calango lumbrera

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  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    Prova escrita de Lngua

    Portuguesa2 fase

    O Calango comentado

    Fernando Entratice e Francisco Moura

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    Ver seu primeiro espelho de provas da segunda fase pode ser uma experincia um pouco

    assustadora. Isso porque no h absolutamente nenhuma marcao do corretor no texto: a

    verso digitalizada que o candidato recebe est imaculada, como se tivesse acabado de ser

    entregue ao fiscal de provas. Entretanto, acompanha-a uma tabela, na qual constam todos os

    erros e as linhas nas quais eles se encontram. Como saber onde esto os erros? Alguns, os mais

    objetivos pontuao, concordncia nominal e verbal, regncia nominal e verbal etc. , so

    facilmente identificveis. Outros muitas vezes s podem ser plenamente compreendidos aps o

    recebimento de resposta do corretor ao seu recurso especialmente os famigerados erros de

    construo de perodo, marcao que utilizada quando h mau uso da lngua portuguesa ou

    problemas nas relaes de sentido construdas.

    Esse documento parte de um esforo para desmistificar a correo da prova escrita de lngua

    portuguesa. Surgiu de um trabalho conjunto deste que vos escreve e do professor Francisco

    Moura, absoluta sumidade quando o assunto preparao de segunda fase na cidade de So

    Paulo. Nosso ponto de partida o Guia do Calango Lumbrera as melhores e piores respostas

    do CACD 2014, que, de modo inovador, apresentou as provas completas de segunda fase dos

    18 aprovados. O material valiosssimo, mas identificamos que algumas marcaes parecem

    imprecisas, o que levava a constantes questionamentos dos alunos.

    Por isso, resolveu-se pela produo de um documento com comentrios acerca dos erros

    microestruturais identificados pela banca em todas as 18 redaes e nos 36 exerccios.

    Excetuam-se, claro, aquelas facilmente identificveis. Nos casos em que a marcao realizada

    pelo editor do Guia do Calango ou pelo prprio dono da redao parecer no corresponder

    ao erro definido, h uma proposta alternativa de local e uma curta justificativa para isso.

    Por fim, tentou-se, o melhor possvel, explicar o motivo para as indicaes de construo de

    perodo. Debat-las construtivo e ajuda a entender como o corretor analisa as provas; por

    isso, no nos furtamos de apresentar nossa opinio. Importante deixar claro, contudo: ela no

    passa disso, de uma opinio, de uma avaliao acerca dos possveis motivos que justifiquem o

    que foi marcado, sem nenhuma pretenso de tornar-se verdade absoluta.

    Para terminar este curto texto, agradeo imensamente aos aprovados no CACD de 2014. Sem o

    esforo conjunto desses recm-aprovados diplomatas, que digitaram suas provas e as

    compilaram em um documento pblico, estes comentrios no seriam possveis.

    Nas pginas abaixo, segue um modelo de espelho, sem notas, apenas com as marcaes

    microestruturais, para conhecimento daqueles que nunca viram como a correo. Em

    seguida, seguem as provas da segunda fase retiradas do Guia do Calango Lumbrera, com

    comentrios onde for relevante.

    Abrao e bons estudos,

    Fernando Entratice

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    PORTUGUS*As marcaes dos erros microestruturais foram destacadas em vermelho

    REDAO

    Texto I

    Planejar uma poltica externa exige alm do conhecimento da conjunturainterna do pas o estudo do quadro internacional dentro do qual essa poltica deveroperar. necessrio, portanto, antes de mais nada, tentar prever a evoluo provvelda conjuntura mundial nos prximos anos, como pano de fundo para as opespossveis da diplomacia brasileira. Um exerccio desse gnero comporta elementos

    impressionsticos inevitveis, pois no possvel antecipar tendncias futuras com amesma preciso com que podemos descrever acontecimentos atuais. O mximo quepodemos fazer para limitar o alcance do componente puramente especulativo formular hipteses alternativas e, em seguida, verificar a maior ou menorplausibilidade de cada uma delas.

    Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Poltica externa brasileira: seusparmetros internacionais. 16/1/1974. Arquivo do CPDOC, FGV.

    Texto II

    O Brasil, em razo de fatores objetivos, tem um destino de grandeza, aindarelativa em nossos dias, ao qual no ter como se furtar, e isso lhe impe a obrigaode encarar o seu papel no mundo em termos prospectivos fundamentalmenteambiciosos. Digo ambio no sentido de vastido de interesses e escopo de atuao,e no no desejo de hegemonia ou de preponderncia.

    Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Discurso proferido em 9/11/1976, apudMatias Spektor (Org.). Azeredo da Silveira: um depoimento. Rio de Janeiro: Editora

    FGV, 2010.

    Texto III

    O mundo tem passado por transformaes significativas, e o lugar do Brasil nomundo mudou. Essas transformaes incidem sobre a prpria distribuio do podermundial. Desenham-se os contornos de uma configurao multipolar da geopoltica eda geoeconomia mundial. A desconcentrao do poder econmico e poltico no

    confluncia dessas grandes transformaes no Brasil e no mundo tem efeitos

    significativos sobre a formulao e a execuo da poltica externa brasileira. Tenhoenfatizado que a poltica externa parte integral do projeto nacional de

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    desenvolvimento do Brasil econmico, poltico, social, cultural. Nesse papel deinstrumento do desenvolvimento, uma poltica externa sem perspectiva estratgica delongo prazo torna-se reativa, sem direo.

    Luiz Alberto Figueiredo Machado. Discurso proferido na abertura dos Dilogos

    sobre Poltica Externa, em 26/2/2014 (com adaptaes).

    A partir da leitura dos fragmentos de texto acima, discuta e opine arespeito das perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira, tendo emvista as circunstncias internas e os cenrios internacionais a ela relacionados.

    Extenso do texto: 600 a 650 palavras

    [valor: 60 pontos]

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    53,25/60

    O Pragmatismo Responsvel, conduzido por Azeredo da Silveira, e a

    poltica externa contempornea apresentam aspectos de continuidade e deruptura. Tanto a estratgia desenvolvida na dcada de 1970 quanto aquelaelaborada por Luiz Alberto Figueiredo enfatizam o desenvolvimento e amitigao das assimetrias globais como objetivos de longo prazo da diplomaciabrasileira. Cabe ressaltar, entretanto, que no somente o contexto internacional, significativamente1,diferente nos dois perodos, mas tambm os meios deao externa do Brasil foram transformados. O processo de redemocratizaoe a maior projeo do pas no mundo ampliaram os temas da agendadiplomtica nacional e viabilizaram o aumento do interesse da sociedade pela

    poltica externa do pas, o que influenciar, positivamente, o processo deinsero do Brasil no contexto global.

    Segundo Gelson Fonseca, uma das diferenas fundamentais entre apoltica externa do perodo posterior redemocratizao e aquela desenvolvidadurante o regime de exceo a nfase no multilateralismo como meio deao. Segundo o autor, a busca de autonomia decisria, na dcada de 1970,dava-se pelo afastamento brasileiro dos foros internacionais, em estratgia quedenominou autonomia pela distncia. Atualmente, o mbito multilateral meioprioritrio da ao externa do pas, o que caracteriza o novo paradigma da

    poltica externa nacional, chamado autonomia pela participao. Os forosmultilaterais tornaram-se, portanto, centrais na estratgia de insero de longoprazo do pas, o que pode ser evidenciado pelo ativo engajamento brasileiro nareforma da Organizao das Naes Unidas (ONU) e pela criao deorganizaes internacionais regionais, de que exemplo a Comunidade dosEstados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

    Luiz

    demonstra o interesse de que a autonomia pela participao no seja obtida

    somente com a insero do pas no mbito multilateral, mas tambm pelo ativoengajamento da sociedade civil na formulao da poltica externa. Aelaborao do Livro branco da poltica externa, no qual sero apresentadas asdiretrizes de longo prazo da estratgia internacional do Brasil, bem como arealizao dos Dilogos sobre Poltica Externa, 2 evidncia da importnciaatribuda pela diplomacia participao popular. Esse processo garantelegitimidade tendncia de continuidade da projeo internacional do Brasil eaos pleitos histricos de democratizao dos foros multilaterais, o que dota decontedo a emergncia poltico-econmica nacional.

    dvrbio e doicativo ecterizarente". Por, no poderiar isolado

    e vrgulas.

    A construoutilizando a estruturacorrelativa "bemcomo" foi vista comoaditiva e, portanto, osujeito foi avaliadocomo composto. Porisso, o correto seria"so".

    Para outra visosobre essa estrutura,vide p. 68.

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    A Rio+20 e a Conferncia das Naes Unidas para o meio ambiente e oDesenvolvimento (CNUMAD) so simblicas do momento de transio dasestratgias desenvolvidas pelos regimes militares para as elaboradas peladiplomacia democrtica. Essas conferncias no se destacam apenas pelagrande participao de Chefes de Estado e pela contribuio popular, mastambm porque consolidaram o meio ambiente como tema prioritrio daagenda internacional. Os direitos humanos, o desenvolvimento social e o meioambiente no so mais considerados secundrios, o que relativiza a ideia deque a diplomacia trata apenas de temas distantes da populao. H, portanto,uma tendncia de aproximao das polticas pblicas desenvolvidasinternamente e aquelas elaboradas no mbito internacional, o que transformaas polticas externas contemporneas e do futuro em importantes meios dedesenvolvimento econmico e social.

    As reivindicaes histricas do Estado brasileiro pela diminuio dasassimetrias globais e pelo desenvolvimento de um multilateralismo dereciprocidade foram complementadas, recentemente, pela maior participaoda sociedade civil no processo de elaborao da poltica externa. Esse maiorengajamento fortalece os pleitos tradicionais do Brasil, como a reduo dapobreza e a reforma das organizaes internacionais com sistema derepresentao inadequado ao sculo XXI, e garante legitimidade ascensodo pas no mbito externo. Esses processos so desenvolvimentoscontemporneos, mas que3devero influenciar a diplomacia brasileira no futuro

    da Silveira, ser atingido no pelo alijamento da populao, mas pela suaintensa contribuio.

    Marcaes da banca:

    1 Pontuao

    2 Concordncia Verbal

    3 Construo de perodo/Colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 8,75

    Argumentao 10,0

    Anlise 7,50

    Gramtica 27,0

    Esse "que" expletivo. Aqui, seria necessrio utilizar apenas a conjuno"mas", caso o objetivo fosse construir o valor adversativo (sodesenvolvimentos contemporneos, mas devero influenciar a diplomaciano futuro) ou apenas o "que" (nesse caso como pronome relativo) iniciandoorao adjetiva explicativa (so desenvolvimentos contemporneos, quedevero influenciar a diplomacia no futuro). A escolha dependeria darelao de sentido que procurada pelo candidato.

