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Manual de BoasPrticas Agrcolas
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Foto da capa: Sidney Cardoso
Manual de BoasPrticas Agrcolas
Conservao e manejo de polinizadorespara uma agricultura sustentvel
Funbio, 2015
AUTOR
Bruno Ferreira
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41 PRTICAS AGRCOLAS AMIGVEIS
42 O que so prticas amigveis aos
polinizadores?
43 O que podemos fazer para ajudar os
polinizadores?
43 Manuteno e recuperao
da vegetao nativa
44 Planejamento da cultura 45 Desenho do cultivo e arranjos de plantio
46 Manter e fornecer locais para nidificao
49 Manejo de ninhos de espcies de
abelhas sociais
52 For necer fontes alimentares alternativas
55 Cultivo consorciado
56 Am biente livre de agrotxicos
57 Conhecer seus polinizadores
59 Estratgias coletivas e polticas pblicas
61 CONCLUSES
62 REFERNCIAS
64 PROJETO POLINIZADORES DO BRASIL
66 OUTRAS PUBLICAES
5 PRTICAS AGRCOLAS PARA CONSERVAO
DE POLINIZADORES
6 POLINIZAO E POLINIZADORES
6 A economia social dos polinizadores
8 Alm da economia
10 Como funciona a polinizao
15 Quais so os insetos polinizadores?16 Abelhas
16 Abelhas solitrias que
constroem ninhos
18 Abelhas sociais construtoras
de ninhos
19 Abelhas parasitas
19 Moscas
21 Borboletas e mariposas
23 Besouros
25 Outros invertebrados
26 Morcegos
29 Aves
29 AMEAAS AOS POLINIZADORES
31 Perda e fragmentao do habitat32 Degradao do habitat
34 Agrotxicos
36 O impacto dos agrotxicos
37 Existem alternativas ao uso de
agrotxicos?
39 E se eu realmente preciso utilizar
agrotxicos?
Equipe tcnica
COORDENAO
Ceres Belchior
Vanina Zini Antunes de Mattos
AUTOR
Bruno Ferreira
REVISO TCNICA
Ceres Belchior
Comit Editorial do MMAVanina Zini Antunes de Mattos
PROJETO GRFICO E DIAGRAMAO
Luxdev
EDITOR
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
FUNBIO
Esse material foi produzido pelo Projeto Conservao e Manejo
dos Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel, atravs de uma
Abordagem Ecossistmica. Esse Projeto apoiado pelo Fundo Global
para o Meio ambiente (GEF), sendo implementado em sete pases,
Brasil, frica do Sul, ndia, Paquisto, Nepal, Gana e Qunia. O Projeto
e coordenado em nvel Global pela Organizao das Naes Unidas para
Alimentao e Agricultura (FAO), com apoio do Programa das Naes
Unidas para o meio Ambiente (PNUMA). No Brasil, coordenado pelo
Ministrio do Meio Ambiente (MMA), com apoio do Fundo Brasileiro
para a Biodiversidade (FUNBIO).
Palavras-chave para a ficha: 1. Agricultura sustentvel. 2. Boas Prticas. 3.
Abelha. 4. Polinizao.
Catalogao na Fonte
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade Funbio
F439m Ferreira, Bruno
Manual de boas prticas agrcolas: conservao e manejo de
polinizadores para agricultura sustentvel, atravs de uma abordagem
ecossistmica / Bruno Ferreira. Rio de Janeiro: Funbio, 2015.
68 p. : il. color.
ISBN 978-85-89368-27-8
1. Agricultura sustentvel. 2. Boas prticas. 3. Polinizao por
inseto. 4. Abelha. I. Bruno Ferreira. II. Ttulo.
CDD 581.16
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M anua l de boa s prt ic as a gr c olas 5
Este manual um guia para agricultores,educadores, gestores de reas protegidas ede parques urbanos e para jardineiros, paraajud-los a prover, aprimorar e manejar osambientes agrcolas, naturais e urbanospara agentes polinizadores.
Inclui informaes prticas sobre como criar e manter locais
para alimentao e nidificao de insetos e outros animais
polinizadores, seja em espaos limitados, como o quintal de uma
residncia ou o ptio de uma escola, at grandes reas como beiras
de estradas, fazendas e stios. O propsito deste manual oferecer
ferramentas, informaes e sugestes prticas para a conservao
dos polinizadores e ajudar a mostrar ao pblico como suas aes
podem afetar diretamente, de forma positiva ou negativa, os
polinizadores.
Prticas agrcolas para conservaode polinizadores
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas6 7
Polinizao e polinizadores
dependem da polinizao por
animais para produzirem frutos
e sementes. Existe uma rede
econmica global, suportada
pelos servios de polinizao,
que vai alm de plantas alimen-
tcias e inclui frmacos, bebidas
e fibras. Somente nos Estados
Unidos o valor dos plantios po-
linizados por insetos estimado
em US$ 20 bilhes e, se o cl-
culo incluir benefcios indiretos
da polinizao (como alimento
para gado, por exemplo), a
soma ultrapassa US$ 40 bilhes.No Brasil o valor econmico da
polinizao, somente por ani-
mais, representa um montante
de mais de R$ 13 bilhes, o que
seria em torno de 12% do valor
total das culturas alimentcias
brasileiras juntas.
Se essas frutas estiverem defor-
madas, ou pequenas demais,
significa que no houve plen
suficiente chegando at o estig-
ma floral, o que comprometeu
o desenvolvimento do fruto,
e possivelmente sua venda. A
polinizao possui um papel
fundamental na produo de
alimentos, porque, de fato,
uma flor sem polinizao nunca
chegar a produzir um fruto.
A polinizao um dos fa-
tores mais importantes naprodutividade de cultivos e
compreend-la o primeiro
passo para conservar os elemen-
tos que esto por trs dela. Es-
tima-se que um tero de toda a
alimentao humana tem como
origem espcies vegetais que
A economia social dos polinizadores
D uma rpida olhada em sua geladeira ouna sua horta. Talvez voc encontre tomates,berinjelas, mas, castanhas, pimentas,abboras, meles, cajus, e maracujs com coresvivas e formas suculentas, indicando que essasfrutas foram perfeitamente polinizadas.
Polinizao e polinizadores
A diversidade e a qualidade de frutos
e sementes dependem de agentes
polinizadores, como o vento no caso
do milho. Fotografia: Bruno Ferreira.
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Polinizao e polinizadores
A polinizao um pro-
cesso ecolgico essen-
cial, e os polinizadores
so elementos-chave
dele. Assim como mui-
tos animais silvestres,
os polinizadores esto
em declnio ou risco deextino por conta de ati-
vidades humanas. Se esse
quadro no for reverti-
do, os resultados sero
desastrosos no apenas
para os insetos, mas para
toda humanidade.
Os benefcios de uma
comunidade de plantas
saudveis so propagados por
todo o ecossistema, desde o
controle de eroso promovido
pelas razes das rvores e
arbustos at a oferta de
alimento na forma de frutose folhas para aves, mamferos
e outros animais. Alm disso,
insetos polinizadores so parte
de uma cadeia alimentar,
servindo de alimento para
lagartos, aranhas, aves e
outros animais.
Os polinizadores esto presentes at
mesmo nas regies ridas do mundo,
como a caatinga da Chapada do
Araripe (CE), que possuem episdios
sazonais de florao. Fotografia:
Roberto L. M. Novaes.
Polinizao e polinizadores
O papel dos polinizadores vai alm daqueleeconmico. Polinizadores ajudam a manter acontinuidade das plantas e, numa escala maior,de todo o ecossistema.
tneis, por exemplo, me-
lhoram a textura do solo,
favorecendo o aumento
do fluxo de gua entre as
razes e a mistura dos nu-
trientes no solo. Larvas de
besouros em rvores mortas
ajudam na decomposio,acelerando o processo de
retorno de nutrientes ao
solo para que sejam reutili-
zados por novas plantas. As
larvas de algumas moscas
se alimentam de parasitas
comuns em plantas.
Numa floresta em que os
polinizadores fossem extintos,
os efeitos poderiam no ser
percebidos imediatamente,
pois as plantas continuariam
a produzir flores durante
dcadas e s mais tarde se
constataria que aquelas rvoresno estavam gerando novos
descendentes por meio de seus
frutos e sementes.
Os polinizadores tambm be-
neficiam as plantas de outras
maneiras. Abelhas que cavam
Alm da economia
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Polinizao e polinizadores
A maioria das plantas com
flores (mais de 80% das plantas
do mundo) depende de insetos
ou outros animais polinizadores
para carregarem seus gros
de plen de flor para flor.
Espalhados pelo mundo, os
polinizadores podem variar
desde minsculas vespas de
figueiras at lmures que vivemnas florestas de Madagascar.
Apesar de o nmero exato de
polinizadores do mundo ser
desconhecido (estimativas vo
de 130 mil a 300 mil espcies), a
grande maioria representada
por insetos.
como plen, nctar, leos ou
mesmo odores, utilizadas na
alimentao ou reproduodos animais. Contudo, nem
todos os animais que procuram
as recompensas atuam como
polinizadores efetivos, visto
que muitos visitantes obtm
a recompensa sem exibir um
comportamento adequado
para realizar uma polinizao
eficiente.
A transferncia de plen reali-
zada por animais muito mais
especializada que aquela feita
pelo vento ou pela gua, pois
milhares de anos de evoluofavoreceram adaptaes fsi-
cas e comportamentais entre
algumas plantas e agentes
polinizadores, que se tornaram
to dependentes um do outro,
fazendo com que a extino de
um leve extino do outro.
O maracujazeiro (Passiflora) possui
anteras e estigmas especialmente
posicionados para a visita de
mamangavas. Fotografia: Iago B. Silva.
Polinizao e polinizadores
A transferncia de plen entre
as flores pode acontecer por
meio do vento, da gua e dosanimais, como insetos, morce-
gos ou aves. Para atrair os ani-
mais polinizadores, as espcies
vegetais oferecem recompensas,
As anteras so os rgos
masculinos da flor e o plen
a gameta masculino. Para quehaja a formao das sementes
e frutos necessrio que os
gros de plen fecundem os
vulos.
