UNIDADE I
Gestão Pública, Governabilidade, Governança e Accountability
Desafio da gestão pública no mundo contemporâneo;
Burocracia, cultura organizacional e reforma na Administração
Pública;
O processo de modernização da Administração Pública;
Governabilidade, governança e accountability;
Ética e moral na Administração Pública;
Reforma do Estado e Transparência no Brasil;
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
O principal desafio da gestão pública, no mundo
contemporâneo, é promover o desenvolvimento econômico e
social sustentável, num ambiente de rápidas e profundas
mudanças.
Este desafio impõe às administrações públicas a necessidade
de repensar a questão da governança e do modelo de gestão
pública.
Exige mecanismos inovadores de relacionamento com a
sociedade.
Os governos devem dedicar uma especial atenção às questões
que envolvem:
– A ética;
– A moral
– Transparência na administração pública.
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
O Estado, por meio da administração pública, tem a responsabilidade de atender às
demandas da sociedade, com serviços públicos de qualidade e transparência;
Para cumprir adequadamente o seu papel, a administração pública nos seus diferentes
níveis, federal, estadual e municipal, necessita estar bem estruturada e atuar com
eficiência, eficácia e efetividade.
Visão Sistêmica:
SOCIEDADE
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
ESTADO
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Num sentido amplo, é todo o sistema de
governo, todo o conjunto de idéias, atitudes,
normas, processos, instituições e outras
formas de conduta humana, que determinam
a forma de distribuir e exercer a autoridade
política e atender aos interesses públicos.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
Tem como finalidade a prestação de serviços
aos cidadãos. O fim da administração pública
é o interesse público ou o bem da
coletividade.
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
É encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços
e interesses da coletividade, impondo ao administrador público a
obrigação de cumprir fielmente os preceitos do direito e da moral
administrativa que regem sua conduta.
Natureza da Administração Pública:
Estado – É uma comunidade de homens fixada sobre um território com
poder de mando, ação e coerção constituída de povo, território e governo,
sendo uma entidade política com capacidade de elaborar suas próprias
leis.
Governo – É um conjunto de poderes e órgãos constitucionais.
Poderes do Estado – Legislativo, Executivo e Judiciário. São
independentes e harmônicos entre si com funções reciprocamente
indelegáveis.
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
o A organização política brasileira classifica, no setor público, as entidades em :
Estatais, Autárquicas, Fundacionais e Paraestatais.
Empresas Estatais – São pessoas jurídicas de Direito Público que integram a
estrutura constitucional do Estado e tem poderes políticos e administrativos.
Autarquia – São pessoas jurídicas de Direito Público e fazem parte da
administração indireta. Funcionam e operam na forma estabelecida na lei
instituidora e nos termos de seu regulamento. São autônomas administrativa e
financeiramente, além de possuir patrimônio próprio. Exemplos: INSS, BACEN.
Organização da Administração Pública
Compreende suas entidades, os órgãos e agentes..
Entidades
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Fundações – Fazem parte da administração indireta. São pessoas jurídicas de
Direito Público e semelhantes às autarquias, criadas por lei específica. São
autônomas administrativa e financeiramente, sem fins lucrativos e com
patrimônio próprio.
Entidades Paraestatais – São pessoas jurídicas de Direito Público cuja criação
é autorizada por Lei especifica para a realização de obras, serviços ou
atividades de interesse coletivo; são autônomas, administrativa e
financeiramente, tem patrimônio próprio e operam em regime da iniciativa
particular, ficando vinculada (não subordinadas) a determinado órgão da
entidade estatal a que pertencem, que não interfere diretamente na sua
administração. Exemplos: SESI, SESC,SENAI.
Administração Direta – É o conjunto dos órgãos integrados na estrutura
administrativa das estatais, tais como: Presidência da República, ministérios e
Secretarias.
Entidades (cont.)
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Administração Indireta – Possuem personalidade jurídica própria, que vinculados
a um Ministério e/ou Secretaria, prestam serviços públicos ou de interesse
público, tais como Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Pública e
Sociedade de Economia Mista. Executam atividades do governo que são
desenvolvidas de forma descentralizadas.
Empresa Pública – Possui personalidade jurídica de direito privado, patrimônio
próprio, capital exclusivo ou das entidades estatais (União, Estado e/ou
Município), criada por lei; pode ter mais de um sócio. Exemplos: ECT,
EMBRAPA.
