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Page 1: ENTREVISTA – PALMÉRIO DÓRIA “Sarney é uma piada de …geracaoeditorial.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/11/11-Politica.pdf“Sarney é uma piada de mau gosto” lJornalista

“Sarney é uma piada de mau gosto”ll Jornalista chama FHC deFernando II. Collor era o Fernando I

ll Escritor diz que tucanos queriamprivatizar Petrobras, CEF e BB

ll Ele diz que José Dirceu é inocente evê show e fantasia do STF

ll Autor lembra que FHC traiuMarconi e Iris derrubou Itamar Franco

LEIA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA

44FHC e Marconi PerilloPor Iris Rezende, em 1998, Fernan-

do Henrique Cardoso traiu o jovemtucano Marconi Perillo. Iris mandouuma tropa e choque para desmontara convenção nacional do PMDB, quepoderia homologar a candidatura do[ex-presidente da República e pai doPlano Real] Itamar Franco. Se ele, Ita-mar Franco, fosse candidato, FHC po-deria não ser reeleito. Ele é o verda-deiro pai do Plano Real e podia mu-dar o jogo. O que houve foi um aten-tado com a convenção, a democracia.

44Brasil pós-FHCHoje em dia temos a exata noção

de que o Brasil saiu pior dos anos Fer-nando Henrique Cardoso [1995-1998e 1999 -2002]. Se ainda vivêssemossob a hegemonia tucana, por exem-plo, não existiriam os Brics. Existiriamapenas os Rics... De 2003 a 2013, oBrasil ganhou projeção mundial, su-biu no ranking mundial das economi-as e virou protagonista.

44Pior das privatizaçõesO que poderia ter sido mais escan-

daloso e que não ocorreu, porque elesnão conseguiram fazer, seriam as pri-vatizações da Petrobras, Banco doBrasil e Caixa Econômica Federal.Imagino que, com os tucanos no po-der, não teríamos, hoje, nem a Petro-bras... Era apenas uma etapa para avenda até do mastro da bandeira na-cional (risos).

44Mírian DutraA mídia nacional, os grandes con-

glomerados de comunicação escon-deram o caso extraconjugal de Fer-nando Henrique Cardoso porqueela tinha a clara noção de que ele[FHC] era o Fernando II, a conti-nuação do Fernando I, Fer-nando Collor, que havia re-nunciado após a aprovaçãodo impeachment, em1992. FHC conse-guiu realizar to-da a agendaque Fer-nando Inão haviaconsegui-do fazer.Esconderum caso

extraconjugal, um suposto filho forado casamento [com a jornalista Míri-an Dutra], que não era, na verdade,nem dele, assim como o Plano Real,cuja paternidade é de Itamar Franco,eram detalhes.

44Plano RealNão é verdade que o Plano Real ga-

rantiu a estabilidade econômica.Com Fernando Henrique Cardoso, oBrasil quebrou três vezes, ficou nasmãos do Fundo Monetário Internaci-onal (FMI) e do Tesouro Americano.O presidente do Brasil, de fato, eraRobert Rubin, homem forte doTesouro dos Estados Unidos.

44DesestatizaçõesO estupro de Fernan-

do II [FHC] ocorreu emseu primeiro mandato[1995-1998]. O segundomandato ficou por con-ta e risco do FundoMonetário Internacio-nal. Hoje em dia, eles[FMI] tentam se me-ter, mas soa comopiada.

44José SarneyFernando Henri-

que Cardoso é umaespécie de José Sar-ney barroco. Numafeliz definição de Mil-l ô r

Fernandes. Sarney é apenas barroco.É uma piada de mau gosto. Um presi-dente acidental. Uma obra do Hospi-tal de Base de Brasília...

44Leilões e concessõesLeilões e concessões [adotados sob

a era Dilma Rousseff] não podem sercomparados com a privataria tucana.Não. Não dá para confundir com aprivataria [mistura de privatizaçãocom pirataria, termo criado pelo jor-nalista Elio Gaspari], que grassou nogoverno de Fernando Henrique Car-doso, o príncipe dos sociólogos. FHC

“privatizou”o céu, o subsolo e os seuspiratas iriam, se estivessem no poder,deitar e rolar com o mar. [referênciaao pré-sal]. É diferente de partilha econcessão.

44AP 470Não há provas contra o ex-ministro

José Dirceu. Ele é inocente. Concordocom o jornalista Raimundo RodriguesPereira, que deveria ganhar o PrêmioEsso por sua série de reportagens so-bre o caso [escândalo do supostomensalão]. A fantasia, o show do Su-premo Tribunal Federal (STF) estásendo desmontado. Mas, as compa-rações são inevitáveis... O jornalistaElio Gaspari diz que o mensalão do

PT perto do escândalo do ‘propino-duto’ tucano em São Paulo é boba-

gem...

