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CURSO INTENSIVO AVANÇADO PARA O XLVII CONCURSO DA MAGISTRATURA TJ/RJ
DIR. CONSTITUCIONAL - AULA 6
Data: 19-01-16
PROF. DES. NAGIB SLAIBI FILHO
(RESUMO DE AULA)
Controle de constitucionalidade
1. Objetivo:
O controle de constitucionalidade serve para assegurar a supremacia da Constituição. Só podemos
falar em controle quando há um escalonamento normativo, isto é, quando há uma norma em
posição hierarquicamente superior dando fundamento de validade para as demais.
As normas constitucionais possuem um nível máximo de eficácia, obrigando os atos inferiores a
guardar uma relação de compatibilidade vertical para com elas. Se não for compatível, o ato será
inválido (nulo), daí a inconstitucionalidade ser a quebra da relação de compatibilidade.
2. Conceito:
Controle de constitucionalidade é a verificação de compatibilidade ou adequação entre um ato
jurídico qualquer (atos normativos e entre eles a lei) e a Constituição, no aspecto formal e
material.
3. Requisitos para o controle de constitucionalidade:
Que haja uma inconstitucionalidade (quebra da relação de compatibilidade com a Constituição)
formal ou material.
Inconstitucionalidade formal: A norma é elaborada em desconformidade com as regras de
procedimento, independentemente de seu conteúdo. A norma possui um vício em sua forma,
ou seja, em seu processo de formação. Também é conhecida como nomodinâmica.
Subjetiva: O vício encontra-se no poder de iniciativa. Ex: Segundo o artigo 61, I da
Constituição Federal, é de iniciativa do Presidente da República as leis que fixem ou
modifiquem os efetivos das Forças Armadas. Se um Deputado Federal apresentar este
projeto de lei, haverá vicio formal.
Objetiva: O vício não se encontra no poder de iniciativa, mas sim nas demais fase do
processo legislativo. Ex: Lei complementar votada por um quorum de maioria relativa.
Possui um vício formal objetivo, pois deveria ser votada por maioria absoluta.
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Inconstitucionalidade material (substanciais): A norma é elaborada em conformidade com
as regras de procedimento, mas o seu conteúdo está em desconformidade com a Constituição,
isto é, a matéria está tratada de forma diversa da Constituição. Também é conhecida como
nomoestática.
4. Momento do controle de constitucionalidade:
Controle preventivo ou prévio: É aquele exercido no momento de formação do ato, antes
que o processo se complete.
Classicamente era feito pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo, mas com a CF/ 88, o
Poder Judiciário poderá fazer o controle prévio desde que provocado por algum membro da
Casa, normalmente através de mandado de segurança.
Ex: Comissão de Constituição e Justiça dá um parecer negativo, acarretando o arquivo do
projeto de lei; Chefe do Poder Executivo veta o projeto de lei, por ser inconstitucional (veto
jurídico).
Controle repressivo ou posterior: É aquele exercido após a formação, isto é, após existência
do ato no mundo jurídico. Ex: Controle pelo judiciário da lei que entrou no mundo jurídico.
Classicamente feito pelo Poder Judiciário, mas com a CF/88, o controle posterior também
pode ser feito pelo Poder Legislativo. Ex: Cabe ao Congresso Nacional sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem o poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa (art. 49, V da CF).
4.1. Poder Judiciário no controle preventivo:
A ingerência do Poder judiciário no controle preventivo não representa uma violação do
Princípio da separação dos poderes, pois o Supremo Tribunal Federal tem a função precípua
de guardar a Constituição e, portanto, assim que violada a regra constitucional, irá intervir e
paralisar o processo de formação. Ex: Membros do poder legislativo provocam o Poder
Judiciário para paralisar uma emenda constitucional que fosse tendente a abolir os bens
protegidos pela cláusula pétrea.
Entretanto, se o Supremo Tribunal Federal fizesse um controle do regimento interno da
Câmara dos Deputados, haveria violação do Princípio da Separação dos Poderes, pois tal
matéria é interna corporis.
No plano abstrato, o Juiz de Direito pode fazer controle preventivo, mas não pode fazer
controle repressivo. Ex: Um Juiz de Direito poderia paralisar o processo de formação de
uma lei municipal.
4.2. Poder Legislativo no controle posterior ou repressivo:
- Poder legislativo pode fazer o controle repressivo do regulamento que importar em abuso
regulamentar: O regulamento expedido pelo Poder Executivo existe para garantir a fiel
execução da lei, assim se violá-la, caracterizará abuso do poder regulamentar e o
regulamento será inconstitucional, pela quebra da relação vertical de compatibilidade.
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O Congresso Nacional, verificando que o regulamento viola lei, tem o poder de suspender
eficácia do mesmo através de um decreto legislativo (art. 49, V da CF).
- Poder Legislativo pode fazer um controle repressivo da lei delegada que exorbitar os
limites da delegação legislativa: Se o Presidente da República exorbitar os limites da
delegação legislativa, o Congresso Nacional poderá sustar o ato normativo por meio de
decreto legislativo (art. 49, V da CF).
4.3. Sistema de controle posterior ou repressivo no direito comparado:
- Controle judicial ou jurisdicional: É aquele realizado por órgão integrante do Poder
Judiciário. Como regra geral, é adotado pelo Brasil. Este controle também é denominado de
controle repressivo típico.
- Controle político: É aquele realizado por um órgão que não integra a estrutura de nenhum
dos três poderes. Estes indicam três, totalizando nove membros. O controle normalmente é
realizado pelas Cortes ou Tribunais Constitucionais. Adotado na França e na Itália.
- Controle misto: É aquele que mistura o controle judicial e político. Adotado pela Suíça.
5. Métodos de controle jurisdicional de constitucionalidade no direito comparado:
- Método concentrado, reservado ou austríaco: Um único órgão pode fazer o controle.
- Método aberto, difuso, ou norte-americano: Todo e qualquer órgão do Poder Judiciário de
qualquer grau de jurisdição pode fazer controle de constitucionalidade.
- Método misto: Abrange os dois controles jurisdicionais de constitucionalidade, tanto o
concentrado como o difuso. É o sistema brasileiro.
6. Vias de controle jurisdicional de constitucionalidade:
Caminhos que o ordenamento jurídico prevê para se combater a inconstitucionalidade das
normas.
- Via de exceção ou defesa (incidental):
Adota o controle difuso, aberto ou norte-americano: Qualquer Juiz ou Tribunal, diante
da questão prejudicial (argüição de inconstitucionalidade incidental), pode fazer
controle de constitucionalidade.
