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 3o Quando o fato objeto da infração também constituir crime, a prescrição de que trata o

caput reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.

§ 4o A prescrição da pretensão punitiva da administração não elide a obrigação de reparar

o dano ambiental. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 22. Interrompe-se a prescrição:

I - pelo recebimento do auto de infração ou pela cientificação do infrator por qualquer outro meio, inclusive por edital;

II - por qualquer ato inequívoco da administração que importe apuração do fato; e

III - pela decisão condenatória recorrível.

Parágrafo único. Considera-se ato inequívoco da administração, para o efeito do que dispõe o inciso II, aqueles que impliquem instrução do processo.

Art. 23. O disposto neste Capítulo não se aplica aos procedimentos relativos a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental de que trata o art. 17-B da Lei n

o 6.938, de 31 de agosto de

1981.

Seção III

Das Infrações Administrativas Cometidas Contra o Meio Ambiente

Subseção I

Das Infrações Contra a Fauna

Art. 24. Matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Multa de:

I - R$ 500,00 (quinhentos reais) por indivíduo de espécie não constante de listas oficiais de risco ou ameaça de extinção;

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II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção constante ou não da Convenção de Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES.

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da Convenção de Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o As multas serão aplicadas em dobro se a infração for praticada com finalidade de

obter vantagem pecuniária.

§ 2o Na impossibilidade de aplicação do critério de unidade por espécime para a fixação da

multa, aplicar-se-á o valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por quilograma ou fração.

§ 3o Incorre nas mesmas multas:

I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; ou

III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade ambiental competente ou em desacordo com a obtida.

§ 4o No caso de guarda doméstica de espécime silvestre não considerada ameaçada de

extinção, pode a autoridade competente, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a multa, em analogia ao disposto no § 2

o do art. 29 da Lei n

o 9.605, de 1998.

§ 5o No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar de

aplicar as sanções previstas neste Decreto, quando o agente espontaneamente entregar os animais ao órgão ambiental competente.

§ 6o Caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscalizatório esteja em desacordo

com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização.

§ 7o São espécimes da fauna silvestre, para os efeitos deste Decreto, todos os

componentes da biodiversidade incluídos no reino animal, pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras não exóticas, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo original de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro ou em águas jurisdicionais brasileiras.

§ 7o São espécimes da fauna silvestre, para os efeitos deste Decreto, todos os organismos

incluídos no reino animal, pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras não exóticas, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo original de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro ou em águas jurisdicionais brasileiras. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 8o A coleta de material destinado a fins científicos somente é considerada infração, nos

termos deste artigo, quando se caracterizar, pelo seu resultado, como danosa ao meio ambiente. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 9o A autoridade julgadora poderá, considerando a natureza dos animais, em razão de

seu pequeno porte, aplicar multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais) quando a contagem individual for de difícil execução ou quando, nesta situação, ocorrendo a

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contagem individual, a multa final restar desproporcional em relação à gravidade da infração e a capacidade econômica do infrator. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 25. Introduzir espécime animal no País, ou fora de sua área de distribuição natural, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente:

Art. 25. Introduzir espécime animal silvestre, nativo ou exótico, no País ou fora de sua área de distribuição natural, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente, quando exigível: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de:

I - R$ 200,00 (duzentos reais), por indivíduo de espécie não constante em listas oficiais de espécies em risco ou ameaçadas de extinção;

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, constante ou não da CITES.

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da CITES. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o Entende-se por introdução de espécime animal no País, além do ato de ingresso nas

fronteiras nacionais, a guarda e manutenção continuada a qualquer tempo.

§ 2o Incorre nas mesmas penas quem reintroduz na natureza espécime da fauna silvestre

sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente.

§ 2o Incorre nas mesmas penas quem reintroduz na natureza espécime da fauna silvestre

sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambiental competente, quando exigível. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 26. Exportar peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem autorização da autoridade competente:

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo de:

I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade não constante em listas oficiais de espécies em risco ou ameaçadas de extinção; ou

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, constante ou não da CITES.

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da CITES. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Parágrafo único. Caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscalizatório esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização.

Art. 27. Praticar caça profissional no País:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com acréscimo de:

I - R$ 500,00 (quinhentos reais), por indivíduo; ou II - R$ 10.000,00 (dez mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de

fauna brasileira ameaçada de extinção, constante ou não da CITES.

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I - R$ 500,00 (quinhentos reais), por indivíduo capturado; ou (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

II - R$ 10.000,00 (dez mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da CITES. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 28. Comercializar produtos, instrumentos e objetos que impliquem a caça, perseguição, destruição ou apanha de espécimes da fauna silvestre:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), com acréscimo de R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade excedente.

Art. 29. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais) por indivíduo.

Art. 30. Molestar de forma intencional qualquer espécie de cetáceo, pinípede ou sirênio em águas jurisdicionais brasileiras:

Multa de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

Art. 31. Deixar, o jardim zoológico e os criadouros autorizados, de ter o livro de registro do acervo faunístico ou mantê-lo de forma irregular:

Multa de R$ 500,00 a R$ 5.000,00 (mil reais).

Parágrafo único. Incorre na mesma multa quem deixa de manter registro de acervo faunístico e movimentação de plantel em sistemas informatizados de controle de fauna ou fornece dados inconsistentes ou fraudados.

Art. 32. Deixar, o comerciante, de apresentar declaração de estoque e valores oriundos de comércio de animais silvestres:

Multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Art. 33. Explorar ou fazer uso comercial de imagem de animal silvestre mantido irregularmente em cativeiro ou em situação de abuso ou maus-tratos:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica ao uso de imagem para fins jornalísticos, informativos, acadêmicos, de pesquisas científicas e educacionais.

Art. 34. Causar degradação em viveiros, açudes ou estação de aqüicultura de domínio público:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Art. 35. Pescar em período ou local no qual a pesca seja proibida:

Multa de R$ 700,00 (setecentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais), por quilo ou fração do produto da pescaria, ou por espécime quando se tratar de produto de pesca para uso ornamental.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:

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I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibida;

IV - transporta, conserva, beneficia, descaracteriza, industrializa ou comercializa pescados ou produtos originados da pesca, sem comprovante de origem ou autorização do órgão competente;

V - captura, extrai, coleta, transporta, comercializa ou exporta espécimes de espécies ornamentais oriundos da pesca, sem autorização do órgão competente ou em desacordo com a obtida; e

VI - deixa de apresentar declaração de estoque.

Art. 36. Pescar mediante a utilização de explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeitos semelhantes, ou substâncias tóxicas, ou ainda, por outro meio proibido pela autoridade competente:

Multa de R$ 700,00 (setecentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais), por quilo ou fração do produto da pescaria.

Art. 37. Exercer a pesca sem prévio cadastro, inscrição, autorização, licença, permissão ou registro do órgão competente, ou em desacordo com o obtido:

Multa de R$ 300,00 (trezentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou fração do produto da pesca, ou por espécime quando se tratar de produto de pesca para ornamentação.

Parágrafo único. Caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscalizatório esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização.

Art. 38. Importar ou exportar quaisquer espécies aquáticas, em qualquer estágio de desenvolvimento, bem como introduzir espécies nativas, exóticas ou não autóctones em águas jurisdicionais brasileiras, sem autorização ou licença do órgão competente, ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou fração do produto da pescaria, ou por espécime quando se tratar de espécies aquáticas, oriundas de produto de pesca para ornamentação.

§ 1o Incorre na mesma multa quem introduzir espécies nativas ou exóticas em águas

jurisdicionais brasileiras, sem autorização do órgão competente, ou em desacordo com a obtida.

§ 2o A multa de que trata o caput será aplicada em dobro se houver dano ou destruição de

recife de coral.

Art. 39. Explorar campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, bem como recifes de coral sem autorização do órgão ambiental competente ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou espécime do produto.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:

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I - utiliza, comercializa ou armazena invertebrados aquáticos, algas, ou recifes de coral ou subprodutos destes sem autorização do órgão competente ou em desacordo com a obtida; e

II - fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 40. A comercialização do produto da pesca de que trata esta Subseção agravará a penalidade da respectiva infração quando esta incidir sobre espécies sobreexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação, conforme regulamento do órgão ambiental competente, com o acréscimo de:

I - R$ 40,00 (quarenta reais) por quilo ou fração do produto da pesca de espécie constante das listas oficiais brasileiras de espécies ameaçadas de sobreexplotação; ou

II - R$ 60,00 (sessenta reais) por quilo ou fração do produto da pesca de espécie constante das listas oficiais brasileiras de espécies sobreexplotadas.

Art. 41. Deixar, os comandantes de embarcações destinadas à pesca, de preencher e entregar, ao fim de cada viagem ou semanalmente, os mapas fornecidos pelo órgão competente:

Multa: R$ 1.000,00 (mil reais).

