calango lumbrera final

254
O GUIA DO CALANGO LUMBRERA As melhores e piores respostas do CACD 2014 Material de Estudo para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata

Upload: angela-beck

Post on 28-Sep-2015

170 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Manual dos Candidatos à Carreira Diplomática CACD

TRANSCRIPT

  • O GUIA

    DO CALANGO LUMBRERA

    As melhores e piores respostas do CACD 2014

    Material de Estudo para o Concurso de Admisso Carreira de Diplomata

  • NDICE

    APRESENTAO................................................................................4

    ESTATSTICAS....................................................................................6

    PORTUGUS

    Redao..............................................................................................8

    Exerccio 1.........................................................................................52

    Exerccio 2.........................................................................................71

    HISTRIA DO BRASIL

    Questo 1..........................................................................................91

    Questo 2..........................................................................................103

    Questo 3..........................................................................................114

    Questo 4..........................................................................................121

    INGLS

    Translation part A...............................................................................129

    Translation part B...............................................................................133

    Composition........................................................................................137

    Summary.............................................................................................143

    GEOGRAFIA E POLTICA INTERNACIONAL

    Questo 1..........................................................................................150

    Questo 2..........................................................................................163

    Questo 3..........................................................................................171

    Questo 4..........................................................................................183

  • DIREITO

    Questo 1..........................................................................................191

    Questo 2..........................................................................................199

    Questo 3..........................................................................................207

    Questo 4..........................................................................................213

    ECONOMIA

    Questo 1.........................................................................................220

    Questo 2.........................................................................................229

    Questo 3.........................................................................................239

    Questo 4.........................................................................................247

  • APRESENTAO

    Em 2013, a turma de aprovados no Concurso de Admisso Carreira

    Diplomtica (CACD) teve uma grande ideia: lanar uma coletnea de suas

    melhores e piores respostas no certame. Sem conflitar com o guia de estudos

    oficial, publicado pelo Instituto Rio Branco em parceria com o Centro de

    Seleo e de Promoo de Eventos (CESPE), O guia do filhote de gnu foi

    indispensvel preparao de milhares de candidatos, includos os dezoito

    que conseguiram aprovao em 2014. O PDF de 218 pginas j nasceu

    clssico, e as expectativas de que os aprovados deste ano fizessem algo

    parecido eram mais do que naturais. com satisfao, portanto, que

    apresentamos O guia do calango lumbrera As melhores e piores

    respostas do CACD 2014.

    O Chanceler Azeredo da Silveira (1917-1990), lembrado na prova de

    portugus deste ano, afirmou que a melhor tradio do Itamaraty era saber

    renovar-se. Nesse sentido, mantivemos princpios do Gnu, mas tambm

    propusemos duas novidades.

    A ideia de publicar as trs melhores respostas da terceira fase e a pior

    delas foi preservada. No caso dos empates das respostas mais bem avaliadas,

    que foram muitos neste ano, usamos como critrio a tentativa de representar

    cada candidato com algo como trs ou quatro questes, de modo que todos os

    estilos estivessem contemplados no guia. Como inovao, figura a transcrio

    dos espelhos de prova dos dezoito aprovados, sem identificao, bem como

    informaes sobre recursos contra penalizaes gramaticais e respostas da

    banca. Ademais, foi feito um apanhado estatstico referente ao perfil dos

    aprovados: anos de estudo para aprovao, idade mdia, curso de formao,

    entre outros dados quantitativamente aferidos em entrevista com todos os

    aprovados no concurso do CACD 2014.

    Devemos dizer algumas palavras sobre o nome desta coletnea.

    Uma pgina de Facebook sugeriu que os aprovados do CACD 2014,

    que integram a menor turma do Instituto Rio Branco desde 1989, seriam os

    Dezoito do Forte. Apreciamos a criativa associao com a revolta tenentista de

    1922 e propomos um ttulo que dialoga com o achado de maneira bem-

    humorada e que foi muito bem representado no desenho de Solange Ribeiro,

    artista brasileira a quem agradecemos pela imagem de capa do guia.

    Segundo o Dicionrio Houaiss, calango design. comum a diversos

    lagartos de pequeno porte, esp. da fam. dos teideos. No se trata, pois, de

    uma espcie, mas de um conjunto de espcies. H, nessa escolha, uma

    tentativa de dizer algo sobre a nossa diversidade: os do Forte somos sete

    mulheres e onze homens de quatro regies brasileiras, formados em

  • graduaes como fsica, odontologia e publicidade, alm das clssicas

    relaes internacionais e direito. As singularidades das nossas respostas

    refletem nossas diferentes trajetrias e vises de mundo.

    Diminuto, no raro confundido com a paisagem, o calango tambm

    tido como um bicho insignificante e at mesmo desprezvel, o que ajuda a

    afastar qualquer tentao de autoelogio.

    Lumbrera, por seu turno, foi uma palavra mencionada no exame de

    espanhol e desconhecida pela maioria de ns. De acordo com o dicionrio da

    Real Academia Espaola, trata-se de persona que brilla por su inteligencia y

    conocimientos excepcionales. Lumbrera no foi aqui empregado para ressaltar

    uma suposta genialidade, mas para lembrar o vocbulo estrangeiro obscuro.

    Buscamos, de alguma maneira, evocar a mxima socrtica de que s sabemos

    que nada sabemos.

    Entre a insignificncia do calango e o jogo de claro e escuro do

    lumbrera, desejamos ressaltar que o Concurso de Admisso Carreira

    Diplomtica, ainda que bastante difcil, humanamente possvel. Que nossas

    respostas que impressionaram a banca e aquelas que no a comoveram

    sirvam de inspirao para os nossos futuros colegas. Turma de 2014

  • ESTATSTICAS

    O intuito dessas estatsticas fornecer maiores dados quantitativos

    acerca dos aprovados no Concurso de Admisso Carreira Diplomtica de

    2014. Com eles, desejamos quebrar ou ajudar a minimizar alguns mitos e

    questionamentos, como: (i) impossvel ser aprovado em sua primeira

    tentativa na terceira fase; (ii) impossvel/muito difcil ser aprovado se estiver

    trabalhando; (iii) apenas formados em Relaes Internacionais so aprovados;

    (iv) sou muito novo/velho para ser aprovado; (v) ser que algum dia

    conseguirei passar no TPS?; (vi) a aprovao no CACD um processo de

    longo prazo? De quanto tempo?

    Obviamente, algumas dessas questes no podem ser resolvidas por

    meros dados quantitativos, mas a inteno deles mostrar que existem

    diversos caminhos que podem ser percorridos, a fim de se alcanar a

    aprovao em um dos concursos mais difceis do Brasil.

    A Turma do Instituto Rio Branco 2014-2015 composta por 19 pessoas.

    Dessas, 18 foram aprovadas no Concurso 2014.

    Dos 18 aprovados no ltimo concurso, aproximadamente 40% (7 em

    termos absolutos) so mulheres, compondo uma das turmas com o maior

    percentual feminino da histria do Instituto.

    A mdia de idade dos aprovados de 28 anos. O mais jovem tinha 23

    anos no momento de sua aprovao. O mais velho, 33 anos.

    Em termos de formao universitria dos aprovados no ltimo concurso, tem-

    se:

    7 formados em Relaes Internacionais

    5 formados em Direito

    1 formado em Economia

    1 formado em Filosofia

    1 formado em Fsica

    1 formado em Odontologia

    1 formado em Letras e Propaganda

    1 formado em Histria

    Dos 18 aprovados, um foi beneficirio do Programa de Ao Afirmativa

    do Instituto Rio Branco.

  • Quando verificada a quantidade de reprovaes na primeira fase (TPS),

    a mdia foi de 1,3 vezes. A maior quantidade de reprovao por um mesmo

    indivduo na primeira fase foi 4 vezes. A menor foi 0 vezes. Dos 18 aprovados,

    apenas 2 nunca foram reprovados na primeira fase. 11 pessoas foram

    reprovadas uma vez. 4 pessoas foram reprovadas duas vezes.

    Na estatstica referente terceira fase, a mdia de tentativas foi de 1,8

    vezes. Aproximadamente 40% (7 pessoas) passaram de primeira na terceira

    fase. A mesma porcentagem (aproximadamente 40%) foi aprovada na

    segunda tentativa. Pouco menos de 17% (3 pessoas) passaram na terceira

    tentativa. Uma pessoa passou na quarta tentativa.

    A mdia de anos de estudo dos aprovados foi de 3 anos. O que passou

    mais rpido estudou um ano. O que mais demorou a passar estudou 5 anos.

    Quando verificada a porcentagem de aprovados que estudaram e

    trabalharam concomitantemente, obteve-se que 33% (6 pessoas) realizaram as

    duas atividades durante todo/maior parte do perodo em que se dedicaram ao

    Concurso de Admisso Carreira Diplomtica. O tempo mdio de aprovao

    apenas desse grupo de indivduos foi de aproximadamente 4 anos, um pouco

    superior mdia geral acima mencionada.

  • PORTUGUS

    *As marcaes dos erros microestruturais foram destacadas em vermelho

    REDAO

    Texto I

    Planejar uma poltica externa exige alm do conhecimento da conjuntura

    interna do pas o estudo do quadro internacional dentro do qual essa poltica dever

    operar. necessrio, portanto, antes de mais nada, tentar prever a evoluo provvel

    da conjuntura mundial nos prximos anos, como pano de fundo para as opes

    possveis da diplomacia brasileira. Um exerccio desse gnero comporta elementos

    impressionsticos inevitveis, pois no possvel antecipar tendncias futuras com a

    mesma preciso com que podemos descrever acontecimentos atuais. O mximo que

    podemos fazer para limitar o alcance do componente puramente especulativo

    formular hipteses alternativas e, em seguida, verificar a maior ou menor

    plausibilidade de cada uma delas.

    Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Poltica externa brasileira: seus

    parmetros internacionais. 16/1/1974. Arquivo do CPDOC, FGV.

    Texto II

    O Brasil, em razo de fatores objetivos, tem um destino de grandeza, ainda

    relativa em nossos dias, ao qual no ter como se furtar, e isso lhe impe a obrigao

    de encarar o seu papel no mundo em termos prospectivos fundamentalmente

    ambiciosos. Digo ambio no sentido de vastido de interesses e escopo de atuao,

    e no no desejo de hegemonia ou de preponderncia.

    Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Discurso proferido em 9/11/1976, apud

    Matias Spektor (Org.). Azeredo da Silveira: um depoimento. Rio de Janeiro: Editora

    FGV, 2010.