Sociedade de Economia Mista – Tem personalidade Jurídica de direito privado,
criada por Lei, cujo capital social em ações com direito a voto pertence a
entidade estatal (União, Estado-membro, Distrito Federal ou Município) ou
entidade da administração indireta: Banco do Brasil, PETROBRAS.
Entidades (cont.)
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Órgãos Públicos – São centros de competências instituídos para o desempenho
de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada a pessoa
jurídica a que pertencem. Cada órgão, como centro de competência
governamental ou administrativa, tem necessariamente funções, cargos e
agentes, mas é distinto desses elementos, que podem ser modificados,
substituídos ou retirados sem supressão da unidade orgânica. Exemplos:
Ministérios e Tribunais.
o Órgãos públicos – Classificação doutrinária.
No que se refere à posição estatal:
Órgãos Independentes – Originários da Constituição, com autonomia financeira
e administrativa, representam:
• Poderes do Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário.
• Congresso Nacional (Senado e Câmara de Deputados).
• Assembléia Legislativa, Câmara de Vereadores.
• Chefias do Executivo (Presidência, Governadores e Prefeituras.
• Tribunais Judiciais e Juízes Singulares, Ministério Publico.
Órgãos
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
o Órgãos públicos – Classificação doutrinária. (cont.)
No que se refere à posição estatal:
Órgãos Autônomos – Ampla autonomia administrativa, financeira e técnica:
Ministérios, Secretaria de Estado, Consultoria-geral da República e Chefes de
Poderes:
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Agentes Públicos – São todas as pessoas físicas incumbidas de exercer alguma
função estatal, definitiva ou transitoriamente. Os agentes públicos podem ser:
- Políticos - Honoríficos
- Administrativos - Delegados
Agentes Políticos – Ocupam cargos de órgãos independentes (que representam
os poderes do Estado) e dos órgãos autônomos (que são os auxiliares
imediatos dos órgãos independentes). Exercem funções e mandatos
temporários; Não são funcionários nem servidores públicos, exceto para fins
penais, caso cometam crimes contra a Administração Pública. Ex: Presidente da
Republica, Senadores, Governadores, Deputados, Prefeitos, Juízes, Ministros.
Agentes Administrativos – São agentes públicos que se vinculam a
Administração Pública Direta ou as Autarquias por relações profissionais. São
funcionários públicos com regime jurídico único. (estatutários). Os funcionários
de para-estatais não são agentes administrativos, todavia seus dirigentes são
considerados funcionários públicos.
Agentes
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Agentes Honoríficos – São os agentes convocados ou nomeados para
prestarem serviços de natureza transitória, sem vinculo empregatício, e em
geral, sem remuneração. Constituem os “múnus públicos” (serviços
relevantes).
Ex: jurados, comissários de menores, mesários eleitorais. Enquanto
exercerem a função submetem-se a hierarquia e são considerados
funcionários públicos para fins penais.
Agentes Delegados – São os particulares que exercem funções delegadas
da Administração Publica, e que são serviços concedidos, permitidos e
autorizados.
Ex: os serventuários de cartórios, os leiloeiros oficiais, os tradutores, etc.
Respondem criminalmente como funcionários públicos pelos crimes que
cometerem no exercício de sua função.
Agentes
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Principio da Legalidade.
Principio da Impessoalidade.
Principio da Moralidade.
Principio da Eficiência.
Principio da Publicidade.
Conceitos dos princípios constitucionais da Administração
Pública (Emenda Constitucional nº 19/98)
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Principio da Legalidade – Consiste em que a Administração esteja rigorosamente
subordinada a Constituição e a Lei. Para o cidadão em geral, o que não é proibido é
permitido, mas para o administrador público, o principio da legalidade significa que ele
somente poderá fazer o que a lei determina.
Principio da Impessoalidade – Determina que a atividade administrativa deve ser
destinada a todos os administrados, dirigida aos cidadãos em geral, sem a determinação
de pessoas ou discriminação de qualquer natureza.
Principio da Moralidade – Envolve a analise da ação administrativa, pertinente ao seu
interesse público. Se o ato administrativo visa apenas aos interesses do governante, ou
de um determinado grupo, evidentemente não será valido, e poderá ser derrubado
através de um ação judicial.
