UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “ LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTIUIÇÃO ESCOLAR
Por: Luciana da Costa Vieira
Orientador
Prof. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagoogia.
Por.: Luciana da Costa Vieira
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AGRADECIMENTOS
Quero agradecer, em primeiro lugar à Deus, pela força e coragem
durante toda esta longa caminhada.
Ao meu esposo, Paulo José, que com seu cuidado e dedicação
me permitiram transpor obstáculos e concretizar o meu objetivo.
Aos meus pais, José e Maria José, que de alguma forma me
incentivaram e me apoiaram nos momentos de dificuldades.
À minha amiga Claudia Musser pela amizade e apoio emocional
nos momentos difíceis.
Aos professores do curso, que foram importantes na minha vida
acadêmica e no desenvolvimento desta monografia.
À todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos
de mim, tornando o meu caminhar cheio de sucesso e alegria.
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DEDICATÓRIA
À minha filha , Ana Beatriz, que com seu
amor, carinho e paciência me tornou forte e
segura para enfrentar os desafios da vida
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RESUMO
Esta pesquisa surgiu da preocupação, em minha prática, como
educadora, diante de inúmeros casos de crianças com baixo desempenho e
diagnóstico de dificuldades de aprendizagem que me deparo em diferentes
anos, além de ser um assunto que vem despertando inúmeras discussões a
cerca de como lidar com algumas situações e orientar familiares e professores
diante de algumas dificuldades dos alunos. Com a certeza de que cada um
constrói seus próprios conhecimentos por meio de estímulos, tem justamente o
objetivo de fazer uma abordagem sobre a atuação e a importância do
psicopedagogo dentro da instituição escolar. Acreditando ser a escola
responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do
psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de
procurar criar capacidades e habilidades para a solução dos problemas. Com
esta finalidade e em consequência do grande número de crianças com
dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a
escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, maior espaço nas
instituições de ensino.
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METODOLOGIA
O presente artigo está classificado nos critérios de pesquisa bibliográfica com consulta de livros, documentos, artigos, sites, enfim, diversos estilos de bibliografia que dizem respeito ao papel do Psicopedagogo. Partindo da pesquisa realizada, os dados foram avaliados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................. 8
CAPÍTULO I - ..................................................................................11
CAPÍTULO II – ................................................................................16
CAPÍTULO III –................................................................................21
CONCLUSÃO – ..............................................................................30
BIBLIOGRAFIA – ............................................................................31
ANEXOS – ......................................................................................33
ÍNDICE – .........................................................................................37
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INTRODUÇÃO
Refletir atualmente sobre a dinâmica ensino-aprendizagem é tarefa que
deve fazer parte do dia a dia de todos os professores envolvidos que estão em
um conjunto de problemas e questionamentos relativos ao futuro das escolas
em nosso país.
Apesar de muitas pesquisas a respeito do fracasso escolar, ainda há
uma preocupação muito grande quando nos deparamos com assuntos voltados
para este problema, pois o número de crianças com problemas de
aprendizagem têm aumentado consideravelmente e isso tem preocupado
profissionais da educação e áreas afins.
Quando o processo de aprendizagem acontece de forma linear o aluno
adquire seus conhecimentos com segurança e sua construção se torna mais
prazerosa. Com auto-estima elevada, o mesmo é capaz de apresentar um
ótimo rendimento em todas as disciplinas.
Porém, se no seu trajeto ele se depara com inúmeras dificuldades tais
como: lentidão ao realizar as tarefas, queda desempenho escolar, notas
baixas, falta de interesse e repetência, levando-o ao fracasso escolar.
Devemos então, considerar o trabalho psicopedagógico, pois direcionará, de
forma significativa, a escola, o aluno e familiares para que haja aprendizagem.
Assim, frente a uma situação-problema, o psicopedagogo atuaria
partindo de uma investigação sobre a vida escolar e familiar do estudante,
através do diálogo com os pais, com os professores e também com o próprio
aluno, tentando visualizar o problema e orientando-os para que a
aprendizagem aconteça de maneira satisfatória.
A ação do psicopedagogo é de suma importância, porque ele vai agir
como um solucionador para os problemas de comportamento e aprendizagem
utilizando diferentes intervenções.
Segundo Bossa (2011, p. 105):
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Cabe, ainda, ao psicopedagogo assessorar a escola,
alertando-a para o papel que lhe compete, seja reeestruturando
a atuação da própria instituição junto a alunos e professores,
seja ainda redimensionando o processo de aquisiçãoe
incorporação do conhecimento dentro do espaço escolar, seja
encaminhando alunos para outros profissionais.
Diante de várias situações que levam ao fracasso escolar, percebeu-se
que o mesmo não pode ser eliminado, mas, pode ser prevenido e isso será
possível através do trabalho fundamental do psicopedagogo que vem com a
idéia de que a psicopedagogia é um novo olhar sobre o aprender e o
aprendente.
Diante disso, se desenvolveu este estudo sobre a contribuição do
psicopedagogo no contexto escolar, isto é, por meio de uma atuação
diferenciada e pautada na formação do cidadão de uma forma global.