    Texto III

    O mundo tem passado por transformaes significativas, e o lugar do Brasil no

    mundo mudou. Essas transformaes incidem sobre a prpria distribuio do poder

    mundial. Desenham-se os contornos de uma configurao multipolar da geopoltica e

    da geoeconomia mundial. A desconcentrao do poder econmico e poltico no

    espao internacional vem conferindo mais voz e peso aos pases emergentes. () A

    confluncia dessas grandes transformaes no Brasil e no mundo tem efeitos

    significativos sobre a formulao e a execuo da poltica externa brasileira. Tenho

    enfatizado que a poltica externa parte integral do projeto nacional de

  • desenvolvimento do Brasil econmico, poltico, social, cultural. Nesse papel de

    instrumento do desenvolvimento, uma poltica externa sem perspectiva estratgica de

    longo prazo torna-se reativa, sem direo.

    Luiz Alberto Figueiredo Machado. Discurso proferido na abertura dos Dilogos

    sobre Poltica Externa, em 26/2/2014 (com adaptaes).

    A partir da leitura dos fragmentos de texto acima, discuta e opine a

    respeito das perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira, tendo em

    vista as circunstncias internas e os cenrios internacionais a ela relacionados.

    Extenso do texto: 600 a 650 palavras

    [valor: 60 pontos]

  • 53,25/60

    O Pragmatismo Responsvel, conduzido por Azeredo da Silveira, e a

    poltica externa contempornea apresentam aspectos de continuidade e de

    ruptura. Tanto a estratgia desenvolvida na dcada de 1970 quanto aquela

    elaborada por Luiz Alberto Figueiredo enfatizam o desenvolvimento e a

    mitigao das assimetrias globais como objetivos de longo prazo da diplomacia

    brasileira. Cabe ressaltar, entretanto, que no somente o contexto internacional

    , significativamente1, diferente nos dois perodos, mas tambm os meios de

    ao externa do Brasil foram transformados. O processo de redemocratizao

    e a maior projeo do pas no mundo ampliaram os temas da agenda

    diplomtica nacional e viabilizaram o aumento do interesse da sociedade pela

    poltica externa do pas, o que influenciar, positivamente, o processo de

    insero do Brasil no contexto global.

    Segundo Gelson Fonseca, uma das diferenas fundamentais entre a

    poltica externa do perodo posterior redemocratizao e aquela desenvolvida

    durante o regime de exceo a nfase no multilateralismo como meio de

    ao. Segundo o autor, a busca de autonomia decisria, na dcada de 1970,

    dava-se pelo afastamento brasileiro dos foros internacionais, em estratgia que

    denominou autonomia pela distncia. Atualmente, o mbito multilateral meio

    prioritrio da ao externa do pas, o que caracteriza o novo paradigma da

    poltica externa nacional, chamado autonomia pela participao. Os foros

    multilaterais tornaram-se, portanto, centrais na estratgia de insero de longo

    prazo do pas, o que pode ser evidenciado pelo ativo engajamento brasileiro na

    reforma da Organizao das Naes Unidas (ONU) e pela criao de

    organizaes internacionais regionais, de que exemplo a Comunidade dos

    Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

    Luiz Alberto Figueiredo afirmou, recentemente, que o dilogo

    diplomtico , tambm, um dilogo com a sociedade. Essa percepo

    demonstra o interesse de que a autonomia pela participao no seja obtida

    somente com a insero do pas no mbito multilateral, mas tambm pelo ativo

    engajamento da sociedade civil na formulao da poltica externa. A

    elaborao do Livro branco da poltica externa, no qual sero apresentadas as

    diretrizes de longo prazo da estratgia internacional do Brasil, bem como a

    realizao dos Dilogos sobre Poltica Externa, 2 evidncia da importncia

    atribuda pela diplomacia participao popular. Esse processo garante

    legitimidade tendncia de continuidade da projeo internacional do Brasil e

    aos pleitos histricos de democratizao dos foros multilaterais, o que dota de

    contedo a emergncia poltico-econmica nacional.

  • A Rio+20 e a Conferncia das Naes Unidas para o meio ambiente e o

    Desenvolvimento (CNUMAD) so simblicas do momento de transio das

    estratgias desenvolvidas pelos regimes militares para as elaboradas pela

    diplomacia democrtica. Essas conferncias no se destacam apenas pela

    grande participao de Chefes de Estado e pela contribuio popular, mas

    tambm porque consolidaram o meio ambiente como tema prioritrio da

    agenda internacional. Os direitos humanos, o desenvolvimento social e o meio

    ambiente no so mais considerados secundrios, o que relativiza a ideia de

    que a diplomacia trata apenas de temas distantes da populao. H, portanto,

    uma tendncia de aproximao das polticas pblicas desenvolvidas

    internamente e aquelas elaboradas no mbito internacional, o que transforma

    as polticas externas contemporneas e do futuro em importantes meios de

    desenvolvimento econmico e social.

    As reivindicaes histricas do Estado brasileiro pela diminuio das

    assimetrias globais e pelo desenvolvimento de um multilateralismo de

    reciprocidade foram complementadas, recentemente, pela maior participao

    da sociedade civil no processo de elaborao da poltica externa. Esse maior

    engajamento fortalece os pleitos tradicionais do Brasil, como a reduo da

    pobreza e a reforma das organizaes internacionais com sistema de

    representao inadequado ao sculo XXI, e garante legitimidade ascenso

    do pas no mbito externo. Esses processos so desenvolvimentos

    contemporneos, mas que3 devero influenciar a diplomacia brasileira no futuro

    de forma intensa. O destino de grandeza do Brasil, mencionado por Azeredo

    da Silveira, ser atingido no pelo alijamento da populao, mas pela sua

    intensa contribuio.

    Marcaes da banca:

    1 Pontuao

    2 Concordncia Verbal

    3 Construo de perodo/Colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 8,75

    Argumentao 10,0

    Anlise 7,50

    Gramtica 27,0

  • 52,75/60

    O mundo hodierno experimenta transformaes significativas. Em nvel

    sistmico, verifica-se a ascenso da China ao grupo das grandes potncias e a

    recuperao da Rssia, em termos polticos e militares. Esses dois dados,

    tomados em conjunto, tero consequncias ainda imprevisveis para a ordem

    mundial futura. Adicionalmente, os efeitos da crise financeira de 2008 tm

    demonstrado que os Estados Unidos e a Europa devero ter sua hegemonia

    econmica e financeira, nos prximos anos, mais relativizada. Considerando as

    condicionantes externas e as circunstncias internas do Brasil, pode-se afirmar

    que os formuladores de poltica interna e externa devem ser capazes de

    antecipar algumas tendncias, de modo a manter a continuidade do projeto de

    desenvolvimento nacional.

    O Brasil um pas de renda mdia, onde h uma quantidade de jovens

    proporcionalmente maior do que a de crianas e de idosos. Estima-se que essa

    caracterstica da pirmide etria brasileira dure, aproximadamente, mais duas

    dcadas. Nesse sentido, para que o Brasil possa elevar a renda mdia da

    populao, necessrio que se invista na qualificao da mo de obra,

    sobretudo, nas reas do setor produtivo que requerem forte base em fsica, em

    qumica e em matemtica. Atualmente, verifica-se uma carncia da ordem de

    cem mil professores nessas reas. Consequentemente, essa uma limitao

    interna com a qual o Brasil ter de lidar nos prximos anos.

    A estrutura produtiva atual est organizada em cadeias globais de valor.

    Uma das maneiras de integrar-se, beneficamente, a essas cadeias por

    intermdio da intensificao da agenda de cooperao internacional na rea

    cientfica e tecnolgica. Nesse contexto, uma hiptese plausvel a de que

    pases emergentes devero aumentar, significativamente, sua parte na

    produo cientfica de alto nvel. Projeta-se, por exemplo, que a China ir, em

    breve, ultrapassar os Estados Unidos na produo de artigos cientficos.

    Consequentemente, para alm das parcerias tradicionais, seria vantajoso para

    o Brasil intensificar o envio de estudantes no mbito do programa Cincias sem

    Fronteiras para os pases do BRICS, bem como desenvolver polticas de

    atrao de pesquisadores para o Brasil, de modo a elevar a projeo

    internacional do Brasil nessa rea.

    A estrutura do balano de pagamentos do Brasil tpica de pases em

    desenvolvimento, o que significa que o Brasil deficitrio em transaes

    correntes e necessita de supervits na conta capital e financeira. Em

    decorrncia dessas circunstncias, o Brasil necessita criar poupana interna,

    para conseguir viabilizar os investimentos necessrios para o desenvolvimento

    nacional. Ser necessria, a longo prazo, uma complexa reestruturao dos

  • processos produtivos, para modificar o perfil deficitrio das transaes

    correntes; alm disso, ser imprescindvel aumentar o nvel de investimentos

    internos, o que implicar mudanas internas, a fim de aumentar o nvel de

    poupana domstica.

    No mbito externo, deve-se reconhecer que, no futuro, ser mais difcil

    conseguir inserir-se em terceiros mercados, considerando a competitividade

    que caracteriza o comrcio internacional. O Brasil dever aproveitar, ao

    mximo, o perfil universalista de sua poltica externa, a fim de viabilizar a

    abertura de mercados para produtos brasileiros, preferencialmente, de maior

    valor agregado. Nesse sentido, o Brasil deve priorizar a insero em mercados

    consumidores emergentes, como o caso do continente africano, cuja classe

    mdia se estima ser de, aproximadamente, 300 milhes de pessoa e que

    tender a aumentar nos prximos anos.

    Em sntese, conquanto haja incertezas inerentes ordem internacional

    hodierna, verifica-se uma tendncia de fortalecimento dos dois principais

    pases do bloco euroasitico, bem como de crescimento econmico do

    continente africano. O principal desafio para os formuladores de polticas

    pblicas brasileiros o de criar condies para transformar o pas em uma

    sociedade do conhecimento, baseada na produo de itens de alto contedo

    tecnolgico. Para a consecuo desses objetivos, as estratgias que se

    propem so a intensificao da cooperao cientfica no mbito dos BRICS,

    alm da busca de novos mercados para os produtos manufaturados brasileiros.

    Marcaes da banca:

    1 Construo de perodo/Colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 8,25

    Argumentao 7,50

    Anlise 7,50

    Gramtica 29,0

  • Comentrio do candidato:

    Recurso (argumentao do candidato):

    O Candidato solicita a reviso do que foi considerado erro de construo de

    perodo/colocao de termos. O trecho "[...] forte base em fsica, em qumica e em

    matemtica", vale-se do paralelismo sinttico, por meio da repetio da preposio

    "em", conforme prescrito no livro "Comunicao em Prosa Moderna", de Othon M.