Principio da Eficiência – Significa que o contribuinte que paga a conta da administração
publica, tem o direito de que essa administração seja eficiente, ou seja, tem o direito de
exigir um retorno (segurança, serviços públicos etc.).
Principio da Publicidade – Torna obrigatório a divulgação de atos, contratos e outros
instrumentos celebrados pela Administração Publica direta, indireta ou fundacional, para
conhecimento, controle e inicio de seus efeitos.
Conceitos dos Princípios Constitucionais da Administração Pública
(Emenda Constitucional nº 19/98)
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DESAFIO DA GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
FORMAS PARA MELHORAR O DESEMPENHO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
O processo orçamentário, o sistema de gestão de pessoal, o papel do Estado e a
transparência que é o mais significativo junto a população.
AS BASES DA CIÊNCIA ECONÔMICA: INSTITUIÇÕES, LIBERDADE E
INDIVIDUALISMO.
As instituições são essenciais e as leis necessárias no processo de ordenamento dos
mercados, mas não suficientes. Assim, alem das instituições, encontram-se os valores
morais (confiança e solidariedade) mais aceitos por todos que garantem o perfeito e o
permanente relacionamento entre indivíduos e instituições.
ECONOMIA DE MERCADO E DEMOCRACIA.
As transformações no mundo contemporâneo são acompanhadas de oportunidades,
desafios e incertezas. Diante dessa realidade, os esforços para viabilizar a inclusão,
reduzir a desigualdade, a instabilidade no crescimento econômico e os problemas
socioambientais são os principais desafios com que grande parte dos governantes,
especialmente na América Latina, se defronta nesta primeira década do século XXI.
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BUROCRACIA, CULTURA ORGANIZACIONAL E REFORMA NA
ADMINISTRAÇAO PÚBLICA
PARADIGMA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A adoção da administração pública burocrática foi desenvolvida como forma de
combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista.
Buscou maximizar os controles administrativos, tendo como ponto de partida à
desconfiança generalizada nos administradores públicos.
O paradigma burocrático não pode servir de referencia para melhorar o padrão de
desempenho do setor público no Brasil. Sem modificações profundas no formato das
instituições públicas, nas forma de controle, nas relações de trabalho e cultura do setor
público, sem foco na missão e orientação para resultados, dificilmente pode-se chegar a
excelência.
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BUROCRACIA, CULTURA ORGANIZACIONAL E REFORMA NA
ADMINISTRAÇAO PÚBLICA
NOVA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O marco referencial da nova administração publica é estimular nos servidores públicos
um compromisso com a estruturação de uma sociedade mais preparada para atender as
crescentes demandas da sociedade, num contexto de fortes mudanças.
Deve procurar rever a forma de prestação de serviço ao público buscando maior
eficiência, eficácia e efetividade.
Para mudar o comportamento da cultura das organizações públicas, tendo o cidadão
como foco, exige profundas revisão nos modelos organizacionais existentes.
ASPECTOS RELEVANTES DA ADMINISTRAÇAO PÚBLICA GERENCIAL
O modelo da administração pública gerencial tem como pressupostos: descentralização
das decisões e funções do Estado, autonomia no que diz respeito à gestão de recursos
humanos, materiais e financeiros e ênfase na qualidade e na produtividade do serviço
público.
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BUROCRACIA, CULTURA ORGANIZACIONAL E REFORMA NA
ADMINISTRAÇAO PÚBLICA
Diferenças entre
Administração Pública e
Burocrática:
Administração Burocrática Administração Pública
Apóia-se na noção geral de
interesse público.
Procura obter resultados
valorizados pelos cidadãos
Garante cumprimento de
responsabilidade.
Gera accountability
Eleva as relações de trabalho
Obedece as regras e aos
procedimentos
Separa serviço e controle
Cria apoio para normas
Amplia a escolho do usuário
Encoraja ação coletiva
Cria incentivos
Define, mede e analisa resultados
Concentra-se nos processos Orienta-se para resultados
É auto-referente Foca o cidadão
Define procedimentos para
contratação de pessoal,
compra de bens e serviços
Luta contra o nepotismo e a
corrupção
Satisfaz as demandas dos
cidadãos
Evita adotar procedimentos
rígidos.
