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Curso de Gestão Financeira
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MÓDULO I SUMÁRIO 1. Introdução
2. Fundamentos da Gestão Financeira
3. Fundamentos de Administração
4. A Estrutura do Departamento Financeiro
5. Matemática Financeira
6. Relacionamento Bancário
7. Orçamento Empresarial
8. Como fazer um Planejamento Orçamentário
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1. Introdução A busca incessante de inovações, invenções, novas tecnologias e
metodologias é um fato marcante no mundo globalizado. Atualmente deparamo-nos
com diversos instrumentos facilitadores, diferente de algumas décadas atrás; hoje,
ao sentirmos calor, ligamos o ar-condicionado; se quisermos saber em qual cinema
está passando um filme e não temos o jornal à mão, acessamos a internet e
descobrimos além dos cinemas, também as sessões onde o filme está sendo
exibido. Podemos, inclusive, comprar o ingresso.
Em caso de fome e falta de tempo para preparar o jantar, basta abrir o
freezer e colocar o jantar no forno de microondas e logo está pronto. Se quisermos
falar com uma pessoa que está longe, ou no trânsito, é possível ligar para o seu
celular e o contato é feito.
Todas essas facilidades surgiram com o tempo e para atender algumas das
principais necessidades do ser humano, mas existem determinados assuntos que a
solução não é a simples invenção de um aparelho, mas sim a aplicação de
procedimentos, conceitos e definições que os estudiosos passaram a defender e
aplicar.
Dentre esses assuntos está um dos que mais impactam e preocupam as
pessoas, seja física ou juridicamente, “o dinheiro”, ou melhor, a falta dele.
Perguntas surgem a todo o momento e devido a vários motivos, como por
exemplo:
Como faço para meu dinheiro render mais?
Por que sempre estou entrando no negativo em minha conta corrente?
Eu sempre perco o controle dos meus gastos, o que posso fazer?
Não consigo me planejar para comprar alguma coisa, tem solução?
Essas e outras perguntas fazem parte do dia a dia de diversas pessoas e
empresas. Não é um privilégio de pessoas ou grupos com pouco ou quase nenhum
poder aquisitivo, isso porque no mundo capitalista e com o desenfreado
desequilíbrio financeiro entre as classes sócio-econômicas, todos passam por
dificuldades, inclusive os grandes e poderosos, sejam empresas ou pessoas.
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A eterna busca é pela forma de equilibrar os ganhos de acordo com os
gastos, e ter saldo positivo na conta-corrente; conseguir planejar e adquirir produtos
e serviços para uma melhora na qualidade de vida. E para isso, é necessário ter
alguns conhecimentos, ter disciplina e aplicar determinados procedimentos na vida
financeira, visando o tão sonhado “pote de ouro no final do arco-íris”, ou seja, a
tranqüilidade financeira.
Neste curso, será estudado este problema, suas conseqüências, as causas,
as características, os procedimentos e a gestão do mundo financeiro. Mas uma
citação precisa estar fixada na cabeça de todos que precisam de uma gestão
financeira equilibrada, eficaz e eficiente: “Os recursos financeiros são finitos e as
vontades, desejos e necessidades de consumo das pessoas são infinitas, por isso
precisa-se de disciplina e planejamento, caso contrário, em breve estarão falidos e
mergulhados em um cenário de completa falta de controle e perspectivas, o que
chamam de crise financeira”.
2. Fundamentos da Gestão Financeira
A gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos
administrativos, envolvendo o planejamento, análise e controle das atividades
financeiras da empresa, visando maximizar os resultados econômicos, financeiros,
decorrentes de suas atividades operacionais.
Na gestão financeira cabem as análises, decisões e atuações relacionadas
com os meios financeiros necessários à atividade da empresa. Desta forma, a
função financeira integra todas as tarefas ligadas à obtenção, utilização e controle
de recursos financeiros.
Em outras palavras, a função financeira integra:
A determinação das necessidades de recursos financeiros (planejamento
das necessidades, a inventariação dos recursos disponíveis, a previsão
dos recursos libertos, o cálculo das necessidades de financiamento
externo);
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A obtenção de financiamento da forma mais vantajosa (tendo em conta
os custos, prazos e outras condições contratuais, as condições fiscais, a
estrutura financeira da empresa);
A aplicação criteriosa dos recursos financeiros, incluindo os excedentes
de tesouraria (de forma a obter uma estrutura financeira equilibrada e
adequados níveis de eficiência e de rentabilidade);
A análise financeira (incluindo a coleta de informações e o seu estudo de
forma a obter respostas seguras sobre a situação financeira da
empresa);
A análise da viabilidade econômica e financeira dos investimentos.
3. Fundamentos de Administração
Para fazer uma gestão financeira de qualidade é preciso conhecer
claramente conceitos administrativos, seus fundamentos e principalmente
características de administrador.
A administração é uma área que engloba diversas teorias, conceitos,
técnicas e ferramentas. Em geral, ela tem a finalidade essencial de fazer acontecer
os desejos e objetivos das pessoas, solucionando os problemas e atendendo suas
necessidades.
Há muito tempo as pessoas perceberam a necessidade de união para o
alcance do que desejam, pois assim se torna mais fácil fazer o que deve ser feito,
bem como também torna possível realizar coisas que sozinhas não conseguiriam.
Desses agrupamentos com objetivos comuns surgiram as organizações modernas, e
é principalmente nas organizações que a administração é exercida auxiliando a
gestão financeira.
Uma organização é um organismo composto de grupos de pessoas que se
constituem de forma organizada para alcançar objetivos comuns. Pode ser
conceituada, também, como uma ou mais pessoas trabalhando juntas e de modo
estruturado para alcançar um objetivo específico ou um conjunto de objetivos.
Toda organização funciona como um sistema, ou seja, necessita de
entradas que serão processadas (trabalhadas) e irão gerar produtos/serviços como
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saídas. Os fornecedores garantem as entradas, a organização, realizam o ciclo
produtivo (transformacional) e os clientes são beneficiados pelas saídas.
Toda organização é dividida em áreas funcionais e são estas áreas que
devem ser administradas.
As principais áreas da administração nas organizações são: marketing,
produção/logística, financeira e recursos humanos. Neste curso trataremos da área
financeira, visando um detalhamento maior sobre a gestão financeira e como os
fundamentos administrativos nos auxiliam; a área financeira será analisada sob o
aspecto administrativo.
A área financeira trata dos assuntos relacionados à administração das
finanças das organizações. As finanças correspondem ao conjunto de recursos
disponíveis que serão usados em transações e negócios com transferência e
circulação de dinheiro.
Ao analisar, veremos que as finanças fazem parte do cotidiano, no controle
de recursos para compras e contratações, tal como consta no gerenciamento da
empresa e suas respectivas áreas, seja o marketing, produção, recursos humanos.
A necessidade de gerenciamento das finanças ocorre em toda a organização seja
no nível operacional, gerencial e/ou estratégico, pois envolvem dados e informações
financeiras necessárias para a execução de atividades operacionais e tomadas de
decisão em todos esses níveis.
A administração da área financeira é fundamental para controlar de forma
mais eficaz, possível à concessão de crédito para clientes, o planejamento e análise
de investimentos, e a obtenção de recursos para financiar operações e atividades da
empresa.
O objetivo é o desenvolvimento contínuo, evitando gastos desnecessários e
desperdícios, definindo melhores estratégias para a condução financeira da
empresa.
O bom gerenciamento dessa área possibilita o funcionamento correto e
sinérgico das outras áreas, garantindo a realização das atividades necessárias para
o controle eficaz da entrada e saída de recursos financeiros, maximização dos
investimentos e para a obtenção do lucro.