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    52,75/60

    O mundo hodierno experimenta transformaes significativas. Em nvel

    sistmico, verifica-se a ascenso da China ao grupo das grandes potncias e arecuperao da Rssia, em termos polticos e militares. Esses dois dados,tomados em conjunto, tero consequncias ainda imprevisveis para a ordemmundial futura. Adicionalmente, os efeitos da crise financeira de 2008 tmdemonstrado que os Estados Unidos e a Europa devero ter sua hegemoniaeconmica e financeira, nos prximos anos, mais relativizada. Considerando ascondicionantes externas e as circunstncias internas do Brasil, pode-se afirmarque os formuladores de poltica interna e externa devem ser capazes deantecipar algumas tendncias, de modo a manter a continuidade do projeto de

    desenvolvimento nacional.O Brasil um pas de renda mdia, onde h uma quantidade de jovens

    proporcionalmente maior do que a de crianas e de idosos. Estima-se que essacaracterstica da pirmide etria brasileira dure, aproximadamente, mais duasdcadas. Nesse sentido, para que o Brasil possa elevar a renda mdia dapopulao, necessrio que se invista na qualificao da mo de obra,sobretudo, nas reas do setor produtivo que requerem forte base em fsica, emqumica e em matemtica. Atualmente, verifica-se uma carncia da ordem decem mil professores nessas reas. Consequentemente, essa uma limitao

    interna com a qual o Brasil ter de lidar nos prximos anos.

    A estrutura produtiva atual est organizada em cadeias globais de valor.Uma das maneiras de integrar-se, beneficamente, a essas cadeias porintermdio da intensificao da agenda de cooperao internacional na reacientfica e tecnolgica. Nesse contexto, uma hiptese plausvel a de quepases emergentes devero aumentar, significativamente, sua parte naproduo cientfica de alto nvel. Projeta-se, por exemplo, que a China ir, embreve, ultrapassar os Estados Unidos na produo de artigos cientficos.Consequentemente, para alm das parcerias tradicionais, seria vantajoso para

    o Brasil intensificar o envio de estudantes no mbito do programa Cincias semFronteiras para os pases do BRICS, bem como desenvolver polticas deatrao de pesquisadores para o Brasil, de modo a elevar a projeointernacional do Brasil nessa rea.

    A estrutura do balano de pagamentos do Brasil tpica de pases emdesenvolvimento, o que significa que o Brasil deficitrio em transaescorrentes e necessita de supervits na conta capital e financeira. Emdecorrncia dessas circunstncias, o Brasil necessita criar poupana interna,para conseguir viabilizar os investimentos necessrios para o desenvolvimentonacional. Ser necessria, a longo prazo, uma complexa reestruturao dos

    Importante ver ocomentrio docorretor, na respostado recurso, sobreesse tema.

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    processos produtivos, para modificar o perfil deficitrio das transaescorrentes; alm disso, ser imprescindvel aumentar o nvel de investimentosinternos, o que implicar mudanas internas, a fim de aumentar o nvel depoupana domstica.

    No mbito externo, deve-se reconhecer que, no futuro, ser mais difcilconseguir inserir-se em terceiros mercados, considerando a competitividadeque caracteriza o comrcio internacional. O Brasil dever aproveitar, aomximo, o perfil universalista de sua poltica externa, a fim de viabilizar aabertura de mercados para produtos brasileiros, preferencialmente, de maiorvalor agregado. Nesse sentido, o Brasil deve priorizar a insero em mercadosconsumidores emergentes, como o caso do continente africano, cuja classemdia se estima ser de, aproximadamente, 300 milhes de pessoa e quetender a aumentar nos prximos anos.

    Em sntese, conquanto haja incertezas inerentes ordem internacionalhodierna, verifica-se uma tendncia de fortalecimento dos dois principaispases do bloco euroasitico, bem como de crescimento econmico docontinente africano. O principal desafio para os formuladores de polticaspblicas brasileiros o de criar condies para transformar o pas em umasociedade do conhecimento, baseada na produo de itens de alto contedotecnolgico. Para a consecuo desses objetivos, as estratgias que sepropem so a intensificao da cooperao cientfica no mbito dos BRICS,alm da busca de novos mercados para os produtos manufaturados brasileiros.

    Marcaes da banca:

    1 Construo de perodo/Colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 8,25

    Argumentao 7,50

    Anlise 7,50

    Gramtica 29,0

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    Comentrio do candidato:

    Recurso (argumentao do candidato):

    O Candidato solicita a reviso do que foi considerado erro de construo deperodo/colocao de termos. O trecho "[...] forte base em fsica, em qumica e emmatemtica", vale-se do paralelismo sinttico, por meio da repetio da preposio"em", conforme prescrito no livro "Comunicao em Prosa Moderna", de Othon M.Garcia, pginas 52 e 53.

    Resposta da banca: recurso indeferido:

    A argumentao apresentada no sustenta o recurso. Registra-se erroreferente repetio da preposio "em" no trecho: "... forte base em fsica, emqumica e em matemtica", visto que, nesse caso, a conciso deve prevalecer aoparalelismo, j que no se justificam palavras repetidas sem qualquer efeito enftico,

    sem que sejam necessrias para evitar interpretao equvoca e cujo sentido sejalogicamente deduzvel. Tambm no h, no trecho, estrutura de longa extenso queexija retomada da preposio, portanto, a sua repetio concorre para a prolixidade dotexto. No item 1.4.5 Coordenao, correlao e paralelismo, da obra citada no texto derecurso, Garcia afirma: "...Entretanto, o paralelismo no constitui uma norma rgida,nem sempre , pode ou deve ser levado risca, pois a ndole e as tradies da lnguaimpem ou justificam outros padres".

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    52,25/60

    A importncia de uma viso de longo prazo no planejamento da poltica

    externa, bem como a conscincia do potencial de atuao global do Brasilestavam presentes nos discursos do chanceler Azeredo da Silveira na dcadade 1970 e, quatro dcadas depois, so reafirmadas pelo chanceler FigueiredoMachado. O exerccio da diplomacia pressupe uma leitura atenta dastendncias internas e internacionais para que se formule uma inseroproativa, e no simplesmente reativa, na ordem mundial. Nesse sentido, osdesafios que se colocam poltica externa contempornea referem-se, noplano interno, s demandas populares por aprofundamento da democracia e,no plano externo, aos avanos em direo a uma multipolaridade econmica e

    tambm poltica. Recentes iniciativas do Itamaraty tm demonstrado esforoconstante em se adaptar a essas transformaes e dotar a poltica externabrasileira de perspectivas estratgicas fiis s ambies do pas.

    No que tange s circunstncias internas, importante reconhecer que osanseios da populao brasileira por maior participao poltica, manifestadosem junho de 2013, no se esgotam a questes puramente nacionais. Ointeresse por assuntos internacionais tem-se elevado na medida em que oBrasil se consolida como ator de peso nas relaes internacionais e que aglobalizao permite uma conexo direta com o que acontece no exterior. Em

    ateno a essa tendncia, o Ministrio das Relaes Exteriores antecipou-seno reconhecimento da importncia de ouvir a populao na formulao dapoltica externa. de se notar a velocidade com que tem atualizado seusmtodos de trabalho para fomentar esse dilogo. Trs novos canais decomunicao j foram abertos, como a promoo de conferncias comparticipao da populao civil, o uso de redes sociais para recolher sugestese crticas e o contato direto da Presidenta da Repblica com o setorempresarial. Esse aggiornamento indica que, no longo prazo, as perspectivasso de uma poltica externa cada vez mais legtima, forte e, sobretudo, criativa.

    Em relao ao cenrio internacional, a previso de que a ordem mundialse configure de maneira multipolar tem orientado novas iniciativas tanto nombito poltico quanto econmico. Consciente da desconcentrao do poderpoltico no espao internacional, o Brasil tem-se esforado em articular seusparceiros para promover umademocratizaodos foros internacionais, como aOrganizao das Naes Unidas e o Fundo Monetrio Internacional, que dmaior voz aos pases em desenvolvimento. A perspectiva de que, no futuroprximo, o Brasil ocupe um assento permanente no Conselho de Seguranaparece adequada para um pas com tradio de soluo pacfica de

    controvrsias e de articulao de consensos. A desconcentrao do podereconmico na ordem mundial tambm oferece ao Brasil a oportunidade de se

    No se esgotam em.

    Aqui, foi apenada afalta de repetio do"em+o" antes de"econmico". Emparalelismos, demodo geral, indicado repetir apreposio emcasos nos quaishaja artigo definidoligado aos termos.

    sto complicadaonstruo doodo. Na minhaio, o problema o mau uso do

    ugus no termo

    or voz" (podeer "mais voz", noor voz").

    a questo ainda s agravada porsa da construocada: "umaocratizao que

    maior voz".

    ortante ressaltar:rros de

    struo deodo que s

    em seramenteficados com aosta do corretorecurso. Esse deles.

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    projetar na arena internacional com maior influncia para defender seus pleitos.A eleio, em 2013, do Embaixador Roberto Azevdo para o cargo de diretor-geral da Organizao Mundial do Comrcio demonstrou que o Brasil valorizado por seu protagonismo na defesa do sistema multilateral denegociaes comerciais. A perspectiva de longo prazo , tambm nesse caso,animadora, pois no apenas o Brasil, como os demais membros daquelaorganizao se beneficiaro da concluso exitosa da Rodada de Doha.

    Pelas razes acima discutidas, tudo indica que a poltica externabrasileira caminha em consonncia com as projees que no apenas osdiplomatas, como, agora tambm, a sociedade civil faz para os cenrios internoe global. Mesmo se essas projees no se provarem acertadas, h4flexibilidade suficiente entre os formuladores brasileiros para corrigir, demaneira pragmtica, os rumos. Conforme ressalta o chanceler Figueiredo

    poltica externa brasileira parte integral do projeto de desenvolvimentonacional. Nessa condio, continuar respondendo, de forma fidedigna, aosanseios da populao se mantiver a preocupao com estratgias de longoprazo.

    Marcaes da banca:

    1 Regncia Verbal

    Construo de perodo/colocao de termos

    Construo de perodo/colocao de termos

    4Construo de perodo/colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 10,0

    Argumentao 8,75

    Anlise 7,50

    Gramtica 26,0

    cuo conjuntivacessiva correta "mesmo se", smo que".

    smo se" parecemistura dao conjuntivacessiva "mesmo (que apresentaideia no

    editiva para aa principal) comnjuno

    dicional "se" (quesenta uma ideiase no ocorrer,

    edir a ao daa principal).e, portanto, aradio entre ass relaes deido criadas entre

    a principal e ideiaordinada.

