Download - Campanha da Fraternidade 2011
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Campanha da Fraternidade
A Campanha da Fraternidade mostra a preocupação da Igreja no Brasil em criar condições para que o Evangelho seja melhor vivido em uma sociedade que, a cada dia, se torna mais indiferente aos problemas humanos.
Campanhas que mais trabalharam o temado meio ambiente
2002
ÍNDIOS
2004
ÁGUA
2007
AMAZÔNIA
Apresentação• Quaresma é tempo de escuta da Palavra, de
oração, de jejum, e da prática da caridade como caminho de conversão, tendo como horizonte a celebração do Mistério Pascal de nosso Senhor Jesus Cristo;
• Este ano a CNBB propõe que todas as pessoas de boa vontade olhem para a natureza e percebem como as mãos humanas estão contribuindo para o fenômeno do aquecimento global e as mudanças climáticas, com sérias ameaças para a vida em geral, e a vida humana em especial, sobretudo a dos mais pobres e vulneráveis.
Introdução• O tema do aquecimento global e das mudanças
climáticas estão assolando as populações;
• Polêmica entre dois grupos: O aquecimento global é oriundo de processos naturais, ou, devido às grandes emissões de gases de efeito estufa?
• Contudo, é inevitável negar que as alterações, como derrubadas de florestas e emissão de gases não contribuam para as mudanças climáticas;
• As mudanças climáticas exigirão mais sacrifícios dos mais pobres e desprotegidos;
• A identificação das ações é um passo importante na busca de alternativas.
Primeira PARTE
VERA problemática do aquecimento global, suas consequências em
nosso planeta e as atividades do ser humano que estão ocasionando ou contribuindo para esta situação.
Introdução
• Se no passado as mudanças ocorreram por causas naturais (variações da órbita da terra, queda de meteoritos, erupções vulcânicas), hoje grande parcela as relaciona com as atividades empreendidas pelo ser humano após a implantação do sistema de produção.
1. O aquecimento global• O aquecimento global é uma mudança climática
com aumento ou diminuição dos valores médios da temperatura da superfície do planeta que hoje gira em torno de 15ºC – há cem anos era de 14,5ºC – o que tem provocado uma série de mudanças denominado de efeito estufa.
• O efeito estufa é um processo natural, sem o qual a temperatura na superfície terrestre seria, durante o dia, muito quente e, à noite, muito fria.
• Assim sendo, pode-se dizer que o efeito estufa é uma espécie de “instrumento”, mediante o qual a Terra oferece uma temperatura média constante, oferecendo as condições para o desenvolvimento da biodiversidade do planeta. Portanto ele é importante.
Efeito Estufa
99
• A superfície da Terra não é atingida pela totalidade dos raios cujos principais são os infravermelhos e os ultravioletas:
• 40% são destes são refletidos para o espaço;
• 43% atingem a superfície, contudo 10% desta carga irradiada para fora do planeta;
• Os 17% restantes são absorvidos pelas camadas inferiores;
• Os raios infravermelhos são absorvidos pelo dióxido de carbono (CO²) e por vapores dágua, impostante para o EE;
• Os ultravioletas são absorvidos pelo ozônio;
• Estes ao absorver calor dos raios solares, provocam o EE.
• O dióxido da carbono é importante para o ciclo da vida estando a maior parte armazenada nos combustíveis fósseis, nos oceanos, na matéria viva e na atmosfera;
• O que é emitido pelos processos vitais de alguns seres é absorvido por outros, sendo o caso da fotossíntese na relação plantas/ser humano;
• O desequilíbrio inicia quando acontecem queima de combustíveis, queimadas de florestas, carvão, gás e petróleo;
• Ao lado dos oceanos, as florestas são detentoras de imensa capacidade de trocar o CO² por oxigênio na atmosfera;
• A partir de 1750 o aumento de dióxido de carbono passou para 40% na atmosfera.
Efeito Estufa
1212
1.2. Relação entre aquecimento global e atividades humanas
• Os estudos do IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change - mostram detalhadamente a variação da temperatura da Terra coincidindo com a implantação do sistema industrial - 1750;
• O relatório do IPCC de 2007 mostra que as concentrações de CO² vem aumentando cada vez mais desde 1750, sendo o maior responsável as atividades humanas donde provém da queima de combustíveis fósseis;
• Cientistas mediram nas geleiras da Groenlândia e Antártida a quantidade de gases de EE presentes na atmosfera e descobriram que emissões destes gases implicam em aquecimento médio da temperatura do planeta.