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A idéia central é a viabilidade dos negócios que proporcionem não somente
o crescimento, mas o desenvolvimento contínuo. É justamente por falta de
planejamento e controle financeiro que muitas empresas quebram nos primeiros
anos de sua existência, apresentando insuficiência e inexistência de suporte
financeiro para sua organização.
A contabilidade possui um íntimo relacionamento de interdependência com a
gestão financeira, mas é preciso esclarecer que a principal função da contabilidade é
desenvolver e prover dados para mensurar a performance da empresa, avaliando
sua posição financeira perante os impostos, contabilizando todo seu patrimônio,
elaborando suas demonstrações, descrevendo as receitas e os gastos.
A administração financeira enfatiza os fluxos de caixa, ou seja, a entrada e
saída de dinheiro, que demonstrará realmente a situação e capacidade financeira
para satisfazer suas obrigações e adquirir novos ativos (bens ou direitos de curto ou
longo prazo) a fim de atingir as metas da empresa.
Portanto, no que diz respeito à circulação de dados e informações
necessárias para o exercício das atividades financeiras e contábeis, a gestão
financeira depende da contabilidade e vice-versa. Todas as atividades empresariais envolvem recursos diversos e, portanto,
devem ser conduzidas para a obtenção de lucro. As atividades financeiras têm como
base de estudo e análise, dados retirados do balanço patrimonial e do fluxo de caixa
da empresa; assim é possível perceber a quantia real disponível para
financiamentos das atividades atuais e das novas atividades a serem implantadas.
Dentre as funções típicas do administrador financeiro estão:
Análise, planejamento e controle financeiro - baseia-se em coordenar
as atividades e avaliar a condição financeira da empresa, por meio de
relatórios financeiros elaborados a partir dos dados contábeis de
resultado, analisando a capacidade de produção, tomando decisões
estratégicas com relação ao rumo total da empresa. O objetivo é
alavancar as operações da mesma para se obter retorno financeiro e
oportunidades de se investir mais nos negócios para o alcance das
metas da empresa.
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Tomada de decisões de investimento - consiste em decidir sobre a
destinação dos recursos financeiros para aplicação em ativos correntes
(circulantes) e não correntes (realizável em longo prazo e ativo
permanente). O administrador financeiro estuda a situação procurando
apresentar os níveis desejáveis de ativos circulantes, determinam quais
ativos permanentes devem ser adquiridos e quando os mesmos devem
ser substituídos ou liquidados, buscando sempre o equilíbrio e a
otimização entre os ativos correntes e não-correntes. Ou seja, deve
decidir quando, como e quanto investir; se valerá a pena adquirir um
bem ou direito, sempre com o intuito de evitar desperdícios e gastos
desnecessários; e também decidir sobre a imobilização dos recursos
correntes, que se ocorrer com altíssimos gastos na aquisição de imóveis
e bens que trarão pouco retorno positivo e muita depreciação no seu
valor, poderá inviabilizar o capital de giro imprescindível para a
sobrevivência da empresa.
Tomada de decisões de financiamentos - dizem respeito à
captação de recursos diversos para o financiamento dos ativos correntes
e não correntes, no que tange todas as atividades e operações da
empresa e necessite de capital ou de qualquer outro tipo de recurso para
a execução de metas ou planos da empresa. Levando em conta a
combinação dos financiamentos a curto e longo prazo com a estrutura
de capital, ou seja, não se emprestará mais do que a capacidade da
empresa tem para pagar e ser responsável pela suas exigibilidades.
Para isso, é preciso pesquisar fontes de financiamento confiáveis e
viáveis, sempre balanceando juros, benefícios e formas de pagamento.
Dependendo do tamanho e necessidade da empresa, o administrador
financeiro pode exercer essas funções típicas ao atuar em cargos específicos, como:
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Analista financeiro - tem como função principal preparar os planos
financeiros e orçamentários, analisando desempenho e realizando previsões futuras;
Gerente de orçamento de capital – sua função é avaliar e recomendar as
propostas de investimentos em ativos, verificando se trará resultados positivos ou
negativos no aspecto financeiro;
Gerente de projetos de financiamentos - conseguem financiamentos para
investimentos em ativos, ou seja, elaboram projetos que estabelecem como financiar
os ativos desejados, comparando alternativas como comprar à vista ou a prazo, ou
ainda realizar um leasing, dependendo de cada situação;
Gerente de Caixa - responsável por manter e controlar os saldos diários do
caixa da empresa, geralmente cuida das atividades de cobrança e desembolso do
caixa e investimentos em curto prazo;
Analista ou Gerente de crédito - gerencia as políticas de crédito da
empresa, avaliando as solicitações de crédito, extensão, monitoramento e cobrança
de contas a receber;
Gerente de fundos de pensão - supervisiona a administração de ativos e
passivos do fundo de pensão dos empregados, economizando e investindo o
dinheiro para atender metas de longo prazo.
Todo administrador financeiro deve levar em conta os objetivos dos
acionistas e donos da empresa, pois conduzindo financeiramente os negócios, de
maneira correta, proporcionará o desenvolvimento e prosperidade da empresa, de
seus proprietários, sócios e stakeholders em geral.
Podemos verificar que existem diversos objetivos e metas a serem
alcançadas nesta área, dependendo da situação e necessidade. Mas, no geral, a
administração financeira serve para manusear da melhor forma os recursos
financeiros com o objetivo de otimizar o máximo possível o valor agregado dos
produtos e serviços da empresa a fim de se ter uma posição competitiva mediante
um mercado competitivo, garantindo o retorno positivo a tudo o que foi investido,
crescimento financeiro e satisfação aos investidores.
Mas quem é o administrador financeiro? Quais são as principais
características?
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Segundo Chiavenato (2003, p. 03), “existem três tipos de habilidades
importantes para o desempenho administrativo bem-sucedido: as habilidades
técnicas, humanas e conceituais”. Tais habilidades podem ser vistas na figura
abaixo, separadas por níveis organizacionais.
De acordo com Chiavenato (2003), as habilidades técnicas envolvem o uso
de conhecimento especializado (conhecimento de contabilidade, programação de
computador, engenharia, etc.).
As habilidades humanas estão relacionadas com o trabalho com pessoas e
referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal. Já as habilidades
conceituais, envolvem a visão da organização ou da unidade organizacional como
um todo bem como a facilidade em trabalhar com idéias e conceitos, teorias e
abstrações.
A combinação destas habilidades torna-se importante para o administrador.
Contudo, tais habilidades requerem certas competências pessoais para serem
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colocadas em ação com êxito e constituem o maior patrimônio pessoal do
administrador.
Então, para administrar com eficiência e eficácia, há a necessidade de se ter
habilidades (conceituais humanas e técnicas). Mas, como vimos anteriormente, isso
também não é suficiente, pois precisamos ter competências para colocar tais
habilidades em prática.
Mas quais são as competências necessárias ao administrador ou gerente?
Segundo Chiavenato (2003, p. 04), “o administrador - para ser bem-sucedido
profissionalmente, precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento,
a perspectiva e a atitude”. A figura abaixo faz uma representação clara de como ser
um administrador bem-sucedido.
Mas, qual dessas três competências é a mais importante?
Para Chiavenato (2003), não há dúvidas de que a atitude é a mais
importante competência para o Administrador. Sabem por quê?
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Porque não basta ter conhecimento, ter perspectiva se não souber fazer com
que as coisas aconteçam. Deve-se partir do princípio de que o administrador é o
agente de mudanças na organização, portanto, é preciso que desenvolva certas
características pessoais que o tornem um verdadeiro líder na organização.
A seguir há, resumidamente, aspectos ou atividades típicas da área
financeira:
Contabilidade geral.
Auditoria interna.
Contabilidade fiscal.
Orçamentação e custos de produtos já fabricados.