    , a inteno dodidato clara: hbilidade, ainda

    mesmo queas projees norovemtadas.

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    51,50/60

    Desde o incio do sculo XX, a poltica externa tornou-se importantemecanismo para o projeto de desenvolvimento nacional. Durante a SegundaGuerra Mundial, por exemplo, a ao diplomtica proativa garantiu os recursosnecessrios ao incio do processo de industrializao brasileira, a qual foiessencial para a sustentabilidade do crescimento econmico nacional e para oascendente nvel de desenvolvimento social do pas. Desse modo, verifica-seque a anlise estratgica do governo brasileiro, ao evitar um posicionamentoreativo permitiu que a diplomacia ptria maximizasse os ganhos do pas,apesar das limitaes oriundas do contexto domstico e das circunstnciasinternacionais. A fim de lograr xito na implementao de uma poltica externa

    proativa que represente o interesse nacional, a diplomacia brasileira devedefinir estratgias de longo prazo que levem, em considerao, ascircunstncias domsticas e internacionais.

    A poltica externa brasileira influenciada, profundamente, pormodificaes na conjuntura interna, visto que elas alteram as prioridades e osobjetivos de longo prazo do pas. O fim da ditadura militar favoreceu ofortalecimento da sociedade civil, o que originou a necessidade de melhorar odilogo entre a sociedade brasileira e os formuladores de poltica externa, a fimde que a diplomacia no s contribusse para a consolidao democrtica, mas

    tambm representasse, internacionalmente, os pleitos desse povo que selibertara do autoritarismo. Reforada pelo fim da Guerra Fria, a traduodiplomtica desse processo consiste na nfase ao multilateralismo e democratizao dos foros decisrios internacionais como objetivos centrais dapoltica externa brasileira, a fim de que o fortalecimento da ordem multilateralpermita uma maior representatividade dos interesses dos pases emdesenvolvimento na agenda internacional.

    A conjuntura internacional impe limites ao diplomtica brasileira, namedida em que apresenta um processo decisrio bastante concentrado. Dessemodo, a agenda internacional definida com base nos interesses de um gruporestrito de pases, do qual o Brasil est excludo. Essa perspectiva tem sidoalterada, em razo do acelerado crescimento econmico dos pasesemergentes, cuja importncia ascendente foi verificada durante a crisefinanceira de 2008, quando o apoio deles foi fundamental para amenizar osefeitos danosos da instabilidade financeira. A verificao da maiorinterdependncia entre os pases tem estimulado a aceitao de quedemocratizar os mecanismos de governana global favoreceria a estabilidademundial, alm de ampliar a representatividade do processo decisrio

    internacional. Desse modo, a estratgia diplomtica brasileira mostra-se emsintonia com as tendncias mundiais.

    O problema, aqui,no s a vrgulamarcada; so asduas que isolam otermo "emconsiderao". Essetermo complementao sentido do verbo eno deve estarisolado entre

    vrgulas.

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    No Brasil, a recente ascenso poltica de governos progressistasfortaleceu a nfase dada pela diplomacia ptria temtica do desenvolvimentoeconmico e social. Desse modo, o desenvolvimento integral dos povos torna-se objetivo primordial da poltica externa brasileira. O contexto internacional decrescente instabilidade, sobretudo em regies mais pobres, corrobora ainterpretao da diplomacia brasileira de que o combate fome e misria anica iniciativa capaz de prover estabilidade ao sistema internacional. Dessaforma, as circunstncias internacionais indicam que a promoo dodesenvolvimento deve continuar sendo o paradigma orientador da estratgiainternacional brasileira no longo prazo.

    Verifica-se que os formuladores da poltica externa brasileira tm logradoxito em estabelecer diretrizes de longo prazo que permitam a realizao dosobjetivos nacionais e que ampliem a projeo internacional do Brasil. Os

    impactos das modificaes polticas no mbito domstico favoreceram oestabelecimento de uma diplomacia proativa que est em sintonia com osinteresses dos pases em desenvolvimento e que, portanto, se torna maisrepresentativa, o que amplia o poder de barganha do Brasil. Essarepresentatividade permite ao pas reduzir os limites impostos por um processodecisrio internacional ainda bastante concentrado, visto que legitima a defesabrasileira da democratizao dos foros internacionais e do fortalecimento domultilateralismo, ambos essenciais para a paz mundial.

    Marcaes da banca:

    1 Pontuao

    Avaliao:

    Apresentao 8,75

    Argumentao 10,0

    Anlise 7,50

    Gramtica 29,0

  • 7/24/2019 calango lumbrera

    18/89

    50,75/60

    A poltica externa brasileira tem como objetivo permanente a busca dodesenvolvimento; este, entretanto, no se limita, apenas, ao crescimentoeconmico. A diversidade dos condicionantes que caracterizam uma naoverdadeiramente desenvolvida abrange aspectos como o respeito aos direitoshumanos, a justia social e a liberdade poltica. O vnculo indissocivel entredesenvolvimento e democracia norteia a ao externa brasileira. Nessesentido, os objetivos de longo prazo da poltica exterior do Brasil relacionam-secom a busca da democratizao dos sistemas de governana mundial, do quedecorre a necessidade de se ampliar a participao dos pases perifricos nosfruns decisrios internacionais. Contribuem para a consecuo da ambiciosa

    perspectiva brasileira a inevitabilidade do multilateralismo, em um contextomultipolar, e a consolidao democrtica, no mbito domstico, que, aofavorecer a participao popular na definio da poltica externa, conferelegitimidade aos pleitos do pas.

    A redemocratizao poltica, a conquista da estabilidademacroeconmica e a consolidao dos programas de incluso socialtransformaram as bases da insero internacional do Brasil. A melhora nopadro de distribuio de renda, em um ambiente de liberdade democrtica,suscitou o aparecimento de uma nova classe mdia, mais consciente,politicamente;mais demandante e crescentemente participativa. Alm disso, oacesso instantneo aos acontecimentos mundiais, o incremento da produoacadmica nacional acerca de temas internacionais, a intensificao dasrelaes de comrcio e das trocas culturais entre as naes contriburam paraampliar o engajamento da sociedade civil na agenda externa do pas. medidaque se consolida a democracia brasileira, inciativas que visam a expandir aparticipao popular na determinao do interesse nacional colaboram paraampliar a legitimidade dos posicionamentos do Brasil, no contextointernacional.

    A poltica externa brasileira dos ltimos doze anos baseou-se nodiagnstico da inevitabilidade dos pases emergentes para a resoluo dasproblemticas internacionais. A estes correspondem, por exemplo, a maiorcontribuio para o crescimento econmico mundial e a maior proporo dasemisses de carbono na atmosfera. Ao demonstrarem indita capacidade dese articularem em mltiplos temas, como a macroeconomia e o meio ambiente,pases como o Brasil, a ndia e a China comprovam que o mundo no podemais prescindir das naes perifricas. A tendncia multipolaridade no meramente conjuntural. Dessa forma, eventuais empeclios

    institucionalizao da nova ordem multipolar, com o atraso verificado nareforma do Conselho de Segurana da ONU, no devem ser interpretados

    Erro explicado norecursodisponibilizado pelocandidato. Exemplobom de como oserros de construode perodo podem,por vezes, serdifceis deidentificar.

    Aqui, alm de oponto e vrgula estarsendo utilizado deformadesnecessria,tambm h oproblema do

    isolamento do"politicamente"entre vrgulas. Elecaracteriza oadjetivo"consciente", nodeve ser isoladodesse termo. Pensebem: se voc trocar"politicamente" poroutro advrbio maissimples, usaria avrgula? ("muitomais consciente","bem maisconsciente")

  • 7/24/2019 calango lumbrera

    19/89

    como retrocessos s recentes conquistas do multilateralismo. Ademocratizao da governana mundial uma necessidade estrutural domundo contemporneo; os entraves para que isso ocorra so conjunturais.

    As transformaes paradigmticas a que visa o Brasil no ocorrero de

    forma abrupta. A diplomacia nacional no se baseia em aes de confrontao hegemonia vigente, mas na proposio de alternativas prticas que arelativizem, de forma a garantir uma transio segura e estvel para uma novaordem multipolar institucionalizada. No mbito financeiro, o advento do G-20,em substituio ao G-8, como frum principal das discussesmacroeconmicas, exemplifica a necessidade da integrao das novaspotncias financeiras, sem a excluso das tradicionalmente estabelecidas. Oprocesso de mudanas pretendido pelo Brasil, apesar de revolucionrio em seucontedo, deve ser implementado com pacincia estratgica, de forma a

    garantir avanos contnuos, sem ameaar a consolidao de conquistas jrealizadas.

    H uma evidente relao entre a consolidao da democracia, no mbitodomstico, e a busca da institucionalizao do multilateralismo, no contextoexterno. Na realidade, h o reforo mtuo desses dois condicionantes dapoltica externa brasileira. Esta, que, tradicionalmente, se constituiu comomecanismo para a consecuo do projeto de desenvolvimento nacional, volta-se para o estabelecimento e para a implementao de uma nova ordemmundial, mais democrtica e representativa. As perspectivas de xito so

    significativas, dada a irreversvel centralidade de que os pases emergentesdispem, no mundo contemporneo; a velocidade com que se concretizaro astransformaes ansiadas pelo Brasil, entretanto, depender de condiesconjunturais, o que de todo modo, no altera a tendncia geral de longo prazoao multilateralismo.

    Marcaes da banca:

    1 Construo de perodo/colocao de termos

    Pontuao

    Grafia/acentuao

    Avaliao:

    Apresentao 8,75

    Argumentao 7,50

    Anlise 7,50

    Gramtica 27,0

  • 7/24/2019 calango lumbrera

    20/89

    Resposta da banca: recurso indeferido

    Trata-se de falha na construo do perodo em apreo, o que dificultasua interpretao, visto que o trecho "do que decorre a necessidade de ..."relaciona-se com tudo o que foi expresso anteriormente, ou seja, conclui-se

    dessa formulao que "a necessidade de..." decorre do fato de "os objetivos..."estarem relacionados "busca da democratizao", o que incoerente. Parase concluir que "a necessidade..." decorre da "busca da democratizao..."apenas, essa relao deveria ser feita por meio do emprego de expressoconectiva (da qual) que especificasse essa correferncia.

  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    50,75/60

    As perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira

    caracterizam-se pela crescente legitimidade da ao do Brasil no mundo. Ascircunstncias internas e os cenrios internacionais contemporneos indicamque o pas pode contribuir de modo criativo para formao de ordemmultilateral mais justa. Pode-se afirmar que o atual esforo da diplomacianacional, consubstanciado no projeto de escrita do Livro Branco da PolticaExterna, resultar em maior coerncia entre prticas internas e externas,incremento do dilogo com a sociedade e fortalecimento do multilateralismocomo espao privilegiado de cooperao entre os povos.

