EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DE FAZENDA PÚBLICA
MUNICIPAL DE VILA VELHA – COMARCA DA CAPITAL/ES
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, através da 5ª
Promotoria de Justiça Cível de Vila Velha, que a presente subscreve, com
atribuições judiciais e extrajudiciais nas ações e serviços públicos de saúde e na
defesa do patrimônio público, com fundamento na Constituição Federal nos
artigos 127 caput e 129, incisos II e III; na Lei da Ação Civil Pública (lei 7.347/85);
na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93) e na Lei do SUS
(Lei Federal 8.080/90); vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência
ajuizar a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA
TUTELA
em face do MUNICÍPIO DE VILA VELHA, pessoa jurídica de direito público
interno, na pessoa de seu representante legal, RODNEY ROCHA MIRANDA,
Prefeito Municipal ou Procurador Geral FRANCISCO CARDOSO DE ALMEIDA
NETTO, sediado à Av. Santa Leopoldina, n.º 840, Coqueiral de Itaparica, Vila
Velha, CEP: 29.102-040, tendo em vista as razões adiante:
1. DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público tomou conhecimento, por meio de relatório do Conselho
Regional de Enfermagem, que a Unidade de Saúde de Terra Vermelha
apresenta diversas irregularidades.
Diante da apuração dos fatos pelo parquet, constatou-se a veracidade das
denúncias e a inércia do Município de Vila Velha em adotar as medidas cabíveis,
o que acaba por acarretar violação ao direito difuso à saúde.
A possibilidade de propositura da presente ação civil pública pelo Ministério
Público encontra-se prevista na Constituição Federal, em seu art. 129, incisos II
e III:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
II- zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
serviços de relevância pública aos direitos assegurados
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a
sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos;
Cândice Lisbôa Alves esclarece que a saúde é um direito difuso a ser protegido:
“[...] A saúde pública é, em sua essência, direito difuso. Por
alguns momentos poderá ser pleiteada enquanto direito
individual homogêneo, mas a sua discussão, no sentido do
alcance da proteção conferida constitucionalmente pelo art.
196 da Constituição da República é em si de natureza
difusa.1.”
Assim, demonstrada está a legitimidade do Ministério Público para propositura
da presente demanda, considerando que o direito a saúde não está sendo
assegurado da forma apropriada pelo Município de Vila Velha em total
desrespeito ao previsto no artigo 196 da Constituição Federal.
2. DOS FATOS
Conforme dito anteriormente, o Conselho Regional de Enfermagem do Espírito
Santo enviou a esta Promotoria de Justiça relatório em que apontava
irregularidades na Unidade de Saúde de Terra Vermelha, tais como inexistência
de protocolo de acolhimento, equipes da Estratégia de Saúde da Família
incompletas, ausência de médicos e falta de segurança, colocando em risco o
atendimento dos usuários do Sistema Único de Saúde.
Ciente de tais fatos, o Ministério Público requisitou informações à Direção da
Unidade de Saúde que confirmou a inexistência de protocolo de atendimento e
que equipes da Estratégia de Saúde da Família estavam incompletas, conforme
se constata às fls. 15/19 dos autos.
Posteriormente foi realizada nova vistoria pelo Conselho Regional de
Enfermagem, que constatou que persistiam as irregularidades anteriormente
constatadas, conforme relatório de fls. 444/455 dos autos.
Também foi solicitada a realização de vistoria pelo Centro de Apoio Operacional
de Implementação das Políticas de Saúde do Ministério Público das Políticas de
Saúde sendo também constatadas diversas irregularidades, conforme relatório
de fls. 501/509, devendo ser mencionado ausência de vinculação de vários
programas de assistência à saúde, contratação de servidores de forma
temporária; ausência de registro de responsável técnico junto ao Conselho
Regional de Medicina; equipes da Estratégia de Saúde da Família com ausência
de profissionais; ausência de Política de Educação Permanente; equipes da
Estratégia da Saúde da Família atendendo quantitativo populacional acima do
preconizado na Portaria nº 2488/11; falta de medicamentos; ausência de
acolhimento com classificação de risco; ausência de sistema de informação do
Programa de Agentes Comunitários de Saúde; ausência de alvará da vigilância
sanitária e do corpo de bombeiros; espaço físico inadequado; falta de limpeza
de bebedouros e ar condicionados; ausência de rotinas e protocolos, além de
não estar com suas informações atualizadas junto ao Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde – CNES.
