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Guerrilha e Contra-guerrilha
A guerrilha é uma guerra irregular, um conflito em que um pequeno grupo de combatentes,
chamados guerrilheiros, usa táticas militares, como emboscadas, sabotagem e ataques com
extrema mobilidade, ou ações não convencionais, para fustigar um opositor militar tradicional
maior e menos móvel, seja estrangeiro ou doméstico. A guerrilha pode lançar mão de ações
bélicas e políticas para alcançar seus objetivo, podendo conta ou não com apoio externo. As
ações nem sempre visam derrotar militarmente o inimigo, mas sempre debilitá-lo moral e
psicologicamente.
Guerrilla é o diminutivo da palavra espanhola guerra, literalmente, "pequena guerra". Ela
deriva do alto alemão antigo Werra ou da palavra Warre do médio holandês; adotada pelo
visigodos no século 5 dC. Presume-se que tenha sido utilizada a palavra guerrilha (guerrilla)
pela primeira vez na Guerra Peninsular contra a invasão napoleônica a Portugal e Espanha,
entre 1808 e 1813. Portanto, o termo passou a ser utilizado a partir da sua origem ibérica,
tendo sua grafia original preservada em muitos idiomas. A guerra de guerrilhas também
recebeu outras denominações. Na América Latina, por exemplo, foi chamada de montonera
no Rio da Prata e bola no México, ou Guerra do Mato, entre outras nomenclaturas que não
prevaleceram.
Um pouco de história
Nesta seção iremos relatar um pouco sobre a presença da tática de guerrilha na
história, destacando alguns dos vários conflitos que já existiram, inclusive na história
do Brasil.
A guerrilha tem sido a forma mais comum de luta no mundo moderno manifestando-se
naturalmente sob várias formas. A guerra que os vietcongues sustentaram contra os
americanos nos anos 1960 não teve as mesmas características da luta do IRA contra o
governo britânico no Ulster (Irlanda do Norte); os grupos armados de Fidel Castro nas
montanhas de Cuba eram muito diversos dos guerreiros afegãos do Afeganistão que
resistiram contra a intervenção soviética ou os movimentos de resistência contra os nazistas
na Europa.
Porém a tática de guerrilha nada tem de nova. O emprego de grupos armados em
emboscadas e escaramuças causando o gradual desgaste de um exército maior é a forma de
luta presente desde a Antiguidade Clássica. Um dos primeiros exemplos foram as táticas de
atacar-e-correr empregada pelos nômades citas de Ásia Central contra as forças do persa
Dario, e posteriormente, contra Alexandre, o Grande. A estratégia de Fabian aplicada pela
República Romana contra Hannibal na Segunda Guerra Púnica poderia ser considerada um
exemplo precoce de táticas de guerrilha: Depois de assistir várias derrotas desastrosas,
assassinatos e grupos de ataque, os romanos anularam a doutrina militar comum de esmagar
o inimigo em um única batalha e iniciaram uma bem-sucedida, apesar de impopular, guerra
de desgaste contra os cartagineses, que durou 14 anos. Quando expandiram seu próprio
Império, os romanos encontraram numerosos exemplos de resistência de guerrilha contra as
suas legiões também. Também existem referências a essas táticas desde 400 anos antes de
Cristo em obras do escritor chinês Sun Tzu.
Quando os portugueses chegaram ao novo continente eles foram hostilizados pela guerra do
mato, modalidade guerreira na qual os índios do interior da terra brasilis - muito bravos, ao
contrários dos seus pacíficos primos do litoral - eram mestres e causavam muitas baixas aos
colonizadores, a despeito da inferioridade em armamento. E aqui começa uma longa história
de ações de guerrilhas no Brasil, passando pelo período colonial, imperial e a república.
Podemos citar na história do Brasil as ações de Antonio Dias Cardoso, que lutou na
Insurreição Pernambucana contra a invasão holandesa, e como conhecedor das técnicas de
combate dos indígenas, foi apelidado de "mestre das emboscadas", usou de táticas de
guerrilha contra um inimigo mais poderoso. Por seus feitos Antonio Dias Cardoso é patrono
das Forças Especiais do Exército Brasileiro.
Quando os holandeses, da Companhia das Índias Ocidentais, invadiram Olinda e Recife em
1630, em sua segunda invasão do Nordeste, contavam com 64 navios e 3.800 homens, e em
Fevereiro de 1630, conquistam Olinda e depois Recife. Com a vitória, as forças holandesas
foram reforçadas por um efetivo de mais 6.000 homens, enviado da Europa para assegurar a
posse da conquista.
Bandeira da Companhia das Índias Ocidentais - GWC - Geoctroyeerde West Indische
Compagnie, e sargento holandês com alabarda
A GWC um caráter bélico bem mais acentuado que sua irmã oriental, era
uma companhia voltada muito mais para a conquista militar, ocupação e
pirataria em grande escala (dos galeões portugueses abarrotados de
açúcar, e dos espanhóis carregados da prata do novo mundo) do que ao
comércio propriamente dito. Era na verdade um exército paralelo ao
Estatal, mantido com capitais privados, com base em mercenários
contratados, e era uma das forças mais poderosas no mundo de então!
As tropas de resistência luso-brasileiras no inicio do conflito, eram incapazes de resistir aos
invasores em campo de batalha, sendo assim eles lançaram mão das táticas de guerrilha
para emboscar as tropas inimigas, seus postos de vigilância e suas linhas de comunicações,
além de buscar interditar a economia colonial holandesa através da destruição dos engenhos
de açúcar na área sobre o controle holandês. A organização das tropas em Terços auxiliares
e a forte presença do elemento indígena dentro da organização militar acabaram conferindo
às tropas em ação na América Portuguesa muitas características da Guerra Indígena que
mescladas a elementos Europeus deram origem a denominada “Guerra Brasílica”. Na época
foram criadas as chamadas "companhias de emboscada", que eram pequenos grupos de dez
a quarenta homens, com alta mobilidade, que atacavam de surpresa os holandeses e se
retiravam em velocidade, reagrupando-se para novos combates.
Como exemplo dessas podemos citar a a emboscada realizada em 14 de maio de 1630
contra as tropas holandesas que escoltavam o almirante Pieter Adriensz e o conselheiro
Servatius Carpentier: Neste dia o Almirante Adriensz , com o conselheiro Carpentier partiram
do Recife para se despedir dos conselheiros e dos chefes militares, sucedeu, que já fora do
alcance do fortim situado abaixo da cidade, cair uma chuva que molhou completamente as
mechas e mosquetes dos holandeses. As tropas de resistência luso-brasileiras se postaram
de emboscada no outro lado do rio, e percebendo a limitação das armas do inimigo, atacaram
de surpresa. O almirante e o seu capitão fizeram o possível para a conter a tropa que estava
em pânico, porém, os índios inimigos atiraram suas flechas, e os holandeses, que não
podiam responder ao ataque com seus mosquetes tiveram que fugir. Essa foi mais uma
prova que demonstrou a capacidade das forças luso-brasileiras de se aproveitarem das
condições locais para obter vantagem sobre as forças invasoras.
Ainda nesta época e um pouco depois, por cerca de 94 anos, a região dos Palmares, em
Alagoas e Pernambuco, foi alvo de investidas holandesas e portuguesas para ali destruir o
grande Quilombo dos Palmares, uma confederação de mocambos .Estes eram os povoados
dos escravos fugidos dos engenhos e fazendas que ali foram se reunindo, prosperando e
desfrutando da liberdade que a escravidão lhes tolhia. A mata e a montanha na Serra da
Borborema tornavam o Quilombo dos Palmares de difícil acesso, proporcionando seguro
abrigo a seu povo e, além, terreno ideal para a defesa a base de guerra de guerrilhas, com
táticas indígenas e africanas integradas e que ali foi denominada Guerra do Mato.
Na chamada Guerra da Restauração do Rio Grande do Sul (1774-1777), surgiu a chamada
“Guerra à gaúcha”, travada contra a invasão dos espanhóis em 1763 e 1774, que chegaram a
controlar 2/3 do território invadido por cerca de 13 anos. Esta guerra foi desenvolvida com o
apoio na seguinte diretriz emanada do Rio de Janeiro, que incapaz de socorrer o Rio Grande
do Sul invadido ordenava que a guerra contra o invasor deveria ser feita através de pequenas
patrulhas localizadas nas matas e nos passos dos rios e arroios. Dai essas patrulhas iriam
atacar os invasores de surpresa, causado-lhe baixas, arruinando suas cavalhadas e
suprimentos e mantendo assim um clima de constante e contínua inquietação.
Citamos também as ações no estilo guerrilha na Guerra de Independência dos EUA (1776-
1783) contra os ingleses. Embora esta guerra é muitas vezes vista como uma guerra de
guerrilha, as táticas de guerrilha eram raras, e quase todas as batalhas travadas foram no
estilo de batalhas convencionais. Uma das exceções foi no sul, onde o peso da guerra foi
travado por forças de milícia que lutaram contra as forças britânicas, onde se usou da
dissimulação, surpresa, e outras táticas de guerrilha para se obter a vantagem. O General
Francis Marion da Carolina do Sul, muitas vezes atacou os britânicos em lugares inesperados
e, em seguida, desapareceu para os pântanos, onde não podia ser perseguido, por isso ele
foi nomeado pelos britânicos de "The Fox Swamp".
O primeiro exemplo de operações de guerrilha em grande escala ocorreu na Espanha e em
Portugal entre 1808 e 1814, onde se travou uma guerra irregular e se introduziu o conceito de
“guerra total” ou de “nação em armas”, o que supõe uma mudança radical nas estruturas da
guerra. A Guerra Peninsular não foi só travada pelos exércitos regulares, mas também pelos
povos. Curiosamente para os espanhóis a Guerra Peninsular é conhecida como a Guerra de
La Independencia.
Guerrilheiro espanhóis emboscam uma unidade da cavalaria ligeira francesa em uma
fazenda
É interessante citar que José Bonifácio, lembrando da experiência de Portugal e Espanha no
uso de guerrilha para ajudar a expulsar Napoleão, pretendia adotar essa tática no Brasil caso
este fosse invadido por uma potência estrangeira como a França.
Durante o período do Brasil Império, houve muitos movimentos populares que lançaram mão
de táticas de guerrilha nas províncias contra as tropas imperiais.
Um dos principais foi a Balaiada (1838 - 1841) que foi um movimento popular que aconteceu
nas províncias do Maranhão e no Piauí. Esse movimento usou as táticas de guerrilha para
realizar ataques contra fazendas e para a libertação dos escravos que viviam nas mesmas. O
hoje patrono do Exército, Duque de Caxias, pacificou o Maranhão, usando guerrilhas contra
guerrilhas, bem como no combate aos revoltosos farrapos no Rio Grande do Sul
Em 1836 Giuseppe Garibaldi chega ao Rio Grande do Sul, onde luta ao lado dos farroupilhas
na Revolta dos Farrapos (1835-1845) e se torna mestre em guerrilha. Garibaldi quando volta
para a Itália em 1854 usa de táticas de guerrilha, aprendidas na América do Sul, quando
comandou os camisas vermelhas (1860-1861).
Durante a Guerra Civil dos EUA (1861-1865) a forças da Confederação usaram táticas de
guerrilha contra o sistema de transportes e de comunicação da União e os Unionistas do Sul
eram principalmente usados como forças anti-guerrilha e tropas de ocupação em áreas da
Confederação ocupadas pela União.
Durante a Guerra de Canudos (1896-1897) os sertanejos que lutavam por Antonio
Conselheiro conheciam tão bem o seu ambiente que tornaram possível o uso do terreno para
táticas de guerrilha contra as forças do governo. Eles usavam das emboscadas e dos
ataques-surpresa contras os soldados. O tático das ações de guerrilha em Canudos era o ex-
escravo pernambucano chamado Pajeú. Pajeú foi responsável pelas mais significativas
baixas contra as tropas federais. Acostumados a caçar para sobreviver, os guerrilheiros
usaram a experiência adquirida e se tornaram bons franco-atiradores, pois quando algum
soldado desavisado, principalmente em noite sem lua, acendia um cigarro, era alvo de um
fatal tiro certeiro. Os homens de Pajeú usavam os “presentes” que Moreira César lhes deixou,
ou seja, fuzis de fabricação alemã do Exército Brasileiro. Táticas de guerrilha também foram
usadas na Guerra do Contestado.
O Gewehr ’88, ou “Fuzil da Comissão Alemã” modelo 1888 em calibre
7,9X57 usado pelo Exército Brasileiro em Canudos
Uma das ações guerrilheiras mais famosas foram realizadas pelos boers (ou bôeres) que
resistiram aos britânicos na Primeira Guerra dos Bôeres (1880-81) e na Segunda Guerra dos
Bôeres (1899-1902) em seus combates na África do Sul. Os boers resistiram com tácticas de
guerrilha, usando o seu conhecimento superior da terra, mas os britânicos venceram-nos pela
força do número e pela possibilidade de organizar mais facilmente os abastecimentos. As
ações do boers influenciaram na criação dos BRITISH COMMANDOS na 2ª Guerra Mundial.
Boers numa trincheira próximo a Mafeking em 1900.
Primeira Guerra
Na Primeira Guerra Mundial surgiu um dos maiores teóricos e praticantes da guerra de
insurgência, usando táticas guerrilheiras, o pequeno (1,66 de altura) oficial britânico Thomas
Edward Lawrence (1888-1935), ou simplesmente Lawrence da Arábia, lutou contra os turcos
entre 1916-1918, a frente de um levante de tribos árabes. De Jidá a Yenbo, de Yenbo a Wejh,
de Wejh a Aqaba, Lawrence e seus aliados árabes expulsaram os turcos da costa do Mar
Vermelho, permitindo o acesso aos navios britânicos. Aqaba era vital para a tomada da
Palestina e depois da Síria. A tomada de Aqaba preparou a conquista de Jerusalém pelas
tropas do general Edmund Allenby, de onde seguiram as tropas até Doraa e depois
Damasco, derrotando os turcos. Nos combates por Damasco, Lawrence a frente de uma
força de apenas 600 camelos montados por árabes, imobilizou 12.000 turcos nas arredores
da cidade. O percurso de Jidá a Damasco não ultrapassa mil quilômetros, mas Lawrence e
seus seguidores levaram quase dois anos para fazê-lo. A táticas de guerrilhas de Lawrence
eram usadas contra a linha de abastecimento dos turco-otomanos através de suas ferrovias,
que eram vitais para o inimigo, destruindo pontes, atacando estações e trens de Medina a
Damasco. As idéias de Lawrence, praticadas nos campos de batalha, estão expostas em
Revolta no Deserto, Os Sete Pilares da Sabedoria e em sua correspondência. Em sua
concepção, a guerrilha é uma guerra de corsários, na qual o deserto substitui o oceano.