A polinizao atransferncia de grosde plen das anterasde uma flor para oestigma (parte doaparelho reprodutorfeminino) da mesmaflor ou de outra florda mesma planta etambm entre flores deplantas diferentes damesma espcie.
Como funciona a polinizao
muito fcil observar as anteras
carregadas de plen de uma flor de
hibisco (Hibiscus). Fotografia: Rafael
V. Nunes.
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Polinizao e polinizadores
As abelhas se destacam entre os
polinizadores, pois so o nico
grupo de animais (alm de
poucas espcies de vespas) que
deliberadamente coletam plen
para transport-lo para seusninhos e crias. claro que as
abelhas no tm a inteno de
polinizar as flores, mas fazem
isso acidentalmente no processo
chamado forrageio, quando
visitam uma sequncia de flores
na busca por alimento, seja
Ao visitar as flores o plen
adere ao corpo do visitante.
Os gros de plen que caem no estigma
fertilizam os vulos; caem as ptalas,
antereras e spalas; o ovrio se transforma
na sliqua e os vulos, nas sementes.
Autopolinizao:
o plen das anteras cai
no estigma com o
balano da flor pelo
vento ou com a visita
de insetos.
Polinizao cruzada:
o plen aderido no
corpo dos insetos em
uma visita anterior
transferido ao estigma
de outra flor.
Tipos de polinizao por insetos. Os gros de plen que caem no
estigma fertilizam a flor, que se transforma em fruto e semente.
Ilustrao: modificada de Abelhas na Polinizao da Canola
(WITTER et. al., 2014).
Os animais que realizam a polinizao
podem variar em forma e tamanho,
desde vertebrados, como o beija-flor,at abelhas-mamangavas. Fotografias:
Rafael Vinicius L. Habermann (beija-
flor), Paulo Leandro Brassoloto
(borboleta), rick T. Rodrigues
(mamangava).
Polinizao e polinizadores
O Cretceo (145 milhes de anos atrs)
foi o perodo geolgico com o maior
nmero de ordens de insetos viventes,
e, simultaneamente, dominado em sua
maioria por plantas com flores.
Acredita-se que os insetos
originalmente visitavam as plantas
em busca de alimento, agindo comopredadores, e a polinizao no
passava de uma consequncia indireta.
Apesar de eventos de polinizao
isolados no explicarem a
diversidade de formas de insetos
e plantas conhecidas hoje, a
evoluo conjunta desses grandes
grupos, passando por perodos
de intensa atividade geolgica,
como a deriva dos continentes,
poderia explicar a distribuioe diversidade atual de muitas
plantas e animais.
HISTRIA NATURAL ENTRE INSETOS E PLANTA
Fotografia: Sidney Cardoso.
FORRAGEIO,FORRAGEAMENTOou FORRAGEAR otermo ecolgico quedenomina a sadade um animal emprocura de alimento,seja embaixo defolhas ou gravetos,revirando a terra,buscando frutosmaduros em rvoresou caando umcamundongo pelacampina.
Tamandus
forrageiam em buscade formigas oucupins, e abelhas embusca de nctar eplen.
Polinizao e polinizadoresPolinizao e polinizadores
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Polinizao e polinizadores
Ao entender as necessidades
biolgicas de cada polinizador
em seus diferentes estgios
de vida, podemos propor
aes que ajudem a aprimorar
um determinado habitat
para torn-lo ideal para aalimentao e reproduo
desses insetos.
Todos os insetos apresentados
neste manual possuem
o processo completo de
metamorfose, com quatro
estgios: ovo, larva, casulo
(ou pupa) e adulto alado.
O perodo de vida de um
polinizador adulto pode
variar de poucas semanas
(algumas borboletas) at
alguns anos (algumasabelhas-rainhas), e cada
grupo possui uma maneira
diferente de colocar seus
ovos e alimentar suas
larvas, relacionada
disponibilidade de plantas
que servem como alimento.
A diversidade de insetos que ser discutidaneste captulo representa o cenrioencontrado nos ecossistemas brasileiros.
Quais so os insetos polinizadores? A metamorfose da borboleta-palha(Actinote) marcada pelo estgio de
pupa, no qual a lagarta se transforma
em um adulto alado. Fotografia: Ivy
Frizo de Melo.
Polinizao e polinizadores
plen, nctar ou at leos e re-
sinas. Alm disso, abelhas ten-
dem a exibir o comportamento
de visitar as mesmas espcies
de flores em um mesmo voo deforrageio, aumentando sua im-
portncia como polinizadores.
Borboletas, moscas e besouros
visitam as flores em busca
de nctar e, eventualmente,
esbarram nos gros de plen,
que grudam em seu corpo para
serem transportados.
Este manual d uma consider-
vel ateno s abelhas nativas,no apenas pela sua eficincia
como polinizadoras (uma nica
abelha solitria pode carregar
at 60 vezes mais plen que
uma nica abelha-melfera),
mas tambm porque cientifi-
camente muito se sabe sobre a
biologia desses insetos, embo-
ra nem tudo esteja disponvel
e de fcil acesso ao pblico.
Embora a abelha-melfera (Apis
mellifera) seja uma importanteagente na agricultura, poucas
menes sero feitas essa
abelha, pois, alm de ser uma
abelha no nativa do Brasil, ela
compete com abelhas nativas
de forma impactante para toda
a comunidade.
A belha-melfera (Apis mell ifera) est
entre os polinizadores mais comuns e
abundantes encontrados no mundo.
Fotografia: Fernando Henrique A.
Farache.
Polinizao e polinizadoresPolinizao e polinizadores
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p
As divises internas de um ninho de abelha solitria podem
ser construdas por inmeros materiais fornecidos pelo
prprio ambiente: abelhas do gnero Tetrapediautilizam
materiais como areia e leo (superior); abelhas-da-orqudea
(Eufriesea) utilizam cascas de rvore e resina (inferior).
Fotografias: Patrcia S. Vilhena.
de plen e nctar). Normalmen-
te as cmaras so alinhadas,
para proteger suas crias e seu
suprimento de comida contra
desidratao, excesso de umi-
dade, predadores, parasitas e
doenas. Semanas depois, aps
preparar vrios ninhos diferen-
tes, a fmea morre.
Aps a ecloso do ovo dentro
da cmara, a larva permane-
ce segura, alimentando-se do
Algumas vespas utilizam a mesma estratgia de nidificao
de abelhas solitrias, porm abrigam suas crias em cmaras
revestidas de barro, ao invs de cera. Fotografia: Yuri F.
Messas.
Alm de prover um ninho
adequado e seguro, as ABELHAS
SOLITRIAS precisam garantir
que suas crias tenham um
estoque de alimento grande
o suficiente at atingir a fase
adulta. Isso significa que essas
abelhas devem forragear por
plen e nctar em quantidades
imensas, muito superiores s
abelhas-melferas.
Alm de adaptaes fsicas para
carregar grandes quantidades de
plen, uma abelha solitria pode
levar o dia todo para aprovisionar
uma nica cmara de nidificao.
Por causa da quantidade de plen
carregado, multiplicada pelo
nmero de flores visitadas em um
nico voo, as abelhas solitrias
esto entre os polinizadores mais
eficientes no reino animal.
p
espcie e outra. A maioria es-
cava tneis no solo, enquanto
outras cavam ninhos na madei-
ra viva ou morta, ou ocupam
cavidades pr-existentes como
tneis abandonados de larvas
de besouros. Grupos menos co-
nhecidos utilizam carapaas decaramujos ou escavam resinas
vegetais. Independentemente
do tipo de ninho, a fmea cria
dentro dele uma ou mais cma-
ras, dentro das quais so postos
seus ovos com o alimento para
a larva (uma nutritiva mistura
Abelhas solitrias queconstroem ninhosElas so consideradas solit-
rias pois, aps o acasalamen-
to, dificilmente entram em
contato com outra abelha da
mesma espcie. Elas prprias
encontram e escavam um localadequado para seus ninhos,
onde sero depositados seus
ovos juntamente com alimen-
tos aprovisionados. O local e a
maneira pela qual uma abelha
solitria constri seu ninho
podem variar muito entre uma
Abelhas
Abelhas soimensamentediversas e podem sercategorizadas emsolitrias ou sociais, e
tambm em aquelasque constroem eaprovisionam alimentoem seus prpriosninhos ou aquelasque parasitam outrasespcies.
As mamangavas so abelhas solitrias
muito conhecidas no Brasil. Fotografia:
Sidney Cardoso.
Polinizao e polinizadoresPolinizao e polinizadores
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Moscas
Moscas esto entre os visitantes florais maiscomuns e podem ser facilmente confundidascom abelhas.
Abelhas parasitasUma pequena parcela
de abelhas deposita seus
ovos nos ninhos de outras
abelhas aparentadas e,
por isso, so consideradas
parasitas; o parasitismo
pode se dar tanto em
ninhos de abelhas solitrias
quanto sociais. A fmeaparasita entra no ninho de
abelhas solitrias (ninho
hospedeiro) quando a fmea
est ausente. O ovo parasita
eclode primeiro e sua larva
mata o ovo hospedeiro
(ou a larva), depois come
o alimento da cmara at
completar os processos de
metamorfose e emergir
como adulto. Em ninhos de
abelhas sociais, as fmeas
parasitas matam as fmeas
hospedeiras ou vivem
com elas, de modo que asoperrias criam as larvas
parasitas como se fossem
as prprias hospedeiras.
Independentemente do caso,
apenas ninhos j formados
so parasitados.
Alm de valiosas como polinizadoras,
moscas agem como decompositoras
de matria orgnica, fonte de
alimentos para vrios animais, e como
predadoras de larvas de borboletas e
besouros e, por isso, so utilizadas no
controle biolgico. Fotografia: Sidney
Cardoso.
plen e nctar deixado pela
me, at passar por todos os
estgios de desenvolvimento,
e deixa o ninho quando atinge
a forma adulta, geralmente
em perodo sincronizado com
o florescimento das plantas da
regio. Essas abelhas passam,
ento, a ocupar o ambiente,
forrageando por duas coisas:nctar para energia e plen
para nutrientes.