Também foi requisitada a realização de inspeção pela Vigilância Sanitária no
local, sendo confirmadas as informações de irregularidades, pois conforme
relatório de fls. 619/678 faltam porta papel, porta sabonete líquido, lixeiras,
contêineres para dispor as sacolas de lixo no abrigo de resíduos, suporte para
caixa de perfuro cortante, necessidade de troca de torneiras e instalação de ar
condicionado na sala de esterilização; falta de EPI’s; existência de mofos e
infiltrações nas paredes, além de ser providenciado manual de boas práticas
farmacêuticas, procedimentos operacionais padrões e plano de gerenciamento
de resíduos sólidos de saúde, além de outros problemas constatados.
Posteriormente foi realizada nova vistoria pela Vigilância Sanitária do município,
onde foram foi constatado que diversas irregularidades não foram sanadas pelo
município, podendo colocar em risco a assistência a inúmeros usuários do
Sistema Único de Saúde que se dirigem ao local, diariamente, conforme relatório
de fls. 718/767 dos autos.
Portanto, se faz necessário para o atendimento adequado aos pacientes do
Sistema Único de Saúde – SUS que o Município de Vila Velha adote as
providências necessárias para que todas as irregularidades sejam sanadas.
3. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
O direito à saúde é garantido pela Carta Magna, em seu artigo 196:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Tal direito deve ser garantido de forma universal e igualitária, o que não vem
sendo efetivado na Unidade de Saúde de Terra Vermelha, devido a sua estrutura
inadequada, ausência de alvarás da vigilância sanitária e corpo de bombeiros e
falta de medicamentos, conforme constatado nas vistorias realizadas no local.
O direito à saúde deve ser assegurado no caso concreto, e não apenas estar
previsto na legislação. É dever do Estado garantir o acesso saúde, direito
fundamental, nos termos do artigo 2º da Lei 8080/90:
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
Em sendo o acesso à saúde direito fundamental, não há como se admitir o que
vem ocorrendo com a Unidade de Saúde de Terra Vermelha, que não possui
condições de atendimento adequado, considerando a ausência, inclusive, de
medicamentos que deveriam estar a disposição da população.
Tais relatos comprovam que os serviços de saúde não estão sendo prestados
de forma adequada na Unidade de Saúde. A doutrina enfatiza a necessidade de
efetiva disponibilização ao cidadão de serviços de promoção, proteção e
recuperação da saúde, vejamos:
O direito a saúde não pode consubstanciar em vagas promessas e boas intenções constitucionais, garantido por ações governamentais implantadas e implementadas oportunamente, mas não
obrigatoriamente. O direito a saúde (artigos 6º a 196) é dever estatal que gera para o indivíduo direito subjetivo público, devendo o Estado colocar à sua disposição serviços que tenham por fim promover, proteger e recuperar a saúde. O principal corolário dos preceitos constitucionais e da LOS, atinentes á saúde como direito, consiste em reconhecer que o cidadão, por força do direito subjetivo à saúde, está legitimado para o exercício de prerrogativas estabelecidas na legislação sanitária e na legislação correlata, tanto na instância administrativa como na instância judicial2.
A Lei Orgânica da Saúde no artigo 7º institui princípios aplicáveis ao
funcionamento do SUS, dos quais se destaca a universalidade, igualdade de
assistência e integralidade de assistência. Neste sentido a doutrina indica:
1) Universalidade de acesso em todos os níveis de assistência O acesso universal é a expressão de que todos têm o mesmo direito de obter as ações e os serviços de que necessitam, independentemente de complexidade, custo e natureza dos serviços envolvidos. [...]