Pequeno gigante: Lawrence é transportado num Rolls Royce com
carroceria blindada pelas ruas de Damasco, na Síria
Também na Primeira Guerra Mundial os britânicos amargaram derrotas para o brilhante
general Paul Emil von Lettow-Vorbeck, e suas táticas de guerrilha na África Oriental Alemã
(actual Tanzânia). A principio com 260 oficias alemães, ele reunira e instruíra cerca de 2.472
askaris, soldados nativos recrutados entre as mais aguerridas tribos da região. Os seus
askaris, a cujas qualidades guerreiras e conhecimento da região ele juntara os altíssimos
padrões prussianos de disciplina e instrução militar, ensinam-no a viver da terra, a fabricar as
próprias roupas e medicamentos, a encontrar comida e água. Lettow-Vorbeck nunca
comandou mais de 14 mil homens. Mas, em quatro anos, ofereceu um duro combate a mais
de 300.000 soldados inimigos e 130 generais, infligindo mais de 60 mil baixas e obrigando o
Império Britânico a gastar mais de 15 milhões de dólares, em preços atuais para combatê-lo.
Paul von Lettow-Vorbeck conduziu uma guerra tenaz e vitoriosa, durante quatro anos, ao
longo de milhares de quilômetros de matas e savanas, contra tropas de três potências
coloniais, e nunca foi vencido, só depondo as armas, voluntariamente, depois do Armistício
na Europa. As operações de Lettow-Vorbeck na África são consideradas por alguns como a
maior operação isolada de guerrilha na história, e a mais bem sucedida. Um de seus oficiais
juniores, Theodor von Hippel, usou sua experiência sob Lettow-Vorbeck para ser instrumental
em formar os Brandenburgers, uma unidade de comandos da agência de inteligência Alemã
Abwehr na Segunda Guerra Mundial. Segundo informações ele foi atentamente estudado por
Mao, Giap e "Che" Guevara.
Pós-Primeira Guerra
Os irlandeses travaram nas primeiras décadas do século XX, uma bem-sucedida guerra de
independência contra o Reino Unido. Após o fracasso militar da Revolta da Páscoa em 1916,
o Exército Republicano Irlandês (IRA) recorreu as táticas de guerrilha envolvendo guerrilha
urbana e colunas volantes no campo durante a Guerra da Independência da Irlanda de 1919
a 1921. Muitos rebeldes foram inspirados pelas façanhas do lendário guerrilheiro Michael
Dwyer em sua campanha de 1799-1803, após a fracassada rebelião de 1798. A guerrilha do
IRA foi de intensidade considerável em algumas partes do país, nomeadamente em Dublin e
em áreas como County Cork , County Kerry e o Condado de Mayo, no sul e oeste. Mas as
ações não iam além de simples escaramuças. Houve neste conflito violência entre católicos e
protestantes. O total de mortos na guerra chegou a um pouco mais de 2.000 pessoas. O
conflito levou as negociações, que terminaram com o Tratado Anglo-Irlandês. Este tratado
criou o Estado Livre Irlandês com 26, e os outros seis condados restantes permaneceram
como parte do Reino Unido como sendo a Irlanda do Norte. A divisão da Irlanda lançou as
sementes para um novo conflito no norte décadas depois e para a Guerra Civil Irlandesa
(1922-1923). Nesta guerra civil os rebeldes contra o novo governo da Irlanda não obtiveram
sucesso, eles eram contra a divisão da Irlanda. O fracasso se deu por vários motivos, um
deles foi o amplo apoio popular ao novo país, e também que as forças de segurança
irlandesas, formada por antigos guerrilheiros, conheciam muito bem as táticas guerrilheiras
dos rebeldes e o terreno onde a luta era travada. Os guerrilheiros anti-Tratado abandonado a
sua campanha militar contra o Estado Livre da Irlanda, depois de nove meses de combate,
em março de 1923.
Na Revolução Mexicana 1910-1920, o populista líder revolucionário Emiliano Zapata
predominantemente empregou o uso de táticas de guerrilha. Suas forças, compostas
inteiramente de camponeses que viraram soldados, não usavam uniforme e facilmente se
misturavam a população em geral após a conclusão das suas operações. Os seus soldados
mais jovens chamados de "meninos dinamite", arremessavam latas cheias de explosivos no
quartel inimigo, e, em seguida, um grande número de soldados levemente armados se
lançavam a partir da área circundante para atacá-lo. Embora as forças de Zapata
conhecessem um sucesso considerável, o seu tiro saiu pela culatra quando as tropas do
governo, incapazes de distinguir os soldados de Zapata da população civil, lançou uma
campanha ampla e brutal contra os civis.
A chamada Guerra Civil Espanhola foi um conflito entre duas frentes militares, republicanos e
nacionalista, ocorrido na Espanha entre os anos de 1936 a 1939. As tropas republicanas
receberam ajuda internacional, proveniente da URSS (alguns assistentes militares e material
bélico) e das Brigadas Internacionais composta de militantes de frentes socialistas e
comunistas de todo o mundo e de numerosas pessoas que entraram na Espanha com o
objetivo de defender o governo da República. Já os nacionalista tinham o apoio da Igreja
Católica, Exército e latifundiários, e buscavam implementar um regime de tipo fascista na
Espanha. Francisco Franco era o seu líder e também recebeu apoio militar da Alemanha de
Hitler, e da Itália de Mussolini. A vitória coube aos nacionalistas do ditador Francisco Franco.
Neste confronto os republicanos usaram táticas de guerrilha contra as forças nacionalistas.
Forças guerrilheiras também foram usadas contra os invasores japoneses quando este
império invadiu a China em 1937. Os chineses, tanto nacionalistas quanto comunistas
sabotaram linhas ferroviárias e emboscaram tropas imperiais do Japão. Porém a luta entre
nacionalistas e comunistas chineses enfraqueceu esse movimento guerrilheiro.
Os judeus europeus que fugiam da violência anti-semita (pogroms, especialmente da Rússia)
imigraram em números crescentes para a Palestina. Quando a imigração judaica foi restrita
por forças britânicas que administravam a Palestina, os imigrantes judeus começaram a usar
a guerra de guerrilha, através de grupos guerrilheiros contra os ingleses por dois motivos:
para trazer mais refugiados judeus, e virar a maré da opinião britânica em casa. Grupos
judaicos, como o Lehi e o Irgun - tinham muitos membros com experiência no Gueto de
Varsóvia e nas batalhas contra os nazistas. Eles também realizaram ataques contra as forças
árabes. Alguns desses grupos judeus foram reunidos para ajudar a formar a Força de Defesa
de Israel, que posteriormente, lutou na Guerra de Independência de 1948.
Segunda Guerra Mundial
Muitas organizações clandestinas (também conhecido como movimentos de resistência )
existiram nos países ocupados pelo Reich alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Estas
organizações começaram a se formar logo em 1939, quando, após a derrota da Polônia, os
membros do que viria a ser a maior força de resistência da Europa, o Exército Nacional
polonês, começaram a se reunir. Outras organizações clandestinas foram formadas na
Dinamarca, Bélgica, Noruega, França (Resistência), França (Maquis), Tchecoslováquia,
Eslováquia, Iugoslávia (Chetniks), Iugoslávia (Partisans), União Soviética, Itália, Albânia e
Grécia.
Muitas destas organizações receberam ajuda britânica através do SPECIAL OPERATIONS
EXECUTIVE-SOE, que juntamente ao lado do BRITISH COMMANDOS, recebeu de Winston
Churchill ordens de "incendiar a Europa". O SOE foi criado em 22 de julho de 1940, com a
missão de levar a guerra até o inimigo por outros meios que não o envolvimento militar direto.
Sua missão era a de facilitar a espionagem e a sabotagem atrás das linhas inimigas e servir
de núcleos para as unidades auxiliares. Ficou também conhecido por "Churchill's Secret
Army" ou "The Ministry of Ungentlemanly Warfare", e também tinha o apelido de Baker Street
Irregulars. O SOE diretamente empregou ou controlou pouco mais de 13.000 pessoas.
Estima-se que SOE apoiou ou deu suporte para mais de 1.000.000 de operativos ao redor do
mundo. Quando a Inglaterra estava sob a ameaça de invasão nazista em 1940, agentes do
SOE treinaram homens da Guarda Nacional e das Unidades Auxiliares em guerra de
guerrilha.
Forças da Resistência francesa armadas com Stens e granadas, atacam unidades das
WAFFEN - SS em 1944. O SOE deu um considerável suporte as forças da resistência na
Europa ocupada.
Um dos objetivos do SOE era através de ações de sabotagem e guerrilha manter o maior
número possível de tropas alemãs guardando posições na retaguarda, além do que os
ataques da guerrilha em países ocupados eram úteis na guerra de propaganda, ajudando a
repudiar o discurso alemã de que os países ocupados foram pacificados e estavam do lado
dos alemães.
Abissínia que foi invadida pela Itália em 1935 foi palco de alguns dos mais bem sucedidos
esforços do SOE. O SOE e o Exército britânico no Cairo, ajudaram a organizaram em 1940
uma força de etíopes irregulares sob o comando do seu criador, o então major, Charles Orde
Wingate em apoio do exilado Imperador Haile Selassie. Esta força (chamado de Gideon
Force por Wingate) causou pesadas baixas às forças de ocupação italiana, e contribuiu para
o êxito da campanha britânica lá. Wingate usou sua experiência para criar os CHINDITS na
Birmânia. Esses soldados travaram uma guerra de guerrilha contra o japoneses na Birmânia
em 1944. Era uma força para operação de penetração de longo alcance na selva, e capazes
de operar atrás das linhas japonesas, sendo abastecidas pelo ar.
Alguns movimentos de resistência tiveram um aumento considerável em sua força de
combate. A partir do segundo semestre de 1944, o total das forças partisans iugoslavas
somavam mais de 500.000 homens organizados em quatro exércitos de campo, engajados
em uma guerra convencional. Em 1944, a resistência na Polônia tinham 600.000 homens.
Submetralhadora Sten
Necessitando repor os estoques de armas, após a derrota em Dunquerque, os militares
britânicos encomendaram o desenvolvimento de uma submetralhadora simples, para
produção acelerada. Baseados nos conceitos de produção em massa da MP38 alemã,
engenheiros da Enfield desenvolveram a Sten. A arma de Sten era tão fácil de fabricar que
muitas foram produzidas em pequenas lojas e garagens; mais que 4 milhões foram
produzidos durante Segunda Guerra Mundial. Extremamente feia e rústica, foi no início
encarada com desconfiança pelas tropas, porém provou ser eficiente, sendo usada pelos
pára-quedistas e commandos britânicos, tropas regulares e movimentos de resistência por
toda a Europa. Algumas delas eram munidas de silenciadores.
Especificações
Modelo: Mk II
Calibre: 9 mm
Comprimento: 762 mm (total) e 197 mm (cano)
Peso: 3,7 Kg (com carregador)
Carregador: Pente com 32 cartuchos (mas normalmente só se usavam 30)
Cadência de Tiro: 550 tpm
Velocidade Inicial do Projétil: 365 m/s.
No Front Oriental houveram duros e sangüentos combates entre os guerrilheiros soviéticos e
as tropas alemães do Reich. A força das unidades partisans soviéticas não pode ser
calculada, mas só na Bielorrússia pode ter sido superior a 300.000. Esta foi uma estratégia de
guerra planejada e estreitamente coordenada pelo Estado-Maior soviético, o STAVKA, que
envolveu a inserção de agentes e a entrega de equipamentos, bem como a coordenação do
planejamento operacional, com o Exército Vermelho. A ação dos guerrilheiros soviéticos era
bastante eficiente. Os acampamentos dos guerrilheiros eram localizados em florestas,
montanhas, cavernas e pântanos, fortificados e protegidos por campos minados, fossos e
plataformas de observação nas árvores. Normalmente vários campos eram localizados em
áreas adjacentes com locais alternativos preparados para retirada. Providos de depósitos,
açougues, padarias, oficinas de reparo de armas e equipamentos, esses campos eram
protegidos por unidades de guarda compostas por partisans em repouso ou voluntários das
comunidades próximas. Além do saque tomado aos alemães e do reabastecimento aéreo, os
partisans se abasteciam localmente, inclusive com novos recrutas: em muitas áreas o
sistema russo de recrutamento militar permaneceu ativo. A mobilidade desses grupos era
garantida por veículos capturados aos alemães, com o uso de trenós e esquis durante o
inverno. A coordenação entre as ações de front e retaguarda era total: imediatamente antes e
durante as ofensivas russas a atividade guerrilheira aumentava em apoio ao Exército
Vermelho, como por exemplo durante a Operação Concert em 1943 (início 19 de Setembro),
e na ação maciça de sabotagem da logística alemã na preparação para o início da Operação
Bagration no verão de 1944.
Na Polônia, Grécia, Iugoslávia e Rússia, graças talvez à configuração geográfica, extensas
zonas permaneceram nas mãos dos guerrilheiros durante toda a guerra. As tropas alemãs
somente podiam penetrar nelas quando apresentassem esmagadora superioridade numérica
e material sobre as guerrilhas, que nesses casos optavam pela prudente retirada,
reagrupando-se em outra parte para ali continuar a luta.