Controla procedimentos Define indicadores de
desempenho – utiliza contratos
de gestão
Define cargos rígidos e
fragmentados
Tem alta especialização
É multifuncional
Flexibiliza as relações de trabalho
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BUROCRACIA, CULTURA ORGANIZACIONAL E REFORMA NA
ADMINISTRAÇAO PÚBLICA
O modelo da administração pública gerencial tem como pressupostos:
- Descentralização das decisões e funções do Estado;
- Autonomia no que diz respeito à gestão de recursos humanos, materiais e financeiros;
- Ênfase na qualidade e na produtividade do serviço público.
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O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO
NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
INTRODUÇÃO
A modernização da administração pública, em sentido amplo, deve buscar de forma
permanente a estruturação de um modelo de gestão que possa alcançar diversos
objetivos, como por exemplo: melhorar a qualidade da oferta de serviços à população,
aperfeiçoar o sistema de controle social da administração pública, elevar transparência,
combater a corrupção, promover a valorização do servidor público, entre outros.
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O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO
NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ESTADO, ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E CIDADANIA
O estado é o local no qual o cidadão exerce a cidadania. Os esforços devem ter como
propósito melhorar a qualidade da prestação do serviço público da perspectiva de quem o
usa e possibilitar o aprendizado social.
A tendência de promover a reforma do Estado, em nível mundial, tem como fundamento
a preocupação dos governos em empreender esforços modernizar e agilizar a
administração pública. Esse movimento em favor da reforma da administração pública
avançou de forma avassaladora na ultimas três décadas, impulsionado pelo pensamento
neoliberal, e estimulado pelos organismos multilaterais como Banco Mundial, FMI, BID
entre outros.
O que se buscou com a reforma do Estado é a substituição do modelo burocrático pelo
modelo gerencial. Este, pautado em princípios da administração das empresas privadas,
traz novos conceitos de gestão, os quais os reformadores acreditam que podem ser
aplicados com sucesso em muitos setores da administração pública: Administração por
objetivos, downsizing, serviços públicos voltados para o consumidor, empowerment,
pagamento por desempenho, qualidade total, formas de descentralização.
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O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO
NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
AS MUDANÇAS NAS RELAÇÕES ENTRE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E OS
USUÁRIOS
As mudanças nas relações entre a administração pública e seus usuários decorrem, em
grande parte, da crise gerada pelo atendimento deficiente ao cidadão. Os usuários de
serviços públicos, além de mostrarem um nível elevado de insatisfação com a qualidade
do atendimento, passaram a exigir, cada vez mais, a prestação de serviços com
qualidade.
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TEORIA DO NOVO SERVIÇO PÚBLICO E PARTICIPAÇÃO POPULAR
No funcionamento da administração pública no Brasil, é possível constatar que poucas
são as práticas que envolvem a participação direta dos cidadãos na formulação e na
implementação de políticas públicas.
O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO
NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FINALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• O Estado existe fundamentalmente para realizar o bem comum. A doutrina costuma
analisar esta grande finalidade do Estado, desdobrando-a em três vertentes: o bem-estar;
a segurança e a justiça social.
GESTÃO PÚBLICA EMPREENDEDORA
• A reforma do Estado não se restringe a reestruturação administrativa e ao alcance do
equilíbrio fiscal. Tem como principal objetivo a consolidação do processo democrático, a
estabilidade econômica e o desenvolvimento sustentável com a justiça social.
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GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E ACCOUNTABILITY
GOVERNABILIDADE
25
Em sentido amplo refere-se às próprias
condições substantivas e materiais de
exercício do poder e de legitimidade do Estado
e do seu governo derivadas da sua postura
diante da sociedade civil e do mercado.
Para diversos autores refere-se às condições
sistêmicas mais gerais, sob os quais se dá o
exercício do poder em uma sociedade, como a
forma de governo, as relações entre os
poderes, os sistemas partidários etc.
GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E ACCOUNTABILITY
GOVERNANÇA
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É a capacidade que determinado governo tem para formular e implementar as
suas políticas públicas. Nesse elenco de políticas, pode-se assinalar a gestão das
finanças públicas, gerencial e técnicas como as mais relevantes para o
financiamento das demandas da coletividade.
A governança trata da aquisição e da distribuição de poder na sociedade,
enquanto a governança corporativa diz respeito à forma como as corporações são
administradas.