Existem ainda abelhas que pos-
suem comportamentos inter-
medirios entre o solitrio e o
social, e um deles o comunal.
Essas abelhas compartilham
ninhos e buscam por vantagens
como melhor utilizao dos
recursos e defesa mtua contra
parasitas ou predadores.
Diferentemente das abelhas
solitrias, as abelhas sociais
passam rapidamente pelo
estgio de larva e pupa.
medida que a colnia cresce,
uma nova gerao de rainhas
e zanges produzida, que
voam para se acasalar eformar novas colnias.
Abelhas sociais construtorasde ninhosAbelhas sociais vivem em
colnias, com pelo menos duas
fmeas adultas habitando o
ninho, e dividem suas tarefas
para constru-lo e aprovision-
lo. Geralmente uma das
fmeas a rainha responsvel
pela postura de ovos, e asoutras fmeas so operrias
que realizam o forrageio e a
manuteno do ninho.
As abelhas sociais nativas do Brasil,tambm conhecidas como abelhas-
sem-ferro ou abelhas-indgenas, so
comuns em todas as regies do pas.
As jatas (Tetragonisca angustula) so
famosas por construrem seus ninhos
dentro de tocos de rvore ou at em
frestas de construes. Fotografia:
Sidney Cardoso.
Polinizao e polinizadoresPolinizao e polinizadores
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Diferenciar borboletas (acima) e
mariposas (abaixo) um hbito que
ir ajudar a entender e preservar a
fauna de polinizadores de seu jardim
ou horta. Fotografias: Bruno Ferreira
(borboleta) e Fbio M. Labecca
(mariposa).
Borboletas e mariposas
Borboletas estoentre os insetos maiscarismticos e de maiorapelo social, por seremgeralmente coloridas,
graciosas e trazeremdeleite aos quintais,
jardins e parques.
longas e afinadas do que as
de moscas.
Moscas adultas no fazem
ninhos e colocam seus ovos
prximos a grandes supri-
mentos de comida para suas
larvas. A busca por locais
adequados para colocar seus
ovos demanda energia; porisso, muitas moscas voam
de flor em flor na busca
por nctar, atuando como
polinizadores.
Sirfdeos, por exemplo, so
moscas que garantem sua pro-
teo contra predadores por te-
rem o corpo e comportamento
semelhantes a abelhas e vespas,
que so geralmente evitadas
pelas aves por causa do ferro.
Na dvida, olhe o nmero de
asas: moscas possuem duas,
enquanto que abelhas e vespaspossuem quatro. O tamanho
da antena tambm d algumas
pistas, uma vez que abelhas e
vespas possuem antenas mais
Apesar de uma nica mosca
transportar menos plen do que
uma abelha, moscas so impor-
tantes polinizadores em regies
de alta latitude ou montanho-
sas do mundo, onde os dias so
mais curtos e mais frios, desfa-
vorecendo abelhas que precisam
dividir o curto perodo de aber-
tura das flores com a construode ninhos durante a exposio
do sol. Moscas, por no constru-
rem ninhos, so favorecidas em
tais ambientes.
Mimetismo a presena de
caractersticas ou comportamentos
utilizados por alguns animais que os
confundem com um outro grupo de
organismo. Por exemplo, o bicho-pau confundido com um graveto
em meio a um arbusto. Essas
semelhanas se do no padro de
colorao, textura, forma do corpo,
comportamento e caractersticas
qumicas, e deve conferir ao mmico
uma vantagem adaptativa contra
seus predadores.
MIMETISMO
Abelha ou Mosca? A mosca-ladra (Asilidae) uma predadora de abelhas, e por
isso as mimetiza. Fotografia: Andr Grassi Corra.
Polinizao e polinizadoresPolinizao e polinizadores
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purrar bolotas de esterco pelo
solo, para o aprovisionamento
de suas crias. O tempo de vidade um besouro adulto varia de
poucos dias at alguns meses,
mas para a maioria dos besou-
ros que visitam flores de um
ms ou menos. Uma quantidade
substancial de besouros que se
alimentam nas flores consome
plen, mas alguns mastigam a
prpria flor. Apesar do dano
causado pela destruio da
flor, um pouco de plen acaba
grudado no corpo do besouro e
transferido de uma flor para
outra. Dado que esse processo
repetido milhares de vezes emum nico local, dada a abun-
dncia de besouros, ele se torna
bastante significativo e impor-
tante. Em regies ridas, por
exemplo, os adultos emergem
dos casulos em sincronia com a
estao de florao das plantas.
Besouros representam a maior
diversidade de polinizadores e
so conhecidos como tais h mi-lhes de anos. Registros fsseis
sugerem que os besouros, jun-
tamente com as moscas, foram
os primeiros insetos a polinizar
as flores pr-histricas. Desde
ento, as flores tm evoludo
e se adaptado para diferentes
tipos de polinizadores, mas al-
gumas flores mais primitivas
ainda dependem de besouros,
como o araticum e a graviola,
por exemplo.
Apesar da imensa diversida-
de de besouros, nem todoseles visitam flores ou so
polinizadores. Provavelmen-
te o grupo mais conhecido
de besouros polinizadores no
Brasil aquele dos escarabe-
deos (besouros-do-esterco ou
rola-bosta), famosos por em-
Besouros
Existem no mundomais de 400.000espcies de besouros,que compem o grupomais diversificado de
insetos no planeta, emtermos de formato etamanho do corpo.Juntos, os besourosrepresentam 25% detodas as espcies deanimais conhecidas noplaneta.
Borboletas e mariposas
so insetos aparentados, e
diferenci-las pode ser uma
tarefa minuciosa. Geralmente
borboletas so mais coloridas,
voam durante o dia e pousamcom as asas fechadas na vertical
(como as velas de um barco),
ao passo que mariposas so
cinza ou marrons, voam noite
e pousam com as asas abertas
na horizontal (como a ponta
de uma flecha). Entretanto,
planta hospedeira, que
a mesma que servir de
alimento para suas lagartas
quando elas eclodirem dos
ovos. O nctar de flores e
os acares de frutas doao adulto grande parte da
nutrio necessria para
sua sobrevivncia, mas
comum observar borboletas
complementando suas dietas
em excrementos, areia ou
terra mida e carcaas.
existem inmeras excees
para essas regras; na dvida,
verifique as antenas: borboletas
possuem na extremidade de
suas antenas uma bolinha
que se assemelha ponta deum taco de golfe; j mariposas
possuem antenas lisas, ou
filamentosas, que lembram
penas ou plumas.
Borboletas e mariposas colocam
seus ovos nas folhas de uma
As lagartas podem ter as mais
curiosas formas, e nem todas so
necessariamente pragas aos cultivos.
Fotografia: Guilherme Bertuzo.
Polinizao e polinizadoresPolinizao e polinizadores
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas24 25
de serem caadoras, visitam
flores na busca do nctar, por
conta de seu valor energtico.
Existem ainda exemplos deespecializao, como as vespas
que visitam orqudeas ou
aquelas que penetram em figos,
em cujo interior se encontram
numerosas e diminutas flores,
onde so depositados os ovos
das fmeas.
lo por curtas distncias at
a prxima flor. J os tripes
possuem hbitos alimentares
muito variados: podem sugarseiva de plantas ou sangue
de animais; ser predadores ou
parasitas e at comer fungos.
Mas existe um grupo que se
alimenta de plen e, por isso,
tambm so polinizadores em
potencial. As vespas, apesar
As formigas so insetos que
podem visitar flores para
sugar nctar, mas as operrias,
por no terem asas, no volonge e raramente visitam
plantas diferentes. Existem
vrias espcies de lesmas
que, ao subirem em uma flor
para comer parte dela, ficam
com o plen grudado em seu
corpo, podendo transport-
Alm de polinizadoras, as formigas
possuem um importante papel
ecolgico na ciclagem da matria
orgnica, predao e disperso de
sementes. Fotografia: Rafael V. Nunes.
Outros invertebrados
Apesar de incomum,a polinizao tambmpode ser feita, emcasos bem especficos,por formigas, vespas,
lesmas e tripes(tisanpteros).
Os besouros esto entre os
polinizadores mais antigos do planeta.
Fotografia: Rafael V. Nunes.
As magnolideas esto entre as plantas
mais antigas do mundo, que evoluram
muito antes da existncia de qualquer
abelha, borboleta ou mariposa,
quando os nicos polinizadores
disponveis eram besouros e moscas.
Quando as abelhas entraram em
cena, cerca de 30 milhes de anos
depois, elas assumiram o posto
de polinizadoras do planeta, com
considerveis adaptaes evolutivas
que as tornavam perfeitas para o
trabalho.
Entretanto nem as magnolideas ou
os besouros eram especializados para
esse tipo de polinizao. As flores,
embora graciosas, continuaram
bastantes simples e primitivas;
e os besouros continuaram comendo
pedaos da flor junto com o plen.
Porm, as flores das magnolideas so
adaptadas a esse tipo de tratamento:
suas ptalas so rgidas e coriceas,
e suas sementes, bem protegidas.
Nos cerrados brasileiros o araticum
um importante representante
das magnolideas. Suas flores so
incapazes de se autopolinizar, uma vez
que a fase de receptividade feminina
no ocorre ao mesmo tempo que a
fase masculina.
O interior da flor, na forma de uma
cmara, libera uma pluma de odores
extremante atrativa aos besouros,
que voam para essa cmara onde
ficam protegidos dos predadores e
encontram alimento (pedaos da flor
e plen). Os besouros ficam abrigados
por tempo suficiente at que a flor
entre na fase masculina, garantindo
o contato dos besouros com o plen.
Abelhas, moscas e at gafanhotos
visitam as flores das magnolideas,
atrados pela oferta de plen e
nctar, mas a maioria deles chega
at a flor muito tarde, aps o perodo
em que as flores esto receptivas
para polinizao, deixando para
os besouros o importante fardo
da perpetuao desse grupo.
