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Era Vargas

Professor Thiago Scott

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História

ERA VARGAS (1930 – 1945)

Governo Provisório (1930 – 1934)

Organização política fundada em fevereiro de 1931, no Rio de Janeiro, por elementos vinculados ao movimento tenentista, em apoio ao Governo Provisório de Getúlio Vargas.

Vitoriosa a Revolução de 1930e instalado o novo governo, logo surgiram atritos entre as forças que sustentavam Vargas. De um lado, colocavam-se os "tenentes", que se auto-intitulavam revolucionários autênticos; de outro, postavam-se os políticos ligados às oligarquias dissidentes que haviam dado apoio à revolução. Nesse ambiente, os principais líderes da facção tenentista decidiram criar uma organização política que sistematizasse as propostas do grupo e unificasse sua atuação. O Clube 3 de Outubro, assim denominado em homenagem à data do início da Revolução de 1930, defendendia em princípio o prolongamento do Governo Provisório e o adiamento da reconstitucionalizacão do país. Sua primeira diretoria foi formada por Góes Monteiro(presidente), Pedro Ernesto (primeiro vice-presidente), Herculino Cascardo (segundo vice-presidente), Oswaldo Aranha (terceiro vice-presidente), Augusto do Amaral Peixoto (tesoureiro), Temístocles Brandão Cavalcanti (primeiro-secretário) e Hugo Napoleão (segundo-secretário).

Em junho de 1931, o general Góes Monteiro renunciou e Pedro Ernesto assumiu seu lugar. Iniciou-se, então, o período de maior prestígio do Clube. Por sua influência, diversos "tenentes" foram nomeados interventores federais nos estados. O próprio Pedro Ernesto, que não era militar, mais era considerado um "tenente civil", assumiu o governo do Distrito Federal.

Em fevereiro de 1932, o Clube divulgou o esboço de seu programa, que orientaria a atuação de seus integrantes na vida política brasileira. O documento, além de criticar o federalismo oligárquico vigente na República Velha, defendia um governo central forte; a intervenção estatal na economia com o objetivo de modernizá-la; a convivência da representação política de base territorial com a representação corporativa, eleita por associações profissionais reconhecidas pelo governo; a instituição de conselhos técnicos de auxílio ao governo; a eliminação do latifúndio mediante tributação ou simples confisco; a nacionalização de várias atividades econômicas, como os transportes, a exploração dos recursos hídricos e minerais, a administração dos portos etc.; a instituição da previdência social e da legislação trabalhista.

Ainda em fevereiro de 1932, o governo federal, contrariando as pretensões do Clube, promul-gou o Código Eleitoral, primeiro passo para a reconstitucionalização do país reivindicada pelos grupos políticos tradicionais. Membros do Clube envolveram-se, então, no empastelamento do Diário Carioca, jornal alinhado às forças constitucionalistas. Esse fato desencadeou séria crise política e marcou o início do declínio da influência do Clube junto ao governo federal. Em julho

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seguinte, quando se realizou sua primeira Convenção Nacional, a organização já dava sinais níti-dos de esvaziamento. Entre julho e outubro, com a deflagração da Revolução Constitucionalista em São Paulo, suas atividades foram quase inteiramente interrompidas. A partir de outubro o Clube ressurgiu, defendendo princípios claramente autoritários e dando mostras de exacerba-do nacionalismo, o que resultou inclusive no afastamento de várias de suas antigas lideranças.

Em julho de 1934, na época da eleição do presidente da República pela Assembléia Nacional Constituinte, o Clube 3 de Outubro patrocinou a candidatura do general Góes Monteiro. Essa candidatura, porém, não obteve o apoio desejado e foi retirada antes da eleição.

Em abril de 1935, por resolução de seus próprios membros, o Clube 3 de Outubro foi dissolvido.

As Interventorias

Elo entre as oligarquias estaduais, os ministérios e a Presidência da República, as interventorias eram chefiadas por elementos nomeados pelo governo federal, escolhidos entre os nativos do próprio estado, entretanto associados à ideologia vargista. Geralmente sem raízes partidárias, com pouca biografia política, os interventores como Adhemar de Barros em São Paulo, Amaral Peixoto no Rio de Janeiro, Nereu Ramos em Santa Catarina ou Góes Monteiro em Alagoas, por serem “desconhecidos” regionalmente, teoricamente se manteriam distantes das oligarquias locais, não as permitindo tomarem o poder. Como a indicação ao cargo era feita pela presi-dência, e não pelos grupos locais, os interventores, por não deverem favores políticos às elites regionais, agiam com certa independência. Sendo assim, os obstáculos à centralização do Exe-cutivo federal foram retirados, atuando os interventores segundo os ditames presidenciais.

Restava apenas criar mecanismos federais para controlar os interventores. O rodízio dos mes-mos foi o primeiro instrumento para impossibilitar uma nova formação de “feudos” políticos, como ocorreu durante a República Velha.

Revolução Constitucionalista de 1932

Em síntese: Um dos mais importantes acontecimentos da história política brasileira ocorridos no Governo Provisório de Getúlio Vargas foi a Revolução Constitucionalista de 1932 desenca-deada em São Paulo. Foram três meses de combate, que colocaram frente a frente nos campos de batalha forças rebeldes e forças legalistas. A revolta paulista alertou o governo de que era chegado o momento de pôr um fim ao caráter revolucionário do regime. Foi o que ocorreu em maio do ano seguinte, quando finalmente se realizaram as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, que iria preparar a Constituição de 1934.

O estado de São Paulo havia sido a principal base política do regime da Primeira República, e por isso era visto por vários membros do Governo Provisório como um potencial foco oposi-cionista. Lideranças civis e militares pressionaram então Getúlio Vargas para que não deixasse o governo estadual nas mãos do Partido Democrático de São Paulo, alegando que o PD havia apoiado a Aliança Liberal e a Revolução de 1930, mas não se envolvera diretamente nos even-tos revolucionários. Diante dessas pressões, Vargas terminou por indicar para os cargos de in-terventor e comandante da Força Pública de São Paulo os líderes tenentistas João Alberto e Miguel Costa.

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A exclusão do Partido Democrático teve como principal resultado o início de uma campanha de mobilização da sociedade paulista. A palavra de ordem era a imediata reintegração do país em um regime constitucional. Essa reivindicação era rechaçada pelos "tenentes", interessados em manter um governo discricionário para promover mais facilmente as mudanças que consi-deravam necessárias. Durante o ano de 1931, o governo Vargas manteve-se muito próximo das teses tenentistas, a ponto de se poder dizer que o Brasil era o país dos "tenentes".

A campanha constitucionalista fez sua primeira vítima em julho de 1931. Sem condições de governar, o interventor João Alberto renunciou. Iniciou-se então um período de intensa luta política entre os diversos grupos que buscavam o poder em São Paulo. Em um curto espaço de tempo foram indicados diversos interventores que caíam com a mesma facilidade com que su-biam. Essa instabilidade decorria também do fato de que o "caso de São Paulo" se tornava cada vez mais um problema político que ultrapassava as fronteiras do estado. Qualquer medida do Governo Provisório no sentido de atender ou não às reivindicações paulistas tinha repercussão política nacional. Setores políticos gaúchos e mineiros emprestaram solidariedade à campanha constitucionalista sem, no entanto, romper naquele momento com o governo de Vargas.

No final de 1931 e início de 1932, Vargas procurou conter as críticas organizando uma comis-são, presidida pelo ministro da Justiça Maurício Cardoso, encarregada de organizar o novo Có-digo Eleitoral. Em fevereiro de 1932, o Código Eleitoral foi publicado e um novo interventor foi nomeado para São Paulo, o civil e paulista Pedro de Toledo. Os sinais de trégua emitidos por Vargas, no entanto, não arrefereceram os ânimos. Formou-se a Frente Única Paulista (FUP), cujos principais lemas eram a constitucionalização do país e a autonomia de São Paulo.

Em maio de 1932, Vargas marcou a data das eleições para dali a um ano. A medida não teve resultados práticos no sentido de conter a conspiração política, que naquele momento já corria solta. A morte de quatro estudantes paulistas em confronto com forças legais criou mártires: as iniciais de seus nomes – Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo – foram usadas para designar uma sociedade secreta, MMDC, que tramava para derrubar o governo.