Portanto, refletir criticamente sobre a relevância do psicopedagogo
dentro de uma instituição nos desperta para a necessidade de se buscar uma
educação de qualidade e consciente de que as crianças aprendem de formas
distintas e que se faz necessário um trabalho diferenciado em cada unidade
escolar com os alunos que apresentam sérias dificuldades de aprendizagem ao
decorrer da Educação Básica. É importante também reconhecer as mudanças
que têm ocorrido nas diversas fases de desenvolvimento da criança, pois a
infância e a adolescência já requerem novos olhares por parte dos educadores,
psicopedagogos, psicólogos e pediatras. Diante da realidade já citada é
primordial de que haja uma reflexão a respeito do processo da qualidade da
educação e a contribuição de outros profissionais neste processo.
Nesse sentido, é extremamente relevante um trabalho de estudo e
análise que reflita sobre a função e a contribuição de um psicopedagogo no
contexto escolar, ou seja, diante do desafio de se lidar com as dificuldades de
aprendizagem.
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Por tudo isso, o trabalho tem como objetivo mostrar que é possível
prevenir as questão das dificuldades de aprendizagem com a atuação do
psicopedagogo na escola, possibilitando não só ao aluno a oportunidade de se
perceber como sujeito, mas também ao educador como mediador do ensino-
aprendizagem, bem como à comunidade escolar, a possibilidade de ter um
meio que lhe permita ser participante no processo de transformação da
sociedade em que está inserida.
Assim, sendo, o artigo está estruturado de forma organizada a partir de
uma pesquisa bibliográfica, contendo: breve história da psicopedagogia, a
Psicopedagogia no Brasil, o papel do psicopedagogo na escola e suas
contribuições para a família, a escola e o aluno e as algumas intervenções.
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CAPÍTULO I
ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL
1.1 – O que é Psicopedagogia?
Psicopedagogia é a área do conhecimento que estuda como as pessoas
constroem o conhecimento. Em outras palavras, busca decifrar como ocorre o
processo de construção do conhecimento nos indivíduos. Assim, ela se propõe
a: identificar os pontos que possam, porventura, estar travando essa
aprendizagem; atuar de maneira preventiva para evitá-los e, ainda, propiciar
estratégias e ferramentas que possibilitem facilitar esse aprendizado.
A Psicopedagogia busca na psicologia, psicanálise, psicolinguística,
neurologia, psicomotricidade, fonoaudiologia, psiquiatria, entre outros, o
conhecimento necessário para aprender como se dá o processo de
aprendizagem nos indivíduos.
É preciso, em tempo, desfazer o equívoco de que a psicopedagogia é a
fusão da pedagogia com a psicologia, ou vice-versa. Ela vai além dos
conhecimentos específicos de ambas as áreas, como dissemos anteriormente.
Atualmente a psicopedagogia se divide em: Psicopedagogia Clínica e
Psicopedagogia Institucional.
1.2 – História da Psicopedagogia
A psicopedagogia surgiu na Europa, no séc. XIX em estudos realizados
por médicos, psicólogos, pedagogos, que observavam alunos que não
acompanhavam uma classe regular de ensino e tendo como principal objeto os
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distúrbios de aprendizagem e sua etiologia. Eram frequentes os
encaminhamentos a neurologistas, a psicólogos e aos pedagogos.
A partir destes estudos começaram a elaborar instrumentos específicos
de avaliação para entender as causas das dificuldades na aprendizagem dos
indíviduos que não possuiam diagnóstico patológico.
A Psicopedagogia se espalhou principalmente em países preocupados
com o fracasso escolar, mas foi na Argentina que ela cresceu e se
desenvolveurapidamente adquirindo condição de ciência, reconhecida e
valorizada no contexto da educação.
No Brasil, surgiu devido ao grande número de crianças com fracasso
escolar, mais precisamente na década de 70, cujas dificuldades de
aprendizagem eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de
disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para
camuflar problemas sociopedagógicos. (BOSSA, 2011).
Sara Pain, Alícia Fernandez e Jorge Visca são alguns dos principais
nomes de teóricos argentinos que trouxeram os conhecimentos da
Psicopedagogia para o Brasil e enriqueceram o desenvolvimento desta área de
conhecimento.
O professor argentino Jorge Visca é considerado como um dos maiores
contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da
Epistemologia Convergente, uma linha teórica que propõe um trabalho com a
aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia:
Psicogenética de Piaget, Escola Psicanalítica (Freud) e a Escola de Psicologia
Social de Enrique Pichon Rivière. Visca propõe o trabalho com a aprendizagem
em que o principal objeto de estudo é o conjunto dos níveis de inteligência,
com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que
representam seu interesse.
A formação do psicopedagogo no Brasil vem ocorrendo em caráter
regular oficial desde a década de 70 em instituições universitárias de renome.
Esta formação foi regulamentada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC)
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em cursos de pós-graduação e especialização, com carga horária mínima de
360h. O curso deve atender às exigências mínimas do Conselho Federal de
Educação quanto à carga horária, critérios de avaliação, corpo docente e
outras.
No início da década de 70 também surgiram cursos de psicopedagogia
com enfoque institucional antecedendo os cursos formais de especialização
que tratavam de assuntos como: problemas da criança em classe comum,
dificuldades escolares, problemas de aprendizagem escolar. (BOSSA, 2011).
Inicialmente o curso de psicopedagogia era restrito para a atuação em
nível clínico e a partir dos conhecimentos das áreas de linguística,
psicolinguística e teorias do desenvolvimento, quando os problemas de
aprendizagem são ressignificados, é que os cursos passam a ter outro
direcionamento e assim dando início a um trabalho em nível preventivo.
De acordo com Bossa (2011) essa nova abordagem indica uma
mudança na maneira como entender a problemática do fracasso escolar e a
busca da identidade deste profissional que nasce como reeeducador
assumindo a responsabilidade com a diminuição dos problemas de
aprendizagem nas escolas e os índices de fracasso escolar.