    Garcia, pginas 52 e 53.

    Resposta da banca: recurso indeferido:

    A argumentao apresentada no sustenta o recurso. Registra-se erro

    referente repetio da preposio "em" no trecho: "... forte base em fsica, em

    qumica e em matemtica", visto que, nesse caso, a conciso deve prevalecer ao

    paralelismo, j que no se justificam palavras repetidas sem qualquer efeito enftico,

    sem que sejam necessrias para evitar interpretao equvoca e cujo sentido seja

    logicamente deduzvel. Tambm no h, no trecho, estrutura de longa extenso que

    exija retomada da preposio, portanto, a sua repetio concorre para a prolixidade do

    texto. No item 1.4.5 Coordenao, correlao e paralelismo, da obra citada no texto de

    recurso, Garcia afirma: "...Entretanto, o paralelismo no constitui uma norma rgida,

    nem sempre , pode ou deve ser levado risca, pois a ndole e as tradies da lngua

    impem ou justificam outros padres".

  • 52,25/60

    A importncia de uma viso de longo prazo no planejamento da poltica

    externa, bem como a conscincia do potencial de atuao global do Brasil

    estavam presentes nos discursos do chanceler Azeredo da Silveira na dcada

    de 1970 e, quatro dcadas depois, so reafirmadas pelo chanceler Figueiredo

    Machado. O exerccio da diplomacia pressupe uma leitura atenta das

    tendncias internas e internacionais para que se formule uma insero

    proativa, e no simplesmente reativa, na ordem mundial. Nesse sentido, os

    desafios que se colocam poltica externa contempornea referem-se, no

    plano interno, s demandas populares por aprofundamento da democracia e,

    no plano externo, aos avanos em direo a uma multipolaridade econmica e

    tambm poltica. Recentes iniciativas do Itamaraty tm demonstrado esforo

    constante em se adaptar a essas transformaes e dotar a poltica externa

    brasileira de perspectivas estratgicas fiis s ambies do pas.

    No que tange s circunstncias internas, importante reconhecer que os

    anseios da populao brasileira por maior participao poltica, manifestados

    em junho de 2013, no se esgotam a questes puramente nacionais. O

    interesse por assuntos internacionais tem-se elevado na medida em que o

    Brasil se consolida como ator de peso nas relaes internacionais e que a

    globalizao permite uma conexo direta com o que acontece no exterior. Em

    ateno a essa tendncia, o Ministrio das Relaes Exteriores antecipou-se

    no reconhecimento da importncia de ouvir a populao na formulao da

    poltica externa. de se notar a velocidade com que tem atualizado seus

    mtodos de trabalho para fomentar esse dilogo. Trs novos canais de

    comunicao j foram abertos, como a promoo de conferncias com

    participao da populao civil, o uso de redes sociais para recolher sugestes

    e crticas e o contato direto da Presidenta da Repblica com o setor

    empresarial. Esse aggiornamento indica que, no longo prazo, as perspectivas

    so de uma poltica externa cada vez mais legtima, forte e, sobretudo, criativa.

    Em relao ao cenrio internacional, a previso de que a ordem mundial

    se configure de maneira multipolar tem orientado novas iniciativas tanto no

    mbito poltico quanto econmico. Consciente da desconcentrao do poder

    poltico no espao internacional, o Brasil tem-se esforado em articular seus

    parceiros para promover uma democratizao dos foros internacionais, como a

    Organizao das Naes Unidas e o Fundo Monetrio Internacional, que d

    maior voz aos pases em desenvolvimento. A perspectiva de que, no futuro

    prximo, o Brasil ocupe um assento permanente no Conselho de Segurana

    parece adequada para um pas com tradio de soluo pacfica de

    controvrsias e de articulao de consensos. A desconcentrao do poder

    econmico na ordem mundial tambm oferece ao Brasil a oportunidade de se

  • projetar na arena internacional com maior influncia para defender seus pleitos.

    A eleio, em 2013, do Embaixador Roberto Azevdo para o cargo de diretor-

    geral da Organizao Mundial do Comrcio demonstrou que o Brasil

    valorizado por seu protagonismo na defesa do sistema multilateral de

    negociaes comerciais. A perspectiva de longo prazo , tambm nesse caso,

    animadora, pois no apenas o Brasil, como os demais membros daquela

    organizao se beneficiaro da concluso exitosa da Rodada de Doha.

    Pelas razes acima discutidas, tudo indica que a poltica externa

    brasileira caminha em consonncia com as projees que no apenas os

    diplomatas, como, agora tambm, a sociedade civil faz para os cenrios interno

    e global. Mesmo se essas projees no se provarem acertadas, h4

    flexibilidade suficiente entre os formuladores brasileiros para corrigir, de

    maneira pragmtica, os rumos. Conforme ressalta o chanceler Figueiredo

    Machado no discurso de abertura dos Dilogos sobre Poltica Externa, a

    poltica externa brasileira parte integral do projeto de desenvolvimento

    nacional. Nessa condio, continuar respondendo, de forma fidedigna, aos

    anseios da populao se mantiver a preocupao com estratgias de longo

    prazo.

    Marcaes da banca:

    1 Regncia Verbal

    Construo de perodo/colocao de termos

    Construo de perodo/colocao de termos

    4 Construo de perodo/colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 10,0

    Argumentao 8,75

    Anlise 7,50

    Gramtica 26,0

  • 51,50/60

    Desde o incio do sculo XX, a poltica externa tornou-se importante

    mecanismo para o projeto de desenvolvimento nacional. Durante a Segunda

    Guerra Mundial, por exemplo, a ao diplomtica proativa garantiu os recursos

    necessrios ao incio do processo de industrializao brasileira, a qual foi

    essencial para a sustentabilidade do crescimento econmico nacional e para o

    ascendente nvel de desenvolvimento social do pas. Desse modo, verifica-se

    que a anlise estratgica do governo brasileiro, ao evitar um posicionamento

    reativo permitiu que a diplomacia ptria maximizasse os ganhos do pas,

    apesar das limitaes oriundas do contexto domstico e das circunstncias

    internacionais. A fim de lograr xito na implementao de uma poltica externa

    proativa que represente o interesse nacional, a diplomacia brasileira deve

    definir estratgias de longo prazo que levem, em considerao, as

    circunstncias domsticas e internacionais.

    A poltica externa brasileira influenciada, profundamente, por

    modificaes na conjuntura interna, visto que elas alteram as prioridades e os

    objetivos de longo prazo do pas. O fim da ditadura militar favoreceu o

    fortalecimento da sociedade civil, o que originou a necessidade de melhorar o

    dilogo entre a sociedade brasileira e os formuladores de poltica externa, a fim

    de que a diplomacia no s contribusse para a consolidao democrtica, mas

    tambm representasse, internacionalmente, os pleitos desse povo que se

    libertara do autoritarismo. Reforada pelo fim da Guerra Fria, a traduo

    diplomtica desse processo consiste na nfase ao multilateralismo e

    democratizao dos foros decisrios internacionais como objetivos centrais da

    poltica externa brasileira, a fim de que o fortalecimento da ordem multilateral

    permita uma maior representatividade dos interesses dos pases em

    desenvolvimento na agenda internacional.

    A conjuntura internacional impe limites ao diplomtica brasileira, na

    medida em que apresenta um processo decisrio bastante concentrado. Desse

    modo, a agenda internacional definida com base nos interesses de um grupo

    restrito de pases, do qual o Brasil est excludo. Essa perspectiva tem sido

    alterada, em razo do acelerado crescimento econmico dos pases

    emergentes, cuja importncia ascendente foi verificada durante a crise

    financeira de 2008, quando o apoio deles foi fundamental para amenizar os

    efeitos danosos da instabilidade financeira. A verificao da maior

    interdependncia entre os pases tem estimulado a aceitao de que

    democratizar os mecanismos de governana global favoreceria a estabilidade

    mundial, alm de ampliar a representatividade do processo decisrio

    internacional. Desse modo, a estratgia diplomtica brasileira mostra-se em

    sintonia com as tendncias mundiais.

  • No Brasil, a recente ascenso poltica de governos progressistas

    fortaleceu a nfase dada pela diplomacia ptria temtica do desenvolvimento

    econmico e social. Desse modo, o desenvolvimento integral dos povos torna-

    se objetivo primordial da poltica externa brasileira. O contexto internacional de

    crescente instabilidade, sobretudo em regies mais pobres, corrobora a

    interpretao da diplomacia brasileira de que o combate fome e misria a

    nica iniciativa capaz de prover estabilidade ao sistema internacional. Dessa

    forma, as circunstncias internacionais indicam que a promoo do

    desenvolvimento deve continuar sendo o paradigma orientador da estratgia

    internacional brasileira no longo prazo.

    Verifica-se que os formuladores da poltica externa brasileira tm logrado

    xito em estabelecer diretrizes de longo prazo que permitam a realizao dos

    objetivos nacionais e que ampliem a projeo internacional do Brasil. Os

    impactos das modificaes polticas no mbito domstico favoreceram o

    estabelecimento de uma diplomacia proativa que est em sintonia com os

    interesses dos pases em desenvolvimento e que, portanto, se torna mais

    representativa, o que amplia o poder de barganha do Brasil. Essa

    representatividade permite ao pas reduzir os limites impostos por um processo

    decisrio internacional ainda bastante concentrado, visto que legitima a defesa

    brasileira da democratizao dos foros internacionais e do fortalecimento do

    multilateralismo, ambos essenciais para a paz mundial.

    Marcaes da banca:

    1 Pontuao

    Avaliao:

    Apresentao 8,75

    Argumentao 10,0

    Anlise 7,50

    Gramtica 29,0

  • 50,75/60

    A poltica externa brasileira tem como objetivo permanente a busca do

    desenvolvimento; este, entretanto, no se limita, apenas, ao crescimento

    econmico. A diversidade dos condicionantes que caracterizam uma nao

    verdadeiramente desenvolvida abrange aspectos como o respeito aos direitos

    humanos, a justia social e a liberdade poltica. O vnculo indissocivel entre

    desenvolvimento e democracia norteia a ao externa brasileira. Nesse

    sentido, os objetivos de longo prazo da poltica exterior do Brasil relacionam-se

    com a busca da democratizao dos sistemas de governana mundial, do que

    decorre a necessidade de se ampliar a participao dos pases perifricos nos

    fruns decisrios internacionais. Contribuem para a consecuo da ambiciosa

    perspectiva brasileira a inevitabilidade do multilateralismo, em um contexto

    multipolar, e a consolidao democrtica, no mbito domstico, que, ao

    favorecer a participao popular na definio da poltica externa, confere

    legitimidade aos pleitos do pas.