    As transformaes pelas quais o Brasil tem passado ampliam alegitimidade da diplomacia nacional. Se Azeredo da Silveira, em plena ditaduramilitar, considerava que pas estava destinado grandeza, pode-se argumentarque o xito das polticas brasileiras de incluso social, conservao ambiental efortalecimento da cidadania esto transformando o prognstico de Silveira deprojeto liderado por poucos em sonho compartilhado por muitos. Conquanto oBrasil ainda enfrente desafios significativos em infraestrutura e educao, oplanejamento estatal em dilogo com a sociedade forma eficaz de solucion-los, pois incentiva prticas transparentes, em sintonia com o interesse nacional.

    Os cenrios internacionais de um mundo multipolar em formaorepresentam oportunidade nica para a poltica externa brasileira. Em que pesea maior possibilidade de divergncias entre Estados cujos recursos de poderso menos desiguais, a multipolaridade requer a cooperao entre as naes,porquanto nenhum pas pode determinar a agenda internacional sozinho.Fortalece-se, portanto, o multilateralismo como espao privilegiado para aconcertao poltica. Assim como as Naes Unidas esto promovendo adefinio colaborativa dos objetivos do desenvolvimento para o perodoposterior a 2015, o Itamaraty patrocinou a elaborao coletiva do Livro Branco,que contar com as contribuies de representantes do governo, do

    empresariado e da sociedade civil, presentes nos Dilogo sobre PolticaExterna.

    O desenvolvimento inclusivo nacional e o surgimento da multipolaridadeda cooperao contribuem para que se identifiquem trs tendncias para apolitica externa brasileira a longo prazo: maior coerncia, dilogo ampliado efortalecimento da estratgia multilateral. J no sculo XIX, Honrio HermetoCarneiro Leo compreendia que a poltica externa deve ser a outra face doprogresso interno. Esse entendimento continua a inspirar a atuao dos

    diplomatas brasileiros, e por essa razo que os avanos sociais e

    Todos os adjuntosadverbiais deslocadosdevem estar entrevrgulas? No, avrgula facultativa.Esse aqui o caso-limite: locuesadverbiais de 3 oumais palavras so asque a banca costumaconsiderar como olimite das chamadas"locues de grandeporte" (termo quecostuma aparecer nasgramticas paradefinir quando avrgula em adjuntosadverbiais obrigatria).

    Todas as locues

    adverbiais deslocadasde 3 ou mais palavras(alm das oraesadverbiaisdeslocadas) devemestarobrigatoriamenteentre vrgulas.

  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    democrticos contemporneos tendem a resultar em poltica externa maiscoerente e legtima.

    A expectativa de dilogo ampliado entre o Itamaraty e as sociedadesbrasileira e latino-americanas relaciona-se a tradies e inovaes da

    diplomacia nacional. Assim como a soluo pacfica de controvrsias foi oprincpio que inspirou o Baro do Rio Branco a propor dilogo franco entreArgentina, Brasil e Chile h mais de um sculo, o desejo de dialogar comcidados do pas e da regio tem feito o Ministrio das Relaes Exterioresempregar as tecnologias da comunicao para transmitir suas mensagens deforma clara e transparente.

    A terceira perspectiva que surge para a poltica externa futura a decrescente influncia nas organizaes multilaterais. Embora o Brasil j participeh dcadas desses foros, a ao histrica do pas era caracterizada sobretudopor atitude demandantes. Atualmente, a diplomacia brasileira no apenaspleiteia a reforma da governana global, como tem condies e legitimidadepara ofertar ideias e recursos para implement-la.

    Em O conto da ilha desconhecida, Jos Saramago descreve barco ondenavegam homem e mulher procura de suas identidades. Pode-se afirmar quea diplomacia brasileira, quando comeou a se universalizar, nos anos 1960, eracomo esse barco, pois no estava ainda plenamente harmonizada com osinteresses da maioria dos brasileiros, que viviam em pas desigual e

    progressivamente autoritrio. Atualmente, ao buscar legitimidade, promover odilogo e contribuir para o multilateralismo, o Brasil demonstra que aprendeu a

    Marcaes da banca:

    1 Pontuao

    Grafia/acentuao Grafia/acentuao

    Apresentao 8,75

    Argumentao 7,50

    Anlise 7,50Gramtica 27,0

  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    50,25/60

    Em um contexto internacional globalizado e em constantetransformao, a poltica externa adquire importncia crescente. Isso torna-seainda mais verdadeiro para pases como o Brasil, que almeja obter maiorinfluncia internacional, ao mesmo tempo que se dispe a assumir maioresresponsabilidades em temas como segurana internacional e cooperao parao desenvolvimento. As perspectivas de longo prazo para a poltica externabrasileira so favorveis, uma vez que h reforo do dilogo entre a sociedade

    brasileira e os formuladores de poltica externa, o que ocorre simultaneamente manuteno da tradio diplomtica do pas de defesa de um sistemainternacional mais equilibrado, baseado no Direito Internacional.

    Nos ltimos anos, como exposto pelo ministro Luiz Alberto Figueiredo,houve transformaes significativas no contexto internacional que favorecerampases em desenvolvimento. Esse novo contexto externo enseja maiorparticipao do Brasil em temas como a reforma da governana global, aresoluo pacfica de conflitos e a promoo do desenvolvimento. A diplomacia

    brasileira tem aproveitado o contexto internacional mais favorvel aos pasesem desenvolvimento para constituir ou para reforar diversos agrupamentos dedilogo e de concertao poltica, como BRICS, IBAS, UNASUL, CELAC eZOPACAS. Conquanto no seja possvel prever as prximas mudanas nocontexto externo, a existncia desses grupos confere diplomacia brasileiraoportunidades mais institucionalizadas de dilogo com diferentes pases, o que positivo.

    O contexto interno tem sido igualmente favorvel poltica externabrasileira. O xito de iniciativas de reduo da pobreza e da fome, que atesta o

    crescente desenvolvimento social do pas, possibilita a cooperao comdiversos pases. A temtica do desenvolvimento vertente tradicional dapoltica externa brasileira; a mudana das condies econmicas internas dopas, entretanto, tornou possvel a realizao de diversos programas decooperao para o desenvolvimento. A Agncia Brasileira de Cooperaodesenvolve iniciativas em vrios continentes, segundo os princpiosdesenvolvidos pela poltica externa brasileira, como a inexistncia decondicionalidades e a sustentabilidade dos projetos.

    Outro aspecto que permite considerar favorveis as perspectivas de

    longo prazo da poltica externa brasileira o crescente dilogo entre asociedade e os formuladores de poltica externa. Recentemente, o Ministrio

    "Ao mesmo tempo que" construo correta. Aqui, penso em duas hiptesespara a marcao: ou o corretor marcou o erro de colocao de termos noncio desse perodo (Isso se torna,j que pronome demonstrativomediatamente antes do verbo fator de prclise), ou marcou erro deconstruo de perodo na relao de sentido criada. Sou mais partidrio daprimeira opo.

    A maneira como foi escrita a locuo conjuntiva "ao mesmo tempo que"certamenteno o erro. Outra evidncia que comprova isso a marcaodo corretor: se o problema a locuo conjuntiva, por que ele usaria o erro decolocao de termos, sendo que h uma categoria de erros chamada"emprego de conectores"?

    Precisa citar osnomes dasorganizaes antesde usar a sigla?Esse um exemplobom paracomprovar queno, no precisa.Deixe para usar porextenso nomesmenos usuais.

  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    das Relaes Exteriores promoveu o seminrio Dilogos de Poltica Externa,do qual participaram acadmicos, estudiosos e empresrios, com o objetivo dedebater temas importantes para a poltica externa do Brasil. A elaborao deum Livro Branco de Poltica Externa, com diretrizes e objetivo da polticaexterna, confere maior previsibilidade ao externa do pas. Esse dilogoentre os diversos interessados em temas internacionais proporciona, ainda,maiores legitimidade e efetividade poltica externa brasileira, uma vez queuma poltica externa formulada de maneira isolada da sociedade e de seusinteresses no apresentar consequncias positivas durveis.

    Essa inovao recente de maior abertura ao dilogo interno existeconjuntamente com a manuteno das tradies da diplomacia brasileira, o que positivo para a imagem internacional do pas. O Brasil tem orientado suasaes externas por meio do respeito ao Direito Internacional e a princpios

    como a no-interferncia nos assuntos internos, a prevalncia dos direitoshumanos e a soluo pacfica de controvrsias. A manuteno dessa tradiodiplomtica tem proporcionado ganhos ao pas, como comprovado por suarecente eleio para presidir a Comisso de Construo da Paz daOrganizao das Naes Unidas. Com a permanncia dessas diretrizes edesses princpios, as perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileiramanter-se-o positivas.

    A poltica externa tem sido percebida como mais importante pelasociedade brasileira, uma vez que constitui poltica pblica cujo objetivo

    primordial o projeto de desenvolvimento nacional. Os contextos interno einternacional propiciaram ao externa mais abrangente para o Brasil,coadunando-Silveira. As perspectivas de longo prazo para a poltica externa brasileiratendem a ser favorveis, desde que sejam mantidos tanto o dilogo com asociedade quanto as tradies da diplomacia brasileira.

    Marcaes da banca:

    Construo de perodos; colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 7,50

    Argumentao 7,50

    Anlise 6,25

    Gramtica 29,0

  • 7/24/2019 calango lumbrera

    25/89

    50,00/60

    Azeredo da Silveira previa que o Brasil tinha um destino de grandeza.Para o chanceler de Geisel, isso significa que o pas tinha capacidade deexercer maior protagonismo na defesa de seus interesses, no mbitointernacional. Esse maior protagonismo dependia de mudanas tanto nocontexto interno quanto no contexto internacional. O Brasil hodierno no maiso mesmo em que viveu Azeredo da Silveira. A redemocratizao e ocrescimento econmico favoreceram a insero internacional do Brasil em ummundo cada vez mais multipolar. Avanou-se muito na busca dodesenvolvimento sustentvel e na defesa do meio ambiente; a essas

    perspectivas de longo prazo de poltica externa brasileira, porm, deve-seacrescentar a luta contra as desigualdades raciais, para que o Brasil atinja seupotencial.