O ARATICUM E OS BESOUROS
Polinizao e polinizadoresPolinizao e polinizadores
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas26 27
e alimentar-se longe do alcance
de predadores arbreos como
cobras e gambs. Elas incre-
mentam o odor de suas flores
com compostos de enxofre,um estmulo de longa distn-
cia irresistvel para morcegos
nectarvoros (mas no para
humanos o perfume dessas
flores j foi descrito como algo
nauseante, lembrando repolho
ou carnia).
polinizadas por morcegos
desenvolveram uma soluo
interessante: elas driblaram o
problema da quantidade e qua-
lidade de nctar ao investiremna maximizao da eficincia
para visitas de morcegos. Assim,
plantas que florescem noi-
te expem suas estruturas em
posies de destaque, acessveis
durante o voo, de forma que os
morcegos possam encontrar-se
Trocar nctar por polinizao
uma transao delicada que
traz um dilema para a planta.
Para plantas de florao notur-
na interessante que a ofertade nctar seja econmica, pois
morcegos bem alimentados
visitam menos flores. Por outro
lado, se a planta oferecer muito
pouco, o morcego prestar
seu servio em outro local. Ao
longo da evoluo, as plantas
A fava-de-bolota (Parkia platycephala)
uma rvore encontrada no norte
do Brasil e frequentemente utilizada
em paisagismos. Suas flores so
tipicamente polinizadas por morcegos
nectarvoros. Fotografia: Roberto L. M.
Novaes.
Entretanto, tambm existem
morcegos que se alimentam de
nctar e emitem sons suaves,
mais sofisticados, que prio-
rizam os detalhes em detri-mento da distncia e refletem
imagens com informaes
precisas sobre tamanho, for-
mato, posio, textura, ngu-
lo, profundidade, entre outras
caractersticas que s o morce-
go pode interpretar.
Morcegos
A maioria dos morcegos alimenta-se deinsetos e, para localiz-los, utiliza ondassonoras poderosas e de longo alcance,propagadas a cada elevao de suas asas.
O morcego-beija-flor (Anoura
geoffroyi) uma das vrias espcies
de morcegos nectarvoros do Brasil.
Fotografia: Roberto L. M. Novaes.
Polinizao e polinizadores
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas28 29
At mesmo os ndios pr-
colombianos j derrubavam
clareiras na floresta para
seus pequenos roados desubsistncia, ou queimavam
campinas para os perodos de
caa. Hoje possumos o poder
de alterar a paisagem de forma
rpida, profunda e permanente,
para atender nossas
necessidades na agricultura,
Ao longo de suahistria, o homem vemmodificando e dandonovas formas aosambientes naturais.
Ameaas aos polinizadores
Monoculturas extensivas, como o
cultivo de cana-de-acar (Saccharum),
so cenrios que geralmente retratam
a degradao na natureza em nome
da produtividade agrcola. Fotografia:
Fbio M. Labecca.
outro lado, as aves que pousam
utilizam folhas, galhos, brcteas
e at mesmo a prpria inflo-
rescncia como apoio para ter
acesso ao nctar nas flores. As
ltimas so consideradas menosespecializadas e, quando da-
nificam a flor, so classificadas
como parasitas dos sistemas de
polinizao.
O comportamento das aves que
visitam flores pode ser dividido
em dois tipos: aves que pousam
e aves que adejam. As aves que
adejam apresentam o voo do
tipo pairado, caracterstico dosbeija-flores, que coletam nctar
sem pousar nas plantas, as
quais geralmente apresentam
flores pndulas ou verticais. Por
Aves
O nctar produzidopelas flores umimportante recursoalimentar para aves,principalmente para os
beija-flores.
Os beija-flores, como o rabo-branco-
da-mata (Phaethornis eurynome),
conseguem sincronizar seus horrios
de forrageamento com os picos
de produo de nctar das flores.
Fotografia: Carlos Otvio A. Gussoni.
Ameaas aos polinizadoresAmeaas aos polinizadores
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas30 31
tornar as principais, e talvez
nicas, fontes de alimento e
abrigo para os polinizadores
estabelecidos no local.
Embora em reas urbanas a
perda de reas naturais seja
claramente perceptvel, a frag-
mentao em ambientes rurais
mais preocupante, dado o
tamanho e a velocidade da ex-
panso das fronteiras agrcolas,
principalmente no Brasil. Ape-
sar de as prticas convencionais
agrcolas preencherem a paisa-
gem com plantas, as espcies
cultivadas no atendem a todas
as necessidades de alimentao
e nidificao de um polinizador,
alm de serem campos geral-mente tratados com agrotxi-
cos. Os poucos remanescentes
de habitat que restam (como
canteiros, cercas vivas, acos-
tamentos, matas ciliares e
reservas legais) so muito
importantes, pois passam a se
Perda e fragmentao do habitat
Tanto a destruio direta de um habitat comosua fragmentao em manchas pequenase isoladas ameaam a biodiversidade depolinizadores.
No entorno do Parque Indgenado Xingu cada vez mais a floresta
amaznica d lugar s queimadas e
pastagens, transformando a paisagem
em um retalho de habitats. Fotografia:
Jernimo K. Villas-Bas.
minerao e desenvolvimento.
Os efeitos dessas aes sobre
animais e plantas geralmente
so desastrosos.
Existem trs tipos principaisde ameaas aos polinizadores:
a perda e fragmentaodo habitat;
a degradao do habitat;
e o uso de agrotxicos
Embora todas essa ameaas
sejam de origem humana,
tambm o ser humano o
principal responsvel pelas
aes que podem recuperar o
ecossistema.
HABITAT o espao onde seres
vivos habitam e se desenvolvem.
um ambiente, geralmente natural,
onde determinado organismo nasce
e cresce, pois oferece as condies
climticas, fsicas e alimentares ideais
para o desenvolvimento dele.
Observe que o habitat no se limita
somente a uma espcie de animal ou
planta, pois vrias espcies podem
conviver em um mesmo habitat.
No existe uma escala precisa para
o tamanho de um habitat, pois a
perspectiva sempre ser a dos orga-
nismos em questo, baseada em suas
necessidades de sobrevivncia. O ha-
bitat de um salmo todo o trecho
de gua, desde o mar at a cabecei-
ra do rio que ele percorre ao longo
de sua vida; enquanto que o habitat
de uma jacutinga ser os limites de
uma floresta que ela usa para forra-
gear, reproduzir e nidificar.
O QUE O HABITAT?
Para uma ave, o habitat pode ser toda esta mata no interior do Cear;
enquanto que para um inseto, o habitat pode ser limitado vida dento de
uma das bromlias que ocupam as rvores. Fotografia: Ileyne T. Lopes.
Ameaas aos polinizadoresAmeaas aos polinizadores
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas32 33
Os cerrados brasileiros so um dos
ecossistemas mais suscetveis invaso
do capim-braquiria, por conta de
seu regime climtico e choque com
as fronteiras pastoris. Fotografia:
Humberto A. A. Mauro.
INVASORAS X EXTICAS
De acordo com a Conveno sobre Diversidade Biolgica,ESPCIE EXTICA toda espcie que se encontra fora de suarea de distribuio natural, como o eucalipto ou o pinheiro
Pinusno Brasil. J ESPCIE INVASORA definida comouma espcie extica que se prolifera sem controle e passa arepresentar ameaas para espcies nativas e para o equilbriodos ecossistemas, como a tilpia que preda e compete poralimento com peixes nativos. As espcies exticas invasoras sobeneficiadas pela degradao ambiental e so bem-sucedidasem ambientes e paisagens alterados.
Os dois principais fatores que contribuem paraa degradao de habitats so a presena deespcies invasoras ou exticas e determinadasprticas de manejo do solo.
Mudanas nas prticas de ma-
nejo da terra que advm dos
avanos tecnolgicos, aplicadas
na busca da paisagem agrco-
la de maior produtividade e
melhor rentabilidade, normal-
mente levam degradao do
habitat. Tratores e arados cada
vez mais modernos passam a
cortar locais anteriormente
abandonados ou inating-
veis, reduzindo a diversidade
de plantas e dos organismosassociados a elas. Herbicidas
utilizados para o controle de
ervas-daninhas podem matar
no apenas a planta-alvo, mas
toda uma comunidade de plan-
tas suscetveis, incluindo plantas
utilizadas por polinizadores.
A introduo de organismos
exticos (animais ou plantas
provenientes de outro bioma,
por exemplo) tem afetado os
insetos tanto direta quanto
indiretamente. Plantas
invasoras podem degradar um
habitat ao se alastrarem de
forma massiva, competindo
e eliminando plantas nativas
que, anteriormente, eram
importantes fontes de
alimento e reproduo parapolinizadores. comum
observarmos nos cerrados
brasileiros a invaso do capim-
braquiria, que rapidamente
domina todo o cho de um
remanescente de mata cercada
por pasto.
Degradao do habitat
Ameaas aos polinizadoresAmeaas aos polinizadores
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas34 35
Agrotxicos no so apenas
um problema limitado aos
polinizadores em reas
agrcolas. Sua lenta ao de
degradao pode estender
seus danos contaminao
de outros elementos da
fauna silvestre, como
peixes, ou at causar o
envenenamento de seres
humanos por consumo de
gua contaminada.
superior a 300 mil toneladas,
fato que torna o pas o
maior consumidor mundial
de agrotxicos. Segundo
a EMBRAPA, nos ltimos
anos o Brasil aumentou o
consumo de agrotxicosem 700%, enquanto a rea
agrcola nacional aumentou
78% no mesmo perodo.
Todo esse cenrio alarmante
explicado pela alta
lucratividade do setor
de agronegcio.
Toneladas dessas substncias
so aplicadas desde em
grandes fazendas at jardins
residenciais. Inseticidas
matam os insetos (inclusive
os que forem polinizadores),
enquanto que herbicidasreduzem a diversidade
de plantas cujas flores
alimentam os polinizadores.