No dia 9 de julho o movimento revolucionário ganhou as ruas da capital e do interior de São Pau-lo. Na linha de frente das forças rebeldes estavam remanescentes da Revolução de 1930, como Bertoldo Klinger e Euclides Figueiredo, e mesmo o antigo líder do levantes de 1924, Isidoro Dias Lopes. A revolução teve apoio de amplos setores da sociedade paulista. Pegaram em armas inte-lectuais, industriais, estudantes e outros segmentos das camadas médias, políticos ligados à Re-pública Velha ou ao Partido Democrático. O que os movia era principalmente a luta antiditatorial.

A luta armada dos constitucionalistas ficou restrita ao estado de São Paulo. Os governos do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que a princípio viam com bom olhos a campanha pela constituciona-lização, resolveram não enfrentar a força militar do governo federal. Isolados, os paulistas não tive-ram condições de manter por muito tempo a revolução. Em outubro de 1932 assinaram a rendição.

No período seguinte Vargas emitiu dois sinais claros de que estava disposto a uma nova composição política com os paulistas: nomeou interventor o paulista e civil Armando de Sales Oliveira (agosto de 1933) e adotou medidas que permitiram o rescalonamento das dívidas dos agricultores em crise.

No governo de Armando Sales, as elites políticas paulistas procuraram se reorganizar. O novo interventor teve um papel decisivo nesse processo, reconstruindo o aparelho administrativo paulista, destroçado após anos de instabilidade política. Mas sua principal obra foi no campo da cultura com a criação da Universidade de São Paulo (USP), que em pouco tempo se tornaria responsável pela formação de uma nova elite político-intelectual destinada a influir no futuro do estado e do país.

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Constituição de 1934

De novembro de 1933 a julho de 1934 o país viveu sob a égide da Assembléia Nacional Consti-tuinte encarregada de elaborar a nova Constituição brasileira que iria substituir a Constituição de 1891. Foram meses de intensa articulação e disputa política entre o governo e os grupos que compunham a Constituinte. Para o primeiro, a futura ordenação jurídica do país deveria incorporar o conjunto de mudanças que vinham sendo promovidas nos campos social, político e econômico. Essas posições também eram defendidas por lideranças tenentistas eleitas para a Constituinte. Para a Igreja Católica, o momento era de afirmação e de maior intervenção na vida política do país. Já para os grupos oligárquicos, a nova Constituição deveria assegurar aos estados um papel de relevo. O maior desafio dos constituintes foi tentar encontrar caminhos capazes de atender a essa gama variada de projetos e interesses.

Dominada a Revolução Constitucionalista, no final do ano de 1932 e começo de 1933 a campa-nha eleitoral para a Assembléia Nacional Constituinte tomou conta do país. As forças políticas se reorganizaram para aquela que seria a primeira eleição desde a vitória da Revolução de 1930. Novos procedimentos haviam sido introduzidos pelo Código Eleitoralde 1932: o voto secreto, o voto feminino – pela primeira vez na história brasileira – e a Justiça Eleitoral, encarregada de organizar e supervisionar a eleição política. O Código previa ainda a formação de uma bancada classista composta por representantes de funcionários públicos, empregados e empregadores, eleitos por delegados sindicais.

O Governo Provisório tratou de tomar iniciativas para poder conduzir os trabalhos da Assem-bléia segundo os seus interesses. Criou uma Comissão Constitucional que elaborou um ante-projeto de Constituição, o qual foi entregue aos constituintes para ser discutido e emendado. Coube também ao governo a elaboração do Regimento Interno da Constituinte, ou seja, do conjunto de regras que iria reger o funcionamento da Assembléia. Com essas medidas, o gover-no procurava intervir tanto no conteúdo dos debates como no seu encaminhamento.

A formação de uma bancada fiel ao governo ficou a cargo do ministro da Justiça, Antunes Ma-ciel, que promoveu uma intensa articulação política junto aos grupos oligárquicos regionais. O governo esperava também contar com o apoio de setores expressivos da bancada classista, que teria 40 representantes num total de 254 constituintes. Os votos a favor das propostas gover-nistas deveriam vir principalmente dos representantes dos strabalhadores, eleitos por sindica-tos legalizados pouco antes pelo ministro do Trabalho, Salgado Filho.

Lideranças tenentistas que participavam do governo ou estavam próximas dele também busca-ram reunir forças para enfrentar os embates políticos da Constituinte. Para isso, contaram com o apoio do interventor no Distrito Federal, Pedro Ernesto, que criou o Partido Autonomista, e do interventor em Pernambuco, Lima Cavalcanti, que criou o Partido Social Democrático. Já em outros estados, mais distantes da influência tenentista, os grupos políticos trataram de formar novas frentes ou partidos regionais. Em São Paulo, o Partido Democráticoe o Partido Republi-cano Paulista uniram-se na Chapa Única por São Paulo Unido. No Rio Grande do Sul, Flores da Cunha organizou o Partido Republicano Liberal; em Minas Gerais, Gustavo Capanema e Antônio Carlos de Andradafundaram o Partido Progressista. Finalmente, entre as forças que participa-ram das eleições, destacou-se a Igreja Católica, que tinha no Centro Dom Vitalum núcleo de debates e difusão de idéias e, para a ocasião, organizou a Liga Eleitoral Católica.

As eleições se realizaram em maio de 1933 e deixaram clara a vitória dos grupos políticos re-gionais. Os "tenentes" obtiveram fraca votação. Dois meses depois, as entidades de classe indi-caram os representantes classistas. Entre os 254 constituintes foi eleita uma mulher: a médica paulista Carlota Pereira de Queirós, que intensificou a luta pela participação política feminina.

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A Assembléia Nacional Constituinte instalou-se em novembro de 1933. O confronto entre re-gionalismo e centralização política dominou os debates que então se iniciaram. Enquanto os estados do Norte e Nordeste, mais fracos economicamente e dependentes do governo federal, defenderam o centralismo, os estados do Centro-Sul reivindicaram maior autonomia em rela-ção ao poder central.

Após oito meses de discussões, finalmente, no dia 16 de julho de 1934, foi promulgada a nova Constituição. A importância dos estados foi assegurada pela vitória do princípio federalista. Ao mesmo tempo, ampliou-se o poder da União nos novos capítulos referentes à ordem econô-mica e social. As minas, jazidas minerais e quedas d'água deveriam ser nacionalizadas, assim como os bancos de depósito e as empresas de seguro. No plano da política socialforam apro-vadas medidas que beneficiavam os trabalhadores, como a criação da Justiça do Trabalho, o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, férias anuais remuneradas e descanso se-manal. Mas o governo sofreu uma importante derrota com a aprovação da pluralidade e da autonomia sindicais em lugar do sindicato único por categoria profissional.

Outra novidade importante foi a introdução de um capítulo exclusivo sobre a família, que em grande parte decorreu da pressão da bancada católica. Entre outras conquistas, a Igreja obteve a oficialização do casamento religioso.

A Constituição estabeleceu ainda que a primeira eleição presidencial após sua promulgação seria feita indiretamente, pelo voto dos membros da Assembléia Nacional Constituinte. As fu-turas eleições deveriam realizar-se pelo voto direto. No dia 17 de julho Getúlio Vargas foi eleito com 175 votos contra 71 dados aos demais candidatos, entre os quais se incluíam Borges de Medeiros eGóes Monteiro.

A Constituição de 1934 teve vida curta. Ao mesmo tempo em que tentou estabelecer uma ordem liberal e moderna, buscou também fortalecer o Estado e seu papel diretor na esfera econômico--social. O resultado não agradou a Vargas, que se sentiu tolhido em seu raio de ação pela nova carta. Em seu primeiro pronunciamento, Getúlio tornou pública sua insatisfação; em círculos pri-vados, chegou a afirmar que estava disposto a ser o "primeiro revisor da Constituição".

O Governo Constitucional (1934 – 1937)

Os meses que se seguiram à promulgação da Constituição foram marcados pelo avanço do movimento sindical e pela radicalização política. O novo ministro do Trabalho, Agamenon Ma-galhães, atuou intensamente no sentido de manter a situação social sob controle. Ao lado da criação de sindicatos-fantasmas leais ao governo ("sindicatos de carimbo"), promoveu inter-venção em um grande número de sindicatos de trabalhadores. A partir de abril de 1935, com a aprovação pelo Congresso da Lei de Segurança Nacional – que deu carta branca ao governo para combater os subversivos -, essa política intervencionista recebeu um novo impulso, pro-longando-se até a década de 1940, em pleno Estado Novo.