• A temperatura do nosso planeta vai depender do nosso modo de produzir e consumir;
• Desde 1995 o mundo teve os 12 anos mais quentes já registrados;
• O nível do mar continua subindo; as secas estão mais longas afetando áreas maiores;
• A temperatura deve subir de 2,4ºC a 4ºC, com elevação de 60 cm do nível do mar, causando levas de migração;
• Os padrões climáticos serão auterados com furacões, enchentes cada vez mais intensas e secas cada vez mais amplas e prolongadas.
Enchente no Rio de Janeiro
1.3 Atividades do ser humano que mudaram o planeta
• Antropoceno;
• Indústria de consumo que cresceu 40 %;
• População quadriplicou no séc. XX com estimativa de 9 bi em 2050;
• Demanda energética do setor em 16 vezes;
• Aumento do uso da água em 9 vezes;
• Dióxido de Carbono passou de 275 ppm para 380 ppm.
• As erupções vulcânicas liberam 100 mi de dióxido de enxofre, contudo a queima de combustíveis fosseis é responsável pelo dobro, e a emissão deste gás em contato com o dióxido de azoto é um dos causadores da chuva ácida;
• 2/3 do que é emitido provêem da ação humana, sendo o gás metano na base dos 60%.
As atividades humanas
Combustão de combustíveis fósseis: petróleo, gás
natural, carvão, desflorestação (liberam CO²
quando queimadas ou cortadas). Diariamente são
enviados cerca de 6 milhões de toneladas de CO² para a atmosfera. Tem um tempo
de duração de 50 a 200 anos.
Usados em sprays, motores de aviões, plásticos e solventes utilizados na
indústria eletrônica. Responsável pela
destruição da camada de ozônio. Tempo de duração
de 50 a 1700 anos
Produzido por campos de arroz, pelo gado e pelas lixeiras. Seu tempo de duração é de 15 anos.
Produzido pela combustão da madeira
e de combustíveis fósseis, pela
decomposição de fertilizantes químicos e
por micróbios.
Originado através da poluição dos solos
provocadas pelas fábricas, refinarias de petróleo e
automóveis.
Gases de Estufa: principais causas
1.5 Energia, tema central nas discussões sobre emissão de gases EE.
O Protocolo de Kioto definiu para os países mais industrializados metas de redução de gases de EE em 5,2% em relação a 1990.
A maioria das energias renováveis não emite gases de EE, com exceção da energia obtida com queima da biomassa.
Fontes não renováveis Fontes renováveis
Combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural.
Urânio: que obtêm energia por processos de fissão ou fusão nuclear.
Energias sujas, energias convencionais
Energia solar;
Energia eólica;
Energia geotérmica;
Energia dos oceanos;
Energia hidrelétrica;
Energia de biomassa;
1.5.2 A questão energética, crucial na questão do aquecimento global• A economia e a vida social capitalista foram
alavancados pelas energias não renováveis;
• A demanda aponta para um crescimento de 1,5% até 2030 e não a diminuição de 50% recomendada pelo IPCC, até mesma data;
• O perigo não é a escassez, mas a abundância de oferta dos produtos fósseis, mesmo que as renováveis cresçam 7,2% ao ano;
• Não será possível a meta de limitação do CO² em 450 ppm, ou voltar aos 350 ppm para que a temperatura não aumente 2ºC tendo em vista os interesses de mercado.
O mercado gerenciador e a indústria que opera na produção destas energias não pretendem perder esta fonte de lucro
1.5.3 A questão energética e o neodesenvolvimento das políticas públicas
• A região Amazônica é palco de grandes projetos hidrelétrico sem ver os riscos a biodiversidade;
• O governos praticamente ignora o potencial territorial para a implantação de energia solar e eólica;
• O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) acontece a qualquer custo com clara ausência de preocupações ambientais;
• O Pré-sal exige fortunas, ainda podendo incorrer em desastre ambientais incalculáveis;
• Formação do etanol em commodity faz sua produção para substituir os combustíveis fósseis entrar em detrimento a produção de alimentos devido a pressão por mais terras.