    A poltica externa brasileira tem como uma de suas perspectivas delongo prazo a busca do desenvolvimento nacional. O baro do Rio Branco

    aliaa no-Bradford Burns, meios para fazer desenvolver o Brasil. Azeredo da Silveira, por

    os constrangimentos ao desenvolvimento brasileiro. Apesar de a matriz

    desenvolvimentista estar presente ao longo da histria da atuao diplomticabrasileira, a ascenso de governos progressistas propiciou mudana no que secompreende, atualmente, como desenvolvimento. O conceito evoluiu no mbitointerno e no externo. A diplomacia brasileira acompanhou essa evoluo e,hodiernamente, no busca o mero crescimento de seu produto interno bruto,mas o desenvolvimento sustentvel de todos os pases perifricos, o quefavoreceriao surgimento de um mundo mais multipolar ainda.

    O desenvolvimento sustentvel implica proteo ao meio ambiente,outra perspectiva de longo prazo da diplomacia brasileira. No que concerne ao

    meio ambiente, a atuao diplomtica brasileira evoluiu de postura defensiva,tambm adotada pelo regime militar em relao aos direitos humanos e no-proliferao, para postura propositiva, facilmente evidenciada pelo fato de oBrasil ter sediado duas das mais importantes conferncias das Naes Unidassobre a temtica ambiental. Mediante a redemocratizao e a conscientizaoda populao brasileira quanto aos problemas ambientais a diplomacia

    Gelson Fonseca Jnior. Antecipou-se, desse modo, evoluo da pautaambiental no contexto internacional a tempo de poder exercer protagonismo e

    conformar a temtica aos interesses dos pases em desenvolvimento, entre osquais o Brasil.

    diernamente",o busca". Ambosermos pedem azao da formaorece", aqui.

    Locuo adverbialgigante, deslocadae iniciando operodo. A vrgulaentre "ambientais" e"a" obrigatria.

  • 7/24/2019 calango lumbrera

    26/89

    Importante perspectiva de longo prazo da diplomacia brasileira ocombate ao racismo e a quaisquer outras formas de discriminao. Tamanha a importncia dessa diretriz que ela foi elencada no artigo 4 da ConstituioFederal, como um dos princpios que regem as relaes internacionaisbrasileiras. A despeito da previso constitucional, ainda primordial uma maiorconscientizao da populao brasileira, para que, como na questo ambiental,o Brasil possa assumir maior protagonismo internacionalmente. No contextointerno, muitos ainda acreditam na existncia da democracia racial de que falouGilberto Freyre e so contrrios a medidas efetivas de combate sdesigualdades raciais, evidentes mesmo em instituies, 4conscientes de suafuno no combate ao racismo, como o Itamaraty. Em um contextointernacional em que frica e sia vem se tornando parceiras cada vez maisimportantes, incoerente que as desigualdades raciais no sejam,efetivamente, combatidas no Brasil.

    A busca do desenvolvimento sustentvel inclusivo, a defesa do meioambiente e o combate ao racismo so diretrizes de longo prazo da polticaexterna brasileira. Essas diretrizes coadunam-se com a anlise da evoluoprovvel da conjuntura internacional nos prximos anos, entre as quais5 omaior protagonismo dos pases em desenvolvimento, em contextoprogressivamente multipolar, o agravamento dos problemas ambientais e aconformao de sociedades, cada vez mais, multitnicas e preocupadas com ocombate discriminao. Mediante a conformao de quadro funcional queprivilegie a diversidade, surgiro diferentes anlises sobre as futurasconjunturas mundiais, o que permitir diplomacia brasileira garantir ao Brasilo destino de grandeza que vaticinou Azeredo da Silveira.

    Marcaes da banca:1 Grafia/acentuao

    Emprego de modos e tempos verbais

    Pontuao4Pontuao5

    Emprego de conectores

    Avaliao:

    Apresentao 8,75

    Argumentao 8,75

    Anlise 7,50

    Gramtica 25,0

    O termo "conscientesde [...] racismo" temvalor adjetivo ecompleta o sentido de"instituies". Pensenele como umaorao adjetiva, ficamais fcil visualizar oerro dessa vrgula. Seorao adjetiva fosse,certamente seriaorao restritiva, noexplicativa, e portantono poderia serseparado de

    "instituies" comvrgula.

    "As quais" retoma"as diretrizes". Otrecho, entretanto,fica incompletao poisno h verbo. Vejacomo fica a

    construo secitarmosexplicitamente oreferente do termo:

    "o maiorprotagonismo, oagravamento dosproblemasambientais e aconformao desociedades entreessas diretrizes".Est entre essasdiretrizes? Encontra-

    se entre essasdiretrizes?

  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    49/60

    O longo prazo o tempo da poltica externa brasileira. Preceitos aindavalorizados, como, por exemplo, o trato cordial com os vizinhos, remontam chancelaria do Baro do Rio Branco. A persistncia de rotinas e princpios,contudo, no deve remeter s ideias de fossilizao ou de insulamento.Tendente continuidade, a poltica externa brasileira s ser poltica pblicaresponsvel se considerar, em seus clculos, as demandas urgentes dasociedade civil. Por outro lado, como ensina Azeredo da Silveira, s ser eficazse tentar antecipar-se s conjunturas sistmicas internacionais.

    A imagem de cpulas em que prncipes como Metternich, Talleyrand e

    Bismarck tomavam decises, no raro brilhantes em termos polticos, masdesconectadas dos anseios das sociedades que deveriam representar, cedo setornou um esteretipo da atividade diplomtica. O Itamaraty tem confrontadoesse lugar-comum de exclusivismo e segredo por meio de iniciativas dediplomacia pblica, como o foro Dilogos sobre Poltica Externa. A abertura interlocuo com diferentes atores da sociedade civil ocorreu em momento declamor por transparncia do processo decisrio, reivindicao entrevista nasJornadas de Junho de 2013. A recente e acertada audio da opinio pblicatrouxe notveis ganhos qualitativos poltica externa do pas. Sugestescriativas de acadmicos, jornalistas, representantes de organizaes nogovernamentais e minor

    pelo dilogo democrtico e pelo debate pblico franco.

    Um pas que alicera sua poltica externa em uma fecunda interlocuodomstica est mais apto a realizar o destino de grandeza no hegemnicopreconizado por Azeredo da Silveira. Potncia mdia desprovida dearmamentos nucleares, o Brasil tende a auferir ganhos de poder brando comsuas aes de diplomacia pblica. Ao considerar, em seus clculos de poltica

    externa, as demandas e sugestes da sociedade civil, o Brasil refora suaimagem externa de pas que articula consensos, prestigia as soluesmultilaterais pacficas e reivindica uma ordem internacional menos assimtrica,na qual as vozes dos pases emergentes possam ser ouvidas.

    A aproximao com os pases do Sul, marcante na chancelaria deAzeredo da Silveira, que defendeu, nas Naes Unidas, uma nova ordemeconmica internacional (NOEI), tem sido caracterstica da poltica externabrasileira desde a dcada passada. Sem conflitar com os pasesdesenvolvidos, o Brasil antecipou-se, conforme a sugesto de Silveira,

    conjuntura internacional. A procura pela parceria chinesa, a retomada docontato solidrio com a frica e o lanamento de grupos como o IBAS e o

  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    BRICS podem parecer, hodiernamente, obviedades. No o foram quando desua implementao, instante em que pareciam ecoar, para certos segmentos,um terceiro-mundismo fora do tempo. A persistncia da crise econmicainternacional e a relativa preservao brasileira no que concerne aos seusefeitos corroboram a tese de que todo planejamento, para ser bem-sucedido,deve ser acompanhado de intuio. O longo prazo, afinal, feito de curtosintervalos, que apresentam desafios imediatos. Criatividade e consistnciaconceitual fazem-se, nesse contexto, imprescindveis.

    A chancelaria de Azeredo da Silveira completa, em 2014, quarenta anos.Muitos dos embaixadores do Itamaraty atual foram terceiros-secretriosimpactados pelos conceitos do Ministro das Relaes Exteriores do GovernoErnesto Geisel. A perspectiva de longo prazo, a ideia de inovao beneficiadapelo acumulado histrico, a intuio como elemento indispensvel e a

    realizao de um destino de grandeza no hegemnico so patrimnioslegados por Silveira. O Itamaraty honra seu legado ao atualiz-lo com a defesade uma diplomacia pblica, aberta ao dilogo democrtico, inexistente emmeados dos anos de 1970. Pas atento redistribuio do poder mundial, oBrasil acerta ao abrir a poltica externa ao debate pblico interno. Que essadisposio renovadora se torne uma poltica pblica de longo prazo,acompanhando a busca pelo desenvolvimento e a promoo de umamultipolaridade cooperativa.

    Marcaes da banca:

    1 Construo de perodo/Colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 7,50

    Argumentao 6,25

    Anlise 6,25

    Gramtica 29,0

    Comentrio do candidato:

  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    Tive uma marcao gramatical (Construo de perodo/Colocao de termos)

    primeira frase ou ao da segunda e fiz o recurso direcionado a ambos. A banca

    minha argumentao, que no foi aceita, apresentei trechos de livros da Funag queutilizavam idntica construo. Se -me maisnatural e corrente), mas um cursinho pontificou, em 2012, que eu deveria empregar o

    supracitado cursinho tem sugerido o emprego da forma que eu originalmente preferiae que era a exigida pela banca examinadora. Fica a sugesto para que os candidatos,em determinadas situaes, sigam sua prpria sensibilidade em vez de frmulasarbitrrias e oscilantes.

  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    49/60

    Ao contrrio do que previa Francis Fukuyama, o fim da Guerra Fria nosignificou o "fim da histria", mas a emergncia de novas possibilidades. Asignificativa complexidade da nova ordem internacional apresenta desafios aosEstados, mas tambm permite o surgimento de novas oportunidades dedesenvolvimento social, econmico e poltico. Nesse contexto, a polticaexterna ganha relevncia para a consecuo dos objetivos nacionais. Ascircunstncias internas e externas indicam que o Brasil tende a apresentar, alongo prazo, poltica externa crescentemente atuante nas relaesinternacionais.

    O significativo desenvolvimento socioeconmico obtido pelo Brasil, nasltimas dcadas, credenciam-no a ter participao externa proativa nocontexto internacional. Por meio de polticas macroeconmicas estabilizadoras,como o Regime de Metas de Inflao, e de programas sociais de transfernciade renda, como o Bolsa Famlia e o Brasil Sem Misria, o pas conseguiu retirarmilhes de pessoas da linha de pobreza, alcanando os Objetivos do Milniocom antecedncia. Dessa forma, o Brasil tem servido de exemplo, no mbitoda sociedade internacional, o que amplia a legitimidade de sua poltica externa.

    Promover o desenvolvimento interno favorece a posio externa do Brasil,como pas emergente, permitindo-lhe atuar proativamente, a longo prazo.

    Institucionalmente, o Brasil tem buscado preparar-se para assumirmaiores responsabilidades nas relaes internacionais. O Ministrio deRelaes Exteriores destaca-se, internacionalmente, pelo alto nvel deprofissionalizao e pela capacidade de articular consensos nos frunsmultilaterais. Nos ltimos anos, esse Ministrio tem ampliado o debate nacionalsobre poltica externa, ressaltando sua importncia para a consecuo dosobjetivos nacionais de desenvolvimento. Exemplo disso a recente discusso

    sobre a elaborao de uma estratgia nacional de poltica externa, emcolaborao com a sociedade civil. Esse desenvolvimento institucional garanteuma atuao coerente a principista, que reconhece a funo da poltica externacomo instituto de Estado e que contribui para a credibilidade internacional dopas. Nesse sentido, internamente, o Brasil est preparado para incrementarsua participao nas relaes internacionais, cumprindo seu "destino degrandeza", concebido por Azeredo da Silveira.

    No mbito externo, a constituio de uma ordem multipolar favorece oaumento da participao internacional de pases emergentes. O sistema

    internacional hodierno mais complexo que a bipolaridade ideolgica quecaracterizou o "curto sculo XX", analisado por Eric Hobsbawm, em A Era dos

    O ncleo do sujeito "desenvolvimento". O verbo,

    portanto, deveria estar na terceira pessoa do singular.

  • 7/24/2019 calango lumbrera

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    Extremos. Pases que haviam ficado margem das relaes internacionaiscomeam a articular-se, reivindicando uma ordem internacional mais justa erepresentativa. A reforma dos rgos de governana financeira internacionais,promovida pelo grupo de articulao Brasil, Rssia, ndia, China e frica doSul, na Cpula do Grupo dos Vinte, em Seul, comprova essa capacidade detransformao dos emergentes.

    A atuao da diplomacia brasileira tem demonstrado a disposio dopas a incrementar o engajamento externo, em nome do desenvolvimento e dapaz mundiais. O Brasil coopera com diversos pases para a promoo dodesenvolvimento. Com base no princpio de solidariedade, o Estado brasileiroconstruiu Unidades de Pronto Atendimento, no Haiti; instituiu o Programa deAquisio de Alimentos, na frica; e promove a agricultura moambicana como Pr-Savana. Alm disso, assumiu a presidncia da Comisso para a

    Construo da Paz, de forma a contribuir para a resoluo pacfica e duradourade conflitos. Isso demonstra que o Brasil tem interesse em ampliar suaparticipao internacional, assumindo responsabilidades de cooperao.

    No tendo ocorrido o "fim da histria", previsto por Francis Fukuyama, aordem internacional hodierna apresenta oportunidades inditas de inseroexterna a pases em desenvolvimento. O crescimento recente do Brasil permiteque o pas tenha condies de aproveitar a nova conjuntura. Nesse sentido, oEstado pode ampliar sua atuao externa, a longo prazo, cumprindo o "destinode grandeza" previsto por Azeredo Silveira. As circunstncias internas

    coadunam-se com a conjuntura externa, indicando a possibilidade de a polticaexterna brasileira ter atuao crescente nas relaes internacionais a longoprazo.

    Marcaes da banca:

    1 Concordncia nominal e verbal

    Avaliao:

    Apresentao 7,50

    Argumentao 6,25

    Anlise 6,25

    Gramtica 29,0

  • 7/24/2019 calango lumbrera

    32/89

    47,50/60

    A definio de uma poltica externa pressupe a avaliao de riscos e deoportunidades, com consequncias verificveis no longo prazo. Em 1976,Azeredo da Silveira assinalou, em discurso, o componente estratgico dasescolhas feitas por aqueles responsveis pela elaborao da diplomaciabrasileira. De acordo com o ex-chanceler, o Brasil estava destinado a umaprojeo internacional inexorvel. Esse raciocnio retomado, nacontemporaneidade, pelo Ministro Luiz Alberto Figueiredo, cuja iniciativa deestabelecer um dilogo permanente sobre poltica externa, o qual congrega

    governo e sociedade, busca atender necessidade de elaborar uma estratgiainternacional democrtica, consistente com o propsito de assegurar ao Brasilmaior influncia nas decises com repercusso mundial.

    A projeo internacional adquirida pelo Brasil deve-se no apenas aosatributos inerentes condio de grande nao emergente, mas decorre,tambm, dos esforos diplomticos empreendidos nas ltimas dcadas. Se,por um lado, o interesse internacional pelo pas consequncia de aspectosdemogrficos, ambientais, polticos e econmicos; por outro, a tradiodiplomtica dotou o Brasil de uma poltica externa previsvel, a qual lhe

    proporciona a condio de parceiro internacional confivel. O Brasil membrofundador da Organizao das Naes Unidas e defende, de maneiraconsistente, a no interveno em assuntos domsticos, a soluo pacfica decontrovrsias, a nfase no multilateralismo e a cooperao para odesenvolvimento.

    Os princpios que regem a poltica externa brasileira permitem ao pasprojetar-se como interlocutor franco e confivel, condio que amplia aspossibilidades atuais e futuras de contribuir para a consolidao da paz e paraa promoo do desenvolvimento. No por outra razo, o Brasil assumiu, h

    uma dcada, o comando militar da Misso para Estabilizao do Haiti, iniciativacujo xito proporciona ao pas convite para integrar misses congneresfuturas. Nesse sentido, escolhas estratgicas realizadas no passadoacarretaro o surgimento de oportunidades futuras, por meio das quais o Brasilpoder reforar a defesa de diretrizes de sua poltica externa, como avinculao entre segurana e desenvolvimento.

    A iniciativa de incluso da sociedade no processo de definio dasdiretrizes e das metas da poltica externa brasileira ocorre em contexto deconsolidao da democracia. No longo prazo, ao assimilar demandas sociais, adiplomacia ptria pode, de maneira eficiente, atender aos desgnios de grupos

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    sociais diferentes, com interesse em temas variados, como meio ambiente,imigrao e poltica comercial. A perspectiva de que os vnculos que seestabelecem entre o Brasil e outros pases tendem a se intensificar, devido crescente interdependncia econmica e poltica, refora a premncia daincluso da sociedade nas decises sobre poltica externa.

    A diplomacia brasileira atual defende uma conjuntura internacionalcaracterizada pela multipolaridade. Com o propsito de que essamultipolaridade se converta em multilateralismo, a poltica externa brasileirapauta-se pela defesa da democratizao de foros internacionais. Essaestratgia tem sido executada por meio da busca de interesses convergentestanto em parceiros tradicionais, como Frana e Alemanha, quanto em pasesemergentes. Nesse sentido, o Brasil espera que, no longo prazo, todos ospases sejam beneficiados por instituies mais plurais e mais inclusivas, o que

    ser possvel, por exemplo, aps a concluso dos projetos de reforma de foroscomo o FMI e o Conselho de Segurana da ONU.

    A poltica externa brasileira conformada tanto por circunstnciasinternas quanto pela conjuntura internacional. Conquanto a diplomacia tenhaaspecto estratgico, que diz respeito a expectativas futuras, as quais podemno se realizar, a poltica externa brasileira concebida, no presente, emfuno do projeto de democratizao de foros internacionais, da defesa deprincpios tradicionais, como o desenvolvimento, e da incluso da sociedadecivil no processo decisrio. Ao associar-se a pases com expectativas

    semelhantes acerca do futuro da ordem mundial, o Brasil amplia as chances dexito do projeto de reforo do multilateralismo. Alm disso, o dilogo entregoverno e sociedade confere maior legitimidade aos pleitos do pas no mbitointernacional.

    Avaliao:

    Apresentao 6,25

    Argumentao 6,25

    Anlise 5,00

    Gramtica 30,0

    Comentrio do Candidato:

    Comentrio da banca: no quesito 2.2, o que se espera do candidato a defesade uma opinio original e pessoal.

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    47,50/60

    Poltica internacional e poltica interna so aspectos dinmicos dassociedades. Cabe aos formuladores dessas polticas adequ-las aos desafiosimpostos pelas transformaes sociais constantes. No mbito externo, apoltica internacional contempornea caracteriza-se pela diversificao detemas e pela ascenso de novos Estados relevantes para o futuro dagovernana global. No Brasil, a poltica interna tem passado por significativasmodificaes, desde o fim do regime militar. Em ambiente institucional internodemocrtico e diante da conformao de uma ordem internacional multipolar, aperspectiva de longo prazo da poltica externa brasileira deve ser ativa eabrangente, sem deixar de ser representativa dos anseios da sociedadenacional que a legitima.

    O Brasil um Estado que, devido a suas caractersticas geogrficas,populacionais e econmicas, no pode deixar de assumir postura protagnicanas negociaes internacionais. Henry Kissinger, em seu livro Diplomacia,refora esse entendimento ao argumentar que no se poder excluir o Brasildos debates acerca do futuro da governana global, uma vez que o pas possuidimenso continental, contingente populacional dinmico e uma das maiores

    economias do mundo. A compreenso de que uma insero internacional ativa imprescindvel para a identidade internacional do pas precisa pautar asperspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira, especialmente naatual conjuntura internacional de redistribuio de poder, a qual permite queEstados emergentes atuem de maneira mais representativa.

    Aps o fim da Unio Sovitica, uma ordem multitemtica e multipolarcomeou a ser conformada. Ao lado do tratamento de tradicionais aspectos daeconomia e da segurana, novas temticas, como meio ambiente, direitoshumanos, incluso social e governana da rede mundial de computadores,

    ganharam espao na agenda internacional. Alm disso, a maneira de lidar comas novas problemticas deixou de respeitar a lgica hierrquica dabipolaridade, e propostas apresentadas por pases emergentes passaram areceber respaldo. Nesse contexto, a insero internacional de longo prazo doBrasil deve basear-se na ampla atuao em relao s temticas quepassaram a ser discutidas em mbito global, pois isso reforar o protagonismodo pas na nova ordem internacional.

    No mbito interno, o fim do regime militar permitiu a constituio dodebate democrtico e plural na formulao de polticas pblicas, o que as torna

    mais representativas e legtimas. Srgio Buarque de Holanda, em Razes doBrasil, argumentou que a democracia se tornaria legtima, no Brasil, quando

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    fossem criados mecanismos para a incluso de todos os grupos sociais naclasse poltica dominante. Essa a tendncia que se observa atualmente, namedida em que a populao vota regularmente, o direito de livre manifestao respeitado e a transparncia na gesto pblica reforada por intermdio demedidas como a lei de acesso informao e o voto eletrnico.