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Partidos Políticos

As correntes:

Tenentes: Clube Três de Outubro e União Cívica Nacional. Legião Revolucionária de São Paulo (Miguel Costa, Góes Monteiro, chefe do movimento militar de 1930, preconizava o fortaleci-mento do espírito nacional em torno do Exército e Juarez Távora, Ministro da Agricultura em 1934, defendia a substituição do Senado por um Conselho Federal, de natureza executiva, legis-lativa e judiciária) e Clube Três de Outubro. Representação de classes, produzindo um legisla-tivo de técnicos, e não de políticos. Princípios: o mito da tecnocracia, o mito da representação técnico-profissional e a panacéia dos conselhos técnicos.

Aliança Nacional Libertadora (ANL)

Domingo Velasco e Roberto Sisson defendiam a idéia que as mazelas econômicas da sociedade impossibilitavam o processo liberal e democrático, que deveria ser substituído pela atuação direta dos Conselhos Municipais que deveriam eleger os deputados. Suas bandeiras eram: luta antiimperialista com suspensão definitiva das dívidas; nacionalização; proteção aos pequenos e médios produtores; gozo das liberdades populares e construção de um governo popular. Mesmo o Partido Comunista não diferenciava dessa linha. Nas declarações de Harry Berger e do “prestismo”, caberia apenas criar um governo popular, nacional e antiimperialista.

O Integralismo

O Manifesto-Programa da Ação Integralista Brasileira (AIB), em 1937, afirmava que “o integra-lismo não é anti-democrático. Ao contrário, quando condena os partidos é porque visa substi-tuí-los pelas corporações, órgãos que, em nossos dias, são os únicos capazes de captar e expri-mir a vontade popular”. Plínio Salgado e Miguel Reale.

Grupos oligárquicos regionais. Aliados ou não ao movimento, defendiam que os partidos po-líticos apareciam como representantes das oligarquias do centro-sul, privilegiando assim esses estados. Logo, também defendiam o antiliberalismo e o antipartidarismo.

Política paulista (PRP e Partido Democrático): contrários à representação classista.

Maria do Carmo Campello de Souza afirma que “ideólogos e homens de ação”: “represen-tantes das mais diversas correntes, pouco diferiam, nos anos 30, em sua concepção sobre o papel dos partidos políticos na evolução política brasileira. Temerosos, por um lado, de uma crescente marginalização face às medidas centralizadoras do governo, e perplexos, por outro, em face aos primeiros sinais de participação política das camadas médias e populares urbanas, mesmo os liberais mais convictos parecem incapazes de visualizar uma nova etapa de desen-volvimento político, fundada em partidos de base social mais extensa. Presos a uma visão dos partidos como associações de “notáveis” e do Congresso como arena para a representação de interesses regionais, seu despreparo é patente, e amplo o terreno que cedem ás doutrinas au-toritárias, então notavelmente loquazes.”

(Estado e Partidos Políticos no Brasil, ed. Alga-Omega, pág.80).

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Com exceção dos partidos Integralista e Comunista, não havia partidos de caráter nacional, mais sim agremiações estaduais. As bases políticas para o Estado Novo estavam plantadas no Brasil e, vale lembrar que, a partir de 1945, quando a estrutura partidária brasileira for articula-da, os agentes históricos serão os mesmo que, nesse momento, defendem sua anulação.

Os Mecanismos da Centralização

O vazio gerado na sociedade pelo discurso, e pela prática antipartidária foi ocupado por um pesado aparato burocrático-estatal que tomaria as decisões e organizaria o Estado eliminado a formação de uma grande organização partidária nacional. De forma lenta e gradual, a Era Vargas desenvolveu mecanismos jurídico-institucionais e políticos capazes de controlar estra-tegicamente as decisões econômicas, transferindo para o poder central o controle decisório da sociedade.

Sem desmantelar a antiga ordem oligárquica, o modelo estado-novista introduziu uma “mo-dernização conservadora”. Sem transformar as bases econômicas ou sociais, a nova estrutura construiu novos canais de manifestação para os demais grupos políticos ligados ao golpe de 1930. Rompendo com o antigo controle da Política dos Governadores, a intervenção nos esta-dos da federação veio com a criação de órgãos burocráticos que substituíram os antigos parti-dos regionais.

A nova hierarquia do poder assim se definia: o presidente da República controlada o poderoso DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público), um “cinto de transmissão” entre o poder Executivo federal e a política dos estados que, por sua vez, tinha a hegemonia sobre os órgãos burocráticos estatais (institutos, autarquias e grupos técnicos, controladores das interventorias estaduais, onde se manifestavam os interesses regionais.

Intentona Comunista, Plano Cohen e o golpe do Estado Novo

Em abril de 1935 Luís Carlos Prestes voltou clandestinamente ao Brasil. Incumbido pela dire-ção da Internacional Comunista de promover um levante armado que instaurasse no país um governo nacional-revolucionário, recebia a colaboração de um pequeno mas experiente grupo de militantes estrangeiros, entre os quais se incluía sua mulher, a alemã Olga Benário. A opção de Prestes por manter-se na clandestinidade num momento em que a ANL ganhava as ruas demonstra bem suas intenções insurrecionais e a heterogeneidade de perspectivas que carac-terizava essa ampla frente de esquerda.

À medida que a ANL crescia, aumentava a tensão política no país, com freqüentes conflitos de rua entre comunistas e integralistas. No dia 5 de julho, a ANL promoveu manifestações públicas para comemorar o aniversário dos levantes tenentistas de 1922 e 1924. Nessa ocasião, contra a vontade de muitos dirigentes aliancistas, foi lido um manifesto de Prestes propondo a derru-bada do governo e exigindo "todo o poder à ANL". Vargas aproveitou a grande repercussão do manifesto para, com base na Lei de Segurança Nacional, promulgada em abril, ordenar o fecha-mento da organização.

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Na ilegalidade, a ANL não podia mais realizar grandes manifestações públicas e perdeu o con-tato com a massa popular que com ela se entusiasmava. Ganharam então força em seu interior os membros do Partido Comunista e os "tenentes" dispostos a deflagrar um levante armado para depor o governo. Em novembro de 1935 estourou em Natal (RN) um levante militar em nome da ANL. Em seguida ao movimento em Natal, que obteve apoio popular e chegou a as-sumir o controle da cidade por quatro dias, foram deflagrados levantes em Recife e no Rio de Janeiro. O governo federal não teve dificuldade para dominar a situação, iniciando logo a seguir intensa repressão contra os mais variados grupos de oposição atuantes no país, vinculados ou não ao levante. A ANL, alvo principal dessa onda repressiva, foi inteiramente desarticulada.

O período autoritário que ficou conhecido como Estado Novo teve início no dia 10 de novem-bro de 1937 com um golpe liderado pelo próprio presidente Getúlio Vargas e apoiado, entre outros, pelo general Góes Monteiro. Para que ele fosse possível, foi preciso eliminar as resis-tências existentes nos meios civis e militares e formar um núcleo coeso em torno da idéia da continuidade de Vargas no poder. Esse processo se desenvolveu, principalmente, ao longo dos anos de 1936 e 1937, impulsionado pelo combate ao comunismo e por uma campanha para a neutralização do então governador gaúcho Flores da Cunha, considerado, por seu poder polí-tico e militar, um obstáculo ao continuísmo de Vargas e à consolidação de um Exército forte, unificado e impermeável à política.

O Estado Novo foi um período autoritário da nossa história, que durou de 1937 a 1945. Foi instaurado por um golpe de Estado que garantiu a continuidade de Getúlio Vargas à frente do governo central, tendo a apoiá-lo importantes lideranças políticas e militares. Para entender como foi possível o golpe, eliminando-se as suas resistências, é preciso retroceder ao ano de 1936.

A Constituição de 1934 determinava a realização de eleições para presidente da República em janeiro de 1938. Com isso, desde 1936 a sucessão presidencial tomou conta da cena política, embora Vargas procurasse adiar e esvaziar o debate. Armando de Sales Oliveira, governador de São Paulo, lançou-se candidato pela oposição depois de tentar, sem sucesso, atrair o apoio das forças situacionistas. Estas, por sua vez, apresentaram o nome do paraibano José Américo de Almeida. Além dos dois, outro pretendente à presidência foi Plínio Salgado, líder da Ação Inte-gralista Brasileira (AIB).