O controle é incidental: O objeto do pedido não é a declaração da
inconstitucionalidade, mas esta questão prejudicial está ligada à causa de pedir. A
forma que o Juiz decidir a prejudicial decidirá o mérito.
O controle é concreto: Ocorre dentro de um caso concreto e, por isso, os efeitos são
entre as partes.
O processo é subjetivo: Há um conflito entre as partes (pretensões e resistências
contrapostas) e envolve questão constitucional.
Os efeitos da decisão são “inter partes” e “ex tunc” (retroagem).
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- Via de ação (concentrado):
Adota o método concentrado: Só o Supremo Tribunal Federal pode fazer o controle de
constitucionalidade.
O controle não é incidental: O objeto do pedido é a questão constitucional.
O controle é abstrato: Não ocorre dentro de um caso concreto, faz-se o controle de lei
em tese, para assegurar a supremacia da Constituição.
O processo é objetivo: Não há lide. Visa objetivamente assegurar a supremacia da
Constituição.
Os efeitos da decisão são “erga omnes”, “ex tunc” (retroagem) e vinculantes: A decisão
que reconhece a inconstitucionalidade é declaratória (torna disposição contrária nula
desde que nasceu).
“As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações
diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade, produzirão
eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal” (art. 102, §2º da CF).
Via de exceção ou defesa Via de ação
Método difuso ou aberto Método concentrado
Controle incidental Controle principal
Controle concreto Controle abstrato
Processo subjetivo Processo objetivo
Eficácia da decisão “inter partes” e “ex tunc” “Erga omnes” e “ex tunc”
7. Declaração de inconstitucionalidade pelo Tribunal:
- Por maioria absoluta: O Tribunal, seja na via de ação ou de exceção, declara a
inconstitucionalidade por maioria absoluta dos seus membros ou do respectivo órgão
especial (art. 97 da CF).
- Através do Tribunal Pleno ou Órgão Especial: Segundo o Princípio da reserva de Plenário,
o Tribunal declara a inconstitucionalidade através do Plenário ou Tribunal Pleno (reunião de
todos membros daquele tribunal). Entretanto, nos tribunais com número superior a 25
julgadores, poderá ser constituído órgão especial com o mínimo de 11 e o máximo de 25
membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da
competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra
metade por eleição pelo tribunal pleno (art. 93, XI da CF). O órgão especial faz às vezes do
Plenário.
órgãos de segundo grau dos Juizados especiais não estão sujeitos a cláusula de reserva de
plenário.
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Via de exceção ou defesa: Controle difuso
1. Características gerais:
- Competência: Qualquer órgão do Poder Judiciário (Juiz ou Tribunal), pois trata-se de
controle difuso.
- Objeto: Qualquer ato normativo, seja municipal, estadual, distrital ou federal. Na via de
ação, só pode recair sobre ato normativo federal e estadual.
- Legitimados: Qualquer pessoa que tenha um direito seu lesado (Sujeito passivo ou sujeito
ativo) e até mesmo pelo próprio Juiz de ofício, pois envolve matéria de ordem pública (a
forma que o Juiz decidir a prejudicial decidirá o mérito).
- Efeito da sentença: “inter partes” e “ex tunc”.
2. Exemplo de procedimento no controle difuso:
“A”, “B” e “C” constituíram relações jurídicas pela lei “X”.
- “A”, em face da inadimplência de B, vai ao Poder Judiciário compeli-lo a cumprir
obrigação e mais perdas e danos, com fundamento na Lei “X”.
- “B”, na sua contestação, faz uma argüição incidental de inconstitucionalidade da lei “X”.
O Juiz antes de discutir o mérito terá que verificar se a lei “X” é inconstitucional, pois a
forma que decidir a prejudicial decidirá o mérito.
- Juiz declara a lei como constitucional e, portanto, a ação como procedente.
- “B” apela para o Tribunal e este submete a questão a Câmara. - “Argüida a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, o relator, ouvido o Ministério
Público, submeterá a questão à turma ou câmara, a que tomar o conhecimento do processo”
(art. 480 do CPC).
“Se a alegação for rejeitada prosseguirá o julgamento, se for acolhida será lavrado o acórdão, a
fim de ser submetida a questão ao Tribunal pleno” (art. 481 do CPC). Se o entendimento dos
Desembargadores da Câmara for pela constitucionalidade, podem declará-la sem necessidade de
instaurar incidente de inconstitucionalidade, pois o princípio de reserva de Plenário é restrito à
declaração de inconstitucionalidade. Mas se o entendimento for pela inconstitucionalidade, não
podem declará-la antes de ser instaurado um incidente de inconstitucionalidade. Lavra-se o 1º
acórdão de encaminhamento ao Pleno ou Órgão Especial (princípio da reserva de plenário),
transferindo a competência da questão prejudicial ao Pleno ou Órgão Especial (Cisão da
competência). Decidido pela inconstitucionalidade por maioria absoluta, lavra-se o 2º acórdão e
volta ao órgão fracionário de origem para que complete o julgamento aplicando a decisão do
Pleno. A Câmara dá provimento à apelação e lavra-se o 3º acórdão.
“Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a
arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do
Supremo Tribunal Federal sobre a questão” (art. 481, parágrafo único do CPC). Os órgãos
fracionários dos Tribunais não submeterão ao Plenário a argüição de inconstitucionalidade de
processos de mesma tese jurídica, caso já exista decisão do Plenário sobre tal matéria. Assim, a
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Câmara declarará a inconstitucionalidade se reportando a decisão da tese jurídica já tomada pelo
Pleno. Até mesmo o Juízo monocrático pode se reportar à decisão tomada pelo Supremo e
declarar a inconstitucionalidade.
- “A” recorre do 3º acórdão, interpondo recurso extraordinário no Supremo Tribunal
Federal (art. 102, III, “a”, “b” e “c” da CF). O recurso extraordinário é distribuído à 1a turma.
“A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário
que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (Câmara, Grupo ou Turmas) que
completa o julgamento do feito” (súmula 513 do STF). Se os ministros da 1aturma entenderem
pela constitucionalidade, poderão declará-la sem instaurar incidente de inconstitucionalidade. Mas
se entenderem pela inconstitucionalidade, não poderão declará-la antes de instaurar incidente de
inconstitucionalidade, em que o Pleno decidirá pela maioria absoluta. Decididos pela
inconstitucionalidade, volta ao órgão fracionário para que complete o julgamento aplicando a
decisão do pleno. O recurso extraordinário foi conhecido, mas não provido.