Quando os Estados Unidos entraram na guerra, formaram o US Office of Strategic Services
(OSS) para trabalhar em cooperação com o SOE, bem como para realizar ações de iniciativa
própria. O OSS era responsável por espionagem e ações de combate na retaguarda inimiga,
e lançou na Europa as equipes da Operação Jedburgh, que era uma unidade conjunta de
americanos, britânicos e franceses.
A OSS lançou 87 equipes Jedbourg na Europa ocupada durante a Segunda Guerra Mundial.
A equipe consistia de um oficial americano, um operador de rádio e um oficial do país do local
de operação (francês, holandês etc). A equipe treinava e comandava a guerrilha local em
operações de sabotagem, inteligência e ação direta. As equipes Jedburgh armaram e
treinaram mais de 20 mil guerrilheiros. Foram usados para cortar linhas ferroviárias,
emboscar tropas e comboios de estrada com objetivo de desviar forças de outras frentes.
Depois da invasão no dia D passaram a proteger as pontes e fontes elétricas das tropas
alemães que se retiravam. O conhecimento do terreno, a mobilidade e o moral alto foram
importantes para realizarem a missão. Os EUA consideram que tiveram um efeito equivalente
a 12 divisões. Outras 19 equipes formadas por 15 homens podiam operar sozinhas ou com
ajuda da guerrilha local.
Já o Destacamento 101 da OSS atuou no Teatro de Operações China-Índia-Birmânia de 14
abril de 1942 a 12 julho de 1945 com 684 americanos na maior parte do tempo controlando
cerca de 11.000 guerrilheiros dos povos kachin. Uma poderosa força guerrilheira, chamada
Kachin Rangers, foi comandada por Carl F. Eifler, embora muitas vezes o termo Kachin
Rangers tem sido usado para descrever todas as forças Kachin levantadas durante a guerra
pelos americanos no norte da Birmânia. As forças kachins realizaram uma série de missões
não-convencionais: emboscadas as patrulhas japonesas, resgate de pilotos aliados abatidos,
e abertura de pequenas pistas de pouso na selva. Em 1944 quando chegaram as tropas
americanas de penetração de longo alcance, os MERRIL´S MARAUDERS, eles foram
importantes fornecendo inteligência sobre a movimentação das forças japonesas. De 1943-
1945, o OSS desempenhou um papel importante treinando tropas chinesas nacionalistas na
China e Birmânia, e recrutou forças irregulares nativas para realizarem sabotagem e servirem
de guias para as forças Aliadas na Birmânia contra o Exército japonês. O OSS também
ajudou a armar, treinar e provê os movimentos de resistência, inclusive o Exército de
Libertação Popular de Mao na China e o Viet Minh na Indochina francesa, que eram áreas
ocupadas pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Outras funções do OSS
incluíram o uso de propaganda, espionagem, subversão, e planejamento para o pós-guerra.
Pós-Segunda Guerra
Após a II Guerra Mundial, durante a década de 1940 e 1950, milhares de combatentes na
Estônia , Letônia e Lituânia, participaram de uma luta de guerrilha contra a ocupação
soviética. Os guerrilheiros dos países bálticos foram vencidos, e o último guerrilheiro na
Estônia foi descoberto e morto em 1978.
Porém no pós-guerra as guerrilhas se propagaram principalmente pela África, Ásia e América
Central e América do Sul nas décadas de 1950, 1960 e 1970 através de movimentos de
libertação nacional, contra nações colonizadoras ou movimentos revolucionários contra
governos ditatoriais.
América
Uma das mais bem sucedidas foi liderada por Fidel Castro em Cuba com o apoio do
argentino Ernesto "Che" Guevara contra a ditadura de Batista. Fidel tomou o poder em Cuba
em 1959. "Che" Guevara, converteu-se em figura central dos movimentos guerrilheiros de
esquerda nos anos 1960, que tentaram revoluções socialistas no chamado Terceiro Mundo.
Ele foi assassinado em 1967 em Bolívia onde tentava estabelecer um foco guerrilheiro.
Guevara teorizou a respeito da guerrilha revolucionária, a definindo como a vanguarda do
povo em luta.
De 1954 a 1976, praticamente toda a América do Sul foi tomada por regimes militares,
comandados por Alfredo Stroessner no Paraguai, Augusto Pinochet no Chile, Hugo Bánzer
na Bolívia e a junta militar na Argentina. O triunfo da Revolução Cubana inspiro uma onda de
movimentos revolucionários na América Latina, quem procuraram mediante a luta armada e a
guerra de guerrilhas instalar governos socialistas na região.
Entre esses movimentos guerrilheiros de esquerda, podemos citar por exemplo os
Tupamaros no Uruguai, a Mano Negra na Argentina, e o Sendero Luminoso e o MRTA no
Peru. Na Colômbia, embora não estivesse sob ditadura, as FARC e o ELN iniciam uma
guerra civil que dura mais de quatro décadas e tomam controle sobre algumas áreas do país.
No Brasil em resposta ao Golpe Militar de 1964 que instalou uma ditadura no país, surgiram
grupo guerrilheiros como o o MR-8 e a ALN. Em particular neste período houvera ações da
guerrilha urbana e de guerrilha rural. A guerrilha urbana no Brasil era formada em sua maior
parte por jovens idealistas de esquerda. Seu maior téorico-prático foi Carlos Marighella que
escreveu inclusive o Minimanual do Guerrilheiro Urbano. Nesta obra Marighella, defendeu o
terrorismo, o seqüestro e as execuções sumárias como métodos a serem empregados pelos
revolucionários brasileiros. Nos anos 1980, a CIA – Central Inteligence Agency, dos Estados
Unidos, fez traduções em inglês e espanhol para distribuir entre os serviços de inteligência do
mundo inteiro e para servir como material didático na Escola das Américas, instituição do
governo dos EUA que treinava oficias sul-americanos na luta de contra-insurreição, na época
instalada no Panamá. Outro guerrilheiro bem ativo foi Carlos Lamarca. Ele era capitão do
Exército e em 24 de janeiro de 1969, uniu-se à organização clandestina Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR). Quando saiu ele levou 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras leves e
muita munição. Participou de diversas ações, como assaltos a bancos, num dos quais
assassinou com dois tiros o guarda civil Orlando Pinto Saraiva. Entre as ações de Lamarca
estão o seqüestro do embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, com o fim de
trocá-lo por presos políticos no Rio de Janeiro, esta ação do seqüestro resultou na morte do
agente da Polícia Federal Hélio Carvalho de Araújo, que fazia segurança do embaixador
suíço. Em setembro de 1971 foi localizado e foi morto por um pequeno Comando Especial do
Exército, comandado pelo Major Cerqueira, junto com o metalúrgico José Campos Barreto,
guerrilheiro da VPR.
As principais ações da guerrilha urbana no Brasil de 1968 a 1970 foram: o assalto ao trem
pagador da ferrovia Santos-Jundiaí (10/6/1968), pela ALN (fundado por Marighella); o ataque
ao QG do II Exército (26/6/1968), pela VPR; o roubo do cofre de Adhemar de Barros
(11/5/1969), contendo pouco mais de 2,8 milhões de dólares, em espécie, o equivalente a
16,2 milhões de dólares de 2007, pela VAR-Palmares; o assassinato do capitão do Exército
dos Estados Unidos e suposto agente da CIA Charles Rodney Chandler (12/10/1969), pela
VPR; o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick (4/9/1969), pela ALN
e o MR-8. e cada dez ações de guerrilha, oito buscavam dinheiro, armas, papéis de
identidade. As ações mais ofensivas, como os seqüestros de diplomatas, destinavam-se a
tirar gente da cadeia ou do país. A destruição das organizações armadas começou em 1969,
a partir da organização das atividades de policia política dentro do Exército. No final de 1970,
todas as organizações da guerrilha urbana estavam desestruturadas.
A principal guerrilha rural no Brasil foi a Guerrilha do Araguaia foi o nome dado a um conjunto
de ações guerrilheiras com o objetivo de, através de uma ação prolongada, combater a
ditadura militar e implantar o comunismo no País. Ela foi organizada pelo Partido Comunista
do Brasil e as ações aconteceram às margens do Rio Araguaia, próximo às cidades de São
Geraldo e Marabá, no Pará, e de Xambioá, em Goiás. O movimento armado aconteceu entre
1966 e 1974 e envolveu pelo menos 80 militantes do PCdoB. O Exército descobriu o núcleo
guerrilheiro em 1971 e fez três investidas contra os rebeldes. A maior parte dos guerrilheiros
foi eliminada. Poucos sobreviveram, entre eles deputado federal José Genoíno. Houve
também a Guerrilha de Caparaó, que era inspirada na guerrilha de Sierra Maestra, em Cuba,
e aconteceu na Serra de Caparaó, divisa do Espírito Santo e Minas Gerais, em 1966 e 1967.
Ela foi organizada pelo Movimento Nacionalista Revolucionário, formado em sua maioria por
ex-militares expulsos das Forças Armadas. Eles ficaram alguns meses na serra fazendo
treinamento e reconhecimento da região. Eram cerca de 20 guerrilheiros, que foram
denunciados pela população e presos pelo Exército e Aeronáutica em abril de 1967, antes de
entrarem em ação.
Em 1961 surgiu na Nicarágua a guerrilha sandinista, dos rebeldes do FSLN (Frente
Sandinista de Libertação Nacional, criada por Tomás Borges, Carlos Fonseca e Sílvio
Mayorga) e que deve o seu nome a Augusto Sandino, nicaragüense que se insurgiu contra a
dominação que os EUA tentaram manter na Nicarágua, dando-se em 1979 o êxito da
revolução sandinista, que usou amplamente da tática de guerrilha, empreendida contra o
ditador Anastasio Somoza. A guerrilha recrudesceu em El Salvador a partir de 1975, devido à
controversa eleição de Carlos Humberto Romero e ao exercício extremamente duro de
governos militares nos anos 1980.
Guerrilheiros sandinistas armados com fuzis de assalto FAL e Galil
(capturados) enfrentam tropas da Gruda Nacional em 24 de junho de
1979 em Manágua.
É nos anos 1960 e 1970 que aparecem os primeiros movimentos de guerrilha comunista
(Forças Armadas Revolucionárias) e de extrema-direita (Movimento Anticomunista Nacional,
Esquadrão da Morte) na Guatemala, sendo que em 1982 se cria um único movimento
guerrilheiro, a União Revolucionária Nacional Guatemalteca. As lutas dirigiram-se
constantemente contra os regimes ditatoriais militares como o do coronel Peralta Azurdia. No
Peru na década de 1980 começaram os ataques do grupo terrorista de caráter maoísta
chamado Sendero Luminoso.
Na década de 1990, surgiu o Exército Zapatista de Libertação Nacional em Chiapas, um dos
estados mais pobres de México. O O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), em
espanhol Ejército Zapatista de Liberación Nacional, é uma organização armada mexicana de
caráter político-militar e composição majoritariamente indígena. Sua inspiração política é o
marxismo-leninismo e o socialismo científico e sua estratégia militar é a guerrilha. Seu
objetivo é "subverter a ordem para fazer a revolução socialista e criar uma sociedade mais
justa".
Foi à público no estado mexicano de Chiapas em 1º de janeiro de 1994, quando um grupo de
indígenas encapuzados e armados atacaram e ocuparam várias cabeceras municipais no
mesmo dia em que entrava em vigor o Tratado de Livre Comércio da América do Norte,
durante o governo de Carlos Salinas de Gortari, desestabilizando o sistema político mexicano
e questionando suas promessas de modernidade. Seu objetivo era derrubar o presidente
eleito democraticamente e a implantação de um governo socialista no México, fazendo alusão
ao estilo de Cuba, Vietnã ou Angola. Após o fracasso militar de sua revolução, decidiu
empreender uma atividade política, mantendo as armas e um caráter de guerrilha de
esquerda radica]. Seu comando tem por nome Comitê Clandestino Revolucionário Indígena -
Comando Geral (CCRI-CG) do EZLN. Atualmente sobrevive em algumas comunidades de
Chiapas, frente à indiferença do governo mexicano e sustentando-se por meio do turismo, da
população indígena local e com apoio financeiro estrangeiro.
Europa
No final dos anos 1960 um forte movimento de guerrilha urbana e terrorista tomou conta da
Irlanda do Norte. Eles tiveram suas origens na divisão da Irlanda, durante a Guerra da
Independência da Irlanda na década de 1920. A violência foi caracterizada por uma
campanha armada contra a presença britânica na Irlanda do Norte pelo Provisional Irish
Republican Army, o IRA Provisório, e a implacável política de contra-insurgência britânica.
Houve também denúncias de conluio entre os legalistas paramilitares do Ulster e forças de
segurança britânicas. A mídia, como a BBC e a CNN, muitas vezes usaram o termo
"pistoleiros" como "pistoleiros do IRA" ou "homens armados legalistas". Desde 1995, a CNN
passou a usar também o termo guerrilha como "guerrilha do IRA" e "guerrilha protestante". A
Reuters, em conformidade com o princípio de não usar a palavra "terrorista" salvo em
citações diretas, referiu-se aos grupos paramilitares como "grupos de guerrilha". Os lados em
conflito chegaram ao fim da luta com a assinatura do Acordo de Sexta-Feira Santa , em 1998.
Em 28 de Julho de 2005, o IRA anuncia o fim da "luta armada" e a entrega de armas. O
processo de entrega de armas terminou em 26 de Setembro de 2005. Todo o processo de
desmantelamento do armamento foi orientado pelo chefe da Comissão Internacional de
Desarmamento, o general canadiano John de Chastelain.
