COESÃO E COERÊNCIA
TEXTUAIS
ANO LETIVO 2012-2013 – PORTUGUÊS, 12º ANO – PROF. ANTÓNIO ALVES
Diz respeito a todos os meios pelos quais, num
texto, se processa a ligação entre os seus
componentes (palavras, orações, frases e
parágrafos), de modo que transmitam
corretamente a ideia apresentada.
Coesão
Coesão e coerência
1. Coesão gramatical
Frásica
Interfrásica
Temporoaspectual
Referencial
Coesão e coerência
Coesão frásica
Mecanismos que asseguram uma ligação
significativa entre os elementos linguísticos que
ocorrem a nível sintagmático e oracional.
d. Presença de complementos exigidos pelos verbos.
a. Ordenação das palavras e das funções sintáticas;
b. Concordância;
c. Regências;
PROCESSOS
Coesão e coerência
Frase coesa:
• ordenação sintática corrente na língua portuguesa;
• concordância correta em género e número entre todos os
elementos lexicais;
• respeito pela regência do verbo;
• presença do complemento exigido pelo verbo principal
transitivo indireto.
A nossa televisão corresponde aos anseios dos jovens.
Coesão e coerência
Frase não coesa:
• núcleo verbal não concorda em número com o sujeito
composto da frase.
*Os meus irmãos e eu fui ao cinema.
Frase não coesa:
• não é respeitada a regência de preposição instituída pelo
verbo abdicar que exige a preposição de.
*Naquela situação, decidiu abdicar ao cargo.
Coesão e coerência
Coesão interfrásica
É assegurada por processos de sequencialização
que exprimem vários tipos de interdependência
semântica das frases.
d. Pontuação.
a. Coordenação;
b. Subordinação;
c. Conectores e organizadores do discurso;
PROCESSOS
Coesão e coerência
Ainda Eça de Queirós, na cauda da manifestação, tagarelava
com Camilo Castelo Branco, na presença da Nudez Forte da
Verdade, quando um frémito percorreu o arvoredo da Estefânia.
Não chegou a turbilhão, mas foi suficientemente sensível para
que um sujeito que comia um bife na Portugália exclamasse:
“Ena, pá!” O busto de Cesário Verde convocava o de Guerra
Junqueiro e desafiava-o para um desfile. E de busto em busto se
transmitiu que não era justo que as estátuas em corpo inteiro se
manifestassem e que os bustos se ficassem. Afinal, se nos
bustos havia um corpo incompleto, a verdade é que exibiam
“mais concentração do espírito”. A frase foi do busto de um poeta,
mas não me parece que tenha sido Junqueiro ou Verde.
CARVALHO, Mário de, “Corpos incompletos”, in Mealibra, n.º 16, série 3, verão 2005
Coesão e coerência
Coesão temporoaspetual
Mecanismo que coordena os enunciados de acordo
com uma lógica de ordenação temporal das
situações, numa sequencialização que respeita o
conhecimento do mundo partilhado pelos falantes.
d. uso de datas e marcas temporais;
a. uso correlativo dos modos e tempos verbais;
b. recurso a advérbios e/ou locuções adverbiais;
c. utilização de expressões preposicionais com valor temporal;
PROCESSOS
e. recurso a articuladores indicadores de ordenação.
Coesão e coerência
Frase coesa:
• duas situações distintas cuja ordenação é indicada pelos
tempos.
Frase não coesa:
• o tempo verbal utilizado não corresponde à marca temporal
que abre a frase e que remete para um tempo passado.
Quando me levou à escola, o meu pai já tinha
deixado a minha avó na clínica.
*Antigamente, os jovens dedicam-se mais à leitura.
Coesão e coerência
Coesão referencial
Mecanismo que assenta na existência de cadeias
de referência ou anafóricas, constituídas por um
elemento linguístico – o referente – que é
retomado por outro(s) – referente(s), cujo
entendimento só é possível atendendo ao
significado do referente.
Coesão e coerência
a. Anáfora
b. Catáfora
Ao sair da escola, encontrei o Armando e ele disse-me que o seu médico o
atendera rapidamente.
Após a consulta e o que nela lhe fora dito, o jovem sossegou.
Coesão e coerência
c. Elipse
d. Correferência não anafórica
O Armando foi à consulta e [-] sossegou.
O pequeno gato aventurou-se no mundo. A cria ganhou
liberdade.
Coesão e coerência
e. Dêixis
• Pessoal
• Temporal
• Espacial
• Textual A ideia antes exposta... / como se referiu no
capítulo anterior… / como se demonstrou
acima… / veremos seguidamente…
Eu estava em minha casa quando
ligaste.
Ontem, depois do jantar, vi o Telejornal, como
sempre...
Passa-me esse livro que está ao lado da jarra,
por favor.
Coesão e coerência
2. Coesão lexical
Mecanismo que se baseia na repetição da mesma
palavra ao longo do texto ou na sua substituição
por outras que com ela se relacionam em termos de
hierarquia, equivalência ou oposição semântica,
de modo a constituir uma rede semântica adequada
ao tema desenvolvido.
Coesão e coerência
PROCESSOS
Adoro as lembranças que certos odores me despertam. Os
cheiros do mar e da areia, por exemplo, trazem-me
imediatamente à memória as férias em família.
Ao ver a caixa cheia, desejava no seu íntimo que estivesse já
vazia.
b. Sinonímia / antonímia
a. Repetição
A criança é a força do futuro. A criança é a expectativa de
renovação e é na criança que assenta a esperança de um
mundo melhor.
Coesão e coerência
d. Holonímia / meronímia
Naquela casa tudo a atraía. Os quartos luminosos, as salas
coloridas, a cozinha espaçosa e funcional.
c. Hiperonímia / hiponímia
Certos ossos do nosso corpo são mais vulneráveis às
quedas. O fémur , por exemplo, exige atenções
redobradas quando se praticam esforços violentos.
Coesão e coerência
Resulta da interação entre os elementos cognitivos
apresentados pelas ocorrências textuais,
enraizados na intenção comunicativa, e o nosso
conhecimento do mundo.
Coerência
Coesão e coerência
1. Coerência lógico-conceptual
Existe num texto cujo conteúdo está de acordo
com o mundo tal como o concebemos, assente
em relações de índole diversa (tempo, espaço,
causa, fim, meio…), e que, portanto, respeita
princípios referentes à natureza lógica e
regular dos conceitos. São estes princípios:
a. a regra da não contradição;
b. a regra da não tautologia;
c. a regra da relevância.
Coesão e coerência
2. Coerência pragmático-funcional
Nasce da intenção comunicativa. Logo,
depende dos atos ilocutórios e do objetivo que
se pretende atingir com a linguagem. Para se
considerar coerente um determinado texto, há
que atender à intenção do locutor e ao fim do
enunciado, por sua vez associado aos atos de
fala dos outros interlocutores.
Coesão e coerência
Elaborado por Prof. António Alves
a partir do original fornecido no manual
Expressões – Português 12º Ano, Porto Editora