O efeito da decisão é “ex tunc” e “inter parte”, ou seja, gera efeitos apenas entre A e B, não
gerando nenhum efeito em relação a C.
3. Matéria afetada ao Pleno:
Segundo o regimento interno do Supremo Tribunal Federal, quando entra o 1º caso e é de matéria
relevante, a turma não decide nem pela inconstitucionalidade e nem pela constitucionalidade,
afeta o processo para o pleno, pois seria precipitado julgar pela constitucionalidade quando o
Tribunal todo votaria pela inconstitucionalidade.
Ao ser afetada, devolve-se a competência ao Pleno (ele decidirá tanto a questão prejudicial como
o próprio recurso) e neste instante, caberia intervenção de 3º pelos legitimados na via de ação.
- Legitimados a intervenção:
Ministério Público e as pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato
questionado: “Ministério Público e as pessoas jurídicas de direito público responsáveis
pela edição do ato questionado, se assim o requererem, poderão se manifestar no incidente
de inconstitucionalidade, observado os prazos e as condições fixadas no Regimento
Interno do Tribunal” (art. 482, §1º do CPC).
Legitimados universais e os especiais que demonstrem pertinência temática: “Os titulares
do direito de propositura referidos no art. 103 da Constituição poderão manifestar-se, por
escrito, sobre a questão constitucional objeto de apreciação pelo órgão especial ou Pleno
do Tribunal, no prazo definido em Regimento, sendo-lhes assegurado o direito de
apresentar memoriais ou de pedir a juntada de documentos” (art. 482, §2º da CF).
“Amicus Curiae” (amigo da Corte): outros legitimados que não os da ADIN poderão
intervir desde que tenham representatividade adequada nas ações que produzem efeitos
coletivos e haja relevância. Ex: CUT.
“O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes,
poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades”
(art. 482, §3º da CF). O relator pode autorizar ou não a intervenção do “amicus curiae”, pois
não é um direito processual.
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O Procurador Geral da República será ouvido em todos os processos que envolvam
constitucionalidade.
- Efeito da decisão: Nada obstante tudo o que aconteceu, os efeitos da decisão continuam
“ex tunc” e “inter parte”, pois o legislador, ao permitir a intervenção, quis enriquecer o
debate universal e assim facilitar o trabalho de julgamento do Supremo Tribunal Federal.
Há uma proposta de alteração da Constituição e da lei no sentido de que embora a decisão seja
proferida no processo concreto, com a intervenção dos legitimados tal decisão poderia produzir
efeitos para outras pessoas.
4. Extensão subjetiva dos efeitos da decisão:
O Presidente do Supremo Tribunal Federal pode estender os efeitos daquela decisão a outra
pessoa através de um oficio ao Senado, afirmando que declarou a inconstitucionalidade da lei
(artigo 178 do Regimento Interno do STF). A comunicação sempre é feita ao Senado, mesmo que
fosse declarada a inconstitucionalidade de uma lei municipal frente à Constituição Federal
O Presidente do Senado coloca a matéria em deliberação e, se forem pela manutenção da
inconstitucionalidade, expedirão resolução, suspendendo arbitrariamente os efeitos da lei
declarada inconstitucional. Não revogam a lei, apenas suspendem os seus efeitos (a lei permanece
vigente, mas não é eficaz).
“Compete privativamente ao Senado Federal: suspender a execução no todo ou em parte, de lei
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal” (art. 52, X da
CF). O Senado Federal só pode suspender a execução da mesma forma que o Supremo tenha
decidido. Se julgou parcialmente inconstitucional, suspende em parte, se julgou totalmente
inconstitucional, suspende no todo. Há quem afirme que não precisa ser na mesma extensão.
Segundo o Supremo Tribunal Federal, a edição da resolução pelo Senado não é vinculada, mas
sim discricionária, pois o ato de legislar envolve juízo discricionário (juízo político de
conveniência e oportunidade do legislador). Portanto, o Senado pode não vir a expedir a resolução
e não há como obrigá-lo.
A resolução produz efeitos “erga omnes” e “ex nunc” a partir do momento em que for publicada
na Imprensa Oficial. Assim, não retroage, mas atinge as relações constituendas (em vias de se
constituir).
Na via de ação, não é feita a comunicação ao Senado, pois a decisão do Supremo já produz efeitos
erga omnes. Na via de exceção, a decisão produz efeitos inter partes, mas pode vir a produzir
efeitos erga omnes se o Senado assim determinar após comunicação do Supremo.
Via de ação direta: Controle concentrado
1. Quatro situações:
- ADIN genérica (Ação Direta de Inconstitucionalidade)
- ADECON (Ação Direta de Constitucionalidade)
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- ADIN interventiva
- Argüição de descumprimento de preceito fundamental
- ADIN por omissão
ADIN genérica (Ação Direta de Inconstitucionalidade)
1. Competência:
A competência é originária do Supremo Tribunal Federal, pois estamos num controle concentrado
(art. 102, I, “a” da CF). A ADIN tem por objetivo retirar do ordenamento jurídico a norma
submetida ao controle direto de constitucionalidade.
2. Objeto:
A Ação Direta de Inconstitucionalidade tem por objeto a lei ou ato normativo federal ou estadual.
Segundo o Supremo Tribunal Federal, somente as normas federais ou estaduais com abstração,
generalidade e normatividade que poderão ser objeto de ADIN, estando de fora aquelas que
produzem efeitos concretos. Estas serão discutidas em controle difuso.
- Podem ser objeto de ADIN:
Todas as espécies normativas do artigo 59 da Constituição Federal, isto é, emendas
à constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas
provisórias, decretos legislativos e resoluções.
Se as medidas provisórias forem convertidas em lei, ou perderem a sua eficácia, a
ADIN será prejudicada pela perda do objeto.
Tratados Internacionais incorporados no ordenamento jurídico: Os tratados
internacionais são celebrados pelo Presidente da República. Contudo, para serem
incorporados ao ordenamento jurídico nacional, dependem de referendo do
Congresso Nacional, via decreto-legislativo aprovado por maioria simples e
promulgado pelo presidente do Senado (art. 49, I, da CF), e, por fim, de
promulgação e publicação por decreto do Presidente da República (é o decreto
presidencial que dá força executiva ao tratado).
Para a maioria da doutrina, o tratado internacional incorporado no ordenamento
jurídico tem força de lei ordinária.
Entretanto, é relevante lembrar que os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes ás
emendas constitucionais (art. 5º, §3º da CF).
O regimento interno do Tribunal: pode ser objeto de ADIN, pois são normas
estaduais, genéricas, abstratas e autônomas.