    A perspectiva de longo prazo da poltica externa deve observar essatendncia de incluso do indivduo no processo poltico. importante que osformuladores de poltica externa promovam, recorrentemente, iniciativas comoa do Dilogos sobre Poltica Externa. Por meio de conferncias que reuniramintegrantes do governo e da sociedade civil, buscou-se debater os principaisaspectos da poltica internacional, a fim de auxiliar na conformao de um livrobranco de poltica externa, documento que apresentar ao pblico as diretrizesda insero internacional do pas. Conformar, junto com a sociedade, os

    principais objetivos da poltica externa aumenta sua legitimidade, porquantosua formulao tem a participao de diferentes grupos de interesse.

    A poltica externa, como poltica pblica, muda de acordo com o contextosocial. No mbito internacional, em razo de suas caractersticas fsicas eeconmicas, o Brasil deve aproveitar o momento de redistribuio do poder ede surgimento de novas temticas, para estabelecer posicionamento ativo emvrios temas internacionais. No mbito interno, a consolidao da democraciademonstra que, para que a poltica externa de longo prazo seja legtima eeficaz, ela deve ser elaborada com significativa participao da sociedade.

    Avaliao:

    Apresentao 7,50

    Argumentao 5,00

    Anlise 5,00

    Gramtica 30,0

    Comentrio do Candidato:

    Recurso - Argumentao do Quesito: 2.1Solicito, respeitosamente, reavaliao na nota atribuda ao quesito capacidade

    de argumentao, em razo dos argumentos expostos a seguir. O candidato, ao longo

    de todo o texto, buscou sistematizar as informaes e trazer argumentos seguindo

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    padres consagrados em obras de renome no mbito da comunicao escrita, como

    O candidato, inicialmente, buscou propor uma introduo que deixa explcitatanto sua ideia-ncleo (apresentada por meio de uma sentena independente, entre

    as linhas 7 -10) quanto os planos nos quais ir basear-se ao longo dodesenvolvimento do texto (mbito externo [linhas 3 5] e interno [linhas 5 7]).

    Nesse sentido, o candidato organizou sua introduo tendo em vista opadro consagrado na mencionada obra de Othon M. Garcia (pgina 378), na qual o

    introduo em um texto dissertativo. Ao longo dos quatro pargrafos seguintes, guisa de melhor sistematizar a argumentao, o candidato faz referncias recorrentes ideia ncleo (linhas 17 21; 29 32; 42 -

    Ao longo dos pargrafos de desenvolvimento, o candidato utilizou diferentes

    a fim de deixar o texto o mais objetivo e sistematizado possvel. O candidatoseguiu a compreenso, consagrada nesse livro, de apresentar um tpico frasal emcada pargrafo destinado a essa parte da dissertao (linhas 11 13; 22 23; 33

    35; 42 43 e 49 52). Exemplos disso so os fatos de o candidato ter buscadoapresentar um tpico frasal por meio de uma declarao inicial (l. 11 13), doistpicos frasais histricos (l. 22-23 e 33 35), bem como um tpico frasal diludo (l.4243 e 49- 52).

    Alm da preocupao com a sistematizao e objetividade, o candidato visou areforar a pertinncia de seus argumentos recorrendo a mtodos de argumentaoapresentados na obra de Garcia (pgina 381). Exemplos disso so os recursos aoargumento de autoridade (l. 13 16 e 35 38) e a fatos e exemplos (38 41 e 4349).

    Na concluso, o candidato buscou seguir as instrues de Garcia (pgina 379)De modo a

    garantir a objetividade e a clareza necessrias ao texto, o candidato props concluso

    que faz remisso ideia ncleo explicitamente vinculando-a ao plano internacional (l.54 57) e ao plano interno (l. 57 60), j que so esses os planos apresentados naintroduo.

    Em virtude da correspondncia entre a proposta da questo formulada pelabanca e a argumentao empregada na resposta do candidato argumentao essapautada nas concepes consagradas da comunicao escrita - requer-se,respeitosamente, a reviso da nota conferida em leitura preliminar.

    Referncia: GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna: aprenda aescrever, aprendendo a pensar. 26 E

    IndeferidoCONTEDOQuesito 2.1 Recurso indeferido. O tema da redao a discusso das

    perspectivas de longo prazo da PEB, a partir do pronunciamento de dois Chanceleres,Azeredo da Silveira e Luiz Alberto Figueiredo. bem possvel que o prprio Othon M.Garcia estranhasse a ausncia de referncia aos autores na redao, e, mais ainda,da citao dos nomes de Henry Kissinger e Srgio Buarque de Holanda, que atestamprincpios semelhantes aos que se encontram nos textos sugeridos. Ocorre que, aolongo da redao, a capacidade de argumentao se v de fato comprometida porqueo candidato, sem fugir inteiramente ao tema, optou por discutir aspectos da PEB semdemonstrar que a motivao principal deveria ser o comando da questo e oselementos presentes nos textos. Assim, a banca mantm a pontuao atribuda porestar proporcional ao desempenho do candidato.

    Repitam o final dessa resposta do corretor lentamente ao menos 1 vez por hora, at o dia da prova.

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    46,75/60

    O planejamento da poltica externa brasileira depende de dados

    conjunturais endgenos e exgenos, de modo que a perspectiva estratgica dodesenvolvimento esteja sempre presente na insero internacional do pas. OBrasil representa potncia emergente que defende um multilateralismo dereciprocidade e busca uma ordem internacional mais justa e equilibrada, emum contexto de novas dinmicas internas e globais. Por isso, convm analisaros trs eixos de ao que sustentam as perspectivas da poltica exterior delongo prazo e o multilateralismo: o econmico, o poltico e o social.

    No domnio da economia, o Brasil a sexta maior economia do mundo eum dos mercados emergentes mais atrativos para o capital globalizado. A

    necessidade de continuar a crescer, em meio crise financeira internacional,apresenta-se como desafio para a poltica econmica nacional e para os rumosda poltica externa brasileira. O peso do pas na economia mundial o fezintegrar a principal coalizo multilateral de dilogo e de concertao polticasobre o sistema financeiro contemporneo, o G-20 financeiro, onde o Brasildefende a cooperao entre pases em desenvolvimento e desenvolvidos paraque a renda e o emprego sejam estimulados. A diplomacia brasileira age demodo pragmtico ao usar o multilateralismo financeiro como vetor dodesenvolvimento econmico internacional, visto que o crescimento da

    economia nacional depende do incremento das exportaes e do influxo decapitais.

    A poltica interna influencia as diretrizes da poltica exterior. O Brasilconstitui potncia emergente guiada em suas relaes internacionais porprincpios constitucionais que abrangem a defesa da paz e a prevalncias dosdireitos humanos. O pas demonstra, portanto, ter credenciais para serliderana emergente no multilateralismo poltico em face da nova distribuiode poder global, onde predomina a multipolaridade. Nesse contexto, adiplomacia brasileira almeja unir-se a outros pases emergentes para reformar

    as instncias internacionais de deciso, de modo a dot-las de maiorlegitimidade e eficcia. O Brasil foi um dos incentivadores para a criao doConselho de Direitos Humanos da Organizao das Naes Unidas (ONU) esustenta uma reforma no principal rgo multilateral a cuidar da manutenoda paz e da segurana internacionais, o Conselho de Segurana da ONU.Dessa forma, a poltica externa ptria recorre ao realismo para defender osinteresses brasileiros, vinculados aos princpios constitucionais.

    A grandeza da nao e o papel do Brasil no mundo no se resumem ao

    aspecto econmico e poltico. Estes se associam ao plano social nas diretrizesde longo prazo adotadas pela diplomacia. O pas conseguiu algo indito ao unir

    Erro clssico deemprego deconectores. "Onde",na prova, serveapenas para falarconcretamente delocais ("Os pases doG20 discutiro o temana Turquia, ondeocorrer a reunio de2015").

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    as aspiraes democrticas da nao ao combate fome e pobreza.Polticas econmicas e sociais retiraram milhes de brasileiros da misria, oque embasa o desenvolvimento social. O Brasil , portanto, exemplo para omundo e no pode abster-se de difundir os projetos nacionais de cunho socialpara outros pases por meio de aes bilaterais ou multilaterais de cooperao.A cooperao para o desenvolvimento mostra a vontade brasileira de constituira igualdade de oportunidades nas relaes internacionais.

    O desenvolvimento o maior objetivo da poltica externa brasileira, sejade longo prazo, seja de curto prazo. Os domnios da economia, da poltica e dosocial servem como base para que aes especficas alcancem os interessesnacionais, os quais esto em consonncia com um multilateralismo mais justo,em contexto de configurao de uma nova multipolaridade. O Brasil coopera,consequentemente, para que a coeso de ideias multilaterais seja elemento

    estratgico de planejamento da poltica externa. Dessa forma, o Estadobrasileiro conseguir consolidar-se como potncia emergente e contribuir paraque a multipolaridade sistmica seja oportunidade para a igualdade entre todosos pases. Para tanto, a poltica externa une as circunstncias internas e oscenrios internacionais para estimular o desenvolvimento nacional e oprogresso da sociedade internacional.

    Marcaes da banca:1 Emprego de conectores

    Emprego de conectores

    Avaliao:

    Apresentao 6,25

    Argumentao 6,25

    Anlise 6,25

    Gramtica 28,0

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    46,75/60

    A elaborao de perspectivas de longo prazo para a poltica externabrasileira exige que se considerem circunstncias internas e internacionais, asquais definem valores e limites para a atuao do pas. O Brasil no possuirecursos militares que lhe permitam exercer influncia determinante naconformao do sistema internacional. O pas busca garantir seus interessespor meio de iniciativas que lhe assegurem posio internacional adequada.Interessa-lhe a manuteno de estabilidade na ordem mundial, com predomniode esforos cooperativos. Esse cenrio propicia condies favorveis aodesenvolvimento socioeconmico.

    A poltica externa brasileira apresenta aspectos de continuidade e demudana. As mudanas percebidas nessa poltica so tributrias detransformaes das circunstncias internas do pas e de novas formas dedistribuio de poder no cenrio internacional. Novas perspectivas nosignificam, nesse caso, rupturas; antes, referem-se a maior nfase emdeterminados temas da agenda internacional ou a esforos renovados em certosentido. Os traos de continuidade so caractersticos do discurso diplomticobrasileiro. Quase cinquenta anos separam, no tempo, discurso proferido peloMinistro de Estado Antonio Francisco Azeredo da Silveira de outro discurso,proferido pelo Ministro de Estado Luiz Alberto Figueiredo Machado. Ambosapontam a importncia de pensamento estratgico que permita ao Brasilaproveitar suas potencialidades, para inserir-se de forma mais favorvel nosistema internacional.