Art. 42. Para os efeitos deste Decreto, considera-se pesca todo ato tendente a extrair, retirar, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos aquáticos e vegetais hidróbios suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Parágrafo único. Entende-se por ato tendente à pesca aquele em que o infrator esteja munido, equipado ou armado com petrechos de pesca, na área de pesca ou dirigindo-se a ela.

Subseção II

Das Infrações Contra a Flora

Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural, em qualquer estágio sucessional, ou utilizá-las com infringência das normas de proteção em área considerada de preservação permanente, sem autorização do órgão competente ou em desacordo com a obtida:

Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural ou utilizá-las com infringência das normas de proteção em área considerada de preservação permanente, sem autorização do órgão competente, quando exigível, ou em desacordo com a obtida: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por hectare ou fração.

Art. 44. Cortar árvores em área considerada de preservação permanente ou cuja espécie seja especialmente protegida, sem permissão da autoridade competente:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por hectare ou fração, ou R$ 500,00 (quinhentos reais) por árvore, metro cúbico ou fração.

Art. 45. Extrair de florestas de domínio público ou áreas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

Multa simples de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) por hectare ou fração.

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Art. 46. Transformar madeira oriunda de floresta ou demais formas de vegetação nativa em carvão, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, sem licença ou em desacordo com as determinações legais:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por metro cúbico de carvão-mdc.

Art. 47. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira serrada ou em tora, lenha, carvão ou outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:

Multa de R$ 300,00 (trezentos reais) por unidade, estéreo, quilo, mdc ou metro cúbico aferido pelo método geométrico.

§ 1o Incorre nas mesmas multas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta

ou guarda madeira, lenha, carvão ou outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente ou em desacordo com a obtida.

§ 2o Considera-se licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento

aquela cuja autenticidade seja confirmada pelos sistemas de controle eletrônico oficiais, inclusive no que diz respeito à quantidade e espécie autorizada para transporte e armazenamento.

§ 3o Caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscalizatório esteja em desacordo

com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização.

§ 3o Nas infrações de transporte, caso a quantidade ou espécie constatada no ato

fiscalizatório esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 4o Para as demais infrações previstas neste artigo, o agente autuante promoverá a

autuação considerando o volume integral de madeira, lenha, carvão ou outros produtos de origem vegetal que não guarde correspondência com aquele autorizado pela autoridade ambiental competente, em razão da quantidade ou espécie. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas ou demais formas de vegetação nativa:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por hectare ou fração. Parágrafo único. Caso a infração seja cometida em área de reserva legal ou de

preservação permanente, a multa será de R$ 5.000 (cinco mil reais), por hectare ou fração. Art. 49. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies

nativas plantadas, objeto de especial preservação, não passíveis de autorização para exploração ou supressão:

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas ou demais formas de vegetação nativa em unidades de conservação ou outras áreas especialmente protegidas, quando couber, área de preservação permanente, reserva legal ou demais locais cuja regeneração tenha sido indicada pela autoridade ambiental competente: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por hectare ou fração. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica para o uso permitido das áreas de preservação permanente. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

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Art. 49. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa, objeto de especial preservação, não passíveis de autorização para exploração ou supressão: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 6.000,00 (seis mil reis) por hectare ou fração.

Parágrafo único. A multa será acrescida de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou fração quando a situação prevista no caput se der em detrimento de vegetação primária ou secundária no estágio avançado ou médio de regeneração do bioma Mata Atlântica.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, objeto de especial preservação, sem autorização ou licença da autoridade ambiental competente:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração.

§ 1o A multa será acrescida de R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou fração quando

a situação prevista no caput se der em detrimento de vegetação secundária no estágio inicial de regeneração do bioma Mata Atlântica.

§ 2o Para os fins dispostos no art. 49 e no caput deste artigo, são consideradas de especial

preservação as florestas e demais formas de vegetação nativa que tenham regime jurídico próprio e especial de conservação ou preservação definido pela legislação.

Art. 51. Destruir, desmatar, danificar ou explorar floresta ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, em área de reserva legal ou servidão florestal, de domínio público ou privado, sem aprovação prévia do órgão ambiental competente ou em desacordo com a aprovação concedida, inclusive em planos de manejo florestal sustentável:

Art. 51. Destruir, desmatar, danificar ou explorar floresta ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, em área de reserva legal ou servidão florestal, de domínio público ou privado, sem autorização prévia do órgão ambiental competente ou em desacordo com a concedida: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração.

Art. 51-A. Executar manejo florestal sem autorização prévia do órgão ambiental competente, sem observar os requisitos técnicos estabelecidos em PMFS ou em desacordo com a autorização concedida: (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou fração. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 52. Desmatar, a corte raso, florestas ou demais formações nativas, fora da reserva legal, sem autorização da autoridade competente:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou fração.

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou fração. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 53. Explorar ou danificar floresta ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, localizada fora de área de reserva legal averbada, de domínio público ou privado, sem aprovação prévia do órgão ambiental competente ou em desacordo com a concedida:

Multa de R$ 300,00 (trezentos reais), por hectare ou fração, ou por unidade, estéreo, quilo, mdc ou metro cúbico.

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Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem deixa de cumprir a reposição florestal obrigatória.

Art. 54. Adquirir, intermediar, transportar ou comercializar produto ou subproduto de origem animal ou vegetal produzido sobre área objeto de embargo:

Multa de R$ R$ 500,00 (quinhentos reais) por quilograma ou unidade.

Parágrafo único. A aplicação deste artigo dependerá de prévia divulgação dos dados do imóvel rural, da área ou local embargado e do respectivo titular de que trata o parágrafo único do art. 18.

Parágrafo único. A aplicação do disposto neste artigo dependerá de prévia divulgação dos dados do imóvel rural, da área ou local embargado e do respectivo titular de que trata o § 1

o do

art. 18 e estará limitada à área onde efetivamente ocorreu o ilícito. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 55. Deixar de averbar a reserva legal: (Vide Decreto nº 6.686, de 2008) (Vide Decreto nº 7.029, de 2009) (Vide Decreto nº 7.497, de 2011) (Vide Decreto nº 7.640, de 2011) (Vide Decreto nº 7.719, de 2012)

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). § 1

o No ato da lavratura do auto de infração, o agente autuante assinará prazo de sessenta

a noventa dias para o autuado promover o protocolo da solicitação administrativa visando à efetiva averbação da reserva legal junto ao órgão ambiental competente, sob pena de multa diária de R$ 50,00 (cinqüenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou fração da área da reserva.

§ 2o Haverá a suspensão da aplicação da multa diária no interregno entre a data do

protocolo da solicitação administrativa perante o órgão ambiental competente e trinta dias após seu deferimento, quando será reiniciado o cômputo da multa diária.

Penalidade de advertência e multa diária de R$ 50,00 (cinqüenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou fração da área de reserva legal. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o O autuado será advertido para que, no prazo de cento e vinte dias, apresente termo

de compromisso de averbação e preservação da reserva legal firmado junto ao órgão ambiental competente, definindo a averbação da reserva legal e, nos casos em que não houver vegetação nativa suficiente, a recomposição, regeneração ou compensação da área devida consoante arts. 16 e 44 da Lei n

o 4.771, de 15 de setembro de 1965. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de

2008).

§ 1o O autuado será advertido para que, no prazo de cento e oitenta dias, apresente termo

de compromisso de regularização da reserva legal na forma das alternativas previstas na Lei no

4.771, de 15 de setembro de 1965.. (Redação dada pelo Decreto nº 7.029, de 2009)

§ 2o Durante o período previsto no § 1

o, a multa diária será suspensa. (Redação dada pelo

Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 3o Caso o autuado não apresente o termo de compromisso previsto no § 1

o nos cento e

vinte dias assinalados, deverá a autoridade ambiental cobrar a multa diária desde o dia da lavratura do auto de infração, na forma estipulada neste Decreto. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 4o As sanções previstas neste artigo não serão aplicadas quando o prazo previsto não for

cumprido por culpa imputável exclusivamente ao órgão ambiental. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 5o O proprietário ou possuidor terá prazo de cento e vinte dias para averbar a

localização, compensação ou desoneração da reserva legal, contados da emissão dos

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documentos por parte do órgão ambiental competente ou instituição habilitada. (Incluído pelo Decreto nº 7.029, de 2009)

§ 6º No prazo a que se refere o § 5º, as sanções previstas neste artigo não serão aplicadas.(Incluído pelo Decreto nº 7.029, de 2009)

Art. 56. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$1.000,00 (mil reais) por unidade ou metro quadrado.

Art. 57. Comercializar, portar ou utilizar em floresta ou demais formas de vegetação, motosserra sem licença ou registro da autoridade ambiental competente:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por unidade.

Art. 58. Fazer uso de fogo em áreas agropastoris sem autorização do órgão competente ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por hectare ou fração.

Art. 59. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), por unidade.

Art. 60. As sanções administrativas previstas nesta Subseção serão aumentadas pela metade quando:

I - ressalvados os casos previstos nos arts. 46 e 58, a infração for consumada mediante uso de fogo ou provocação de incêndio; e

II - a vegetação destruída, danificada, utilizada ou explorada contiver espécies ameaçadas de extinção, constantes de lista oficial.