Análise dos resultados contábeis.
Plano de contas e normas contábeis.
Planejamento e controle orçamentário.
Planejamento fiscal e tributário.
Demonstrativos financeiros e contábeis.
Estudo das margens dos produtos e serviços.
Aplicações financeiras.
Descontos de duplicatas de clientes.
Operações de financiamento bancário.
Programação financeira.
Relacionamento geral com bancos.
Seguros.
Controle de contas a pagar e a receber.
Faturamento, crédito e cobrança.
Aprovação de créditos aos clientes.
Reconciliação bancária.
Estudo da situação econômica e financeira da empresa e do país.
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4. A Estrutura do Departamento Financeiro Na realidade, não há uma estrutura organizacional certa ou padrão para o
departamento financeiro. Todavia, certos princípios básicos de organização são
aplicáveis em todos os casos, não importa a estrutura organizacional adotada.
Especificamente, a estrutura organizacional deve estabelecer linhas nítidas de
autoridade e responsabilidade, possibilitar uma autonomia de funcionamento,
demarcar responsabilidades, assegurar que um indivíduo não seja responsável
perante mais de uma pessoa e estabelecer amplitudes adequadas de controle.
Tradicionalmente, divide-se a área financeira de acordo com as funções
mais importantes para cada organização e/ou a natureza dos instrumentos que ela
comporta. Dessa forma, é comum a área financeira estar estruturada em torno de
algumas ou todas as seguintes funções: planejamento, orçamento, contabilidade,
tesouraria, controle e avaliação, auditoria e custos.
Entretanto, outros fatores também determinam o tamanho e a estrutura da
área financeira: a realidade e características locais, o tamanho da organização, os
recursos físicos, financeiros e humanos disponíveis, o volume e a complexidade dos
procedimentos e controles financeiros a serem mantidos, o grau de descentralização
de responsabilidades e recursos, etc.
As funções que são relevantes na área financeira podem ser definidas
resumidamente, como segue:
Orçamentação: função responsável pela preparação, acompanhamento
e execução do orçamento financeiro.
Contabilidade: instrumento fundamental da gestão financeira, pois
registra todas as transações ou movimentações de recursos que
envolvam valores monetários; pode ser vista como a "central de
informação" da gestão financeira.
Tesouraria: função ou área que cuida de todos os pagamentos e
recebimentos e administra o dinheiro que é mantido em caixa ou em
contas bancárias para esse fim.
Faturamento: área que cuida da preparação e envio das contas.
14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Custos: função ou área responsável pela apuração e controle dos custos
dos serviços prestados.
Auditoria: conjunto de mecanismos de verificação dos registros
contábeis ou de quaisquer procedimentos que envolvam recursos
financeiros.
Administração do capital de giro: consiste em gerenciar os recursos
financeiros de que a organização necessita no seu dia-a-dia: quanto
manter em caixa, em conta bancária, em investimentos de curto prazo e
alta liquidez, administração dos estoques de materiais e outros insumos.
Análise de investimentos: consiste na análise das possibilidades e
necessidades de investimentos (em instalações, equipamentos, área
física, etc.).
As funções identificadas acima, incluindo as de planejamento, controle e
avaliação, constituem as áreas clássicas da área financeira.
5. Matemática Financeira A Matemática Financeira é uma ferramenta útil na análise de algumas
alternativas de investimentos ou financiamentos de bens de consumo. A idéia básica
é simplificar a operação financeira a um Fluxo de Caixa e empregar alguns
procedimentos matemáticos.
Há alguns elementos básicos na matemática financeira e que estão
presentes no dia a dia da gestão financeira, entre eles temos percentual, juros
(simples e composto), capital, montante, taxa, desconto, fluxo de caixa e diversos
outros. Os principais serão abordados neste curso.
O conceito mais básico e elementar na matemática financeira é o conceito
de porcentagem; precisamos dele em todas as operações financeiras, mas o que é
porcentagem? Porcentagem é uma medida com base 100 onde se expressa uma relação
entre dois valores. O símbolo que representa a porcentagem é “%”.
15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
É importante ter em mente que x%, corresponde a: x ÷ 100 = 0. Trocando
por números, por exemplo:
30% = 30 ÷ 100 => 0,3
Entendido porcentagem vamos aos demais conceitos a começar pelos
Juros. É bastante antigo o conceito de juros no mundo financeiro, tendo sido
amplamente divulgado e utilizado ao longo da História. Esse conceito surgiu
naturalmente quando o Homem percebeu existir uma estreita relação entre o
dinheiro e o tempo. Processos de acumulação de capital e a desvalorização da
moeda levariam normalmente à idéia de juros, pois se realizavam basicamente
devido ao valor temporal do dinheiro.
E foi exatamente o conceito de juros que impulsionou a gestão financeira
suportada pela matemática financeira. Vamos então aos principais conceitos da
matemática financeira.
Capital O Capital é o valor aplicado através de alguma operação financeira.
Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Presente ou Valor
Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado pela tecla PV nas
calculadoras financeiras).
Juros Juros representam a remuneração do Capital empregado em alguma
atividade produtiva. Os juros podem ser capitalizados segundo dois
regimes: simples ou compostos.
Juros Simples: o juro de cada intervalo de tempo sempre é calculado sobre
o capital inicial emprestado ou aplicado.
16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
J = P. i. n
M = P. (1 + (i. n))
Sobre os juros gerados a cada período não incidirão novos juros. Valor
Principal ou simplesmente principal é o valor inicial emprestado ou aplicado, antes
de somarmos os juros. Transformando em fórmula temos:
Onde, J = juros
P = principal (capital)
i = taxa de juros
n = número de períodos
Exemplo: Temos uma dívida de R$ 1000,00 que deve ser paga com juros de
8% a.m. pelo regime de juros simples e devemos pagá-la em 2 meses. Os juros que
pagarei serão:
Solução: J = 1000,00 x 0.08 x 2 = 160,00
Ao somarmos os juros ao valor principal temos o montante.
Montante = Principal + Juros
Montante = Principal + (Principal x Taxa de juros x Número de períodos)
Onde, M = Montante
P = principal (capital)
i = taxa de juros
n = número de períodos
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Exemplo: Calcule o montante resultante da aplicação de R$ 70.000,00 à
taxa de 10,5% a.a. durante 145 dias.
Solução:
M = 70000,00 [1 + (10,5/100).(145/360)] = R$ 72.960,42
Observe que expressamos a taxa i e o período n, na mesma unidade de
tempo, ou seja, anos. Daí ter dividido 145 dias por 360, para obter o valor
equivalente em anos, já que um ano comercial possui 360 dias.
Juros Compostos: o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do
saldo no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada intervalo de
tempo é incorporado ao capital inicial e passa a render juros também.
O juro é a remuneração pelo empréstimo do dinheiro. Ele existe porque a
maioria das pessoas prefere o consumo imediato, e está disposta a pagar um preço
por isto. Por outro lado, quem for capaz de esperar até possuir a quantia suficiente
para adquirir seu desejo, e neste ínterim estiver disposto a emprestar esta quantia a
alguém, menos paciente, deve ser recompensado por esta abstinência na proporção
do tempo e risco, que a operação envolver.
O tempo, o risco e a quantidade de dinheiro disponível no mercado para
empréstimos definem qual deverá ser a remuneração, mais conhecida como taxa de
juros.
Quando se usa juros simples e juros compostos? A maioria das operações envolvendo dinheiro utiliza juros compostos. Estão
incluídas: compras a médio e longo prazo, compras com cartão de crédito,
empréstimos bancários, as aplicações financeiras usuais como Caderneta de
Poupança e aplicações em fundos de renda fixa, etc.
Raramente encontramos uso para o regime de juros simples: é o caso das
operações de curtíssimo prazo, e do processo de desconto simples de duplicatas.