Anualmente so usados no
mundo cerca de 2,5 milhes
de toneladas de agrotxicos,
sendo que no Brasil o uso
Os danos causados pelos agrotxicos
vo alm dos ambientais. A prpria
sade humana pode estar em risco.
Fotografia: Erik Bastos.
Dentre todas as ameaas existentes, uma coisa clara: agrotxicos tm um efeito desastrososobre todos os tipos de polinizadores, emespecial insetos.
Agrotxicos
O Brasil o lder mundial no consumo
de agrotxicos e fertilizantes
qumicos. Fotografia: Erik Bastos.
Ameaas aos polinizadoresAmeaas aos polinizadores
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas36 37
iro crescer, ao invs de criar
condies artificiais para plan-
tas exticas. Uma planta local
sempre crescer melhor em sua
regio de origem do que uma
planta introduzida.
A qualidade do solo funda-
mental para a sade do seu
cultivo. Fertilizantes naturais,
Primeiramente garanta que
suas plantas estejam saud-
veis. Uma planta que possui
um desenvolvimento vigoroso,
com o mnimo de perturbao,
consegue evitar a manifesta-
o e proliferao de doenas
e pragas. D preferncia para
cultivos que estejam adaptados
s condies ambientais onde
Existem diversasopes que voc pode
escolher no intuito deerradicar ou limitara necessidade deagrotxicos.
Existem alternativas ao uso de agrotxicos?
Um ecossistema forte e equilibrado
essencial para o bom desenvolvimento
de seu cultivo sem o uso de
agrotxicos. Fotografia: Lucas R.
Bolzani.
podem ter dificuldades de
navegao e orientao para
encontrar o caminho de volta
para seus ninhos, ou mesmo
podem perder a capacidade
de voar. Outros efeitos podem
tornar os insetos agressivos
ou agitados, com movimentos
lentos, desorientados ou
at paralisados, fatores que
prejudicam as atividades de
forrageamento, acasalamento
ou nidificao. Esses efeitos so
resultados de envenenamento
graduais e indiretos, como o
contato de abelhas com plen
ou nctar contaminado trazido
at o ninho ou usado como
aprovisionamento para crias.
insetos menores e menores
concentraes no ar podem
mat-los mais facilmente.
comum apicultores encontrarem
milhares de abelhas-melferas
mortas ao redor de suas
colmeias, aps a pulverizao
nos cultivos vizinhos. Imagine
o nmero de abelhas nativas,
menos tolerantes, que so
intoxicadas simultaneamente
e morrem espalhadas pelos
campos de cultivos, de maneira
despercebida.
At mesmo doses no letais de
pesticidas podem ter efeitos
nocivos. Abelhas expostas
a pequenas quantidades
Se esto voando durante a
aplicao, os insetos so mortos
direta e instantaneamente. Se
eles esto forrageando em um
campo recentemente pulveriza-
do, podem absorver as toxinas
dos resduos que se encontram
na planta, morrendo de forma
mais lenta.
Insetos menores, especialmente
algumas abelhas nativas, so
mais sensveis; elas possuem
uma superfcie corprea
relativamente maior ao seu
volume corpreo e, por isso,
absorvem doses maiores. Desse
modo, resduos em plantas so
perigosos por mais tempo para
O impacto dos agrotxicos
Insetos so envenenados pelos agrotxicosquando absorvem as toxinas dispersas no ar,bebem nctar contaminado ou coletam plenmisturado ao veneno.
Ameaas aos polinizadoresAmeaas aos polinizadores
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas38 39
Existem inmeras formas de
aplicao, desde pulverizadores
costais, at tratores ou avies.
Quanto mais localizado for o
mtodo de aplicao (pulveri-
zaes manuais, por exemplo),
menor o dano ocasionado
pela disperso do agrotxico
(e maior sua ao contra as
pragas). Agrotxicos lanados
de avies pulverizadores podem
matar at 80% das abelhas
em forrageio que se encon-
trem no trajeto, e a nuvem
de veneno pode ainda alcan-
ar mais de dois quilmetros
adjacentes apenas pela ao do
vento. Alm de ser um mtodo
destrutivo, a aplicao area
muito cara.
Apesar de alguns produtos
oferecerem instrues para
proteo de colmeias de
abelhas-melferas, pouca ou
importante que a aplicao
seja realizada durante o pero-
do em que os polinizadores no
estejam ativos, ou nas estaes
do ano em que no haja flores-
cimento da sua cultura. fun-
damental que as pulverizaes
nunca sejam feitas em locais
onde se encontram ninhos de
abelhas, plantas hospedeiras de
lagartas de borboletas ou reas
onde larvas de moscas e besou-
ros se desenvolvem.
Procure treinamento ou super-
viso antes de aplicar agro-
txicos em jardins e parques
urbanos, e obedea s indi-
caes do fabricante sobre os
modos de diluio e aplicao
do produto, alm dos pontos
destacados anteriormente.
nas grandes reas agrcolas
que encontramos as gran-
des ameaas dos agrotxicos.
Se voc no possuioutra opo a no ser
o uso de agrotxicos,procure uma maneirade minimizar osdanos causados aospolinizadores quebeneficiam sua cultura,assim como aos insetosque atuam comoinimigos naturais desuas pragas.
E se eu realmente preciso utilizar agrotxicos?
alm de serem completamente
efetivos, tendem a melhorar o
solo no apenas pela introdu-
o de nutrientes, mas tambm
por aprimorarem sua estrutura
e seus componentes orgnicos.
Um agroecossistema com uma
diversidade suficiente de ele-
mentos de habitat (matas ou
plantas nativas em bordas de
estradas e canteiros) apresenta
maior ocorrncia de predadores
e parasitas naturais que contro-
lam pragas agrcolas, os quais
normalmente seriam eliminados
pelo uso de agrotxicos.
Em propriedades pequenas,
prticas simples podem ser
realizadas com eficincia, como
a catao manual de pragas ou
pulverizao de leos e repe-
lentes naturais e tambm a re-
moo de folhas e outras partes
doentes da planta.
Vespas so inimigas naturais de
lagartas e aranhas, que as caam
para fornecer alimento s suas
crias. Fotografia: Rafael Vinicius L.
Habermann.
P ti l i i
Ameaas aos polinizadores
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas40 41
para auxiliar na conservao
de insetos polinizadores em
reas agrcolas e, dessa forma,
contribuir para a manuteno
dos servios de polinizao
nessas culturas. Essas prticas
foram propostas nos planos
de manejo desenvolvidos com
apoio do Projeto Polinizadores
do Brasil para a polinizao
dos cultivos de algodo, caju,
canola, castanha-do-brasil,
ma, melo e tomate.
as reas agrcolas so muito
extensas e h carncia de ha-
bitats para sustentar os polini-
zadores nativos. medida que
as reas agrcolas cultivadas
aumentam, a comunidade de
polinizadores silvestres tende a
se tornar escassa e passa a no
ser suficiente para uma polini-
zao eficiente.
Entretanto, existe uma srie de
prticas que tm sido sugeridas
Nesses lugares, a polinizao
no era um fator limitante na
produtividade das culturas.
Mas a paisagem de entorno dos
sistemas de cultivo em muitos
pases est mudando profun-
damente e a densidade de
polinizadores est diminuindo,
revelando que a polinizao
ser cada vez menos suficiente
para atender s demandas de
oferta e qualidade de alimen-
tos no sculo XXI. Atualmente
Houve um tempo em que era comum nonotar os benefcios dos servios ambientaisde polinizao e ainda hoje isso ocorre emdeterminadas reas onde existem populaesgrandes e estveis de polinizadores.
Prticas agrcolas amigveis
forma centenas de polinizado-
res que voam sob a luz do sol
seriam poupados.
Agrotxicos sempre tero im-
pactos negativos sobre poliniza-
dores, seja por envenenamento
direto seja por contaminao
das flores. Para manter o servi-
o ecossistmico de polinizao,
a melhor deciso no utilizar
agrotxicos, mas, se sua cultura
precisa irredutivelmente, consi-
dere os potenciais impactos aos
seus polinizadores e as manei-
ras de minimizar suas perdas.
nenhuma ateno voltada
para os polinizadores nativos.
De fato, nenhum polinizador
estar protegido caso nenhu-
ma ateno seja dada a essas
instrues. rgos pblicos,
como prefeituras e agentes de
sade, tambm devem estar
atentos importncia do uso
racional de agrotxicos: muito
comum observarmos carros de
nebulizao contra o mosquito
vetor da dengue percorrendo
as ruas durante o dia, mas o
correto seria realizar tal ativida-
de durante a noite, pois dessa
O tipo de aplicao de agrotxicos
reflete diretamente o tamanho dos
impactos aos polinizadores e ao meio
ambiente. Fotografias: Erik Bastos
(costal e trator) e Rafael Vinicius L.
Habermann (area).
Prticas agrcolas amigveisPrticas agrcolas amigveis
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas42 43
ra florestal ou por recuperao
de reas degradadas, essencial
para aumentar o habitat de
polinizadores, pois favorece a
conexo de reas de vegetao
nativa que estavam isoladas.
Essas medidas so eficientes
para conservar todos os tipos
de polinizadores, especialmente
morcegos e aves, e no apenas
algumas espcies de insetos.
A presena de fragmentos flo-
restais prximos s reas de cul-
tivo, como Reservas Legais (RL)
e reas de Proteo Permanente
(APPs), benfica, pois aumen-
ta a diversidade e abundncia
de polinizadores, funcionando
como abrigo e fonte segura
para alimentao e nidificao.
A recomposio da vegetao
nativa, por aumento da cobertu-
Manuteno e recuperao da vegetao nativa
Aqui voc encontrar dezpassos para transformarsua propriedade em umverdadeiro modelo para aconservao de polinizadores.Dependendo de onde suapropriedade se localiza, doentorno dela e do contextosocial da regio, esses passospodem ser mais fceis oumais difceis, mas lembre-seque mesmo um nico passo j melhor que nenhuma ao.
O que podemos fazer para ajudaros polinizadores?