Art. 60-A. Nas hipóteses previstas nos arts. 50, 51, 52 e 53, em se tratando de espécies nativas plantadas, a autorização de corte poderá ser substituída pelo protocolo do pedido junto ao órgão ambiental competente, caso em que este será instado pelo agente de fiscalização a fazer as necessárias verificações quanto à real origem do material. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Subseção III

Das Infrações Relativas à Poluição e outras Infrações Ambientais

Art. 61. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da biodiversidade:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

Parágrafo único. As multas e demais penalidades de que trata o caput serão aplicadas após laudo técnico elaborado pelo órgão ambiental competente, identificando a dimensão do dano decorrente da infração e em conformidade com a gradação do impacto.

Art. 62. Incorre nas mesmas multas do art. 61 quem:

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I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas ou que provoque, de forma recorrente, significativo desconforto respiratório ou olfativo;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas ou que provoque, de forma recorrente, significativo desconforto respiratório ou olfativo devidamente atestado pelo agente autuante; (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias pelo lançamento de substâncias, efluentes, carreamento de materiais ou uso indevido dos recursos naturais;

V - lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óleos ou substâncias oleosas em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou atos normativos;

VI - deixar, aquele que tem obrigação, de dar destinação ambientalmente adequada a produtos, subprodutos, embalagens, resíduos ou substâncias quando assim determinar a lei ou ato normativo;

VII - deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução ou contenção em caso de risco ou de dano ambiental grave ou irreversível; e

VIII - provocar pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais o perecimento de espécimes da biodiversidade.

IX - lançar resíduos sólidos ou rejeitos em praias, no mar ou quaisquer recursos hídricos;

(Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

X - lançar resíduos sólidos ou rejeitos in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de

mineração; (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

XI - queimar resíduos sólidos ou rejeitos a céu aberto ou em recipientes, instalações e

equipamentos não licenciados para a atividade; (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

XII - descumprir obrigação prevista no sistema de logística reversa implantado nos termos

da Lei no 12.305, de 2010, consoante as responsabilidades específicas estabelecidas para o

referido sistema; (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

XIII - deixar de segregar resíduos sólidos na forma estabelecida para a coleta seletiva,

quando a referida coleta for instituída pelo titular do serviço público de limpeza urbana e manejo

de resíduos sólidos; (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

XIV - destinar resíduos sólidos urbanos à recuperação energética em desconformidade com

o § 1o do art. 9

o da Lei n

o 12.305, de 2010, e respectivo regulamento; (Incluído pelo Decreto nº

7.404, de 2010)

XV - deixar de manter atualizadas e disponíveis ao órgão municipal competente e a outras

autoridades informações completas sobre a realização das ações do sistema de logística reversa

sobre sua responsabilidade; (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

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XVI - não manter atualizadas e disponíveis ao órgão municipal competente, ao órgão

licenciador do SISNAMA e a outras autoridades, informações completas sobre a implementação e

a operacionalização do plano de gerenciamento de resíduos sólidos sob sua responsabilidade; e

(Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

XVII - deixar de atender às regras sobre registro, gerenciamento e informação previstos no

§ 2º do art. 39 da Lei nº 12.305, de 2010. (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

§ 1o As multas de que tratam os incisos I a XI deste artigo serão aplicadas após laudo de

constatação. (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

§ 2o Os consumidores que descumprirem as respectivas obrigações previstas nos sistemas

de logística reversa e de coleta seletiva estarão sujeitos à penalidade de advertência. (Incluído

pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

§ 3o No caso de reincidência no cometimento da infração prevista no § 2

o, poderá ser aplicada a

penalidade de multa, no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais). (Incluído

pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

§ 4o A multa simples a que se refere o § 3

o pode ser convertida em serviços de preservação,

melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

§ 5o Não estão compreendidas na infração do inciso IX as atividades de deslocamento de

material do leito de corpos d’água por meio de dragagem, devidamente licenciado ou

aprovado. (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

§ 6o As bacias de decantação de resíduos ou rejeitos industriais ou de mineração,

devidamente licenciadas pelo órgão competente do SISNAMA, não são consideradas corpos

hídricos para efeitos do disposto no inciso IX. (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

Parágrafo único. As multas de que trata este artigo e demais penalidades serão aplicadas após laudo de constatação.

Art. 63. Executar pesquisa, lavra ou extração de minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença da autoridade ambiental competente ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), por hectare ou fração.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão ambiental competente.

Art. 64. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou em seus regulamentos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

§ 1o Incorre nas mesmas penas quem abandona os produtos ou substâncias referidas no

caput, descarta de forma irregular ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.

§ 2o Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a multa é aumentada ao

quíntuplo.

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Art. 65. Deixar, o fabricante de veículos ou motores, de cumprir os requisitos de garantia ao atendimento dos limites vigentes de emissão de poluentes atmosféricos e de ruído, durante os prazos e quilometragens previstos na legislação:

Multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes:

Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:

I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabelecimento, obra ou serviço sujeito a licenciamento ambiental localizado em unidade de conservação ou em sua zona de amortecimento, sem anuência do respectivo órgão gestor; e

I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabelecimento, obra ou serviço sujeito a licenciamento ambiental localizado em unidade de conservação ou em sua zona de amortecimento, ou em áreas de proteção de mananciais legalmente estabelecidas, sem anuência do respectivo órgão gestor; e (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

II - deixa de atender a condicionantes estabelecidas na licença ambiental.

Art. 67. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à biodiversidade, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Art. 67. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à fauna, à flora ou aos ecossistemas: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais).

Art. 68. Conduzir, permitir ou autorizar a condução de veículo automotor em desacordo com os limites e exigências ambientais previstos na legislação:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Art. 69. Importar ou comercializar veículo automotor sem Licença para Uso da Configuração de Veículos ou Motor - LCVM expedida pela autoridade competente:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) e correção de todas as unidades de veículo ou motor que sofrerem alterações.

Art. 70. Importar pneu usado ou reformado em desacordo com a legislação:

Multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais), por unidade.

§ 1o Incorre na mesma multa quem comercializa, transporta, armazena, guarda ou

mantém em depósito pneu usado ou reformado, importado nessas condições.

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§ 2o Ficam isentas do pagamento da multa a que se refere este artigo as importações de

pneumáticos reformados classificados nas NCM 4012.1100, 4012.1200, 4012.1300 e 4012.1900, procedentes dos Estados Partes do MERCOSUL, ao amparo do Acordo de Complementação Econômica n

o 18.

Art. 71. Alterar ou promover a conversão de qualquer item em veículos ou motores novos ou usados que provoque alterações nos limites e exigências ambientais previstas na legislação:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), por veículo, e correção da irregularidade.

Art. 71-A. Importar resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem como os resíduos sólidos cujas características causem dano ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que para tratamento, reforma, reuso, reutilização ou recuperação: (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais). (Incluído pelo Decreto nº 7.404, de 2010)

Subseção IV

Das Infrações Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural

Art. 72. Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; ou

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Art. 73. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

Art. 74. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art.75. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação alheia ou monumento urbano:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).

Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada, a multa é aplicada em dobro.

Subseção V

Das Infrações Administrativas Contra a Administração Ambiental

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Art. 76. Deixar de inscrever-se no Cadastro Técnico Federal de que trata o art.17 da Lei 6.938, de 1981:

Multa de:

I - R$ 50,00 (cinqüenta reais), se pessoa física;

II - R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), se microempresa;

III - R$ 900,00 (novecentos reais), se empresa de pequeno porte;

IV - R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), se empresa de médio porte; e

V - R$ 9.000,00 (nove mil reais), se empresa de grande porte.

Art. 77. Obstar ou dificultar a ação do Poder Público no exercício de atividades de fiscalização ambiental:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 78. Obstar ou dificultar a ação do órgão ambiental, ou de terceiro por ele encarregado, na execução de georreferenciamento de imóveis rurais para fins de fiscalização:

Art. 78. Obstar ou dificultar a ação do órgão ambiental, ou de terceiro por ele encarregado, na coleta de dados para a execução de georreferenciamento de imóveis rurais para fins de fiscalização: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (trezentos reais) por hectare do imóvel.

Art. 79. Descumprir embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 80. Deixar de atender exigências quando devidamente notificado pela autoridade ambiental competente no prazo concedido, visando à regularização, correção ou adoção de medidas de controle para cessar a degradação ambiental:

Art. 80. Deixar de atender a exigências legais ou regulamentares quando devidamente notificado pela autoridade ambiental competente no prazo concedido, visando à regularização, correção ou adoção de medidas de controle para cessar a degradação ambiental: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 81. Deixar de apresentar relatórios ou informações ambientais nos prazos exigidos pela legislação ou, quando aplicável, naquele determinado pela autoridade ambiental:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 82. Elaborar ou apresentar informação, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso, enganoso ou omisso, seja nos sistemas oficiais de controle, seja no licenciamento, na concessão florestal ou em qualquer outro procedimento administrativo ambiental:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 83. Deixar de cumprir compensação ambiental determinada por lei, na forma e no prazo exigidos pela autoridade ambiental:

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Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Subseção VI

Das Infrações Cometidas Exclusivamente em Unidades de Conservação

Art. 84. Introduzir em unidade de conservação espécies alóctones:

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de proteção ambiental, as florestas

nacionais, as reservas extrativistas e as reservas de desenvolvimento sustentável, bem como os animais e plantas necessários à administração e às atividades das demais categorias de unidades de conservação, de acordo com o que se dispuser em regulamento e no plano de manejo da unidade.