Na década de 1990 com a dissolução da Iugoslávia se iniciam sérios conflitos étnicos na
região dos Bálcãs, em especial na Bósnia e Kosovo. Forças servias, bósnias e croatas
lutaram entre abril de 1992 e dezembro de 1995 na região da Bósnia e Herzegovina. Neste
conflito foram usadas táticas de guerrilha. A ONU interveio na Bósnia com uma "força de paz"
que se mostrou incapaz de conter as agressões dos sérvios. A OTAN enviou algumas tropas
em 1995, mas sua atuação efetiva limitou-se à realização de alguns bombardeios aéreos
contra alvos sérvios na Bósnia. O fator decisivo para pôr fim ao conflito foi o embargo
comercial imposto pela Assembléia Geral da ONU à Iugoslávia desde 1992. O agravamento
da crise econômica fez com que o presidente iugoslavo Milosevic interrompesse os
fornecimentos aos sérvios da Bósnia. Estes, sentindo-se enfraquecidos, aceitaram
negociações intermediadas pelo presidente norte-americano Bill Clinton. Finalmente, em
dezembro de 1995, um acordo de paz assinado em Dayton, nos Estados Unidos,
transformou a Bósnia-Herzegovina em um Estado estruturalmente semelhante à atual
Iugoslávia: 51% do território formam uma Federação Muçulmano-Croata e os 49% restantes
constituem a República Sérvia da Bósnia - ambas com enorme autonomia, embora
teoricamente subordinadas ao governo federal.
Na esteira da dissolução da Iugoslávia guerrilheiros do Exército de Libertação de Kosovo-
UCK travam sangrentos combates com o exército sérvio. A Sérvia reagiu com violência,
utilizando forças policiais e militares. Os guerrilheiros separatistas tentaram resistir, valendo-
se do terreno parcialmente montanhoso e do apoio da população de etnia albanesa. Em face
da resistência encontrada, as tropas sérvias passaram a empregar em Kosovo, os mesmos
processos de "limpeza étnica" utilizados na Bósnia em 1992/95: incêndios, massacres,
estupros e expulsões em massa. Em 24 de março de 1999 a OTAN inicia o Bombardeio de
Belgrado (capital da Iugoslávia) para forçar a retirada das tropas que ocupavam o Kosovo. A
província de Kosovo tornou-se um protetorado internacional após o acordo de paz tratado
em junho de 1999.
África
.
No final da Segunda Guerra Mundial, não havia mais clima político no mundo para a
preservação de impérios coloniais. Os sinais de enfraquecimento dos impérios coloniais,
somados ao apoio retórico da União Soviética às lutas nacionalistas, estimularam as
lideranças africanas a buscarem o caminho da independência. Em muitos países africanos
se recorreu a tática de guerrilha para enfrentar as tropas colonialistas.
Na Argélia, a luta de libertação foi de 1954 a 1962. Foi uma das mais sangrentas guerras da
África. Caracterizou-se por ataques de guerrilha e atos de violência contra civis - perpetrados
tanto pelo exército e colonos franceses (os "pied-noirs") quanto pela Frente de Libertação
Nacional (Front de Libération Nationale - FLN) e outros grupos argelinos pró-independência
como o Movimento Nacional Argelino (Mouvement National Algérien - MNA), criado mais
tarde, cujos apoiadores principais eram trabalhadores argelinos em França.
A FLN e o MNA lutaram entre si durante quase toda a duração do conflito. A disputa em
dezembro de 1991, ente a Frente Islâmica de Salvação (FIS), ganhou popularidade entre o
povo argelino e a Frente de Libertação Nacional (FLN) (partido do governo), deu origem a
uma guerra civil, com ações de guerrilha e terror por parte da FIS. Os principais grupos
rebeldes que lutavam contra o governo foram o Movimento Islâmico Armado (AIM), com base
nas montanhas e o Grupo Islâmico Armado (GIA), nas aldeias
Esse guerrilheiro da Patriotic Fro
No Quênia, a revolta nacionalista ganhou impulso em 1952, quando membros dos kikuyu, a
tribo mais numerosa do país, formaram uma organização clandestina, os Mau-Mau, contra os
colonizadores britânicos. O Quênia obteve a independência em 1963. Um dos processos
mais sangrentos de independência aconteceu no Congo Belga, depois chamado de Zaire, o
segundo maior país africano em extensão territorial, depois do Sudão.
As colônias portuguesas como Angola, Moçambique e Guiné-Bissau também foram alvo de
lutas de libertação através do uso de guerrilhas. Um país a destacar é Angola devido as
complicações em seu processo de independência. A luta pela independência em Angola teve
início na década de 1960. A rebelião se expressou através de três grupos rivais.
Os principais eram o Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA, e a União Nacional
para a Independência Total de Angola, UNITA. A rivalidade entre os grupos resultou em luta
armada após a Revolução dos Cravos em Portugal em 1974 . O apoio estrangeiro a cada
facção em luta espelhava claramente a Guerra Fria na África. A UNITA recebeu ajuda dos
Estados Unidos, da França e da África do Sul, enquanto o MPLA teve o auxílio soviético e
cubano. Em outubro de 75, a África do Sul enviou tropas para lutar em Angola, ao lado da
UNITA.
A ofensiva contra a capital Luanda foi detida pela chegada de soldados cubanos, a pedido do
MPLA. O governo sul-africano justificou o ataque alegando que Angola fornecia armas aos
guerrilheiros da vizinha Namíbia, um país pequeno mas rico em ouro e outros minerais. Na
verdade, a África do Sul queria deter o avanço de movimentos guerrilheiros de esquerda no
continente, avanço que poderia estimular a luta contra o apartheid sul-africano. Em novembro
de 1975, Lisboa renunciou oficialmente ao controle da colônia e o MPLA proclamou a
República Popular de Angola.
Na década de 1970 é travada na Rodésia uma guerra entre tropas governamentais, apoiadas
pela África do Sul, e guerrilheiros do movimento nacionalista negro (ZIPRA e ZANLA), no
nordeste do país, pelo fim da supremacia branca. A guerra na Rodésia foi dura e em em maio
de 1979 o governo de supremacia branca é derrotado, e foi empossado o novo governo de
maioria negra na Rodésia. A partir de junho de 1979, o país passou a chamar-se de
Zimbábue-Rodésia, e, finalmente, em 1980, passou a ser o Estado independente do
Zimbábue.
Esses são apenas alguns dos inúmeros conflitos do continente africano, que infelizmente
ainda viu ações de guerrilha na Somália, Chad, Ruanda, Serra Leoa, Libéria e em tantos
outros lugares.
Ásia
De 1948 a 1960 o Partido Comunista Malaio tentou tomar o poder na Malásia, expulsando os
britânicos. O PCM criou o Exército de Libertação dos Povos Malaios (ELPM) que era seu
braço militar e que se organizou de acordo com uma estrutura que abrangia desde pelotões
até unidades a nível de batalhão e regimento, embora esse último agrupamento fosse
claramente incapaz de fazer frente ao seu equivalente do lado britânico. Diante desta ameaça
os britânicos declararam em 1948 o estado de emergência na Malásia. E assim esse conflito
ficou conhecido como a Emergência Malaia. No inicio dos anos 1950, mais tropas britânicas
chegaram ao local, inclusive forças especializadas em combate de selva como os BRITISH
GURKHAS e o SERVIÇO AÉREO ESPECIAL (SAS) foi reativado. Em 1960 os britânicos
venceram o conflito.
Em 17 de outubro de 1945, às vésperas da rendição do Japão, o líder nacionalista Sukarno
proclama a independência da Indonésia. Os holandeses tentam restabelecer o domínio
colonial, mas, depois de quatro anos de uma dura guerra de guerrilha e da ameaça de
retaliação econômica por parte dos EUA, reconhecem a independência do novo país em
dezembro de 1949.
As filipinas tem em sua história de pós-guerra sofrido com movimentos guerrilheiros como do
Partido Comunista das Filipinas/Novo Exército do Povo (CPP/NPA) a Frente Moro Islâmica de
Libertação» (FMIL) e o grupo radical islâmico Abu Sayyaf.
Houve muitas revoltas na Índia desde a sua independência em 1947. Houve por exemplo a
insurgência em Naga e a insurgência no Punjab (anos 1980-1990), esta última foi fortemente
apoiada pelo Paquistão, através de armas e treinamento. A fronteira da Índia com o
Paquistão foi fechada e a polícia do Punjab e as forças armadas indianas acabaram por ser
bem sucedidas na repressão à violência. Os indianos também enfrentaram a insurgência da
Caxemira, iniciada em 1989. Em um esforço para manter viva a insurgência, que tinha suas
bases no Paquistão, militantes estrangeiros atravessaram a fronteira com a Índia. Mas as
forças militares e policiais da Índia conseguiram reduzir a violência no local.
Na galeria dos guerrilheiros, o Vietnã tem lugar de destaque por ter enfrentado no século XX
três grandes potências, Japão, França e Estados Unidos, e ter resistido a primeira e
humilhado as duas últimas usando principalmente táticas de guerrilha nas selvas do
Sudoeste Asiático. A Indochina (atual Laos, Camboja e Vietnã) era um território de
propriedade francesa. Na Segunda Guerra Mundial, o Japão conquistou a região e anexou à
mesma a seus domínios. Os vietnamitas liderados por Ho Chi Mihn, fundaram a Liga
Revolucionaria para a Independência do Vietnã, proclamaram no norte do país a Republica
Democrática do Vietnã, após a derrota dos japoneses. Com o apoio da Grã-Bretanha os
franceses conseguiram voltar para a Indochina, reconquistando assim seus territórios. Porém
Ho Chi Mihn e seus homens não aceitaram a condição de colônia e se lançaram em um duro
conflito a Guerra da Indochina (1950-1954), da qual saíram vitoriosos. Em 1954, em Genebra,
na Suíça, foi celebrada a paz, e nas eleições em 1956, ficou decidido que o Vietnã ficaria
assim dividido: o norte socialista e o sul capitalista. Apos alguns anos, a rivalidade entre
ambas foi crescendo ate que em 1960, foi criado pelos comunistas sul-vietnamitas a Frente
Nacional de Libertação, que era contrária a divisão do pais. Os EUA, na intenção de acabar
com o avanço comunista na Ásia passou a ajudar o governo sul-vietnamita com armas e
assessores militares, e em meados da década de 1960 tropas americanas começaram a
chegar em maior número aquele país. Porém os americanos também foram derrotados no
Vietnã após 12 anos de luta, não conseguindo derrotar os guerrilheiros Viet Congs e seus
aliados do Vietnã Norte, que eram apoiados pela China e pela União Soviética.
O ponto alto da campanha foi a famosa Ofensiva Tet (devido ao ano novo lunar vietnamita,
em meados de fevereiro), planejada pelo estrategista Norte-Vietnamita Vo Nguyen Giappara
o ano novo de 1967-1968.Essa ofensiva visava uma séria de ataques maciços realizada
pelos Vietcongsem mais de 100 alvos urbanos. Mesmo tendo um efeito psicológico
devastador, a campanha a qual Giap esperava ser decisiva, falhou, forçando o recuo de
muitas posições que os Norte-Vietnamitas haviam ganhado. Foram mortos 85.000 Vietcongs.
Porém se Giap falhou em seus alvo no Vietnã do Sul, acertou em cheio no coração da
opinião pública dentro dos EUA, que pressionou o governo do Presidente Johnson a sair
deste conflito.
Os vietcongs eram uma força guerrilheira muito bem armada e treinada,
com larga experiência em combate e doutrinariamente motivada, a ponto
de aceitar grandes baixas na busca de seus objetivos. Sua arma básica
era o fuzil de assalto soviético AK-47, mas eles também usavam lança-
rojões RPG-7 e armas capturadas. Os vietcongs também contavam com
uma fantástica rede logísticas suprida pelo Vietnã do Norte, China e
União Soviética. Muitas vezes os suprimentos chegam até os
guerrilheiros através de bicicletas.
Em 23 de janeiro de 1973, o então presidente americano Richard Nixon, ordenou a retirada
das tropas dos EUA da região. Sem o apoio dos americanos Sul rendeu-se em 1975 aos
norte-vietnamitas, que unificaram o pais. O resultado da guerra: 2 milhões de vietnamitas e
57 mil americanos mortos.
A Guerra no Vietnã se espalhou para países como o Laos e Camboja. No conflito cambojano
os guerrilheiros do Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, tomaram o poder e executaram um
dos mais terríveis genocídios do século XX. Até hoje o Camboja tenta contabilizar o número
total de mortos no genocídio, mas as estimativas vão de 1 milhão a 3 milhões de
assassinatos sob o comando de Pol Pot, num país de 7 milhões de habitantes. Nos anos
1960 e 1970, durante a Guerra do Vietnã, a Tailândia estreita relações com os EUA, que
ajudam a sufocar um movimento guerrilheiro comunista no território tailandês
No dia 25 de dezembro de 1979 tem início um dos mais desgastantes conflitos do pós-guerra,
quando tropas soviéticas invadem o Afeganistão. A guerra se arrastou até 1989 quando o
ultimo soldado soviético deixou o país. A retirada soviética foi realizada de 15 de maio de
1988 a 15 de fevereiro de 1989. Por quase dez anos os soviéticos amargaram um sangrenta
guerra de guerrilha nas montanhas do Afeganistão lutando contra os mujahedins . Devido ao
alto custo e ao resultado malogrado para aquela superpotência da Guerra Fria, a intervenção
soviética no Afeganistão costuma ser comparada ao que foi, para os EUA, a Guerra do
Vietnã. Alguns estudiosos pensam que o custo econômico e militar da guerra contribuiu
consideravelmente para o colapso da União Soviética em 1991. Neste conflito os cerca de
10.000 guerreiros mujahedins receberam apoio financeiro e material de chineses,
americanos, egípcios e paquistaneses. Após a retirada soviética, sem o apoio das tropas do
Kremlin e com o exército afegão praticamente desmantelado, o presidente do país, Brabak
Karmal, foi deposto pelos guerrilheiros mujahedins que implantariam um regime muçulmano.
Na verdade com a queda do regime comunista, em 1992, uma guerra civil entre as várias
facções de instalou. Em 1996, o Taliban, um movimento fundamentalista islâmico formado em
1994, conquistou a capital Cabul e, posteriormente, tomou cerca de 90% do país. Os
guerrilheiros anti-Taliban e outros grupos de resistência tinham criado uma coligação
conhecida como a Aliança do Norte, que controlava até 2001 a parte norte do país. Os lados
do conflito não conseguem derrotar o seu adversário. Porém há uma grande reviravolta no
conflito quando em resposta aos atentados de 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos
invadem o Afeganistão em 7 de outubro de 2001. Em uma rápida campanha os americanos
com o apoio da Aliança do Norte, derrotam os talibans e os terroristas da Al-Qaeda, que
recebiam proteção e abrigo do Taliban. Porém após a conquista do país, o Taliban e a Al-
Qaeda, iniciam uma campanha de guerrilha contra os americanos e seus aliados no
Afeganistão na região montanhosa do país.