O regime de juros compostos é o mais comum no sistema financeiro e, portanto, o mais útil para cálculos de problemas do dia-a-dia. Os juros gerados a
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M = P. (1 + i ) n
J = M - P
cada período são incorporados ao principal para o cálculo dos juros do período
seguinte.
Chama-se de capitalização o momento em que os juros são incorporados ao
principal. Após três meses de capitalização, temos:
1º mês: M=P(1 + i)
2º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior: M=P(1 + i)(1 + i)
3º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior: M=P(1 + i)(1 + i)(1 + i)
Simplificando, obtemos a fórmula:
Importante: a taxa i tem que ser expressa na mesma medida de tempo de n,
ou seja, taxa de juros ao mês para n meses.
Para calcularmos apenas os juros, basta diminuir o principal do montante ao
final do período:
Exemplo: Calcule o montante de um capital de R$ 6.000,00, aplicado os
juros compostos, durante 1 ano, à taxa de 3,5% ao mês.
(use log. 1,035=0,0149 e log. 1,509=0,1788)
Solução: M = P. (1 + i ) n
P = R$ 6.000,00 ; t = 1 ; ano = 12 meses ; i = 3,5 % a.m. = 0,035; M = ?
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Usando a fórmula, obtemos:
M = 6000 (1 + 0,035)12
M = 6000 (1,035)12
Fazendo x = 1,03512 e aplicando logaritmos, encontramos:
Log. x = log. 1,03512 log. x = 12 log. 1,035 log. x = 12( 0,0149) =
0,1788 log. x = 0,1788 => x = 1,509
Então M = 6000.1,509 = 9054.
Portanto, o montante é R$ 9.054,00
Taxa de juros
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro emprestado,
para um determinado período. Ela vem normalmente expressa da forma percentual,
seguida da especificação do período de tempo a que se refere:
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).
10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que é igual à taxa
percentual dividida por 100, sem o símbolo %:
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre).
Cuidado com o período que vem representado na taxa porque em muitas
situações precisamos transformar o valor da taxa devido ao período não estar
adequado ao problema e aos dados da questão. Para isso temos as Taxas
Equivalentes.
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Taxas Equivalentes
Duas taxas i1 e i2 são equivalentes, se aplicadas ao mesmo Capital P
durante o mesmo período de tempo, através de diferentes sistemas de capitalização;
produzem o mesmo montante final.
Seja o capital P aplicado por um ano a uma taxa anual ia.
O montante M ao final do período de 1 ano será igual a M = P(1 + i a).
Consideremos agora, o mesmo capital P aplicado por 12 meses a uma taxa
mensal im.
O montante M’ ao final do período de 12 meses será igual a M’ = P(1 + im)12.
Pela definição de taxas equivalentes vista acima, deveremos ter M = M’.
Portanto, P(1 + ia) = P(1 + im)12
Daí conclui-se que 1 + ia = (1 + im)12
Com esta fórmula podemos calcular a taxa anual equivalente a uma taxa
mensal conhecida.
Exemplo: Qual a taxa anual equivalente a 8% ao semestre? Solução: Em um ano temos dois semestres, então teremos:
1 + ia = (1 + is) 2 1 + ia = 1,082 ia = 0,1664 = 16,64% a.a.
Taxas Nominais
A taxa nominal é quando o período de formação e incorporação dos juros ao
Capital não coincide com aquele a que a taxa está referida.
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Alguns exemplos:
- 340% ao semestre com capitalização mensal.
- 1150% ao ano com capitalização mensal.
- 300% ao ano com capitalização trimestral.
Exemplo: Uma taxa de 15 % a.a. de capitalização mensal, terá 16.08 % a.a. como taxa efetiva:
15/12 = 1,25 1,25 12 = 1,1608
Taxas Efetivas
A taxa Efetiva é quando o período de formação e incorporação dos juros ao
Capital coincide com aquele a que a taxa está referida.
Alguns exemplos:
- 140% ao mês com capitalização mensal.
- 250% ao semestre com capitalização semestral.
- 1250% ao ano com capitalização anual.
Taxa Real: é a taxa efetiva corrigida pela taxa inflacionária do período da
operação.
Chamamos de VP o valor presente, que significa o valor que eu tenho na
data 0; VF é o valor futuro, que será igual ao valor que terei no final do fluxo, após
juros, entradas e saídas.
Com relação à sigla VP e VF, se vê em alguns livros os autores utilizando o
inverso, ou seja, PV e FV. Nesse caso estão utilizando as iniciais dos nomes em
inglês, “Present Value” e “Future Value”.
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Desconto Simples
A operação de desconto é inversa e a operação da capitalização consiste
em se determinar um Valor Presente equivalente a um determinado Valor Futuro.
Em termos práticos, as operações de desconto são realizadas com os títulos de
crédito - os instrumentos de crédito que possuem garantias legais (duplicatas, notas
promissórias, etc.). Possuindo garantia legal, esses títulos podem ser negociados
livremente, antes de sua data de vencimento.
Assim, um título de crédito pode ser convertido em dinheiro ou substituído
por outro(s) título(s) anteriormente à data prevista para sua liquidação. A conversão
é feita pelo Valor Atual ou Valor Presente (PV) do título, que corresponde ao Valor de Face, Valor Nominal ou Valor Futuro (FV) do título, menos o desconto (d) que é
a compensação em valor pela antecipação do resgate do título.
O Regime de Capitalização Simples utiliza duas formas de cálculo para o
desconto: o Desconto Simples Comercial e o Desconto Simples Racional.
Como apenas a modalidade comercial é praticada, ainda que sua utilização
seja restrita a operações de curto prazo, essa modalidade será o foco do estudo.
Cálculo do Desconto Simples Comercial
O Desconto Simples Comercial (dc), também chamado Desconto Simples
"Por Fora", equivale aos juros simples calculados sobre o Valor Nominal (FV) do
título. A partir da fórmula dos juros simples que é:
Consegue-se deduzir a fórmula do desconto comercial substituindo j por dc e
PV por FV, temos:
J = PV . i . n
23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
dc = FV . i . n
PVc = FV - dc
PVc = FV (1 – i . n)
Exemplo: calcule o desconto comercial de um título de R$ 500,00,
descontado 27 dias antes do vencimento, à taxa de desconto de 5% ao mês.
Solução: FV = 500,00; i = 0,05; n = 27 d = 27/30 me
dc = 500 . 0,05 . 27/30 dc = R$ 22,50
Como o prazo não está em uma unidade de tempo compatível com o
período de capitalização da taxa, é necessário expressá-lo em função dessa nova
unidade de tempo.
Cálculo do Valor Atual Comercial O Valor Atual é o valor pelo qual o título é resgatado ou negociado antes do
seu vencimento e corresponde à diferença entre o Valor Nominal e o Desconto:
ou
Vamos a um exemplo: vamos calcular o Valor de Resgate de um título de
R$ 1100,00, 25 dias antes do seu vencimento, à taxa de desconto de 8% a.m.
Solução: FV = 1100 ; i = 0,08 a.m. ; n = 25d = 25/30 me
PVc = 1100 (1 - 0,08 .25/30 ) PVc = 1100 (1 - 0,0667) PVc = R$
1026,67
24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
FV = PV (1 + i) n
J = FV - PV
J = PV [(1 + i)n – 1]
O exemplo não especificou a modalidade de desconto simples utilizada.
Sendo assim, como norma, é utilizado o desconto comercial.