Ambientes preservados, como o
Parque Estadual da Ilha do Cardoso
(SP), so locais que ainda abrigam
um grande nmero de espcies de
plantas e animais. Fotografia: Fbio
M. Labecca.
o conjunto de aes que
possibilita ou facilita a
atrao e a permanncia
de polinizadores em reas
agrcolas, contribuindo para a
produtividade da cultura e a
conservao da biodiversidade
regional. Muitas dessas aes
so simples e no envolvem
gastos ou dependem de baixo
investimento para o agricultor.
De 2010 a 2015, o projeto global
FAO/UNEP/GEF CONSERVAO E
MANEJO DE POLINIZADORES PARA A
AGRICULTURA SUSTENTVEL, ATRA-
VS DA ABORDAGEM ECOSSISTMI-
CA foi executado com o objetivo de
melhorar a segurana alimentar e nu-
tricional e os modos de vida por meio
da conservao e uso sustentvel dos
polinizadores. Os pases integrantesdesse projeto foram: frica do Sul,
Brasil, ndia, Gana, Nepal, Paquisto
e Qunia.
No Brasil, o projeto ficou conhecido
como POLINIZADORES DO
BRASIL e foi coordenado pelo
Ministrio do Meio Ambiente,
com apoio do Fundo Brasileiro
para a Biodiversidade. Muitos
materiais informativos e educativos
foram produzidos para diferentes
pblicos e podem ser acessados
gratuitamente em:
www.polinizadoresdobrasil.org.br
www.semabelhasemalimento.com.br
www.mma.gov.br/publicacoes/
biodiversidade/category/ 57-
polinizadores
www.funbio.org.br/base-de- dados-
polinizadores -do-brasil/
PROJETO POLINIZADORES DO BRASIL
Fotografia: Marina K. Leme.
O que soprticasamigveis aospolinizadores?
Dentre as propostas do projeto
estava a comparao da diversidade
de polinizadores entre cultivos
orgnicos e convencionais de tomate.
Fotografia: Marina K. Leme.
Prticas agrcolas amigveisPrticas agrcolas amigveis
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas44 45
retangular com o mximo de
mil metros de largura ou reas
mais alongadas e estreitas, a
manuteno de bordas de mata
nativa e a implantao ou ma-
nuteno de faixas de vegetao
nativa entre as reas de cultivo
beneficiariam no s os servios
de polinizao, como tambm
minimizariam a disperso de
pragas e doenas. Plantios de
centenas de hectares contnuos,
paisagens homogneas e longe
de matas fornecedoras de po-
linizadores devem ser evitados
sempre que possvel.
Os estudos do plano de manejo
da canola consideram que o raio
de voo da maioria dos poli-
nizadores pequeno, poucas
vezes ultrapassando mil metros,
e destacam que o ideal que
os plantios sejam planejados
de forma que todas as plantas
estejam dentro dessa distncia
at a borda de vegetao nativa
mais prxima, com o intuito de
favorecer os polinizadores. Para
tanto, estratgias como uso de
reas de cultivo menores ao in-
vs de uma nica grande exten-
so, reas de cultivo em formato
Desenho do cultivo e arranjos de plantio
Remanescentes florestais atuam como
uma fonte de biodiversidade para sua
cultura, quando mantidos prximo
do raio de deslocamento dos animais.
Fotografia: Carlos Otvio A. Gussoni.
A RESERVA LEGAL a rea locali-
zada no interior de uma propriedade
rural que tem como finalidade o uso
sustentvel dos recursos naturais, a
conservao processos ecolgicos e
da biodiversidade, e o abrigo e
proteo de fauna e flora.
As REAS DE PRESERVAO
PERMANENTE ou APPS socategorias mais restritivas e
constituem reas especialmente
protegidas para preservar os recursos
hdricos, a paisagem, a estabilidade
geolgica, a biodiversidade e
seu fluxo gnico.
Ambas so demarcadas e definidas
por legislao prpria, mas em resumo
as reservas legais so definidas pelo
percentual de vegetao que deve ser
conservado dentro da propriedade,
o qual varia de acordo com o bioma
brasileiro em questo. J APPs so
demarcadas para proteger elementos
ecologicamente frgeis ou importan-
tes da paisagem, como nascentes, riose topos de morro.
A recomposio da vegetao suprimi-
da em APPs obrigatria, ressalvados
alguns usos autorizados e previstos
por lei. Alm disso, todo imvel rural
deve manter rea com cobertura de
vegetao nativa (a reserva legal). A
lei ambiental brasileira diz que reser-
vas legais e APPS desmatadas irregu-
larmente devem ter sua vegetao
recomposta. Caso esse seja o cenrio
de sua propriedade, considere utilizar
plantas nativas que atraiam os polini-
zadores no reflorestamento.
Para maiores detalhes, leia a Lei N
12.651, de 25 de maio de 2012, que
dispe sobre a proteo da vegetao
nativa e revogou a Lei N 4.771, de 15
de setembro de 1965, que instituiu o
novo Cdigo Florestal.
RESERVA LEGAL X APP
J sabemos que cultivos com
uma maior diversidade e
abundncia de polinizadores
visitando as flores aumentam
significativamente sua produ-
tividade, em comparao aos
cultivos com poucos poliniza-
dores. No caso de cajueiros, por
exemplo, os cultivos localizados
at um quilmetro de grandes
reservas de matas (maiores que
100 hectares) so os que apre-
sentam a maior diversidade
de espcies polinizadoras e as
maiores produtividades quan-
do comparadas com reas mais
remotas. Alm disso, entre as
culturas prximas de grandes
reservas de matas, aquelas
circundadas por pequenos
remanescentes de mata nativa
(menores que 5 hectares) pos-
suem diversidade e abundncia
de polinizadores ainda maiores.
Na escolha de novas reas para
implantao de cultivos im-
portante levar em considerao
a existncia de reservas flores-
tais j estabelecidas nas proxi-
midades, que possam funcionar
como fornecedoras de poliniza-
dores para sua cultura.
Planejamentoda cultura
Prticas agrcolas amigveisPrticas agrcolas amigveis
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas46 47
fornecem locais para nidificao
e ainda podem propiciar
um corredor por onde os
polinizadores e outros insetos
benficos para o cultivo podem
migrar atravs da paisagem
agrcola. A manuteno
das matas ciliares, alm de
favorvel aos polinizadores,
evita a eroso e o consequente
assoreamento dos recursos
hdricos, conservando a
qualidade e o volume de gua.
Muitas abelhas e besouros
nidificam ou colocam seus ovos
no solo. Entretanto, localizar
e identificar ninhos desses
insetos na natureza so tare-
fas difceis e requerem muito
tempo de observao em torno
das reas de cultivo. Portanto,
identificar e conservar stios de
ocorrncia de polinizadores
muito importante. A conserva-
o do solo necessria para se
evitar a eroso. Alm disso,
As abelhas constroem seus
ninhos em diversos locais. Assim
importante conservar as reas
onde eles existem e at forne-
cer substratos para que novos
ninhos sejam estabelecidos,
mesmo que artificialmente.
Muitas espcies de abelhas
nidificam em pequenos orifcios
pr-existentes ou ocos nos tron-
cos e ramos das rvores. Dessa
maneira, importante manter
reas com rvores prximas s
lavouras, como as reservas le-
gais e as APPs. Nesses fragmen-
tos de florestas recomendvel
tambm a presena de madeira
em decomposio, onde mui-
tas espcies de abelhas nativas
constroem seus ninhos e besou-
ros depositam seus ovos.
reas de vegetao perifrica,
como bordas de campo, cercas
vivas, margens de estradas
e de linhas de transmisso
eltrica e matas ciliares tambm
Perfuraes de diferentes tamanhos em moures de cercas e pedaos de madeira
so ideias para atrair abelhas solitrias. Fotografia: Bruno Ferreira.
Durante dcadas eclogos e
conservacionistas vm discutindo
sobre qual a configurao ideal
para remanescentes de matas e
reservas naturais. Uma vertente
defende que o melhor cenrio para
conservao a existncia de uma
nica reserva grande, enquanto
que o outro lado argumenta a favor
de vrias reservas pequenas. Odebate ganhou o nome de SLOSS,
sigla em ingls para SINGLE LARGE
OR SEVERAL SMALL (nica grande ou
vrias pequenas).
Investir em uma nica reserva grande
significa maximizar os esforos de
preservao de espcies interdepen-
dentes e mais frgeis, como mamferos
de grande porte, por exemplo. Por
outro lado, optar por vrias reservas
pequenas aumenta a proteo dediferentes tipos de hbitats, que por
sua vez podem conter configuraes
diferentes de espcies, alm de
eventos catastrficos, como fogo ou
doenas, dificilmente atingirem todas
as reservas simultaneamente.
Apesar da questo SLOSS raramen-
te poder ser aplicada na prtica na
maior parte do Brasil, uma vez que s
optamos por conservar o que nos res-
tou, as novas fronteiras agrcolas queavanam rumo Amaznia permitem
esse tipo de planejamento.
O DEBATE SLOSS
Manter e fornecerlocais para nidificao
A preservao de matas ciliares
fornece locais de refgio para a fauna,
alm de servir como um corredor que
a conecta para alm dos limites de
uma propriedade. Fotografia: Hugo R.
Moleiro.
Prticas agrcolas amigveis
Manejo de ninhos de espcies de abelhas sociais
Prticas agrcolas amigveis
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas48 49
manejadas para a produo de
mel e prpolis.
Alm do mais, caso voc preten-da estabelecer muitas caixas e
formar um meliponrio, obser-
ve a composio de espcies
nativas da sua regio e outras
O potencial das abelhas-sem-
ferro na polinizao alto.
Caixas-armadilha podem
ser utilizadas para atrairenxames de abelhas-sem-
ferro para polinizao da
lavoura, sendo que muitas
espcies podem ser inclusive
Manejo de ninhos de espcies de abelhas sociais
Caixa racional de abelha-canudo
(Scaptotrigona) no meliponrio da
Reserva Extrativista Tapajs-Arapiuns
(PA). Fotografia: Marcio Uehara-Prado.