    A redemocratizao poltica, a conquista da estabilidade

    macroeconmica e a consolidao dos programas de incluso social

    transformaram as bases da insero internacional do Brasil. A melhora no

    padro de distribuio de renda, em um ambiente de liberdade democrtica,

    suscitou o aparecimento de uma nova classe mdia, mais consciente,

    politicamente; mais demandante e crescentemente participativa. Alm disso, o

    acesso instantneo aos acontecimentos mundiais, o incremento da produo

    acadmica nacional acerca de temas internacionais, a intensificao das

    relaes de comrcio e das trocas culturais entre as naes contriburam para

    ampliar o engajamento da sociedade civil na agenda externa do pas. medida

    que se consolida a democracia brasileira, inciativas que visam a expandir a

    participao popular na determinao do interesse nacional colaboram para

    ampliar a legitimidade dos posicionamentos do Brasil, no contexto

    internacional.

    A poltica externa brasileira dos ltimos doze anos baseou-se no

    diagnstico da inevitabilidade dos pases emergentes para a resoluo das

    problemticas internacionais. A estes correspondem, por exemplo, a maior

    contribuio para o crescimento econmico mundial e a maior proporo das

    emisses de carbono na atmosfera. Ao demonstrarem indita capacidade de

    se articularem em mltiplos temas, como a macroeconomia e o meio ambiente,

    pases como o Brasil, a ndia e a China comprovam que o mundo no pode

    mais prescindir das naes perifricas. A tendncia multipolaridade no

    meramente conjuntural. Dessa forma, eventuais empeclios

    institucionalizao da nova ordem multipolar, com o atraso verificado na

    reforma do Conselho de Segurana da ONU, no devem ser interpretados

  • como retrocessos s recentes conquistas do multilateralismo. A

    democratizao da governana mundial uma necessidade estrutural do

    mundo contemporneo; os entraves para que isso ocorra so conjunturais.

    As transformaes paradigmticas a que visa o Brasil no ocorrero de

    forma abrupta. A diplomacia nacional no se baseia em aes de confrontao

    hegemonia vigente, mas na proposio de alternativas prticas que a

    relativizem, de forma a garantir uma transio segura e estvel para uma nova

    ordem multipolar institucionalizada. No mbito financeiro, o advento do G-20,

    em substituio ao G-8, como frum principal das discusses

    macroeconmicas, exemplifica a necessidade da integrao das novas

    potncias financeiras, sem a excluso das tradicionalmente estabelecidas. O

    processo de mudanas pretendido pelo Brasil, apesar de revolucionrio em seu

    contedo, deve ser implementado com pacincia estratgica, de forma a

    garantir avanos contnuos, sem ameaar a consolidao de conquistas j

    realizadas.

    H uma evidente relao entre a consolidao da democracia, no mbito

    domstico, e a busca da institucionalizao do multilateralismo, no contexto

    externo. Na realidade, h o reforo mtuo desses dois condicionantes da

    poltica externa brasileira. Esta, que, tradicionalmente, se constituiu como

    mecanismo para a consecuo do projeto de desenvolvimento nacional, volta-

    se para o estabelecimento e para a implementao de uma nova ordem

    mundial, mais democrtica e representativa. As perspectivas de xito so

    significativas, dada a irreversvel centralidade de que os pases emergentes

    dispem, no mundo contemporneo; a velocidade com que se concretizaro as

    transformaes ansiadas pelo Brasil, entretanto, depender de condies

    conjunturais, o que de todo modo, no altera a tendncia geral de longo prazo

    ao multilateralismo.

    Marcaes da banca:

    1 Construo de perodo/colocao de termos

    Pontuao

    Grafia/acentuao

    Avaliao:

    Apresentao 8,75

    Argumentao 7,50

    Anlise 7,50

    Gramtica 27,0

  • Resposta da banca: recurso indeferido

    Trata-se de falha na construo do perodo em apreo, o que dificulta

    sua interpretao, visto que o trecho "do que decorre a necessidade de ..."

    relaciona-se com tudo o que foi expresso anteriormente, ou seja, conclui-se

    dessa formulao que "a necessidade de..." decorre do fato de "os objetivos..."

    estarem relacionados "busca da democratizao", o que incoerente. Para

    se concluir que "a necessidade..." decorre da "busca da democratizao..."

    apenas, essa relao deveria ser feita por meio do emprego de expresso

    conectiva (da qual) que especificasse essa correferncia.

  • 50,75/60

    As perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira

    caracterizam-se pela crescente legitimidade da ao do Brasil no mundo. As

    circunstncias internas e os cenrios internacionais contemporneos indicam

    que o pas pode contribuir de modo criativo para formao de ordem

    multilateral mais justa. Pode-se afirmar que o atual esforo da diplomacia

    nacional, consubstanciado no projeto de escrita do Livro Branco da Poltica

    Externa, resultar em maior coerncia entre prticas internas e externas,

    incremento do dilogo com a sociedade e fortalecimento do multilateralismo

    como espao privilegiado de cooperao entre os povos.

    As transformaes pelas quais o Brasil tem passado ampliam a

    legitimidade da diplomacia nacional. Se Azeredo da Silveira, em plena ditadura

    militar, considerava que pas estava destinado grandeza, pode-se argumentar

    que o xito das polticas brasileiras de incluso social, conservao ambiental e

    fortalecimento da cidadania esto transformando o prognstico de Silveira de

    projeto liderado por poucos em sonho compartilhado por muitos. Conquanto o

    Brasil ainda enfrente desafios significativos em infraestrutura e educao, o

    planejamento estatal em dilogo com a sociedade forma eficaz de solucion-

    los, pois incentiva prticas transparentes, em sintonia com o interesse nacional.

    Os cenrios internacionais de um mundo multipolar em formao

    representam oportunidade nica para a poltica externa brasileira. Em que pese

    a maior possibilidade de divergncias entre Estados cujos recursos de poder

    so menos desiguais, a multipolaridade requer a cooperao entre as naes,

    porquanto nenhum pas pode determinar a agenda internacional sozinho.

    Fortalece-se, portanto, o multilateralismo como espao privilegiado para a

    concertao poltica. Assim como as Naes Unidas esto promovendo a

    definio colaborativa dos objetivos do desenvolvimento para o perodo

    posterior a 2015, o Itamaraty patrocinou a elaborao coletiva do Livro Branco,

    que contar com as contribuies de representantes do governo, do

    empresariado e da sociedade civil, presentes nos Dilogo sobre Poltica

    Externa.

    O desenvolvimento inclusivo nacional e o surgimento da multipolaridade

    da cooperao contribuem para que se identifiquem trs tendncias para a

    politica externa brasileira a longo prazo: maior coerncia, dilogo ampliado e

    fortalecimento da estratgia multilateral. J no sculo XIX, Honrio Hermeto

    Carneiro Leo compreendia que a poltica externa deve ser a outra face do

    progresso interno. Esse entendimento continua a inspirar a atuao dos

    diplomatas brasileiros, e por essa razo que os avanos sociais e

  • democrticos contemporneos tendem a resultar em poltica externa mais

    coerente e legtima.

    A expectativa de dilogo ampliado entre o Itamaraty e as sociedades

    brasileira e latino-americanas relaciona-se a tradies e inovaes da

    diplomacia nacional. Assim como a soluo pacfica de controvrsias foi o

    princpio que inspirou o Baro do Rio Branco a propor dilogo franco entre

    Argentina, Brasil e Chile h mais de um sculo, o desejo de dialogar com

    cidados do pas e da regio tem feito o Ministrio das Relaes Exteriores

    empregar as tecnologias da comunicao para transmitir suas mensagens de

    forma clara e transparente.

    A terceira perspectiva que surge para a poltica externa futura a de

    crescente influncia nas organizaes multilaterais. Embora o Brasil j participe

    h dcadas desses foros, a ao histrica do pas era caracterizada sobretudo

    por atitude demandantes. Atualmente, a diplomacia brasileira no apenas

    pleiteia a reforma da governana global, como tem condies e legitimidade

    para ofertar ideias e recursos para implement-la.

    Em O conto da ilha desconhecida, Jos Saramago descreve barco onde

    navegam homem e mulher procura de suas identidades. Pode-se afirmar que

    a diplomacia brasileira, quando comeou a se universalizar, nos anos 1960, era

    como esse barco, pois no estava ainda plenamente harmonizada com os

    interesses da maioria dos brasileiros, que viviam em pas desigual e

    progressivamente autoritrio. Atualmente, ao buscar legitimidade, promover o

    dilogo e contribuir para o multilateralismo, o Brasil demonstra que aprendeu a

    lio de Joo Cabral de Melo Neto: um galo sozinho no tece a manh, pois a

    tenda do futuro ser democrtica e inclusiva.

    Marcaes da banca:

    1 Pontuao

    Grafia/acentuao

    Grafia/acentuao

    Apresentao 8,75

    Argumentao 7,50

    Anlise 7,50

    Gramtica 27,0

  • 50,25/60

    Em um contexto internacional globalizado e em constante

    transformao, a poltica externa adquire importncia crescente. Isso torna-se

    ainda mais verdadeiro para pases como o Brasil, que almeja obter maior

    influncia internacional, ao mesmo tempo que se dispe a assumir maiores

    responsabilidades em temas como segurana internacional e cooperao para

    o desenvolvimento. As perspectivas de longo prazo para a poltica externa

    brasileira so favorveis, uma vez que h reforo do dilogo entre a sociedade

    brasileira e os formuladores de poltica externa, o que ocorre simultaneamente

    manuteno da tradio diplomtica do pas de defesa de um sistema

    internacional mais equilibrado, baseado no Direito Internacional.

    Nos ltimos anos, como exposto pelo ministro Luiz Alberto Figueiredo,

    houve transformaes significativas no contexto internacional que favoreceram

    pases em desenvolvimento. Esse novo contexto externo enseja maior

    participao do Brasil em temas como a reforma da governana global, a

    resoluo pacfica de conflitos e a promoo do desenvolvimento. A diplomacia

    brasileira tem aproveitado o contexto internacional mais favorvel aos pases

    em desenvolvimento para constituir ou para reforar diversos agrupamentos de

    dilogo e de concertao poltica, como BRICS, IBAS, UNASUL, CELAC e

    ZOPACAS. Conquanto no seja possvel prever as prximas mudanas no

    contexto externo, a existncia desses grupos confere diplomacia brasileira

    oportunidades mais institucionalizadas de dilogo com diferentes pases, o que

    positivo.

    O contexto interno tem sido igualmente favorvel poltica externa

    brasileira. O xito de iniciativas de reduo da pobreza e da fome, que atesta o

    crescente desenvolvimento social do pas, possibilita a cooperao com

    diversos pases. A temtica do desenvolvimento vertente tradicional da

    poltica externa brasileira; a mudana das condies econmicas internas do

    pas, entretanto, tornou possvel a realizao de diversos programas de

    cooperao para o desenvolvimento. A Agncia Brasileira de Cooperao

    desenvolve iniciativas em vrios continentes, segundo os princpios

    desenvolvidos pela poltica externa brasileira, como a inexistncia de

    condicionalidades e a sustentabilidade dos projetos.

    Outro aspecto que permite considerar favorveis as perspectivas de

    longo prazo da poltica externa brasileira o crescente dilogo entre a

    sociedade e os formuladores de poltica externa. Recentemente, o Ministrio

  • das Relaes Exteriores promoveu o seminrio Dilogos de Poltica Externa,

    do qual participaram acadmicos, estudiosos e empresrios, com o objetivo de

    debater temas importantes para a poltica externa do Brasil. A elaborao de

    um Livro Branco de Poltica Externa, com diretrizes e objetivo da poltica

    externa, confere maior previsibilidade ao externa do pas. Esse dilogo

    entre os diversos interessados em temas internacionais proporciona, ainda,

    maiores legitimidade e efetividade poltica externa brasileira, uma vez que

    uma poltica externa formulada de maneira isolada da sociedade e de seus

    interesses no apresentar consequncias positivas durveis.

    Essa inovao recente de maior abertura ao dilogo interno existe

    conjuntamente com a manuteno das tradies da diplomacia brasileira, o que

    positivo para a imagem internacional do pas. O Brasil tem orientado suas

    aes externas por meio do respeito ao Direito Internacional e a princpios

    como a no-interferncia nos assuntos internos, a prevalncia dos direitos

    humanos e a soluo pacfica de controvrsias. A manuteno dessa tradio

    diplomtica tem proporcionado ganhos ao pas, como comprovado por sua

    recente eleio para presidir a Comisso de Construo da Paz da

    Organizao das Naes Unidas. Com a permanncia dessas diretrizes e

    desses princpios, as perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira

    manter-se-o positivas.

    A poltica externa tem sido percebida como mais importante pela

    sociedade brasileira, uma vez que constitui poltica pblica cujo objetivo

    primordial o projeto de desenvolvimento nacional. Os contextos interno e

    internacional propiciaram ao externa mais abrangente para o Brasil,

    coadunando-se com o destino de grandeza do pas, afirmado por Azeredo da

    Silveira. As perspectivas de longo prazo para a poltica externa brasileira

    tendem a ser favorveis, desde que sejam mantidos tanto o dilogo com a

    sociedade quanto as tradies da diplomacia brasileira.

    Marcaes da banca:

    Construo de perodos; colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 7,50

    Argumentao 7,50

    Anlise 6,25

    Gramtica 29,0

  • 50,00/60

    Azeredo da Silveira previa que o Brasil tinha um destino de grandeza.

    Para o chanceler de Geisel, isso significa que o pas tinha capacidade de

    exercer maior protagonismo na defesa de seus interesses, no mbito

    internacional. Esse maior protagonismo dependia de mudanas tanto no

    contexto interno quanto no contexto internacional. O Brasil hodierno no mais

    o mesmo em que viveu Azeredo da Silveira. A redemocratizao e o

    crescimento econmico favoreceram a insero internacional do Brasil em um

    mundo cada vez mais multipolar. Avanou-se muito na busca do

    desenvolvimento sustentvel e na defesa do meio ambiente; a essas

    perspectivas de longo prazo de poltica externa brasileira, porm, deve-se

    acrescentar a luta contra as desigualdades raciais, para que o Brasil atinja seu

    potencial.

    A poltica externa brasileira tem como uma de suas perspectivas de

    longo prazo a busca do desenvolvimento nacional. O baro do Rio Branco

    buscava, na aliaa no-escrita com os Estados Unidos, conforme descreve

    Bradford Burns, meios para fazer desenvolver o Brasil. Azeredo da Silveira, por

    meio do Pragmatismo Responsvel e Ecumnico, tambm almejava eliminar

    os constrangimentos ao desenvolvimento brasileiro. Apesar de a matriz

    desenvolvimentista estar presente ao longo da histria da atuao diplomtica

    brasileira, a ascenso de governos progressistas propiciou mudana no que se

    compreende, atualmente, como desenvolvimento. O conceito evoluiu no mbito

    interno e no externo. A diplomacia brasileira acompanhou essa evoluo e,

    hodiernamente, no busca o mero crescimento de seu produto interno bruto,

    mas o desenvolvimento sustentvel de todos os pases perifricos, o que

    favoreceria o surgimento de um mundo mais multipolar ainda.

    O desenvolvimento sustentvel implica proteo ao meio ambiente,

    outra perspectiva de longo prazo da diplomacia brasileira. No que concerne ao

    meio ambiente, a atuao diplomtica brasileira evoluiu de postura defensiva,

    tambm adotada pelo regime militar em relao aos direitos humanos e no-

    proliferao, para postura propositiva, facilmente evidenciada pelo fato de o

    Brasil ter sediado duas das mais importantes conferncias das Naes Unidas

    sobre a temtica ambiental. Mediante a redemocratizao e a conscientizao

    da populao brasileira quanto aos problemas ambientais a diplomacia

    brasileira consegue renovar suas credenciais, conforme afirmas o embaixador

    Gelson Fonseca Jnior. Antecipou-se, desse modo, evoluo da pauta

    ambiental no contexto internacional a tempo de poder exercer protagonismo e

    conformar a temtica aos interesses dos pases em desenvolvimento, entre os

    quais o Brasil.

  • Importante perspectiva de longo prazo da diplomacia brasileira o

    combate ao racismo e a quaisquer outras formas de discriminao. Tamanha

    a importncia dessa diretriz que ela foi elencada no artigo 4 da Constituio

    Federal, como um dos princpios que regem as relaes internacionais

    brasileiras. A despeito da previso constitucional, ainda primordial uma maior

    conscientizao da populao brasileira, para que, como na questo ambiental,

    o Brasil possa assumir maior protagonismo internacionalmente. No contexto

    interno, muitos ainda acreditam na existncia da democracia racial de que falou

    Gilberto Freyre e so contrrios a medidas efetivas de combate s

    desigualdades raciais, evidentes mesmo em instituies, 4 conscientes de sua

    funo no combate ao racismo, como o Itamaraty. Em um contexto

    internacional em que frica e sia vem se tornando parceiras cada vez mais

    importantes, incoerente que as desigualdades raciais no sejam,

    efetivamente, combatidas no Brasil.

    A busca do desenvolvimento sustentvel inclusivo, a defesa do meio

    ambiente e o combate ao racismo so diretrizes de longo prazo da poltica

    externa brasileira. Essas diretrizes coadunam-se com a anlise da evoluo

    provvel da conjuntura internacional nos prximos anos, entre as quais5 o

    maior protagonismo dos pases em desenvolvimento, em contexto

    progressivamente multipolar, o agravamento dos problemas ambientais e a

    conformao de sociedades, cada vez mais, multitnicas e preocupadas com o

    combate discriminao. Mediante a conformao de quadro funcional que

    privilegie a diversidade, surgiro diferentes anlises sobre as futuras

    conjunturas mundiais, o que permitir diplomacia brasileira garantir ao Brasil

    o destino de grandeza que vaticinou Azeredo da Silveira.

    Marcaes da banca:

    1 Grafia/acentuao

    Emprego de modos e tempos verbais

    Pontuao

    4 Pontuao

    5 Emprego de conectores

    Avaliao:

    Apresentao 8,75

    Argumentao 8,75

    Anlise 7,50

    Gramtica 25,0

  • 49/60

    O longo prazo o tempo da poltica externa brasileira. Preceitos ainda

    valorizados, como, por exemplo, o trato cordial com os vizinhos, remontam

    chancelaria do Baro do Rio Branco. A persistncia de rotinas e princpios,

    contudo, no deve remeter s ideias de fossilizao ou de insulamento.

    Tendente continuidade, a poltica externa brasileira s ser poltica pblica

    responsvel se considerar, em seus clculos, as demandas urgentes da

    sociedade civil. Por outro lado, como ensina Azeredo da Silveira, s ser eficaz

    se tentar antecipar-se s conjunturas sistmicas internacionais.

    A imagem de cpulas em que prncipes como Metternich, Talleyrand e

    Bismarck tomavam decises, no raro brilhantes em termos polticos, mas

    desconectadas dos anseios das sociedades que deveriam representar, cedo se

    tornou um esteretipo da atividade diplomtica. O Itamaraty tem confrontado

    esse lugar-comum de exclusivismo e segredo por meio de iniciativas de

    diplomacia pblica, como o foro Dilogos sobre Poltica Externa. A abertura

    interlocuo com diferentes atores da sociedade civil ocorreu em momento de

    clamor por transparncia do processo decisrio, reivindicao entrevista nas

    Jornadas de Junho de 2013. A recente e acertada audio da opinio pblica

    trouxe notveis ganhos qualitativos poltica externa do pas. Sugestes

    criativas de acadmicos, jornalistas, representantes de organizaes no

    governamentais e minorias tm o potencial de tornar o impressionismo

    inevitvel definido por Silveira, no mnimo, mais legtimo, porque beneficiado

    pelo dilogo democrtico e pelo debate pblico franco.

    Um pas que alicera sua poltica externa em uma fecunda interlocuo

    domstica est mais apto a realizar o destino de grandeza no hegemnico

    preconizado por Azeredo da Silveira. Potncia mdia desprovida de

    armamentos nucleares, o Brasil tende a auferir ganhos de poder brando com

    suas aes de diplomacia pblica. Ao considerar, em seus clculos de poltica

    externa, as demandas e sugestes da sociedade civil, o Brasil refora sua

    imagem externa de pas que articula consensos, prestigia as solues

    multilaterais pacficas e reivindica uma ordem internacional menos assimtrica,

    na qual as vozes dos pases emergentes possam ser ouvidas.