1.6. O desmatamento da Floresta Amazônica, uma afronta à crise global do clima
• O desmatamento é responsável por 50% EE;
• O PNMC (Plano Nacional sobre Mudanças do Clima) afirma que , os planos de implantação de infra-estrutura, somado a legalização de grandes áreas de terras antes da ilegalidade, apontam para o crescimento do desmatamento;
• Se somarmos a concessão oficial para o desmate no período entre 2009-2017, chega-se a cifra de 80.112 km² de floresta derrubada;
• Há brechas na legislação atual que, manipuladas, permitem derrubadas de até 80% das áreas das propriedades legalizadas em solo amazônico.
1.7. O agronegócio, estratégico para o
neodesenvolvimentismo• Os alimentos são gerenciados por commodities,
causando monopólio no mercado internacional e desequilíbrio sobre os pequenos produtores;
• O agronegócio não se preocupa com o meio ambiente: consome 70% da água doce, uso indiscriminado de fertilizantes;
• Este setor tem sido beneficiado pelos governos com políticas de financiamentos baixíssimos, cancelamentos de dívidas e condescendência para com os crimes ambientais. O projeto ainda inclui o perdão para infrações cometidas no passado;
• Tais medidas dificultam o compromisso com a redução de gases EE.
3. O modelo de desenvolvimento atual e suas consequências
• A humanidade consome um quarto a mais do que o planeta pode efetivamente disponibilizar;
• Há um consumo excessivo por parte de 20% da humanidade, e o produtivismo acaba esbanjando os recursos do mundo;
• Existe uma confiança excessiva nas ciências e na tecnologia, e entrega-se o futuro a estas forças, observando-se apenas as desigualdades;
• As multinacionais visam preservar os investimentos considerando onerosa a idéia da sustentabilidade do planeta;
• É necessária a diminuição do alto consumo das elites e planeta não pode mais ser visto como mero fornecedor de matéria prima
4. A vida e suas dores no contexto do aquecimento global
4.1. Biodiversidade ameaçada
• A biodiversidade é a diversidade biológica em todas as suas formas: ecossistemas, espécies e genes, salvaguardando uma série de processos vitais para o planeta e a humanidade;
• Os problemas do meio ambiente, a sensibilidade da mídia e de grande parte das pessoas está sendo fragmentado, pois, se dá atenção para certa floresta, ou para aquele animal;
• A preservação da biodiversidade deve ser como um todo, um complexo vital sustentável que inclui até os micro-organismos.
4.2 O escândalo da miséria e o esquecimento global
• 6,5 bi = população mundial, sendo 1 bi passando fome;
• Soluções torpes: organismos chegam a nível internacional pedir a redução das taxas de crescimento;
• O paupérrimo muitas vezes somente conta com o que advém da natureza, que está afetada pela avidez de pessoas por terras;
• No Brasil 70% do consumo da agricultura vem de agricultura familiar e não pelo agronegócio.
4.3 O êxodo rural, êxodo da natureza
• O fomento da vida urbana é um dos grandes traços da industrialização;
• Quando uma leva muito grande de pessoas migram para determinada região originam degradação ao meio ambiente e tornam críticas as condições de vida;
• Também quando há ocupação de lugares para moradias em áreas não urbanas; foi o que aconteceu com as pessoas dos desmoronamentos do Rio e São Paulo;
• As pessoas mudam e a natureza também.
4.4 A água• Na América Latina 85 mi não tem água potável
e 115 mi vivem sem saneamento básico, o que é responsável direto pela morte de 1,5 mi de crianças com menos de 5 anos vítimas de diarréia; Existe uma tendência ao monopólio por uma eventual crise de oferta de água potável num futuro próximo;
• Os oceanos absorvem 1/3 dos gases emitidos pela atividade humana: diminuição de peixes, águas corrosivas, desequilíbrio na cadeia alimentar;
• Até o final do século, o Ártico pode ficar sem gelo.
5. A comunidade mundial e as mudanças climáticas
• A ONU promove esforços no sentido de que a ordem mundial seja educada;
• Conf. e Estocolmo (1972): As relações entre o meio ambiente e o ser humano.
• Protocolo de Montreal (1987): Substâncias que empobrecem a camada de ozônio (CFC).
• Eco 92 Brasil (1992): Consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável.
• Protocolo de Kyoto (1997): Redução das emissões de CO² e dos gases de EE. EUA, Canadá e Austrália não assinaram.