A campanha sucessória desenrolou-se em meio a um quadro repressivo, de censura e restrição da participação política, resultado do estado de guerra decretado no país em março de 1936 com a justificativa de combater o comunismo. Os instrumentos de força criados para repri-mir a ação comunista terminaram sendo utilizados também contra antigos aliados de Vargas contrários ao continuísmo, enfraquecendo-os ou neutralizando-os. Desse modo, as resistências políticas ao golpe foram sendo progressivamente minadas. O combate ao comunismo serviu igualmente para alijar setores militares contrários ao projeto de Góes Monteiro de construção de um Exército forte, unificado e isento de influências políticas.

Além da repressão ao comunismo, outro meio pelo qual se afirmou a hegemonia do grupo de Góes Monteiro foi a ação contra o governador gaúcho Flores da Cunha. Flores era visto como um obstáculo, uma vez que desde de 1935 vinha se intrometendo em assuntos militares, explo-rando e alimentando cisões no seio das Forças Armadas. Essa sua ação pesou, inclusive, na pró-pria saída de Góes Monteiro do Ministério da Guerra, naquele ano. E a ameaça representada pelo governador era ainda maior pelo fato de ele ter sob seu comando uma poderosa Brigada Militar, bem armada e numerosa.

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Foi a investida contra Flores da Cunha que reaproximou o grupo de Góes de Vargas. Também para Getúlio o governador gaúcho, com sua força política e militar, e sua oposição ao continuís-mo repetidas vezes manifestada, representava uma ameaça. Assim, ao mesmo tempo em que se abria a discussão sobre a sucessão presidencial, punha-se em prática um plano elaborado por Góes Monteiro, com o apoio do presidente da República, para a desarticulação de Flores.

O final do ano de 1936 foi marcado por importantes mudanças tanto nos meios políticos quanto nos militares. Na política, as forças se realinharam e trocaram de posição de acordo com suas orien-tações estratégicas, preparando-se para o embate da sucessão que se avizinhava. Diversas subs-tituições foram feitas nos comandos militares do Sul visando a uma maior eficácia na ação contra o governador gaúcho. Passo importante nesse sentido foi dado com a substituição do ministro da Guerra João Gomes, reticente à intervenção no Rio Grande, pelo general Eurico Gaspar Dutra.

Ao longo de 1937, o processo eleitoral foi sofrendo um progressivo esvaziamento. A própria can-didatura situacionista perdeu gradativamente consistência. José Américo de Almeida não obteve em nenhum momento o apoio de Vargas que, ao contrário, fez o possível para esvaziá-lo. Mais do que isso, procurando marcar sua diferença em relação a Armando Sales, que se apresentava como oposição, José Américo passou a sustentar um discurso mais radical que seu concorrente e com um forte apelo popular. Acrescente-se ainda o fato de que, preocupando-se excessivamente com o Norte, José Américo provocou um deslocamento progressivo de outras forças regionais que o apoiavam. Até mesmo o governador mineiro Benedito Valadares, que havia garantido seu lançamento como candidato, a partir de fins de setembro tornou-se defensor da idéia de retirada das candidaturas e de uma reforma constitucional visando à prorrogação dos mandatos.

Outro importante elemento de esvaziamento da campanha sucessória foi o cerco promovido por Vargas em torno de alguns focos regionais de resistência ao continuísmo. Em Pernambu-co, o governador Lima Cavalcanti foi acusado publicamente de envolvimento com o comunis-mo, abrindo-se em seu partido uma dissidência liderada pelo ministro Agamenon Magalhães, que disputava a liderança no estado. Na Bahia, governada por Juraci Magalhães, começavam a circular boatos de uma intervenção federal. No Rio Grande do Sul, o general Góes Monteiro preparava-se para derrubar militarmente Flores da Cunha. Para tanto, mudanças fundamentais foram efetuadas nos comandos militares a partir de junho de 1937. O general José Pessoa que, juntamente comValdomiro Lima, mostrara-se contrário à intervenção no Sul, foi substituído no cargo de inspetor do comando do distrito da Artilharia de Costa. Valdomiro Lima foi preterido na chefia do Estado-Maior do Exército em favor de Góes Monteiro. O general Lúcio Esteves, por sua vez, foi substituído pelo general Daltro Filho no comando da 3ª Região Militar, no Rio Grande do Sul.

Entrava na sua reta final o projeto golpista. No mês de setembro, de modo significativo, o go-verno realizou antecipadamente as cerimônias de rememoração das vítimas da revolta comu-nista de novembro de 1935. Alguns dias depois, o Ministério da Guerra divulgou o que ficou conhecido como Plano Cohen, um documento forjado que relatava a preparação de uma nova ofensiva comunista. Essa foi a base para que o governo pedisse ao Congresso o retorno ao esta-do de guerra, que havia sido momentaneamente suspenso.

Vendo-se cercado e perdendo o controle de sua Brigada Militar, que foi federalizada, Flores da Cunha terminou por renunciar ao governo gaúcho. Em 10 de novembro de 1937 o Congresso Nacional foi cercado por tropas da Polícia Militar e fechado. No mesmo dia Vargas anunciou pelo rádio à nação o início de uma nova era, orientada por uma nova Constituição elaborada por Francisco Campos. Começava ali o Estado Novo.

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Trecho do Plano Cohen

XVIII – OS REFÉNS

No plano deverão figurar, como já foi dito atrás, os homens a serem eliminados e o pessoal encarregado dessa missão. Todavia, tão importantes quanto estes serão os reféns, que, em caso de fracasso parcial, servirão para colocar em choque as autoridades. Serão reféns: os Ministros de Estado, presidente do Supremo Tribunal, e os presidentes da Câmara e do Senado, bem como, nas demais cidades, duas ou três autoridades ou pessoas gradas. A técnica para a colheita de reféns será a seguinte: 19 não é 20; os raptos deverão ser executados em pleno dia, nas próprias residências, que serão invadidas por grupos de 3 a 5 homens dispostos e bem-armados e munidos de narcóticos violentos (clorofórmio, éter em pastas de algodão empapadas) e serão transportadas para pontos secretos e inatingíveis, com absoluta segurança. Em caso de fracasso, proceder ao fuzilamento dos reféns. (SILVA, p.283-4).

O Estado Novo (1937 – 1945)

Constituição de 1937 (A Polaca)

Quarta constituição da história brasileira, outorgada pelo presidente Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, no mesmo dia em que, por meio de um golpe de Estado, era implantada no país a ditadura do Estado Novo. Foi elaborada pelo jurista Francisco Campos, ministro da Justiça do novo regime, e obteve a aprovação prévia de Vargas e do ministro da Guerra, general Eurico Dutra.

A essência autoritária e centralista da Constituição de 1937a colocava em sintonia com os mo-delos fascistizantes de organização político-institucional então em voga em diversas partes do mundo, rompendo com a tradição liberal dos textos constitucionais anteriormente vigentes no país. Sua principal característica era a enorme concentração de poderes nas mãos do chefe do Executivo. Do ponto de vista político-administrativo, seu conteúdo era fortemente centra-lizador, ficando a cargo do presidente da República a nomeação das autoridades estaduais, os interventores. Aos interventores, por seu turno, cabia nomear as autoridades municipais.

A intervenção estatal na economia, tendência que na verdade vinha desde 1930, ganhava força com a criação de órgãos técnicos voltados para esse fim. Ganhava destaque também o estímulo à organização sindical em moldes corporativos, uma das influências mais evidentes dos regimes fascistas então em vigor. Nesse mesmo sentido, o Parlamento e os partidos políticos, conside-rados produtos espúrios da democracia liberal, eram descartados. A Constituição previa a con-vocação de uma câmara corporativa com poderes legislativos, o que no entanto jamais aconte-ceu. A própria vigência da Constituição, segundo o seu artigo 187, dependeria da realização de um plebiscito que a referendasse, o que também jamais foi feito.

Após a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em outubro de 1945, foram realizadas elei-ções para a Assembléia Nacional Constituinte, em pleito paralelo à eleição presidencial. Eleita a

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Constituinte, seus membros se reuniram para elaborar o novo texto constitucional, que entrou em vigor a partir de setembro de 1946, substituindo a Carta de 1937.

Estado Novo e Fascismo (semelhanças e diferenças)

O Estado Novo foi instaurado no Brasil ao mesmo tempo em que uma onda de transformações varria a Europa, instalando governos autoritários e reforçando a versão de que a democracia liberal estava definitivamente liquidada. Mussolini chegou ao poder na Itália em 1922 e aí im-plantou ofascismo; Salazar se tornou primeiro-ministro (presidente do Conselho de Ministros) de Portugal em 1932 e inaugurou uma longa ditadura; Hitler foi feito chanceler na Alemanha em 1933 e tornou-se o chefe supremo do nazismo. A guerra civil espanhola, que se estendeu de 1936 a 1939, banhou de sangue a Espanha antes que Franco começasse a governar o país com mão de ferro.