    A aproximao com os pases do Sul, marcante na chancelaria de

    Azeredo da Silveira, que defendeu, nas Naes Unidas, uma nova ordem

    econmica internacional (NOEI), tem sido caracterstica da poltica externa

    brasileira desde a dcada passada. Sem conflitar com os pases

    desenvolvidos, o Brasil antecipou-se, conforme a sugesto de Silveira,

    conjuntura internacional. A procura pela parceria chinesa, a retomada do

    contato solidrio com a frica e o lanamento de grupos como o IBAS e o

  • BRICS podem parecer, hodiernamente, obviedades. No o foram quando de

    sua implementao, instante em que pareciam ecoar, para certos segmentos,

    um terceiro-mundismo fora do tempo. A persistncia da crise econmica

    internacional e a relativa preservao brasileira no que concerne aos seus

    efeitos corroboram a tese de que todo planejamento, para ser bem-sucedido,

    deve ser acompanhado de intuio. O longo prazo, afinal, feito de curtos

    intervalos, que apresentam desafios imediatos. Criatividade e consistncia

    conceitual fazem-se, nesse contexto, imprescindveis.

    A chancelaria de Azeredo da Silveira completa, em 2014, quarenta anos.

    Muitos dos embaixadores do Itamaraty atual foram terceiros-secretrios

    impactados pelos conceitos do Ministro das Relaes Exteriores do Governo

    Ernesto Geisel. A perspectiva de longo prazo, a ideia de inovao beneficiada

    pelo acumulado histrico, a intuio como elemento indispensvel e a

    realizao de um destino de grandeza no hegemnico so patrimnios

    legados por Silveira. O Itamaraty honra seu legado ao atualiz-lo com a defesa

    de uma diplomacia pblica, aberta ao dilogo democrtico, inexistente em

    meados dos anos de 1970. Pas atento redistribuio do poder mundial, o

    Brasil acerta ao abrir a poltica externa ao debate pblico interno. Que essa

    disposio renovadora se torne uma poltica pblica de longo prazo,

    acompanhando a busca pelo desenvolvimento e a promoo de uma

    multipolaridade cooperativa.

    Marcaes da banca:

    1 Construo de perodo/Colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 7,50

    Argumentao 6,25

    Anlise 6,25

    Gramtica 29,0

    Comentrio do candidato:

  • Tive uma marcao gramatical (Construo de perodo/Colocao de termos)

    na redao, na linha como o trecho (...) Meados dos anos de 1970. Pas atento

    redistribuio do poder (...). No entendi se a marcao correspondia ao trecho da

    primeira frase ou ao da segunda e fiz o recurso direcionado a ambos. A banca

    considerou a expresso anos de 1970 equivocada e subtraiu um ponto da nota. Em

    minha argumentao, que no foi aceita, apresentei trechos de livros da Funag que

    utilizavam idntica construo. Sempre escrevi e falei dcada de 1970 (soa-me mais

    natural e corrente), mas um cursinho pontificou, em 2012, que eu deveria empregar o

    anos de 1970 na prova e fiquei com isso na cabea. Mais recentemente, o

    supracitado cursinho tem sugerido o emprego da forma que eu originalmente preferia

    e que era a exigida pela banca examinadora. Fica a sugesto para que os candidatos,

    em determinadas situaes, sigam sua prpria sensibilidade em vez de frmulas

    arbitrrias e oscilantes.

  • 49/60

    Ao contrrio do que previa Francis Fukuyama, o fim da Guerra Fria no

    significou o "fim da histria", mas a emergncia de novas possibilidades. A

    significativa complexidade da nova ordem internacional apresenta desafios aos

    Estados, mas tambm permite o surgimento de novas oportunidades de

    desenvolvimento social, econmico e poltico. Nesse contexto, a poltica

    externa ganha relevncia para a consecuo dos objetivos nacionais. As

    circunstncias internas e externas indicam que o Brasil tende a apresentar, a

    longo prazo, poltica externa crescentemente atuante nas relaes

    internacionais.

    O significativo desenvolvimento socioeconmico obtido pelo Brasil, nas

    ltimas dcadas, credenciam-no a ter participao externa proativa no

    contexto internacional. Por meio de polticas macroeconmicas estabilizadoras,

    como o Regime de Metas de Inflao, e de programas sociais de transferncia

    de renda, como o Bolsa Famlia e o Brasil Sem Misria, o pas conseguiu retirar

    milhes de pessoas da linha de pobreza, alcanando os Objetivos do Milnio

    com antecedncia. Dessa forma, o Brasil tem servido de exemplo, no mbito

    da sociedade internacional, o que amplia a legitimidade de sua poltica externa.

    Promover o desenvolvimento interno favorece a posio externa do Brasil,

    como pas emergente, permitindo-lhe atuar proativamente, a longo prazo.

    Institucionalmente, o Brasil tem buscado preparar-se para assumir

    maiores responsabilidades nas relaes internacionais. O Ministrio de

    Relaes Exteriores destaca-se, internacionalmente, pelo alto nvel de

    profissionalizao e pela capacidade de articular consensos nos fruns

    multilaterais. Nos ltimos anos, esse Ministrio tem ampliado o debate nacional

    sobre poltica externa, ressaltando sua importncia para a consecuo dos

    objetivos nacionais de desenvolvimento. Exemplo disso a recente discusso

    sobre a elaborao de uma estratgia nacional de poltica externa, em

    colaborao com a sociedade civil. Esse desenvolvimento institucional garante

    uma atuao coerente a principista, que reconhece a funo da poltica externa

    como instituto de Estado e que contribui para a credibilidade internacional do

    pas. Nesse sentido, internamente, o Brasil est preparado para incrementar

    sua participao nas relaes internacionais, cumprindo seu "destino de

    grandeza", concebido por Azeredo da Silveira.

    No mbito externo, a constituio de uma ordem multipolar favorece o

    aumento da participao internacional de pases emergentes. O sistema

    internacional hodierno mais complexo que a bipolaridade ideolgica que

    caracterizou o "curto sculo XX", analisado por Eric Hobsbawm, em A Era dos

  • Extremos. Pases que haviam ficado margem das relaes internacionais

    comeam a articular-se, reivindicando uma ordem internacional mais justa e

    representativa. A reforma dos rgos de governana financeira internacionais,

    promovida pelo grupo de articulao Brasil, Rssia, ndia, China e frica do

    Sul, na Cpula do Grupo dos Vinte, em Seul, comprova essa capacidade de

    transformao dos emergentes.

    A atuao da diplomacia brasileira tem demonstrado a disposio do

    pas a incrementar o engajamento externo, em nome do desenvolvimento e da

    paz mundiais. O Brasil coopera com diversos pases para a promoo do

    desenvolvimento. Com base no princpio de solidariedade, o Estado brasileiro

    construiu Unidades de Pronto Atendimento, no Haiti; instituiu o Programa de

    Aquisio de Alimentos, na frica; e promove a agricultura moambicana com

    o Pr-Savana. Alm disso, assumiu a presidncia da Comisso para a

    Construo da Paz, de forma a contribuir para a resoluo pacfica e duradoura

    de conflitos. Isso demonstra que o Brasil tem interesse em ampliar sua

    participao internacional, assumindo responsabilidades de cooperao.

    No tendo ocorrido o "fim da histria", previsto por Francis Fukuyama, a

    ordem internacional hodierna apresenta oportunidades inditas de insero

    externa a pases em desenvolvimento. O crescimento recente do Brasil permite

    que o pas tenha condies de aproveitar a nova conjuntura. Nesse sentido, o

    Estado pode ampliar sua atuao externa, a longo prazo, cumprindo o "destino

    de grandeza" previsto por Azeredo Silveira. As circunstncias internas

    coadunam-se com a conjuntura externa, indicando a possibilidade de a poltica

    externa brasileira ter atuao crescente nas relaes internacionais a longo

    prazo.

    Marcaes da banca:

    1 Concordncia nominal e verbal

    Avaliao:

    Apresentao 7,50

    Argumentao 6,25

    Anlise 6,25

    Gramtica 29,0

  • 47,50/60

    A definio de uma poltica externa pressupe a avaliao de riscos e de

    oportunidades, com consequncias verificveis no longo prazo. Em 1976,

    Azeredo da Silveira assinalou, em discurso, o componente estratgico das

    escolhas feitas por aqueles responsveis pela elaborao da diplomacia

    brasileira. De acordo com o ex-chanceler, o Brasil estava destinado a uma

    projeo internacional inexorvel. Esse raciocnio retomado, na

    contemporaneidade, pelo Ministro Luiz Alberto Figueiredo, cuja iniciativa de

    estabelecer um dilogo permanente sobre poltica externa, o qual congrega

    governo e sociedade, busca atender necessidade de elaborar uma estratgia

    internacional democrtica, consistente com o propsito de assegurar ao Brasil

    maior influncia nas decises com repercusso mundial.

    A projeo internacional adquirida pelo Brasil deve-se no apenas aos

    atributos inerentes condio de grande nao emergente, mas decorre,

    tambm, dos esforos diplomticos empreendidos nas ltimas dcadas. Se,

    por um lado, o interesse internacional pelo pas consequncia de aspectos

    demogrficos, ambientais, polticos e econmicos; por outro, a tradio

    diplomtica dotou o Brasil de uma poltica externa previsvel, a qual lhe

    proporciona a condio de parceiro internacional confivel. O Brasil membro

    fundador da Organizao das Naes Unidas e defende, de maneira

    consistente, a no interveno em assuntos domsticos, a soluo pacfica de

    controvrsias, a nfase no multilateralismo e a cooperao para o

    desenvolvimento.

    Os princpios que regem a poltica externa brasileira permitem ao pas

    projetar-se como interlocutor franco e confivel, condio que amplia as

    possibilidades atuais e futuras de contribuir para a consolidao da paz e para

    a promoo do desenvolvimento. No por outra razo, o Brasil assumiu, h

    uma dcada, o comando militar da Misso para Estabilizao do Haiti, iniciativa

    cujo xito proporciona ao pas convite para integrar misses congneres

    futuras. Nesse sentido, escolhas estratgicas realizadas no passado

    acarretaro o surgimento de oportunidades futuras, por meio das quais o Brasil

    poder reforar a defesa de diretrizes de sua poltica externa, como a

    vinculao entre segurana e desenvolvimento.