Taliban enfrenta tropas dos EUA com uma metralhadora PPK.
Em meados da década de 1990 se inicia o conflito da Chechênia, quando as forças russas
tentaram recuperar o controle da separatista república chechena. Depois de uma campanha
inicial entre 1994 e 1995, culminando na destruição da capital Grozny e, apesar da
superioridade bélica, as forças russas foram incapazes de estabelecer um controle efetivo da
região, em especial das áreas montanhosas chechenas - devido aos freqüentes ataques dos
guerrilheiros chechenos. O conflito salda-se em 1997 com a assinatura de um tratado de paz
entre ambos os países. Antes, em 1996, Chechênia havia declarado a sua independência da
Federação Russa. Porém em 1999 tropas russas sob as ordens de Vladimir Putin invadem a
Chechênia em uma operação operação antiterrorista. O estopim da crise, que leva a uma
reação russa, foi uma série de atentados terroristas, contra um prédio residencial de famílias
de soldados russos, que matou 62 pessoas, e outros atentados, em Moscou que causaram
mais de 300 mortes. Outro ataque a um hospital, causou 120 mortes. m 2000, Putin decreta o
estado de exceção e suspende as liberdades na Chechênia com intenção de governar a
república rebelde a partir do Kremlin. A Rússia dominou a região com o apoio de forças
chechenas pró-Rússia. A continuidade da guerrilha em áreas montanhosas do Cáucaso
mantém a tensão permanente na região. A guerrilha conta com o apoio da Geórgia e da
Arábia Saudita.
Oriente Médio
Aqui é importante ressaltar que muitos grupos guerrilheiros são considerados grupos
terroristas por seus opositores, e muitos grupos terroristas as vezes se apresentam para o
publico doméstico e internacional, simplesmente como movimentos de resistência que usam
táticas de guerrilha contra seus inimigos.
Em sua luta conta o Estado de Israel, os palestinos criaram em maio de 1964 a Organização
para a Libertação da Palestina (OLP). O grupo utilizou-se de táticas terroristas e de guerrilha
para atacar Israel a partir de suas bases na Jordânia, Líbano e Síria, assim como de dentro
da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. A OLP foi considerada tanto pelos Estados Unidos quanto
por diversos outros países ocidentais como uma organização terrorista, até a Conferência de
Madri, em 1991, e por Israel até 1993, pouco antes dos acordos de Oslo. Em 1993 o então
presidente da OLP, Yasser Arafat, reconheceu o Estado de Israel numa carta oficial ao
primeiro-ministro daquele país, Yitzhak Rabin.
No combate a Israel surgiram também o Hamas e o Hizbollah. O Hamas, que está baseado
nos territórios palestinos, é listado como organização terrorista pelo Canadá, União Européia,
Israel, Japão e Estados Unidos. O Hizbollah ("partido de Deus") é considerado uma
organização fundamentalista islâmica xiita, considerada terrorista por seus opositores, que
tem atuação política e paramilitar sediada no Líbano.
Um dos grupos que luta por um país independente para os curdos na fronteira entre o Iraque
e a Turquia é o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O PKK foi fundado em 1978
na Turquia e começou sua luta de guerrilha em 1984. Ele reivindica uma região curda
autônoma no sudeste da Turquia, onde vivem milhões de curdos. Muitos guerrilheiros do PKK
se escondem em cavernas e abrigos nas montanhas na fronteira entre Turquia e Iraque, de
onde saem para atacar os soldados turcos. Forças turcas têm invadido a região com o
pretexto de destruir as bases do PKK lá instaladas. O PKK é considerado uma organização
terrorista pela União Européia e pelos Estados Unidos.
Em março de 2003 os EUA invadem o Iraque, ao lado do Reino Unido e muitas outras
nações, numa aliança conhecida como a Coalizão. O pretexto da ocupação, inicialmente, foi
achar armas de destruição em massa que, supostamente, o governo iraquiano teria em
estoque e que, segundo o presidente norte-americano George W. Bush, representavam um
risco ao seu país, abalado desde então pelos atentados terroristas de 11 de setembro de
2001. O avanço das forças da Coalizão foi implacável, Bagdá caiu a 9 de Abril e a 1º de Maio
declarou o presidente norte-americano George Bush o fim das operações militares, diante da
derrota total do Exército iraquiano. O partido do governo, o Ba'ath foi dissolvido e foi deposto
o presidente Saddam Hussein. A invasão procedeu segundo uma doutrina militar de
intervenção rápida ao estilo Blitzkrieg e ao custo de apenas 173 mortos da Coligação.
Porém se as forças da Coalizão foram eficientes em uma guerra relâmpago convencional, se
viram em situação realmente muito difícil, diante do movimento de resistência dos iraquianos,
que usando táticas de guerrilha, emboscadas e atentados a bombas, deram prosseguimento
a luta contra as tropas que invadiram o seu país. As forças de resistência passaram a lutar
também contra o novo governo iraquiano apoiado pelos EUA. Os insurgentes têm como alvo
principalmente as forças da Coalizão, as forças de segurança iraquianas, autoridades
governamentais, diplomatas e edifícios diplomáticos, a infra-estrutura do país, profissionais
estrangeiros, e por fim civis de grupos religiosos rivais. Entre os grupos insurgentes surgiram
o Exército Mahdi de Muqtada al-Sadr e a Organização Badr de Abdul Aziz al-Hakim. Não
existe uma aliança entre os grupos insurgentes no Iraque, muitos são até rivais. Os diversos
grupos uniram-se à insurreição no Iraque, tendo em comum apenas um compromisso de
atacar as forças americanas ou quem eles acreditam ser aliados dos Estados Unidos. Os
incentivos que impulsionam cada um dos insurgentes também são diferentes. Vão de
devoção religiosa a proveito econômico, passando por fervor nacionalista e revolta pela perda
do emprego ou de um ente querido no conflito no país. Também existem combatentes "Jihad"
estrangeiros no Iraque – a maioria se uniu à insurreição muçulmana sunita.
No Iraque a partir de 2003 surgiram muitos grupos insurgentes como o Exército Mahdi
de Muqtada al-Sadr e a Organização Badr de Abdul Aziz al-Hakim. Não existe uma
aliança entre os grupos insurgentes no Iraque, muitos são até rivais. Os diversos
grupos uniram-se à insurreição no Iraque, tendo em comum apenas um compromisso
de atacar as forças americanas ou quem eles acreditam ser aliados dos Estados
Unidos.
A história continua...
Diante das crescentes tensões étnicas, religiosas, políticas e até ambientais, espalhadas pelo
globo, que geram opressão e injustiça, se tem um terreno fértil par a continuação ou
surgimento de grupos insurgentes, que na luta do fraco contra o forte se utilizaram da guerra
de guerrilha para alcançar seus objetivos...
Conhecendo mais sobres a guerra de guerrilha
Importante: qual a diferença entre guerrilha e terrorismo?
Não há como tratar o terrorismo como sinônimo de guerra de guerrilhas, embora as guerrilhas
muitas vezes lancem mão de assassinatos, seqüestros, atentados a bombas em locais
públicos, e etc. Além do mais, embora tanto terroristas quanto guerrilheiros não usem
uniformes e nem distintivos de identificação e, também, na maior parte das vezes, não sejam
distinguíveis dos não-combatentes, não obstante, existem diferenças fundamentais entre
guerrilheiros e terroristas.
A guerrilha envolve um grupo de indivíduos armados, que operam à semelhança de uma
unidade militar, atacam preferencialmente forças militares inimigas, conquistam e mantêm
territórios – mesmo que temporariamente – e, ao mesmo tempo, exercem algum tipo de
soberania ou controle sobre uma área geograficamente definida e sobre sua população. Já os
terroristas não operam em terreno aberto como unidades armadas, não tentam conquistar ou
manter territórios, evitam deliberadamente o engajamento em combates com forças militares
inimigas e raramente exercitam qualquer tipo de controle ou soberania sobre territórios e
populações. Um ponto importante é que os movimentos puramente guerrilheiros têm uma
maior preocupação com a legitimidade de sua causa e atos, por conta da necessidade vital
do apoio popular e internacional a sua causa. A opressão e injustiça devem ser combatidas
dentro de uma determinada moralidade, com os menores custos humanos sociais possíveis.
É importante também diferenciar os terroristas dos criminosos comuns. Estes últimos, como
os terroristas, usam a violência com o objetivo de atingir um fim específico. Contudo, embora
o ato violento possa ser similar – seqüestro, assassinato, roubo, incêndio provocado, por
exemplo -, o propósito e a motivação claramente não o são. Quando o criminoso comum
utiliza a violência para conseguir dinheiro, apossar-se de bens materiais, matar ou ferir
pessoas em troca de pagamento, ele age, primordialmente, impulsionado por motivos
pessoais e interesseiros. Além disso, diferentemente do terrorismo, o ato violento criminoso
não objetiva conseqüências ou repercussão psicológica além do ato em si, e muito menos
política. Ao contrário, o propósito fundamental da violência terrorista é, no final, mudar o
“sistema político”, a respeito do qual o criminoso comum, é óbvio, não tem a mínima
preocupação. Finalmente, deve ser enfatizado que, diferentemente do criminoso vulgar ou do
assassino lunático, o terrorista não persegue objetivos puramente egocêntricos, não é
induzido pela vontade de satisfazer alguma necessidade financeira ou resolver algum
problema pessoal. Ele acredita que serve a uma causa maior, concebida para obter um bem
maior para uma comunidade mais ampla, quer real, quer imaginária, que o terrorista ou a sua
organização supõem representar.
Estratégia, tática e organização
A estratégia e as táticas de guerrilha tendem a se concentrar em torno da utilização de uma
força pequena e móvel que se lança contra um oponente mais forte e com pouca mobilidade.
A guerrilha se concentra na organização de pequenas unidades, a depender do apoio da
população local.
Taticamente, o exército guerrilheiro ataca seus inimigos em pequenos ataques repetidos
contra o centro de gravidade do oponente, visando lhe abater o moral e sofre poucas baixas.
Muitos desses ataques visam provocar uma forte reação das forças inimigas contra a
população, o que em principio aumenta o apoio popular aos guerrilheiros. Os grupos
guerrilheiros podem funcionar como pequenas equipes de combate, atacando e fugindo, mas
eles também podem trabalhar lado a lado com as forças regulares, ou combinar operações
móveis de longo alcance do tamanho de um pelotão, batalhão, ou mesmo formar unidades
convencionais. Consoante o seu nível de sofisticação e organização, eles podem mudar entre
todos estes modos de acordo como a situação. O sucesso de uma ação guerrilheira é a sua
flexibilidade. A estática lhe é mortal.
Mao Tse-Tung definiu em sete regras a essência da guerrilha: íntimo acordo entre a
população e os guerrilheiros, retraimento ante um avanço inimigo em força, fustigamento e
ataque ante um retraimento inimigo, estratégia de um contra cinco, tática de cinco contra um,
particularmente graças ao que se chama o "retraimento centrípeto", isto é, a concentração de
forças durante o retraimento (ele dispunha de muito espaço na China); enfim, logística e
armamento graças ao que é tomado do inimigo.
A guerrilha é um conflito de longa duração, onde as ações devem ser constantes. Para
exemplificar isso Mao Tse-Tung disse: “O inimigo avança, retiramos. O inimigo acampa,
provocamos. O inimigo cansa, atacamos. O inimigo recua, perseguimos”. Segundo Mao Tse-
Tung a guerra de guerrilha pode ser concebida como parte de um continuum.
Na história vemos essas ações representadas na lutas das tribos bárbaras da península
ibérica contra Roma por mais de um século, nas forças irregulares portuguesas e espanholas
apoiando as tropas regulares do general britânico Wellington, durante a Guerra Peninsular
contra Napoleão, os judeus contra os britânicos na Palestina, Mao Tse-Tung contra os
chineses nacionalista e Ho Chi Min e e Vo Nguyen Giap no Vietnã contra franceses e
americanos. Pequin
Hoje em dia as insurgências modernas e outros tipos de guerra de guerrilha podem fazer
parte de um processo integrado, completo, com sofisticados doutrina, organização,
competências especializadas e capacidade de propaganda.
Modelos estratégicos de guerrilha
Na China , Mao Tse-Tung dividiu a guerra em três fases. Na primeira fase, os guerrilheiros
ganham o apoio da população distribuindo propaganda e atacando os órgãos do governo. Na
fase dois, são lançados ataques crescentes contra as forças militares e policiais do governo e
suas instituições vitais. Na terceira fase, a guerra convencional é lançada para capturar
cidades, controlar regiões e finalmente derrubar o governo e assumir o controle do país. A
doutrina de Mao antecipa que as circunstâncias podem exigir mudanças entre as fases em
ambos os sentidos e que as fases podem não ser uniformes e uniformemente aceleradas ao
longo do processo.
Este modelo de luta total prolongada de fraca intensidade militar foi geralmente empregado
com sucesso nas Guerras de Descolonização. Seu teórico principal é Mao Tse-Tung.
Observemos que esta estratégia, que exige considerável esforço moral de parte de quem
toma a iniciativa, pressupõe forte elemento passional e muito boa coesão da alma nacional.
Assim, ela corresponde o mais completamente possível às guerras de liberação. Mas ela
somente tem chances de sucesso se o que está em jogo entre as partes é bem desigual
(caso das Guerras de Descolonização), ou bem ela se beneficia de intervenções armadas
(caso das guerras de liberação, na Europa, entre 1944-45, e na Espanha, em 1813-14) às
quais elas servem de reforço.
O padrão mais fragmentado da guerrilha contemporânea
O modelo clássico maoísta requer um forte grupo guerrilheiro unificado e um com objetivo
claro. No entanto, algumas guerrilhas contemporâneas pode não seguir este modelo
completamente, agindo com pequenos grupos independentes, operando sem uma estrutura
de comando geral, em meio muitas vezes de conflitos étnicos e/ou religiosos.