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Resoluções do Conselho Internacional de Preços (resoluções administrativas que
incidam sobre atos de caráter normativo).
Resoluções administrativas dos Tribunais, inclusive dos Tribunais Regionais do
Trabalho, salvo as convenções coletivas de Trabalho.
Lei distrital: O Distrito Federal acumula a competência dos Estados e Municípios,
assim se tratar de matéria estadual será objeto de ADIN, mas se tratar de matéria
municipal, não será objeto de ADIN.
- Não podem ser objeto de ADIN:
Súmulas de jurisprudência: Não cabe ADIN para sumulas, pois não possuem o grau
de normatividade qualificada (obrigatoriedade).
Regulamentos de execução ou decreto (ato normativo do Executivo): Não podem
ser objeto de ADIN, pois não têm autonomia. Trata-se de questão de legalidade e
não de constitucionalidade.
Entretanto, o regulamento ou decreto autônomo será objeto de ADIN, podendo, até
mesmo, ser objeto de controle repressivo no Poder Legislativo, quando importar em
abuso de poder regulamentar.
Norma decorrente de poder constituinte originário: Não cabe ADIN para norma
decorrente de poder constituinte originário.
Lei municipal: Não cabe ADIN para lei municipal, pois a Constituição Federal só
previu para federal e estadual. Este silêncio em estabelecer controle concentrado de
lei municipal é denominado de silêncio eloqüente.
Entretanto, é importante lembrar que cabe argüição de descumprimento de preceito
fundamental de lei municipal confrontada perante a Constituição Federal.
Lei distrital: O Distrito Federal acumula a competência dos Estados e Municípios,
assim se tratar de matéria municipal não será objeto de ADIN, mas se, tratar de
matéria estadual será objeto de ADIN. Ex: lei distrital tributária tratava na 1a parte
de ICMS e na segunda de ISS, só a 1a parte é objeto de ADIN.
3. Ato anterior à Constituição:
O ato anterior à Constituição não pode ser objeto de controle de constitucionalidade. O vício de
inconstitucionalidade é congênito, assim o problema em face da nova passa a ser um problema de
recepção ou revogação. Assim, não se pode falar em inconstitucionalidade superveniente.
Não podemos esquecer que, na argüição de preceito fundamental, é possível o controle de atos
normativos anteriores à Constituição.
4. Legitimidade:
A legitimidade para propositura da ADIN é constitucional, assim como na ação popular e,
portanto, a legislação infraconstitucional não pode restringir e nem ampliá-la.
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Conforme jurisprudência, há legitimados universais e especiais que, além de suas atribuições
próprias, têm atribuições comuns como a de zelar pela supremacia da Constituição, acionando, se
for o caso, o Judiciário com tal finalidade.
4.1. Legitimados universais ou neutros:
Os legitimados universais podem impugnar qualquer ato impugnável independentemente de
sua matéria. Não precisam demonstrar pertinência temática.
- Presidente da República (art. 103, I da CF).
- Mesa do Senado Federal: órgão diretivo (art. 103, II da CF).
- Mesa da Câmara dos Deputados: órgão diretivo (art. 103, III da CF).
- Procurador-Geral da República (art. 103, VI da CF).
- Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 103, VII da CF).
- Partido Político com representação no Congresso Nacional (art. 103, VIII da CF):
basta que o Partido Político tenha um parlamentar no Congresso Nacional para ter
representação. Se o parlamentar mudar de Partido a ADIN será extinta.
4.2 Legitimados especiais ou interessados ou temáticos:
Os legitimados especiais só podem impugnar determinados atos, isto é, aqueles que tenham
pertinência temática com os interesses específicos dos legitimados. Mesmo com a
necessidade de pertinência temática, o processo continua tendo cunho objetivo, tendo por
finalidade assegurar a Constituição.
- Governador do Estado ou do Distrito Federal (art. 103, V da CF): Para que o
Governador tenha pertinência temática, basta que o ato normativo esteja prejudicando
o seu Estado, pouco importando quem expediu o ato normativo.
- Mesa da Assembléia Legislativa ou Câmara Legislativa do Distrito Federal (art.
103, IV da CF).
- Confederação Sindical (art. 103, IX da CF): A Federação é resultante da reunião de
pelo menos cinco Sindicatos, já a Confederação é resultante da reunião de três
Federações (art. 533 da CLT). Tanto a Federação como a Confederação são chamadas
de Associações de grau superior. A Confederação é a de maior grau e a única
legitimada.
As centrais sindicais, como CUT, CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores),
Força Sindical não podem ingressar com ADIN, pois não são Confederações Sindicais.
- Entidade de classe de âmbito nacional (art. 103, IX da CF): A entidade de classe
precisa ter base social e ser de âmbito nacional (representatividade adequada). Exige-
se que haja filiados em nove unidades da federação.
Ex: A Associação Paulista do Ministério Público não pode propor ADIN, pois não é de
âmbito nacional.
5. Procedimento da ADIN:
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- Proposição da inicial da ADIN por um dos legitimados: A petição inicial indicará o
dispositivo de lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido, bem
como o pedido e suas especificações (art. 3º, I e II da Lei 9868/99).
A petição inicial, quando subscrita por advogado, deverá vir acompanhada de instrumento de
procuração e será apresentada em 2 vias, devendo conter cópias da lei ou do ato normativo
impugnado e dos documentos necessários para comprovar a impugnação (art. 3º, parágrafo
único da Lei 9868/99).
Assim que proposta a ação, o requerente não poderá desistir ou fazer acordo, pois vigora o
princípio da indisponibilidade da instância e o processo não é subjetivo (art 5º da Lei
9868/99).
O Relator poderá indeferir liminarmente a inicial inepta, não fundamentada e a
manifestamente improcedente (art. 4º da Lei 9868/99). Da decisão que indefere a petição
inicial, cabe agravo de instrumento (art. 4º, parágrafo único da Lei 9868/99).
- O Relator pedirá informações aos órgãos ou autoridades das quais emanou a lei ou ato
normativo impugnado (art 6º da Lei 9868/99). Tais informações devem ser prestadas no
prazo de 30 dias, contados do recebimento do pedido (art 6º, parágrafo único da Lei
9868/99).
- Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da
União e o Procurador-Geral da República, que deverão se manifestar, cada qual no prazo de
15 dias (art. 8º da Lei 9868/99).
Intervenção do Advogado-Geral da União é vinculada: Se fosse um processo subjetivo,
a intervenção seria para garantir contraditório, mas aqui é para demonstrar que não
afronta a Constituição.
O Advogado-Geral da União é citado para defender o ato como constitucional.
“Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de
norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que
defenderá o ato ou texto impugnado” (art. 103, §3º da CF).
Intervenção do Procurador-Geral da República como custos legis quando não for o
requerente.
“O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de
inconstitucionalidade e em todos os processo de competência do Supremo Tribunal
Federal” (art. 103, §1º da CF).
- Vencidos os prazos, o Relator lançará o relatório, com cópia a todos os Ministros e pedirá
dia para julgamento (art. 9º da Lei 9868/99).
Perícia na ADIN: “Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou
circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos,
poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de
peritos para que emita parecer sobre questão, ou fixar data para, em audiência pública,
ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria” (art. 9º, §1º da
Lei 9868/99).
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“O Relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais
federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito
de sua jurisdição” (art. 9º, §2º da Lei 9868/99).
“As informações, perícias e audiências a que se referem os parágrafos anteriores serão
realizadas no prazo de 30 dias, contados da solicitação do Relator” (art. 9º, §3º da Lei
9868/99).
- A declaração de inconstitucionalidade será proferida pelo voto da maioria absoluta dos
membros do STF (Pleno), desde que presente o quórum de instalação da sessão de
julgamento, que é de oito ministros (art. 22 da Lei 9868/99). Assim, declara o ato como nulo
(aquele que não produz efeitos válidos e, portanto, não pode ser convalidado).
“Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autoridade ou ao órgão responsável pela expedição
do ato” (art. 25 da Lei 9868/99).
“A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de
embargos de declaração, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória” (art. 26 da
Lei 9868/99).
6. Efeitos da decisão:
O Supremo declara a inconstitucionalidade, produzindo efeitos “erga omnes”, “ex tunc” e
vinculante através da maioria absoluta do Pleno.
“As decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra
todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal” (art. 102, §2º da CF).
7. Possibilidade de intervenção de terceiros:
O artigo 7º da lei 9868/99 não admite intervenção de 3º na ação direta. O §1º deste mesmo artigo
admitia a intervenção de outros legitimados, mas foi vetado. O §2º deste artigo e o artigo 482, §3º
do Código de Processo Civil admitem e o cabimento é tão amplo que abrange até o “amicus
curiae”.
O Supremo considerou o veto como inócuo e fazendo uma interpretação sistemática da lei decidiu
que cabe intervenção de terceiros na ADIN e os efeitos continuam erga omnes, pois são
concedidas em via de controle abstrato.
8. Medida cautelar:
- Competência: Originária do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “p” da CF).
- Legitimidade: Os mesmos legitimados da ADIN.
A medida cautelar sempre será incidental, nunca preparatória. Na inicial, destina-se um
capítulo à medida cautelar com seus fundamentos “fumus boni iuris” (demonstração da
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viabilidade jurídica da tese) e “periculum in mora” (demonstração de que a
inconstitucionalidade pode gerar conseqüências graves).
- Concessão da medida:
Regra: A medida cautelar será concedida, após audiência do requerido, através de
maioria absoluta do Plenário, observado o quórum de instalação (presença de 8
ministros), e gerará a suspensão da eficácia da lei ou ato normativo impugnado.
“Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida por
decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22,
após a audiência dos órgãos ou autoridades que emanaram a lei ou ato normativo
impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 dias” (art. 10 da Lei 9868/99). –
No período de recesso o Presidente do Supremo pode conceder a liminar
monocraticamente, mas depois será submetida ao Plenário.
O Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União também podem ser
ouvidos no prazo de 3 dias, se o relator julgar indispensável (art. 10, §1º da Lei
9868/99).
“No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos
representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela
expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal” (art. 10, §2º da Lei
9868/99).
Exceção: A medida cautelar será concedida sem audiência do requerido (“inaldita
altera parte”) em caso de excepcional urgência e gerará suspensão da eficácia da lei.
“Em caso de excepcional urgência o Tribunal poderá deferir a medida cautelar sem a
audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou ato normativo
impugnado” (art. 10, §3º da Lei 9868/99).
- Eficácia:
“A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos (erga omnes), será concedida, com
efeito “ex nunc”, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa”
(art.11, §1º da Lei 9868/99).
Enquanto a decisão de concessão da cautelar tem eficácia “erga omnes” e “ex nunc”, a
decisão de mérito tem eficácia “ex tunc”, ou seja, vai retroceder àquele período que não
tinha sido atingido pela cautelar.
9. Súmula vinculante:
A súmula vinculante obriga os juízes das instâncias inferiores a seguirem as decisões do Supremo
Tribunal Federal (STF) com relação a temas específicos.
“O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação mediante decisão de 2/3 de
seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir
de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento na forma estabelecida em lei” (art.
103A da CF).
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“A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas,
acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração
pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre
questão idêntica” (art. 103A, §1º da CF).
“Sem prejuízo do que vier a ser estabelecida em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de
súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor ação direta de inconstitucionalidade”
(art. 103A, §2º da CF).
“Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará
que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula conforme o caso” (art. 103 A §3º da
CF).
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADECON ou ADC)
1. Introdução da ADC:
A 1a parte da alínea “a” do artigo 102 da Constituição foi fruto do poder constituinte originário e a
2a, que trata da ADC, foi fruto do poder de reforma (EC 3/93). Uma norma constitucional pode
ser inconstitucional se for fruto de poder de reforma, mas de poder constituinte originário nunca.
Ex: A LC 70/91 que instituiu o COFINS foi objeto de controle de constitucionalidade na via de
exceção e o Judiciário declarou a inconstitucionalidade. O Presidente da República ajuizou uma
Ação Declaratória de Constitucionalidade no Supremo, decidindo este pela constitucionalidade da
LC 70/91 e também da própria EC 3/93.
Mesmo antes da regulamentação da Ação Declaratória de Constitucionalidade pela lei 9868/99,
tal mecanismo pôde ser utilizado, pois o Supremo o entendeu como de eficácia plena.
2. Soluções do Supremo sobre a constitucionalidade da ADC:
- Contra a afirmação de que a ADC era desnecessária, visto que as leis gozam de presunção
de validade até que seja declarado o contrário, o Supremo decidiu que a ADC é um
mecanismo de aperfeiçoamento de interesses, pois com sua decisão evita-se a perpetuação
das demandas.
- Frente à afirmação de que a ADC transformaria o Supremo em órgão consultivo da
correção de conduta dos demais poderes e que por emenda constitucional não se pode dar
mais poder ao Supremo, pois violaria o principio da separação dos poderes que é clausula
pétrea, o Supremo decidiu que quando julga esta exercendo sua atividade típica (diminuição
de conflitos), não está sendo mero órgão consultivo de correção de conduta.