A construção do esboço histórico da Psicopedagogia se dá a partir do
papel desempenhado pelos profissionais, estabelecendo-se em uma nova
instituição legitimada a partir da práxis do dia - a – dia.
Na história da Psicopedagogia no Brasil é importante citar a participação
da Associação Brasileira de Psicopedagogia, responsável pela organização de
eventos nacionais e publicações com temas e tendências da área que refletem
a trajetória da atuação psicopedagógica dos seus primórdios aos nossos dias.
Estes vinte e seis anos de ABPp, vêm possibilitando aos
psicopedagogos estruturarem um espaço de discussão sobre o corpo teórico
de conhecimentos psicopedagógicos, através de seu vasto acervo de trabalhos
científicos publicados, dissertações de mestrado e teses de doutorado.
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Como a Psicopedagogia não é reconhecida legalmente, em uma forma
específica de atuação, a Associação Brasileira de Psicopedagogia tinha como
objetivo inicial tornar conhecido o campo de atuação profissional do
psicopedagogo.
De acordo com Bossa (2011), para regulamentar a profissão de
Psicopedagogo a ABPp inicia essa tarefa convocando seus representantes da
sessões estaduais, sócios e coordenadores de cursos de Psicopedagogia para
criar esse documento que passa por várias etapas de discussão sendo tema
principal da IV Encontro Nacional da ABPp e apresentado aos representantes
dos Estados brasileiros presentes.
A partir desta reunião o documento torna-se fundamental para embasar
o currículo dos cursos de formação em Psicopedagogia em universidades.
Atualmente, os cursos de Psicopedagogia formam profissionais aptos a
trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar, a hospitalar e a
empresarial e não há normas e critérios para a estrutura curricular, o que leva
a uma grande diversificação na formação.
No Brasil, só poderão exercer a profissão de psicopedagogo os
portadores de certificado de conclusão em curso de especialização em
Psicopedagogia em nível de pós-graduação, expedido por instituições
devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente -
Resolução 12/83, de 06/10/83 – que determina a formação de especialistas,
no caso, os chamados “especialistas em psicopedagogia” ou, psicopedagogos.
Em 1992, entrou em vigor o Código de Ética, aprovado em assembléia
durante o IV encontro e II Congresso de Psicopedagogia. 1Reformulado pelo
Conselho da ABPp na gestão de 2011/2013 e aprovado em Assembleia Geral
em 5/11/2011, O Código de Ética tem o propósito de estabelecer parâmetros e
orientar os profissionais da Psicopedagogia brasileira quanto aos princípios,
normas e valores ponderados à boa conduta profissional.
1 Confira no site da ABPp. http://www.abpp.com.br/codigo-de-etica-do-psicopedagogo.
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A Psicopedagogia ainda não constitui uma profissão, embora a
Associação Brasileira de Psicopedagogia se empenhe para este
reconhecimento, na qual prossegue na luta pela regulamentação da profissão,
através da aprovação do projeto Lei n° 3124/97, do Deputado Barbosa Neto,
que regulamenta a profissão do Psicopedagogo e cria o Conselho Federal e os
Conselhos Regionais de Psicopedagogia.
A mais nova conquista para os profissionais da área de psicopedagogia
foi a 2aprovação da Lei nº 128/2000 no dia 04 de agosto de 2014, que institui
assistência psicopedagógica nas escolas. A assitência abrangerá os níveis de
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e propiciará o
diagnóstico e a prevenção de problemas de aprendizagem, enfocando o aluno
e a instituição de ensino.
2 O artigo sobre a regulamentação da profissão disponível em: http://www.abpp.com.br/a-regulamentacao-da-psicopedagogia-em-questao
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CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO
ESCOLAR
2.1 – Atuação do Psicopedagogo Institucional
A psicopedagogia começou com a necessidade de compreender os
problemas de aprendizagem, refletindo sobre as questões relacionadas ao
desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo envolvidos nas situações da
aprendizagem.
Comprometida com a melhoria na qualidade de ensino e com os
problemas relevantes na educação do Brasil, a Psicopedagogia assume uma
função importante no espaço escolar utilizando estratégias específicas capazes
de atender os alunos em sua individualidade e auxiliando-os para o sucesso na
vida acadêmica.
Segundo Bossa(2011), a Psicopedagogia surgiu para atender os
distúrbios da aprendizagem e está cada vez mais voltada para uma ação
preventiva, por acreditar que as dificuldades estão atribuídas à inadequação
da pedagogia da instituição e visando novas alternativas para a melhoria da
prática pedagógica.
O psicopedagogo realiza a sua tarefa de pedagogo sem perder de vista
os propósitos terapêuticos da sua ação. O trabalho psicopedagógico atua não
só no interior do aluno ao sensibilizá-lo para a construção do conhecimento,
mas levam em consideração os desejos desses alunos; e é também um
trabalho voltado na orientação de professores e demais educadores.
“Cabe ainda ao psicopedagogo assessorar a escola, alertando-a para o papel que lhe compete, seja reestruturando a
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atuação da própria instituição junto a alunos e professores, seja ainda redimensionando o processo de aquisição e incorporação dos conhecimento dentro do espaço escolar, seja encaminhando alunos para outros profissinais.” (BOSSA, 2011, p. 105).