Regime de Capitalização Composta
Montante e Juros de um único pagamento No Regime de Capitalização Composta, os juros são sempre calculados
sobre o valor bruto do período anterior. Ao contrário do que ocorre no Regime de
Capitalização Simples, no qual temos sempre o mesmo principal, neste regime principal muda a cada período de capitalização. O principal é sempre o Montante ou
Valor Futuro (FV) do período anterior:
Ao trabalhar com juros compostos, é mais simples obter o montante e depois
subtrair o capital inicial para obter o valor dos juros. Assim:
ou
Desconto Composto
O desconto é a operação inversa da capitalização. Enquanto a operação de
capitalização agrega, a cada período, os juros ao capital inicial ou Valor Presente
para produzir o montante ou Valor Futuro, a operação de desconto retira, a cada
período, os juros de um determinado Valor Futuro para produzir o Valor Presente
daquele período.
25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
PV = FV. (1 + i) -n
Fluxo de Caixa
Fluxo de caixa é o detalhamento mensal das rendas e despesas da
empresa, ou seja, a entrada e saída física do dinheiro empregado no desempenho
das atividades empresariais. Se esta diferença for positiva, o saldo irá para o caixa
ou conta bancária da empresa. Se for negativa, significa que a empresa estará
gastando mais do que recebeu, identificando a necessidade de um controle de
gastos mensais.
Conceitualmente, podemos dizer ainda que o fluxo de caixa seja um
instrumento que relaciona os ingressos (entradas) e desembolsos (saídas) de
recursos monetários (dinheiro) de uma empresa em determinado intervalo de tempo.
A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível identificar eventuais excedentes
(sobras) ou escassez (falta) de caixa.
O fluxo de caixa serve para demonstrar graficamente as transações
financeiras em um período de tempo. O tempo é representado na horizontal, dividido
pelo número de períodos relevantes para análise. As entradas ou recebimentos são
representados por setas verticais apontadas para cima e as saídas ou pagamentos
são representados por setas verticais apontadas para baixo. Observe o gráfico
abaixo:
26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Séries Uniformes
Alguns conjuntos de fluxos de caixa possuem características de
uniformidade que permitem o seu tratamento conjunto, para o cálculo de valores
equivalentes no presente e no futuro.
Essas características são:
Finitude: o número de fluxos é finito;
Constância: os fluxos têm o mesmo valor, são constantes;
Periodicidade: os fluxos ocorrem a intervalos ou períodos iguais.
Os conjuntos de fluxos de caixa com as características apresentadas
constituem as chamadas séries uniformes ou rendas.
As séries uniformes são constituídas, tanto nas operações de recuperação
de capital (amortização) como nas de formação de capital (capitalização). Nas
operações de amortização (empréstimos, financiamentos, etc.) o valor a ser
amortizado é anterior à série, é a sua causa, e recebe o nome de Valor Atual ou
Valor Presente (PV) de uma série.
Nas operações de capitalização, o capital formado é posterior à série, é a
sua conseqüência, e recebe o nome de Montante ou Valor Futuro (FV) da série. Os
fluxos de caixa que constituem a série são denominados Termos ou Pagamentos
(PMT); o número de termos (n) e a taxa no período (i) são os demais elementos de
uma operação com séries uniformes.
As séries uniformes classificam-se em Antecipadas, Imediatas
(Postecipadas) e Diferidas em função da época em que ocorrem os seus fluxos.
Séries Imediatas
Em uma série imediata, os fluxos ocorrem no final dos respectivos períodos.
As séries imediatas são mais características das operações de amortização, embora
possam ser utilizadas, também, em operações especiais de capitalização na
27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
constituição de fundos de reembolso para o resgate de dívidas ou fundos de
provisão para a substituição de equipamentos. O DFC de uma série imediata de
entradas de capital tem o seguinte aspecto:
Séries Antecipadas
Em uma série antecipada, os fluxos ocorrem no início dos respectivos
períodos. As séries antecipadas são mais freqüentes nas operações de
capitalização, embora sejam utilizadas, também, em operações de amortização. O
DFC de uma série antecipada de entradas de capital tem o seguinte aspecto:
Séries Diferidas
Em uma série diferida, os fluxos ocorrem no final dos respectivos períodos,
posteriores a um prazo de carência ou diferimento. As séries diferidas são
praticamente exclusivas das operações de amortização, embora sejam utilizadas,
ainda que raramente, em operações de capitalização nos mesmos casos previstos
nas séries imediatas. Estas séries incluem no cálculo um elemento adicional: a
28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
carência ou prazo de diferimento (m). O DFC de uma série diferida de entradas de
capital tem o seguinte aspecto:
A intenção nesse curso é apresentar os principais aspectos da Matemática
Financeira com suas principais definições. Há inúmeras funções com suas
respectivas aplicabilidades. Foram escolhidas as principais para discussão nesse
curso.
6. Relacionamento Bancário O surgimento dos bancos está diretamente ligado ao cálculo de juros
compostos e ao uso da Matemática Comercial e Financeira de modo geral. Na
época em que o comércio começava a chegar ao auge, uma das atividades do
mercado foi também a do comércio de dinheiro, com o ouro e a prata. Nos diversos
países eram cunhadas moedas de ouro e prata.
Aconteceu então a divisão de trabalho dentro do campo do comércio:
paralelamente aos comerciantes que se ocupavam com a troca de artigos comuns,
surgiram os cambistas, isto é, comerciantes dedicados ao intercâmbio de uma
mercadoria específica: o dinheiro.
Num espaço de tempo relativamente curto, acumularam-se fantásticas
somas de dinheiro nas mãos dos cambistas. Com o tempo, foram se ocupando de
uma nova atividade: guardar e emprestar dinheiro. Naquela época, e devido à
deficiente organização das instituições responsáveis pela segurança social do
indivíduo, não era recomendável que se tivesse em casa muitas moedas de ouro e
29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
prata. Estas pessoas entregavam seu dinheiro à custódia do cambista rico, que o
guardava e devolvia ao dono quando ele pedisse.
Era natural que a seguinte idéia ocorresse:
“Porque estas grandes somas de dinheiro haverão de permanecer em meu
poder sem qualquer lucro para mim”? - Ai então se percebe que a palavra "lucro"
está diretamente interligada com o conceito de finanças.
“É pouco provável que todos os proprietários, ao mesmo tempo e num
mesmo dia, exijam a devolução imediata de todo seu dinheiro. Emprestarei parte do
dinheiro a quem pedir, sob a condição de que seja devolvido num prazo
determinado. E como meu devedor empregará o dinheiro como quiser, durante este
é natural que eu obtenha alguma vantagem. Por isso, além do dinheiro emprestado,
deverá entregar-me, no vencimento do prazo estipulado, uma soma adicional”.
Vimos que neste pensamento do mercador, a idéia de lucro já aparece
fortemente.
Assim tiveram início as operações creditícias. Aqueles que, por alguma
razão, se encontravam sem dinheiro como – comerciantes, senhores feudais e não
raras vezes o próprio rei ou o erário nacional -, recorriam ao cambista que lhes
emprestava grandes somas de dinheiro a juros "razoáveis".
O juro era pago pelo usufruto do dinheiro recebido ou, mais propriamente,
era a "compensação pelo temor" de quem dava dinheiro emprestado e assim se
expunha a um grande risco.
Estes juros foram chamados - com toda justiça - de usurário, o dinheiro
recebido emprestado, de capital usurário e o credor, de usureiro.
O cambista exercia sua profissão, sentado num banco de madeira, em
algum lugar do mercado. Daí a origem da palavra "banqueiro" e "banco". Os
primeiros bancos de verdade da História foram criados pelos sacerdotes.
O primeiro banco privado foi fundado pelo duque Vitali em 1157, em Veneza.
Após este, nos séculos XIII, XIV e XV, toda uma rede bancária foi criada. Assim os
bancos foram um dos grandes propulsores práticos para o avanço da Matemática
Comercial e Financeira e da Economia durante os séculos X até XV. Sem essa
motivação para o aprimoramento dos cálculos, talvez, essa área de Matemática não
estivesse tão avançada nos dias atuais.
