Livros infantis sobre os bairros do Rio de
Janeiro: Quando o aluno de pedagogia se
torna o autor
FLN-A
Equipe:
Carla Cristina Alves
Carla Patricia da Rosa Silva
Dayana Franciely Paz de Souza
Diékson Siderlei Torcatto de Oliveira Trata-se de uma experiência desen-
volvida com alunos de Pedagogia da
Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro (UNIRIO) que, ao
cursarem a disciplina do oitavo perí-
odo, “Literatura na Escola”, com
duração de um semestre letivo, são
desafiados à produção artesanal de
livros infantis sobre os bairros da
cidade do Rio de Janeiro, aliando a
linguagem verbal da narrativa à lin-
guagem visual das ilustrações, a fim
de propiciarem a seus leitores a
consciência do caráter estético de
ambas as linguagens trabalhadas na
confecção dos livros e, sobretudo, o
conhecimento das particularidades
dos bairros da cidade.
RESUMO
A R T I G O D E A L B E R T O R O I P H E
A L U N O S
O curso de Pedagogia da UNIRIO
Criado em 1988
Localizado na Urca, bairro da zona sul da
cidade do Rio de Janeiro
Atende a dois turnos, vespertino e noturno.
Em sua maioria, os professores que atuam no
curso são mestres e doutores.
Os alunos são, em sua maioria, trabalhado-
res.
Alunos residem na área metropolitana do Rio
de Janeiro (zona sul, na zona norte e zona
oeste da cidade) e alguns deles na baixada
fluminense.
A faixa etária desses alunos é, em média, de
22 anos de idade.
Turma pesquisada: do período noturno, ca-
racterizada por trabalhadores, alguns deles,
inclusive, professores dos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental.
Terminália, uma árvore para quem man-
da um recado via pombo correio e por quem
passa a ter seu amor correspondido.
No caso desse segundo livro, as ilustra-
ções são fundamentais, já que, a cada cartão
postal, o texto vai tomando direções diferen-
tes, o que faz com que o leitor não encontre
uma história previsível, mas pare a todo
tempo para pensar sobre novas reações do
personagem poste.
E, é nesse ponto que o conceito de texto-
leitura, de Barthes, se revela, na medida em
que o afluxo de ideias, excitações e associa-
ções faz com que olhares se levantem, junto
com o personagem, durante a leitura desse
livro, e também do outro, ambos pensados
em todos os seus pormenores.
Livros artesanais: o aluno como autor
Jesuíno em: sonho de um menino
O livro conta a história de um menino
que sonhava ser jogador de futebol.O livro-
bola trata-se, na verdade, de uma bola de iso-
por que se abre na metade.E, embora coberta
por uma máscara, a bola é, ao mesmo tempo,
a cara de Jesuíno que, fanaticamente, dá o
tom ao livro. Vale lembrar que o corpo do
personagem tem continuidade em EVA.
Dentro dessa bola, dentro do personagem,
unindo suas duas partes, há um papel cartão
vermelho em forma de sanfona, como possí-
vel alusão a um dos instrumentos do forró, no
qual se encontram os versos que narram a sua
história. Essa sanfona também não está ali
por acaso. Jesuíno era nordestino. O texto em
versos, colado em toda a extensão da sanfona,
lembrando, em alguns momentos, a estrutura
de folhetos de cordel nordestinos.
História Postal
O livro é um conjunto de folhas presas
somente por uma argola de metal, na parte
superior esquerda, e que, individualmente, na
verdade, são cartões postais da Lapa, bairro
boêmio e central da cidade do Rio de Janeiro.
O enredo, aparentemente simples, se
constrói de maneira curiosa, ao se notar que o
personagem que narra a história é um poste.
Parece claro, portanto, que a perspecti-
va se dá de cima para baixo, tanto nas pala-
vras como nas imagens dos cartões postais.
E ainda que o bairro vire somente um
pretexto para o início da história, ele desenca-
deia a ação narrativa.
Nesse caso, o bairro caracteriza de for-
ma extremamente competente a sua ambien-
tação, demonstrando a constante circulação
de personagens um local bastante movimen-
tado da capital carioca.
Construída em quadras, essa narrativa
tem inicialmente como personagem uma mu-
lher, de nome Alzira, que se encosta em um
Poste. O Poste, por sua vez, se apaixona por
ela.
Essa mulher, entretanto, arruma um
namorado. O Poste, que tem em seu corpo
um cartaz colado, em que se encontra o tele-
fone de Dona Lara, uma vidente que promete
trazer seu amor de volta em três dias, não crê
em tal solução e, ao passar a olhar para o la-
do, encontra seu grande amor: