Download - Calango Lumbrera FINAL
-
O GUIA
DO CALANGO LUMBRERA
As melhores e piores respostas do CACD 2014
Material de Estudo para o Concurso de Admisso Carreira de Diplomata
-
NDICE
APRESENTAO................................................................................4
ESTATSTICAS....................................................................................6
PORTUGUS
Redao..............................................................................................8
Exerccio 1.........................................................................................52
Exerccio 2.........................................................................................71
HISTRIA DO BRASIL
Questo 1..........................................................................................91
Questo 2..........................................................................................103
Questo 3..........................................................................................114
Questo 4..........................................................................................121
INGLS
Translation part A...............................................................................129
Translation part B...............................................................................133
Composition........................................................................................137
Summary.............................................................................................143
GEOGRAFIA E POLTICA INTERNACIONAL
Questo 1..........................................................................................150
Questo 2..........................................................................................163
Questo 3..........................................................................................171
Questo 4..........................................................................................183
-
DIREITO
Questo 1..........................................................................................191
Questo 2..........................................................................................199
Questo 3..........................................................................................207
Questo 4..........................................................................................213
ECONOMIA
Questo 1.........................................................................................220
Questo 2.........................................................................................229
Questo 3.........................................................................................239
Questo 4.........................................................................................247
-
APRESENTAO
Em 2013, a turma de aprovados no Concurso de Admisso Carreira
Diplomtica (CACD) teve uma grande ideia: lanar uma coletnea de suas
melhores e piores respostas no certame. Sem conflitar com o guia de estudos
oficial, publicado pelo Instituto Rio Branco em parceria com o Centro de
Seleo e de Promoo de Eventos (CESPE), O guia do filhote de gnu foi
indispensvel preparao de milhares de candidatos, includos os dezoito
que conseguiram aprovao em 2014. O PDF de 218 pginas j nasceu
clssico, e as expectativas de que os aprovados deste ano fizessem algo
parecido eram mais do que naturais. com satisfao, portanto, que
apresentamos O guia do calango lumbrera As melhores e piores
respostas do CACD 2014.
O Chanceler Azeredo da Silveira (1917-1990), lembrado na prova de
portugus deste ano, afirmou que a melhor tradio do Itamaraty era saber
renovar-se. Nesse sentido, mantivemos princpios do Gnu, mas tambm
propusemos duas novidades.
A ideia de publicar as trs melhores respostas da terceira fase e a pior
delas foi preservada. No caso dos empates das respostas mais bem avaliadas,
que foram muitos neste ano, usamos como critrio a tentativa de representar
cada candidato com algo como trs ou quatro questes, de modo que todos os
estilos estivessem contemplados no guia. Como inovao, figura a transcrio
dos espelhos de prova dos dezoito aprovados, sem identificao, bem como
informaes sobre recursos contra penalizaes gramaticais e respostas da
banca. Ademais, foi feito um apanhado estatstico referente ao perfil dos
aprovados: anos de estudo para aprovao, idade mdia, curso de formao,
entre outros dados quantitativamente aferidos em entrevista com todos os
aprovados no concurso do CACD 2014.
Devemos dizer algumas palavras sobre o nome desta coletnea.
Uma pgina de Facebook sugeriu que os aprovados do CACD 2014,
que integram a menor turma do Instituto Rio Branco desde 1989, seriam os
Dezoito do Forte. Apreciamos a criativa associao com a revolta tenentista de
1922 e propomos um ttulo que dialoga com o achado de maneira bem-
humorada e que foi muito bem representado no desenho de Solange Ribeiro,
artista brasileira a quem agradecemos pela imagem de capa do guia.
Segundo o Dicionrio Houaiss, calango design. comum a diversos
lagartos de pequeno porte, esp. da fam. dos teideos. No se trata, pois, de
uma espcie, mas de um conjunto de espcies. H, nessa escolha, uma
tentativa de dizer algo sobre a nossa diversidade: os do Forte somos sete
mulheres e onze homens de quatro regies brasileiras, formados em
-
graduaes como fsica, odontologia e publicidade, alm das clssicas
relaes internacionais e direito. As singularidades das nossas respostas
refletem nossas diferentes trajetrias e vises de mundo.
Diminuto, no raro confundido com a paisagem, o calango tambm
tido como um bicho insignificante e at mesmo desprezvel, o que ajuda a
afastar qualquer tentao de autoelogio.
Lumbrera, por seu turno, foi uma palavra mencionada no exame de
espanhol e desconhecida pela maioria de ns. De acordo com o dicionrio da
Real Academia Espaola, trata-se de persona que brilla por su inteligencia y
conocimientos excepcionales. Lumbrera no foi aqui empregado para ressaltar
uma suposta genialidade, mas para lembrar o vocbulo estrangeiro obscuro.
Buscamos, de alguma maneira, evocar a mxima socrtica de que s sabemos
que nada sabemos.
Entre a insignificncia do calango e o jogo de claro e escuro do
lumbrera, desejamos ressaltar que o Concurso de Admisso Carreira
Diplomtica, ainda que bastante difcil, humanamente possvel. Que nossas
respostas que impressionaram a banca e aquelas que no a comoveram
sirvam de inspirao para os nossos futuros colegas. Turma de 2014
-
ESTATSTICAS
O intuito dessas estatsticas fornecer maiores dados quantitativos
acerca dos aprovados no Concurso de Admisso Carreira Diplomtica de
2014. Com eles, desejamos quebrar ou ajudar a minimizar alguns mitos e
questionamentos, como: (i) impossvel ser aprovado em sua primeira
tentativa na terceira fase; (ii) impossvel/muito difcil ser aprovado se estiver
trabalhando; (iii) apenas formados em Relaes Internacionais so aprovados;
(iv) sou muito novo/velho para ser aprovado; (v) ser que algum dia
conseguirei passar no TPS?; (vi) a aprovao no CACD um processo de
longo prazo? De quanto tempo?
Obviamente, algumas dessas questes no podem ser resolvidas por
meros dados quantitativos, mas a inteno deles mostrar que existem
diversos caminhos que podem ser percorridos, a fim de se alcanar a
aprovao em um dos concursos mais difceis do Brasil.
A Turma do Instituto Rio Branco 2014-2015 composta por 19 pessoas.
Dessas, 18 foram aprovadas no Concurso 2014.
Dos 18 aprovados no ltimo concurso, aproximadamente 40% (7 em
termos absolutos) so mulheres, compondo uma das turmas com o maior
percentual feminino da histria do Instituto.
A mdia de idade dos aprovados de 28 anos. O mais jovem tinha 23
anos no momento de sua aprovao. O mais velho, 33 anos.
Em termos de formao universitria dos aprovados no ltimo concurso, tem-
se:
7 formados em Relaes Internacionais
5 formados em Direito
1 formado em Economia
1 formado em Filosofia
1 formado em Fsica
1 formado em Odontologia
1 formado em Letras e Propaganda
1 formado em Histria
Dos 18 aprovados, um foi beneficirio do Programa de Ao Afirmativa
do Instituto Rio Branco.
-
Quando verificada a quantidade de reprovaes na primeira fase (TPS),
a mdia foi de 1,3 vezes. A maior quantidade de reprovao por um mesmo
indivduo na primeira fase foi 4 vezes. A menor foi 0 vezes. Dos 18 aprovados,
apenas 2 nunca foram reprovados na primeira fase. 11 pessoas foram
reprovadas uma vez. 4 pessoas foram reprovadas duas vezes.
Na estatstica referente terceira fase, a mdia de tentativas foi de 1,8
vezes. Aproximadamente 40% (7 pessoas) passaram de primeira na terceira
fase. A mesma porcentagem (aproximadamente 40%) foi aprovada na
segunda tentativa. Pouco menos de 17% (3 pessoas) passaram na terceira
tentativa. Uma pessoa passou na quarta tentativa.
A mdia de anos de estudo dos aprovados foi de 3 anos. O que passou
mais rpido estudou um ano. O que mais demorou a passar estudou 5 anos.
Quando verificada a porcentagem de aprovados que estudaram e
trabalharam concomitantemente, obteve-se que 33% (6 pessoas) realizaram as
duas atividades durante todo/maior parte do perodo em que se dedicaram ao
Concurso de Admisso Carreira Diplomtica. O tempo mdio de aprovao
apenas desse grupo de indivduos foi de aproximadamente 4 anos, um pouco
superior mdia geral acima mencionada.
-
PORTUGUS
*As marcaes dos erros microestruturais foram destacadas em vermelho
REDAO
Texto I
Planejar uma poltica externa exige alm do conhecimento da conjuntura
interna do pas o estudo do quadro internacional dentro do qual essa poltica dever
operar. necessrio, portanto, antes de mais nada, tentar prever a evoluo provvel
da conjuntura mundial nos prximos anos, como pano de fundo para as opes
possveis da diplomacia brasileira. Um exerccio desse gnero comporta elementos
impressionsticos inevitveis, pois no possvel antecipar tendncias futuras com a
mesma preciso com que podemos descrever acontecimentos atuais. O mximo que
podemos fazer para limitar o alcance do componente puramente especulativo
formular hipteses alternativas e, em seguida, verificar a maior ou menor
plausibilidade de cada uma delas.
Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Poltica externa brasileira: seus
parmetros internacionais. 16/1/1974. Arquivo do CPDOC, FGV.
Texto II
O Brasil, em razo de fatores objetivos, tem um destino de grandeza, ainda
relativa em nossos dias, ao qual no ter como se furtar, e isso lhe impe a obrigao
de encarar o seu papel no mundo em termos prospectivos fundamentalmente
ambiciosos. Digo ambio no sentido de vastido de interesses e escopo de atuao,
e no no desejo de hegemonia ou de preponderncia.
Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Discurso proferido em 9/11/1976, apud
Matias Spektor (Org.). Azeredo da Silveira: um depoimento. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2010.