30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Assim surgiu a empresa que participa da vida de 10 entre 10 pessoas no
mundo financeiro, o Banco. É o início de uma relação da qual nunca ficaremos livres,
porque sempre no mercado, seja em que área de atuação for, teremos um
relacionamento bancário.
E com a criação do banco, surge a criação de produtos e serviços para
serem ofertados às pessoas físicas e jurídicas. São empréstimos, linhas de crédito,
aplicações, contas correntes especiais, seguros de todos os tipos, enfim, um
verdadeiro shopping center financeiro.
A partir da criação do relacionamento bancário, cria-se então a figura do
gerente de conta que por muitas vezes atua como consultor, onde auxilia, orienta e
intermedia solução de diversos problemas.
Atualmente recorre-se ao gerente de conta corrente em diversas situações:
para facilitar na liberação de um empréstimo, para cobrir um cheque que foi sacado
e não se possuía saldo, na tolerância de um depósito que precisa ser realizado,
enfim, em diversas situações precisa-se do gerente.
Sendo assim, é necessário cada vez mais estreitar e melhorar o
relacionamento bancário, buscando sempre ter uma excepcional relação com o
gerente e banco, para se ter “um porto seguro” quando necessário. É claro que o
relacionamento bancário não passa apenas pela boa relação pessoal entre gerente
e cliente (pessoa física ou jurídica), mas principalmente pela relação comercial que o
cliente tem com a instituição banco.
Ou seja, ser fiel ao banco, para que no momento da necessidade de ajuda,
haja um histórico junto à instituição que dará o aval para o necessário auxílio. A
fidelidade é demonstrada em atitudes como o tempo em que forem clientes, na
preferência para aplicações, na indicação do banco para parceiros e todo tipo de
atitude com que faça de você um cliente especial e preferencial.
31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
7. Orçamento Empresarial As empresas bem organizadas sabem da importância e das vantagens de
um bom planejamento de suas atividades em busca de seus objetivos. As
constantes mudanças que estão ocorrendo no ambiente de negócios, muitas delas
produzidas pela globalização dos mercados, estão exigindo das empresas cada vez
mais o aprimoramento de seus processos de planejamento, avaliação e controle,
tendo em vista a tomada de decisões rápidas e de melhor qualidade que lhe
assegurem o atendimento de seus objetivos de continuidade, expansão e
lucratividade.
O estilo pró-ativo de administração hoje, mais do que nunca, é essencial
para o bom andamento dos negócios e proteção do patrimônio de seus proprietários,
ao contrário do estilo reativo, onde a improvisação lança dúvidas quanto à
competência de seus administradores, a seriedade ou, até mesmo, continuidade da
empresa.
O orçamento empresarial deve ser elaborado com vistas aos objetivos a
médio e longo prazo da empresa para que se possa ter tempo de implantá-lo, avaliar
seu grau de adequação a situações específicas de cada empresa e proceder aos
ajustes que se fizerem necessários para o seu correto funcionamento.
O Orçamento é um valioso instrumento de planejamento e controle das
operações da empresa, qualquer que seja seu ramo de atividade, natureza ou porte.
Das grandes companhias multinacionais, até as mais modestas, o orçamento pode
ser utilizado, com as devidas adaptações, como ferramenta para controle e
avaliação de desempenho das atividades empresariais visando alcançar seus
objetivos.
Corroborando com esse entendimento, Franco (1996:83) descreve a
importância do orçamento nas “entidades governamentais e nas entidades com
finalidade social como sendo norma administrativa, devendo os administradores
dessas entidades, se aterem aos limites do orçamento estipulado. Nas entidades
com finalidade lucrativa, o orçamento é considerado como ferramenta de previsão de
resultados a serem alcançados”.
32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Para Sanvincente & Santos (1995:16), planejar é estabelecer com
antecedência as ações a serem executadas; estimar os recursos a serem
empregados e definir as correspondentes atribuições de responsabilidades em
relação a um período futuro determinado, para que sejam alcançados
satisfatoriamente os objetivos fixados para uma empresa e suas diversas unidades.
Os mesmos autores afirmam que Controlar é, essencialmente, acompanhar
a execução de atividades, e comparar este desempenho efetivo com o que foi
planejado, avaliando os resultados obtidos, visando o aperfeiçoamento do processo.
As empresas que contam com a possibilidade de prever, com algum grau de
certeza, os acontecimentos futuros, podem se preparar melhor para aproveitar
oportunidades de negócios ou minimizar os riscos de uma eventual crise.
Conforme Horngren et al (1997:125), o Orçamento pode contribuir para
trazer essa possibilidade uma vez que permitem quantificar, para um determinado
período, os recursos e níveis de atividade necessários para obtenção de seus
objetivos.
A seguir algumas definições dos principais nomes do mundo financeiro e
administrativo sobre orçamento.
O orçamento empresarial, a princípio, consiste em uma série de apostas que
estão dispostos a fazer com base no que se espera acontecer em cada setor da
empresa (condições internas), bem como, no mercado em geral (condições
externas).
De acordo com Moreira (1992:15) o sistema orçamentário do ponto de vista
global é definido como sendo: “[...] um conjunto de planos e políticas que,
formalmente estabelecidos e expressos em resultados financeiros, permite à
administração conhecer, a priori, os resultados operacionais da empresa e, em
seguida, executar os acompanhamentos necessários para que esses resultados
sejam alcançados e os possíveis desvios sejam analisados, avaliados e corrigidos.”
Para Padoveze (2000:369), “Orçar significa processar todos os dados
constantes do sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados
previstos para o próximo exercício”. O mesmo autor diz ainda que: “o orçamento não
deixa de ser uma pura repetição dos relatórios gerenciais atuais, só que com os
dados previstos. Portanto, não há basicamente nada de especial para se fazer
33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
orçamento, bastando apenas colocar no sistema de informação contábil gerencial os
dados que deverão acontecer no futuro.”
Segundo Horngren et al (1997:125), o orçamento em seus “aspectos
financeiros quantificam as expectativas da administração com relação a receitas
futuras, fluxos de caixa e posição financeira”.
Passarelli & Bomfim (2003a: 13), nos dizem que o controle orçamentário
significa: “[...] a utilização de orçamentos e relatórios correspondentes, tendo em
vista coordenar, controlar e avaliar as operações da empresa, de acordo com
objetivos estabelecidos antecipadamente pela sua administração.”
Os orçamentos, tomados como partes de uma estrutura de controle
gerencial, promovem a discussão do planejamento da empresa, de forma geral,
contribuindo no envolvimento de todos os responsáveis, nos objetivos e planos da
empresa definidos dentro de diretrizes já traçadas, bem como, melhorando a
comunicação, coordenação e integração das demais áreas da empresa.
Todo processo de gerenciamento contábil tem seu ponto culminante, em
termos de controle, no orçamento empresarial. O orçamento é ferramenta de
controle por excelência de todo o processo operacional da empresa, pois envolve
todos os setores da companhia.
Possibilita, ainda, que através da comunicação clara, sejam conhecidos, por
parte dos gestores, as exigências e resultados esperados deles, permitindo a
compreensão e participação de cada um nos objetivos empresariais, motivando o
desenvolvimento e implantação de planos de ação, voltados à melhoria contínua dos
processos visando à boa administração dos recursos disponíveis.
Quanto à coordenação e a comunicação na empresa, coordenação é o
entrosamento e o balanceamento de todos os fatores de produção ou serviço de
todos os departamentos e unidades de negócio, de modo que a companhia possa
atingir seus objetivos. Comunicação é tornar esses objetivos compreendidos e
aceitos por todos.
