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Escravos e Libertos – Aula 3

Engenho de açucar Real

Engenho trapiche

Engenho manual

Do cotidiano escravo nos engenhos

Em um engenho o número de escravos variava de 60 a mais de 200 dependendo do porte da fazenda.

Homens, mulheres e crianças trabalhavam. Era altíssima a taxa de mortalidade infantil e de abortos espontâneos em função da carga de trabalho.

Em geral os escravos trabalhavam em sistema de cotas, após preencher a sua estavam livres para outras atividades, inclusive para trabalhar em outras atividades para acumular dinheiro.

O trabalho era dividido em “feitorias”, coordenadas individualmente, muitas vezes por negros ou mulatos.

Muitos escravos acabaram tornando-se mestre de açucar

Do cotidiano escravo nas lavouras

Não era incomum haverem escravos assalariados, especialmente em posições de feitoria. O pagamento era feito em roupas, açúcar, sal, dinheiro.

O açúcar produzido no Brasil era exportado na forma de cristais mascavos. O refino era feito na Europa, principalmente na Holanda.

A principal forma de acumulo de capital dos escravos era a formação de roças, nas quais, em geral, cediam parte da produção a seus donos e ficavam com o restante. Muitas alforrias foram compradas graças às roças.

Kilombo (Palmares) (1614 – 1694)

Na região do Congo os Kilombo eram agrupamentos militares.

Quilombos são estruturas sociais que persistem até hoje. Não era exclusividade do Brasil: Maroon na Jamaica, Palenques em Cuba e Colombia.

Nem todos os Quilombos eram isolados como Palmares, na verdade eram em geral muito próximos de fazendas.

Palmares (1630-1695): Maior dos quilombos antigos, território da atual Alagoas, chegou a reunir dezenas de milhares de pessoas.

1678 – Crise entre Zumbi e Ganga Zumba.

Zumbi, Ganga Zumba e Nanny

O ataque a Palmares (1687 – 1694)

Em seu auge Palmares chegou a contar com quase 30 mil habitantes. Não era um único posto, mas várias localidades espalhadas ao redor da Serra da Barriga, sendo a Serra dos Macacos a principal aldeia.

A conquista de Palmares foi lenta e em várias fases. Inicialmente os bandeirantes liderados por Domingos Jorge Velho* (1687) foram derrotados e expulsos. O governo português então ofereceu um território vizinho no qual os homens de Velho esperaram quase um ano por suprimentos e reforços.

A segunda expedição se deu em 1694 e encontrou um quilombro dividido e destruído, Palmares caiu e seu líder Zumbi teve a cabeça arrancada e exposta em feira pública em Pernambuco (Marquese, 2006).

Após Palmares

Após Palmares não encontramos mais a formação de quilombos volumosos no Brasil, a maioria consistindo em no máximo centenas de famílias.

Fatores que influenciaram a dispersão de grandes quilombos:

Regulamentação da profissão de Capitão do Mato.

Decadência econômica canavieira e crescimento da mineração.

Inserção de libertos na sociedade.

Escravos e libertos

Mesmo libertos os ex-escravos tinham dificuldades em se inserir socialmente. Haviam leis que impediam o acesso a terra, armas e mesmo a itens de luxo como tecido de seda. Além disso deveriam andar com documentos que indicassem a alforria ou estariam sujeitos a serem re-escravizados.

No início do século XIX algumas fontes (MARQUESE, 2006) apontam para a presença de 28% de brancos, 27,8 % de libertos (especialmente mulheres e idosos), 34,8 % escravos, 5% indígenas.

Ainda para Marquese:

O comprometimento social dos crioulos e mulatos — sobretudo quando livres e libertos — com a instituição da escravidão, e não apenas o comprometimento dos senhores brancos, foi o elemento decisivo que garantiu a segurança do sistema escravista brasileiro.

Literatura brasileira no primeiro período colonial

Barroco

Influência religiosa (contra-reforma) -> Catolicismo

Principais manifestações: Poesia, prosa e epístolas

Uso abundante de figuras de linguagem.

Conflito entre o corpo e a alma: o corpo, em geral, deveria sofrer para purificar a alma.

Padre Antônio Vieira

O negro na obra de Padre Vieira

“Cumpriram-se principalmente depois que os portugueses conquistaram a Etiópia ocidental, e estão se cumprindo hoje, mais e melhor que em nenhuma outra parte do mundo nesta da América, aonde trazidos os mesmos etíopes em tão inumerável número, todos com os joelhos em terra, e com as mãos levantadas ao céu, crêem, confessam e adoram”.

Recapitulando

A primeira fase da colonização no Brasil: 1500 –1690

Marcada primeiro pela extração de pau-brasil e mão-de-obra predominantemente indígena no primeiro momento (1500-1580)

Engenhos e produção de açúcar (mascavo) para venda no mercado europeu, mão-de-obra predominantemente negra.

Brasil em 1790

A segunda fase da colonização do Brasil: As minas

Em 1690 começaram a ser descobertas jazidas de ouro de aluvião (ouro de rio) por exploradores saidosde Taubaté.

São Paulo era o principal ponto de exploração das minas de ouro em função de sua posição estratégica e de sua principal fonte de riquezas: o apresamento de índios.

Os paulistas que inicialmente detinham o poder na região foram substituídos por portugueses.

A segunda fase da colonização do Brasil: As minas

A organização das Minas Gerais: em 1707 ocorreu uma guerra entre paulistas e o governo do Brasil em função do direito de exploração das regiões mineiras próximas a Vila Rica (Ouro Preto).

Rapidamente Portugal tentou ocultar as jazidas de ouro. Primeiro com impostos e revistas, depois com o fechamento de algumas cidades chave como Vila Rica e Diamantina.

Já no início de 1700 foi criada a estrada do ouro ligando Minas ao Rio em 14 dias. A viagem por São Paulo durava quase dois meses.

Escravos trabalhando em minas

O trabalho nas minas

Lavra e faiscação: lavras eram grandes formas de extração, geralmente conduzidas por escravos e feitores. A faiscação era o ato de peneirar em beirada de rios, tentando achar alguma pepita que tivesse se perdido na lavra.

Os escravos eram constantemente supervisionados e eram obrigados a trabalharem seminus para diminuir a possibilidade de esconderem ouro. No entanto o contrabando era constante.

O Brasil enviou quase mil toneladas de ouro para Portugal durante todo o século XVIII

A definitiva ocupação territorial

Até meados do século XVIII o Brasil ainda era pouco povoado. A maioria da população era composta por indígenas sem contato com a administração portuguesa. De acordo com Celso Furtado até 1710 o Brasil teria cerca de 300 mil habitantes, entre “reinóis”, escravos e filhos da terra.

A ocupação de Minas gerou um movimento de crescimento demográfico por quase todo o país. Como não podia cultivar seus alimentos Minas era, inicialmente, dependente do abastecimento oriundo de outros estados.

Ocupação territorial em 1700

De 300 mil habitantes registrados em 1700 o Brasil passou a mais de 1.5 milhões em 1772 (primeiro censo)

Minas, Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco possuíam 68% da população.

No início do século XIX o Brasil contava com cerca de 3 milhões de habitantes, sendo quase 1.9 milhões de escravos entre africanos (maioria) e mulatos.

A primeira grande ocupação territorial do país foi feita por escravos e seus descendentes.

População nas capitais em 1772


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