• Bali, Indonésia (2007): Um novo acordo que substitua o Protocolo de Kyoto;
• Bonn, Alemanha (2009): sobre a meta global de redução de emissões para os países industrializados, juntamente com as metas individuais para cada país;
• Copenhague, Alemanha (2009): Como reagir ás mudanças climáticas. Mas não atingiu os planos de discussão almejados;
• A falta de consenso nas mesmas revela a dificuldade política de se chegar a um acordo.
• A grande dificuldade encontra-se no modelo liberal desenvolvimentista incompatível com a sustentabilidade do planeta.
6. Sustentabilidade: novo paradigma civilizacional
• Dificuldade no conceito “desenvolvimento sustentável”, diante de uma civilização que não soube harmonizar com a natureza;
• A sustentabilidade pretende harmonizar 3 vertentes: economia, meio ambiente e bem estar social;
• Necessidade da diminuição do consumo supérfluo, assim deve haver uma mudança de hábito nos padrões de consumo;
• O excesso de “pegada ecológica” torna uma dívida impossível de ser paga;
• Gandhi: “O mundo tem recursos suficientes para atender as necessidades de todos, mas não à ambição de todos”.
7. Da ética do egoísmo à ética do cuidado
• O atual sistema desenvolvimentista exilou a ética da responsabilidade e do cuidado de várias dimensões da vida, e fez que a estruturação e justificação de tudo que constitui o arcabouço de civilização atual tenha como âncora o imperativo do lucro e coloque as ciências e a própria vida a seu serviço;
• Há a necessidade de se recolocar no centro da pauta da humanidade o cuidado com o mundo vital, juntamente com ações de cunho social.
Segunda PARTE
JULGARO projeto de Deus nosso criador para este mundo
e para o ser humano
Introdução
• A Igreja, em suas comunidades, que se espera propulsora do Reino, precisa estar consciente e saber conscientizar para a problemática do planeta; é preciso conversão no comportamento com o meio ambiente;
• Olhando para a Palavra de Deus e para a Teologia devemos buscar inspiração para uma mudança de atitude no cuidado da vida;
• A figura de São Francisco de Assis se apresenta como profunda sensibilidade em relação aos elementos criados, considerando-os todos como “irmãos”.
1. Apontamentos bíblicos sobre a preservação da
natureza
1.1 O nosso Deusé o Deus da vida
• Deus organizou o cosmos e “viu que era bom”;Deus cria desde a luz até o ser humano para mostrar que existe uma unidade formada de coisas distintas que se interrelacionam (Gn 1-2,4a);
• O termo “ dominar” foi deturpado (Gn1,28) e perdeu-se o sentido de senhorio, uma atitude própria de Deus;
• Dominar (Hebraico - radah) = cultivar, organizar e cuidar. (Gn 2,15)
• Submeter (Heb - kabash) = culturalmente significa cuidar da terra e seu cultivo.
1.2. O lugar do ser humano na criação
• O homem segundo o CVII, está no centro da criação entendido como um ser de relações chamado à cooperação e à solidariedade para com seus irmãos e os seres da natureza;
• É dom do homem trabalhar em prol da manutenção da obra do Criador e dar continuidade à ela;
• Mashal = governar, presidir: singularidade da sua imagem e semelhança (Gn 1,16-18);
• João Paulo II: “Crescem nos homens o amor social ou os egoísmos?”
1.3. A atualidade da advertência aos primeiros pais no paraíso (Gn 3,1-14)
• Os frutos da árvore da vida se mostram cada vez mais fascinantes e ameaçadores, mas não vem diretamente das ciências e sim das ideologias e do espírito de dominação; embora a palavra “científico” transformou-se num ídolo em que se deve dobrar os joelhos;
• Conhecer o bem e o mal é assumir prerrogativas divinas e dominar o mundo subjugando os demais, mas em certo momento “constatam que estão nus”;
• O princípio de responsabilidade que implica limites: “Mas da árvore do conhecimento bem e do mal não deves comer”.
1.4. O descanso e o sentido autêntico da criação
• Através da influência da filosofia moderna (Bacon, Descartes, Galileu, Newton), iniciou-se uma visão mecanicista do universo em que o planeta para a ser visto como uma espécie de máquina, relógio;
• É a valorização do trabalho e da produção;
• Quando Deus coloca um tempo para o descanso significa se recolher para contemplar o que foi trabalhado;
• Com o descanso se inicia a história de Deus com as suas criaturas, com o mundo e do mundo com Deus, assim como um pai que descansa em casa contemplando sua família através da convivência afetiva, da relação amorosa e não trabalhando.