Alguns ataques guerrilheiros da jihad por exemplo, podem ser movidos por uma vontade
generalizada para restaurar uma idade de ouro de renome de outros tempos, com poucas
tentativas de estabelecer um regime alternativo político específica em um lugar específico.
Ataques étnicos igualmente podem permanecer muitas vezes apenas no nível dos atentados,
assassinatos ou ataques genocidas como uma questão de vingar algum insulto passado, ao
invés de um deslocamento final para a guerra convencional como na formulação maoísta.
As condições ambientais, tais como a crescente urbanização e o acesso fácil à informação e
a atenção da mídia também complicam a cena contemporânea. Hoje os guerrilheiros não
precisam estar em conformidade com o combatente rural clássico que lutava em uma nação
ou região limitada (como no Vietnã), hoje ele opera através de uma vasta rede de pessoas,
que muitas vezes se estende por todo o mundo.
Táticas da guerrilha
A guerra de guerrilha é distinta das táticas utilizadas por pequenas unidades em operações
de reconhecimento típica das forças convencionais. Também é diferente das atividades de
piratas ou ladrões. Esses grupos criminosos podem usar táticas de guerrilha, mas o seu
objetivo principal é o ganho material imediato, e não um objetivo político. Muitos desses
criminosos até se mostram como guerrilheiros, mas é apenas fachada.
As táticas de guerrilha são baseadas em inteligência, emboscada, sabotagem, com o objetivo
de minar as autoridades através de baixas, em um conflito de baixa-intensidade de longa
duração. Estas táticas podem ser bem sucedidas tanto contra regimes nacionais, como
contra forças invasoras estrangeiras, como como demonstrado pela Revolução Cubana ,
Afeganistão e Vietnã conflitos.
Uma guerrilha prolongada e ativa pode aumentar o custo de se manter uma ocupação militar
ou uma presença colonial, acima do custo que uma nação estrangeira possa querer bancar.
Contra um regime local, os guerrilheiros podem tornar a ocupação impossível com ataques e
ações de sabotagem, e mesmo podem lançar mão de uma combinação com forças
estrangeiras para derrotar seus inimigos no campo de batalha convencional local.
Em muitos casos, as táticas de guerrilha podem permitir que uma força menor mantenha
mobilizada uma força inimiga maior e melhor equipada por muito tempo em um determinada
região, como os partisans de Tito na Iugoslávia retendo ali várias divisões do Eixo.
Insurgente xiita no Iraque. As forças da Coalizão tiveram que manter um grande
contingente no país para combater as facções inimigas.
Tipos de operações táticas
Ataque guerrilheiros podem muitas vezes envolverem esquadrões de assalto especializados.
Em 1964 uma equipe de mergulhadores Viet Cong afundou o navio americano, o USS Card.
Operações de guerrilha tipicamente incluem uma variedade de fortes ataques de surpresa
contra rotas de suprimento, instalações militares e policiais, como também contra
empreendimentos econômicos e civis importantes.
Atacando em pequenos grupos, utilizando-se da surpresa e muitas vezes bem camuflados,
os guerrilheiros buscam abater o moral inimigo, infligindo ao mesmo baixas e derrotas
humilhantes, e mantendo sempre uma forte pressão psicológica contra a tropa adversária. As
ações guerrilheiras devem ser planejadas para infligir as maiores perdas ao inimigo, com o
mínimo de perda material e em vidas por parte dos guerrilheiros.
A intenção desses ataques não é apenas militar, mas também política, com o objetivo de
desmoralizar as populações alvo e/ou governos, ou incitar uma reação popular para forçar um
maior apoio a favor da guerrilha. Um cuidadoso planejamento antecipado é necessário para
as operações, e detalhes como a capacidade de reação inimiga, armas a disposição e rotas
de aproximação e fuga, não podem ser desprezados.
Seja qual for a tática particular, a guerrilha vive principalmente para lutar outro dia, e para
expandir ou conservar as suas forças e apoio político, por não captura ou detém porções
específicas do território como uma força convencional, a não ser que o inimigo esteja
debilitado, e não possam reconquistar o território ocupado.
Liderança
Transformar grandes parcelas do povo insatisfeito em combatentes é tarefa para líderes.
Esses líderes guerrilheiros podem ter diversas origens. O homem certo poderá surgir no
próprio local, ou haver ocupado anteriormente posição de chefia em organização tribal ou
regional; Mulla Mustafa Barazani, do Curdistão, comandante nos anos 1960 da campanha de
guerrilha contra o Iraque, é um desses casos. Ele poderá ser um líder político, forçado a
recorrer à ação armada por falta de outras alternativas: foi o caso de Mao Tse-tung na China,
após o fracasso do levante da Colheita do Outono em 1927. Por fim, ele poderá vir de fora,
trazendo adestramento militar e a promessa de apoio externo, como o inglês T.E. Lawrence
fez na Arábia em 1916 e Che Guevara (1928-1967) tentou fazer na Bolívia.
É essencial que o líder encarne a insatisfação local, saiba exatamente de que o movimento é
capaz e tenha habilidade para atingir seus objetivos. Não é de admirar, pois, que os grandes
líderes da guerrilha sejam freqüentemente figuras carismáticas, como Fidel Castro, Ho Chi
Minh (norte-vietnamita, 1890-1969) e o próprio Mao.
Organização
A organização guerrilheira varia de pequenos grupos rebeldes locais, com uma dúzia de
guerrilheiros, para milhares de combatentes, ou seja a organização parte de pequenas
células, podendo chegar a grandes regimentos. Na maioria dos casos, os líderes guerrilheiros
têm um claro objetivo político para a guerra que é travada.
Normalmente, a organização é dividida entre o braço político e militar, para permitir que os
líderes políticos possam ter negações plausíveis em relação aos ataques militares e também
possam estabelecer linhas de negociação entre os opositores e mediadores do conflito, se for
o caso. Este tipo de organização pode ser visto com os comunistas chineses e vietnamitas
durante as suas guerras revolucionárias.
Surpresa e inteligência
Para que as operações sejam bem-sucedidas, a surpresa deve ser alcançada pelos
guerrilheiros. Se a operação tiver sido comprometida, deve ser cancelada imediatamente. Por
isso os guerrilheiros devem dá toda a tenção na coleta de inteligência. No planejamento de
uma operação a Inteligência é também extremamente importante, e a informações
detalhadas das disposições do alvo, armamento e moral do inimigo devem ser recolhidas
antes de qualquer ataque.
A inteligência pode ser colhida de várias maneiras. Colaboradores e simpatizantes
geralmente fornecem um fluxo constante de informações úteis. Agentes guerrilheiros podem
trabalhar disfarçados dentro de órgãos governamentais, e até dentro das forças de
segurança, como militares e policiais das forças locais ou até interpretes e guias das forças
de ocupação. É uma posição muito perigosa, mas que rende boa inteligência.
Relacionamentos românticos também podem ser usados como parte da coleta de
informações.
As fontes públicas de informação são também de valor inestimável para a coleta de
informações da guerrilha, fornecendo desde os horários de vôo das companhias alvo, até o
anúncio de deslocamento de dignitários. O uso da Internet também pode fornecer muitos
dados de inteligência que depois de colhidos devem ser analisados.
Por exemplo, um alvo fixo que for atacado deve ser estudado com detalhes, e dados sobre
forças de segurança no local ou próximas, rotas de entrada e saída, horário de
funcionamento, planta de construção, fluxo de pessoas no local e formas de acesso, entre
outras informações devem ser coletadas e analisadas.
Finalmente, a inteligência deve se preocupar também com fatores políticos, tais como a
ocorrência de uma eleição ou o potencial impacto da operação sobre o moral civil e do
inimigo.
Relação com a população civil
"Por que a luta guerrilheira? Temos de chegar à inevitável conclusão de que o guerrilheiro é
um reformador social, que pega em armas de responder ao protesto irado do povo contra
seus opressores, e que ele luta para mudar o sistema social que mantém todos os seus
irmãos desarmados em ignomínia e miséria. "
— Che Guevara
A relações com as populações civis são influenciadas pelo fato de a guerrilha operar entre
uma população hostil ou amigável. A população amigável é de imensa importância para os
guerrilheiros, proporcionando abrigo, suprimentos, financiamento, inteligência e recrutas. A
base "do povo" é, portanto, a chave da sobrevivência do movimento de guerrilha.
Nas fases iniciais da Guerra do Vietnã, as autoridades americanas descobriram que vários
dos milhares de povoados fortificados controlados pelo governo eram, de fato, controlados
pela guerrilha Viet Cong, que freqüentemente utilizava essa posições para o abastecimento e
repouso.
Porém o apoio popular das massas em uma área confinada local ou país, contudo, não
sempre é estritamente necessário. Guerrilheiros e grupos revolucionários ainda pode
funcionar com a proteção de um regime amigo, recebendo suprimentos, armas, inteligência e
apoio diplomático.
Contudo uma população apática ou hostil dificulta a vida dos guerrilheiros e extenuantes
tentativas são feitas geralmente para obter seu apoio. Estas tentativas podem envolver não
só a persuasão, mas uma política deliberada de intimidação. As forças guerrilheiras podem
está travando uma guerra de libertação, mas isso pode ou não resultar em um apoio
suficiente por parte dos civis afetados. Outros fatores, incluindo ódios étnicos e religiosos,
podem fazer uma simples reivindicação de libertação nacional insustentável. Seja qual for a
mistura exata de persuasão ou coerção utilizados pela guerrilha, as relações com as
populações civis são um dos fatores mais importante no seu sucesso ou fracasso.
Uso de terror
Em alguns casos, o uso do terrorismo pode ser um aspecto de guerrilha. O terrorismo é
utilizado para chamar a atenção internacional sobre a causa da guerrilha, matar os líderes da
oposição, extorquir dinheiro de alvos, intimidar a população em geral, gerar perdas
econômicas, e manter seguidores e desertores em potencial na linha. O uso do terrorismo
pode provocar também uma resposta desproporcional das forças estabelecidas, levando
assim a população civil a ser simpática à causa terrorista. Porém essas táticas podem virar
contra os guerrilheiros e fazer com que a população civil retire o seu apoio, ou pior venha se
aliar com as forças contra-guerrilha. Estas situações ocorreram em Israel, onde os atentados
suicidas palestinos foram usados pelos israelenses para lançar a opinião mundial contra os
agressores palestinos, incluindo a aprovação geral de "assassinatos seletivos" para matar as
células inimigas e seus líderes. Nas Filipinas e na Malásia, ataques terroristas comunistas
ajudaram a mudar a opinião dos civis contra os insurgentes. No Peru e alguns outros países,
muitas vezes os civis apoiaram a duras contramedidas usadas pelos governos contra os
movimentos revolucionários ou insurgentes.
Logística
Os guerrilheiros costumam operar com menor pegada logística em relação às formações
convencionais, no entanto, as suas atividades logísticas devem pode ser elaboradas de forma
organizada. A principal preocupação é evitar a dependência de bases fixas e depósitos que
são comparativamente mais fáceis para as unidades convencionais localizarem e destruir.
Mobilidade e velocidade são as chaves e, sempre que possível o guerrilheiro deve viver da
terra, ou extrair apoio da população civil na qual ele está inserido. Nesse sentido, "o povo" se
torna a base de abastecimento do guerrilheiro.
O financiamento das atividades da guerrilha pode partir diretamente de contribuições
individuais (voluntárias ou não voluntárias) ou de empresas comerciais através de agentes
insurgentes, assaltos a banco, seqüestros e complexas redes de financiamento baseadas em
parentesco, etnia e religião (como as usadas pelos jihadistas modernos).
Porém as forças guerrilheiras muitas vezes possuem bases permanentes ou semi-
permanentes em sua estrutura logística. Essas bases geralmente estão localizadas em áreas
remotas ou em santuários além da fronteira, em países aliados. Estas bases podem ser
bastante sofisticadas, como as usadas pelo Viet Cong que possuía acampamentos
fortificados e um complexo sistema de túneis durante a Guerra do Vietnã. A importância
dessas bases pode ser notada pelos duros combates travados pelas forças comunistas para
proteger esses locais. No entanto, quando se tornava claro que a defesa era insustentável, as
unidades comunistas simplesmente se retiravam.
Terreno
A luta de guerrilhas é freqüentemente associada com um cenário rural, e este é certamente o
caso em relação as operações realizadas por Mao e Giap, os mujahudins no Afeganistão, o
Exército Guerrilheiro de los Pobres (EGP) da Guatemala, os Contras da Nicarágua e a FMLN
de El Salvador.
Guerrilheiros no entanto, podem operar com sucesso em ambientes urbanos, como
demonstrado em lugares como Argentina e Irlanda do Norte. Nesses casos, os guerrilheiros
contam com uma população amigável para fornecer suprimentos, abrigo e inteligência.
A guerrilha rural prefere operar em regiões remotas que ofereçam cobertura e proteção,
especialmente áreas de selva fechada, pântanos, montanhas e até desertos, onde existe
pouca densidade demográfica e a presença do inimigo é reduzida principalmente se houver
escassez de estradas, portos e aeroportos. o coronel grego Grivas usou as montanhas
Troodos, em Chipre, contra os ingleses, Lawrence usou as vastidões dos desertos e os
vietnamitas tinham bases nas montanhas do nordeste de Tonquim, nos primeiros anos da
década de 1950, por exemplo.
Mesmo quando lança uma intensa campanha antiguerrilha, o exército regular pode ficar em
desvantagem quando penetra em terreno pouco desconhecido, locomovendo-se em trilhas ou
pequenos rios das matas. Os guerrilheiros, conhecendo bem a área e tendo o apoio dos
habitantes locais, montam uma série de emboscadas, espreitando a tropa inimiga em
determinados pontos-chave, desfiladeiros, vales estreitos, cruzamentos.