Texto III
O mundo tem passado por transformaes significativas, e o lugar do Brasil no
mundo mudou. Essas transformaes incidem sobre a prpria distribuio do poder
mundial. Desenham-se os contornos de uma configurao multipolar da geopoltica e
da geoeconomia mundial. A desconcentrao do poder econmico e poltico no
espao internacional vem conferindo mais voz e peso aos pases emergentes. () A
confluncia dessas grandes transformaes no Brasil e no mundo tem efeitos
significativos sobre a formulao e a execuo da poltica externa brasileira. Tenho
enfatizado que a poltica externa parte integral do projeto nacional de
-
desenvolvimento do Brasil econmico, poltico, social, cultural. Nesse papel de
instrumento do desenvolvimento, uma poltica externa sem perspectiva estratgica de
longo prazo torna-se reativa, sem direo.
Luiz Alberto Figueiredo Machado. Discurso proferido na abertura dos Dilogos
sobre Poltica Externa, em 26/2/2014 (com adaptaes).
A partir da leitura dos fragmentos de texto acima, discuta e opine a
respeito das perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira, tendo em
vista as circunstncias internas e os cenrios internacionais a ela relacionados.
Extenso do texto: 600 a 650 palavras
[valor: 60 pontos]
-
53,25/60
O Pragmatismo Responsvel, conduzido por Azeredo da Silveira, e a
poltica externa contempornea apresentam aspectos de continuidade e de
ruptura. Tanto a estratgia desenvolvida na dcada de 1970 quanto aquela
elaborada por Luiz Alberto Figueiredo enfatizam o desenvolvimento e a
mitigao das assimetrias globais como objetivos de longo prazo da diplomacia
brasileira. Cabe ressaltar, entretanto, que no somente o contexto internacional
, significativamente1, diferente nos dois perodos, mas tambm os meios de
ao externa do Brasil foram transformados. O processo de redemocratizao
e a maior projeo do pas no mundo ampliaram os temas da agenda
diplomtica nacional e viabilizaram o aumento do interesse da sociedade pela
poltica externa do pas, o que influenciar, positivamente, o processo de
insero do Brasil no contexto global.
Segundo Gelson Fonseca, uma das diferenas fundamentais entre a
poltica externa do perodo posterior redemocratizao e aquela desenvolvida
durante o regime de exceo a nfase no multilateralismo como meio de
ao. Segundo o autor, a busca de autonomia decisria, na dcada de 1970,
dava-se pelo afastamento brasileiro dos foros internacionais, em estratgia que
denominou autonomia pela distncia. Atualmente, o mbito multilateral meio
prioritrio da ao externa do pas, o que caracteriza o novo paradigma da
poltica externa nacional, chamado autonomia pela participao. Os foros
multilaterais tornaram-se, portanto, centrais na estratgia de insero de longo
prazo do pas, o que pode ser evidenciado pelo ativo engajamento brasileiro na
reforma da Organizao das Naes Unidas (ONU) e pela criao de
organizaes internacionais regionais, de que exemplo a Comunidade dos
Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
Luiz Alberto Figueiredo afirmou, recentemente, que o dilogo
diplomtico , tambm, um dilogo com a sociedade. Essa percepo
demonstra o interesse de que a autonomia pela participao no seja obtida
somente com a insero do pas no mbito multilateral, mas tambm pelo ativo
engajamento da sociedade civil na formulao da poltica externa. A
elaborao do Livro branco da poltica externa, no qual sero apresentadas as
diretrizes de longo prazo da estratgia internacional do Brasil, bem como a
realizao dos Dilogos sobre Poltica Externa, 2 evidncia da importncia
atribuda pela diplomacia participao popular. Esse processo garante
legitimidade tendncia de continuidade da projeo internacional do Brasil e
aos pleitos histricos de democratizao dos foros multilaterais, o que dota de
contedo a emergncia poltico-econmica nacional.
-
A Rio+20 e a Conferncia das Naes Unidas para o meio ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD) so simblicas do momento de transio das
estratgias desenvolvidas pelos regimes militares para as elaboradas pela
diplomacia democrtica. Essas conferncias no se destacam apenas pela
grande participao de Chefes de Estado e pela contribuio popular, mas
tambm porque consolidaram o meio ambiente como tema prioritrio da
agenda internacional. Os direitos humanos, o desenvolvimento social e o meio
ambiente no so mais considerados secundrios, o que relativiza a ideia de
que a diplomacia trata apenas de temas distantes da populao. H, portanto,
uma tendncia de aproximao das polticas pblicas desenvolvidas
internamente e aquelas elaboradas no mbito internacional, o que transforma
as polticas externas contemporneas e do futuro em importantes meios de
desenvolvimento econmico e social.
As reivindicaes histricas do Estado brasileiro pela diminuio das
assimetrias globais e pelo desenvolvimento de um multilateralismo de
reciprocidade foram complementadas, recentemente, pela maior participao
da sociedade civil no processo de elaborao da poltica externa. Esse maior
engajamento fortalece os pleitos tradicionais do Brasil, como a reduo da
pobreza e a reforma das organizaes internacionais com sistema de
representao inadequado ao sculo XXI, e garante legitimidade ascenso
do pas no mbito externo. Esses processos so desenvolvimentos
contemporneos, mas que3 devero influenciar a diplomacia brasileira no futuro
de forma intensa. O destino de grandeza do Brasil, mencionado por Azeredo
da Silveira, ser atingido no pelo alijamento da populao, mas pela sua
intensa contribuio.
Marcaes da banca:
1 Pontuao
2 Concordncia Verbal
3 Construo de perodo/Colocao de termos
Avaliao:
Apresentao 8,75
Argumentao 10,0
Anlise 7,50
Gramtica 27,0
-
52,75/60
O mundo hodierno experimenta transformaes significativas. Em nvel
sistmico, verifica-se a ascenso da China ao grupo das grandes potncias e a
recuperao da Rssia, em termos polticos e militares. Esses dois dados,
tomados em conjunto, tero consequncias ainda imprevisveis para a ordem
mundial futura. Adicionalmente, os efeitos da crise financeira de 2008 tm
demonstrado que os Estados Unidos e a Europa devero ter sua hegemonia
econmica e financeira, nos prximos anos, mais relativizada. Considerando as
condicionantes externas e as circunstncias internas do Brasil, pode-se afirmar
que os formuladores de poltica interna e externa devem ser capazes de
antecipar algumas tendncias, de modo a manter a continuidade do projeto de
desenvolvimento nacional.
O Brasil um pas de renda mdia, onde h uma quantidade de jovens
proporcionalmente maior do que a de crianas e de idosos. Estima-se que essa
caracterstica da pirmide etria brasileira dure, aproximadamente, mais duas
dcadas. Nesse sentido, para que o Brasil possa elevar a renda mdia da
populao, necessrio que se invista na qualificao da mo de obra,
sobretudo, nas reas do setor produtivo que requerem forte base em fsica, em
qumica e em matemtica. Atualmente, verifica-se uma carncia da ordem de
cem mil professores nessas reas. Consequentemente, essa uma limitao
interna com a qual o Brasil ter de lidar nos prximos anos.
A estrutura produtiva atual est organizada em cadeias globais de valor.
Uma das maneiras de integrar-se, beneficamente, a essas cadeias por
intermdio da intensificao da agenda de cooperao internacional na rea
cientfica e tecnolgica. Nesse contexto, uma hiptese plausvel a de que
pases emergentes devero aumentar, significativamente, sua parte na
produo cientfica de alto nvel. Projeta-se, por exemplo, que a China ir, em
breve, ultrapassar os Estados Unidos na produo de artigos cientficos.
Consequentemente, para alm das parcerias tradicionais, seria vantajoso para
o Brasil intensificar o envio de estudantes no mbito do programa Cincias sem
Fronteiras para os pases do BRICS, bem como desenvolver polticas de
atrao de pesquisadores para o Brasil, de modo a elevar a projeo
internacional do Brasil nessa rea.
A estrutura do balano de pagamentos do Brasil tpica de pases em
desenvolvimento, o que significa que o Brasil deficitrio em transaes
correntes e necessita de supervits na conta capital e financeira. Em
decorrncia dessas circunstncias, o Brasil necessita criar poupana interna,
para conseguir viabilizar os investimentos necessrios para o desenvolvimento
nacional. Ser necessria, a longo prazo, uma complexa reestruturao dos
-
processos produtivos, para modificar o perfil deficitrio das transaes
correntes; alm disso, ser imprescindvel aumentar o nvel de investimentos
internos, o que implicar mudanas internas, a fim de aumentar o nvel de
poupana domstica.
No mbito externo, deve-se reconhecer que, no futuro, ser mais difcil
conseguir inserir-se em terceiros mercados, considerando a competitividade
que caracteriza o comrcio internacional. O Brasil dever aproveitar, ao
mximo, o perfil universalista de sua poltica externa, a fim de viabilizar a
abertura de mercados para produtos brasileiros, preferencialmente, de maior
valor agregado. Nesse sentido, o Brasil deve priorizar a insero em mercados
consumidores emergentes, como o caso do continente africano, cuja classe
mdia se estima ser de, aproximadamente, 300 milhes de pessoa e que
tender a aumentar nos prximos anos.
Em sntese, conquanto haja incertezas inerentes ordem internacional
hodierna, verifica-se uma tendncia de fortalecimento dos dois principais
pases do bloco euroasitico, bem como de crescimento econmico do
continente africano. O principal desafio para os formuladores de polticas
pblicas brasileiros o de criar condies para transformar o pas em uma
sociedade do conhecimento, baseada na produo de itens de alto contedo
tecnolgico. Para a consecuo desses objetivos, as estratgias que se
propem so a intensificao da cooperao cientfica no mbito dos BRICS,
alm da busca de novos mercados para os produtos manufaturados brasileiros.
Marcaes da banca:
1 Construo de perodo/Colocao de termos
Avaliao:
Apresentao 8,25
Argumentao 7,50
Anlise 7,50
Gramtica 29,0
-
Comentrio do candidato:
Recurso (argumentao do candidato):
O Candidato solicita a reviso do que foi considerado erro de construo de
perodo/colocao de termos. O trecho "[...] forte base em fsica, em qumica e em
matemtica", vale-se do paralelismo sinttico, por meio da repetio da preposio
"em", conforme prescrito no livro "Comunicao em Prosa Moderna", de Othon M.