2) Igualdade de assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie Este princípio reitera que não pode existir discriminação no acesso aos serviços de saúde, ou seja, não é aceitável que somente alguns grupos, por motivos relacionados a renda, cor, gênero ou religião, tenham acesso a determinados serviços e outros não. [...]
3) Integralidade da assistência
A integralidade é entendida, nos termos da lei, como um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema3.
Evidente, que tais princípios não estão sendo observados pelo Município de Vila
Velha, pois os pacientes do SUS que necessitam de atendimento na Unidade de
Saúde de Terra Vermelha não estão tendo o atendimento universal, igualitário e
com integralidade de assistência, tendo em vista a estrutura física inadequada,
falta de medicamento e materiais que devem ser utilizados no atendimento
médico, e até ausência de profissionais.
Todas essas irregularidades acabam por oferecer o atendimento deficitário aos
pacientes, e ineficiência no tratamento e prevenção de doenças àqueles que
mais precisam.
O direito a saúde deve ser garantido independente da classe social do indivíduo.
Neste sentido temos esclarece a doutrina:
Saúde e assistência social são direitos sociais, mas cada qual com uma conformação diferente. Além do mais, o poder público paga aos hospitais filantrópicos pelo serviço prestado ao SUS, tal qual paga aos hospitais privados lucrativos. A saúde é um direito de todo cidadão brasileiro que deve ser efetivado independente da sua condição social4.
Diante da inércia do ente federado em providenciar as medidas necessárias para
sanar as irregularidades constatadas na Unidade de Saúde de Terra Vermelha,
não restou alternativa, senão a propositura da presente ação civil pública visando
que o Município cumpra seu dever constitucional de garantir o direito
fundamental à saúde.
4. DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
A Lei n. 7.347/1985 dispõe que:
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.
A doutrina admite a possibilidade de antecipação dos efeitos da tutela em Ação
Civil Pública, vejamos:
Comungando, também, desse posicionamento, José
Marcelo Menezes Vigliar (1999, p. 71), com precisão
cirúrgica, dispara que a liminar da ACP "constitui uma
inequívoca modalidade de antecipação de tutela, com
requisitos diversos daqueles exigidos pelo atual
art.273 do Código de Processo Civil".
Ou seja, a "liminar" é, na verdade, uma antecipação de
tutela específica, prevista em lei, a ser concedida initio
litis, no limiar do processo, com ou sem justificação prévia,
visando entregar de logo o provimento que só se obteria ao
final, por conta da grande probabilidade do autor ser
considerado vencedor na sentença.
Tem o fito de evitar grave prejuízo ao autor, por conta do
passar do tempo, antecipando-lhe logo o provimento.
Trata-se, pelo fio do raciocínio trilhado, de tutela de
urgência específica, imaginada na LACP, com a nítida
intenção de permitir uma tutela mais segura e firme ao
direito material5.
Estão presentes no caso narrado, os requisitos para a concessão da liminar, pois
o fumus boni iuris decorre do fato de que as irregularidades constatadas na
Unidade de Saúde de Terra Vermelha acabam por violar o direito fundamental a
saúde dos pacientes que ali são atendidos.
O risco da demora é evidente, acarretando sérios danos à saúde pública, pois
se as adequações não forem adotadas em caráter de urgência poderão ocorrer
inclusive óbitos dos pacientes atendidos na referida unidade, devido ao
atendimento inadequado ou ausência de acesso ao tratamento necessário.
Pelo exposto, presentes os requisitos para antecipação dos efeitos da tutela,
requer o Ministério Público a sua concessão, sob pena de multa diária em caso
de descumprimento, na pessoa do gestor, assegurando assim o devido acesso
aos serviços de saúde pelos usuários da Unidade de Saúde de Terra Vermelha.