§ 2o Nas áreas particulares localizadas em refúgios de vida silvestre, monumentos naturais

e reservas particulares do patrimônio natural podem ser criados animais domésticos e cultivadas plantas considerados compatíveis com as finalidades da unidade, de acordo com o que dispuser o seu plano de manejo.

Art. 85. Violar as limitações administrativas provisórias impostas às atividades efetiva ou potencialmente causadoras de degradação ambiental nas áreas delimitadas para realização de estudos com vistas à criação de unidade de conservação:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem explora a corte raso a floresta ou outras formas de vegetação nativa nas áreas definidas no caput.

Art. 86. Realizar pesquisa científica, envolvendo ou não coleta de material biológico, em unidade de conservação sem a devida autorização, quando esta for exigível:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

§ 1o A multa será aplicada em dobro caso as atividades de pesquisa coloquem em risco

demográfico as espécies integrantes dos ecossistemas protegidos.

§ 2o Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de proteção ambiental e reservas

particulares do patrimônio natural, quando as atividades de pesquisa científica não envolverem a coleta de material biológico.

Art. 87. Explorar comercialmente produtos ou subprodutos não madeireiros, ou ainda serviços obtidos ou desenvolvidos a partir de recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais em unidade de conservação sem autorização do órgão gestor da unidade ou em desacordo com a obtida, quando esta for exigível:

Art. 87. Explorar comercialmente produtos ou subprodutos não madeireiros, ou ainda serviços obtidos ou desenvolvidos a partir de recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais em unidade de conservação sem autorização ou permissão do órgão gestor da unidade ou em desacordo com a obtida, quando esta for exigível: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de proteção ambiental e reservas particulares do patrimônio natural.

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Art. 88. Explorar ou fazer uso comercial de imagem de unidade de conservação sem autorização do órgão gestor da unidade ou em desacordo com a recebida:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de proteção ambiental e reservas particulares do patrimônio natural.

Art. 89. Realizar liberação planejada ou cultivo de organismos geneticamente modificados em áreas de proteção ambiental, ou zonas de amortecimento das demais categorias de unidades de conservação, em desacordo com o estabelecido em seus respectivos planos de manejo, regulamentos ou recomendações da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

§ 1o A multa será aumentada ao triplo se o ato ocorrer no interior de unidade de

conservação de proteção integral.

§ 2o A multa será aumentado ao quádruplo se o organismo geneticamente modificado,

liberado ou cultivado irregularmente em unidade de conservação, possuir na área ancestral direto ou parente silvestre ou se representar risco à biodiversidade.

§ 3o O Poder Executivo estabelecerá os limites para o plantio de organismos

geneticamente modificados nas áreas que circundam as unidades de conservação até que seja fixada sua zona de amortecimento e aprovado o seu respectivo plano de manejo.

Art. 90. Realizar quaisquer atividades ou adotar conduta em desacordo com os objetivos da unidade de conservação, o seu plano de manejo e regulamentos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Art. 91. Causar dano direto ou indireto a unidade de conservação:

Art. 91. Causar dano à unidade de conservação: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 92. Penetrar em unidade de conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça, pesca ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais e minerais, sem licença da autoridade competente, quando esta for exigível:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem penetrar em unidade de conservação cuja visitação pública ou permanência sejam vedadas pelas normas aplicáveis ou ocorram em desacordo com a licença da autoridade competente.

Art. 93. As infrações previstas neste Decreto, exceto as dispostas nesta Subseção, quando forem cometidas ou afetarem unidade de conservação ou sua zona de amortecimento, terão os valores de suas respectivas multas aplicadas em dobro, ressalvados os casos em que a determinação de aumento do valor da multa seja superior a este.

CAPÍTULO II

DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA APURAÇÃO DE INFRAÇÕES AMBIENTAIS

Seção I

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Das Disposições Preliminares

Art. 94. Este Capítulo regula o processo administrativo federal para a apuração de infrações administrativas por condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Parágrafo único. O objetivo deste Capítulo é dar unidade às normas legais esparsas que versam sobre procedimentos administrativos em matéria ambiental, bem como, nos termos do que dispõe o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, disciplinar as regras de funcionamento pelas quais a administração pública federal, de caráter ambiental, deverá pautar-se na condução do processo.

Art. 95. O processo será orientado pelos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência, bem como pelos critérios mencionados no parágrafo único do art. 2

o

da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999.

Seção II

Da Autuação

Art. 96. Constatada a ocorrência de infração administrativa ambiental, será lavrado auto de infração, do qual deverá ser dado ciência ao autuado, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa.

§ 1o Caso o autuado se recuse a dar ciência do auto de infração, o agente autuante

certificará o ocorrido na presença de duas testemunhas e o entregará ao autuado. § 2

o Nos casos de evasão ou ausência do responsável pela infração administrativa, e

inexistindo preposto identificado, o agente autuante aplicará o disposto no § 1o, encaminhando o

auto de infração por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a sua ciência.

§ 1o O autuado será intimado da lavratura do auto de infração pelas seguintes formas:

(Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

I - pessoalmente; (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

II - por seu representante legal; (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

III - por carta registrada com aviso de recebimento; (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

IV - por edital, se estiver o infrator autuado em lugar incerto, não sabido ou se não for localizado no endereço. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 2o Caso o autuado se recuse a dar ciência do auto de infração, o agente autuante

certificará o ocorrido na presença de duas testemunhas e o entregará ao autuado. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 3o Nos casos de evasão ou ausência do responsável pela infração administrativa, e

inexistindo preposto identificado, o agente autuante aplicará o disposto no § 1o, encaminhando o

auto de infração por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a sua ciência. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 97. O auto de infração deverá ser lavrado em impresso próprio, com a identificação do autuado, a descrição clara e objetiva das infrações administrativas constatadas e a indicação dos respectivos dispositivos legais e regulamentares infringidos, não devendo conter emendas ou rasuras que comprometam sua validade.

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Art. 98. O auto de infração será encaminhado à unidade administrativa responsável pela apuração da infração, oportunidade em que se fará a autuação processual no prazo máximo de cinco dias úteis, contados de seu recebimento, ressalvados os casos de força maior devidamente justificados.

Art. 99. O auto de infração que apresentar vício sanável poderá, a qualquer tempo, ser convalidado de ofício pela autoridade julgadora, mediante despacho saneador, após o pronunciamento do órgão da Procuradoria-Geral Federal que atua junto à respectiva unidade administrativa da entidade responsável pela autuação.

Parágrafo único. Constatado o vício sanável, sob alegação do autuado, o procedimento será anulado a partir da fase processual em que o vício foi produzido, reabrindo-se novo prazo para defesa, aproveitando-se os atos regularmente produzidos.

Art. 100. O auto de infração que apresentar vício insanável deverá ser declarado nulo pela autoridade julgadora competente, que determinará o arquivamento do processo, após o pronunciamento do órgão da Procuradoria-Geral Federal que atua junto à respectiva unidade administrativa da entidade responsável pela autuação.

§ 1o Para os efeitos do caput, considera-se vício insanável aquele em que a correção da

autuação implica modificação do fato descrito no auto de infração.

§ 2o Nos casos em que o auto de infração for declarado nulo e estiver caracterizada a

conduta ou atividade lesiva ao meio ambiente, deverá ser lavrado novo auto, observadas as regras relativas à prescrição.

§ 3o O erro no enquadramento legal da infração não implica vício insanável, podendo ser

alterado pela autoridade julgadora mediante decisão fundamentada que retifique o auto de infração. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 101. Constatada a infração ambiental, o agente autuante, no uso do seu poder de polícia, poderá adotar as seguintes medidas administrativas:

I - apreensão;

II - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;

III - suspensão de venda ou fabricação de produto;

IV - suspensão parcial ou total de atividades;

V - destruição ou inutilização dos produtos, subprodutos e instrumentos da infração; e

VI - demolição.

§ 1o As medidas de que trata este artigo têm como objetivo prevenir a ocorrência de novas

infrações, resguardar a recuperação ambiental e garantir o resultado prático do processo administrativo.

§ 2o A aplicação de tais medidas será lavrada em formulário próprio, sem emendas ou

rasuras que comprometam sua validade, e deverá conter, além da indicação dos respectivos dispositivos legais e regulamentares infringidos, os motivos que ensejaram o agente autuante a assim proceder.

§ 3o A administração ambiental estabelecerá os formulários específicos a que se refere o § 2

o.

§ 4o O embargo de obra ou atividade restringe-se aos locais onde efetivamente

caracterizou-se a infração ambiental, não alcançando as demais atividades realizadas em áreas

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não embargadas da propriedade ou posse ou não correlacionadas com a infração. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 102. Os animais, produtos, subprodutos, instrumentos, petrechos, veículos de qualquer natureza referidos no inciso IV do art. 72 da Lei n

o 9.605, de 1998, serão objeto da apreensão de

que trata o inciso I do art. 101, salvo impossibilidade justificada.

Art. 103. Os animais domésticos e exóticos serão apreendidos quando:

I - forem encontrados no interior de unidade de conservação de proteção integral; ou

II - forem encontrados em área de preservação permanente ou quando impedirem a regeneração natural de vegetação em área cujo corte não tenha sido autorizado, desde que, em todos os casos, tenha havido prévio embargo.

§ 1o Na hipótese prevista no inciso II, os proprietários deverão ser previamente notificados

para que promovam a remoção dos animais do local no prazo assinalado pela autoridade competente.

§ 2o Não será adotado o procedimento previsto no § 1

o quando não for possível identificar

o proprietário dos animais apreendidos, seu preposto ou representante.

§ 3o O disposto no caput não será aplicado quando a atividade tenha sido caracterizada

como de baixo impacto e previamente autorizada, quando couber, nos termos da legislação em vigor. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 104. A autoridade ambiental, mediante decisão fundamentada em que se demonstre a existência de interesse público relevante, poderá autorizar o uso do bem apreendido nas hipóteses em que não haja outro meio disponível para a consecução da respectiva ação fiscalizatória.

Parágrafo único. Os veículos de qualquer natureza que forem apreendidos poderão ser utilizados pela administração ambiental para fazer o deslocamento do material apreendido até local adequado ou para promover a recomposição do dano ambiental.

Art. 105. Os bens apreendidos deverão ficar sob a guarda do órgão ou entidade responsável pela fiscalização, podendo, excepcionalmente, ser confiados a fiel depositário, até o julgamento do processo administrativo.

Parágrafo único. Nos casos de anulação, cancelamento ou revogação da apreensão, o órgão ou a entidade ambiental responsável pela apreensão restituirá o bem no estado em que se encontra ou, na impossibilidade de fazê-lo, indenizará o proprietário pelo valor de avaliação consignado no termo de apreensão.

Art. 106. A critério da administração, o depósito de que trata o art. 105 poderá ser confiado:

I - a órgãos e entidades de caráter ambiental, beneficente, científico, cultural, educacional, hospitalar, penal e militar; ou

II - ao próprio autuado, desde que a posse dos bens ou animais não traga risco de utilização em novas infrações.

§ 1o Os órgãos e entidades públicas que se encontrarem sob a condição de depositário

serão preferencialmente contemplados no caso da destinação final do bem ser a doação.

§ 2o Os bens confiados em depósito não poderão ser utilizados pelos depositários, salvo o

uso lícito de veículos e embarcações pelo próprio autuado.

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§ 3o A entidade fiscalizadora poderá celebrar convênios ou acordos com os órgãos e

entidades públicas para garantir, após a destinação final, o repasse de verbas de ressarcimento relativas aos custos do depósito.

Art. 107. Após a apreensão, a autoridade competente, levando-se em conta a natureza dos bens e animais apreendidos e considerando o risco de perecimento, procederá da seguinte forma:

I - os animais da fauna silvestre serão libertados em seu hábitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações, centros de triagem, criadouros regulares ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados;

I - os animais da fauna silvestre serão libertados em seu hábitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações, entidades de caráter cientifico, centros de triagem, criadouros regulares ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados, podendo ainda, respeitados os regulamentos vigentes, serem entregues em guarda doméstica provisória. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

II - os animais domésticos ou exóticos mencionados no art.103 poderão ser vendidos;

III - os produtos perecíveis e as madeiras sob risco iminente de perecimento serão avaliados e doados.

§ 1o Os animais de que trata o inciso II, após avaliados, poderão ser doados, mediante

decisão motivada da autoridade ambiental, sempre que sua guarda ou venda forem inviáveis econômica ou operacionalmente.

§ 2o A doação a que se refere o § 1

o será feita às instituições mencionadas no art. 135.

§ 3o O órgão ou entidade ambiental deverá estabelecer mecanismos que assegurem a

indenização ao proprietário dos animais vendidos ou doados, pelo valor de avaliação consignado no termo de apreensão, caso esta não seja confirmada na decisão do processo administrativo.

§ 4o Serão consideradas sob risco iminente de perecimento as madeiras que estejam

acondicionadas a céu aberto ou que não puderem ser guardadas ou depositadas em locais próprios, sob vigilância, ou ainda quando inviável o transporte e guarda, atestados pelo agente autuante no documento de apreensão.

§ 5o A libertação dos animais da fauna silvestre em seu hábitat natural deverá observar os

critérios técnicos previamente estabelecidos pelo órgão ou entidade ambiental competente. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 108. O embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas tem por objetivo impedir a continuidade do dano ambiental, propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à recuperação da área degradada.

§ 1o No caso de descumprimento ou violação do embargo, a autoridade competente, além

de adotar as medidas previstas nos arts. 18 e 79 deste Decreto, deverá comunicar ao Ministério Público, no prazo máximo de trinta dias, para que seja apurado o cometimento de infração penal.

Art. 108. O embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas tem por objetivo impedir a continuidade do dano ambiental, propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à recuperação da área degradada, devendo restringir-se exclusivamente ao local onde verificou-se a prática do ilícito. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o No caso de descumprimento ou violação do embargo, a autoridade competente, além

de adotar as medidas previstas nos arts. 18 e 79, deverá comunicar ao Ministério Público, no prazo máximo de setenta e duas horas, para que seja apurado o cometimento de infração penal. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

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§ 2o Nos casos em que o responsável pela infração administrativa ou o detentor do imóvel

onde foi praticada a infração for indeterminado, desconhecido ou de domicílio indefinido, será realizada notificação da lavratura do termo de embargo mediante a publicação de seu extrato no Diário Oficial da União.

Art. 109. A suspensão de venda ou fabricação de produto constitui medida que visa a evitar a colocação no mercado de produtos e subprodutos oriundos de infração administrativa ao meio ambiente ou que tenha como objetivo interromper o uso contínuo de matéria-prima e subprodutos de origem ilegal.

Art. 110. A suspensão parcial ou total de atividades constitui medida que visa a impedir a continuidade de processos produtivos em desacordo com a legislação ambiental.

Art. 111. Os produtos, inclusive madeiras, subprodutos e instrumentos utilizados na prática da infração poderão ser destruídos ou inutilizados quando:

I - a medida for necessária para evitar o seu uso e aproveitamento indevidos nas situações em que o transporte e a guarda forem inviáveis em face das circunstâncias; ou

II - possam expor o meio ambiente a riscos significativos ou comprometer a segurança da população e dos agentes públicos envolvidos na fiscalização.

Parágrafo único. O termo de destruição ou inutilização deverá ser instruído com elementos que identifiquem as condições anteriores e posteriores à ação, bem como a avaliação dos bens destruídos.

Art. 112. A demolição de obra, edificação ou construção no ato da fiscalização dar-se-á excepcionalmente nos casos em que se constatar que a ausência da demolição importa em iminente risco de agravamento do dano ambiental.

§ 1o A demolição poderá ser feita pelo agente autuante, por quem este autorizar ou pelo

próprio infrator.

Art. 112. A demolição de obra, edificação ou construção não habitada e utilizada diretamente para a infração ambiental dar-se-á excepcionalmente no ato da fiscalização nos casos em que se constatar que a ausência da demolição importa em iminente risco de agravamento do dano ambiental ou de graves riscos à saúde. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o A demolição poderá ser feita pelo agente autuante, por quem este autorizar ou pelo

próprio infrator e deverá ser devidamente descrita e documentada, inclusive com fotografias. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 2o As despesas para a realização da demolição correrão às custas do infrator.

§ 3o A demolição de que trata o caput não será realizada em edificações residenciais.

Seção III

Da Defesa

Art. 113. O autuado poderá, no prazo de vinte dias, contados da data da ciência da autuação, oferecer defesa contra o auto de infração.

§ 1o O órgão ambiental responsável aplicará o desconto de trinta por cento de que trata o

art. 3º da Lei nº 8.005, de 22 de março de 1990, sempre que o autuado decidir efetuar o pagamento da penalidade no prazo previsto no caput.

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§ 2o O órgão ambiental responsável concederá desconto de trinta por cento do valor

corrigido da penalidade, nos termos do art. 4º da Lei nº 8.005, de 1990, para os pagamentos realizados após o prazo do caput e no curso do processo pendente de julgamento.

Art. 114. A defesa poderá ser protocolizada em qualquer unidade administrativa do órgão ambiental que promoveu a autuação, que o encaminhará imediatamente à unidade responsável.

Art. 115. A defesa será formulada por escrito e deverá conter os fatos e fundamentos jurídicos que contrariem o disposto no auto de infração e termos que o acompanham, bem como a especificação das provas que o autuado pretende produzir a seu favor, devidamente justificadas.