- Em contraposição à afirmação de que a decisão da ADC iria atingir todos os processos que
na 1a instancia estão submetidos a um controle constitucionalidade, sem que aquelas pessoas
pudessem ter garantido o princípio do contraditório no STF, o Supremo decidiu que não há o
que se falar em contraditório, pois estamos no controle abstrato processo objetivo e não há
lide, mas ainda que o princípio do contraditório devesse estar presente, já esta, pois estão
presentes as teses contrárias.
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- Frente à afirmação de que o Juiz de 1a instância estaria obrigado a decidir como o
Supremo decidiu e assim o princípio hierárquico iria incidir no exercício da atividade
jurisdicional típica, sendo ferido o principio do livre convencimento, o Supremo decidiu que
não há ingerência do princípio hierárquico, pois quando decide na ADC que a lei é
constitucional e incide sobre todos os processos, o Juiz não esta obrigado a decidir como o
STF decidiu, pois já está decidido, tem efeito vinculante. O STF, quando decide a ADC, esta
também decidindo a prejudicial em todos os processos. O Supremo é o juiz da prejudicial em
todos os processos concretos.
Se o Juiz quiser decidir contra a decisão do Supremo pela constitucionalidade caberá Reclamação
(medida processual constitucional disciplinada na lei 8038/90) para que a decisão seja cassada
num prazo de 72 horas, pois assim preserva-se a competência do STF (art. 102, I, “l” da CF). A
reclamação garante a coercibilidade do efeito vinculante, isto é, garante a incidência da decisão do
STF.
3. Competência:
A competência é originária do Supremo Tribunal Federal, pois estamos num controle concentrado
(art. 102, I, “a” da CF).
4. Objeto:
A ação declaratória de constitucionalidade tem por objeto lei ou ato normativo federal. Desta
forma, não há identidade entre os objetos da ADIN e ADC, pois na ADIN há ainda a lei ou ato
normativo estadual e na ADC apenas o federal.
5. Legitimação constitucional (art. 103 da CF):
- Presidente da República (art. 103, I da CF).
- Mesa do Senado Federal (art. 103, II da CF).
- Mesa da Câmara dos Deputados (art. 103, III da CF).
- Mesa da Assembléia legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal (art. 103, IV
da CF).
- Governador do Estado ou do Distrito Federal (art. 103, V da CF).
- Procurador-Geral da República (art. 103, VI da CF).
- Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. (art. 103, VII da CF).
- Partido Político com representação no Congresso Nacional (art. 103, VIII da CF).
- Confederação Sindical ou entidade de classe de âmbito nacional (art. 103, IX da CF).
Há identidade entre os legitimados universais da ADC e os da ADIN.
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6. Procedimento:
O procedimento é basicamente o mesmo da ADIN genérica, só que aqui o Advogado-Geral da
União não será citado, visto que não há ato ou texto impugnado.
Na ADC, é requisito obrigatório a demonstração de controvérsia relevante sobre a norma objeto
da demanda (art. 14, III da Lei 9868/99).
A decisão da ADC, por maioria absoluta dos membros do STF, também produz efeitos “erga
omnes”, “ex tunc” e vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e Poder
Executivo. Não produz efeito vinculante apenas em relação ao Poder legislativo.
Tendo em vista que quando o Supremo Tribunal Federal decide a Ação Direta de
Constitucionalidade decide também a prejudicial em todos os processos concretos, haverá
diversidades processuais nos processos concretos:
- Se o juiz não tinha decidido: Não decidirá mais, irá se reportar ao que o STF já decidiu,
julgando a ação improcedente.
- Se o juiz tinha decidido pela inconstitucionalidade e transitou: O efeito vinculante não tem
força capaz de rescindir automaticamente a sentença transitada em julgado, mas pode servir
de fundamento para ação rescisória e cabe liminar.
- Se o juiz já tinha decidido pela constitucionalidade, mas não transitou. Houve recurso e a
decisão do STF sobre a prejudicial foi pela constitucionalidade: O Tribunal confirma a
decisão do Juiz, aplicando a decisão do STF no recurso da parte.
- Se o juiz tinha decidido pela inconstitucionalidade, mas não transitou. Houve recurso e a
decisão do STF sobre a prejudicial foi pela constitucionalidade: O Tribunal irá desfazer a
decisão do juiz.
7. Medida cautelar na ADC:
- Competência: Supremo Tribunal Federal.
- Legitimidade: Os mesmos legitimados. A medida cautelar sempre será incidental, nunca
preparatória.
- Concessão da medida: “O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de
seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de
constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam
o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objetivo da
ação até seu julgamento definitivo” (art. 21 da Lei 9868/99).
- Eficácia: A decisão de concessão da cautelar tem eficácia “erga omnes” e vinculante, em
razão do poder geral de cautela do STF.
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ADIN e ADC
1. Caráter dúplice da ADIN e da ADC:
Proclamada a constitucionalidade, julga-se improcedente a ADIN ou procedente a ADC e
proclamada a inconstitucionalidade, julga-se procedente a ADIN e improcedente a ADC (art. 24
da Lei 9868/99). Pouco importa se é ADIN ou ADC, o que é relevante é o resultado do
julgamento, que sempre será a declaração da constitucionalidade ou inconstitucionalidade.
“As decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra
todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal” (art. 102, §2º da CF).
Tanto a declaração de constitucionalidade como a de inconstitucionalidade tem eficácia contra
todos e efeito vinculante.
2. Manipulação da eficácia na ADC e na ADIN (trazida da Constituição de Portugal baseada
em decisões na Alemanha):
- Regra: O Supremo declara a inconstitucionalidade, produzindo efeitos “erga omnes” e
“ex tunc”, através da maioria absoluta do Pleno. Assim, declara o ato como nulo (aquele que
não produz efeitos válidos e, portanto, não pode ser convalidado).
- Exceção: “Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista as
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de 2/3 de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou
decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que
venha a ser fixado” (art. 27 da Lei 9868/99).
O Supremo Tribunal Federal poderá declarar a inconstitucionalidade, mas manter alguns efeitos
da decisão (reconhecer uma eficácia limitada), em razão de interesse jurídico (segurança jurídica
ou de excepcional interesse social), por meio de 2/3 dos seus membros. Assim, declara o ato como
nulo, mas nem tanto, não pronuncia a sua nulidade. Dissocia o juízo da inconstitucionalidade do
juízo de nulidade.