1.4.2. O dia do descanso e a ressurreição de Cristo
• Nós cristãos entendemos que o sentido original do dia festivo está na celebração da ressurreição de Jesus;
• O domingo cristão deve ser visto como a expansão messiânica do sábado de Israel;
• Se o lugar do paraíso era externo agora com a ressurreição de Cristo o Novo Jardim do Éden é a pessoa, por isso uma recriação;
• Esse mundo sem o descanso de Deus, corre o risco de converter-se num mercado gerador de morte, principalmente nas relações que passam a ser comercializadas.
1.5. O cuidado com a vida e suas fontes
• Dt 22,6-7 : Preocupação com a fonte da vida – “Livre deixarás a mãe”;
• Dt 20,19-20 : Refrear o desmatamento do lugar que foi conquistado, uma preocupação inexistente às potências imperialistas da época;
• Dt 23,13-15 : preocupação com o saneamento básico – a poluição e o lixo que inundam nossos rios e matas afetam o nosso “acampamento” (nossa cidade);
• Quem não cuida da natureza hoje comete o pecado de Caim, é assassino de Abel, pois, significa que não se importa com toda uma geração que virá no futuro.
1.6. No deserto, uma lição de consumo responsável
• No deserto haviam normas e uma deles era de não recolher o maná que não se iria consumir, mas quando se guardava para o dia seguinte o maná apodrecia;
• Deus havia planejado tudo para que a necessidade básica fosse atendida;
• Apodrecer é consequência do acúmulo; hoje gastamos recursos do planeta que ultrapassam a sua capacidade de se manter sustentável; o consumo supérfluo de uma elite irá apodrecer o planeta.
1.7. Entrando na Terra Prometida
• O objetivo é o bem comum, não o enriquecimento dos mais afoitos;
• Assim como a doutrina do descanso, se prevê também um descanso para a terra no ano sabático (de 7 em 7 anos) e ainda um ano jubilar (a cada 50 anos) no qual a terra deveria voltar às famílias de origem, impedindo que os empobrecidos percam tudo;
• A lógica é que, quanto mais capital alguém dispuser e maior for a capacidade produtiva e a distributiva, mais condições de sobrevivência e lucro terá.
1.8. Jesus vence tentações• “Manda que estas pedras se tornem pães”:
tentação de querer mudar a natureza das coisas; a natureza não pode ser toda transformada para servir ao nosso consumo;
• “Se és filho de Deus atira-te”: querer transformar Deus num serviçal para satisfazer desejos e ambições (teologia da prosperidade);
• “Mostrou-lhe os reinos do mundo e sua riqueza”: ter o conhecimento sobre o mundo e suas riquezas não implica em ter que se aproveitar de tudo que ele pode oferecer.
1.9. O que podenos afastar de Deus
• Jesus muitas vezes irá falar da escolha que precisa ser feita: É Deus ou o dinheiro que manda em nossa vida?
• É preciso identificar o que realmente é mais importante em nossa vida: “onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6,21).
2. A participação das Igrejas neste processo
2.1. Igreja Católica• Gaudium et Spes: “Deus destinou a terra, com tudo
que ela contém, para o uso de todos os homens e povos” (GS 69);
• Paulo VI: o homem deve “respeitar as leis que regulam o impulso vital e a capacidade de regeneração da natureza”.
• J Paulo II: “A necessidade de respeitar a integridade e os ritmos da natureza e de tê-los em conta na programação do desenvolvimento” (SRS);
• J Paulo II: Centesimus annus: fala de ecologia humana e ecologia social, relacionando a questão ambiental com a demografia, sem argumentar em prol do controle de natalidade;
• J Paulo II: Exortação pós-sinodal de 2003 – “Há necessidade de conversão ecológica”.
• Bento XVI: Conf. Aparecida – “com muita frequência se subordina a preservação da natureza ao desenvolvimento econômico, com danos à biodiversidade;
• Aparecida: as questões ecológicas são um dos novos areópagos da evangelização;
• Caritas in Veritate:
• O meio ambiente foi dado por Deus a todos, constituindo uma responsabilidade para com os pobres, as gerações futuras e a humanidade inteira;
• É necessário “uma redistribuição mundial dos recursos energéticos, pois, seu destino não pode ser deixado nas mãos do primeiro a chegar, nem estar sujeito à lógica do mais forte”;
• “Os deveres que temos com o meio ambiente estão ligados aos deveres que temos para com a pessoa”.