O governo do Estado Novo foi centralizador, ou seja, concentrou no governo federal a tomada de decisões antes partilhada com os estados, e autoritário, ou seja, entregou ao Poder Execu-tivo atribuições anteriormente divididas com o Legislativo. Sua ideologia recuperou práticas políticas autoritárias que pertenciam à tradição brasileira, mas também incorporou outras mais modernas, que faziam da propaganda e da educação instrumentos de adaptação do homem à nova realidade social. Era esse o papel do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), des-tinado não só a doutrinar, mas a controlar as manifestações do pensamento no país.

A doutrina estadonovista propunha a concentração do poder no Estado, visto como única ins-tituição capaz de garantir a coesão nacional e de realizar o bem comum. Desenvolvia, também, a crença no homem excepcional, portador de virtú, que seria capaz de expressar e construir a nova ordem. Havia muitas semelhanças com a doutrina fascista, e foi a partir dos aspectos co-muns que muitas vezes o Estado Novo foi identificado com o fascismo.

Dentre esses pontos comuns, pode-se destacar a valorização da missão histórica da nação re-presentada pelo Estado; o reconhecimento dos direitos individuais, mas apenas daqueles que não entravam em conflito com as necessidades do Estado soberano; a ênfase no significado da elite como corporificação do gênio do povo; a solidariedade entre o capital e o trabalho asse-gurada pela estrutura corporativa; o antiliberalismo, e o antiparlamentarismo. Ambas as dou-trinas apresentavam traços totalizadores, já que seu campo de ação não se atinha somente à ordem política, mas envolvia também outros aspectos da vida social: cultura, religião, filosofia.

Por outro lado, o regime fascista italiano resultou de um movimento organizado que tomou o poder. O partido teve um papel fundamental como propulsor das transformações por que iria passar o novo Estado, era uma entidade que "representava" a vontade da nação, mobilizando intensamente a população e chegando a assumir feições militarizadas. Já o regime de 1937 no Brasil não resultou da tomada do poder por nenhum movimento revolucionário, nem era sus-tentado por qualquer partido. A mobilização e organização das massas em milícias também era recusada, como o demonstra o caso da Organização Nacional da Juventude, que foi transforma-da em um programa de educação moral e cívica.

Ainda que haja semelhanças no tocante ao cerceamento da liberade individual, percebe-se as-sim que tanto do ponto de vista doutrinário como da realidade histórica, o Estado Novo brasi-leiro não foi a reprodução literal do fascismo italiano.

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Levante Integralista (1938)

Movimento armado contra o governo federal deflagrado em maio de 1938 por membros da Ação Integralista Brasileira.

No segundo semestre de 1937,enquanto a campanha para as eleições presidenciais marcadas para janeiro do ano seguinte se desenrolava nas ruas, o presidente Getúlio Vargas articulava com a alta cúpula das Forças Armadas o golpe do Estado Novo. Plínio Salgado, principal diri-gente e candidato da AIB à presidência, mantinha-se a par das intenções de Vargas e dava-lhes, inclusive, apoio. Por isso mesmo, logo no início do mês de novembro retirou sua candidatura e manifestou solidariedade à luta que Vargas dizia travar contra a ameaça do comunismo e os efeitos desagregadores da democracia liberal. A expectativa que Plínio Salgado então cultivava, alimentada pelos contatos que mantinha com o presidente, era de que o integralismo se tor-nasse a base política do regime a ser implantado com o golpe e que o Ministério da Educação do novo governo fosse entregue a um dirigente da AIB.

Ao ser decretado o Estado Novo em 10 de novembro, porém, Vargas não fez qualquer referên-cia ao integralismo em sua mensagem à nação. Mesmo assim, Plínio Salgado declarou apoio à nova ordem e afirmou que a AIB deixava de ter um caráter político e passava a limitar sua atu-ação ao âmbito cívico e cultural. Apesar disso, a AIB acabou sendo incluída no decreto em que Vargas determinava o fechamento de todos os partidos políticos. Percebendo que suas expec-tativas de participação no poder não se concretizariam, lideranças integralistas como Olbiano de Melo, Belmiro Valverde e Gustavo Barroso, ao lado de oficiais da Marinha, começaram a articular, no início de 1938, um golpe contra o governo. Plínio Salgado trabalhava em duas fren-tes: ao mesmo tempo em que dava seu consentimeto aos preparativos insurrecionais, buscava uma reaproximação com Vargas. Aceitaria, inclusive, rebatizar a AIB, que oficialmente passou a denominar-se Associação Brasileira de Cultura. A disposição repressiva demonstrada pelo go-verno contra os integralistas deixava claro, porém, que a reaproximação era inviável.

No dia 11 de março de 1938, os integralistas deflagraram pequenas agitações na Marinha e uma tentativa de ocupação da Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, que foram rapidamente debeladas. Seguiu-se uma violenta onda repressiva contra os conspiradores que, além dos in-tegralistas, incluíam alguns políticos de oposição como Otávio Mangabeira, Flores da Cunha e o coronel Euclides Figueiredo. Com a prisão deste último, a chefia militar do movimento passou às mãos do general João Cândido Pereira de Castro Júnior. Enquanto isso, Plínio Salgado manti-nha-se refugiado em São Paulo, evitando dar declarações públicas.

No dia 11 de maio, uma nova tentativa insurrecional foi promovida pelos integralistas. Des-sa vez, sob o comando do tenente Severo Fournier, um grupo atacou o Palácio Guanabara, residência presidencial, com a finalidade de depor Vargas. A precariedade do ataque, porém, permitiu que a própria guarda do palácio, auxiliada pelos familiares do presidente, repelisse os invasores. A chegada, horas depois, das tropas comandadas pelo general Dutra, ministro da Guerra, acabou definitivamente com o levante. Os ataques previstos a outros pontos da cidade também fracassaram devido à total desorganização dos revoltosos.

Os integralistas sofreram forte perseguição em todo o país, e muitos de seus principais líderes foram presos. Plínio Salgado, entretanto, negou-se a admitir qualquer participação nos episó-dios e a princípio foi poupado. Somente em janeiro de 1939 seria preso, mesmo assim por poucos dias. Em maio, foi novamente encarcerado, e só saiu da prisão no mês seguinte para se dirigir a um exílio de seis anos em Portugal.

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Direitos sociais e trabalhistas

Em síntese: A instauração do Estado Novo permitiu a Vargas levar adiante e sistematizar, à sua maneira, a política socialiniciada no começo da década de 1930. Retiraram-se de cena as forças político-sociais que nos anos que antecederam o golpe de 1937 lutavam no Congresso e nos sindicatos contra a tutela do Ministério do Trabalho e seu projeto de unidade sindical. Novas leis foram editadas, com o objetivo de consolidar no país uma estrutura sindical baseada no corporativismo. Fortaleceu-se enfim o Ministério do Trabalho, que, com o decorrer do tempo, se transformou em um órgão político estratégico para a construção da imagem de Vargas como o "pai dos pobres", amigo e protetor dos trabalhadores.

A Constituição de 1937 fixou as diretrizes da política social e trabalhista que seria implementa-da no Estado Novo. Foram confirmados direitos trabalhistas já fixados na Constituição de 1934, como salário mínimo, férias anuais e descanso semanal, e foi também mantida a Justiça do Tra-balho, encarregada de dirimir conflitos entre empregados e empregadores. Mas houve uma alte-ração importante: o princípio da unidade sindical foi restabelecido, e apenas os sindicados legali-zados poderiam defender os direitos da categoria que representavam perante o Estado. A greve e o lock-out foram proibidos, pois passaram a ser considerados recursos "anti-sociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional".