Parágrafo único. Requerimentos formulados fora do prazo de defesa não serão conhecidos, podendo ser desentranhados dos autos conforme decisão da autoridade ambiental competente.

Art. 116. O autuado poderá ser representado por advogado ou procurador legalmente constituído, devendo, para tanto, anexar à defesa o respectivo instrumento de procuração.

Parágrafo único. O autuado poderá requerer prazo de até dez dias para a juntada do instrumento a que se refere o caput.

Art. 117. A defesa não será conhecida quando apresentada:

I - fora do prazo;

II - por quem não seja legitimado; ou

III - perante órgão ou entidade ambiental incompetente.

Seção IV

Da Instrução e Julgamento

Art. 118. Ao autuado caberá a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído à autoridade julgadora para instrução do processo.

Art. 119. A autoridade julgadora poderá requisitar a produção de provas necessárias à sua convicção, bem como parecer técnico ou contradita do agente autuante, especificando o objeto a ser esclarecido.

§ 1o O parecer técnico deverá ser elaborado no prazo máximo de dez dias, ressalvadas as

situações devidamente justificadas.

§ 2o A contradita deverá ser elaborada pelo agente autuante no prazo de cinco dias,

contados a partir do recebimento do processo.

§ 3o Entende-se por contradita, para efeito deste Decreto, as informações e

esclarecimentos prestados pelo agente autuante necessários à elucidação dos fatos que originaram o auto de infração, ou das razões alegadas pelo autuado, facultado ao agente, nesta fase, opinar pelo acolhimento parcial ou total da defesa.

Art. 120. As provas propostas pelo autuado, quando impertinentes, desnecessárias ou protelatórias, poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada da autoridade julgadora competente.

Art. 121. Ao final da fase de instrução, o órgão da Procuradoria-Geral Federal, quando houver controvérsia jurídica suscitada, emitirá parecer fundamentado para a motivação da decisão da autoridade julgadora.

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Art. 121. O órgão da Procuradoria-Geral Federal, quando houver controvérsia jurídica, emitirá parecer fundamentado para a motivação da decisão da autoridade julgadora. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 122. Encerrada a instrução, o autuado terá o direito de manifestar-se em alegações finais, no prazo máximo de dez dias.

§ 1o A autoridade julgadora publicará em sua sede administrativa a relação dos processos

que entrarão na pauta de julgamento, para fins de apresentação de alegações finais pelos interessados.

§ 2o Apresentadas as alegações finais, a autoridade decidirá de plano.

Parágrafo único. A autoridade julgadora publicará em sua sede administrativa e em sítio na rede mundial de computadores a relação dos processos que entrarão na pauta de julgamento, para fins de apresentação de alegações finais pelos interessados. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 123. A decisão da autoridade julgadora não se vincula às sanções aplicada pelo agente autuante, ou ao valor da multa, podendo, de ofício ou a requerimento do interessado, minorar, manter ou majorar o seu valor, respeitados os limites estabelecidos na legislação ambiental vigente.

Art. 123. A decisão da autoridade julgadora não se vincula às sanções aplicadas pelo agente autuante, ou ao valor da multa, podendo, em decisão motivada, de ofício ou a requerimento do interessado, minorar, manter ou majorar o seu valor, respeitados os limites estabelecidos na legislação ambiental vigente. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Parágrafo único. Nos casos de agravamento da penalidade, o autuado deverá ser cientificado antes da respectiva decisão, por meio de aviso de recebimento, para que se manifeste no prazo das alegações finais.

Art. 124. Oferecida ou não a defesa, a autoridade julgadora, no prazo de trinta dias, julgará o auto de infração, decidindo sobre a aplicação das penalidades.

§ 1o Nos termos do que dispõe o art. 101, as medidas administrativas que forem aplicadas

no momento da autuação deverão ser apreciadas no ato decisório, sob pena de ineficácia.

§ 2o A inobservância do prazo para julgamento não torna nula a decisão da autoridade

julgadora e o processo.

§ 3o O órgão ou entidade ambiental competente indicará, em ato próprio, a autoridade

administrativa responsável pelo julgamento da defesa, observando-se o disposto no art. 17 da Lei n

o 9.784, de 1999.

Art. 125. A decisão deverá ser motivada, com a indicação dos fatos e fundamentos jurídicos em que se baseia.

Parágrafo único. A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações ou decisões, que, neste caso, serão parte integrante do ato decisório.

Art. 126. Julgado o auto de infração, o autuado será notificado por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a certeza de sua ciência para pagar a multa no prazo de cinco dias, a partir do recebimento da notificação, ou para apresentar recurso.

Parágrafo único. O pagamento realizado no prazo disposto no caput contará com o desconto de trinta por cento do valor corrigido da penalidade, nos termos do art. 4

o da Lei n

o 8.005, de 1990.

Seção V

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Dos Recursos

Art. 127. Da decisão proferida pela autoridade julgadora, caberá recurso, no prazo de vinte dias.

Parágrafo único. O recurso de que trata o caput será dirigido à autoridade administrativa julgadora que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará ao Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

Art. 127. Da decisão proferida pela autoridade julgadora caberá recurso no prazo de vinte dias. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o O recurso hierárquico de que trata este artigo será dirigido à autoridade administrativa

julgadora que proferiu a decisão na defesa, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 2o O órgão ou entidade ambiental competente indicará, em ato próprio, a autoridade

superior que será responsável pelo julgamento do recurso mencionado no caput. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 127-A. A autoridade que proferiu a decisão na defesa recorrerá de ofício à autoridade superior nas hipóteses a serem definidas pelo órgão ou entidade ambiental. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Parágrafo único. O recurso de ofício será interposto mediante declaração na própria decisão. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 128. O recurso interposto na forma prevista no art. 127 não terá efeito suspensivo.

§ 1o Na hipótese de justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação, a autoridade

recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido do recorrente, conceder efeito suspensivo ao recurso.

§ 2o Quando se tratar de penalidade de multa, o recurso de que trata o art. 127 terá efeito

suspensivo quanto a esta penalidade.

Art. 129. A autoridade julgadora recorrerá de ofício ao CONAMA sempre que a decisão for favorável ao infrator.

Art. 129. A autoridade superior responsável pelo julgamento do recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o O recurso será interposto mediante declaração na própria decisão.

§ 2o No caso de aplicação de multa, o recurso de ofício somente será cabível nas

hipóteses a serem definidas pelo órgão ou entidade ambiental.

Art. 130. O CONAMA poderá confirmar, modificar, majorar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida.

Parágrafo único. Nos casos de agravamento da penalidade, o autuado deverá ser cientificado antes da respectiva decisão, por meio de aviso de recebimento, para que se manifeste no prazo de dez dias.

Art. 130. Da decisão proferida pela autoridade superior caberá recurso ao CONAMA, no prazo de vinte dias. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 1o O recurso de que trata este artigo será dirigido à autoridade superior que proferiu a

decisão no recurso, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, e após exame prévio de

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admissibilidade, o encaminhará ao Presidente do CONAMA. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 2o A autoridade julgadora junto ao CONAMA não poderá modificar a penalidade aplicada

para agravar a situação do recorrente. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 3o O recurso interposto na forma prevista neste artigo não terá efeito suspensivo, salvo

quanto à penalidade de multa. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 4o Na hipótese de justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação, a autoridade

recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido do recorrente, dar efeito suspensivo ao recurso. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 5o O órgão ou entidade ambiental disciplinará os requisitos e procedimentos para o

processamento do recurso previsto no caput deste artigo. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 131. O recurso não será conhecido quando interposto:

I - fora do prazo;

II - perante órgão ambiental incompetente; ou

III - por quem não seja legitimado.

Art. 132. Após o julgamento, o CONAMA restituirá os processos ao órgão ambiental de origem, para que efetue a notificação do interessado, dando ciência da decisão proferida.

Art. 133. Havendo decisão confirmatória do auto de infração por parte do CONAMA, o interessado será notificado nos termos do art. 126.

Parágrafo único. As multas estarão sujeitas à atualização monetária desde a lavratura do auto de infração até o seu efetivo pagamento, sem prejuízo da aplicação de juros de mora e demais encargos conforme previsto em lei.

Seção VI

Do Procedimento Relativo à Destinação dos Bens e Animais Apreendidos

Art. 134. Após decisão que confirme o auto de infração, os bens e animais apreendidos que ainda não tenham sido objeto da destinação prevista no art. 107, não mais retornarão ao infrator, devendo ser destinados da seguinte forma:

I - os produtos perecíveis serão doados;

II - as madeiras poderão ser doadas, vendidas ou utilizadas pela administração quando houver necessidade, conforme decisão motivada da autoridade competente;

II - as madeiras poderão ser doadas a órgãos ou entidades públicas, vendidas ou utilizadas pela administração quando houver necessidade, conforme decisão motivada da autoridade competente; (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

III - os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais;

IV - os instrumentos utilizados na prática da infração poderão ser destruídos, utilizados pela administração quando houver necessidade, doados ou vendidos, garantida a sua descaracterização,

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neste último caso, por meio da reciclagem quando o instrumento puder ser utilizado na prática de novas infrações;

V - os demais petrechos, equipamentos, veículos e embarcações descritos no inciso IV do art. 72 da Lei nº 9.605, de 1998, poderão ser utilizados pela administração quando houver necessidade, ou ainda vendidos, doados ou destruídos, conforme decisão motivada da autoridade ambiental;

VI - os animais domésticos e exóticos serão vendidos ou doados.