Para que não continue ocorrendo violação ao direito à saúde, imprescindível,
portanto, a antecipação dos efeitos da tutela, determinando ao Município que
promova a realização das seguintes adequações na Unidade de Saúde de Terra
Vermelha:
01) que seja providenciado Alvará do Corpo de Bombeiro, no prazo
máximo de 30 (trinta dias);
02) Que seja providenciado Alvará da Vigilância Sanitária, no prazo
máximo de 30 (trinta) dias;
03) Elaborar proposta de participação e avaliação dos serviços de
saúde pelos usuários, visando a melhoria da qualificação da
assistência e ampliação da participação social do SUS, no prazo
máximo de 30 (trinta dias);.
04) Atualizar o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde
referente à Unidade de Saúde em relação aos recursos humanos,
serviços prestados e equipamentos disponibilizados, no prazo
máximo de 30 (trinta dias);
05) que sejam criadas duas novas equipes da Estratégia da Saúde
da Família, considerando que, atualmente, as equipes ESF nº 19 e
22, atendem a quantitativo populacional superior ao estabelecido na
Portaria GM/MS nº 2.488/2011, no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
06) que seja providenciada a adesão da Unidade de Saúde de Terra
Vermelha, à Rede Cegonha, no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
07) que seja promovida a adesão da Unidade de Saúde aos
Programas de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (NASF) e Programa Nacional de Melhoria
do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), PECAPS
e Telessaúde, no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
08) Que a Unidade de Saúde passe a utilizar o Sistema de Informação
do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (SISPACS), no prazo
máximo de 30 (trinta) dias;
09) Que seja promovida a contratação dos profissionais necessários
para que as equipes da Estratégia da Saúde da Família passem a atuar
com a composição conforme estabelecida na Portaria nº 2488/11 do
Ministério da Saúde, no prazo máximo de 90 (noventa) dias;
10) Que seja implementada a Política de Educação Permanente, como
forma de promover a qualificação dos serviços prestados à população
adstrita, na forma da Portaria nº 2488/11, do Ministério da Saúde, no
prazo máximo de 60 (sessenta dias);
11) Que seja implementado Protocolo de Acolhimento com Classificação
de Risco, se abstendo de adotar, de forma genérica, o que consta nos
Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde, no prazo máximo
de 60 (sessenta) dias;
12) Que sejam disponibilizados na Farmácia da Unidade de Saúde todos
os medicamentos previstos na Relação Municipal de Medicamentos
(REMUME), no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
13) Que seja providenciado responsável técnico pelas atividades
médicas do serviço, com termo de responsabilidade Técnica/ato de
nomeação devidamente preenchido e disponível no serviço e Certificado
de Regularidade Técnica (CRT) emitida pelo CRM;
14) que sejam providenciadas telas milimetradas e removíveis nas
janelas/básculas/portas que se comunicam com o meio externo, em
todos os setores, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
15) Que seja providenciado Termo de Responsabilidade técnica de
nomeação (RT) do farmacêutico devidamente preenchido e
certificado de regularidade técnica (CRT) emitido pelo CRF;
16) Que seja providenciada balcão sem grade, sem vidro, com
cadeiras em bom estado de conservação e suficientes para o
atendimento à pessoa com deficiência, na recepção, no prazo
máximo de 30 (trinta dias);
17) que a sala de nebulização seja devidamente climatizada, com
renovação de ar, bem como providenciado torneiras com fechamento
que dispense o uso das mãos, no prazo máximo de 30 (trinta) dias
18) Que sejam providenciado na sala de medicação/observação pia
com bancada e dispensador de sabão líquido e porta papel toalha, no
prazo máximo de 30 (trinta dias);
19) Que seja providenciado na sala de preparo caixa para descarte
de perfuro cortante em suporte adequado e lixeira com tampa e
acionamento por pedal, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
20) Em relação a sala de coleta de material: a) Que seja providenciada
maca ou cadeira reclinável; b) que seja providenciada caixa para
descarte de perfuro cortante em suporte adequado, no prazo máximo
de 30 (trinta dias);
21) que seja providenciada a criação de sala de acolhimento e de
almoxarifado para a farmácia, no prazo máximo de 60 (sessenta dias);
22) Em relação a sala de expurgo que seja providenciado: a) lavatório