O Supremo Tribunal Federal poderá restringir os efeitos pessoais da declaração e declarar que ela
só tenha eficácia temporal a partir de determinado momento, isto é, que os efeitos sejam “ex
nunc”.
Ex: Uma lei criou, em determinado Estado, várias carreiras. Tal lei padecia de vício de iniciativa,
pois não foi proposta pelo Chefe do Poder Executivo. Algumas pessoas prestaram concurso e
estão trabalhando. Após 3 anos, o Governador ajuizou uma ADIN. O STF afirmou que a lei é
inconstitucional, mas que a nulidade só irá ocorrer a partir de agora, preservando os atos daqueles
funcionários, por razões de situação jurídica. STF reconheceu a inconstitucionalidade, mas não
proferiu sua nulidade.
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ADIN interventiva
1. Conceito de intervenção:
É uma medida através da qual quebra-se excepcional e temporariamente a autonomia de
determinado ente federativo, nas hipóteses taxativamente previstas na Constituição Federal. Trata-
se de mecanismo utilizado para assegurar a permanência do pacto federativo, ou seja, para
impedir a tentativa de secessão (princípio da indissociabilidade do pacto federativo).
A intervenção é uma exceção, pois em regra todos os entes federativos são dotados de autonomia.
“A organização político-administrativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos da Constituição” (art. 18 da CF).
2. Decretação da intervenção:
Cabe ao Presidente da República decretar e executar a intervenção, após aprovação pelo
Congresso Nacional (art. 49, IV e 84, X da CF). Cabe ao Conselho da República e ao Conselho de
Defesa Nacional opinar sobre a intervenção federal. (art. 90, I e 91, §1º, II da CF).
No caso da ADIN interventiva, a decretação também será pelo Presidente da República, mas
dependerá de requisição do STF (art. 36, III da CF).
3. Pressupostos fáticos da intervenção:
Rol taxativo.
- Para manter a integridade nacional (art. 34, I da CF).
- Para repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra (art. 34, II da
CF).
- Para pôr termo a grave comprometimento da ordem pública (art. 34, III da CF).
- Para garantir o livre exercício de qualquer dos poderes nas unidades da federação (art. 34,
IV da CF).
- Para reorganizar as funções da unidade da Federação que (art. 34, V da CF):
Suspender o pagamento da dívida fundada por mais de 2 anos consecutivos, salvo
motivo de força maior;
Deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição,
dentro dos prazos estabelecidos em lei.
- Para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial (art. 34, VI da CF).
- Para assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais (art. 34, VII): São
denominados pela doutrina de princípios constitucionais sensíveis e são tão importantes que
se desobedecidos pelo Estado-membro, podem dar ensejo à política mais grave que é a
intervenção federal.
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Forma republicana, sistema representativo e regime democrático (art. 34, VII, “a” da
CF).
Direitos da pessoa humana (art. 34, VII, “b” da CF).
Autonomia municipal (art. 34, VII, “c” da CF).
Prestação de contas da administração pública, direta e indireta. (art. 34, VII, “d” da
CF)
Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferência, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde (art. 34, VII, “e” da CF).
4. Ação Interventiva:
É um mecanismo de controle de constitucionalidade abstrato de ato normativo, assim como a
ADIN e a ADC. O controle de constitucionalidade no Brasil começou por via de exceção, mas na
via de ação começou com a ação interventiva.
- Competência: Supremo Tribunal Federal por maioria absoluta. – Na ação interventiva
estadual a competência do Tribunal de Justiça.
- Objeto da ação interventiva: lei ou ato normativo estadual (distrital também) que viole
princípios constitucionais sensíveis. Na ação interventiva estadual, é objeto a lei municipal
que desrespeitar os princípios indicados na Constituição Estadual.
Haverá ação interventiva quando os Estados ou Distrito federal editar qualquer ato normativo
que contrarie os princípios constitucionais sensíveis (intervenção normativa). Pode existir
intervenção federal em razão da conduta administrativa de governo, mas esta não tem relação
alguma com controle de constitucionalidade (intervenção política).
- Legitimidade: Procurador-Geral da República. Só o Procurador-Geral da República pode
propor ação interventiva junto ao STF, solicitando que este requisite ao Presidente a
decretação da intervenção (art. 36, III da CF). Na Ação interventiva estadual, a legitimidade
ativa é do Procurador-Geral de Justiça.
O Procurador-Geral da República não está obrigado e nem será compelido a ajuizar ação
perante o Supremo, em razão da independência funcional do Ministério Público.
- Finalidade da ação interventiva é dupla:
Jurídica: Objetiva a declaração de inconstitucionalidade formal ou material de lei
ou ato normativo estadual.
Política: Objetiva a decretação de intervenção federal no Estado-membro ou
Distrito Federal.
- Procedimento:
O Presidente, recebendo a requisição do STF, independentemente de apreciação do
Congresso Nacional, expede decreto de intervenção, que limitar-se-á a suspender no mundo
jurídico a execução do ato impugnado (art. 36, §3º da CF).
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Somente se a intervenção normativa for inoperante passa-se à efetiva, o Presidente
decretará a intervenção, executando-a através da nomeação de interventor e afastando as
autoridades responsáveis do cargo. Cessados os motivos da intervenção, as autoridades
afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal (art. 36, §4º da CF).
O Supremo Tribunal Federal, quando declara a inconstitucionalidade em face de ADIN, não
comunica ao Senado, pois a sua decisão produz por si só efeitos “erga omnes”. Já na
interventiva, a suspensão da eficácia do ato se da com o Decreto do Presidente da República
e não com a decisão do STF.
Na Ação interventiva estadual, cabe ao Governador decretar a intervenção estadual.
Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)
1. Natureza jurídica da norma constitucional que prevê a argüição de descumprimento de
preceito fundamental:
“A argüição de descumprimento e preceito fundamental, decorrentes desta Constituição, será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei” (art. 101, §1 da CF).
O Supremo Tribunal Federal a considerou como norma constitucional de eficácia jurídica
limitada, assim enquanto não houvesse lei, a argüição de descumprimento de preceito
fundamental não poderia ser apreciada.
2. Conceito:
Assim como a ADIN e ADECON, é um mecanismo de controle abstrato previsto na Constituição.
3. Características:
- Competência: Originária do Supremo Tribunal Federal (art. 102, §1º da CF).
- Legitimados: Os mesmo legitimados da ADIN genérica, ou seja, os legitimados
universais e especiais (art. 2º, I da Lei 9.882/99).
- Pólo passivo: Órgão responsável pela edição do ato.
- Princípio da subsidiariedade: Só cabe ADPF se não houver outro meio processual eficaz
para sanar essa lesividade (art. 4º, §1º da Lei 9882/99).