O papel do psicopedagogo escolar é muito importante e deve ser
pensado a partir da instituição, a qual cumpre uma importante função que é
socializar os conhecimentos disponíveis e promover o desenvolvimento
cognitivo, ou seja, através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma mais
organizada no mundo cultural e simbólico que incorpora a sociedade. Para
tanto, prioridades devem ser estabelecidas dentre elas: diagnóstico e busca da
indentidade da escola, definições de papéis na dinâmica relacional em busca
de funções e identidades, diante do aprender, análise do conteúdo e
reconstrução conceitual, além do papel da escola no diálogo com a família.
O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e
terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias. Terá como objetivo
principal trabalhar os elementos que envolvem a aprendizagem mantendo bons
vínculos.
Neste contexto, FAGALI (2009) afirma que é importante trabalhar as
questões pertinentes às relações entre professor e aluno e redefinir os
procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da
aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento.
Considerando a escola como instituição de formação do ser humano, o
trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um papel preventivo no
sentido de procurar criar competências e habilidades para a solução dos
problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de
crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que envolvem
a família e a escola, a intervenção psicopedagógica está presente, atualmente,
no planejamento das instituições de ensino.
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2.2 – O psicopedagogo na prevenção escolar
Ao trabalhar de forma preventiva, o psicopedagogo pesquisa as
condições para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar,
identificando os obstáculos e os elementos facilitadores, numa conduta de
investigação e intervenção. Preocupa-se especialmente com a escola, que é
pouco explorada e há muito que fazer, pois grande parte da aprendizagem
ocorre dentro da instituição, na relação com o professor, com o conteúdo e com
o grupo social escolar como um todo.
De acordo com (BOSSA, 2011) a prevenção ocorre em três níveis: no
primeiro o psicopedagogo atua nos processos educativos, didático-
metológicos, na orientação e formação de professores e no aconselhamento
dos pais. No segundo nível avalia-se o currículo da instituição juntamente com
os professores para que não se repitam os trantornos e cria-se um plano de
intervenção. No terceiro nível é eliminar os transtornos já instalados e manter a
prevenção.
Portanto, como prevenção o psicopedagogo pode desempenhar uma
prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou
atuar dentro da própria escola. Cabe ao psicopedagogo detectar possíveis
perturbações no processo de aprendizagem; participar da dinâmica das
relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração
e troca; promover orientações metodológicas de acordo com as características
dos indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional,
vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.
“Pensar a escola, à luz da Psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade.” (BOSSA, 2011, p. 143).
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Neste contexto, o psicopedagogo institucional está apto a trabalhar na
área da educação, dando assistência aos profissionais da instituição escolar
para melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem como
prevenção dos problemas de aprendizagem.
Ao trabalhar de forma terapêutica, o psicopedagogo por meio de
técnicas e métodos próprios possibilita uma intervenção psicopedagógica
visando à solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais e
diagnosticando distúrbios de aprendizagem . Juntamente com toda a equipe
escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições
de aprendizagem evitando comprometimentos utilizando a intervenção para
facilitar esse processo.
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando
necessário, para outros profissionais que realizem diagnóstico especializado e
exames complementares com o objetivo de favorecer o desenvolvimento do
potencial humano no processo de aquisição do saber.
Entendendo que o conhecimento e o aprendizado não são adquiridos
somente na escola, mas também são construídos pela criança em contato com
o social, no convívio com a família e com o mundo que a cerca, o
psicopedagogo deve considerar que a família é o primeiro vínculo estabelecido
pela crinaça e que é responsável por grande parte da sua educação e da sua
aprendizagem. Para chegar a um diagnóstico, ter conhecimento do que a
família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas com relação ao
desenvolvimento de seu filho(a) também são de grande importância.
“A criança ingressa na escola com um desenvolvimento construído a partir do intercâmbio com o meio familiar e social, o qual pode ter funcionado tanto como facilitador quanto como inibidor no processo de desenvolvimento afetivo-intelectual.” (BOSSA, 2011, p. 144).
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Portanto, cabe ao psicopedagogo intervir junto á família das crianças
que apresentam dificuldades na aprendizagem, utilizando entrevista,
anamnese com a família para adquirir conhecimento sobre a sua vida orgânica,
cognitiva, emocional e social.
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CAPÍTULO III
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E ALGUMAS INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS.
3.1 – Dificuldades de Aprendizagem.
As escolas estão cada vez mais preocupadas em relação ao baixo
desempenho escolar, ao grande número de alunos com dificuldade de
aprendizagem e o fracasso escolar. Não sabem o que fazer, como trabalhar
com esses alunos que não conseguem acompanhar o ritmo de seus colegas,
de suas turmas.
De acordo com Fernández (2001), a problemática da aprendizagem é
uma realidade que pode apresentar-se tanto individual quanto coletivamente e
intervêm fatores que dizem respeito ao sócio-econômico, ao educacional, ao
emocional, ao intelectual, ao orgânico e ao corporal.
Os problemas de aprendizagem são complexos e vastos, com diversas
causas. O diagnóstico apropriado de cada um é indispensável para poder
conceber as estratégias de condução e tratamento adequados. É importante
que a criança e as pessoas a cargo da sua educação conheçam seus pontos
fortes e suas áreas de dificuldade, a forma como aprende e como poderia
compensar suas áreas deficitárias. É extremamente importante que os
profissionais entendam sua problemática específica, a fim de ajudá-la,
buscando estratégias de suporte que lhe permitam ter sucesso na sua
aprendizagem.