Garcia, pginas 52 e 53.
Resposta da banca: recurso indeferido:
A argumentao apresentada no sustenta o recurso. Registra-se erro
referente repetio da preposio "em" no trecho: "... forte base em fsica, em
qumica e em matemtica", visto que, nesse caso, a conciso deve prevalecer ao
paralelismo, j que no se justificam palavras repetidas sem qualquer efeito enftico,
sem que sejam necessrias para evitar interpretao equvoca e cujo sentido seja
logicamente deduzvel. Tambm no h, no trecho, estrutura de longa extenso que
exija retomada da preposio, portanto, a sua repetio concorre para a prolixidade do
texto. No item 1.4.5 Coordenao, correlao e paralelismo, da obra citada no texto de
recurso, Garcia afirma: "...Entretanto, o paralelismo no constitui uma norma rgida,
nem sempre , pode ou deve ser levado risca, pois a ndole e as tradies da lngua
impem ou justificam outros padres".
-
52,25/60
A importncia de uma viso de longo prazo no planejamento da poltica
externa, bem como a conscincia do potencial de atuao global do Brasil
estavam presentes nos discursos do chanceler Azeredo da Silveira na dcada
de 1970 e, quatro dcadas depois, so reafirmadas pelo chanceler Figueiredo
Machado. O exerccio da diplomacia pressupe uma leitura atenta das
tendncias internas e internacionais para que se formule uma insero
proativa, e no simplesmente reativa, na ordem mundial. Nesse sentido, os
desafios que se colocam poltica externa contempornea referem-se, no
plano interno, s demandas populares por aprofundamento da democracia e,
no plano externo, aos avanos em direo a uma multipolaridade econmica e
tambm poltica. Recentes iniciativas do Itamaraty tm demonstrado esforo
constante em se adaptar a essas transformaes e dotar a poltica externa
brasileira de perspectivas estratgicas fiis s ambies do pas.
No que tange s circunstncias internas, importante reconhecer que os
anseios da populao brasileira por maior participao poltica, manifestados
em junho de 2013, no se esgotam a questes puramente nacionais. O
interesse por assuntos internacionais tem-se elevado na medida em que o
Brasil se consolida como ator de peso nas relaes internacionais e que a
globalizao permite uma conexo direta com o que acontece no exterior. Em
ateno a essa tendncia, o Ministrio das Relaes Exteriores antecipou-se
no reconhecimento da importncia de ouvir a populao na formulao da
poltica externa. de se notar a velocidade com que tem atualizado seus
mtodos de trabalho para fomentar esse dilogo. Trs novos canais de
comunicao j foram abertos, como a promoo de conferncias com
participao da populao civil, o uso de redes sociais para recolher sugestes
e crticas e o contato direto da Presidenta da Repblica com o setor
empresarial. Esse aggiornamento indica que, no longo prazo, as perspectivas
so de uma poltica externa cada vez mais legtima, forte e, sobretudo, criativa.
Em relao ao cenrio internacional, a previso de que a ordem mundial
se configure de maneira multipolar tem orientado novas iniciativas tanto no
mbito poltico quanto econmico. Consciente da desconcentrao do poder
poltico no espao internacional, o Brasil tem-se esforado em articular seus
parceiros para promover uma democratizao dos foros internacionais, como a
Organizao das Naes Unidas e o Fundo Monetrio Internacional, que d
maior voz aos pases em desenvolvimento. A perspectiva de que, no futuro
prximo, o Brasil ocupe um assento permanente no Conselho de Segurana
parece adequada para um pas com tradio de soluo pacfica de
controvrsias e de articulao de consensos. A desconcentrao do poder
econmico na ordem mundial tambm oferece ao Brasil a oportunidade de se
-
projetar na arena internacional com maior influncia para defender seus pleitos.
A eleio, em 2013, do Embaixador Roberto Azevdo para o cargo de diretor-
geral da Organizao Mundial do Comrcio demonstrou que o Brasil
valorizado por seu protagonismo na defesa do sistema multilateral de
negociaes comerciais. A perspectiva de longo prazo , tambm nesse caso,
animadora, pois no apenas o Brasil, como os demais membros daquela
organizao se beneficiaro da concluso exitosa da Rodada de Doha.
Pelas razes acima discutidas, tudo indica que a poltica externa
brasileira caminha em consonncia com as projees que no apenas os
diplomatas, como, agora tambm, a sociedade civil faz para os cenrios interno
e global. Mesmo se essas projees no se provarem acertadas, h4
flexibilidade suficiente entre os formuladores brasileiros para corrigir, de
maneira pragmtica, os rumos. Conforme ressalta o chanceler Figueiredo
Machado no discurso de abertura dos Dilogos sobre Poltica Externa, a
poltica externa brasileira parte integral do projeto de desenvolvimento
nacional. Nessa condio, continuar respondendo, de forma fidedigna, aos
anseios da populao se mantiver a preocupao com estratgias de longo
prazo.
Marcaes da banca:
1 Regncia Verbal
Construo de perodo/colocao de termos
Construo de perodo/colocao de termos
4 Construo de perodo/colocao de termos
Avaliao:
Apresentao 10,0
Argumentao 8,75
Anlise 7,50
Gramtica 26,0
-
51,50/60
Desde o incio do sculo XX, a poltica externa tornou-se importante
mecanismo para o projeto de desenvolvimento nacional. Durante a Segunda
Guerra Mundial, por exemplo, a ao diplomtica proativa garantiu os recursos
necessrios ao incio do processo de industrializao brasileira, a qual foi
essencial para a sustentabilidade do crescimento econmico nacional e para o
ascendente nvel de desenvolvimento social do pas. Desse modo, verifica-se
que a anlise estratgica do governo brasileiro, ao evitar um posicionamento
reativo permitiu que a diplomacia ptria maximizasse os ganhos do pas,
apesar das limitaes oriundas do contexto domstico e das circunstncias
internacionais. A fim de lograr xito na implementao de uma poltica externa
proativa que represente o interesse nacional, a diplomacia brasileira deve
definir estratgias de longo prazo que levem, em considerao, as
circunstncias domsticas e internacionais.
A poltica externa brasileira influenciada, profundamente, por
modificaes na conjuntura interna, visto que elas alteram as prioridades e os
objetivos de longo prazo do pas. O fim da ditadura militar favoreceu o
fortalecimento da sociedade civil, o que originou a necessidade de melhorar o
dilogo entre a sociedade brasileira e os formuladores de poltica externa, a fim
de que a diplomacia no s contribusse para a consolidao democrtica, mas
tambm representasse, internacionalmente, os pleitos desse povo que se
libertara do autoritarismo. Reforada pelo fim da Guerra Fria, a traduo
diplomtica desse processo consiste na nfase ao multilateralismo e
democratizao dos foros decisrios internacionais como objetivos centrais da
poltica externa brasileira, a fim de que o fortalecimento da ordem multilateral
permita uma maior representatividade dos interesses dos pases em
desenvolvimento na agenda internacional.
A conjuntura internacional impe limites ao diplomtica brasileira, na
medida em que apresenta um processo decisrio bastante concentrado. Desse
modo, a agenda internacional definida com base nos interesses de um grupo
restrito de pases, do qual o Brasil est excludo. Essa perspectiva tem sido
alterada, em razo do acelerado crescimento econmico dos pases
emergentes, cuja importncia ascendente foi verificada durante a crise
financeira de 2008, quando o apoio deles foi fundamental para amenizar os
efeitos danosos da instabilidade financeira. A verificao da maior
interdependncia entre os pases tem estimulado a aceitao de que
democratizar os mecanismos de governana global favoreceria a estabilidade
mundial, alm de ampliar a representatividade do processo decisrio
internacional. Desse modo, a estratgia diplomtica brasileira mostra-se em
sintonia com as tendncias mundiais.
-
No Brasil, a recente ascenso poltica de governos progressistas
fortaleceu a nfase dada pela diplomacia ptria temtica do desenvolvimento
econmico e social. Desse modo, o desenvolvimento integral dos povos torna-
se objetivo primordial da poltica externa brasileira. O contexto internacional de
crescente instabilidade, sobretudo em regies mais pobres, corrobora a
interpretao da diplomacia brasileira de que o combate fome e misria a
nica iniciativa capaz de prover estabilidade ao sistema internacional. Dessa
forma, as circunstncias internacionais indicam que a promoo do
desenvolvimento deve continuar sendo o paradigma orientador da estratgia
internacional brasileira no longo prazo.
Verifica-se que os formuladores da poltica externa brasileira tm logrado
xito em estabelecer diretrizes de longo prazo que permitam a realizao dos
objetivos nacionais e que ampliem a projeo internacional do Brasil. Os
impactos das modificaes polticas no mbito domstico favoreceram o
estabelecimento de uma diplomacia proativa que est em sintonia com os
interesses dos pases em desenvolvimento e que, portanto, se torna mais
representativa, o que amplia o poder de barganha do Brasil. Essa
representatividade permite ao pas reduzir os limites impostos por um processo
decisrio internacional ainda bastante concentrado, visto que legitima a defesa
brasileira da democratizao dos foros internacionais e do fortalecimento do
multilateralismo, ambos essenciais para a paz mundial.
Marcaes da banca:
1 Pontuao
Avaliao:
Apresentao 8,75
Argumentao 10,0
Anlise 7,50
Gramtica 29,0
-
50,75/60
A poltica externa brasileira tem como objetivo permanente a busca do
desenvolvimento; este, entretanto, no se limita, apenas, ao crescimento
econmico. A diversidade dos condicionantes que caracterizam uma nao
verdadeiramente desenvolvida abrange aspectos como o respeito aos direitos
humanos, a justia social e a liberdade poltica. O vnculo indissocivel entre
desenvolvimento e democracia norteia a ao externa brasileira. Nesse
sentido, os objetivos de longo prazo da poltica exterior do Brasil relacionam-se
com a busca da democratizao dos sistemas de governana mundial, do que
decorre a necessidade de se ampliar a participao dos pases perifricos nos
fruns decisrios internacionais. Contribuem para a consecuo da ambiciosa
perspectiva brasileira a inevitabilidade do multilateralismo, em um contexto
multipolar, e a consolidao democrtica, no mbito domstico, que, ao
favorecer a participao popular na definio da poltica externa, confere
legitimidade aos pleitos do pas.