A governança corporativa no setor publico deve ser entendida como a proteção
ao inter-relacionamento entre a administração, o controle e a supervisão, feita pela
organização governamental, pela situação organizacional e pelas autoridades do
governo, visando relacionar os objetivos políticos eficientemente e eficazmente,
como, também publicar publicamente e providenciar uma prestação de contas para
o beneficio da sociedade.
GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E ACCOUNTABILITY
GOVERNANÇA (cont.)
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A governança do setor público é constituída pelos seguintes elementos:
responsabilidade em atender a sociedade; supervisão; controle; e assistência
social.
Uma boa governança pública esta apoiada em quatro princípios: relações
éticas, conformidade, em todas as suas dimensões; transparência; e prestação
responsável de contas.
GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E ACCOUNTABILITY
PRESTAÇAO DE CONTAS DOS RESULTADOS DAS AÇÕES
(ACCOUNTABILITY)
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É o conjunto de mecanismo e procedimentos que induzem os dirigentes
governamentais a prestar contas dos resultados de suas ações a sociedade,
garantindo-se dessa forma maior nível de transparência e a exposição
pública das políticas públicas.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ÉTICA
29
Em sentido amplo, pode ser entendida
como o estudo dos juízos de valor que dizem
respeito à conduta humana suscetível de
qualificação do ponto de vista do bem e do
mal, seja relativamente a determinada
sociedade, seja de modo absoluto.
Em outro sentido, ética pode referir-se a
um conjunto de princípios e normas que um
grupo estabelece para seu exercício
profissional, traduzido nos códigos de ética
de diferentes segmentos profissionais, como
por exemplo, advogados, médicos,
engenheiros etc.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
MORAL
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Conjunto de regras de conduta
consideradas como válidas, éticas, quer de
modo absoluto para qualquer tempo ou
lugar, quer para grupos ou pessoa
determinada.
A moral está relacionada ao caráter,
sentimentos e costumes.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL
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As principais diferenças entre ética e moral são as seguintes:
• ética é principio, moral são aspectos de conduta especificas;
• ética é permanente, moral e temporal;
• ética e universal, moral é cultural;
• ética e regra, moral é conduta da regra;
• ética e teoria, moral é pratica.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PROMOÇÃO DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES
32
A promoção da ética que pressupõe transparência e accountability envolve:
• Gestão – criação de condições sólidas para o serviço público, por meio de
uma política efetiva de recursos humanos que contemple uma instância
central voltada para a ética.
• Orientação – engajamento das lideranças, código que exprimam valores e
padrões e socialização profissional, por meio de educação e treinamento.
• Controle – quadro normativo que garanta a independência dos
procedimentos de investigação e processo, prestação de contas e
envolvimento do público.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ÉTICA E TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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A gestão da ética transita em um eixo bem definido, constituído por:
• Valores Éticos – representa a expectativa da sociedade quanto à conduta
dos agentes públicos.
• Normas de Conduta – é o desdobramento dos valores, funcionando como
um caminho prático para que os valores explicitados sejam observados.
• Administração – tem o objetivo de zelar pelos valores e pelas normas de
conduta, assegurando sua efetividade.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CUSTO DA FALTA DE ÉTICA NA GOVERNANÇA
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A falta de ética compromete a capacidade de governança e representa risco
a sobrevivência das organizações, públicas e privadas. Nesse sentido, o
acesso a informação foi aumentado e democratizado, os negócios se tornaram
mais visíveis, passando a ser acompanhado mais de perto pela sociedade.
A falta de ética e a corrupção existem em grande escala e os meios
convencionais de repressão legal na maior parte do mundo têm apresentado
resultados insatisfatórios.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
BOAS PRATICAS EM GESTÃO DA ÉTICA
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Revelação de Interesses: as áreas que cuidam de gestão da ética contam
com declarações nas quais os servidores revelam situações que efetiva ou
potencialmente podem suscitar conflitos de interesses com o exercício da
função pública. A partir dessa “auto-revelação”, é importante identificar
medidas para prevenir tais conflitos.
Ênfase nos aspectos de comunicação, orientação e capacitação: às vezes o
desvio ético não resulta de nenhum objetivo premeditado de transgredir as
normas de conduta, mas de simples desconhecimento ou despreparo quanto a
sua aplicação a situações reais do dia-a-dia, daí a importância da
comunicação efetiva das normas, canais de orientação e programas de
capacitação e treinamento.