“O desafio que se impõe à escola de hoje é o de despertar o desejo de seus alunos para que os mesmos possam sentir prazer no ato de aprender. O professor como representante da escola, precisa aprender a inquietar seus alunos no sentido de provocá-los para a busca do saber.” (BARBOSA, 2001, p.127).
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Há muitas maneiras de aprender e é preciso que o professor saiba lidar
com a diversidade de seus alunos e fique atento às diferentes formas de
ensinar. É importante a parceria do psicopedagogo junto aos professores na
ajuda para repensar as práticas educativas.
São diversos os fatores envolvidos nos transtornos de aprendizagem:
orgânicos, emocionais, cognitivos, ambientais.
Pain (1992, p. 29-33), caracteriza os três principais fatores: orgânicos,
psicológicos e ambientais:
– Fatores orgânicos: saúde física deficiente, falta de integridade neurológica,
alimentação inadequada;
– Fatores psicológicos: inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à
realidade, sentimento generalizado de rejeição;
– Fatores ambientais: tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a
criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de
comunicação.
É muito importante que o educador tenha uma visão psicopedagógica e
que busque investigar e identificar as causas das dificuldades de aprendizagem
de seus alunos, evitando que tais problemas levem a um fracasso escolar.
Muitas vezes o “fracasso escolar” pode intervir como fator desencadeante
de um problema de aprendizagem que não teria aparecido. Essa situação que
torna mais complexo e difícil o diagnóstico, exige uma maior responsabilidade e
precisão teórica por parte da psicopedagogia. (FERNÁNDEZ, 2001).
Ainda segundo Fernández (2001) para resolver o fracasso escolar do
aluno devemos intervir no contexto que o priva de um espaço de autoria de
pensamento. Ou seja, a interveção deve estar focada no sistema ensinante.
Como o fracasso escolar é uma resposta reativa à situação escolar, a
psicopedagogia precisa trabalhar com professores e educadores, pois são a
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cara visível da escola para a criança, portanto a formação do professor
relaciona-se com suas capacidades conscientes, afetivas e imaginárias.
3.2 – A intervenção psicopedagógica na escola.
As escolas enfrentam um grande desafio: lidar com as dificuldades de
aprendizagem e ao mesmo tempo traçar uma proposta de intervenção capaz
de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem dos alunos.
Dessa forma, defende-se a importância do Psicopedagogo Institucional,
como um profissional qualificado, que se baseia principalmente na observação
e análise profunda de uma situação concreta, no sentido de não apenas
identificar possíveis perturbações no processo de aprendizagem, mas para
promover orientações didático-metodológicas no espaço escolar de acordo
com as características dos indivíduos e grupos.
Por isso refletir sobre a importância do direito de aprender e da
necessidade de um psicopedagogo na instituição escolar é algo essencial no
planejamento escolar, isto é, para que os professores e toda a comunidade
escolar possam pensar na busca por parcerias.
BARBOSA (2001, p. 63) afirma que: “a Psicopedagogia, como área de
estudo e atuação, voltada para a aprendizagem e para as dificuldades que
podem surgir neste processo, tem muito a colaborar para aperfeiçoar e ampliar
as possibilidades da escola”.
Ainda, segundo Barbosa (2001), tal colaboração está concentrada na
prevenção das dificuldades de aprendizagem no que se refere à melhoria da
qualidade de ensino/aprendizagem e a superação de problemas já existentes.
Contribuir para o crescimento do processo da aprendizagem e auxiliar
no que diz respeito a qualquer dificuldade em relação ao rendimento escolar,
também é do âmbito da psicopedagogia, assim como dos educadores em
geral. Isso significa que ter conhecimento de como o aluno constrói seu saber,
compreender as dimensões das relações com a escola, com os professores,
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com o conteúdo e relacioná-los aos aspectos afetivos e cognitivos, permitirá
uma atuação mais precisa, segura e eficaz por parte de todos que são
responsáveis diretamente pela aprendizagem de nossos alunos.
O papel da psicopedagogia na formação de educadores que atuam
diretamente com o aluno é primordial no contexto escolar e consiste em
prepará-los para lidar com as dificuldades de aprendizagem com muita
segurança. A didática com um olhar psicopedagógico inserida na sala de aula
pode contribuir para uma aprendizagem realmente significativa. Quando o
educando se percebe como um personagem protagonista neste processo de
aprendizagem, o desejo de aprender é muito maior.
Uma forma de intervenção Psicopedagógica na escola é a utilização do
Projeto de Trabalho que pode atender uma demanda junto aos educadores e
aos alunos envolvendo-os simultaneamente. Neste caso o psicopedagogo
assume um papel preventivo, afirma Barbosa (2001).
De acordo com Fernández (2001), quando se trata de resolver o
problema de aprendizagem que provém de causas que se referem à estrutura
individual e familiar da criança, torna-se necessária uma intervenção
psicopedagógica mais pontual. De acordo com cada situação , será possível
optar por:
a) tratamento individual e familiar psicopedagógico;
b) grupo de tratamento psicopedagógico de crianças;
c) grupo de orientação paralelo de mães;
d) oficinas de arte, arte-terapia, recreação com objetivos terapêuticos;
e) entrevistas familiares psicopedagógicos.
Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita
uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de
aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe
escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia
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e/ou a forma de intervenção como o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal
processo.
3.3 – A intervenção psicopedagógica na sala de aula.