A redemocratizao poltica, a conquista da estabilidade
macroeconmica e a consolidao dos programas de incluso social
transformaram as bases da insero internacional do Brasil. A melhora no
padro de distribuio de renda, em um ambiente de liberdade democrtica,
suscitou o aparecimento de uma nova classe mdia, mais consciente,
politicamente; mais demandante e crescentemente participativa. Alm disso, o
acesso instantneo aos acontecimentos mundiais, o incremento da produo
acadmica nacional acerca de temas internacionais, a intensificao das
relaes de comrcio e das trocas culturais entre as naes contriburam para
ampliar o engajamento da sociedade civil na agenda externa do pas. medida
que se consolida a democracia brasileira, inciativas que visam a expandir a
participao popular na determinao do interesse nacional colaboram para
ampliar a legitimidade dos posicionamentos do Brasil, no contexto
internacional.
A poltica externa brasileira dos ltimos doze anos baseou-se no
diagnstico da inevitabilidade dos pases emergentes para a resoluo das
problemticas internacionais. A estes correspondem, por exemplo, a maior
contribuio para o crescimento econmico mundial e a maior proporo das
emisses de carbono na atmosfera. Ao demonstrarem indita capacidade de
se articularem em mltiplos temas, como a macroeconomia e o meio ambiente,
pases como o Brasil, a ndia e a China comprovam que o mundo no pode
mais prescindir das naes perifricas. A tendncia multipolaridade no
meramente conjuntural. Dessa forma, eventuais empeclios
institucionalizao da nova ordem multipolar, com o atraso verificado na
reforma do Conselho de Segurana da ONU, no devem ser interpretados
-
como retrocessos s recentes conquistas do multilateralismo. A
democratizao da governana mundial uma necessidade estrutural do
mundo contemporneo; os entraves para que isso ocorra so conjunturais.
As transformaes paradigmticas a que visa o Brasil no ocorrero de
forma abrupta. A diplomacia nacional no se baseia em aes de confrontao
hegemonia vigente, mas na proposio de alternativas prticas que a
relativizem, de forma a garantir uma transio segura e estvel para uma nova
ordem multipolar institucionalizada. No mbito financeiro, o advento do G-20,
em substituio ao G-8, como frum principal das discusses
macroeconmicas, exemplifica a necessidade da integrao das novas
potncias financeiras, sem a excluso das tradicionalmente estabelecidas. O
processo de mudanas pretendido pelo Brasil, apesar de revolucionrio em seu
contedo, deve ser implementado com pacincia estratgica, de forma a
garantir avanos contnuos, sem ameaar a consolidao de conquistas j
realizadas.
H uma evidente relao entre a consolidao da democracia, no mbito
domstico, e a busca da institucionalizao do multilateralismo, no contexto
externo. Na realidade, h o reforo mtuo desses dois condicionantes da
poltica externa brasileira. Esta, que, tradicionalmente, se constituiu como
mecanismo para a consecuo do projeto de desenvolvimento nacional, volta-
se para o estabelecimento e para a implementao de uma nova ordem
mundial, mais democrtica e representativa. As perspectivas de xito so
significativas, dada a irreversvel centralidade de que os pases emergentes
dispem, no mundo contemporneo; a velocidade com que se concretizaro as
transformaes ansiadas pelo Brasil, entretanto, depender de condies
conjunturais, o que de todo modo, no altera a tendncia geral de longo prazo
ao multilateralismo.
Marcaes da banca:
1 Construo de perodo/colocao de termos
Pontuao
Grafia/acentuao
Avaliao:
Apresentao 8,75
Argumentao 7,50
Anlise 7,50
Gramtica 27,0
-
Resposta da banca: recurso indeferido
Trata-se de falha na construo do perodo em apreo, o que dificulta
sua interpretao, visto que o trecho "do que decorre a necessidade de ..."
relaciona-se com tudo o que foi expresso anteriormente, ou seja, conclui-se
dessa formulao que "a necessidade de..." decorre do fato de "os objetivos..."
estarem relacionados "busca da democratizao", o que incoerente. Para
se concluir que "a necessidade..." decorre da "busca da democratizao..."
apenas, essa relao deveria ser feita por meio do emprego de expresso
conectiva (da qual) que especificasse essa correferncia.
-
50,75/60
As perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira
caracterizam-se pela crescente legitimidade da ao do Brasil no mundo. As
circunstncias internas e os cenrios internacionais contemporneos indicam
que o pas pode contribuir de modo criativo para formao de ordem
multilateral mais justa. Pode-se afirmar que o atual esforo da diplomacia
nacional, consubstanciado no projeto de escrita do Livro Branco da Poltica
Externa, resultar em maior coerncia entre prticas internas e externas,
incremento do dilogo com a sociedade e fortalecimento do multilateralismo
como espao privilegiado de cooperao entre os povos.
As transformaes pelas quais o Brasil tem passado ampliam a
legitimidade da diplomacia nacional. Se Azeredo da Silveira, em plena ditadura
militar, considerava que pas estava destinado grandeza, pode-se argumentar
que o xito das polticas brasileiras de incluso social, conservao ambiental e
fortalecimento da cidadania esto transformando o prognstico de Silveira de
projeto liderado por poucos em sonho compartilhado por muitos. Conquanto o
Brasil ainda enfrente desafios significativos em infraestrutura e educao, o
planejamento estatal em dilogo com a sociedade forma eficaz de solucion-
los, pois incentiva prticas transparentes, em sintonia com o interesse nacional.
Os cenrios internacionais de um mundo multipolar em formao
representam oportunidade nica para a poltica externa brasileira. Em que pese
a maior possibilidade de divergncias entre Estados cujos recursos de poder
so menos desiguais, a multipolaridade requer a cooperao entre as naes,
porquanto nenhum pas pode determinar a agenda internacional sozinho.
Fortalece-se, portanto, o multilateralismo como espao privilegiado para a
concertao poltica. Assim como as Naes Unidas esto promovendo a
definio colaborativa dos objetivos do desenvolvimento para o perodo
posterior a 2015, o Itamaraty patrocinou a elaborao coletiva do Livro Branco,
que contar com as contribuies de representantes do governo, do
empresariado e da sociedade civil, presentes nos Dilogo sobre Poltica
Externa.
O desenvolvimento inclusivo nacional e o surgimento da multipolaridade
da cooperao contribuem para que se identifiquem trs tendncias para a
politica externa brasileira a longo prazo: maior coerncia, dilogo ampliado e
fortalecimento da estratgia multilateral. J no sculo XIX, Honrio Hermeto
Carneiro Leo compreendia que a poltica externa deve ser a outra face do
progresso interno. Esse entendimento continua a inspirar a atuao dos
diplomatas brasileiros, e por essa razo que os avanos sociais e
-
democrticos contemporneos tendem a resultar em poltica externa mais
coerente e legtima.
A expectativa de dilogo ampliado entre o Itamaraty e as sociedades
brasileira e latino-americanas relaciona-se a tradies e inovaes da
diplomacia nacional. Assim como a soluo pacfica de controvrsias foi o
princpio que inspirou o Baro do Rio Branco a propor dilogo franco entre
Argentina, Brasil e Chile h mais de um sculo, o desejo de dialogar com
cidados do pas e da regio tem feito o Ministrio das Relaes Exteriores
empregar as tecnologias da comunicao para transmitir suas mensagens de
forma clara e transparente.
A terceira perspectiva que surge para a poltica externa futura a de
crescente influncia nas organizaes multilaterais. Embora o Brasil j participe
h dcadas desses foros, a ao histrica do pas era caracterizada sobretudo
por atitude demandantes. Atualmente, a diplomacia brasileira no apenas
pleiteia a reforma da governana global, como tem condies e legitimidade
para ofertar ideias e recursos para implement-la.
Em O conto da ilha desconhecida, Jos Saramago descreve barco onde
navegam homem e mulher procura de suas identidades. Pode-se afirmar que
a diplomacia brasileira, quando comeou a se universalizar, nos anos 1960, era
como esse barco, pois no estava ainda plenamente harmonizada com os
interesses da maioria dos brasileiros, que viviam em pas desigual e
progressivamente autoritrio. Atualmente, ao buscar legitimidade, promover o
dilogo e contribuir para o multilateralismo, o Brasil demonstra que aprendeu a
lio de Joo Cabral de Melo Neto: um galo sozinho no tece a manh, pois a
tenda do futuro ser democrtica e inclusiva.
Marcaes da banca:
1 Pontuao
Grafia/acentuao
Grafia/acentuao
Apresentao 8,75
Argumentao 7,50
Anlise 7,50
Gramtica 27,0
-
50,25/60
Em um contexto internacional globalizado e em constante
transformao, a poltica externa adquire importncia crescente. Isso torna-se
ainda mais verdadeiro para pases como o Brasil, que almeja obter maior
influncia internacional, ao mesmo tempo que se dispe a assumir maiores
responsabilidades em temas como segurana internacional e cooperao para
o desenvolvimento. As perspectivas de longo prazo para a poltica externa
brasileira so favorveis, uma vez que h reforo do dilogo entre a sociedade
brasileira e os formuladores de poltica externa, o que ocorre simultaneamente
manuteno da tradio diplomtica do pas de defesa de um sistema
internacional mais equilibrado, baseado no Direito Internacional.
Nos ltimos anos, como exposto pelo ministro Luiz Alberto Figueiredo,
houve transformaes significativas no contexto internacional que favoreceram
pases em desenvolvimento. Esse novo contexto externo enseja maior
participao do Brasil em temas como a reforma da governana global, a
resoluo pacfica de conflitos e a promoo do desenvolvimento. A diplomacia
brasileira tem aproveitado o contexto internacional mais favorvel aos pases
em desenvolvimento para constituir ou para reforar diversos agrupamentos de
dilogo e de concertao poltica, como BRICS, IBAS, UNASUL, CELAC e
ZOPACAS. Conquanto no seja possvel prever as prximas mudanas no
contexto externo, a existncia desses grupos confere diplomacia brasileira
oportunidades mais institucionalizadas de dilogo com diferentes pases, o que
positivo.