Utilizando a criatividade, diversos ninhos artificiais podem ser montados e
oferecidos s abelhas, com materiais que eventualmente seriam jogados fora.
Fotografia: Bruno Ferreira.
madeira que formam as cercas.
Caso seja necessrio troc-los,
sugere-se manter os antigos em
reas na propriedade. Ninhos
artificiais de madeira que subs-
tituem troncos tambm podem
ser confeccionados. Voc podefazer furos com diferentes di-
metros em blocos de madeira
e disponibilizar esses blocos no
ambiente.
Outros substratos podem ser
oferecidos. Muitas espcies de
abelhas conseguem construir
seus ninhos dentro de gomos
de bambus. Para oferecer esses
ninhos, basta cortar os gomos
dos bambus de forma a deixar
um lado aberto e o outro fe-
chado. Esses gomos podem ser
distribudos em locais protegi-
dos do sol, acomodados hori-
zontalmente. So atradas por
esse tipo de ninho tambm as
vespas, que atuam como impor-
tantes inimigos naturais contra
pragas agrcolas.
isso promoveria o revolvimento
do solo e poderia destruir ni-
nhos de abelhas e matar ovos e
larvas de besouros e moscas.
O suprimento de substra-
tos para nidificao tambm
pode ser feito artificialmente
pelo agricultor. Para abelhas
e besouros que nidificam em
madeira, possvel fornecer
pedaos de tronco ou, ento,
utilizar os prprios moures de
necessrio garantir que partes
do solo permaneam expostas e
bem drenadas, em reas en-
solaradas, livres da invaso de
espcies herbceas dominantes,
como o capim, e protegidas de
arao, de gradeamento e de
pisoteio de gado ou mesmo de
pessoas. Essas so as reas em
que os insetos iro nidificar ou
depositar seus ovos e, portanto,
tambm no devem ser queima-
das, tampouco aradas, porque
Prticas agrcolas amigveis
So comuns os acidentes com enxames
Prticas agrcolas amigveis
MELIPONICULTURA NO BRASIL
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas50 51
caractersticas especficas, tais
como necessidades de alimentos
e condies climticas, para que
o manejo seja adequado e a in-troduo dos ninhos no concor-
ra com outras espcies nativas.
Deve-se tambm observar a le-
gislao especfica da atividade
de criao de espcies silvestres,
regulamentada pelo IBAMA.
Abelhas-melferas podem ser
uma opo interessante, inclu-
sive pelo retorno econmico do
mel. Entretanto, lembre-se que
essas abelhas competem por
alimento com as abelhas nativas
e, por serem geralmente mais
agressivas, acabam expulsandoas nativas. O manejo de col-
meias deApis m ellifer adeve ser
cautelosamente estudado, como
no caso do plano de manejo
para meloeiros, que sugere uma
colnia para cada 3.000 plantas.
A criao de abelhas Apis melli fera , ou seja, a apicultura, dispensada de autorizao do IBAMA, pois trata-se
de uma espcie extica e domstica. Entretanto, osapicultores, assim como os meliponicultores, devemestar atentos INSPEO INDUSTRIAL E SANITRIA DEPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL, que abrange produtoscomo o mel, a cera e seus s ubprodutos derivados.O regulamento, conhecido como RIISPOA, encontra-se noDecreto n 30.691 de 1952.
So comuns os acidentes com enxames
de abelhas-melferas. Antes de montar
seu apirio procure informaes
sobre os melhores locais para as
colmeias e as tcnicas adequadas de
manejo. Fotografia: Rafael Vinicius L.
Habermann.
MELIPONICULTURA NO BRASIL
Uruu-amarela (Melipona paraensis).
Fotografia: Patrcia S. Vilhena.
As abelhas-sem-ferro, ou melipon-
neos, ocorrem em grande parte das
regies tropicais do planeta, e sua
domesticao uma herana indgena
presente na cultura brasileira. Dezenas
de espcies ocorrem em todos os
biomas brasileiros, entre elas jatas,
urus, tibas, mombucas, irapus,
tataras, jandaras, guarupus, manduri,
entre tantas outras.
A legislao sobre a meliponicultura
ainda recente e pouco especfica,
mas requer do criador o cadastro
no CADASTRO TCNICO FEDERAL
DE ATIVIDADES POTENCIALMENTE
POLUIDORAS OU UTILIZADORAS DE
RECURSOS AMBIENTAIS (CTF/APP). O
cadastro simples e gratuito por meio
do site do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais
Renovveis IBAMA.
Para criaes com 50 ou mais
colmeias, tambm necessrio obterautorizao de funcionamento
do rgo ambiental estadual.
Independentemente do nmero
de caixas, proibida a obteno
de colnias retiradas da natureza,
aconselhando-se o uso de ninhos-isca
ou compra de criadouros autorizados.
A resoluo CONAMA n 346 de 2004
e a Lei Complementar n 140 de 2011
trazem na ntegra todas as disposies
legais sobre a cultura de abelhas-sem-
ferro.
A Poltica Nacional do Meio Ambiente(Lei n 6.938 de 1981) mostra a
necessidade do cadastro junto ao
IBAMA.
www.ibama.gov.br
Prticas agrcolas amigveis
Reservar espaos sem uso ao lado de
Prticas agrcolas amigveis
Fornecer fontes alimentares alternativas
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas52 53
do entorno pode auxiliar namanuteno de alimento oano todo para a fauna depolinizadores.
Manter espcies ruderais eoutras plantas com flores
ao redor das plantaes,porque servem como fontesde recursos florais para asabelhas. Nesse sentido,linhas de manutenode rede eltrica, beira deestradas, bordas de campos
do cultivo, e fontes deplen (rvores como o inge o eucalipto, e palmeirascomo o coqueiro e o dend)nos arredores da plantao.
Planejar a rotao de
cultivos que floresam emperodos sequenciais e queofeream tanto recursode plen como nctar.Assim, o estabelecimentode um calendrio deflorescimento dos cultivos
de manejo para polinizao
do tomateiro, por exemplo,
recomenda:
Ampliar as reas deforrageamento depolinizadores e manter
flores ao longo do ano.Pode-se obter esseresultado mediante o cultivode plantas fontes de nctar,como leguminosas (feijo,por exemplo) ou asterceas(girassol), nas entressafras
Reservar espaos sem uso ao lado de
seu plantio para o crescimento de
plantas ruderais uma estratgia
simples, barata e rpida para atrair
polinizadores. Fotografia: Joo Aristeu
da Rosa.
A maioria dos polinizadores se
alimenta do plen e do nctar
encontrados nas flores. Assim,
alm de fornecer locais para aconstruo de ninhos, as plan-
tas principalmente oferecem
alimento. Em especial, arbus-
tos e herbceas tambm so
fontes de recursos florais. A
necessidade de eliminar ervas
consideradas daninhas deve ser
avaliada, pois determinadas
plantas podem constituir fontes
alimentares importantes para as
abelhas.
A presena de plantas onde as
abelhas possam coletar recursos
prximos s reas de cultivo fundamental, principalmente
quando consideramos plantios
em sistema aberto (sem
estufas) e a grande variedade
de espcies associada s
flores desse cultivo. O plano
Fornecer fontes alimentares alternativas
Alm de fornecer alimento parapolinizadores, o girassol tem um
grande potencial econmico pela
venda de sementes e pode ser
plantado em reas abandonadas
ou nas entressafras dos cultivos
tradicionais. Fotografia: Bruno
Ferreira.
Prticas agrcolas amigveis
Cultivo consorciado
Prticas agrcolas amigveis
RUDERAL X DANINHA
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas54 55
para diversificar os recursos
ofertados na rea de cultivo e
atrair e manter uma gama maior
de polinizadores. Alm disso,sistemas agroflorestais esto
entre as melhores prticas para
se unir economica e ambiental-
mente o consrcio de culturas
com restaurao florestal.
Algumas espcies de visitantes
do seu cultivo obtm das flores
dessa cultura apenas parte dos
recursos de que precisam parasobreviver. Sendo assim, esses
polinizadores frequentam os
cultivos em nmeros bem me-
nores do que o necessrio para
uma polinizao efetiva porque
precisam buscar os demais recur-
sos fora da rea cultivada e, na
maioria das vezes, no conse-
guem estabelecer populaesgrandes o suficiente para produ-
zirem incrementos na produti-
vidade. O consrcio com outras
culturas de interesse econmico
constitui uma boa estratgia
SAF ou AGROFLORESTA umaprtica bastante antiga utilizada
pelos indgenas sul-americanos. So
sistemas sustentveis de uso da terra
que combinam, de maneira simultnea
ou em sequncia, a produo de
cultivos agrcolas com plantaes
de rvores frutferas ou florestais,
alm de animais, utilizandoa mesma unidade de terra e
aplicando tcnicas de manejo que
so compatveis com as prticas
culturais da populao local.
Atualmente os SAFs so
reconhecidamente modelos de
explorao de solos que mais
se aproximam ecologicamente
da floresta natural e, por isso,
considerados como importante
alternativa de uso sustentvel dos
ecossistemas tropicais.
SAFs SISTEMAS AGROFLORESTAIS
Jardins, hortas e pomares,alm de decorativos e deprodutores de alimentos,tambm constituemimportantes fontes de
recursos florais paraos polinizadores quenecessitam de umadieta diversificada.
cultivados, bordas de cercase represas podem seraproveitadas para o plantiode espcies ricas em plen,nctar e leo. Embora
esses stios possam serenriquecidos com o plantiodessas espcies vegetais,muitas vezes basta proteg-los contra o pisoteio pelogado, contra o fogo econtra agrotxicos.
RUDERAL (que do latim
ruderis significa entulho)
o nome atribudo na ecolo-
gia s comunidades vegetais
colonizadoras, que se desen-
volvem espontaneamente
em ambientes perturbados.
Geralmente so plantas her-
bceas ou arbustivas muito
resistentes, comuns em beirasde estradas, depsitos de
entulho, terrenos baldios e
campos abandonados, que
no representam necessaria-
mente aspectos negativos s
atividades econmicas.