Cada criança tem o processo de desenvolvimento diferente, algumas
aprendem com maior facilidade enquanto outras aprendem mais devagar. E
nesse momento, é de fundamental importância, que o professor analise
individualmente cada criança para poder adequar os conteúdos conforme a
necessidade de cada um.
As mudanças de estratégias de ensino podem contribuir para que todos
aprendam. Em alguns casos, as estratégias de ensino não estão de acordo
com a realidade do aluno. A prática do professor em sala de aula é decisiva no
processo de desenvolvimento dos educandos. Esse talvez seja o momento do
professor rever a metodologia utilizada para ensinar seu aluno, através de
outros métodos ou atividades ele poderá detectar quem realmente está com
dificuldade de aprendizagem, evitando os rótulos muitas vezes colocados
erroneamente, que prejudicam a criança trazendo-lhe várias conseqüências,
como a baixa-estima e até mesmo o abandono escolar.
Assim, deve-se propiciar um ambiente favorável à aprendizagem, ou
seja, em que sejam trabalhadas também a auto-estima, a confiança, o respeito
mútuo e a valorização do aluno. Ao entrarmos em contato com a
Psicopedagogia, percebemos, a partir das leituras e estudos, principalmente
dos escritos de Alícia Fernández, que: “ser ensinante significa abrir um espaço
para aprender. Espaço objetivo e subjetivo em que se realizam dois trabalhos
simultâneos: a construção de conhecimentos e a construção de si mesmo,
como sujeito criativo e pensante”. (FERNÁNDEZ, 2001, p.30).
Portanto, ensinar e aprender são processos interligados. Não podemos
pensar em um, sem estar em relação ao outro. Ainda segundo Fernández
(2001), “entre o ensinante e o aprendente, abre-se um campo de diferenças
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onde se situa o prazer de aprender”. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios,
os avós e demais integrantes da família, como também, os professores e
companheiros da escola.
O papel da Psicopedagogia no planejamento escolar é refletir sobre as
ações pedagógicas e suas interferências no processo de aprendizagem do
aluno e que ao avaliá-lo o professor não deve prestar atenção somente no
aluno e sim na aprendizagem. Para isso, ele não precisa necessariamente
fazer uso de testes e provas. Mas das atividades de sala de aula como:
trabalhos em grupo, exercícios, projetos, jogos e a observação do professor,
podem revelar muito sobre a aprendizagem dos educandos, que as simples
provas ou testes.
Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio
ambiente. O professor exerce a sua habilidade de mediador das construções
de aprendizagem e participa do processo de aprendizagem dos alunos e por
isso, o conhecimento é construído e reconstruído continuamente. Mediar é
intervir para promover mudanças.
“A participação do professor, por inteiro, (corpo, organismo, inteligência e desejo) nessa relação, na sala de aula, no processo ensino-aprendizagem demanda a participação dos alunos também por inteiro. O organismo, transversalizado pela inteligência e o desejo, irá se mostrando em um corpo, e é deste modo que intervém na aprendizagem, já corporizado.” (FERNÁNDEZ, 1990, p.62).
Ainda segundo Fernández (1990), todo o indivíduo tem a sua
modalidade de aprendizagem, ou seja, meios, condições e limites para
conhecer. Cada ser humano é uma criação única, possuem uma série de
talentos, capacidades e maneiras de aprender. Cada um apóia em diferentes
sentidos para captar e organizar a informação, para aproximar dos objetos de
conhecimento.
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O educador deve promover a aprendizagem significativa, incentivando
as habilidades de seus aprendizes e mostrando para cada um deles a sua
verdadeira potencialidade. As dificuldades encontradas no percurso servirão
para torná-los fortes e capazes de transformar o mundo em que vivem.
Para intervir facilitando todo o processo de aprendizagem e solucionar
possíveis problemas em sala de aula, o psicopeadgogo pode utilizar o Projeto
de Trabalho que permite ao professor uma revisão à sua aprendizagem para
utilizar essa forma de ação junto aos seus alunos.
De acordo com Barbosa (2001), a revisão do aprender do professor o
tornará apto para compreender e intervir no processo de aprendizagem,
possibilitando uma análise do aprender dos alunos.
Para desenvolver uma ação pedagógica que envolva o Projeto de
Trabalho na instituição voltado para o ensino/aprendizagem o planejamento
deve promover o envolvimento do professor e alunos nas tarefas, integrando o
prazer e o compromisso de maneira contextualizada históricamente.
Neste caso Barbosa (2001) orienta que para conduzir este Projeto de
Trabalho é importante considerar o planejamento (levantamento e comparação
de interesses, listagem dos itens a serem estudados) , a execução (divisão das
tarefas e apresentação) e a avaliação (discussão e reflexão sobre as
aprendizagens durante o Projeto).
3.4 – A intervenção psicopedagógica junto à família.
Na formação de um indivíduo, a família desempenha papel fundamental,
já que desde o nascimento a criança começa a interagir com as pessoas que
convivem e aos poucos vão aprendendo a se socializar adquirindo hábitos
constituídos nesta relação. Esses hábitos influenciarão no desenvolvimento
intelectual e psicológico, por toda a vida, embora vá se moldando de acordo
com o meio em que vive.
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Segundo Casarin e Ramos (2007) é a família responsável pelos laços
afetivos, pela educação e socialização da criança. É na família que são
absorvidos os primeiros saberes, e onde se aprofundam os víncilos humanos.