Tropas motorizadas soviéticas sendo atacadas por rebeldes mujahedins em uma
emboscada no Afeganistão na década de 1980. Na região de montanha os blindados
eram muito vulneráveis ao fogo vindo do alto e os soviéticos tinham que sair de seus
veículos para combater o inimigo, ficando assim mais expostos.
A emboscada armada, em 1952 pelo Viet Minh (Frente pela Independência do Vietnã) contra
uma coluna móvel francesa na garganta Chan Muoung, ao sul de Phu Doan, é exemplar.
Diante de tais derrotas, o inimigo provavelmente irá recuar até suas bases nas cidades e
tentará conter em vez de vencer, a ameaça da guerrilha. lsto dá à guerrilha a oportunidade de
expandir-se formando novos grupos em zonas rurais adjacentes estendendo sua tática de
desgaste do inimigo.
Por fim, com o controle guerrilheiro de toda a área em volta das cidades, estas estarão
praticamente sitiadas. Chegou então a hora de dar início ao estágio seguinte da campanha,
passando das táticas de guerrilha para os combates mais convencionais e a esperança de
uma vitória final.
Por outro lado a guerrilha urbana, ao invés de derreter nas montanhas e selvas, costuma
operar em áreas densamente povoadas onde pode se misturar com a população e podem
contar com uma base de apoio entre o povo. O IRA na Irlanda do Norte possuía muitos
lugares secretos em centros urbanos como Belfast e Londonderry. No Iraque os insurgentes
iraquianos se misturam com os civis em sua luta contra os EUA.
Ajuda externa e santuários
O apoio externo pode chegar na forma de soldados, armas, suprimentos, santuário, ou uma
declaração publica de simpatia para com os guerrilheiros. Esse apoio não é estritamente
necessário, mas pode aumentar muito as chances de uma vitória dos insurgentes. O apoio
diplomático vindo do estrangeiro pode chamar a atenção para a causa da guerrilha no cenário
internacional , colocando pressão sobre os adversários locais para que essas façam
concessões, ou até mesmo se retirem da região conflagrada.
Os guerrilheiros podem receber das nações aliadas além de de armas e suprimentos,
assessores militares que forneçam treinamento e inteligência, bem como essas nações
estrangeiras podem prover santuários onde os guerrilheiros podem ser treinados ou
receberem atendimento médico, além de abrigo para as lideranças políticas e militares muitas
vezes. Esses abrigos podem se beneficiar do direito internacional, especialmente se o
governo estrangeiro é bem sucedido em esconder o seu apoio e, alegando a "negação
plausível" para ataques de agentes inimigos a bases guerrilheiras em seu território.
O Viet Cong e o Vietnã do Norte fizeram uso extensivo de tais santuários internacionais
durante o conflito do Vietnã, com o seu complexo de trilhas, vias e bases serpenteando entre
o Vietnã, Laos e Camboja, através da famosa Trilha Ho Chi Minh, que foi a salvação logística
que sustentou as suas forças no sul do país. Outro exemplo são os guerrilheiros Mukti Bahini,
que tinham bases na Índia e que lutaram ao lado do Exército indiano na Guerra de Libertação
de Bangladesh em 1971contra o Paquistão, e que resultou na criação do estado de
Bangladesh, como também os homens do ZANU, movimento nacionalista que combatia o
regime branco da Rodésia, que tinham bases em Moçambique após 1975.
A trilha Ho Chi Minh saia do sul do Vietnã do Norte e seguia até todo o Vietnã do
Sul pelo Laos e Camboja.
Levavam 4 meses para descer a trilha a pé e existiam vários trilhas secundarias.
Era uma guerra onde os americanos usavam um caça de US$ 10 milhões contra
uma bicicleta de 4 dólares.
Armamento
A guerrilha precisa obter armas para lutar. Algumas podem ter sobrado de combates
convencionais que precederam a ocupação por outro país; outras armas podem ser obtidas
dos habitantes locais. Os guerrilheiros do Vietnã, da Malásia e das Filipinas, imediatamente
após a Segunda Guerra Mundial. equiparam-se com as armas abandonadas pelas tropas
japonesas derrotadas; O coronel Grivas, em Chipre, recolheu grande número de espingardas
de caça pertencentes a famílias greco-cipriotas, em 1956.
Outras armas podem ser importadas de países amigos. Durante a Guerra Fria, os soviéticos
forneceram armamentos a muitos movimentos nacionalistas em luta pela independência na
África negra. Os EUA e seus aliados ocidentais também forneceram armamento de origem
soviética para os mujahudins no Afeganistão em sua luta contra o invasor soviético. Os
mujahudins chegaram a receber mísseis Stinger para abater os MI-24 russos.
Entretanto, muitas vezes os guerrilheiros precisam valer-se de seus próprios recursos e
imaginação. Alguns fabricam suas próprias armas primitivas como os Mau Mau fizeram no
Quênia, nos meados da década de 1950, mas para a maioria a única fonte acessível é o
inimigo.
Na verdade a captura de armamento incentiva o início da ação militar. Esses ataques iniciais
são moderados. Postos isolados de um exército podem ser conquistados por meio da
surpresa e de eventual força numérica, resultando não só na captura das armas necessárias,
mas também em aquisição de experiência e treinamento prático. E pouco provável que o
inimigo reaja com força total - ataques isolados dessa natureza podem ser considerados
apenas um ato de banditismo,
e haverá algo mais que a substituição dos homens perdidos - e isso permite a guerrilha agir
contra outros postos avançados, com resultados semelhantes. Cada emboscada ou ataque
bem-sucedido resulta em mais armas e maior experiência.
Normalmente as armas capturadas são particularmente armas portáteis, como fuzis
automáticos, pistolas, morteiros, metralhadoras e minas. Com essas armas os guerrilheiros
são capazes de atacar de surpresa e com sucesso, desaparecendo em seguida pelas matas
ou pelos montes, antes que o inimigo se recupere. Explosivos também são alvos da captura.
Hoje em dia a arma mais comuns das forças guerrilheiras é o fuzil de assalto russo AK-47 e
suas variantes. Em muitos conflitos também estão presentes os lança-rojões russos RPG-7 e
seus variantes.
O fuzil de assalto russo AK-47 de Calibre 7,62 x 39 mm (e suas variantes ou versões
fabricadas por outros países) se tornou a arma padrão dos movimentos guerrilheiros a
partir dos anos 1960 até os dias de hoje. Seu nome é uma sigla para a denominação
russa Avtomat Kalashnikova odraztzia 1947 goda ("Arma Automática de Kalashnikov
modelo de 1947"). É a arma individual ideal para os movimentos guerrilheiros pela sua
grande rusticidade, resistência à água, areia e lama, simplicidade de operação e
manutenção, além de reconhecida estabilidade em baixas e altas temperaturas. A AK-
47 é sem sombras de dúvida uma das armas de fogo atualmente mais utilizada no
mundo.
Condições físicas e mentais
Os guerrilheiros devem ter boas condições físicas, especialmente se tiverem de lutar em
terreno difícil, e devem ser capazes de levar uma vida rude por longos períodos. Uma das
razões do fracasso de Che Guevara na Bolívia, em 1967, foi ter recrutado intelectuais de
classe média, que não puderam agüentar as durezas físicas de sua campanha nas
montanhas bolivianas. Da mesma forma, homens qualificados em certas atividades - guardas
florestais, caçadores, ex-soldados e ex-policiais- podem treinar os novatos.
Isto não significa que os mais velhos, os fracos ou os não-especializados sejam desprezados;
eles podem participam de grupo de retaguarda - tal como Min
Yuen (comunista) na Malásia Ocidental -, ocupando-se de alimentação. suprimentos,
trabalhos de espionagem e alojamento para os guerrilheiros ativos.
Porém sejam fisicamente apto ou não, tenha uma grande habilidade militar ou não, os
guerrilheiros precisam ter uma grande força de vontade para continuar lutando e se manter
fiel a sua causa. Pois muitas vezes tem de enfrentar sozinho situações difíceis, certo de que
seu fracasso significará a morte. Ele pode ser obrigado a ter uma vida dupla em uma cidade,
extremamente desgastante durante anos; poderá ter de sobreviver durante meses com
poucos alimentos e pouca munição, no deserto, montanha, selva ou no pântano.
Iniciativa de combate e sua intensidade
Capaz de escolher a hora e o local de seus ataques, os guerrilheiros normalmente possuem a
iniciativa tática e o elemento surpresa. O planejamento de uma operação pode demorar
semanas, meses ou mesmo anos, com uma constante série de cancelamentos e reinícios de
acordo com a mudança da situação.
Independentemente da abordagem utilizada, a guerrilha mantém a iniciativa e pode prolongar
a sua sobrevivência apesar de variar a intensidade do combate. Isto significa que os ataques
muitas vezes tem um longo intervalo de tempo entre eles, que podem ser de semanas ou
meses. Durante os períodos intercalados, a guerrilha pode se recompor, se reorganizar e
buscar ressuprimento. Na Guerra do Vietnã, a maioria das unidades comunista (incluindo as
forças regulares norte vietnamitas usando táticas de guerrilha) gastava apenas um número
limitado de dias do ano lutando.
Embora aconteça de forças guerrilheiras serem forçadas a travarem uma batalha indesejada
por causa de uma varredura do inimigo, a maioria do tempo é gasto em treinamento,
infiltração, propaganda cívica e doutrinação, além de construção de fortificações, ou
armazenamento de suprimentos, além da coleta de informações.
Outros aspectos
Exemplos bem sucedidos de guerrilha contra o regimes locais incluem a Revolução Cubana e
a Guerra Civil Chinesa, bem como a revolução sandinista que derrubou uma ditadura militar
na Nicarágua. Os muitos golpes e revoltas da África, muitas vezes refletem ações de
guerrilha, com vários grupos buscando objetivos políticos claros. Entre os exemplos estão a
derrubada dos regimes em Uganda e na Libéria. Na Ásia, regimes locais, muitas vezes
apoiados por forças estrangeiras já foram derrubados por uma guerra de guerrilha,
principalmente no Vietnã , China e Camboja.
Houveram muitos exemplos de guerra de guerrilha contra nações estrangeiras, como por
exemplo as lutas de independência contra Portugal em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau,
e contra os britânicos na Malásia (então Malaya) durante a Emergência Malaia.
Dimensões éticas de uma guerra de guerrilha
Durante uma guerra de os civis podem ser atacados ou mortos como castigo por alegada
colaboração, ou como uma política de intimidação e coerção. Esses ataques são geralmente
sancionada pelos líderes da guerrilha com um olho nos objetivos políticos que podem a
alcançar. Os ataques podem ser destinados a enfraquecer a moral civil quando a população
apoio as forças contra-guerrilheiras. Muitas vezes as disputas étnicas e religiosas podem
envolver massacres e genocídio generalizado com facções rivais infligindo violência massiva
sobre a populações civis específicas.
Os guerrilheiros em guerras contra potências estrangeiras podem dirigir os seus ataques
contra civis simpatizantes a nação invasora, especialmente se as forças estrangeiras são
fortes demais para serem confrontadas diretamente. No Vietnã, bombardeios e ataques de
terror contra os civis eram bastante comuns, e muitas vezes foram eficazes na
desmoralização de opinião dos locais que apoiavam o regime no poder e seus aliados
americanos. Apesar de atacar uma base norte-americana sempre envolvesse um longo
planejamento e a possibilidade de muitas baixas, os ataques contra civis simpatizantes
ofereciam menor risco, eram fáceis de executar. Esses ataques também tiveram um forte
efeito sobre a opinião internacional, desmoralizando a opinião pública americana, e apressar
a retirada dos americanos.
No Iraque, a maioria das mortes desde a invasão dos EUA em 2003 é de civis e não de
soldados americanos ou seus aliados. As facções iraquianas mergulharam o país numa
guerra civil com base étnica e religiosa.
O uso de ataques contra civis cria uma atmosfera de caos (e, assim, a vantagem política,
onde a atmosfera faz com que os ocupantes estrangeiros pensem em se retirar ou oferecer
concessões), que pode favorecer os guerrilheiros.
Leis da guerra
Os guerrilheiros não são reconhecidos como combatentes lícitos pela Convenção de
Genebra, porque não usar um uniforme militar (usam roupas civis na maioria das vezes e se
misturam com a população local), ou os seus distintivos e emblemas de uniforme não podem
ser reconhecidos como tal por seus oponentes.
Contra-guerrilha
A partir de 1945 surgiram muitos movimentos guerrilheiros que travaram uma luta pela
independência de seu país ou por ideais políticos, e esses movimentos deram uma nova
dimensão à guerra. A luta contra-guerrilha, ou operações contra-insurreição, são
extremamente difíceis, longas e de alto custo, porém a história nos mostra que já ocorreram
várias contra-insurreições bem-sucedidas, tais como a vitória filipina contra os Huks (1946-
1954) e o êxito britânico na Malásia (1948-1957). Na Malásia o Exército Britânico no total teve
509 baixas e eliminou 6.710 dos 12.000 insurretos. Os britânicos também derrotaram os
insurretos Mau Mau no Quênia e a Organização Nacional de Guerreiros para a Liberdade no
Chipre. O Exército Britânico também se envolveu em duas campanhas de sucesso depois da
era imperial. De 1970 a 1975, os soldados britânicos assessoraram as Forças Armadas do
Sultão do Omã contra os nacionalistas de Dhofari. De 1969 a 1995, tropas britânicas
conduziram operações de segurança interna na Irlanda do Norte.
A contra-insurgência, não é essencialmente militar, mas uma combinação de iniciativas na
arena militar, política e social sob o forte controle de uma única autoridade. Em condições
ideais, um esforço exitoso de contra-insurreição baseia-se não apenas na ação militar eficaz,
mas também na verdadeira reforma conduzida por um governo que busca conquistar a
simpatia e a lealdade de sua população. Deve haver uma abordagem civil-militar integrada.
Esse tipo de reforma pode reduzir as injustiças que deram legitimidade à insurreição na ótica
de seus partidários. O governo deve realizar ações consistentes no campo político, trabalhar
na segurança e na melhoria de vida da população (até das localidades mais remotas), gerar
progresso econômico e em muitos casos promover a representatividade política. Uma
investida diplomática também deve ser realizada para angariar apoio internacional e acabar
com o apoio externo a guerrilha, caso ele exista.