O contexto interno tem sido igualmente favorvel poltica externa
brasileira. O xito de iniciativas de reduo da pobreza e da fome, que atesta o
crescente desenvolvimento social do pas, possibilita a cooperao com
diversos pases. A temtica do desenvolvimento vertente tradicional da
poltica externa brasileira; a mudana das condies econmicas internas do
pas, entretanto, tornou possvel a realizao de diversos programas de
cooperao para o desenvolvimento. A Agncia Brasileira de Cooperao
desenvolve iniciativas em vrios continentes, segundo os princpios
desenvolvidos pela poltica externa brasileira, como a inexistncia de
condicionalidades e a sustentabilidade dos projetos.
Outro aspecto que permite considerar favorveis as perspectivas de
longo prazo da poltica externa brasileira o crescente dilogo entre a
sociedade e os formuladores de poltica externa. Recentemente, o Ministrio
-
das Relaes Exteriores promoveu o seminrio Dilogos de Poltica Externa,
do qual participaram acadmicos, estudiosos e empresrios, com o objetivo de
debater temas importantes para a poltica externa do Brasil. A elaborao de
um Livro Branco de Poltica Externa, com diretrizes e objetivo da poltica
externa, confere maior previsibilidade ao externa do pas. Esse dilogo
entre os diversos interessados em temas internacionais proporciona, ainda,
maiores legitimidade e efetividade poltica externa brasileira, uma vez que
uma poltica externa formulada de maneira isolada da sociedade e de seus
interesses no apresentar consequncias positivas durveis.
Essa inovao recente de maior abertura ao dilogo interno existe
conjuntamente com a manuteno das tradies da diplomacia brasileira, o que
positivo para a imagem internacional do pas. O Brasil tem orientado suas
aes externas por meio do respeito ao Direito Internacional e a princpios
como a no-interferncia nos assuntos internos, a prevalncia dos direitos
humanos e a soluo pacfica de controvrsias. A manuteno dessa tradio
diplomtica tem proporcionado ganhos ao pas, como comprovado por sua
recente eleio para presidir a Comisso de Construo da Paz da
Organizao das Naes Unidas. Com a permanncia dessas diretrizes e
desses princpios, as perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira
manter-se-o positivas.
A poltica externa tem sido percebida como mais importante pela
sociedade brasileira, uma vez que constitui poltica pblica cujo objetivo
primordial o projeto de desenvolvimento nacional. Os contextos interno e
internacional propiciaram ao externa mais abrangente para o Brasil,
coadunando-se com o destino de grandeza do pas, afirmado por Azeredo da
Silveira. As perspectivas de longo prazo para a poltica externa brasileira
tendem a ser favorveis, desde que sejam mantidos tanto o dilogo com a
sociedade quanto as tradies da diplomacia brasileira.
Marcaes da banca:
Construo de perodos; colocao de termos
Avaliao:
Apresentao 7,50
Argumentao 7,50
Anlise 6,25
Gramtica 29,0
-
50,00/60
Azeredo da Silveira previa que o Brasil tinha um destino de grandeza.
Para o chanceler de Geisel, isso significa que o pas tinha capacidade de
exercer maior protagonismo na defesa de seus interesses, no mbito
internacional. Esse maior protagonismo dependia de mudanas tanto no
contexto interno quanto no contexto internacional. O Brasil hodierno no mais
o mesmo em que viveu Azeredo da Silveira. A redemocratizao e o
crescimento econmico favoreceram a insero internacional do Brasil em um
mundo cada vez mais multipolar. Avanou-se muito na busca do
desenvolvimento sustentvel e na defesa do meio ambiente; a essas
perspectivas de longo prazo de poltica externa brasileira, porm, deve-se
acrescentar a luta contra as desigualdades raciais, para que o Brasil atinja seu
potencial.
A poltica externa brasileira tem como uma de suas perspectivas de
longo prazo a busca do desenvolvimento nacional. O baro do Rio Branco
buscava, na aliaa no-escrita com os Estados Unidos, conforme descreve
Bradford Burns, meios para fazer desenvolver o Brasil. Azeredo da Silveira, por
meio do Pragmatismo Responsvel e Ecumnico, tambm almejava eliminar
os constrangimentos ao desenvolvimento brasileiro. Apesar de a matriz
desenvolvimentista estar presente ao longo da histria da atuao diplomtica
brasileira, a ascenso de governos progressistas propiciou mudana no que se
compreende, atualmente, como desenvolvimento. O conceito evoluiu no mbito
interno e no externo. A diplomacia brasileira acompanhou essa evoluo e,
hodiernamente, no busca o mero crescimento de seu produto interno bruto,
mas o desenvolvimento sustentvel de todos os pases perifricos, o que
favoreceria o surgimento de um mundo mais multipolar ainda.
O desenvolvimento sustentvel implica proteo ao meio ambiente,
outra perspectiva de longo prazo da diplomacia brasileira. No que concerne ao
meio ambiente, a atuao diplomtica brasileira evoluiu de postura defensiva,
tambm adotada pelo regime militar em relao aos direitos humanos e no-
proliferao, para postura propositiva, facilmente evidenciada pelo fato de o
Brasil ter sediado duas das mais importantes conferncias das Naes Unidas
sobre a temtica ambiental. Mediante a redemocratizao e a conscientizao
da populao brasileira quanto aos problemas ambientais a diplomacia
brasileira consegue renovar suas credenciais, conforme afirmas o embaixador
Gelson Fonseca Jnior. Antecipou-se, desse modo, evoluo da pauta
ambiental no contexto internacional a tempo de poder exercer protagonismo e
conformar a temtica aos interesses dos pases em desenvolvimento, entre os
quais o Brasil.
-
Importante perspectiva de longo prazo da diplomacia brasileira o
combate ao racismo e a quaisquer outras formas de discriminao. Tamanha
a importncia dessa diretriz que ela foi elencada no artigo 4 da Constituio
Federal, como um dos princpios que regem as relaes internacionais
brasileiras. A despeito da previso constitucional, ainda primordial uma maior
conscientizao da populao brasileira, para que, como na questo ambiental,
o Brasil possa assumir maior protagonismo internacionalmente. No contexto
interno, muitos ainda acreditam na existncia da democracia racial de que falou
Gilberto Freyre e so contrrios a medidas efetivas de combate s
desigualdades raciais, evidentes mesmo em instituies, 4 conscientes de sua
funo no combate ao racismo, como o Itamaraty. Em um contexto
internacional em que frica e sia vem se tornando parceiras cada vez mais
importantes, incoerente que as desigualdades raciais no sejam,
efetivamente, combatidas no Brasil.
A busca do desenvolvimento sustentvel inclusivo, a defesa do meio
ambiente e o combate ao racismo so diretrizes de longo prazo da poltica
externa brasileira. Essas diretrizes coadunam-se com a anlise da evoluo
provvel da conjuntura internacional nos prximos anos, entre as quais5 o
maior protagonismo dos pases em desenvolvimento, em contexto
progressivamente multipolar, o agravamento dos problemas ambientais e a
conformao de sociedades, cada vez mais, multitnicas e preocupadas com o
combate discriminao. Mediante a conformao de quadro funcional que
privilegie a diversidade, surgiro diferentes anlises sobre as futuras
conjunturas mundiais, o que permitir diplomacia brasileira garantir ao Brasil
o destino de grandeza que vaticinou Azeredo da Silveira.
Marcaes da banca:
1 Grafia/acentuao
Emprego de modos e tempos verbais
Pontuao
4 Pontuao
5 Emprego de conectores
Avaliao:
Apresentao 8,75
Argumentao 8,75
Anlise 7,50
Gramtica 25,0
-
49/60
O longo prazo o tempo da poltica externa brasileira. Preceitos ainda
valorizados, como, por exemplo, o trato cordial com os vizinhos, remontam
chancelaria do Baro do Rio Branco. A persistncia de rotinas e princpios,
contudo, no deve remeter s ideias de fossilizao ou de insulamento.
Tendente continuidade, a poltica externa brasileira s ser poltica pblica
responsvel se considerar, em seus clculos, as demandas urgentes da
sociedade civil. Por outro lado, como ensina Azeredo da Silveira, s ser eficaz
se tentar antecipar-se s conjunturas sistmicas internacionais.
A imagem de cpulas em que prncipes como Metternich, Talleyrand e
Bismarck tomavam decises, no raro brilhantes em termos polticos, mas
desconectadas dos anseios das sociedades que deveriam representar, cedo se
tornou um esteretipo da atividade diplomtica. O Itamaraty tem confrontado
esse lugar-comum de exclusivismo e segredo por meio de iniciativas de
diplomacia pblica, como o foro Dilogos sobre Poltica Externa. A abertura
interlocuo com diferentes atores da sociedade civil ocorreu em momento de
clamor por transparncia do processo decisrio, reivindicao entrevista nas
Jornadas de Junho de 2013. A recente e acertada audio da opinio pblica
trouxe notveis ganhos qualitativos poltica externa do pas. Sugestes
criativas de acadmicos, jornalistas, representantes de organizaes no
governamentais e minorias tm o potencial de tornar o impressionismo
inevitvel definido por Silveira, no mnimo, mais legtimo, porque beneficiado
pelo dilogo democrtico e pelo debate pblico franco.
Um pas que alicera sua poltica externa em uma fecunda interlocuo
domstica est mais apto a realizar o destino de grandeza no hegemnico
preconizado por Azeredo da Silveira. Potncia mdia desprovida de
armamentos nucleares, o Brasil tende a auferir ganhos de poder brando com
suas aes de diplomacia pblica. Ao considerar, em seus clculos de poltica
externa, as demandas e sugestes da sociedade civil, o Brasil refora sua
imagem externa de pas que articula consensos, prestigia as solues
multilaterais pacficas e reivindica uma ordem internacional menos assimtrica,
na qual as vozes dos pases emergentes possam ser ouvidas.