Portanto o conhecimento e o aprendizado não são adquiridos somente
na escola, mas também são construídos pela criança em contato com o social,
dentro da família e no mundo que a cerca. A família é o primeiro vínculo da
criança e é responsável por grande parte da sua educação e da sua
aprendizagem.
É por meio dessa aprendizagem que a criança é inserida no mundo
cultural, simbólico e começa a construir seus conhecimentos, seus saberes.
Contudo, na realidade, o que temos observado é que as famílias estão
perdidas, não estão sabendo lidar com situações novas: pais trabalhando fora
o dia inteiro, pais desempregados, brigas, drogas, pais analfabetos, pais
separados e mães solteiras. Essas famílias acabam transferindo suas
responsabilidades para a escola que implica em passar valores fundamentais
para a vida do indivíduo.
“Percebemos, hoje, que as famílias e a escola têm uma tarefa complicada devido às transformações que a sociedade vem sofrendo ao longo do tempo. Como consequência, observamos pais e professores queixarem-se em relação a tarefa de educar.” (Casarin e Ramos, 2007, p. 183)
Educar não é uma tarefa tão simples, é um processo onde família,
escola e a criança estão inseridos, onde as crianças aprendem de acordo com
o que vivenciam com seus modelos de identificação.
Neste sentido Casarin e Ramos (2007), explica que os cuidados de
filhos em idade escolar exigem da família grande coesão e organização. Na
escola as crianças indicam o que está indo mal e o que está bem na sua
relação familiar. Por isso, é natural que a escola tome a iniciativa de
encaminhar a criança para o atendimento.
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A intervenção psicopedagógica voltada para a família poderá ajudar no
real conhecimento delas, criando a possibilidade de compreensão do outro, a
adequação de papéis e de limites.
Assim, o trabalho psicopedagógico requer do especialista uma real
percepçãp de si, de maneira a não se deixar influênciar por seus próprios
valores durante a intervenção.
O reconhecimento de um problema e a intervenção mais adequada para
solucioná-lo será resultado da experiência cultural que ele traz consigo e
interferirá na sua capacidade de observação e análise de cada caso.
A atuação psicopedagógica terá influência na manuntenção de um
sistema familiar saudável para a circulação do conhecimento facilitando as
relações e possibilitando o equilíbrio entre seus membros.
Enfim, a intervenção psicopedagógica buscará não se limitar à
compreensão da dificuldade, mas à aquisição de novos comportamentos que
levem à sua superação.
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CONCLUSÃO
O psicopedagogo é extremamente importante na instituição escolar, pois
este profissional estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o
estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis
com as mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver
a equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e das
circunstâncias de produção do conhecimento, ajudando o aluno a superar os
obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à
leitura do mundo. Portanto, o profissional da Psicopedagogia propõe e auxilia
no desenvolvimento de projetos favoráveis às mudanças educacionais, visando
à descoberta e o desenvolvimento das capacidades da criança, bem como
pode contribuir para que os alunos sejam capazes de olhar esse mundo em
que vive de saber interpretá-lo e de nele ter condições de interferir com
segurança e competência.
31
BIBLIOGRAFIA
ABRANTES, Rodrigo. A regulamentação da psicopedagogia em questão. In Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Revista on-line. São Paulo. Agosto de 2014. Disponível: http://www.abpp.com.br/a-regulamentacao-da-psicopedagogia-em-questao . Acesso em 06/01/2015.
ABRANTES, Rodrigo. Código de ética do Psicopedagogo. In Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Revista on-line. São Paulo. Agosto de 2014. Disponível: http://www.abpp.com.br/codigo-de-etica-do-psicopedagogo.
Acesso em 06/01/2015.
BARBOSA, Laura M. S. A Psicopedagogia no Âmbito da Instituição Escolar. Curitiba: Expoente, 2001.
BOSSA, Nádia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática/ Nádia A. Bossa. – 4.ed. – Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.
CASARIN, Elinton F; RAMOS, Maria Beatriz J. Família e Aprendizagem Escolar. In:Revista Psicopedagógica. Vol. 24, n.74. p.182-201. São paulo. 2007
COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. Editora Ática, 1999.
FAGALI, E; VALE, Z. Psicopedagogia Institucional Aplicada: a aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula. 10.ed. Petrópolis: Vozes, 2009.
FERNÁNDEZ, A. O Saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre: Artmed, 2001.
FERNÁNDEZ, Alícia. A inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artmed, 1990.
32
______________. Os Idiomas do Aprendente: Análise de modalidades ensinantes em famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
OLIVEIRA, Silvia S.S. A Importância do Psicopedagogo frente à Dificuldades de Aprendizagem, disponível em www.abpp.com.br/artigos/62.htm, consulta realizada em 10/12/2014.
PAIN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 1992.
PORTO, Olívia. Psicopedagogia Institucional:teoria, prática e assessoramento psicopedagógico. 3.ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009.
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. 4ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes. 1998.
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ANEXO 1
Código de Ética da ABPp
Capítulo I – Dos Princípios
Artigo1º A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos. Parágrafo1º A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os processos de aprendizagem e as suas dificuldades. Parágrafo2º A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o institucional e o clínico.
Artigo2º A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos, instrumentos e recursos próprios para compreensão do processo de aprendizagem, cabíveis na intervenção.
Artigo3º A atividade psicopedagógica tem como objetivos: a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e social; b) compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem; c) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia; d) mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem.
Artigo4º O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, refletir e elaborar a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde no que concerne às questões psicopedagógicas.