Avaliação: é importante que as áreas de gestão da ética contem com
indicadores que permitam aferir os resultados dos trabalhos desenvolvidos.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
COMPORTAMENTO ÉTICO NO SERVIÇO PÚBLICO
36
A falta de ética não distingue países ou organizações. Reconhecer esse
problema, ao invés de escondê-lo sob o tapete, representa sinal de
maturidade, que dá lugar a discussão sobre o que pode e deve ser feito
para promover a ética.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
GESTÃO DA ÉTICA
37
A dimensão do poder do órgão de governo sobre o setor privado é determinante para
elevar a possibilidade de risco da ocorrência de relacionamentos ilegítimos entre os
representantes do poder publico e os do setor privado.
O desvio ético pode ser motivado pela “pressão” ou pela “tentação”. No primeiro caso,
o servidor sobra-se as ordens ilegais ou ilegítimas de seus superiores ou a pedidos de
agentes privados poderosos. Ele age assim com vistas a preservar-se no cargo que
ocupa.
A disseminação ampla e regular da informação tem-se mostrado um instrumento
poderoso para assegurar confiança e accountability. Entretanto, o sigilo nas esferas
governamentais, bem como no setor privado, ainda persiste em muitos paises.
A intensificação da pressão e a demanda por acesso a informação através de
movimentos de cidadania e organizações da sociedade civil refletem a preocupação da
sociedade com a corrupção. Portanto, é necessário que se busque o equilíbrio entre a
obrigação de divulgar a informação e o grau de proteção que lhe deve ser atribuído.
ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ATIVIDADE GOVERNAMENTAL E DESVIO ÉTICO
38
A gestão da ética se revela necessária quando o fortalecimento institucional
não tem se revelado suficiente para garantir a confiança das pessoas externas
à organização e para dar segurança a seus funcionários sobre os limites que
devem ser observados na conduta individual.
A gestão da ética percorre uma trilha bem definida em que se encontram
valores éticos, regra de conduta e administração. As regras de conduta devem
traduzir os valores de forma mais simples e funcionar como um roteiro prático
para assegurar que eles, os valores, estejam sendo levados em conta.
REFORMA DO ESTADO E TRANSPARÊNCIA NO BRASIL
ATIVIDADE GOVERNAMENTAL E DESVIO ÉTICO
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As políticas propostas na década de 80, em
decorrência da necessidade de reformar o
Estado, restabelecer seu equilíbrio fiscal e
equilibrar o balanço de pagamento dos
paises em crise foram orientados com a
única preocupação: reduzir o tamanho do
Estado e viabilizar o domínio total do
mercado.
A partir da redefinição do seu papel, o
Estado deixa de ser o responsável direto
pelo desenvolvimento econômico e social
pela vida da produção de bens e serviços,
para se adequar a uma nova função de
“Estado gerencial”.
REFORMA DO ESTADO E TRANSPARÊNCIA NO BRASIL
ANTECEDENTES DA REFORMA DO ESTADO
40
Constata-se que todos os Estados modernos se dedicam à redistribuição da
renda, a gestão macroeconômica e a regulação de mercados, que constituem
as formas de intervenção na economia.
Redistribuição da renda: Abrange todas as transferências de recursos de um grupo de
indivíduos, regiões ou países, para um outro grupo, bem como o atendimento de setores
específicos e especiais, como por exemplo, educação primaria, seguro social, entre
outros, que os governos obrigam os cidadãos a consumir ou a utilizar.
Estabilização macroeconômica: tem como objetivo alcançar e manter níveis
adequados de crescimento econômico e de emprego. Para atingir esse objetivo o
governo utiliza como principais instrumentos a política fiscal, monetária, cambial e
industrial.
Regulação de Mercados: Tem como propósito corrigir distintos tipos de falhas de
mercado, como por exemplo, o poder de monopólio, a provisão insuficiente de bens
públicos, entre outras.
REFORMA DO ESTADO E TRANSPARÊNCIA NO BRASIL
ANTECEDENTES DA REFORMA DO ESTADO (CONT.)