Os orçamentos, além de serem parâmetros para a avaliação dos planos,
permitem a apuração do resultado por área de responsabilidade, desempenhando o
papel de controle por meio dos sistemas de custos e contabilidade.
34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Corroborando com essa idéia, Horngren et al (1997:125), afirmam que a
criação de parâmetros de referência, para avaliação de desempenho, de cada área
da empresa é outro fator importante proporcionado pelos orçamentos como parte do
controle gerencial.
O feedback oferecido pelos orçamentos possibilita a revisão, melhoria, ou
até a reformulação total, dos aspectos estratégicos do planejamento empresarial. A
figura 1 (a seguir) mostra os relacionamentos do orçamento geral da empresa e o
feedback gerado que possibilitam os ajustes no rumo da empresa.
Segundo Horngren et al (1997:126), as empresas podem contornar as
limitações inerentes ao critério de avaliação do desempenho atual medido através
de comparação com desempenhos anteriores, quais sejam, erros incorporados no
passado, padrões de desempenho inferiores e, a expectativa de mudanças nas
condições futuras do ambiente interno e externo da empresa, com a utilização de
medidas orçadas de desempenho.
35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
O orçamento sozinho não é suficiente para fazer a empresa atingir seus
objetivos, mas quando acompanhado de controle, avaliação permanente e
distribuição de responsabilidades com os gerentes executores, convence-os de que
o orçamento está ali para auxiliá-los. Identificando e corrigindo distorções eventuais,
torna-se ferramenta indispensável para obtenção das metas empresariais.
Em algumas organizações, é comum tomar orçamento por planejamento
financeiro e vice-versa. Será esclarecida rapidamente a distinção entre os dois:
No orçamento supõe-se aplicar um determinado recurso numa certa
atividade.
No planejamento financeiro, são dispostos esses recursos para investir
numa determinada atividade.
A palavra "planejamento financeiro" remete para a idéia da necessidade de
controle de um projeto. Tentar controlar esse projeto sugere uma visita antecipada
às ações desejadas (que se dá através do orçamento) e uma análise posterior das
ocorrências financeiras.
Nessa perspectiva pode-se afirmar que, para efetuar um orçamento, é
necessário ter:
a) A noção do que realizar;
b) O quanto custará realizar.
Ao contrário, para elaborar um planejamento financeiro é importante ter seu
orçamento aprovado, e nele ter definido claramente as épocas em que serão
necessárias entradas de recursos para que se possa autorizar a realização de
atividades.
Então será visto, para que são feitos e para que servem os orçamentos.
Elabora-se um orçamento para saber quais serão os recursos necessários
para a realização de um determinado projeto. O orçamento informa de um modo
transparente, a maneira como se pretende aplicar os recursos que se visa obter.
Este instrumento serve como norteador da execução financeira da organização.
O êxito de um projeto está diretamente ligado à formulação cuidadosa e à
administração rigorosa de um orçamento. Esse instrumento deve ser elaborado para
36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
ser o norteador financeiro para a execução das atividades que ocorram no âmbito do
projeto.
Ao elaborá-lo da forma mais próxima possível daquilo que se deseja realizar,
o orçamento torna-se transparente, simples de entender e um instrumento bastante
eficaz para realizar o acompanhamento das ocorrências financeiras.
Por exemplo:
Se no seu projeto serão necessárias algumas viagens, você deve tornar
evidente o trajeto, o número de passagens necessárias, as despesas com
hospedagem, locomoção, refeições e outras despesas que poderão ocorrer, tendo
sempre o cuidado de quantificar essas ocorrências de tal forma que elas possam ser
comparadas em qualquer época.
O detalhamento da natureza, da quantidade de ocorrências e do valor de
uma determinada despesa facilita tanto a análise para aprovação do orçamento
quanto o acompanhamento, por parte do gestor financeiro, das despesas ocorridas.
É essencial entender como se faz um orçamento, também conhecido como
Planejamento Orçamentário.
8. Como fazer um Planejamento Orçamentário Antes de qualquer coisa precisa-se fazer um alerta para não cometer erros
primários, do tipo, um orçamento deve ser elaborado em moeda local, para depois
ser convertido em outra moeda, se for o caso. Ainda que o orçamento seja
elaborado a partir de um projeto pré-aprovado, com um montante já definido e em
moeda diferente da local, todos os valores devem ser orçados em moeda local, para
depois serem convertidos.
Outro aspecto muito importante a ser observado é que o orçamento não é
elaborado somente contando com os recursos financeiros que serão necessários
para a realização do projeto. Sendo assim, é importante quantificar os recursos não-
financeiros que também serão utilizados, como espaços e equipamentos para
utilização durante determinada atividade ou trabalhos que serão realizados por
voluntários.
37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Em terceiro lugar, devem-se mencionar todas as fontes fornecedoras dos
recursos que serão necessários para a realização da atividade.
Um planejamento orçamentário elaborado para um período longo deve
considerar todas as possíveis situações, como por exemplo, a possibilidade de
aumento de preços no percurso. Portanto, é interessante demarcar os momentos em
que poderão ocorrer os reajustes no orçamento.
Por fim, e mais importante que todos os itens acima, o planejamento
orçamentário deve ser elaborado tomando por base algumas premissas:
a) Que a organização, em seu projeto global, tenha definidas as metas e as
estratégias das ações a serem realizadas para atingir seu objetivo;
b) Que a organização tenha claro que orçamento é produto de intensos
debates entre o sonho e a realidade, ou seja, ajuste entre o desejável e o possível;
c) Que a organização tenha clareza dos recursos necessários;
d) Que o orçamento de projetos importantes nem sempre é sinônimo de
planejamento orçamentário da organização;
e) Que o planejamento orçamentário será o espelho das atividades
relacionadas na sua estratégia de ação;
f) Que o planejamento orçamentário é um instrumento útil quando:
- é elaborado com a mesma intensidade do desejo;
- é aceito como um instrumento de orientação;
- é respeitado em seus limites;
- é revisto periodicamente.
Os mandamentos ideais de um planejamento orçamentário:
Ser transparente;
Definir metas;
Discutir estratégias;
Ter clareza das necessidades;
Ter equilíbrio entre o desejado e o possível;
Aceitar os limites na utilização dos recursos;
38 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Aceitar o orçamento como instrumento de orientação;
Fazer revisões periódicas.
Entendidas as premissas acima, deve-se atentar para as seguintes
observações:
1) Em primeiro lugar, promover uma reunião entre todos os envolvidos na
execução da atividade e definir as prioridades.
2) Listar todas as variáveis que estarão contidas no seu planejamento
orçamentário.
3) Fazer uma descrição sucinta das atividades, procurando identificar, com o
maior grau de acerto possível, os diversos recursos que serão utilizados nelas.
4) Separar os recursos financeiros dos não-financeiros e relacioná-los em
colunas separadas.
5) Procurar informar-se dos preços unitários de cada item, assim como o
custo/hora dos trabalhos de consultoria e assessoria, eventualmente necessários.
6) Fazer pesquisa de mercado para o produto ou serviço comercializado
pela sua empresa, tomando o cuidado de consultar, no mínimo, três fornecedores
diferentes.
7) Montar uma planilha, de forma sistemática e ordenada, procurando
agrupar as despesas por afinidade quanto à sua natureza - por exemplo: aluguel e
condomínio são despesas diferentes, mas possuem afinidade entre si.
Ao finalizar a elaboração do orçamento, o responsável deve elaborar uma
memória descritiva de todas as rubricas para que se possa, a qualquer momento,
obter esclarecimentos. Atentar-se a todos os detalhes, premissas e mandamentos,
na seqüência, etapas da construção de um Planejamento Orçamentário.