O salário mínimo foi regulamentado em abril de 1938, devendo corresponder às necessidades básicas de um trabalhador. Já a nova organização sindical foi definida em detalhes pelo Decreto nº 1.402, de julho de 1939. Foi dada uma feição ainda mais centralizada à estrutura sindical, uma vez que se eliminaram as centrais que reuniam diferentes categorias profissionais por mu-nicípio ou região em favor de uma organização de caráter vertical, em que os sindicatos de cada categoria convergiam para as federações estaduais e confederações nacionais. Ao mesmo tem-po, o governo tratou de dar garantias de sobrevivência aos sindicatos através da instituição de uma contribuição sindical compulsória – o imposto sindical, criado em 1940, correspondente a um dia de salário, pago ao sindicato por trabalhadores sindicalizados ou não. A medida possibi-litou a constituição e a manutenção de sindicatos de "fachada", que passavam a não depender mais da contribuição voluntária dos associados. O governo se utilizou de muitos desses sindi-catos e de seus dirigentes, os chamados pelego, para fortalecer sua base sindical. Outra regu-lamentação importante feita durante o Estado Novo foi a da Justiça do Trabalho, finalmente inaugurada em 1º de maio de 1941, na gestão do ministro Valdemar Falcão.

O novo formato da legislação social brasileira acabaria por ser ordenado e sistematizado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), editada em junho de 1943. A CLT iria reger por muito tempo as relações de trabalho no país.

Com a entrada do Brasil na guerra ao lado dos Aliados, o governo do Estado Novo começou a sofrer importantes remanejamentos internos. Procurou-se elaborar uma estratégia para pre-parar o fim da ditadura, mantendo porém a força e o prestígio do presidente da República. A partir daquele momento, a política social de Vargas ganhou maior intensidade e visibilidade.

O grande articulador desse projeto de popularização da figura de Vargas foi o advogado pau-listaAlexandre Marcondes Filho, que havia sido nomeado ministro do Trabalho em dezembro de 1941. Para estreitar as relações entre o Estado e as classes trabalhadoras, Marcondes Filho tratou de intensificar a sindicalização e, ao mesmo tempo, de utilizar instrumentos de comu-nicação de massa como o rádio. Foi nesse contexto que ganhou maior dimensão o programa radiofônico oficial "Hora do Brasil".

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As grandes comemorações promovidas pelo governo também passaram a ganhar maior relevo. As festas mais importantes eram as do dia do Trabalho (1º de maio) e do aniversário do Estado Novo (10 de novembro). Comemoravam-se ainda o aniversário do presidente da República (19 de abril), o dia da Independência Nacional (7 de setembro), o Natal e o final de ano. Na come-moração do dia do Trabalho, multidões ocupavam o estádio de futebol do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, para ouvir a palavra do presidente da República. Naquele momento, o líder dirigia-se diretamemente ao povo trabalhador para enunciar alguma nova medida de alcance social.

Todas essas iniciativas implementadas pelo governo do Estado Novo e coordenadas por Mar-condes Filho serviram também de base para a constituição da chamada ideologia do trabalhis-mo, um conjunto de proposições políticas que iria fundamentar a criação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

O Ministério da Propaganda: Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)

O DIP foi criado por decreto presidencial em dezembro de 1939, com o objetivo de difundir a ideologia do Estado Novo junto às camadas populares. Mas sua origem remontava a um período anterior. Em 1931 foi criado o Departamento Oficial de Publicidade, e em 1934 o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC). Já no Estado Novo, no início de 1938, o DPDC transformou-se no Departamento Nacional de Propaganda (DNP), que finalmente deu lugar ao DIP.

O DIP possuía os setores de divulgação, radiodifusão, teatro, cinema, turismo e imprensa. Cabia-lhe coordenar, orientar e centralizar a propaganda interna e externa, fazer censura ao teatro, cinema e funções esportivas e recreativas, organizar manifestações cívicas, festas patrióticas, exposições, concertos, conferências, e dirigir o programa de radiodifusão oficial do governo. Vários estados possuíam órgãos filiados ao DIP, os chamados "Deips". Essa estrutura altamente centralizada permitia ao governo exercer o controle da informação, assegurando-lhe o domínio da vida cultural do país.

Na imprensa, a uniformização das notícias era garantida pela Agência Nacional. O DIP as distribuía gratuitamente ou como matéria subvencionada, dificultando assim o trabalho das empresas particulares. Contando com uma equipe numerosa e altamente qualificada, a Agência Nacional praticamente monopolizava o noticiário.

Quanto ao rádio, buscou-se difundir seu uso nas escolas e nos estabelecimentos agrícolas e industriais, de modo a promover a cooperação entre a União, os estados, os municípios e particulares. O programa oficial "Hora do Brasil" era transmitido para todo o território nacional.

A partir de 1939 a "Hora do Brasil" passou a ser feita pelo DIP, que tomou o lugar do DNP. O programa destinava-se a cumprir três finalidades: informativa, cultural e cívica. Além de infor-mar detalhadamente sobre os atos do presidente da República e as realizações do Estado, "Hora do Brasil" incluía uma programação cultural que pretendia incentivar o gosto pela "boa música" através da audição de autores considerados célebres. A música brasileira era privilegiada, já que 70% do acervo eram de compositores nacionais. Comentários sobre a arte popular, em suas mais variadas expressões regionais, e descrições dos pontos turísticos do país também eram incluídos na programação. Quanto à parte cívica, era composta de "recordações do passado", em que se exaltavam os feitos da nacionalidade. Nas peças de radioteatro, para as quais eram convidados os

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mais destacados dramaturgos da época, como Joraci Camargo, enfocavam-se dramas históricos como a retirada da Laguna, a abolição da escravidão e a proclamação da República.

Outra realização do DIP foi o "Cinejornal Brasileiro", série de documentários de curta metra-gem de exibição obrigatória antes das sessões de cinema. No "Cinejornal" fazia-se a crônica co-tidiana da política nacional, recorrendo-se ao forte impacto dos recursos audiovisuais. Alguns filmes eram exportados para países como a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.

Um dos reflexos da guerra no Brasil foi uma campanha de penetração cultural do governo norte--americano destinada a barrar a influência alemã no país. O DIP colaborou nessa campanha, que marcou a presença do Tio Sam no Brasil, apoiando e desenvolvendo projetos conjuntos com a agência norte-americana criada para esse fim. Foi nesse contexto que vieram ao Brasil artistas famosos como o cineasta Orson Welles, Walt Disney e Nelson Rockefeller. Também foi instituída no DIP uma sessão de intercâmbio cultural luso-brasileiro. Um dos frutos desse intercâmbio foi a revista Brasília, publicada pelo Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de Coimbra.

O DIP costumava realizar concursos de monografias e reportagens sobre temas nacionais. Foi através de seu setor de divulgação que se editaram várias coleções como a Coleção Brasil, Vultos, datas e realizações e O Brasil na guerra. Para divulgar essas obras foi criada uma rede de bibliote-cas em escolas, quartéis, hospitais e sindicatos. A centralização informativa era apresentada como fator de modernidade e justificada pelos princípios de agilidade,eficiência e racionalidade.

Devido à importância de suas funções, o DIP acabou se transformando numa espécie de "su-perministério". Cabia-lhe exercer a censura às diversões públicas, antes de responsabilidade da Polícia Civil do Distrito Federal. Também os serviços de publicidade e propaganda dos ministé-rios, departamentos e órgãos da administração pública passaram à responsabilidade do DIP.

Entre 1939 e 1942 o DIP esteve sob a direção de Lourival Fontes, que já dirigira o DPDC e o DNP. Seus sucessores foram o major Coelho dos Reis, de agosto de 1942 até julho de 1943, e o capi-tão Amilcar Dutra de Menezes, que atuou até a extinção do DIP, em maio de 1945.

O Brasil na II Guerra Mundial

Em síntese: Em represália ao rompimento de relações diplomáticas do Brasil com os países do Eixo, a partir de janeiro de 1942 vários navios mercantes brasileiros foram torpedeados por submarinos alemães. A esses incidentes seguiu-se uma forte mobilização popular em favor da entrada do país na Segunda Guerra Mundial para lutar ao lado dos Aliados contra o nazi-fascismo. O governo brasileiro finalmente declarou guerra à Alemanha e à Itália em agosto de 1942, mas só após ajustes difíceis com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que levou o Brasil ao teatro de operaçõesna Itália. A contradição entre lutar a favor da liberal-democracia ao lado dos Aliados na Europa e manter uma ditadura no país em muito contribuiria para a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em 29 de outubro de 1945.

O rompimento de relações diplomáticas do Brasil com os países do Eixo, anunciado ao final da Reunião de Chanceleres do Rio de Janeiro, em 28 de janeiro de 1942, tornou os navios brasileiros alvo de ataques dos submarinos alemães. Nos sete meses seguintes cerca de 19 navios mercantes brasileiros foram torpedeados na costa do paíscosta do país, causando centenas de perdas humanas. Nesse momento foi de fundamental importância a ação de patrulhamento do Atlântico Sul realizada pela Força Aérea Brasileira (FAB), que mais tarde também iria atuar no front italiano.