O Povo
Na verdade a chave da contra-insurgência é o povo. Segundo David Galula, oficial francês,
De origem judaica, nascido na Tunísia e tendo passado a juventude em Marrocos, lutou na
Guerra da Argélia, e escreveu o livro Guerra de contra-insurgência: teoria e prática, o objetivo
da guerra de contra-insurgência é para ganhar o apoio da população ao invés de controle do
território. Galula ainda defende que progressivamente de deve eliminar ou expulsar os
opositores armados, em seguida, obter o apoio da população e, eventualmente, reforçar as
posições através da construção de infra-estrutura e criação de relacionamentos de longo
prazo com a população. Isso deve ser feito área por área, através de um território pacificado,
que servirá de base de operação para a conquistar de uma área vizinha.
Algo muito importante que deve ser levado em consideração nas operações de contra-
insurreição é que as baixas na população civil não combatente devem ser extremamente
minimizadas. As forças guerrilheiras se aproveitam do uso excessivo da força contra civis
para angariar apoio entre a população e recrutar novos combatentes. Muitos exércitos
regulares e forças paramilitares em seu combate a movimentos guerrilheiros cometeram este
tipo de erro, na Ásia, África, América do Sul e América Central. Os americanos cometeram
este tipo de erro no Vietnã, Iraque e Afeganistão, os franceses na Indochina e Argélia e os
soviéticos no Afeganistão, apenas para citar alguns exemplos. A ação de contra-insurreição
dos franceses na Argélia colonial foi selvagem. Na Batalha de Argel em 1957, foram feitas
24.000 detenções, muitos foram torturados e cerca de 3.000 foram mortos. Os franceses
quebraram a infra-estrutura da FLN em Argel, mas também mataram a legitimidade da suas
ações, perdendo a guerra de "corações e mentes" em relação a população. O general
americano Stanley McChrystal disse que limitar a morte de civis é a ordem máxima de uma
operação contra-insurgência, ele disse que para cada civil morto no Afeganistão, cerca de 10
afegãos se juntaram à insurgência, e ainda afirmou que os soviéticos mataram 1 milhão de
afegãos e nem por isso venceram a guerra.
Novas formas de lutar
Os governos que lutam contra movimentos insurretos precisam também repensar e
reconfigurar sua estratégia militar na ótica das operações contra-insurreição. Para combater
forças guerrilheiras os exércitos convencionais viram-se obrigados a desenvolver táticas de
contra-insurreiçao e também formar unidades especializadas, treinadas e equipadas com o
objetivo de enfrentar os guerrilheiros valendo-se dos mesmos métodos destes. Os
consideráveis progressos havidos na produção de armamentos, comunicações e transporte,
aliados a novos programas de treinamento, tem possibilitado a muitas unidades de contra-
guerrilha grande mobilidade e ao mesmo tempo poder de fogo devastador. Para ele a ação
contra-insurgente atinge uma posição de força quando seu poder está incorporado a uma
organização política firmemente apoiada pela população.
Áreas não-urbanas
As ações contra-insurrecionais devem ser travadas em todos os ambientes sejam eles
urbanos ou não. Em um ambiente não urbano, as operações resumidamente podem ter as
seguintes etapas:
Primeira:Coleta de informações a respeito da presença do
inimigo na região, através de:
Uma unidade especializada que se infiltra na área inimiga e
estabelece uma base de operações;
Interrogatório de prisioneiros;
Informantes;
Reconhecimento aéreo, e até por satélite se houver
condições;
Meios eletrônicos, como sensores de movimento, escutas de
rádio e telefones;
Segunda: Enfrentamento das forças rebeldes por unidades
maiores, com base na inteligência coletada;
Terceira: Ocupação efetiva do território libertado das forças
insurrecionais por forças regulares e policiais.
Para desempenhar bem a tarefa de se infiltrar na área inimiga e estabelecer uma base de
operações, os integrantes das unidades contra-insurrecionais precisam adquiri inúmeras
habilidades. Seu treinamento, por tanto, inclui diversos cursos de especialização. Todos, de
oficiais a soldados rasos devem ser cuidadosamente selecionados, de modo que obtenham
um alto nível de desempenho, depois de rigoroso treinamento. Embora todos os soldados
tenham certa experiência em operações de campo, é a estrutura do curso que lhes permitirá
chegar ao aperfeiçoamento necessário. O treinamento é dedicado sobretudo às técnicas de
coleta de informações e de sobrevivência em ambiente hostil.
Operador dos RECCES da África do Sul descansa durante uma missão em 1982. Os
operadores Recces usavam de uma série de artifícios para não chamarem a atenção
durante suas missões nas savanas africanas. A começar pelo disfarce da sua pele
branca com um creme de camuflagem. Ele também usa um mistura de trajes militares,
sua camiseta é de padrão de camuflagem alemão oriental e sua calça imita a
camuflagem cubana. Ele está armado com um fuzil AK-47 de fabricação soviética.
O contraguerrilheiro precisa adaptar-se rapidamente, pois estará enfrentando um inimigo que
conhece bem o terreno, além de contar com algum apoio da população local e não ter
dificuldade em encontrar alimentos. Portanto. todos os membros de uma unidade
antiguerrilha devem dominar alguns idiomas, técnicas de comunicação e de camuflagem, de
armamentos e de alguns procedimentos médicos. Além disso, precisam ser capazes de fazer
longas marchas a pé carregando pesadas mochilas, e com rapidez, e passar noites
acordado. A sobrevivência no campo ou na selva é fator crítico, pois depende do
conhecimento dos recursos naturais, quando não do roubo, em certas circunstâncias. Esses
militares devem ser capazes de identificar plantas e frutos comestíveis, bem como a preparar
pequenos animais para comer, e até encontrar raízes que armazenam água. Muitas unidades
tem homens que tem capacidade de seguir rastros seja na selva, montanhas ou deserto.
É essa capacidade de se adaptar ao ambiente que permite ao contraguerrilheiro o
desempenho de sua tarefa principal, ou seja, o levantamento de dados dos rebeldes. Entre as
várias maneiras de obter informações, as mais comuns são o patrulhamento intenso, os
postos de observação e a infiltração nas tropas inimigas. O patrulhamento toma-se
particularmente importante para as forças da contra-insurreição quando estas se encontram
em áreas florestais. Por meio dele localizam-se os depósitos de suprimento e as bases de
operação dos rebeldes e detecta-se a movimentação da tropa. Essas informações são
comunicadas ao quartel-general, que decide que tática adotar (ataque aéreo ou de infantaria,
ou ainda barragem de artilharia). Em geral, não cabe às patrulhas de levantamento de
informações enfrentar diretamente as unidades rebeldes. Quando uma unidade
contraguerrilheira consegue manter sua posição sem que haja necessidade de receber
suprimentos - o que poderia alertar os insurgentes para sua presença no local -, os postos de
observação podem ser mantidos por longo período, fornecendo ao quartel-general um fluxo
constante de informações.
Quando unidades do SAS foram empregadas na região de Rafdan (Sul da Arábia), durante
as lutas pelo Aden, sua tarefa principal consistiu em levantar informações. As equipes
chegavam em helicópteros e escondiam-se nos morros, estabelecendo postos de
observação. Apesar do calor escaldante, da escassez de água e da pouca mobilidade, os
homens do SAS permaneceram nos postos alguns dias, orientando a artilharia e a infantaria
contra os rebeldes.
Além dos postos de observação e do patrulhamento detalhado, os exércitos regulares contam
com a infiltração nas unidades inimigas para obter informações. Esse método foi muito
utilizado pelos SELOUS SCOUTS, da Rodésia. Como as unidades eram compostas por
recrutas negros, muitos de seus homens passavam facilmente por guerrilheiros.
De posse da inteligência coletada os oficias comandantes podem planejar grandes operações
conta as forças guerrilheiras. Tais ações foram bem ilustradas pela Operação Nassau,
desenvolvida na Malaia. Em dezembro de 1954, as forças britânicas enviaram ao pântano de
Kuala Langat (de cerca de 260 km2) o equivalente a um batalhão. Em seguida, patrulhas
penetraram no interior da área e começaram a enviar seus relatórios ao quartel-general. Três
meses se passaram antes que se obtivesse qualquer informe concreto sobre a movimentação
dos rebeldes. Mas no dia 21 de março de 1955, uma emboscada efetuada com base nos
relatórios dos contraguerrilheiros obteve resultados: dois rebeldes morreram e vários ficaram
feridos. A medida que aumentava o fluxo de informações, as emboscadas iam sendo
substituídas por ataques aéreos precisos e por barragens de artilharia e de morteiros. Depois
de nove meses, os britânicos ocuparam efetivamente a área.
Áreas urbanas
Em áreas urbanas, as operações de contra-insurreição das forças militares devem acontecer
de acordo e em cooperação com as ações das autoridades civis. Em centros urbanos deve
haver patrulhamento constante, barreiras policiais e operações sigilosas de coleta de
informação. Na Irlanda do Norte os homens do SAS operaram de perto com o pessoal da 14ª
Companhia de Inteligência no levantamento de inteligência. Com roupas civis eles entravam
em zonas perigosas, reconhecidamente habitada por uma maioria simpatizante do IRA. Eles
se misturam com os irlandeses, entravam em seus bares e cantavam as suas canções.
Essas missões eram muito perigosas, pois se descobertos os os britânicos podiam ser
presos, torturados e mortos. Porém a inteligência coletada era de grande valor. Os militares
envolvidos neste tipo de missão devem aprender a se disfarçar como a população local e
falar como ela, entrar e sair de locais sem serem descobertos, praticar “incidentes
fotográficos”, praticar direção defensiva e ofensiva e seguirem suspeitos sem se deixar notar.
Além de missões encobertas em redutos insurgentes ou simpatizantes, as forças de contra-
insurreição também devem realizar a vigilância sobre locais suspeitos montando postos de
observação, em que são usados binóculos (inclusive com visão noturna), microfones e
escutas eletrônicas potentes para monitorar o local. Esses postos podem ser montados
dentro de um carro ou de um apartamento ou sótão. As vezes esses postos de observação
podem ser usados por equipes de especiais de atiradores de elite que tanto podem relatar o
que estão vendo como também agir e eliminar possíveis ameaças, como americanos e
britânicos fizeram muitas vezes no Iraque.
Poder aéreo
O poder aéreo pode desempenhar um papel importante na contra-insurgência, capaz de
realizar uma ampla gama de operações:
* Transporte de suprimentos para combatentes e civis, incluindo evacuações de feridos;
* Espionagem, vigilância e reconhecimento;
* Operações psicológicas , através do lançamento de panfletos, uso de alto-falantes e rádio;
* Ataques aéreos e apoio aéreo aproximado.
O primeiro uso de aeronaves em operações de contra-insurgência ocorreu entre 1920 e 1930
na guerra colonial, em lugares como Etiópia e Iraque. Os benefícios oferecidos pelo uso de
até mesmo uma única aeronave em tarefas como reconhecimento ou metralhamento foram
imensuráveis. As aeronaves também ofereciam uma maneira de infligir retaliação direta e
rentável para as comunidades que apoiavam os insurgentes.
Até o final dos anos 1950, as operações aéreas dos franceses na Guerra da Argélia era
decididamente de natureza contra-insurgente, com o uso inclusive de helicópteros , como o
Piasecki H-21 sendo usado não só para transportar as tropas, mas também para missões de
ataque com metralhadoras e lançadores de foguetes em um arranjo ad hoc para atacar as
posições da guerrilha da FLN nas cadeias de montanhas. Mais tarde os americanos na
Guerra do Vietnã em suas missões aéreas de contra-insurgência utilizaram modelos de
aviões e helicópteros que já existiam, principalmente o Douglas A-1 Skyraider e o UH-1
Iroquois artilhado. Mais tarde, surgiram aeronaves mais especializada em missões de contra-
insurgência, como o helicóptero AH-1 Cobra, que definiu qual seria o design de praticamente
todos os helicópteros de ataque até os dias de hoje: fuselagem estreita, com dois tripulantes
em tandem (o piloto no assento de trás e o atirador no assento da frente) e as armas
instaladas em pequenas asas nas laterais da aeronave.
Alguns aeronaves utilizadas em missões de contra-insurgência:
* Britten-Norman Defender (Reino Unido)
* BAC Strikemaster (Reino Unido)
* Rockwell OV-10 Bronco (EUA)
* Cessna A-37 Dragonfly (EUA)
* Cessna O-2 Skymaster (EUA)
* Embraer EMB 314 Super Tucano (Brasil)
* FMA IA 58 Pucará (Argentina)
* Soko J-20 Kraguj (Iugoslávia)
* AH-64 Apache (EUA)
* Mi-24 Hind (Rússia)
Nas operações de contra-insurgência os helicópteros tem uma grande importância.Como
plataformas ofensivas, os helicópteros oferecem vantagens sem igual. À primeira vista,
aparentam ser muito vulneráveis, voando ruidosa e vagarosamente à baixa altitude. Contudo,
não são fáceis de derrubar. Com tanques de combustível auto-vedáveis e um pouco de
blindagem, os helicópteros são altamente resistentes às armas de pequeno calibre.
Os helicópteros podem rapidamente transportar tropas para atacar forças guerrilheiras
descobertas por unidade de reconhecimento, ou cercarem essas as forças inimigas. Caso o
inimigo busque neutralizar os vôos atacando os helicópteros com fogo de pequenas armas
quando este diminuem a velocidade para desembarcar as tropas na área de aterrissagem, as
forças de contra-insurgência podem manter uma escolta de helicópteros armados, que
permanece acima da Zona de Desembarque vigiando a área e prontos para intervir assim
que necessário. Aeronaves de asa fixa também podem auxiliar na supressão do fogo inimigo,
sendo assim helicópteros UH-60 Blackhawk podem ter o apoio de helicópteros AH-64 Apache
ou aviões A-10 Thunderbolt, no caso dos americanos, ou helicópteros Mi-8 ou Mi-17 podem
contar com a cobertura de helicópteros Mi-24 Hind