2.2. Igrejas-membro do CONIC• Assembleia Ecumênica Mundial (Seul-Coreia):
“Rumo à solidariedade da aliança pela justiça, a paz e a proteção da criação”. Objetivo de traçar projetos para uma ação ecumênica que possibilite superar os problemas causados pela injustiça, pela violência e pela degradação do meio ambiente;
A ASSEMBLEIA CONCLUIU 3 COISAS:
• Uma afirmação: Todas as coisas possuem uma integridade intrínseca;
• É preciso opor resistência à pretensão de utilizar sem critérios cada elemento da criação;
• Assumir o compromisso de ser membro da comunidade vivente da criação.
3. Considerações acerca da criação
3.1. A abordagem teológica• O ser humano vem formulando as suas respostas ,
muitas das quais em narrativas míticas: cosmogonias, teogonias;
• E teologia faz reflexões aos temas a partir da fé, orientada pela fé, em função da fé;
• O teólogo quando reflete sobre uma realidade, o faz “crendo para compreender e compreendendo para crer melhor”; Santo Agostinho afirma que a fé e a razão interligadas possibilitam o entendimento da fé e a fé possibilita o entendimento;
• Santo Anselmo: A fé procura a inteligência numa contínua e sutil meditação racional sobre as razões da fé que são alcançadas com a razão que reflete as verdades da fé.
3.2. A Trindade e a criação
• Deus é descrito de forma familiar, pois o seu relacionamento com o universo é significativamente de uma intimidade vital, o que confere plenitude à existência de todo o ser criado e de toda a criação.
3.3. A criação e o dom do Pai
• O termo criação indica um ato de gratuidade de Deus ao chamar as coisas à existência; o criador se revela numa atitude de diálogo e comunhão
• O diálogo pode se manifestar de 3 maneiras:
– No âmago da interioridade;
– Nos acontecimentos da história;
– Na contemplação da própria obra da criação.
• O dom da existência criada é expressão de um querer amoroso do criador como Pai;
3.4. A criação em Cristo
• O horizonte se descortinou pela Encarnação daquele que é a imagem do Deus invisível (Cl1,15), pois, nele, por ele e para ele, todas as coisas foram criadas;
• “Primogênito” indica a relação filial de Jesus com o Pai desde toda a eternidade;
• Mas, Cristo não é somente o modelo, ele participou ativamente da criação, E continua participando, para manter essa criação na existência.
3.5. A criação no Espírito Santo
• Deus não só tudo criou, mas também se faz presente e pode ser contemplado na criação;
• “Pelo espírito é que todas as coisas comungam umas com as outras, é o elo e laço, união da biodiversidade do universo”;
• Teillard de Chardin: “ Não existe nada de profano no universo”;
• O Espírito opera a obra de reconciliação no âmbito de toda a criação, agindo misteriosamente no interior de cada ser humano para que este aos poucos, se configure a Cristo.
3.6. A criação e a Igreja
• Cristo é apresentado como seu esposo, pois na entrega amorosa e pelo cuidado, tem a finalidade de purificá-la e santificá-la (Ef 5,25-27);
• A Igreja é o lugar privilegiado em que Cristo vai operando a reconciliação e unificação;
• A unidade em Cristo insere a sua missão no âmbito de todo o mundo criado;
• Cabe à Igreja viver e se estruturar de modo a contribuir para que os seres criados sejam renovados em Cristo.
3.7. A criação e a Eucaristia• Ecclesia de Eucharistia: fala da dimensão
cósmica da Eucaristia, que se realiza sobre o altar do mundo em que toda a criação é impregnada por aquele ato;
• De Eucaristia em Eucaristia se realiza o plano de Deus de tudo recriar no seu filho; para que o Reino de Deus se realize na história e no cosmos;
• Dos que se reúnem para celebrar a Eucaristia, se espera que possam assumir atitudes em prol do cuidado para com o planeta em todas as suas dimensões.
4. O pecado e sua dimensão ecológica
• Viver num estado de autonomia implica separação de Deus, o que acarreta em conhecer a degradação cada vez maior, como podemos ver no livro do Gênesis;
• Tal pecado é o mesmo poder mortífero cristalizado em estruturas sociais injustas e em modos de produção-consumo destruidores do meio ambiente;
• A libertação da natureza está incluída na libertação do pecado humano para a vivência da liberdade concretizada no amor-serviço.