A aproximao com os pases do Sul, marcante na chancelaria de
Azeredo da Silveira, que defendeu, nas Naes Unidas, uma nova ordem
econmica internacional (NOEI), tem sido caracterstica da poltica externa
brasileira desde a dcada passada. Sem conflitar com os pases
desenvolvidos, o Brasil antecipou-se, conforme a sugesto de Silveira,
conjuntura internacional. A procura pela parceria chinesa, a retomada do
contato solidrio com a frica e o lanamento de grupos como o IBAS e o
-
BRICS podem parecer, hodiernamente, obviedades. No o foram quando de
sua implementao, instante em que pareciam ecoar, para certos segmentos,
um terceiro-mundismo fora do tempo. A persistncia da crise econmica
internacional e a relativa preservao brasileira no que concerne aos seus
efeitos corroboram a tese de que todo planejamento, para ser bem-sucedido,
deve ser acompanhado de intuio. O longo prazo, afinal, feito de curtos
intervalos, que apresentam desafios imediatos. Criatividade e consistncia
conceitual fazem-se, nesse contexto, imprescindveis.
A chancelaria de Azeredo da Silveira completa, em 2014, quarenta anos.
Muitos dos embaixadores do Itamaraty atual foram terceiros-secretrios
impactados pelos conceitos do Ministro das Relaes Exteriores do Governo
Ernesto Geisel. A perspectiva de longo prazo, a ideia de inovao beneficiada
pelo acumulado histrico, a intuio como elemento indispensvel e a
realizao de um destino de grandeza no hegemnico so patrimnios
legados por Silveira. O Itamaraty honra seu legado ao atualiz-lo com a defesa
de uma diplomacia pblica, aberta ao dilogo democrtico, inexistente em
meados dos anos de 1970. Pas atento redistribuio do poder mundial, o
Brasil acerta ao abrir a poltica externa ao debate pblico interno. Que essa
disposio renovadora se torne uma poltica pblica de longo prazo,
acompanhando a busca pelo desenvolvimento e a promoo de uma
multipolaridade cooperativa.
Marcaes da banca:
1 Construo de perodo/Colocao de termos
Avaliao:
Apresentao 7,50
Argumentao 6,25
Anlise 6,25
Gramtica 29,0
Comentrio do candidato:
-
Tive uma marcao gramatical (Construo de perodo/Colocao de termos)
na redao, na linha como o trecho (...) Meados dos anos de 1970. Pas atento
redistribuio do poder (...). No entendi se a marcao correspondia ao trecho da
primeira frase ou ao da segunda e fiz o recurso direcionado a ambos. A banca
considerou a expresso anos de 1970 equivocada e subtraiu um ponto da nota. Em
minha argumentao, que no foi aceita, apresentei trechos de livros da Funag que
utilizavam idntica construo. Sempre escrevi e falei dcada de 1970 (soa-me mais
natural e corrente), mas um cursinho pontificou, em 2012, que eu deveria empregar o
anos de 1970 na prova e fiquei com isso na cabea. Mais recentemente, o
supracitado cursinho tem sugerido o emprego da forma que eu originalmente preferia
e que era a exigida pela banca examinadora. Fica a sugesto para que os candidatos,
em determinadas situaes, sigam sua prpria sensibilidade em vez de frmulas
arbitrrias e oscilantes.
-
49/60
Ao contrrio do que previa Francis Fukuyama, o fim da Guerra Fria no
significou o "fim da histria", mas a emergncia de novas possibilidades. A
significativa complexidade da nova ordem internacional apresenta desafios aos
Estados, mas tambm permite o surgimento de novas oportunidades de
desenvolvimento social, econmico e poltico. Nesse contexto, a poltica
externa ganha relevncia para a consecuo dos objetivos nacionais. As
circunstncias internas e externas indicam que o Brasil tende a apresentar, a
longo prazo, poltica externa crescentemente atuante nas relaes
internacionais.
O significativo desenvolvimento socioeconmico obtido pelo Brasil, nas
ltimas dcadas, credenciam-no a ter participao externa proativa no
contexto internacional. Por meio de polticas macroeconmicas estabilizadoras,
como o Regime de Metas de Inflao, e de programas sociais de transferncia
de renda, como o Bolsa Famlia e o Brasil Sem Misria, o pas conseguiu retirar
milhes de pessoas da linha de pobreza, alcanando os Objetivos do Milnio
com antecedncia. Dessa forma, o Brasil tem servido de exemplo, no mbito
da sociedade internacional, o que amplia a legitimidade de sua poltica externa.
Promover o desenvolvimento interno favorece a posio externa do Brasil,
como pas emergente, permitindo-lhe atuar proativamente, a longo prazo.
Institucionalmente, o Brasil tem buscado preparar-se para assumir
maiores responsabilidades nas relaes internacionais. O Ministrio de
Relaes Exteriores destaca-se, internacionalmente, pelo alto nvel de
profissionalizao e pela capacidade de articular consensos nos fruns
multilaterais. Nos ltimos anos, esse Ministrio tem ampliado o debate nacional
sobre poltica externa, ressaltando sua importncia para a consecuo dos
objetivos nacionais de desenvolvimento. Exemplo disso a recente discusso
sobre a elaborao de uma estratgia nacional de poltica externa, em
colaborao com a sociedade civil. Esse desenvolvimento institucional garante
uma atuao coerente a principista, que reconhece a funo da poltica externa
como instituto de Estado e que contribui para a credibilidade internacional do
pas. Nesse sentido, internamente, o Brasil est preparado para incrementar
sua participao nas relaes internacionais, cumprindo seu "destino de
grandeza", concebido por Azeredo da Silveira.
No mbito externo, a constituio de uma ordem multipolar favorece o
aumento da participao internacional de pases emergentes. O sistema
internacional hodierno mais complexo que a bipolaridade ideolgica que
caracterizou o "curto sculo XX", analisado por Eric Hobsbawm, em A Era dos
-
Extremos. Pases que haviam ficado margem das relaes internacionais
comeam a articular-se, reivindicando uma ordem internacional mais justa e
representativa. A reforma dos rgos de governana financeira internacionais,
promovida pelo grupo de articulao Brasil, Rssia, ndia, China e frica do
Sul, na Cpula do Grupo dos Vinte, em Seul, comprova essa capacidade de
transformao dos emergentes.
A atuao da diplomacia brasileira tem demonstrado a disposio do
pas a incrementar o engajamento externo, em nome do desenvolvimento e da
paz mundiais. O Brasil coopera com diversos pases para a promoo do
desenvolvimento. Com base no princpio de solidariedade, o Estado brasileiro
construiu Unidades de Pronto Atendimento, no Haiti; instituiu o Programa de
Aquisio de Alimentos, na frica; e promove a agricultura moambicana com
o Pr-Savana. Alm disso, assumiu a presidncia da Comisso para a
Construo da Paz, de forma a contribuir para a resoluo pacfica e duradoura
de conflitos. Isso demonstra que o Brasil tem interesse em ampliar sua
participao internacional, assumindo responsabilidades de cooperao.
No tendo ocorrido o "fim da histria", previsto por Francis Fukuyama, a
ordem internacional hodierna apresenta oportunidades inditas de insero
externa a pases em desenvolvimento. O crescimento recente do Brasil permite
que o pas tenha condies de aproveitar a nova conjuntura. Nesse sentido, o
Estado pode ampliar sua atuao externa, a longo prazo, cumprindo o "destino
de grandeza" previsto por Azeredo Silveira. As circunstncias internas
coadunam-se com a conjuntura externa, indicando a possibilidade de a poltica
externa brasileira ter atuao crescente nas relaes internacionais a longo
prazo.
Marcaes da banca:
1 Concordncia nominal e verbal
Avaliao:
Apresentao 7,50
Argumentao 6,25
Anlise 6,25
Gramtica 29,0
-
47,50/60
A definio de uma poltica externa pressupe a avaliao de riscos e de
oportunidades, com consequncias verificveis no longo prazo. Em 1976,
Azeredo da Silveira assinalou, em discurso, o componente estratgico das
escolhas feitas por aqueles responsveis pela elaborao da diplomacia
brasileira. De acordo com o ex-chanceler, o Brasil estava destinado a uma
projeo internacional inexorvel. Esse raciocnio retomado, na
contemporaneidade, pelo Ministro Luiz Alberto Figueiredo, cuja iniciativa de
estabelecer um dilogo permanente sobre poltica externa, o qual congrega
governo e sociedade, busca atender necessidade de elaborar uma estratgia
internacional democrtica, consistente com o propsito de assegurar ao Brasil
maior influncia nas decises com repercusso mundial.
A projeo internacional adquirida pelo Brasil deve-se no apenas aos
atributos inerentes condio de grande nao emergente, mas decorre,
tambm, dos esforos diplomticos empreendidos nas ltimas dcadas. Se,
por um lado, o interesse internacional pelo pas consequncia de aspectos
demogrficos, ambientais, polticos e econmicos; por outro, a tradio
diplomtica dotou o Brasil de uma poltica externa previsvel, a qual lhe
proporciona a condio de parceiro internacional confivel. O Brasil membro
fundador da Organizao das Naes Unidas e defende, de maneira
consistente, a no interveno em assuntos domsticos, a soluo pacfica de
controvrsias, a nfase no multilateralismo e a cooperao para o
desenvolvimento.
Os princpios que regem a poltica externa brasileira permitem ao pas
projetar-se como interlocutor franco e confivel, condio que amplia as
possibilidades atuais e futuras de contribuir para a consolidao da paz e para
a promoo do desenvolvimento. No por outra razo, o Brasil assumiu, h
uma dcada, o comando militar da Misso para Estabilizao do Haiti, iniciativa
cujo xito proporciona ao pas convite para integrar misses congneres
futuras. Nesse sentido, escolhas estratgicas realizadas no passado
acarretaro o surgimento de oportunidades futuras, por meio das quais o Brasil
poder reforar a defesa de diretrizes de sua poltica externa, como a
vinculao entre segurana e desenvolvimento.