VII - os animais da fauna silvestre serão libertados em seu hábitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações, centros de triagem, criadouros regulares ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 135. Os bens apreendidos poderão ser doados pela autoridade competente para os órgãos e entidades públicas de caráter científico, cultural, educacional, hospitalar, penal e militar, bem como para outras entidades com fins beneficentes.

Art. 135. Os bens apreendidos poderão ser doados pela autoridade competente para órgãos e entidades públicas de caráter científico, cultural, educacional, hospitalar, penal, militar e social, bem como para outras entidades sem fins lucrativos de caráter beneficente. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Parágrafo único. Os produtos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.

Art. 136. Tratando-se de apreensão de substâncias ou produtos tóxicos, perigosos ou nocivos à saúde humana ou ao meio ambiente, as medidas a serem adotadas, inclusive a destruição, serão determinadas pelo órgão competente e correrão a expensas do infrator.

Art. 137. O termo de doação de bens apreendidos vedará a transferência a terceiros, a qualquer título, dos animais, produtos, subprodutos, instrumentos, petrechos, equipamentos, veículos e embarcações doados.

Parágrafo único. A autoridade ambiental poderá autorizar a transferência dos bens doados quando tal medida for considerada mais adequada à execução dos fins institucionais dos beneficiários.

Art. 138. Os bens sujeitos à venda serão submetidos a leilão, nos termos do § 5o do art. 22

da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.

Parágrafo único. Os custos operacionais de depósito, remoção, transporte, beneficiamento e demais encargos legais correrão à conta do adquirente.

Seção VII

Do Procedimento de Conversão de Multa Simples em Serviços de

Preservação, Melhoria e Recuperação da Qualidade do Meio Ambiente

Art. 139. A autoridade ambiental poderá, nos termos do que dispõe o § 4o do art. 72 da Lei

no 9.605, de 1998, converter a multa simples em serviços de preservação, melhoria e recuperação

da qualidade do meio ambiente.

Art. 140. São considerados serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente:

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I - execução de obras ou atividades de recuperação de danos decorrentes da própria infração;

II - implementação de obras ou atividades de recuperação de áreas degradadas, bem como de preservação e melhoria da qualidade do meio ambiente;

III - custeio ou execução de programas e de projetos ambientais desenvolvidos por entidades públicas de proteção e conservação do meio ambiente; e

IV - manutenção de espaços públicos que tenham como objetivo a preservação do meio ambiente.

Art. 141. Não será concedida a conversão de multa para reparação de danos de que trata o inciso I do art. 140, quando:

I - não se caracterizar dano direto ao meio ambiente; e

II - a recuperação da área degradada puder ser realizada pela simples regeneração natural.

Parágrafo único. Na hipótese do caput, a multa poderá ser convertida nos serviços descritos nos incisos II, III e IV do art. 140, sem prejuízo da reparação dos danos praticados pelo infrator.

Art. 142. O autuado poderá requerer a conversão de multa de que trata esta Seção por ocasião da apresentação da defesa.

Art. 143. O valor dos custos dos serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente não poderá ser inferior ao valor da multa convertida.

§ 1o Na hipótese de a recuperação dos danos ambientais de que trata do inciso I do art.

140 importar recursos inferiores ao valor da multa convertida, a diferença será aplicada nos outros serviços descritos no art. 140.

§ 2o Independentemente do valor da multa aplicada, fica o autuado obrigado a reparar

integralmente o dano que tenha causado.

§ 3o A autoridade ambiental aplicará o desconto de quarenta por cento sobre o valor da

multa quando os pedidos de conversão forem protocolados tempestivamente.

§ 3o A autoridade ambiental aplicará o desconto de quarenta por cento sobre o valor da

multa consolidada. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 144. A conversão de multa destinada à reparação de danos ou recuperação da áreas degradadas pressupõe que o autuado apresente pré-projeto acompanhando o requerimento.

§ 1o Caso o autuado ainda não disponha de pré-projeto na data de apresentação do

requerimento, a autoridade ambiental, se provocada, poderá conceder o prazo de até trinta dias para que ele proceda à juntada aos autos do referido documento.

§ 2o A autoridade ambiental poderá dispensar o projeto de recuperação ambiental

ou autorizar a substituição por projeto simplificado quando a recuperação ambiental for de menor complexidade.

§ 3o Antes de decidir o pedido de conversão da multa, a autoridade ambiental poderá

determinar ao autuado que proceda a emendas, revisões e ajustes no pré-projeto.

§ 4o O não-atendimento por parte do autuado de qualquer das situações previstas neste

artigo importará no pronto indeferimento do pedido de conversão de multa.

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Art. 145. Por ocasião do julgamento da defesa, a autoridade julgadora deverá, numa única decisão, julgar o auto de infração e o pedido de conversão da multa.

§ 1o A decisão sobre o pedido de conversão é discricionária, podendo a administração, em

decisão motivada, deferir ou não o pedido formulado, observado o que dispõe o art. 141.

§ 2o Em caso de acatamento do pedido de conversão, deverá a autoridade julgadora

notificar o autuado para que compareça à sede da respectiva unidade administrativa para a assinatura de termo de compromisso.

§ 3o O deferimento do pedido de conversão suspende o prazo para a interposição de

recurso durante o prazo definido pelo órgão ou entidade ambiental para a celebração do termo de compromisso de que trata o art. 146.

Art. 146. Havendo decisão favorável ao pedido de conversão de multa, as partes celebrarão termo de compromisso, que deverá conter as seguintes cláusulas obrigatórias:

I - nome, qualificação e endereço das partes compromissadas e dos respectivos representantes legais;

II - prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidade de prorrogação por igual período;

III - descrição detalhada de seu objeto, valor do investimento previsto e cronograma físico de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas a serem atingidas;

IV - multa a ser aplicada em decorrência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas, que não poderá ser inferior ao valor da multa convertida, nem superior ao dobro desse valor; e

V - foro competente para dirimir litígios entre as partes.

§ 1o A assinatura do termo de compromisso implicará renúncia ao direito de recorrer

administrativamente.

§ 2o A celebração do termo de compromisso não põe fim ao processo administrativo,

devendo a autoridade competente monitorar e avaliar, no máximo a cada dois anos, se as obrigações assumidas estão sendo cumpridas.

§ 3o O termo de compromisso terá efeitos na esfera civil e administrativa.

§ 4o O descumprimento do termo de compromisso implica:

I - na esfera administrativa, a imediata inscrição do débito em Dívida Ativa para cobrança da multa resultante do auto de infração em seu valor integral; e

II - na esfera civil, a imediata execução judicial das obrigações assumidas, tendo em vista seu caráter de título executivo extrajudicial.

§ 5o O termo de compromisso poderá conter cláusulas relativas às demais sanções

aplicadas em decorrência do julgamento do auto de infração.

§ 6o A assinatura do termo de compromisso tratado neste artigo suspende a exigibilidade

da multa aplicada.

Art. 147. Os termos de compromisso deverão ser publicados no diário oficial, mediante extrato.

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Art. 148. A conversão da multa não poderá ser concedida novamente ao mesmo infrator durante o período de cinco anos, contados da data da assinatura do termo de compromisso .

CAPÍTULO III

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 149. Os órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA ficam obrigados a dar, mensalmente, publicidade das sanções administrativas aplicadas com fundamento neste Decreto:

Art. 149. Os órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA ficam obrigados a dar, trimestralmente, publicidade das sanções administrativas aplicadas com fundamento neste Decreto: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

I - no Sistema Nacional de Informações Ambientais - SISNIMA, de que trata o art. 9o, inciso

VII, da Lei no 6.938, de 1981; e

II - em seu sítio na rede mundial de computadores.

Parágrafo único. Quando da publicação das listas, nos termos do caput, o órgão ambiental deverá, obrigatoriamente, informar se os processos estão julgados em definitivo ou encontram-se pendentes de julgamento ou recurso. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 150. Nos termos do que dispõe o § 1o do art. 70 da Lei n

o 9.605, de 1998, este Decreto

se aplica, no que couber, à Capitania dos Portos do Comando da Marinha.

Art. 151. Os órgãos e entidades ambientais federais competentes estabelecerão, por meio de instrução normativa, os procedimentos administrativos complementares relativos à execução deste Decreto.

Art. 152. O disposto no art. 55 entrará em vigor cento e oitenta dias após a publicação deste Decreto.