5. O cuidado
• O projeto do criador pode ser entendido sob o prisma do cuidado para com as criaturas;
• É característica do cuidado, não criar dependência, mas respeitar a identidade dos demais, como a peculiar maneira de ser e de existir de cada um dos demais seres;
• Fundamental é a aparição do rosto a ser cuidado, ou da alteridade e sua interpelação a responsabilidade; se coloca um rosto atualíssimo, o do próprio planeta, pois, “a criação geme em dores de parto”.
6. São Francisco e a criação• O detentor de poder desqualifica o significado
ou identidade dos seres em geral;
• O problema está no uso indiscriminado, na gastança desmedida, no consumismo desenfreado de coisa supérfluas;
• São Francisco soube cultivar essa sobriedade no uso das criaturas quando manda o lenhador cortar somente os galhos secos das árvores;
• São Francisco renunciou a posse e a dominação.
• Um respeito impressionante por todos os seres criados e soube viver de modo perfeitamente integrado a este universo, numa grande fraternidade.
Terceira PARTE
AgirCada um deve perceber que também tem sua contribuição
e é parte do problema.
Introdução
• A reflexão da CF 2011 deve nos conduzir a ações concretas para que ao menos seja contido o aquecimento global dentro de patamares suportáveis;
• Conscientizar as empresas para que aja uma diminuição do apetite por inovações que permitam uma pegada ecológica menos;
• Temos que nos revestir da atitude do Bom Samaritano e se reclinar sobre os sofredores, e nos empenhando nesta causa sejamos testemunhas da vontade de Deus.
Propostas para o agir
1. Resgatar o sentido profético do domingo
• O domingo é desrespeitado justamente por causa das exigências de produção capitalista;
• A medicina já reconheceu que a pessoa que não observa tempos de descanso, adoece mais e em geral morre mais cedo;
• Observar um tempo de pausa é um investimento para a própria vida;
• Dessa experiência de pausa há que brotar um legítimo agradecimento pelo dom imenso da vida, o que a Igreja o faz especialmente na celebração da Eucaristia.
2. Para você saber sobre o seu consumo ecológico
• Existem sites que apresentam exercícios que permitem quantificar o consumo e a emissão de gases EE de uma pessoa:
• www.wwf.org.br : para medir a pegada ecológica pessoal;
• www.myfootprint.org :Para medir o rastro ecológico, a quantidade de energia despendida pelo consumo humano global, em seguida, propõe a medição da cota de participação pessoal;
• www.vidassostenible.org : Para a medição dos gastos energéticos se faz mediante cotas de energia, água, transporte, resíduos e materiais.
3. Propostas para se diminuir o consumo pessoal
• Não use sacolas plásticas;
• Consuma produtos locais;
• Diminua a temperatura da geladeira, ar condicionado e estufas no inverno e aumente no verão;
• Desligue totalmente os eletrodomésticos que não estão em uso;
• Utilize energia solar;
• Prefira os carros a gás ou etanol;
• Os aviões provocam 10% do efeito estufa;
• Consuma produtos orgânicos, e carnes de ovinos e bovinos são responsáveis por 18%;
•Use fraudas eco-compatíveis, as comuns levam 500 anos para se decompor;
•Na conservação de alimentos use vidro, não use alumínio ou plástico;
•Visite sites que falem sobre sustentabilidade;
•Não uso papel, utilize a tecnologia digital;
•Não escove os dentes com a torneira aberta;
•Use lâmpadas econômicas;
• Coma de forma sadia (orgânicos);
• Não coma produtos industrializados;
• Não tome banhos demorados (5min);
• Se utilize ao máximo dos objetos antes de jogar fora, pois irá se tornar lixo;
• Usar e jogar fora, não! Use pilhas recarregáveis, por exemplo;
• Faça coleta seletiva.
4. As cidades e o meio ambiente no Brasil
• Saneamento básico: Apenas 4 em 10 famílias tem acesso a rede geral de esgoto;
• 90% dos esgotos domésticos e 70% dos industriais não tratados, são despejados diretamente nos corpos d’água;
• A produção de lixo chega a 1,52 kg/dia por pessoa nas cidades brasileiras e somente 56,6% possuem coleta seletiva do lixo;
• Priorizar os meios de transporte de massa e que utilizem fontes limpas de energia, a construção de ciclovias e favorecer as relações entre os pequenos produtores em feiras que atinjam os bairros.