para higienização das mãos com dispensadores de sabão líquido e papel
toalha; b) que seja providenciada dispensador com sabonete líquido; c)
limpeza dos artigos automatizada; c) cálice graduado (dosador) para o
preparo e diluição de produtos químicos; d) lupa articulada de mesa com
lente de aumento no mínimo de quatro vezes; e) almotolia identificada
com tipo de solução, concentração, data de envase e validade e nome
do responsável, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
23) Em relação a sala de esterilização que seja providenciado: a) na
rotulagem das embalagens a serem esterilizadas que conste o nome do
artigo, data da esterilização, validade e nome do profissional; b) almotolia
identificada com tipo de solução, concentração, data de envase, validade
e nome do responsável; c) a temperatura ambiente e a umidade do
arsenal (guarda de material esterilizado) seja monitorado por meio de
termohigrômetro, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
24) em relação ao banheiro para funcionários: a) que seja providenciado
sanitário adaptado para uso de portadores de necessidades especiais
(deficientes físicos), conforme a ABNT 9050; b) lixeira com tampa
acionada por pedal e identificada para resíduo comum, dotada de saco
preto/azul, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
25) que seja providenciada sabão líquido para os sanitários dos
usuários, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
26) que seja providenciado sabão líquido para a área de serviço, no
prazo máximo de 30 (trinta dias);
27) que seja providenciado container no abrigo temporário de
resíduos, para a disposição destes, no prazo máximo de 30 (trinta
dias);
28) que seja providenciado para os consultórios de odontologia: a)
máscara com filtro para vapores; b) avental impermeável para
lavagem dos instrumentais; c) barreira física impermeável, trocadas
a cada paciente, nos equipamentos e periféricos durante a
realização de procedimentos clínicos, no prazo máximo de 30 (trinta
dias);
29) Em relação a farmácia que seja providenciado o seguinte: a) que
seja providenciada a atualização do manual de boas práticas e os
procedimentos operacionais padrões (POP’s); b) termohigômetro em
quantidades suficientes para o controle de temperatura e umidade
do ambiente; b) capacitação periódica dos funcionários e registro, no
prazo máximo de 30 (trinta dias);
30) Providenciar rotinas e protocolos de assistência médica, dos
procedimentos de enfermagem, de assistência odontológica, dos
serviços de higienização e lavanderia e Plano de Manutenção
Preventiva e Corretiva da Unidade de Saúde, no prazo máximo de
30 (trinta dias);
31) Que seja providenciado Plano de Gerenciamento de Resíduos
em Saúde – PGRSS, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
32) que a unidade de saúde seja estruturada para prestar o primeiro
atendimento/estabilização de urgências que ocorram nas suas
proximidades ou em sua área de abrangência e/ou seja para ela
encaminhada, até a viabilização da transferência para Unidade de
Saúde de maior porte, quando necessário, em atendimento à Portaria
GM/MS nº 2.048/2002 e GM/MS nº 2.488/2011, no prazo máximo de
60 (sessenta) dias;
33) que seja disponibilizado transporte sanitário em tempo integral na
UBSF e/ou conforme a programação da agenda de trabalho das 06
(seis) Equipes de ESF para que seja possível viabilizar as suas
demandas de promoção, prevenção e tratamento de saúde, conforme
preconiza a Portaria nº 2488/2011, no prazo máximo de 60 (sessenta)
dias;
34) Providenciar que a Unidade de Saúde conte com a presença de
profissional médico durante todo o período de funcionamento, no
prazo máximo de 30 (trinta dias);
36) que seja providenciado o devido registro da demanda reprimida
referente a consultas/exames de especialidades e cirurgias eletivas,
ainda que o Estado ou município não disponham de prestador de
serviço, no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
37) Caso as providências acima requeridas que importem em criação
ou ampliação de espaços, oferta de novos serviços, e adesão ou
criação de programas de saúde não possam ser viabilizadas pelo
município, em decorrência de insuficiência de espaço físico, que seja
determinado ao requerido a inclusão em proposta orçamentária do
município de recursos financeiros para construção ou aquisição de
imóvel para funcionamento da unidade de saúde de Terra Vermelha,
que possa atender a todas as exigências legais e ofertar todos os
serviços e programas necessários à população de Vila Velha.