A iniciativa de incluso da sociedade no processo de definio das
diretrizes e das metas da poltica externa brasileira ocorre em contexto de
consolidao da democracia. No longo prazo, ao assimilar demandas sociais, a
diplomacia ptria pode, de maneira eficiente, atender aos desgnios de grupos
-
sociais diferentes, com interesse em temas variados, como meio ambiente,
imigrao e poltica comercial. A perspectiva de que os vnculos que se
estabelecem entre o Brasil e outros pases tendem a se intensificar, devido
crescente interdependncia econmica e poltica, refora a premncia da
incluso da sociedade nas decises sobre poltica externa.
A diplomacia brasileira atual defende uma conjuntura internacional
caracterizada pela multipolaridade. Com o propsito de que essa
multipolaridade se converta em multilateralismo, a poltica externa brasileira
pauta-se pela defesa da democratizao de foros internacionais. Essa
estratgia tem sido executada por meio da busca de interesses convergentes
tanto em parceiros tradicionais, como Frana e Alemanha, quanto em pases
emergentes. Nesse sentido, o Brasil espera que, no longo prazo, todos os
pases sejam beneficiados por instituies mais plurais e mais inclusivas, o que
ser possvel, por exemplo, aps a concluso dos projetos de reforma de foros
como o FMI e o Conselho de Segurana da ONU.
A poltica externa brasileira conformada tanto por circunstncias
internas quanto pela conjuntura internacional. Conquanto a diplomacia tenha
aspecto estratgico, que diz respeito a expectativas futuras, as quais podem
no se realizar, a poltica externa brasileira concebida, no presente, em
funo do projeto de democratizao de foros internacionais, da defesa de
princpios tradicionais, como o desenvolvimento, e da incluso da sociedade
civil no processo decisrio. Ao associar-se a pases com expectativas
semelhantes acerca do futuro da ordem mundial, o Brasil amplia as chances de
xito do projeto de reforo do multilateralismo. Alm disso, o dilogo entre
governo e sociedade confere maior legitimidade aos pleitos do pas no mbito
internacional.
Avaliao:
Apresentao 6,25
Argumentao 6,25
Anlise 5,00
Gramtica 30,0
Comentrio do Candidato:
Comentrio da banca: no quesito 2.2, o que se espera do candidato a defesa
de uma opinio original e pessoal.
-
47,50/60
Poltica internacional e poltica interna so aspectos dinmicos das
sociedades. Cabe aos formuladores dessas polticas adequ-las aos desafios
impostos pelas transformaes sociais constantes. No mbito externo, a
poltica internacional contempornea caracteriza-se pela diversificao de
temas e pela ascenso de novos Estados relevantes para o futuro da
governana global. No Brasil, a poltica interna tem passado por significativas
modificaes, desde o fim do regime militar. Em ambiente institucional interno
democrtico e diante da conformao de uma ordem internacional multipolar, a
perspectiva de longo prazo da poltica externa brasileira deve ser ativa e
abrangente, sem deixar de ser representativa dos anseios da sociedade
nacional que a legitima.
O Brasil um Estado que, devido a suas caractersticas geogrficas,
populacionais e econmicas, no pode deixar de assumir postura protagnica
nas negociaes internacionais. Henry Kissinger, em seu livro Diplomacia,
refora esse entendimento ao argumentar que no se poder excluir o Brasil
dos debates acerca do futuro da governana global, uma vez que o pas possui
dimenso continental, contingente populacional dinmico e uma das maiores
economias do mundo. A compreenso de que uma insero internacional ativa
imprescindvel para a identidade internacional do pas precisa pautar as
perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira, especialmente na
atual conjuntura internacional de redistribuio de poder, a qual permite que
Estados emergentes atuem de maneira mais representativa.
Aps o fim da Unio Sovitica, uma ordem multitemtica e multipolar
comeou a ser conformada. Ao lado do tratamento de tradicionais aspectos da
economia e da segurana, novas temticas, como meio ambiente, direitos
humanos, incluso social e governana da rede mundial de computadores,
ganharam espao na agenda internacional. Alm disso, a maneira de lidar com
as novas problemticas deixou de respeitar a lgica hierrquica da
bipolaridade, e propostas apresentadas por pases emergentes passaram a
receber respaldo. Nesse contexto, a insero internacional de longo prazo do
Brasil deve basear-se na ampla atuao em relao s temticas que
passaram a ser discutidas em mbito global, pois isso reforar o protagonismo
do pas na nova ordem internacional.
No mbito interno, o fim do regime militar permitiu a constituio do
debate democrtico e plural na formulao de polticas pblicas, o que as torna
mais representativas e legtimas. Srgio Buarque de Holanda, em Razes do
Brasil, argumentou que a democracia se tornaria legtima, no Brasil, quando
-
fossem criados mecanismos para a incluso de todos os grupos sociais na
classe poltica dominante. Essa a tendncia que se observa atualmente, na
medida em que a populao vota regularmente, o direito de livre manifestao
respeitado e a transparncia na gesto pblica reforada por intermdio de
medidas como a lei de acesso informao e o voto eletrnico.
A perspectiva de longo prazo da poltica externa deve observar essa
tendncia de incluso do indivduo no processo poltico. importante que os
formuladores de poltica externa promovam, recorrentemente, iniciativas como
a do Dilogos sobre Poltica Externa. Por meio de conferncias que reuniram
integrantes do governo e da sociedade civil, buscou-se debater os principais
aspectos da poltica internacional, a fim de auxiliar na conformao de um livro
branco de poltica externa, documento que apresentar ao pblico as diretrizes
da insero internacional do pas. Conformar, junto com a sociedade, os
principais objetivos da poltica externa aumenta sua legitimidade, porquanto
sua formulao tem a participao de diferentes grupos de interesse.
A poltica externa, como poltica pblica, muda de acordo com o contexto
social. No mbito internacional, em razo de suas caractersticas fsicas e
econmicas, o Brasil deve aproveitar o momento de redistribuio do poder e
de surgimento de novas temticas, para estabelecer posicionamento ativo em
vrios temas internacionais. No mbito interno, a consolidao da democracia
demonstra que, para que a poltica externa de longo prazo seja legtima e
eficaz, ela deve ser elaborada com significativa participao da sociedade.
Avaliao:
Apresentao 7,50
Argumentao 5,00
Anlise 5,00
Gramtica 30,0
Comentrio do Candidato:
Recurso - Argumentao do Quesito: 2.1 Solicito, respeitosamente, reavaliao na nota atribuda ao quesito capacidade
de argumentao, em razo dos argumentos expostos a seguir. O candidato, ao longo de todo o texto, buscou sistematizar as informaes e trazer argumentos seguindo
-
padres consagrados em obras de renome no mbito da comunicao escrita, como Comunicao em prosa moderna, de Othon M. Garcia.
O candidato, inicialmente, buscou propor uma introduo que deixa explcita tanto sua ideia-ncleo (apresentada por meio de uma sentena independente, entre
as linhas 7 -10) quanto os planos nos quais ir basear-se ao longo do desenvolvimento do texto (mbito externo [linhas 3 5] e interno [linhas 5 7]).
Nesse sentido, o candidato organizou sua introduo tendo em vista o padro consagrado na mencionada obra de Othon M. Garcia (pgina 378), na qual o autor indica que so essas (ideia ncleo e plano) as partes essenciais de uma boa introduo em um texto dissertativo. Ao longo dos quatro pargrafos seguintes, guisa de melhor sistematizar a argumentao, o candidato faz referncias recorrentes ideia ncleo (linhas 17 21; 29 32; 42 - 43) e aos planos (linhas 13, 26, 32).
Ao longo dos pargrafos de desenvolvimento, o candidato utilizou diferentes estratgias consagradas na obra Comunicao em prosa moderna (pgina 224),
a fim de deixar o texto o mais objetivo e sistematizado possvel. O candidato seguiu a compreenso, consagrada nesse livro, de apresentar um tpico frasal em cada pargrafo destinado a essa parte da dissertao (linhas 11 13; 22 23; 33 35; 42 43 e 49 52). Exemplos disso so os fatos de o candidato ter buscado apresentar um tpico frasal por meio de uma declarao inicial (l. 11 13), dois tpicos frasais histricos (l. 22-23 e 33 35), bem como um tpico frasal diludo (l.42 43 e 49- 52).
Alm da preocupao com a sistematizao e objetividade, o candidato visou a reforar a pertinncia de seus argumentos recorrendo a mtodos de argumentao apresentados na obra de Garcia (pgina 381). Exemplos disso so os recursos ao argumento de autoridade (l. 13 16 e 35 38) e a fatos e exemplos (38 41 e 43 49).
Na concluso, o candidato buscou seguir as instrues de Garcia (pgina 379) de repisar a ideia ncleo, apresentada na introduo da dissertao. De modo a garantir a objetividade e a clareza necessrias ao texto, o candidato props concluso que faz remisso ideia ncleo explicitamente vinculando-a ao plano internacional (l. 54 57) e ao plano interno (l. 57 60), j que so esses os planos apresentados na introduo.
Em virtude da correspondncia entre a proposta da questo formulada pela banca e a argumentao empregada na resposta do candidato argumentao essa pautada nas concepes consagradas da comunicao escrita - requer-se, respeitosamente, a reviso da nota conferida em leitura preliminar.
Referncia: GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna: aprenda a
escrever, aprendendo a pensar. 26 E
Indeferido CONTEDO Quesito 2.1 Recurso indeferido. O tema da redao a discusso das
perspectivas de longo prazo da PEB, a partir do pronunciamento de dois Chanceleres, Azeredo da Silveira e Luiz Alberto Figueiredo. bem possvel que o prprio Othon M. Garcia estranhasse a ausncia de referncia aos autores na redao, e, mais ainda, da citao dos nomes de Henry Kissinger e Srgio Buarque de Holanda, que atestam princpios semelhantes aos que se encontram nos textos sugeridos. Ocorre que, ao longo da redao, a capacidade de argumentao se v de fato comprometida porque o candidato, sem fugir inteiramente ao tema, optou por discutir aspectos da PEB sem demonstrar que a motivao principal deveria ser o comando da questo e os elementos presentes nos textos. Assim, a banca mantm a pontuao atribuda por estar proporcional ao desempenho do candidato.