39 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Etapa 01: Reconhecimento do clima organizacional e diagnóstico da
realidade econômico-financeira:
Realização de reuniões para entendimento do ciclo operacional e
realidades funcionais;
Compreensão da missão, objetivos da empresa e estratégia;
Identificação da ênfase desejada para o planejamento e controle;
Conhecimento da expectativa dos gestores;
Descrição da estrutura de controle existente;
Percepção da cultura organizacional;
Reconhecimento da posição de mercado atual e esperada assim como
da estratégia corporativa;
Projeção de cenário.
Estas informações são obtidas, em geral, nas reuniões iniciais, onde a
equipe deve escutar mais e expressar menos sua opinião.
Etapa 02: Elaboração do planejamento da prática orçamentária:
Coleta de informações específicas junto aos setores da empresa;
Discussão com os gerentes acerca das diretrizes que nortearão os
trabalhos;
Levantamento do material a ser utilizado e seus respectivos custos;
Escolha das pessoas que implementarão o planejamento e discussão
sobre a forma de fazê-lo (análise crítica da técnica).
Com relação à coleta das informações, é preciso considerar informações
externas e internas para podermos entender o cenário e termos condições de gerar
um orçamento fiel e realista. Vamos às principais informações:
40 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Informações Externas: referem-se à economia.
Crescimento da população.
Comportamento do PIB (crescimento ou retração).
Políticas econômicas.
Comércio com exterior.
Mercado concorrente (produtos substitutos).
Mercado consumidor.
Informações Internas: referem-se à empresa.
Informações contábeis.
Estatísticas internas.
Capacidade produtiva e produtividade.
Políticas de preços.
Perspectivas de investimentos internos.
Trata-se da fase mais trabalhosa e que definirá o êxito do trabalho.
Etapa 03: Organização da infra-estrutura e ambiente para a construção do
orçamento:
Definição da equipe a ser envolvida, com base em estudo preliminar
acerca do perfil profissional qualificado para a tarefa. Esta equipe deve
buscar trabalhar de forma integrada com os diversos setores da
empresa, ouvindo suas necessidades e estudando formas para
solucionar os problemas inerentes a cada área, juntamente com seus
respectivos gestores. O grupo escolhido deve também estar totalmente
alheio aos conflitos decorrentes da estrutura de poder vigente, que
comumente está enraizada na organização, impedindo uma maior
integração entre as diversas áreas da empresa.
41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Identificação dos responsáveis setoriais. Em cada setor atua um gestor
que coordena as atividades de área (líder). Além do gestor, devem ser
identificados potenciais colaboradores e parceiros em cada área, os
quais devem atuar na proposição de sugestões para melhoria contínua
de processos e procedimentos. O trabalho de conscientização deve
começar pelos entusiastas.
Discussão sobre as formas de treinamento necessário. Treinar os
funcionários para que eles possam executar suas funções de forma mais
eficiente é um fator importante para o sucesso de qualquer atividade.
Quanto maior o preparo do grupo, melhor estará este, apto para
solucionar as possíveis intempéries que porventura venham a acontecer
no decurso do trabalho e, conseqüentemente, melhor também será a
sua atuação em uma determinada tarefa.
Construção de um cronograma para reuniões. Reuniões periódicas
devem fazer parte de uma agenda de discussão, para que seja
verificado se as diretrizes adotadas estão de acordo com a realidade da
empresa e do ambiente externo. Elaborar um cronograma de reuniões
com as respectivas tarefas a serem cumpridas é muito relevante. Nas
reuniões são discutidos todos os passos realizados e avaliados e/ou
estabelecidos os passos seguintes. A importância de um cronograma de
reuniões é estabelecer datas e prazos para consecução de tarefas.
Etapa 04: Elaboração do orçamento propriamente dito.
Definição do alcance orçamentário;
Identificação das fontes de receitas que financiarão as despesas e custos
da empresa;
Definição das fontes alternativas de recursos.
42 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Etapa 05: Gestão e acompanhamento orçamentário.
Avaliação dos resultados obtidos comparando os números estimados
com os valores efetivamente realizados;
Descoberta e correção das falhas no processo;
Redimensionamento de novas diretrizes a partir dos resultados obtidos.
Com a intenção de auxiliar no levantamento dos dados da organização
visando à criação do Planejamento Orçamentário, estão disponibilizadas algumas
perguntas que poderão ser feitas na fase inicial.
1. A empresa utiliza-se de orçamento?
2. Qual a periodicidade desse orçamento?
3. O orçamento é formalizado com base em documentos e papéis de
trabalho?
4. O orçamento é discutido com base em um rigoroso cronograma?
5. Existe um setor responsável pela geração do orçamento?
6. São gerados planos de ação a partir do orçamento?
7. Quais os tipos de decisões tomadas a partir do orçamento?
8. Existem responsáveis diretos pela execução das decisões?
9. Considera o orçamento desta empresa alinhado à estratégia
corporativa?
10. Como resumiria a estratégia da empresa?
11. Como definiria as etapas de elaboração do orçamento?
12. Quais as premissas fixadas?
13. Que visão tem do orçamento?
14. Quais os benefícios da prática orçamentária para a empresa?
15. Quais as limitações inerentes?
16. Foram identificados desde o início da implementação, em algum
momento ou fase, problemas comportamentais associados à prática
orçamentária?
17. Quais foram eles e como foram resolvidos?
43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
18. De que maneira o orçamento foi implementado nessa empresa?
19. Quais as principais evidências de evolução do projeto orçamentário
vivenciado pela empresa?
20. Quais as limitações hoje percebidas na prática orçamentária?
21. De que forma se configura a interação com o setor contábil?
22. Quais as principais limitações informacionais?
23. Que sistema de informações gerenciais a empresa utiliza na confecção
do orçamento? Solicite informações sobre esse sistema.
24. O orçamento permite identificar de fato o potencial de lucro da empresa?
25. Como são feitas as projeções?
26. Quais as técnicas estatísticas empregadas?
27. Cada vez mais o serviço pós-venda é reconhecido como parte integrante
da cadeia de valor. De que maneira são incluídos no orçamento?
28. Os orçamentos devem contemplar os serviços pós-venda?
29. As atividades pós-venda conseguem aumentar a lealdade dos clientes?
Qual a experiência vivenciada pela empresa?
30. É mais barato manter do que conquistar um cliente?
31. Cada vez mais é importante considerar o ciclo de vida do produto na
realização do orçamento. Como isso é contemplado pelo sistema
orçamentário da empresa?
32. Descreva o ciclo de vida do produto ou serviço “carro-chefe”.
33. O que sugere para melhorar hoje a prática orçamentária da empresa no
que diz respeito ao operacional e ao aspecto cultural da empresa?
Vantagens da Orçamentação
Introduz o hábito do exame prévio e minucioso de informações antes da
TD.
Contribui para TD mais rápidas e acertadas (eficiência e efetividade).
Estimula a participação de todos os membros da administração na
fixação dos objetivos.
Exige quantificação das previsões.
44 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Facilita a delegação de poderes.
Exige informações contábeis confiáveis.
Permite identificar áreas eficientes e deficientes.
Permite a utilização eficaz dos recursos disponíveis.
Limitações da Orçamentação
Baseia-se em estimativas.
Deve ser continuamente monitorada e adaptada às circunstâncias.
Nem todas as empresas possuem recursos para implementar um
sistema adequado.
Atrasos na emissão dos dados comprometem as ações corretivas.
As dificuldades de ajustes geram desconfianças em relação ao resultado
projetado.
É apenas uma ferramenta de apoio à decisão, não podendo tomar o
lugar da administração.
Com esses dados, será possível iniciar os trabalhos e é muito importante
que tudo seja documentado, para que sirva de consulta no decorrer da geração do
Planejamento Orçamentário.
-----------------------FIM DO MÓDULO I-----------------------