5. DOS PEDIDOS:
a) A concessão da tutela antecipada, nos termos acima pleiteados, inaudita
altera pars.
b) A confirmação da tutela antecipada na sentença, com a condenação definitiva
do Município de Vila Velha à obrigação de fazer consistente em sanar as
irregularidades constatadas na Unidade de Saúde de Terra Vermelha, mediante
a adoção das seguintes providências:
01) que seja providenciado Alvará do Corpo de Bombeiro, no prazo
máximo de 30 (trinta dias);
02) Que seja providenciado Alvará da Vigilância Sanitária, no prazo
máximo de 30 (trinta) dias;
03) Elaborar proposta de participação e avaliação dos serviços de
saúde pelos usuários, visando a melhoria da qualificação da
assistência e ampliação da participação social do SUS, no prazo
máximo de 30 (trinta dias);.
04) Atualizar o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde
referente à Unidade de Saúde em relação aos recursos humanos,
serviços prestados e equipamentos disponibilizados, no prazo
máximo de 30 (trinta dias);
05) que sejam criadas duas novas equipes da Estratégia da Saúde
da Família, considerando que, atualmente, as equipes ESF nº 19 e
22, atendem a quantitativo populacional superior ao estabelecido na
Portaria GM/MS nº 2.488/2011, no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
06) que seja providenciada a adesão da Unidade de Saúde de Terra
Vermelha, à Rede Cegonha, no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
07) que seja promovida a adesão da Unidade de Saúde aos
Programas de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (NASF) e Programa Nacional de Melhoria
do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), PECAPS
e Telessaúde, no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
08) Que a Unidade de Saúde passe a utilizar o Sistema de Informação
do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (SISPACS), no
prazo máximo de 30 (trinta) dias;
09) Que seja promovida a contratação dos profissionais necessários
para que as equipes da Estratégia da Saúde da Família passem a
atuar com a composição conforme estabelecida na Portaria nº
2488/11 do Ministério da Saúde, no prazo máximo de 90 (noventa)
dias;
10) Que seja implementada a Política de Educação Permanente,
como forma de promover a qualificação dos serviços prestados à
população adstrita, na forma da Portaria nº 2488/11, do Ministério da
Saúde, no prazo máximo de 60 (sessenta dias);
11) Que seja implementado Protocolo de Acolhimento com
Classificação de Risco, se abstendo de adotar o que consta, de forma
genérica, nos Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde,
no prazo máximo de 60 (sessenta) dias;
12) Que sejam disponibilizados na Farmácia da Unidade de Saúde
todos os medicamentos previstos na Relação Municipal de
Medicamentos (REMUME), no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
13) Que seja providenciado responsável técnico pelas atividades
médicas do serviço, com termo de responsabilidade Técnica/ato de
nomeação devidamente preenchido e disponível no serviço e
Certificado de Regularidade Técnica (CRT) emitida pelo CRM;
14) que sejam providenciadas telas milimetradas e removíveis nas
janelas/básculas/portas que se comunicam com o meio externo, em
todos os setores, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
15) Que seja providenciado Termo de Responsabilidade técnica de
nomeação (RT) do farmacêutico devidamente preenchido e certificado
de regularidade técnica (CRT) emitido pelo CRF;
16) Que seja providenciada balcão sem grade, sem vidro, com
cadeiras em bom estado de conservação e suficientes para o
atendimento à pessoa com deficiência, na recepção, no prazo máximo
de 30 (trinta dias);
17) que a sala de nebulização seja devidamente climatizada, com