Art. 152. O disposto no art. 55 entrará em vigor em 11 de dezembro de 2009. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 152. O disposto no art. 55 entrará em vigor em 11 de junho de 2011. (Redação dada pelo Decreto nº 7.029, de 2009)

Art. 152. O disposto no art. 55 entrará em vigor em 11 de dezembro de 2011. (Redação dada pelo Decreto nº 7.497, de 2011)

Art. 152. O disposto no art. 55 entrará em vigor em 11 de abril de 2012. (Redação dada pelo Decreto nº 7.640, de 2011))

Art. 152. O disposto no art. 55 entrará em vigor em 11 de junho de 2012. (Redação dada pelo Decreto nº 7.719, de 2012))

Art. 152-A. Os embargos impostos em decorrência da ocupação irregular de áreas de reserva legal não averbadas e cuja vegetação nativa tenha sido suprimida até a data de publicação deste Decreto serão suspensos até 11 de dezembro de 2009, mediante o protocolo pelo interessado de pedido de regularização da reserva legal junto ao órgão ambiental competente. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

Art. 152-A. Os embargos impostos em decorrência da ocupação irregular de áreas de reserva legal não averbadas e cuja vegetação nativa tenha sido suprimida até 21 de dezembro de 2007, serão suspensos até 11 de dezembro de 2009, mediante o protocolo pelo interessado de pedido de regularização da reserva legal junto ao órgão ambiental competente. (Redação dada pelo Decreto nº 6.695, de 2008)

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica a desmatamentos irregulares ocorridos

no Bioma Amazônia. (Incluído pelo Decreto nº 6.695, de 2008)

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Art. 153. Ficam revogados os Decretos nos

3.179, de 21 de setembro de 1999, 3.919, de 14 de setembro de 2001, 4.592, de 11 de fevereiro de 2003, 5.523, de 25 de agosto de 2005, os arts. 26 e 27 do Decreto nº 5.975, de 30 de novembro de 2006, e os arts. 12 e 13 do Decreto nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007.

Art. 154. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 22 de julho de 2008; 187o da Independência e 120

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Carlos Minc

Lei Complementar nº 140/2011

LEI COMPLEMENTAR Nº 140, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2011

Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei n

o 6.938, de 31 de

agosto de 1981.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Esta Lei Complementar fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e

do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora.

Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:

I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental;

II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar;

III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar.

Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, no exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:

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I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente;

II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;

III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente;

IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.

CAPÍTULO II

DOS INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO

Art. 4o Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de

cooperação institucional:

I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;

II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal;

III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal;

IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;

V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar;

VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar.

§ 1o Os instrumentos mencionados no inciso II do caput podem ser firmados com prazo

indeterminado.

§ 2o A Comissão Tripartite Nacional será formada, paritariamente, por representantes dos

Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.

§ 3o As Comissões Tripartites Estaduais serão formadas, paritariamente, por

representantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.

§ 4o A Comissão Bipartite do Distrito Federal será formada, paritariamente, por

representantes dos Poderes Executivos da União e do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre esses entes federativos.

§ 5o As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite do Distrito Federal terão sua

organização e funcionamento regidos pelos respectivos regimentos internos.

Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações

administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.

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Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas.

CAPÍTULO III

DAS AÇÕES DE COOPERAÇÃO

Art. 6o As ações de cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios deverão ser desenvolvidas de modo a atingir os objetivos previstos no art. 3o e a

garantir o desenvolvimento sustentável, harmonizando e integrando todas as políticas governamentais.

Art. 7o São ações administrativas da União:

I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a Política Nacional do Meio Ambiente;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente nos âmbitos nacional e internacional;

IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio à Política Nacional do Meio Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;

VII - promover a articulação da Política Nacional do Meio Ambiente com as de Recursos Hídricos, Desenvolvimento Regional, Ordenamento Territorial e outras;

VIII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e entidades da administração pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima);

IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional;

X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente;

XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;

XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida à União;

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:

a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;

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b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva;

c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;

d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;

f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar n

o 97, de 9 de junho de 1999;

g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou

h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;

XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:

a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs; e

b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União;

XVI - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e de espécies sobre-explotadas no território nacional, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ;

XVII - controlar a introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas;

XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos;

XIX - controlar a exportação de componentes da biodiversidade brasileira na forma de espécimes silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes ou produtos deles derivados;

XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas;

XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação prevista no inciso XVI;

XXII - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacional ou regional;

XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais;

XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de produtos perigosos; e

XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual, fluvial ou terrestre, de produtos perigosos.

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Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição da União exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento.

Art. 8o São ações administrativas dos Estados:

I - executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Nacional do Meio Ambiente e demais políticas nacionais relacionadas à proteção ambiental;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Estadual de Meio Ambiente;

IV - promover, no âmbito estadual, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;

VII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos municipais competentes, o Sistema Estadual de Informações sobre Meio Ambiente;

VIII - prestar informações à União para a formação e atualização do Sinima;

IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional;

X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente;

XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;

XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida aos Estados;

XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7

o e 9

o;

XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:

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a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do art. 7o; e

c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado;

XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção no respectivo território, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ;

XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa científica, ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7

o;

XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre;

XX - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito estadual; e

XXI - exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de produtos perigosos, ressalvado o disposto no inciso XXV do art. 7

o.

Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:

I - executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, as Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente e demais políticas nacionais e estaduais relacionadas à proteção do meio ambiente;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - formular, executar e fazer cumprir a Política Municipal de Meio Ambiente;

IV - promover, no Município, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal, relacionados à proteção e à gestão ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;

VII - organizar e manter o Sistema Municipal de Informações sobre Meio Ambiente;

VIII - prestar informações aos Estados e à União para a formação e atualização dos Sistemas Estadual e Nacional de Informações sobre Meio Ambiente;

IX - elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais;

X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente;

XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;

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XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida ao Município;

XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:

a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou

b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, aprovar:

a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e

b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.

Art. 10. São ações administrativas do Distrito Federal as previstas nos arts. 8o e 9

o.

Art. 11. A lei poderá estabelecer regras próprias para atribuições relativas à autorização de manejo e supressão de vegetação, considerada a sua caracterização como vegetação primária ou secundária em diferentes estágios de regeneração, assim como a existência de espécies da flora ou da fauna ameaçadas de extinção.

Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, e para autorização de supressão e manejo de vegetação, o critério do ente federativo instituidor da unidade de conservação não será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental (APAs).

Parágrafo único. A definição do ente federativo responsável pelo licenciamento e autorização a que se refere o caput, no caso das APAs, seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do inciso XIV do art. 7

o, no inciso XIV do art. 8

o e na alínea “a” do inciso XIV

do art. 9o.

Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.

§ 1o Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável

pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.

§ 2o A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo

ente federativo licenciador.

§ 3o Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins devem

guardar relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente federativo.

Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação dos processos de licenciamento.

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§ 1o As exigências de complementação oriundas da análise do empreendimento ou

atividade devem ser comunicadas pela autoridade licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas aquelas decorrentes de fatos novos.

§ 2o As exigências de complementação de informações, documentos ou estudos feitas pela

autoridade licenciadora suspendem o prazo de aprovação, que continua a fluir após o seu atendimento integral pelo empreendedor.

§ 3o O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não

implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva referida no art. 15.

§ 4o A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de

120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.

Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:

I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação;

II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e

III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos.

Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos entes federativos dar-se-á por meio de apoio técnico, científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo de outras formas de cooperação.

Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente originariamente detentor da atribuição nos termos desta Lei Complementar.

Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.

§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental decorrente

de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia.

§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente

federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis.

§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da

atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.

CAPÍTULO IV

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DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 18. Esta Lei Complementar aplica-se apenas aos processos de licenciamento e autorização ambiental iniciados a partir de sua vigência.

§ 1o Na hipótese de que trata a alínea “h” do inciso XIV do art. 7

o, a aplicação desta Lei

Complementar dar-se-á a partir da entrada em vigor do ato previsto no referido dispositivo.

§ 2o Na hipótese de que trata a alínea “a” do inciso XIV do art. 9

o, a aplicação desta Lei

Complementar dar-se-á a partir da edição da decisão do respectivo Conselho Estadual.

§ 3o Enquanto não forem estabelecidas as tipologias de que tratam os §§ 1

o e 2

o deste

artigo, os processos de licenciamento e autorização ambiental serão conduzidos conforme a legislação em vigor.

Art. 19. O manejo e a supressão de vegetação em situações ou áreas não previstas nesta Lei Complementar dar-se-ão nos termos da legislação em vigor.

Art. 20. O art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a vigorar com a seguinte

redação:

“Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental.

§ 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no

jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental competente.

§ 2o (Revogado).

§ 3o (Revogado).

§ 4o (Revogado).” (NR)

Art. 21. Revogam-se os §§ 2º, 3º e 4º do art. 10 e o § 1o do art. 11 da Lei n

o 6.938, de 31

de agosto de 1981.

Art. 22. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 8 de dezembro de 2011; 190o da Independência e 123

o da República.

DILMA ROUSSEFF Francisco Gaetani


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