4. Espécies:
- Arguição autônoma: Tem por objetivo evitar (preventiva) ou reparar (repressiva) lesão a
preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público (art. 1º da Lei 9882/99).
Descumprimento de preceito fundamental (objeto): A lei e a Constituição Federal
não conceituaram o que vem a ser preceito fundamental, de tal sorte que o conceito
continua aberto à construção doutrinaria e jurisprudencial (tendência restritiva). A
doutrina menciona como exemplos a clausula pétrea e os princípios constitucionais
sensíveis.
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Ato do Poder Público: Enquanto na ADIN e na ADC fala-se em ato normativo, na
ADPF fala-se apenas em ato, podendo assim, por exemplo, recair sobre decretos
regulamentares.
Diferentemente da ADIN e da ADC, na ADPF pode existir um controle abstrato
municipal.
- Arguição por equiparação ou equivalência: O Legislador ordinário também considera
como descumprimento de preceito fundamental a controvérsia constitucional relevante sobre
lei ou ato normativo, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.
“Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental quando for relevante o
fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, incluídos os anteriores a Constituição” (art.1º, parágrafo único, I da lei 9.882/99).
Segundo a lei 9.882/99, a ADPF pode ser utilizada para alcançar direitos pré-constitucionais.
Entretanto, o STF ainda não decidiu se é constitucional.
5. Procedimento:
- Proposição da ADPF no Supremo Tribunal Federal por um dos legitimados: “A petição
inicial deverá conter a indicação do preceito fundamental que se considera violado; a
indicação do ato questionado; a prova da violação do preceito fundamental; o pedido, com
suas especificações e se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial
relevante sobre aplicação do preceito fundamental que se considera violado” (art. 3º, I, II, III,
IV e V da Lei 9882/99).
“A petição inicial, acompanhada de instrumento de mandato, se for o caso, será apresentada
em 2 vias, devendo conter cópias do ato questionado e dos documentos, necessários para
comprovar a impugnação” (art. 3º, parágrafo único da Lei 9882/99).
“A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando não for o caso de
argüição de descumprimento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos
nesta lei ou for inepta” (art. 4º da Lei 9882/99). Da decisão de indeferimento da petição
inicial cabe agravo, no prazo de 5 dias (art. 4º, §2º da Lei 9882).
- STF, por decisão de maioria absoluta de seus membros, pode deferir pedido de liminar em
ADPF (art. 5º da Lei 9882/99).
“Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso,
poderá o relator conceder a liminar ad referendum do Tribunal Pleno” (art.5º, §1º da Lei
9882/99).
“O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem
como o Advogado-Geral da União, ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum de
5 dias” (art.5º, §2º da Lei 9882/99).
“A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o
andamento do processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que
apresente relação com a matéria-objeto de argüição de descumprimento de preceito
fundamental, salvo de decorrente de coisa julgada” (art. 5º, §2º da Lei 9882/99).
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- Apreciado o pedido de liminar, o relator solicitará as informações às autoridades
responsáveis pela prática do ato questionado, no prazo de 10 dias (art. 6º da Lei 9882/99).
“Se entender necessário, poderá o relator ouvir as partes nos processo que ensejaram a
argüição, requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que
emita parecer sobre a questão, ou ainda fixar data para declarações, em audiência pública, de
pessoas com experiência e autoridade na matéria” (art. 6º, §1º da Lei 9882/99).
“Poderão ser autorizadas, a critério do relator, sustentação oral e juntada de memoriais, por
requerimento dos interessados no processo” (art. 6º, §2º da Lei 9882/99).
- Decorrido o prazo das informações, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os
ministros e pedirá dia para julgamento (art. 7º da Lei 9882/99).
“O Ministério Público, nas argüições que não houver formulado, terá vista do processo, por 5
dias, após o decurso do prazo para informações” (art. 7º, parágrafo único da Lei 9882/99).
- STF decidirá por quórum de maioria absoluta se presentes pelo menos 2/3 (oito) dos
Ministros (art. 8º da Lei 9882/99). – A decisão é irrecorrível, não pode ser objeto de ação
rescisória (art. 12 da Lei 9882/99).
A decisão tem efeitos “erga omnes”, “ex tunc” e vinculante.
Também pode haver manipulação da eficácia. “Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo, no processo de argüição de descumprimento de preceito fundamental, e tendo
em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo
Tribunal Federal, por maioria de 2/3 dos seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou outro
momento que venha a ser fixado” (art. 11 da Lei 9882/99).
ADIN por omissão
1. Introdução:
A situação de inconstitucionalidade não decorre somente de comportamento positivo do Poder
Público, mas também de um comportamento negativo (de um não fazer), isto é, quando alguém
deveria fazer alguma coisa e não fez, gerando a inoperância da norma constitucional.
Para sanar a omissão de determinados atos que acabam por impedir o exercício de direitos
constitucionais há a ADIN por omissão (via de ação) e o mandado de injunção. Estes mecanismos
foram criados em razão da síndrome da inefetividade das normas constitucionais. O mandado de
injunção é um mecanismo de defesa de direito individual (visa suprir uma omissão para o
exercício do direito) e não de controle de constitucionalidade. Há quem entenda que é mecanismo
de controle na via de exceção ou defesa.
2. Conceito:
É um mecanismo de controle abstrato previsto na Constituição. (art. 103, §2º da CF): Teve como
fonte a Constituição de Portugal.
- Pressupostos: Existência de uma norma constitucional de eficácia limitada. (norma em
que há direito previsto, mas que não pode ser exercido pela falta da lei).
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- Finalidade: Introduzir no ordenamento jurídico uma lei para que possa ser exercido o
direito previsto na Constituição.
3. Ciência ao órgão omisso:
Declarada a inconstitucionalidade por omissão da medida para tornar efetiva a norma
constitucional, será dada ciência ao Poder competente para adoção das providencias necessárias e,
em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias (art. 103, §2º da CF).
- Em se tratando de ato de natureza administrativa: A comunicação tem natureza
mandamental. A autoridade competente deverá fazê-lo em 30 dias, sob pena de crime de
desobediência.
- Em se tratando de falta legislativa: A comunicação tem natureza declaratória. O Poder
competente não está obrigado a fazer a lei, pois o ato de legislar envolve conveniência e
oportunidade.
4. Procedimento:
O procedimento é basicamente o mesmo da ADIN, só que aqui o Advogado-Geral da União não
será citado, visto que não há ato ou texto impugnado a ser defendido e também não há
possibilidade da concessão de medida liminar.