Capítulo II – Da formação
Artigo5º A formação do psicopedagogo se dá em curso de graduação e/ou em curso de pós-graduação – especialização “lato sensu” em Psicopedagogia -, ministrados em estabelecimentos de ensino devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos competentes, de acordo com a legislação em vigor.
Capítulo III – Do exercício das atividades psicopedagógicas
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Artigo6º Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização “lato sensu” - e os profissionais com direitos adquiridos anteriormente à exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal. Parágrafo1º O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e os princípios deste Código de Ética. Parágrafo2º Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus responsáveis legais e o profissional, a fim de que: a) representem justa contribuição pelos serviços prestados, considerando condições socioeconômicas da região, natureza da assistência prestada e tempo despendido; b) assegurem a qualidade dos serviços prestados.
Artigo7º O psicopedagogo está obrigado a respeitar o sigilo profissional, protegendo a confidencialidade dos dados obtidos em decorrência do exercício de sua atividade e não revelando fatos que possam comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento. Parágrafo1º Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente a especialistas e/ou instituições, comprometidos com o atendido e/ou com o atendimento. Parágrafo2º O psicopedagogo não revelará como testemunha, fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade judicial.
Artigo8º Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou de seu representante legal. Artigo9º Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos cujo acesso não será franqueado a pessoas estranhas ao caso.
Artigo10º O psicopedagogo procurará desenvolver e manter boas relações com os componentes de diferentes categorias profissionais, observando para esse fim, o seguinte: a) trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são reservadas; b) reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização, encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento.
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Capítulo IV – Das responsabilidades
Artigo11º São deveres do psicopedagogo: a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem da aprendizagem humana; b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito, pela atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais; c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos parâmetros da competência psicopedagógica; d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia; e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de documento pertinente; f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a harmonia da classe e a manutenção do conceito público.
Capítulo V – Dos instrumentos
Artigo12 São instrumentos da Psicopedagogia aqueles que servem ao seu objeto de estudo – a aprendizagem. Sua escolha decorrerá de formação profissional e competência técnica, sendo vetado o uso de procedimentos, técnicas e recursos não reconhecidos como psicopedagógicos.
Capítulo VI – Das publicações científicas
Artigo13º Na publicação de trabalhos científicos deverão ser observadas as seguintes normas: . a) as discordâncias ou críticas deverão ser dirigidas à matéria em discussão e não ao seu autor; . b) em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores e seguir normas científicas vigentes de publicação. Em nenhum caso o psicopedagogo se valerá da posição hierárquica para fazer publicar, em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação; . c) emtodotrabalhocientíficodevemserindicadasasreferências bibliográficas utilizadas, bem como esclarecidas as ideias, descobertas e as ilustrações extraídas de cada autor, de acordo com normas e técnicas científicas vigentes.
Capítulo VII – Da publicidade profissional
Artigo14º Ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê- lo com exatidão e honestidade.
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Capítulo VIII- Dos honorários
Artigo15º O psicopedagogo, ao fixar seus honorários, deverá considerar como parâmetros básicos as condições socioeconômicas da região, a natureza da assistência prestada e o tempo despendido.
Capítulo IX – Da observância e cumprimento do Código de Ética
Artigo16º Cabe ao psicopedagogo cumprir este Código de Ética. Parágrafo único Constitui infração ética: . a) utilizartítulosacadêmicose/oudeespecialistaquenãopossua; . b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas psicopedagógicas; . c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática psicopedagógica; . d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si; . e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços psicopedagógicos que não tenha efetivamente realizado; . f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por terceiros, ou solicitar que outros profissionais assinem seus procedimentos.
Artigo 17º
Cabe ao Conselho Nacional da ABPp zelar, orientar pela fiel observância dos princípios éticos da classe e advertir infrações se necessário.
Artigo18º O presente Código de Ética poderá ser alterado por proposta do Conselho Nacional da ABPp, devendo ser aprovado em Assembleia Geral.
Capítulo X – Das disposições gerais
Artigo19º O presente Código de Ética foi elaborado pelo Conselho Nacional da ABPp do biênio 1991/1992, reformulado pelo Conselho Nacional do biênio 1995/1996 , passa por nova reformulação feita pelas Comissões de Ética triênios 2008/2010 e 2011/2013, submetida para discussão e aprovado em Assembleia Geral em 05 de novembro de 2011.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO.............................................................................................2
AGRADECIMENTOS...........................................................................................3
DEDICATÓRIA....................................................................................................4
RESUMO............................................................................................................5
METODOLOGIA.................................................................................................6
SUMÁRIO...........................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...................................................................................................8
CAPÍTULO I
Aspectos Históricos da Psicopedagogia no Brasil
1.1 – O que é Psicopedagogia.........................................................................11
1.2 – História da Psicopedagogia.....................................................................11
CAPÍTULO II
A Importância do Psicopedagogo na Instituição Escolar
2.1 – Atuação do Psicopedagogo Institucional................................................16
2.2 – O psicopedagogo na prevenção escolar................................................18
CAPÍTULO III
Dificuldades de Aprendizagem e Algumas Intervenções Psicopedagógicas.
3.1 – Dificuldades de Aprendizagem...............................................................21
3.2 – A intervenção psicopedagógica na escola.............................................23
3.3 – A intervenção psicopedagógica na sala de aula....................................25
3.4 – A intervenção psicopedagógica junto à família......................................27
CONCLUSÃO.................................................................................................30
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................31
ANEXOS.........................................................................................................33
ÍNDICE............................................................................................................37