    A iniciativa de incluso da sociedade no processo de definio das

    diretrizes e das metas da poltica externa brasileira ocorre em contexto de

    consolidao da democracia. No longo prazo, ao assimilar demandas sociais, a

    diplomacia ptria pode, de maneira eficiente, atender aos desgnios de grupos

  • sociais diferentes, com interesse em temas variados, como meio ambiente,

    imigrao e poltica comercial. A perspectiva de que os vnculos que se

    estabelecem entre o Brasil e outros pases tendem a se intensificar, devido

    crescente interdependncia econmica e poltica, refora a premncia da

    incluso da sociedade nas decises sobre poltica externa.

    A diplomacia brasileira atual defende uma conjuntura internacional

    caracterizada pela multipolaridade. Com o propsito de que essa

    multipolaridade se converta em multilateralismo, a poltica externa brasileira

    pauta-se pela defesa da democratizao de foros internacionais. Essa

    estratgia tem sido executada por meio da busca de interesses convergentes

    tanto em parceiros tradicionais, como Frana e Alemanha, quanto em pases

    emergentes. Nesse sentido, o Brasil espera que, no longo prazo, todos os

    pases sejam beneficiados por instituies mais plurais e mais inclusivas, o que

    ser possvel, por exemplo, aps a concluso dos projetos de reforma de foros

    como o FMI e o Conselho de Segurana da ONU.

    A poltica externa brasileira conformada tanto por circunstncias

    internas quanto pela conjuntura internacional. Conquanto a diplomacia tenha

    aspecto estratgico, que diz respeito a expectativas futuras, as quais podem

    no se realizar, a poltica externa brasileira concebida, no presente, em

    funo do projeto de democratizao de foros internacionais, da defesa de

    princpios tradicionais, como o desenvolvimento, e da incluso da sociedade

    civil no processo decisrio. Ao associar-se a pases com expectativas

    semelhantes acerca do futuro da ordem mundial, o Brasil amplia as chances de

    xito do projeto de reforo do multilateralismo. Alm disso, o dilogo entre

    governo e sociedade confere maior legitimidade aos pleitos do pas no mbito

    internacional.

    Avaliao:

    Apresentao 6,25

    Argumentao 6,25

    Anlise 5,00

    Gramtica 30,0

    Comentrio do Candidato:

    Comentrio da banca: no quesito 2.2, o que se espera do candidato a defesa

    de uma opinio original e pessoal.

  • 47,50/60

    Poltica internacional e poltica interna so aspectos dinmicos das

    sociedades. Cabe aos formuladores dessas polticas adequ-las aos desafios

    impostos pelas transformaes sociais constantes. No mbito externo, a

    poltica internacional contempornea caracteriza-se pela diversificao de

    temas e pela ascenso de novos Estados relevantes para o futuro da

    governana global. No Brasil, a poltica interna tem passado por significativas

    modificaes, desde o fim do regime militar. Em ambiente institucional interno

    democrtico e diante da conformao de uma ordem internacional multipolar, a

    perspectiva de longo prazo da poltica externa brasileira deve ser ativa e

    abrangente, sem deixar de ser representativa dos anseios da sociedade

    nacional que a legitima.

    O Brasil um Estado que, devido a suas caractersticas geogrficas,

    populacionais e econmicas, no pode deixar de assumir postura protagnica

    nas negociaes internacionais. Henry Kissinger, em seu livro Diplomacia,

    refora esse entendimento ao argumentar que no se poder excluir o Brasil

    dos debates acerca do futuro da governana global, uma vez que o pas possui

    dimenso continental, contingente populacional dinmico e uma das maiores

    economias do mundo. A compreenso de que uma insero internacional ativa

    imprescindvel para a identidade internacional do pas precisa pautar as

    perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira, especialmente na

    atual conjuntura internacional de redistribuio de poder, a qual permite que

    Estados emergentes atuem de maneira mais representativa.

    Aps o fim da Unio Sovitica, uma ordem multitemtica e multipolar

    comeou a ser conformada. Ao lado do tratamento de tradicionais aspectos da

    economia e da segurana, novas temticas, como meio ambiente, direitos

    humanos, incluso social e governana da rede mundial de computadores,

    ganharam espao na agenda internacional. Alm disso, a maneira de lidar com

    as novas problemticas deixou de respeitar a lgica hierrquica da

    bipolaridade, e propostas apresentadas por pases emergentes passaram a

    receber respaldo. Nesse contexto, a insero internacional de longo prazo do

    Brasil deve basear-se na ampla atuao em relao s temticas que

    passaram a ser discutidas em mbito global, pois isso reforar o protagonismo

    do pas na nova ordem internacional.

    No mbito interno, o fim do regime militar permitiu a constituio do

    debate democrtico e plural na formulao de polticas pblicas, o que as torna

    mais representativas e legtimas. Srgio Buarque de Holanda, em Razes do

    Brasil, argumentou que a democracia se tornaria legtima, no Brasil, quando

  • fossem criados mecanismos para a incluso de todos os grupos sociais na

    classe poltica dominante. Essa a tendncia que se observa atualmente, na

    medida em que a populao vota regularmente, o direito de livre manifestao

    respeitado e a transparncia na gesto pblica reforada por intermdio de

    medidas como a lei de acesso informao e o voto eletrnico.

    A perspectiva de longo prazo da poltica externa deve observar essa

    tendncia de incluso do indivduo no processo poltico. importante que os

    formuladores de poltica externa promovam, recorrentemente, iniciativas como

    a do Dilogos sobre Poltica Externa. Por meio de conferncias que reuniram

    integrantes do governo e da sociedade civil, buscou-se debater os principais

    aspectos da poltica internacional, a fim de auxiliar na conformao de um livro

    branco de poltica externa, documento que apresentar ao pblico as diretrizes

    da insero internacional do pas. Conformar, junto com a sociedade, os

    principais objetivos da poltica externa aumenta sua legitimidade, porquanto

    sua formulao tem a participao de diferentes grupos de interesse.

    A poltica externa, como poltica pblica, muda de acordo com o contexto

    social. No mbito internacional, em razo de suas caractersticas fsicas e

    econmicas, o Brasil deve aproveitar o momento de redistribuio do poder e

    de surgimento de novas temticas, para estabelecer posicionamento ativo em

    vrios temas internacionais. No mbito interno, a consolidao da democracia

    demonstra que, para que a poltica externa de longo prazo seja legtima e

    eficaz, ela deve ser elaborada com significativa participao da sociedade.

    Avaliao:

    Apresentao 7,50

    Argumentao 5,00

    Anlise 5,00

    Gramtica 30,0

    Comentrio do Candidato:

    Recurso - Argumentao do Quesito: 2.1 Solicito, respeitosamente, reavaliao na nota atribuda ao quesito capacidade

    de argumentao, em razo dos argumentos expostos a seguir. O candidato, ao longo de todo o texto, buscou sistematizar as informaes e trazer argumentos seguindo

  • padres consagrados em obras de renome no mbito da comunicao escrita, como Comunicao em prosa moderna, de Othon M. Garcia.

    O candidato, inicialmente, buscou propor uma introduo que deixa explcita tanto sua ideia-ncleo (apresentada por meio de uma sentena independente, entre

    as linhas 7 -10) quanto os planos nos quais ir basear-se ao longo do desenvolvimento do texto (mbito externo [linhas 3 5] e interno [linhas 5 7]).

    Nesse sentido, o candidato organizou sua introduo tendo em vista o padro consagrado na mencionada obra de Othon M. Garcia (pgina 378), na qual o autor indica que so essas (ideia ncleo e plano) as partes essenciais de uma boa introduo em um texto dissertativo. Ao longo dos quatro pargrafos seguintes, guisa de melhor sistematizar a argumentao, o candidato faz referncias recorrentes ideia ncleo (linhas 17 21; 29 32; 42 - 43) e aos planos (linhas 13, 26, 32).

    Ao longo dos pargrafos de desenvolvimento, o candidato utilizou diferentes estratgias consagradas na obra Comunicao em prosa moderna (pgina 224),

    a fim de deixar o texto o mais objetivo e sistematizado possvel. O candidato seguiu a compreenso, consagrada nesse livro, de apresentar um tpico frasal em cada pargrafo destinado a essa parte da dissertao (linhas 11 13; 22 23; 33 35; 42 43 e 49 52). Exemplos disso so os fatos de o candidato ter buscado apresentar um tpico frasal por meio de uma declarao inicial (l. 11 13), dois tpicos frasais histricos (l. 22-23 e 33 35), bem como um tpico frasal diludo (l.42 43 e 49- 52).

    Alm da preocupao com a sistematizao e objetividade, o candidato visou a reforar a pertinncia de seus argumentos recorrendo a mtodos de argumentao apresentados na obra de Garcia (pgina 381). Exemplos disso so os recursos ao argumento de autoridade (l. 13 16 e 35 38) e a fatos e exemplos (38 41 e 43 49).

    Na concluso, o candidato buscou seguir as instrues de Garcia (pgina 379) de repisar a ideia ncleo, apresentada na introduo da dissertao. De modo a garantir a objetividade e a clareza necessrias ao texto, o candidato props concluso que faz remisso ideia ncleo explicitamente vinculando-a ao plano internacional (l. 54 57) e ao plano interno (l. 57 60), j que so esses os planos apresentados na introduo.

    Em virtude da correspondncia entre a proposta da questo formulada pela banca e a argumentao empregada na resposta do candidato argumentao essa pautada nas concepes consagradas da comunicao escrita - requer-se, respeitosamente, a reviso da nota conferida em leitura preliminar.

    Referncia: GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna: aprenda a

    escrever, aprendendo a pensar. 26 E

    Indeferido CONTEDO Quesito 2.1 Recurso indeferido. O tema da redao a discusso das

    perspectivas de longo prazo da PEB, a partir do pronunciamento de dois Chanceleres, Azeredo da Silveira e Luiz Alberto Figueiredo. bem possvel que o prprio Othon M. Garcia estranhasse a ausncia de referncia aos autores na redao, e, mais ainda, da citao dos nomes de Henry Kissinger e Srgio Buarque de Holanda, que atestam princpios semelhantes aos que se encontram nos textos sugeridos. Ocorre que, ao longo da redao, a capacidade de argumentao se v de fato comprometida porque o candidato, sem fugir inteiramente ao tema, optou por discutir aspectos da PEB sem demonstrar que a motivao principal deveria ser o comando da questo e os elementos presentes nos textos. Assim, a banca mantm a pontuao atribuda por estar proporcional ao desempenho do candidato.