• As cidade precisam favorecer e dar manutenção em parques de lazer para as suas populações;
• A importância de se traçar um Plano Diretor para fazer levantamentos e atender as necessidades ecológicas;
• Que haja incentivo às iniciativas existentes e que se revertam em proveito do meio ambiente e da sua conscientização;
• Criação de Conselhos Municipais para o Meio Ambiente.
5. Nas comunidades paroquiais e Dioceses
A reflexão abordada não pode ficar ausente em nossas comunidades:
a. Trabalho de conscientização dos membros da comunidade, promovendo cursos;
b. As Dioceses deveriam pensar num programa de controle de corte de emissão de gases EE, procurando diminuir os gastos energéticos de igrejas, seminários e casas;
c. Todas as paróquias poderiam instalar painéis solares para aquecimento de água e produção de energia;
d. Que sejam promovidos plantio de árvores nos terrenos disponíveis das paróquias e dioceses;
e. Deve-se cooperar em programas confiáveis em andamento na sociedade, denunciar descasos de empresas e mesmo do poder público;
f. Promover grandes mobilizações em vista da causa do meio ambiente;
g. Reafirmar o sentido do domingo, e rever a atual dinâmica em que se organiza o trabalho, revendo também o problema do individualismo, do consumismo e do desperdício a que são levadas as pessoas da sociedade.
6. Ações em nível mais amplo
6.1. A questão energética• Devemos procurar utilizar a energia limpa;
• A energia solar poderia ser utilizada mais no cotidiano das casas, para isso é necessário pressionar os governos para o subsídio dos componentes (BNDES), não pode haver falta de iniciativas populares;
• A política neodesenvolvimentista adotada não contempla o meio ambiente:
– Exploração do Pré-sal: dispendiosa, graves acidentes ambientais, energia que emite gases EE;
– Pró-álcool: expansão das terras cultivaveis, aumento do desmatamento, queimadas;
– Expansão da matriz atômica.
6.2. Diante do desmatamento• Todos os nossos biomas estão ameaçados:
a. Temos que corrigir aqueles que etentam contra a natureza;
b. Pressionar o governo para não efetivar as alterações do Código Florestal, que propõe o conceito de matas descontinuadas e das alterações aos limites das matas ciliares;
c. Mobilizar a população em favor de recriação de áreas de floresta, com toda a biodiversidade característica em cada bioma; isso para contestar as empresas que classificam as monoculturas de eucalípto e pínus como florestas, que não passam de uso intensivo e predador.
6.3. O agronegócio• O agronegócio embora produza alimentos,
gere empregos e divisas para suprir nosso déficit, se baseia na monocultura e não se articula com a biodiversidade, e a destrói;
• Podemos questionar sua qualidade: elementos químicos, transgênicos, fertilizantes com excesso de fósforo e nitrogênio que acabam afetando as águas;
• Privilegiar a produção camponesa;
• Propor aos que ainda tem espaço, para que voltem a cultivar seus canteiros, inclusive para melhorar os índices de captação de água.
Desenvolver políticas públicas preventivas e de superação de
situações de risco
• Construções em encostas, áreas com riscos de alagamento ou correntes de vento;
• Remover as famílias depois que tudo se desintegrou não resolve o problema;
• Construir um projeto civil com controle social a partir de um organismo social que exerça o controle sobre o projeto no seu planejamento, realização e avaliação.
Reflexões finais• Os seres humano são elos de uma rede cósmica
maior;
• O respeito ao meio ambiente é uma resposta de amor ao Criador;
• Juntamente com Criador devemos salvaguardar o direito e a dignidade de vida das futuras gerações;
• Se cremos em Deus precisamos entender que todos os elos da criação têm dignidade;
• A concepção antropocêntrica vem caindo;
• O cultivar é o produzir e o guardar é o exercício da responsabilidade e cuidado;
• Responsabilidade é o elemento principal da ética.
Que as nossa ações vislumbrem a bela imagem bíblica oferecida pela expressão “novos céus e
nova terra” (Ap 21,1)
DIA NACIONAL DA COLETA DA SOLIDARIEDADE
Domingo de Ramos17 de abril de 2011
40% da coleta constituem o Fundo Nacional de Solidariedade
(FNS)
60% da coleta ficam nas dioceses, formando um Fundo Diocesano de Solidariedade
(FDS)
Fonte:Texto- base CF 2011Formatação: Nadimir Quadros