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A indignação provocada pelos torpedeamentos fortaleceu a campanha em favor da entrada do Brasil na guerra, da qual participavam diversas entidades, entre elas a União Nacional dos Estudantes(UNE). Em resposta aos apelos da sociedade, finalmente o Brasil decretou o estado de beligerância (22 de agosto) e a seguir o estado de guerra (31 de agosto de 1942) contra a Alemanha e a Itália. No mês seguinte, o governo criou a Coordenação da Mobilização Econômica, com o propósito de coordenar o funcionamento da economia no contexto de emergência gerado pelo conflito mundial.

Iniciaram-se então as conversações sobre o envio de um contingente brasileiro à frente de combate. A formação de uma força expedicionária correspondia a um duplo projeto político de Vargas: de um lado, fortalecer as Forças Armadas brasileiras internamente e aos olhos dos vizinhos do Cone Sul, em especial a Argentina, e com isso garantir a continuação do apoio militar ao regime do Estado Novo; de outro lado, assegurar uma posição de significativa importância para o Brasil no cenário internacional, na qualidade de aliado especial dos Estados Unidos. Entretanto, as vitórias aliadas no norte da África, em novembro de 1942, reduziram consideravelmente a importância estratégica do Nordeste do Brasil e, por extensão, as possiblidades de reequipamento das Forças Armadas brasileiras. Preocupado, Vargas insistiu com o presidente norte-americano Franklin Roosevelt, quando este visitou Natal em janeiro de 1943, no fornecimento do material bélico prometido pelos Estados Unidos e no interesse brasileiro em tomar parte ativa nos combates. Com a concordância de Washington, a Força Expedicionária Brasileira(FEB) foi finalmente estruturada em agosto de 1943. Para seu comando foi convidado o generalMascarenhas de Morais.

Da criação da FEB até o embarque do 1° Escalão para a Itália transcorreu quase um ano. Nesse período, dedicado à preparação e treinamento das tropas, inúmeros foram os desencontros entre Brasil e Estados Unidos, desde os relativos à liberação do equipamento militar necessário para a atuação das forças brasileiras, até os decorrentes da ausência de uma definição quanto à área de atuação da FEB. Finalmente liberados os armamentos norte-americanos de que o Brasil necessitava no início de 1944, e superada a resistência britância à presença de uma força brasileira no Mediterrâneo, o primeiro contingente de tropas brasileiras embarcou em 30 de junho de 1944 rumo à Itália. Ao longo dos oito meses seguintes, outros quatro escalões seguiram para o teatro de operações. Também a FAB se fez representar com um grupo de aviação de caça e uma esquadrilha de ligação e observação.

O envio da FEB e da FAB ao teatro de operações veio coroar um processo que se iniciara quase quatro anos antes, mas constituiu também o ponto de partida de uma nova etapa, qual seja, a da busca, por parte do governo brasileiro, de participação nos arranjos do pós-guerra que iriam definir uma nova ordem mundial.

Além de ter viabilizado o reequipamento das Forças Armadas, a participação militar direta do Brasil na guerra, num primeiro momento, fortaleceu o regime e ampliou o poder e o prestígio de setores civis e militares da classe governante. No entanto, logo se evidenciou uma contradição, na medida em que o Brasil apoiava as forças aliadas na sua luta contra os regimes autoritários nazi-fascistas e, ao mesmo tempo, mantinha internamente um regime ditatorial que restringia a participação popular. Não demorou muito para que o Estado Novo sofresse os efeitos desse contra-senso. A despeito das medidas liberalizantes adotadas pelo governo, procurando atender às demandas das oposições, um golpe desfechado em 29 de outubro 1945 sob a liderança do alto comando do Exército provocou a queda de Vargas e o fim do Estado Novo.

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No plano da política externa, a participação na guerra não chegou a favorecer o objetivo do Brasil de se tornar um ator influente na construção da nova ordem internacional. Na verdade, enquanto o Brasil ainda negociava sua participação militar na luta contra o Eixo, os Aliados já estavam se articulando para a construção do pós-guerra nas Conferências Aliadas. De toda forma, o Brasil participou da Conferência de Paz de Paris em 1946 e obteve um assento não-permanente no Conselho de Segurança da recém-criada Organização das Nações Unidas.

A (RE)DEMOCRATIZAÇÃO (1945-64)

O fim do Estado Novo

O fim da II Guerra Mundial com a vitória dos aliados deu possibilidade as forçasde oposição se manifestarem, levando ao fim do Estado Novo.

Retoma-se a formação de agremiações político-partidárias.

• PSD (Partido Social Democrático): era composto por oligarquias rurais, banqueiros e indus-triais habituados a negociações com o governo central. Contudo, este partido não possuía unidade ideológica, embora controlasse uma poderosa máquina eleitoral.

• PTB (Partido Trabalhista Brasileiro): agrupava a burocracia sindical ligada ao trabalhismo e tinha como principal ideólogo Alberto Pasqualini. O governo procurava agrupar neste partido as camadas populares urbanas (um de seus pontos de apoio), que passaram um conjunto significativo de votos. A ideologia populista desse partido mantinha e reforçava a tradição inaugurada por Vargas.

• UDN (União Democrática Nacional) fundada em 1944, continha elementos antigetulistas – antigos liberais constitucionais, Assis Chateaubriand e a burguesia comercial urbana, ligada aos interesses exportadores e importadores, prejudicados pelo intervencionismo econômi-co do Estado Novo.

• PCB: volta à legalidade em março de 1945, pois apesar de todas as divergências, este par-tido era antiimperialista, estava de acordo com a política progressista nacional e passa a apoiar Vargas a partir de outubro do mesmo ano.

Manifesto dos Mineiros

Manifesto divulgado em outubro de 1943 por membros da elite liberal de Minas Gerais, defen-dendo o fim da ditadura do Estado Novo e a redemocratização do país. Entre seus 92 signatá-rios incluíam-se Virgílio de Melo Franco, Pedro Aleixo, Milton Campos, Artur Bernardes, Afonso Arinos de Melo Franco, Adauto Lúcio Cardoso, Adolfo Bergamini, Afonso Pena Jr., Alaor Prata, Bilac Pinto, Daniel de Carvalho, José de Magalhães Pinto, Mário Brant e Odilon Braga.

Com a instauração da ditadura do Estado Novo, os setores liberais, ainda que não tivessem sofrido a violenta perseguição destinada aos setores de esquerda, principalmente aos comu-nistas, também se viram impossibiliados de agir sobre os destinos políticos da nação. Essa si-tuação só começou a se modificar quando o governo brasileiro optou por apoiar os Aliados na Segunda Guerra Mundial. A contradição entre as posturas externa e interna foi logo apontada pelos setores de oposição, que aproveitaram a oportunidade para romper o longo silêncio a que haviam sido obrigados.

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As manifestações estudantis de apoio aos Aliados, realizadas durante o ano de 1942, trans-formaram-se em atos pela democracia e representaram uma primeira transgressão à ordem ditatorial. Em agosto de 1943, representantes de Minas Gerais no Congresso Jurídico Nacional manifestaram-se a favor da redemocratização. Em seguida, membros da elite mineira realiza-ram sucessivas reuniões no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, decidindo divulgar um manifes-to público que explicitasse suas aspirações democráticas. Surgiu assim o o Manifesto dos Mi-neiros, a princípio intitulado Manifesto ao Povo Mineiro. Num primeiro momento foram tirados 50 mil exemplares do documento, impressos clandestinamente em uma gráfica de Barbacena e distribuídos de mão em mão ou jogados por baixo das portas das residências, em virtude da censura à imprensa ainda vigente. Sua importância decorreu do fato de ter sido a primeira ma-nifestação aberta contra a ditadura, assinada por indivíduos pertencentes a famílias de grande tradição social e política em Minas Gerais.