  • 46,75/60

    O planejamento da poltica externa brasileira depende de dados

    conjunturais endgenos e exgenos, de modo que a perspectiva estratgica do

    desenvolvimento esteja sempre presente na insero internacional do pas. O

    Brasil representa potncia emergente que defende um multilateralismo de

    reciprocidade e busca uma ordem internacional mais justa e equilibrada, em

    um contexto de novas dinmicas internas e globais. Por isso, convm analisar

    os trs eixos de ao que sustentam as perspectivas da poltica exterior de

    longo prazo e o multilateralismo: o econmico, o poltico e o social.

    No domnio da economia, o Brasil a sexta maior economia do mundo e

    um dos mercados emergentes mais atrativos para o capital globalizado. A

    necessidade de continuar a crescer, em meio crise financeira internacional,

    apresenta-se como desafio para a poltica econmica nacional e para os rumos

    da poltica externa brasileira. O peso do pas na economia mundial o fez

    integrar a principal coalizo multilateral de dilogo e de concertao poltica

    sobre o sistema financeiro contemporneo, o G-20 financeiro, onde o Brasil

    defende a cooperao entre pases em desenvolvimento e desenvolvidos para

    que a renda e o emprego sejam estimulados. A diplomacia brasileira age de

    modo pragmtico ao usar o multilateralismo financeiro como vetor do

    desenvolvimento econmico internacional, visto que o crescimento da

    economia nacional depende do incremento das exportaes e do influxo de

    capitais.

    A poltica interna influencia as diretrizes da poltica exterior. O Brasil

    constitui potncia emergente guiada em suas relaes internacionais por

    princpios constitucionais que abrangem a defesa da paz e a prevalncias dos

    direitos humanos. O pas demonstra, portanto, ter credenciais para ser

    liderana emergente no multilateralismo poltico em face da nova distribuio

    de poder global, onde predomina a multipolaridade. Nesse contexto, a

    diplomacia brasileira almeja unir-se a outros pases emergentes para reformar

    as instncias internacionais de deciso, de modo a dot-las de maior

    legitimidade e eficcia. O Brasil foi um dos incentivadores para a criao do

    Conselho de Direitos Humanos da Organizao das Naes Unidas (ONU) e

    sustenta uma reforma no principal rgo multilateral a cuidar da manuteno

    da paz e da segurana internacionais, o Conselho de Segurana da ONU.

    Dessa forma, a poltica externa ptria recorre ao realismo para defender os

    interesses brasileiros, vinculados aos princpios constitucionais.

    A grandeza da nao e o papel do Brasil no mundo no se resumem ao

    aspecto econmico e poltico. Estes se associam ao plano social nas diretrizes

    de longo prazo adotadas pela diplomacia. O pas conseguiu algo indito ao unir

  • as aspiraes democrticas da nao ao combate fome e pobreza.

    Polticas econmicas e sociais retiraram milhes de brasileiros da misria, o

    que embasa o desenvolvimento social. O Brasil , portanto, exemplo para o

    mundo e no pode abster-se de difundir os projetos nacionais de cunho social

    para outros pases por meio de aes bilaterais ou multilaterais de cooperao.

    A cooperao para o desenvolvimento mostra a vontade brasileira de constituir

    a igualdade de oportunidades nas relaes internacionais.

    O desenvolvimento o maior objetivo da poltica externa brasileira, seja

    de longo prazo, seja de curto prazo. Os domnios da economia, da poltica e do

    social servem como base para que aes especficas alcancem os interesses

    nacionais, os quais esto em consonncia com um multilateralismo mais justo,

    em contexto de configurao de uma nova multipolaridade. O Brasil coopera,

    consequentemente, para que a coeso de ideias multilaterais seja elemento

    estratgico de planejamento da poltica externa. Dessa forma, o Estado

    brasileiro conseguir consolidar-se como potncia emergente e contribuir para

    que a multipolaridade sistmica seja oportunidade para a igualdade entre todos

    os pases. Para tanto, a poltica externa une as circunstncias internas e os

    cenrios internacionais para estimular o desenvolvimento nacional e o

    progresso da sociedade internacional.

    Marcaes da banca:

    1 Emprego de conectores

    Emprego de conectores

    Avaliao:

    Apresentao 6,25

    Argumentao 6,25

    Anlise 6,25

    Gramtica 28,0

  • 46,75/60

    A elaborao de perspectivas de longo prazo para a poltica externa

    brasileira exige que se considerem circunstncias internas e internacionais, as

    quais definem valores e limites para a atuao do pas. O Brasil no possui

    recursos militares que lhe permitam exercer influncia determinante na

    conformao do sistema internacional. O pas busca garantir seus interesses

    por meio de iniciativas que lhe assegurem posio internacional adequada.

    Interessa-lhe a manuteno de estabilidade na ordem mundial, com predomnio

    de esforos cooperativos. Esse cenrio propicia condies favorveis ao

    desenvolvimento socioeconmico.

    A poltica externa brasileira apresenta aspectos de continuidade e de

    mudana. As mudanas percebidas nessa poltica so tributrias de

    transformaes das circunstncias internas do pas e de novas formas de

    distribuio de poder no cenrio internacional. Novas perspectivas no

    significam, nesse caso, rupturas; antes, referem-se a maior nfase em

    determinados temas da agenda internacional ou a esforos renovados em certo

    sentido. Os traos de continuidade so caractersticos do discurso diplomtico

    brasileiro. Quase cinquenta anos separam, no tempo, discurso proferido pelo

    Ministro de Estado Antonio Francisco Azeredo da Silveira de outro discurso,

    proferido pelo Ministro de Estado Luiz Alberto Figueiredo Machado. Ambos

    apontam a importncia de pensamento estratgico que permita ao Brasil

    aproveitar suas potencialidades, para inserir-se de forma mais favorvel no

    sistema internacional.

    As circunstncias internas, ora vigentes, no Brasil, possibilitam ao pas

    buscar uma nova insero. Nos ltimos trinta anos, promoveu-se a

    redemocratizao e alcanou-se a estabilidade macroeconmica. A

    Constituio Federal, promulgada em 1988, assegura a transparncia das

    eleies e o respeito s garantias individuais. Iniciativas de combate pobreza

    implicaram ascenso social de milhes de brasileiros. Esse conjunto de

    novas condies e de novas caractersticas influenciou a formulao da poltica

    externa. Hoje, o Brasil apresenta-se como pas emergente, democrtico e

    promotor da cooperao em prol do desenvolvimento socioeconmico. Essa

    condio permite que o pas reivindique uma ordem internacional justa,

    democrtica e inclusiva.

    O cenrio internacional contemporneo pode oferecer oportunidades

    valiosas para o atendimento das reivindicaes brasileiras. O fim da Guerra

    Fria ensejou surgimento de cenrio internacional multipolar, no qual no h

    centros hegemnicos absolutos. Por um lado, o novo contexto pode resultar em

    recrudescimento de rivalidades; por outro lado, pode significar melhores

  • chances para os ensaios de cooperao internacional e para solues

    pacficas de conflitos armados. Ao Brasil, interessa atuar em prol do segundo

    cenrio. Um contexto de estabilidade sistmica, reforado pela cooperao e

    pela solidariedade, propicia espao para a ascenso dos emergentes e

    fomenta a reforma democrtica de foros decisrios internacionais.

    As perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira devem

    buscar o atendimento dos interesses nacionais. O desenvolvimento

    socioeconmico e a reforma das instncias decisrias internacionais figuram

    como objetivos bsicos da poltica externa ptria. Esses interesses tm guiado

    a ao internacional do Brasil nos ltimos cinquenta anos. O Brasil no possui

    excedentes de poder militar, os quais poderiam permitir ao pas exerccio de

    influncia significativa nos foros decisrios que articulam as relaes

    internacionais. As iniciativas de poltica externa consideram essa limitao e

    tm buscado promover a formao de um novo cenrio internacional, no qual o

    poder militar no seja preponderante de forma absoluta.

    O sistema internacional contemporneo oferece desafios e

    oportunidades para o Brasil. As perspectivas de longo prazo da poltica externa

    brasileira devem promover avaliao crtica dos novos cenrios, de forma a

    assegurar a consecuo dos objetivos nacionais. Mudanas no contexto

    interno do pas, nos ltimos trinta anos, possibilitam uma ao internacional

    proativa e legtima, a qual busca assegurar formao de contexto sistmico

    favorvel cooperao e ao desenvolvimento. possvel que o mundo adote

    essa perspectiva, uma vez que o fim da Guerra Fria ampliou as margens de

    manobra necessrias para o exerccio da cooperao; preciso evitar, no

    obstante, surgimento de rivalidades que restringiriam essas margens de

    manobra e que seriam prejudiciais a pases, como o Brasil. No longo prazo, o

    Brasil seria beneficiado por um sistema internacional democrtico e

    cooperativo.

    Marcaes da banca:

    1 Pontuao

    2 Pontuao

    Avaliao:

    Apresentao 6,25

    Argumentao 6,25

    Anlise 6,25

    Gramtica 28,0

    Comentrio do candidato:

  • Nessa prova, fui penalizado por dois erros de gramtica: ausncia de vrgula

    antes da orao subordinada adverbial final no trecho que permita ao Brasil aproveitar

    suas potencialidades, para inserir-se de forma mais favorvel no sistema internacional

    e presena de vrgula desnecessria no trecho que seriam prejudiciais a pases,

    como o Brasil. Dois casos de falta de ateno, sendo que, no segundo, a vrgula era

    sobra de um perodo que cortei seria pases que, como o Brasil, no detm

    excedentes de poder militar.

    Fica a dica: cuidado com as vrgulas e com as sobras de trechos cortados, na

    redao final.

  • 42,50/60

    A poltica externa est efetivamente relacionada com a conjuntura

    nacional e internacional. Diversas mudanas, como a emergncia de pases

    em desenvolvimento, com crescimento econmico superior ao de naes ricas,

    e a difuso de protestos populares em vrios Estados, tm ocorrido nas ltimas

    dcadas. Essas alteraes influem na formulao das estratgias diplomticas.

    O contexto interno , tambm, base para a ao internacional. No caso do

    Brasil, seu papel ao lado dos grandes emergentes, as mudanas

    socioeconmicas e a tradio histrica e principiolgica so fatores que

    norteiam as diretrizes externas. Considerando-se que o desenvolvimento um

    dos maiores objetivos brasileiros, por meio da articulao desse conceito com

    o contexto nacional e o internacional que devem ser analisadas as perspectivas

    da poltica exterior.

    A adequao ao cenrio interno es