J ERVA DANINHA o termo
utilizado para descrever uma
planta, muitas vezes extica,
que nasce espontaneamen-
te em local ou momento
indesejados, podendo
interferir negativamente
na agricultura. O conceito
considerado por eclogos
como equivocado, por con-
siderar somente a utilidade
da planta para o uso huma-
no. Essa conceituao pode
diferir conforme a ideologia
dos profissionais em cincias
agrrias (agricultura conven-
cional vs. agroecolgica).
Ervas e arbustos com flores plantados em jardins ou canteiros trazem harmonia
para sua propriedade, pelas cores ou por atrarem visitantes como borboletas e
beija-flores. Fotografia: Rafael Vinicius L. Habermann.
Prticas agrcolas amigveis
Conhecer seus polinizadores
Prticas agrcolas amigveis
Ambiente livre
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas56 57
Portanto, voc mesmo pode
fazer o acompanhamento da
fauna de polinizadores de sua
propriedade de modo simples eobservar se ela est em de-
clnio ou ascenso ao longo
dos anos. O Instituto Chico
Mendes de Conservao da
Biodiversidade (ICMBio), rgo
ambiental do governo brasi-
leiro, disponibiliza guias que
permitem a qualquer pessoaidentificar e acompanhar a
fauna de borboletas de uma
reserva natural, alm de outros
animais e plantas.
Dedique um tempo observa-
o dos polinizadores que visi-
tam suas culturas. Sozinho, ou
com ajuda de um agrnomo ouambientalista, voc pode poten-
cializar o estabelecimento des-
sas espcies locais atendendo s
suas necessidades particulares.
A proposta apresentada
pelo SISTEMA BRASILEIRO
DE MONITORAMENTO DA
BIODIVERSIDADE adota oconceito de monitoramento
adaptativo, que busca conciliar
a conservao ambiental com a
gesto de reservas. Basicamente, o
monitoramento adaptativo um
sistema de monitoramento dinmico
e adaptvel, onde os gestores ou
proprietrios locais e sua rede de
colaboradores so capazes de aplic-lo
por si s com preciso e eficcia.
As publicaes so gratuitas
encontram-se disponveis on-line:
http://www.icmbio.gov.br/portal/
comunicacao/publicacoes
Monitoramento in situ da
biodiversidade:Proposta para um
Sistema Brasileiro de Monitoramento
da Biodiversidade (2014)
Monitoramento da biodiversidade
Roteiro metodolgico de aplicao
(2014)
Guia de identificao de tribos de
borboletas frugvoras(2014)
MONITORAMENTO IN-SITUDA BIODIVERSIDADE
O uso de agrotxicos em
jardin s ou f azenda s d e
longe a maior ameaa aos
polinizadores. Os inseticidasmatam e prejudicam os insetos
polinizadores, enquanto que
os herbicidas causam danos s
plantas que oferecem alimento
e locais de nidificao ou
oviposio. Mais detalhes
sobre prticas agrcolas
alternativas sem agrotxicos
podem ser encontrado na
pgina 39.
de agrotxicos
Quanto maior o nmero de cultivos
em uma mesma rea, melhores so as
opes de recursos florais oferecidas
aos diferentes polinizadores.
Fotografia: Paulo Truffi O. Costa.
Prticas agrcolas amigveis
Estratgias coletivas e polticas pblicas
Prticas agrcolas amigveis
Saber reconhecer as diferenas
entre insetos polinizadores
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas58 59
para as abelhas nativas, da
introduo de ninhos de
abelhas-sem-ferro e da
oferta de plantas, fonte dealimento para as abelhas,
nas proximidades das reas
de plantio. Essas medidas
dizem respeito ao manejo do
habitat e no a uma nica
ou poucas espcies, o que
compatvel com a grande
diversidade de polinizadores
em potencial. preciso
enxergar a paisagem como
unidade de sustentabilidade
que engloba todas as reas
de cultivo e os fragmentos
florestais, onde interagem
os agentes polinizadores ede controle de pragas. Dessa
forma o manejo extrapola, na
maioria das vezes, os limites
de propriedades individuais, o
que exigiria o esforo conjunto
de um grupo de proprietrios.
Visto que a principal ame-
aa o uso de agrotxicos,
medidas de sustentabilidade
devem necessariamente visar diminuio da frequncia
e intensidade de uso desses
compostos, a fim de que sejam
preservadas a sade humana e a
sade dos polinizadores. Mto-
dos de cultivo orgnico devem
ser incentivados, assim como o
cultivo protegido em casas de
vegetao, onde o uso de agro-
txicos pode ser diminudo.
O dficit de polinizao pode
ser evitado com manejo das
propriedades compatvel com
a manuteno de populaesviveis e funcionalmente
ativas de polinizadores nas
reas de cultivo. Isso pode
ser conseguido mediante a
conservao do solo, da oferta
de substratos de nidificao
entre insetos polinizadores,
inimigos naturais e possveis pragas,
como um percevejo-da-semente
(Lygaeidae) sobre uma flor, um fator
fundamental para o entendimento de
seu agroecossistema. Fotografia: Sara
C. Marques.
Concluses
Prticas agrcolas amigveis
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas60 61
geram resultados satisfatrios
imediatos. Blocos de madeiras
perfurados podem atrair
abelhas em questo de dias,
assim como um canteiro de
flores atrair borboletas,
moscas e besouros na primeira
florada. Ao longo do tempo,
voc conseguir aprimorar
seus esforos de conservao
de polinizadores e ir notar
um aumento na diversidade
e abundncia de insetos e
tambm na sua produtividade.
Se voc faz uso de agrotxicos,considere as alternativas;
se seus vizinhos tambm o
utilizam, converse com eles
sobre a melhor sada, ou at
empreste a eles uma cpia
deste manual.
medida que voc pensa sobre
onde criar seu habitat para
polinizadores e pondera quan-
to esforo pretende dedicar
a essa tarefa, lembre-se que
existe uma vasta lista de aes
que podem ser realizadas e que
optar por qualquer uma delas,
por mais simplista que parea,
ainda melhor que no realizar
ao nenhuma. Um habitat per-
feito para polinizadores possui
trs pr-requisitos bsicos: uma
rea rica em flores para alimen-
tao; um nmero generoso delocais para nidificao e muitas
plantas e abrigos adequados
para deposio de ovos.
Muitas vezes, aes simples
so as mais bem-sucedidas e
Insetos polinizadores so pe-
quenos e passam facilmente
despercebidos, mas sua con-
tribuio para a sobrevivncia
do homem, animais silvestres
e plantas enorme. Aes
que protejam e promovam
essas comunidades so fun-
damentais. Voc pode ajudar
a conserv-los fornecendo
habitats adequados, ninhos
e alimentos. Assim, as ideias
contidas neste manual podem
ser facilmente adaptadas a
uma variedade de locais, desdequintais em residncias dentro
de uma grande cidade, jardins
pblicos em escolas ou praas,
ou reservas naturais e parques,
assim como em propriedades
agrcolas.
Aprimoramento daregulamentaoespecfica para a criao
de espcies de abelhas-nativas-sem-ferro,objetivando a polinizaoe a meliponicultura comoatividade complementarde renda.
Linhas de crditopara implantao ecomercializao de
cultivos orgnicos e livresde sementes transgnicas;
Incentivo ao cultivoprotegido em sistemasagroflorestais (SAFs)ou consrcios, pormeio de capacitaodos agricultores efinanciamentos;
Apoio a aesextensionistas que visemlevar o conhecimentocientfico e prticas de
manejo de polinizadoresaos agricultores. Apoios organizaes deagricultores que adotemprticas compatveiscom a conservao depolinizadores;
Nesse sentido, polticas
pblicas voltadas para o
desenvolvimento sustentvel
permanecem importantes enecessrias, como as destacadas
no plano de manejo para a
polinizao do tomateiro:
Referncias Projeto Polini adores do Brasil
Referncias Projeto Polinizadores do Brasil
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7/25/2019 Conservao e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentvel
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Manual de boas prticas agrcolasManual de boas prticas agrcolas62 63
Projeto Polinizadores do Brasil
KIILL, L. H. P., RIBEIRO, M.
F., SILVA, E. M. S., SIQUEIRA,
K. M. M. 2013. Dez Passos
para Melhorar os Serviosde Polinizao no Meloeiro.
Petrolina: Embrapa Semirido.
32 p.
MAUS, M. M., KRUG, C.,
WADT, L. H. O., CAVALCANTE,
P. M. D. M. C., SANTOS, A. C.
S. (no prelo). A Castanheira-
do-Brasil: avanos no
conhecimento das prticas
amigveis aos servios de
polinizao.
PIRES, V. C., ARANTES, R. C. C.,
TOREZANI, K. R. S., RODRIGUES,W. A., SUJII, E. R., SILVEIRA,
F. A., PIRES, C. S. S. 2014.
Abelhas em reas de cultivo de
algodoeiro no Brasil. Braslia:
Embrapa. 55 p.
VIANA, B. F., DIAKOS, A.
C., SILVA, E. A., SILVA, F.
O., CASTAGNINO, G. L. B.,
COUTINHO, J. G. E., SOUSA,J. H., GRAMACHO, K. P. (no
prelo). Plano de manejo para
polinizao de macieiras (malus
domesticaborkh) da variedade
eva.
WITTER, S., NUNES-SILVA, P.,
BLOCHTEIN, B. 2014. Abelhas
na polinizao da canola:
benefcios ambientais e
econmicos. Porto Alegre:
EDIPUCRS. 71 p.
FREITAS, B. M., SILVA, C. I.,
LEMOS, C. Q., ROCHA, E. E. M.,
MENDONA, K. S., PEREIRA,
N. O. 2014. Plano de manejopara polinizao da cultura
do cajueiro: conservao
e manejo de polinizadores
para agricultura sustentvel,
atravs de uma abordagem
ecossistmica. Rio de Janeiro:
Funbio. 52 p.
GAGLIANONE, M. C., CAMPOS,
M. J. O., FRANCESCHINELLI,