-
46,75/60
O planejamento da poltica externa brasileira depende de dados
conjunturais endgenos e exgenos, de modo que a perspectiva estratgica do
desenvolvimento esteja sempre presente na insero internacional do pas. O
Brasil representa potncia emergente que defende um multilateralismo de
reciprocidade e busca uma ordem internacional mais justa e equilibrada, em
um contexto de novas dinmicas internas e globais. Por isso, convm analisar
os trs eixos de ao que sustentam as perspectivas da poltica exterior de
longo prazo e o multilateralismo: o econmico, o poltico e o social.
No domnio da economia, o Brasil a sexta maior economia do mundo e
um dos mercados emergentes mais atrativos para o capital globalizado. A
necessidade de continuar a crescer, em meio crise financeira internacional,
apresenta-se como desafio para a poltica econmica nacional e para os rumos
da poltica externa brasileira. O peso do pas na economia mundial o fez
integrar a principal coalizo multilateral de dilogo e de concertao poltica
sobre o sistema financeiro contemporneo, o G-20 financeiro, onde o Brasil
defende a cooperao entre pases em desenvolvimento e desenvolvidos para
que a renda e o emprego sejam estimulados. A diplomacia brasileira age de
modo pragmtico ao usar o multilateralismo financeiro como vetor do
desenvolvimento econmico internacional, visto que o crescimento da
economia nacional depende do incremento das exportaes e do influxo de
capitais.
A poltica interna influencia as diretrizes da poltica exterior. O Brasil
constitui potncia emergente guiada em suas relaes internacionais por
princpios constitucionais que abrangem a defesa da paz e a prevalncias dos
direitos humanos. O pas demonstra, portanto, ter credenciais para ser
liderana emergente no multilateralismo poltico em face da nova distribuio
de poder global, onde predomina a multipolaridade. Nesse contexto, a
diplomacia brasileira almeja unir-se a outros pases emergentes para reformar
as instncias internacionais de deciso, de modo a dot-las de maior
legitimidade e eficcia. O Brasil foi um dos incentivadores para a criao do
Conselho de Direitos Humanos da Organizao das Naes Unidas (ONU) e
sustenta uma reforma no principal rgo multilateral a cuidar da manuteno
da paz e da segurana internacionais, o Conselho de Segurana da ONU.
Dessa forma, a poltica externa ptria recorre ao realismo para defender os
interesses brasileiros, vinculados aos princpios constitucionais.
A grandeza da nao e o papel do Brasil no mundo no se resumem ao
aspecto econmico e poltico. Estes se associam ao plano social nas diretrizes
de longo prazo adotadas pela diplomacia. O pas conseguiu algo indito ao unir
-
as aspiraes democrticas da nao ao combate fome e pobreza.
Polticas econmicas e sociais retiraram milhes de brasileiros da misria, o
que embasa o desenvolvimento social. O Brasil , portanto, exemplo para o
mundo e no pode abster-se de difundir os projetos nacionais de cunho social
para outros pases por meio de aes bilaterais ou multilaterais de cooperao.
A cooperao para o desenvolvimento mostra a vontade brasileira de constituir
a igualdade de oportunidades nas relaes internacionais.
O desenvolvimento o maior objetivo da poltica externa brasileira, seja
de longo prazo, seja de curto prazo. Os domnios da economia, da poltica e do
social servem como base para que aes especficas alcancem os interesses
nacionais, os quais esto em consonncia com um multilateralismo mais justo,
em contexto de configurao de uma nova multipolaridade. O Brasil coopera,
consequentemente, para que a coeso de ideias multilaterais seja elemento
estratgico de planejamento da poltica externa. Dessa forma, o Estado
brasileiro conseguir consolidar-se como potncia emergente e contribuir para
que a multipolaridade sistmica seja oportunidade para a igualdade entre todos
os pases. Para tanto, a poltica externa une as circunstncias internas e os
cenrios internacionais para estimular o desenvolvimento nacional e o
progresso da sociedade internacional.
Marcaes da banca:
1 Emprego de conectores
Emprego de conectores
Avaliao:
Apresentao 6,25
Argumentao 6,25
Anlise 6,25
Gramtica 28,0
-
46,75/60
A elaborao de perspectivas de longo prazo para a poltica externa
brasileira exige que se considerem circunstncias internas e internacionais, as
quais definem valores e limites para a atuao do pas. O Brasil no possui
recursos militares que lhe permitam exercer influncia determinante na
conformao do sistema internacional. O pas busca garantir seus interesses
por meio de iniciativas que lhe assegurem posio internacional adequada.
Interessa-lhe a manuteno de estabilidade na ordem mundial, com predomnio
de esforos cooperativos. Esse cenrio propicia condies favorveis ao
desenvolvimento socioeconmico.
A poltica externa brasileira apresenta aspectos de continuidade e de
mudana. As mudanas percebidas nessa poltica so tributrias de
transformaes das circunstncias internas do pas e de novas formas de
distribuio de poder no cenrio internacional. Novas perspectivas no
significam, nesse caso, rupturas; antes, referem-se a maior nfase em
determinados temas da agenda internacional ou a esforos renovados em certo
sentido. Os traos de continuidade so caractersticos do discurso diplomtico
brasileiro. Quase cinquenta anos separam, no tempo, discurso proferido pelo
Ministro de Estado Antonio Francisco Azeredo da Silveira de outro discurso,
proferido pelo Ministro de Estado Luiz Alberto Figueiredo Machado. Ambos
apontam a importncia de pensamento estratgico que permita ao Brasil
aproveitar suas potencialidades, para inserir-se de forma mais favorvel no
sistema internacional.
As circunstncias internas, ora vigentes, no Brasil, possibilitam ao pas
buscar uma nova insero. Nos ltimos trinta anos, promoveu-se a
redemocratizao e alcanou-se a estabilidade macroeconmica. A
Constituio Federal, promulgada em 1988, assegura a transparncia das
eleies e o respeito s garantias individuais. Iniciativas de combate pobreza
implicaram ascenso social de milhes de brasileiros. Esse conjunto de
novas condies e de novas caractersticas influenciou a formulao da poltica
externa. Hoje, o Brasil apresenta-se como pas emergente, democrtico e
promotor da cooperao em prol do desenvolvimento socioeconmico. Essa
condio permite que o pas reivindique uma ordem internacional justa,
democrtica e inclusiva.
O cenrio internacional contemporneo pode oferecer oportunidades
valiosas para o atendimento das reivindicaes brasileiras. O fim da Guerra
Fria ensejou surgimento de cenrio internacional multipolar, no qual no h
centros hegemnicos absolutos. Por um lado, o novo contexto pode resultar em
recrudescimento de rivalidades; por outro lado, pode significar melhores
-
chances para os ensaios de cooperao internacional e para solues
pacficas de conflitos armados. Ao Brasil, interessa atuar em prol do segundo
cenrio. Um contexto de estabilidade sistmica, reforado pela cooperao e
pela solidariedade, propicia espao para a ascenso dos emergentes e
fomenta a reforma democrtica de foros decisrios internacionais.
As perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira devem
buscar o atendimento dos interesses nacionais. O desenvolvimento
socioeconmico e a reforma das instncias decisrias internacionais figuram
como objetivos bsicos da poltica externa ptria. Esses interesses tm guiado
a ao internacional do Brasil nos ltimos cinquenta anos. O Brasil no possui
excedentes de poder militar, os quais poderiam permitir ao pas exerccio de
influncia significativa nos foros decisrios que articulam as relaes
internacionais. As iniciativas de poltica externa consideram essa limitao e
tm buscado promover a formao de um novo cenrio internacional, no qual o
poder militar no seja preponderante de forma absoluta.
O sistema internacional contemporneo oferece desafios e
oportunidades para o Brasil. As perspectivas de longo prazo da poltica externa
brasileira devem promover avaliao crtica dos novos cenrios, de forma a
assegurar a consecuo dos objetivos nacionais. Mudanas no contexto
interno do pas, nos ltimos trinta anos, possibilitam uma ao internacional
proativa e legtima, a qual busca assegurar formao de contexto sistmico
favorvel cooperao e ao desenvolvimento. possvel que o mundo adote
essa perspectiva, uma vez que o fim da Guerra Fria ampliou as margens de
manobra necessrias para o exerccio da cooperao; preciso evitar, no
obstante, surgimento de rivalidades que restringiriam essas margens de
manobra e que seriam prejudiciais a pases, como o Brasil. No longo prazo, o
Brasil seria beneficiado por um sistema internacional democrtico e
cooperativo.
Marcaes da banca:
1 Pontuao
2 Pontuao
Avaliao:
Apresentao 6,25
Argumentao 6,25
Anlise 6,25
Gramtica 28,0
Comentrio do candidato:
-
Nessa prova, fui penalizado por dois erros de gramtica: ausncia de vrgula
antes da orao subordinada adverbial final no trecho que permita ao Brasil aproveitar
suas potencialidades, para inserir-se de forma mais favorvel no sistema internacional
e presena de vrgula desnecessria no trecho que seriam prejudiciais a pases,
como o Brasil. Dois casos de falta de ateno, sendo que, no segundo, a vrgula era
sobra de um perodo que cortei seria pases que, como o Brasil, no detm
excedentes de poder militar.
Fica a dica: cuidado com as vrgulas e com as sobras de trechos cortados, na
redao final.
-
42,50/60
A poltica externa est efetivamente relacionada com a conjuntura
nacional e internacional. Diversas mudanas, como a emergncia de pases
em desenvolvimento, com crescimento econmico superior ao de naes ricas,
e a difuso de protestos populares em vrios Estados, tm ocorrido nas ltimas
dcadas. Essas alteraes influem na formulao das estratgias diplomticas.
O contexto interno , tambm, base para a ao internacional. No caso do
Brasil, seu papel ao lado dos grandes emergentes, as mudanas
socioeconmicas e a tradio histrica e principiolgica so fatores que
norteiam as diretrizes externas. Considerando-se que o desenvolvimento um
dos maiores objetivos brasileiros, por meio da articulao desse conceito com
o contexto nacional e o internacional que devem ser analisadas as perspectivas
da poltica exterior.
A adequao ao cenrio interno es