44Manifestações de ruaO que sobrou delas, hoje, é

apenas os black blocks. À época[maio, junho e julho], fiquei apa-vorado. Vi a glória do ‘Movimen-

to Cansei’. Ele conseguiu massade manobra. Nunca tinha vistomultidões à direita (risos)

44Projeto de novo livroEscrevo, hoje, um livro sobre a di-

tadura civil e militar no Brasil [1964-1985]. O seu impacto nas

áreas de Cultura eEduca-

ção e

personagens como Paulo Freire, Jo-sué de Castro e Darcy Ribeiro.

44O que anda lendoLeio, hoje, Stanislaw Ponte Preta,

as suas obras reunidas em um só vo-lume. Uma maravilha.

44Onde trabalhouEx, Coojornal, Estado de S. Paulo,

Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil,Placar, revista Sexy, Caros Amigos...

44HojeFaço carreira solo.

44Idade64 anos.

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ENTREVISTENTREVISTA – PA – PALMÉRIO DÓRIAALMÉRIO DÓRIA

“Para a mídia, esconder um caso extraconjugal era um detalhe”

A os 64 anos de idade,com passagens pelas re-dações de Ex, Coojor-

nal, Estado de S. Paulo, Folhade S. Paulo, Jornal do Brasil, ojornalista e escritor PalmérioDória define o ex-presidente daRepública Fernando HenriqueCardoso (PSDB), não como so-ciólogo, mas como “príncipe daprivataria”. Mais: acusa o tuca-nato de tentar vender, à épocade sua hegemonia [1995-1998 e1999-2002], Petrobras, Banco

do Brasil (BB) e Caixa Econômi-ca Federal (CEF). Ele afirmaque as operações privatizanteseram blindadas pelos grandesconglomerados de comunica-ção no Brasil. “Esconder umcaso extraconjugal ou um su-posto filho fora do casamentocom Ruth Cardoso [Com a jor-nalista Mírian Dutra] era ape-nas um detalhe”, diz.

Segundo ele, o ex-ministro daJustiça Iris Rezende Machado(PMDB-GO) teria enviado umatropa de choque violenta a Bra-sília, capital da República, paradesmontar a convenção nacio-nal do PMDB que poderia ho-mologar a candidatura de Ita-mar Franco, a quem classificacomo o verdadeiro “Pai do Pla-

no Real”. Itamar Franco poderiaimpedir que FHC fosse reeleito,acredita. O príncipe da privata-ria teria traído também, nas elei-ções de 1998, ao governo do Es-tado de Goiás, o jovem tucanoMarconi Perillo, que acabariaderrotando o golias evangélicodo PMDB, queridinho então doPalácio do Planalto. O autor ob-serva que o Plano Real não ga-rantiu a estabilidade econômicado Brasil. “Tanto é que o Paísquebrou três vezes com FHC”,dispara.

ERA SARNEYCáustico, ele, que é autor de

Honoráveis Bandidos – Um retra-to do Brasil na era Sarney, Gera-ção Editorial, frisa que o atual se-

nador José Sarney (PMDB) éuma “piada de mau gosto”.“Um presidente acidental.Uma obra do Hospital de Basede Brasília...”, ironiza. PalmérioDória prepara, hoje, um livrosobre a ditadura civil e militar(1964-1985) e o seu impacto nasáreas de Educação e Cultura e opapel de personagens comoPaulo Freire, Josué de Castro eDarcy Ribeiro. Para ele, o jorna-lista Raimundo Rodrigues Perei-ra, ex-Opinião e ex-Movimento,está correto. O ex-ministro-chefeda Casa Civil José Dirceu de Oli-veira e Silva é inocente, fuzila. Elese refere à Ação Penal 470 [men-salão]. O show do Supremo Tri-bunal Federal está sendo des-montado, destaca.

RenatoDiasDa editoria dePOLÍTICA

PERFIL

Nome: Palmério Dória

Idade: 64 anos

Profissão: Jornalista e escritor

Livros: O Príncipe daPrivataria, HonoráveisBandidos, A Guerrilha doAraguaia, A Candidata quevirou picolé, Evasão dePrivacidade, Mataram opresidente

Redações: Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, JB, Ex, Coojornal,Caros Amigos

11Diário da Manhã POLÍTICA & JUSTIÇA GOIÂNIA, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013

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