renovação de ar, bem como providenciado torneiras com fechamento
que dispense o uso das mãos, no prazo máximo de 30 (trinta) dias
18) Que sejam providenciado na sala de medicação/observação pia
com bancada e dispensador de sabão líquido e porta papel toalha, no
prazo máximo de 30 (trinta dias);
19) Que seja providenciado na sala de preparo caixa para descarte de
perfuro cortante em suporte adequado e lixeira com tampa e
acionamento por pedal, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
20) Em relação a sala de coleta de material: a) Que seja providenciada
maca ou cadeira reclinável; b) que seja providenciada caixa para
descarte de perfuro cortante em suporte adequado, no prazo máximo
de 30 (trinta dias);
21) que seja providenciada a criação de sala de acolhimento e de
almoxarifado para a farmácia, no prazo máximo de 60 (sessenta dias);
22) Em relação a sala de expurgo que seja providenciado: a) lavatório
para higienização das mãos com dispensadores de sabão líquido e
papel toalha; b) que seja providenciada dispensador com sabonete
líquido; c) limpeza dos artigos automatizada; c) cálice graduado
(dosador) para o preparo e diluição de produtos químicos; d) lupa
articulada de mesa com lente de aumento no mínimo de quatro vezes;
e) almotolia identificada com tipo de solução, concentração, data de
envase e validade e nome do responsável, no prazo máximo de 30
(trinta dias);
23) Em relação a sala de esterilização que seja providenciado: a) na
rotulagem das embalagens a serem esterilizadas que conste o nome
do artigo, data da esterilização, validade e nome do profissional; b)
almotolia identificada com tipo de solução, concentração, data de
envase, validade e nome do responsável; c) a temperatura ambiente
e a umidade do arsenal (guarda de material esterilizado) seja
monitorado por meio de termohigrômetro, no prazo máximo de 30
(trinta dias);
24) em relação ao banheiro para funcionários: a) que seja
providenciado sanitário adaptado para uso de portadores de
necessidades especiais (deficientes físicos), conforme a ABNT 9050;
b) lixeira com tampa acionada por pedal e identificada para resíduo
comum, dotada de saco preto/azul, no prazo máximo de 30 (trinta
dias);
25) que seja providenciada sabão líquido para os sanitários dos
usuários, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
26) que seja providenciado sabão líquido para a área de serviço, no
prazo máximo de 30 (trinta dias);
27) que seja providenciado container no abrigo temporário de
resíduos, para a disposição destes, no prazo máximo de 30 (trinta
dias);
28) que seja providenciado para os consultórios de odontologia: a)
máscara com filtro para vapores; b) avental impermeável para
lavagem dos instrumentais; c) barreira física impermeável, trocadas a
cada paciente, nos equipamentos e periféricos durante a realização
de procedimentos clínicos, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
29) Em relação a farmácia que seja providenciado o seguinte: a) que
seja providenciada a atualização do manual de boas práticas e os
procedimentos operacionais padrões (POP’s); b) termohigômetro em
quantidades suficientes para o controle de temperatura e umidade do
ambiente; b) capacitação periódica dos funcionários e registro, no
prazo máximo de 30 (trinta dias);
30) Providenciar rotinas e protocolos de assistência médica, dos
procedimentos de enfermagem, de assistência odontológica, dos
serviços de higienização e lavanderia e Plano de Manutenção
Preventiva e Corretiva da Unidade de Saúde, no prazo máximo de 30
(trinta dias);
31) Que seja providenciado Plano de Gerenciamento de Resíduos em
Saúde – PGRSS, no prazo máximo de 30 (trinta dias);