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A reforma do estado surgiu como uma resposta à influência do velho modelo
estatal e as demandas sociais crescentes de uma emergente sociedade
democrática e plural, no final do século XX. A necessidade de reduzir a
presença do estado na economia e a aceleração do fenômeno globalização
foram os indutores neste movimento.
Na década de 1990, começam a ser feitas as reformas estruturais em
alguns países da região latino-americana, com o ideal de superação da crise e
com a esperança de resgatar a autonomia financeira e a capacidade do
Estado de implementar políticas públicas.
REFORMA DO ESTADO E TRANSPARÊNCIA NO BRASIL
A EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO
42
O 1º modelo gerencial de administração publica surgiu no governo de
Margaret Thatcher com o conceito de managerialism – entendido como a
adoção de práticas estritamente gerenciais privadas dentro do setor público,
pelo qual buscava continuamente a qualidade, descentralização e avaliação
dos serviços públicos.
Tinha como objetivo a produtividade, por meio da economia e da eficiência
da administração publica.
O papel da população no processo de gestão era considerado secundário,
ou seja, de simples contribuinte.
Na década de 80, se mostrou incapaz por não atender todas as demandas
da sociedade.
1º MODELO
REFORMA DO ESTADO E TRANSPARÊNCIA NO BRASIL
A EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO (CONT.)
43
O 2º modelo gerencial de administração publica foi a adoção de serviços
públicos voltados para os anseios dos clientes/consumidores, acompanhada
de uma busca continua pela qualidade desses serviços.
Este modelo conhecido como consumerism, que buscava a efetividade e a
qualidade, tratava o usuário do serviço público com cliente/consumidor dos
serviços públicos.
O consumerism não atendia ao principio da equidade, um dos pilares da
administração pública.
2º MODELO
REFORMA DO ESTADO E TRANSPARÊNCIA NO BRASIL
A EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO PÚBLICA NO MUNDO (CONT.)
44
O 3º modelo denominado de Public Orientation Service (PSO), além da
equidade, buscou incorporar a questão da accountability – a transparência e a
responsabilidade da administração pública.
A mudança dos objetivos de efetividade/qualidade para
accountability/equidade - é motivada pela forma de enfocar o público-alvo, onde
os consumidores passam a ser detentores de direitos e deveres para com o
Estado e os demais cidadãos.
Outro aspecto relevante do PSO é que se baseia na descentralização dos
serviços públicos. Isto porque em governos descentralizados torna-se mais
fácil introduzir a accountability, bem como a participação dos cidadãos na
políticas públicas.
3º MODELO
REFORMA DO ESTADO E TRANSPARÊNCIA NO BRASIL
DEMOCRACIA E CONTROLE SOCIAL
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É perceptível que a prática da democracia na América Latina tem se
manifestado, entre outros aspectos, pela cobrança cada vez mais intensa de
ética e transparência na condução dos negócios públicos.
A transparência das ações dos governos dos países da AL ainda encontra-
se distante do ideal. Ainda existe má gestão na aplicação dos recursos do
Estado, conseqüência da corrupção e da forma distorcida de gastos.
A transparência nos países democráticos exige a criação de instituições de
controle, direito e garantia do bem público.
REFORMA DO ESTADO E TRANSPARÊNCIA NO BRASIL
POLÍTICAS PÚBLICAS E CIDADANIA
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O Estado poderá relegitimar-se política e socialmente, por meio da
incorporação dos cidadãos aos negócios públicos. Essa proposta supõe que
quanto mais se envolvam os cidadãos no debate público e se criem canais de
participação social, mais o setor público verá ampliada sua capacidade de
ação.
REFORMA DO ESTADO E TRANSPARÊNCIA NO BRASIL
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GOVERNANÇA RESPONSÁVEL E PARTICIPAÇÃO PÚBLICAS
No fortalecimento de suas relações com os cidadãos, fica evidenciado que
os governos devem assegurar que:
• A informação seja completa, objetiva, confiável, relevante e de fácil
acesso e compreensão;
• As consultas devem ser objetivas e claras, assim como contemplar a
obrigação do governo em prestar contas sua forma de utilizar as
contribuições do cidadão; e
• A participação proporcione tempo e flexibilidade suficientes para permitir a
elaboração de novas idéias e propostas pelos cidadãos e de mecanismo
para integrá-los nos processos de formulação das políticas governamentais.