A reação do governo não tardou. Embora os signatários do manifesto não tenham sofrido qual-quer tipo de perseguição policial, muitos deles foram afastados dos cargos públicos que ocu-pavam ou foram demitidos de seus empregos em empresas privadas em virtude das pressões exercidas pelo governo. O Manifesto dos Mineiros abriu caminho para que outros documentos da mesma natureza viessem a público, como a Carta aos Brasileiros, divulgada por Armando de Sales Oliveira em dezembro de 1943, quando ainda se encontrava no exílio, e a Declaração de Princípios do I Congresso Brasileiro de Escritores, de janeiro de 1945

O cenário para a queda do Estado Novo parece que estava sendo montado. Getulio anistia os presos políticos, inclusive Luis Carlos Prestes. O “queremismo” e a “Constituinte com Getulio” inquietou a oposição udenista, que sentiu o perigo do continuísmo de Vargas no poder.

Um grande comício pró-getulista marcado para 27/10 foi proibido pelo chefe de polícia do Dis-trito Federal. Imediatamente, Vargas o substitui por seu truculento irmão, Benjamin Vargas. Esta manobra política encontrou forte resistência de Góis Monteiro, Ministro da Guerra, que mobilizou tropas no DF. A queda de Getulio se fez a frio. Forçadoa renunciar, ele se retirou do poder com uma declaração pública de que concordara com sua saída. No dia 29/10, o poder foi transmitindo ao judiciário e a passagem para o período da (re)democratização dependeu da iniciativa militar, um importante na Revolução de 30 e que quinze anos depois foi decisivo na deposição de Vargas.

As Eleições

Com a queda de Getulio, a presidência passou a ser ocupada por José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal. No período em que ficou no poder foram realizadas as eleições pre-sidenciais. Concorreram Eurico Gaspar Dutra, apoiado pela coligação PSD-PTB, Eduardo Gomes (UDN), Yedo Fiúza (PCB) e ainda Rolim Teles (Partido Agrário). Saiu vitoriosa a candidatura do Gen. Dutra (55%) longe do segundo colocado Brigadeiro Gomes (35%).

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SLIDES – ERA VARGAS

Era Vargas (1930 – 1945)

•Fases:•Governo Provisório (1930 – 1934)•Governo Constitucional (1934 – 1937)•Ditadura do Estado Novo (1937 – 1945)

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Governo Provisório

• Revolução de 1930 – Golpe!• Primeiras Leis Trabalhistas • Criação do Ministério do Trabalho, Justiça Eleitoral• Criação do voto feminino (24/02/1934)• Reação de São Paulo: Revolução Constitucionalista de 1932• SP x Vargas• Convocação da Assembleia Nacional Constituinte

Cartazes da Revolução de 1932

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Governo Constitucional (1934 – 1937)

•Vargas é eleito indiretamente•Constituição de 1934 (Weimar)•Contexto internacional agitado•Fortalecimento de partidos políticos antagônicos: AIB e ANL

Polarização Ideológica:AIB ANL

Ação Integralista Brasileira. Aliança Nacional Libertadora.Nazi-Fascista. Socialista-comunista.Líder: Plínio Salgado Líder: Luís Carlos Prestes

“Deus, Pátria e Família” (O Cavaleiro da Esperança)Nacionalismo e totalitarismo Organizada pelo PCB

Os Camisas Verdes. Financiada pela URSS (Internacional Comunista).

Sigma: letra do alfabeto grego (Σ) correspondente ao “s” latino, símbolo matemático do somatório.

Anauê: “você é meu irmão” (tupi)

Aliancistas (sociais-democratas, socialistas, comunistas e anarquistas) e pregavam a nacionalização das empresas estrangeiras, o não pagamento da dívida externa brasileira, a reforma agrária, etc.

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O grande número de adesões à AIB fez dela o primeiro partido político de massa organizado nacionalmente no Brasil. Em 1936, o total de seus membros era estimado entre 600 mil e um milhão.

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À medida que a ANL crescia, aumentava a tensão política nopaís, com frequentes conflitos de rua entre comunistas eintegralistas. No dia 5 de julho de 1935, a ANL promoveumanifestações públicas para comemorar o aniversário doslevantes tenentistas de 1922 e 1924. Nessa ocasião, contra avontade de muitos dirigentes aliancistas, foi lido um manifestode Prestes propondo a derrubada do governo e exigindo "todoo poder à ANL". Vargas aproveitou a grande repercussão domanifesto para, com base na Lei de Segurança Nacional,promulgada em abril, ordenar o fechamento da organização.

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Intentona comunista de 1935

• O primeiro levante militar foi deflagrado no dia 23 de novembro de 1935, na cidade de Natal. No dia seguinte, outra sublevação militar ocorreu em Recife. No dia 27, a revolta eclodiu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Sem contar com a adesão do operariado, e restrita às três cidades, a rebelião foi rápida e violentamente debelada. A partir daí, uma forte repressão se abateu não só contra os comunistas, mas contra todos os opositores do governo. Milhares de pessoas foram presas em todo o país, inclusive deputados, senadores e até mesmo o prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto Batista.

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• A despeito de seu fracasso, a chamada revolta comunista forneceu forte pretexto para o fechamento do regime. Depois de novembro de 1935, o Congresso passou a aprovar uma série de medidas que cerceavam seu próprio poder, enquanto o Executivo ganhava poderes de repressão praticamente ilimitados.

• Divulgação do Plano Cohen• Esse processo culminou com o golpe de Estado de 10 de novembro

de 1937, que fechou o Congresso, cancelou eleições e manteve Vargas no poder. Instituiu-se assim uma ditadura no país, o chamado Estado Novo, que se estendeu até 1945.

O Estado Novo (1937-1945)

• Carta de 1937 (outorgada) – proibição de Partidos Políticos• Governo autoritário• Declaração do estado de emergência• Centralização – queima das bandeiras e Interventores • Industrialização e Trabalhismo• Propaganda e repressão • Pragmatismo político nas relações internacionais• BR na II Guerra Mundial

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•Destaque também o estímulo à organização sindical em moldes corporativos, uma das influências mais evidentes dos regimes fascistas então em vigor. Nesse mesmo sentido, o Parlamento e os partidos políticos, considerados produtos espúrios da democracia liberal, eram descartados.

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DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda

• Cinema, rádio, teatro• Controle da imprensa• Censura de todas as manifestações culturais do país• Construção da mitificação do líder• Direção da “Hora do Brasil”• Centralização da informação• Criação de cartilhas para as escolas

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BR na II Guerra Mundial

• Em represália ao rompimento de relações diplomáticas do Brasil com os países do Eixo, a partir de janeiro de 1942 vários navios mercantes brasileiros foram torpedeados por submarinos alemães. A esses incidentes seguiu-se uma forte mobilização popular em favor da entrada do país na Segunda Guerra Mundial para lutar ao lado dos Aliados contra o nazi-fascismo. O governo brasileiro finalmente declarou guerra à Alemanha e à Itália em agosto de 1942, mas só após ajustes difíceis com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que levou o Brasil ao teatro de operaçõesna Itália. A contradição entre lutar a favor da liberal-democracia ao lado dos Aliados na Europa e manter uma ditadura no país em muito contribuiria para a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em 29 de outubro de 1945.

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• Da mesma forma que a guerra possibilitou o desenvolvimento da indústria de base, a partir da instalação da Companhia Siderúrgica Nacional em 1941, ela provocou também, ainda que indiretamente, o fim do regime ditatorial. Com a vitória dos aliados, tornava-se difícil manter no Brasil um regime autoritário. Afinal, o Brasil havia emprestado seu apoio à causa internacional da democracia. As pressões internas se faziam sentir, com manifestações em diferentes estados, desde outubro de 1943, quando foi divulgado o Manifesto dos Mineiros - documento em defesa das liberdades democráticas assinado por intelectuais, profissionais liberais e empresários.

• Vargas soube avaliar as dificuldades que teria para manter um governo ditatorial e começou a ceder. Assim, nos primeiros meses de 1945 foram marcadas eleições para dezembro, foi decretada a anistia e teve início o processo de reorganização dos partidos políticos, com a indicação de candidatos à presidência da República. Nessa mesma época teve início um movimento que pregava a "Constituinte com Getúlio". O avanço dos "queremistas" alertou os chefes militares para a possibilidade de Vargas vir a boicotar as eleições a fim de se manter no cargo.

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• Com o intuito de evitar tal investida, em 29 de outubro de 1945 Vargas foi deposto pelas forças militares, chefiadas pelo ministro da Guerra, general Góes Monteiro. Interinamente, assumiu a presidência da República o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares. Realizadas as eleições em dezembro, o general Eurico Dutra foi eleito presidente da República, selando, assim, o fim de um dos períodos da nossa história marcados pela repressão e violação dos direitos individuais.

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