32) que a unidade de saúde seja estruturada para prestar o primeiro
atendimento/estabilização de urgências que ocorram nas suas
proximidades ou em sua área de abrangência e/ou seja para ela
encaminhada, até a viabilização da transferência para Unidade de
Saúde de maior porte, quando necessário, em atendimento à Portaria
GM/MS nº 2.048/2002 e GM/MS nº 2.488/2011, no prazo máximo de
60 (sessenta) dias;
33) que seja disponibilizado transporte sanitário em tempo integral na
UBSF e/ou conforme a programação da agenda de trabalho das 06
(seis) Equipes de ESF para que seja possível viabilizar as suas
demandas de promoção, prevenção e tratamento de saúde, conforme
preconiza a Portaria nº 2488/2011, no prazo máximo de 60 (sessenta)
dias;
34) Providenciar que a Unidade de Saúde conte com a presença de
profissional médico durante todo o período de funcionamento, no
prazo máximo de 30 (trinta dias);
36) que seja providenciado o devido registro da demanda reprimida
referente a consultas/exames de especialidades e cirurgias eletivas,
ainda que o Estado ou município não disponham de prestador de
serviço, no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
37) Caso as providências acima requeridas que importem em criação
ou ampliação de espaços, oferta de novos serviços, e adesão ou
criação de programas de saúde não possam ser viabilizadas pelo
município, em decorrência de insuficiência de espaço físico, que seja
determinado ao requerido a inclusão em proposta orçamentária do
município de recursos financeiros para construção ou aquisição de
imóvel para funcionamento da unidade de saúde de Terra Vermelha,
que possa atender a todas as exigências legais e ofertar todos os
serviços e programas necessários à população de Vila Velha.
c) visando assegurar o resultado prático de eventual liminar concedida, a
intimação da Secretária de Saúde do município, determinando-se o cumprimento
da medida no prazo determinado pelo Juízo;
d) a fixação de multa diária no valor a ser arbitrado por Vossa Excelência pelo
descumprimento da determinação judicial, a ser suportada pelo gestor, quer de
natureza antecipatória, quer de natureza definitiva;
d) A citação do Município de Vila Velha, na pessoa do prefeito ou do Procurador
Geral do município para que fique ciente dos termos da presente ação,
contestando-a, se assim por bem houver, prosseguindo-se no feito até final
decisão, quando a ação deverá ser julgada procedente, tornando definitivo o
provimento antecipatório pleiteado no item “a”.
A produção de todas as provas em direito admitidas, sem exceção.
Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Termos em que,
Pede deferimento.
Vila Velha, 24 de novembro de 2015.
1 ALVES, Cândice Lisbôa. Saúde: direito fundamental difuso . Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
18, n. 3595, 5 maio 2013. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/24337>. Acesso em: 27 maio 2015.
2 CARVALHO, Guido Ivan de. SANTOS, Lenir. Sistema Único de Saúde: comentários à Lei Orgânica
de Saúde (Leis nº 8080/90 e 8142/90). 3ed. – Campinas, SP: Editora UNICAMP, 2002, p. 39.
3 GIOVANELLA, Lígia. Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil. 2 ed. rev. e amp./organizado por Lígia
Giovanella, Sarah Escoral, Lenaura de Vasconcelos Costa Lobato e. al. – Rio de Janeiro: Editora
FIOCRUZ, 2012, p.367.
4 CARVALHO, Guido Ivan de. SANTOS, Lenir. Sistema Único de Saúde: comentários à Lei Orgânica
de Saúde (Leis nº 8080/90 e 8142/90). 3ed. – Campinas, SP: Editora UNICAMP, 2002, p. 39
5 NUNES, Marcelo Lima. Tutelas de urgência em sede de ação civil pública. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2099, 31 mar. 2009. Disponível : <http://jus.com.br/artigos/12512>. Acesso em: 1 jul. 2015.