    As circunstncias internas, ora vigentes, no Brasil, possibilitam ao pasbuscar uma nova insero. Nos ltimos trinta anos, promoveu-se aredemocratizao e alcanou-se a estabilidade macroeconmica. AConstituio Federal, promulgada em 1988, assegura a transparncia daseleies e o respeito s garantias individuais. Iniciativas de combate pobreza

    implicaram ascenso social de milhes de brasileiros. Esse conjunto denovas condies e de novas caractersticas influenciou a formulao da polticaexterna. Hoje, o Brasil apresenta-se como pas emergente, democrtico epromotor da cooperao em prol do desenvolvimento socioeconmico. Essacondio permite que o pas reivindique uma ordem internacional justa,democrtica e inclusiva.

    O cenrio internacional contemporneo pode oferecer oportunidadesvaliosas para o atendimento das reivindicaes brasileiras. O fim da GuerraFria ensejou surgimento de cenrio internacional multipolar, no qual no h

    centros hegemnicos absolutos. Por um lado, o novo contexto pode resultar emrecrudescimento de rivalidades; por outro lado, pode significar melhores

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    chances para os ensaios de cooperao internacional e para soluespacficas de conflitos armados. Ao Brasil, interessa atuar em prol do segundocenrio. Um contexto de estabilidade sistmica, reforado pela cooperao epela solidariedade, propicia espao para a ascenso dos emergentes efomenta a reforma democrtica de foros decisrios internacionais.

    As perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira devembuscar o atendimento dos interesses nacionais. O desenvolvimentosocioeconmico e a reforma das instncias decisrias internacionais figuramcomo objetivos bsicos da poltica externa ptria. Esses interesses tm guiadoa ao internacional do Brasil nos ltimos cinquenta anos. O Brasil no possuiexcedentes de poder militar, os quais poderiam permitir ao pas exerccio deinfluncia significativa nos foros decisrios que articulam as relaesinternacionais. As iniciativas de poltica externa consideram essa limitao e

    tm buscado promover a formao de um novo cenrio internacional, no qual opoder militar no seja preponderante de forma absoluta.

    O sistema internacional contemporneo oferece desafios eoportunidades para o Brasil. As perspectivas de longo prazo da poltica externabrasileira devem promover avaliao crtica dos novos cenrios, de forma aassegurar a consecuo dos objetivos nacionais. Mudanas no contextointerno do pas, nos ltimos trinta anos, possibilitam uma ao internacionalproativa e legtima, a qual busca assegurar formao de contexto sistmicofavorvel cooperao e ao desenvolvimento. possvel que o mundo adote

    essa perspectiva, uma vez que o fim da Guerra Fria ampliou as margens demanobra necessrias para o exerccio da cooperao; preciso evitar, noobstante, surgimento de rivalidades que restringiriam essas margens demanobra e que seriam prejudiciais a pases,como o Brasil. No longo prazo, oBrasil seria beneficiado por um sistema internacional democrtico ecooperativo.

    Marcaes da banca:1 Pontuao2

    Pontuao

    Avaliao:

    Apresentao 6,25

    Argumentao 6,25

    Anlise 6,25

    Gramtica 28,0Comentrio do candidato:

    O termo "como o Brasil" completa o sentido de"pases". O macete de transformar em oraoadjetiva tambm funciona nesses casos e permitever se a vrgula obrigatria ou proibida:

    "prejudiciais a pases que so como o Brasil".Veja que a explicativa nem faria sentido, nessecontexto. O termo "como o Brasil", portanto, nopode estar separado de "pases" por vrgula.

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    Nessa prova, fui penalizado por dois erros de gramtica: ausncia de vrgulaque permita ao Brasil aproveitar

    suas potencialidades, para inserir- e presena de vrgula desnecessria no trecho pases,

    . Dois casos de falta de ateno, sendo que, no segundo, a vrgula era

    sobra de um perodo que cortei seria

    Fica a dica: cuidado com as vrgulas e com as sobras de trechos cortados, naredao final.

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    42,50/60

    A poltica externa est efetivamente relacionada com a conjuntura

    nacional e internacional. Diversas mudanas, como a emergncia de pasesem desenvolvimento, com crescimento econmico superior ao de naes ricas,e a difuso de protestos populares em vrios Estados, tm ocorrido nas ltimasdcadas. Essas alteraes influem na formulao das estratgias diplomticas.O contexto interno , tambm, base para a ao internacional. No caso doBrasil, seu papel ao lado dos grandes emergentes, as mudanassocioeconmicas e a tradio histrica e principiolgica so fatores quenorteiam as diretrizes externas. Considerando-se que o desenvolvimento umdos maiores objetivos brasileiros, por meio da articulao desse conceito com

    o contexto nacional e o internacional que devem ser analisadas as perspectivasda poltica exterior.

    A adequao ao cenrio interno essencial para o estabelecimento dapoltica externa. A dinmica nacional delimita as metas e os parmetros daatuao internacional. No Brasil, a ascenso da classe mdia e a reduo dapobreza coadunam-se com a ideia de desenvolvimento amplamente defendidaem foros multilaterais. Polticas pblicas, como o Bolsa Famlia, permitiram quevrias famlias obtivessem melhores condies de vida e so defendidas noplano externo. A experincia brasileira em distribuio de renda replicada em

    pases africanos, mediante projetos de cooperao tcnica implementados peloBrasil. Embora ainda existam desafios socioeconmicos domsticos, o Estadodeve continuar a utilizar seus programas exitosos em aes externas. Dessemodo, o Brasil age como exemplo de que possvel melhorar a situaointerna, incentivando mudanas em outras naes.

    O desenvolvimento nacional e a existncia de uma sociedadeharmnica, sem graves conflitos tnicos, conferem ao Brasil credenciais para aparticipao em decises internacionais sobre diferentes temas e regies.Formado pela unio de ndios, brancos e negros, o Brasil arvora a mestiagem

    como motivo de orgulho nacional e como modelo para locais conflituosos.Ademais, como ressaltou o embaixador portugus Jos Fernandes Fafe, oequilbrio de antagonismos da sociedade brasileira, de acordo com conceito deGilberto Freyre, forneceu ao Brasil a habilidade de articulador de consensos. por meio dessas duas teses que o pas tem sua atuao legitimada emquestes como o conflito entre Israel e Palestina e a guerra civil na Sria. Emconsonncia com os princpios de relaes internacionais inscritos naConstituio Federal de 1988, o Brasil defende a soluo pacfica decontrovrsias, buscando contribuir para o estabelecimento do dilogo e da paz

    nesses e em outros conflitos.

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    A consolidao da democracia no Brasil e a ascenso dos pasesemergentes na esfera internacional permitem ao Estado a meta de maiorparticipao nas decises multilaterais. A crescente abertura das instituiesestatais no mbito interno, at mesmo no contexto da diplomacia, comodemonstram os Dilogos sobre Poltica Externa, pode basear a demandabrasileira pela reforma da governana internacional. A deciso do futuro globalpor cpulas que envolvam apenas as maiores potncias, como na poca doCongresso de Viena e da Conferncia de Versalhes, no deve mais ocorrer. importante que os organismos multilaterais sejam atualizados, para queincluam um conjunto representativo de pases. Com essa finalidade, o Brasilpropugna a reforma do Conselho de Segurana das Naes Unidas, a principalinstncia decisria em questes de paz e segurana, mas que ainda reflete adiviso de poder do perodo aps a Segunda Guerra Mundial. O aumento daparticipao da sociedade internamente legitima a busca por maior abertura no

    mbito multilateral.

    Como afirmou Luiz Alberto Figueiredo Machado, o Brasil ocupa novolugar no mundo. As transformaes no cenrio interno e no externo permitemao pas desempenhar papel mais proeminente nas instncias internacionais,seja demandando maior participao nas decises globais, seja ampliando seumbito de atuao. A postura principista e as tradies nacionais, como adefesa do dilogo e a valorizao da mestiagem, permanecem importantes efortalecem a atuao brasileira, sempre visando ao desenvolvimento.

    Avaliao:

    Apresentao 5,00

    Argumentao 3,75

    Anlise 3,75

    Gramtica 30,0

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    40,75/60

    As perspectivas de longo prazo da poltica externa foram objeto de

    anlise nos Dilogos de Poltica Externa, recentemente promovidos peloMinistrio das Relaes Exteriores. Conquanto um exerccio do gnero sejaespeculativo, como afirmou Azeredo da Silveira, ele til na medida em quesuscita debate sobre as circunstncias internas e os cenrios internacionais,

    ando os resultados das discusses realizadas, pode-seafirmar que as perspectivas de longo prazo da poltica externa brasileira sopositivas.

    Transformaes significativas tm ocorrido no sistema internacional.

    Embora muito tericos tenham afirmado que o mundo bipolar decorrente daGuerra Fria seria substitudo por um sistema unipolar com prevalncia dosEstados Unidos, no foi isso que ocorreu. Comeou a formar-se uma ordemmundial multipolar, na qual o poder passou a ser distribudo entre diversospases, ainda que de maneira desigual. Um grupo de naes foi especialmentebeneficiado, as quais constituram o agrupamento BRICS, do qual o Brasil membro. A alterao das diversas estruturas de governana mundial decorredo processo de redistribuio de poder em curso, de maneira a suscitartendncia de aumento de poder desses pases no mdio prazo e sua

    consolidao no longo prazo.

    As mudanas geopolticas esto vinculadas a mudanasgeoeconmicas. A evoluo dos pases emergentes confirmou a dualidadedesse processo, uma vez que ao desenvolvimento econmico correspondeu aaquisio de poder. Na crise de 2008, por exemplo, a diferena da capacidadede reao dos pases desenvolvidos e dos emergentes fez que o G-20Financeiro se consolidasse como instncia mxima de deciso financeira, emdetrimento do G-8. Esse cenrio de grande importncia para o Brasil, dadoque o desenvolvimento nacional est historicamente relacionado a capitais

    estrangeiros. Dessa maneira, o aumento de poder decisrio do pas eminstncias financeiras multilaterais pode ensejar a elaborao de regras quefacilitem a criao de fluxos financeiros, bem como o aumento de transaescomerciais. A manuteno do ritmo de crescimento do pas no longo prazopode ser assim garantida, de modo a fazer da poltica externa instrumento dodesenvolvimento, como afirmou o Embaixador Figueiredo Machado.

    A economia brasileira desenvolveu-se de maneira intensa nas ltimasdcadas. Embora o pas tenha sido submetido a anos de hiperinflao, o PlanoReal fez que a economia retomasse o crescimento e se estabilizasse, demaneira a se transformar na sexta economia mundial. Inovaes tecnolgicas

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    viabilizaram a comprovao de reservas de petrleo em guas profundas, einvestimentos permitiram que a produo agrcola e a extrao mineral seexpandissem. Por conseguinte, o Brasil tem reservas energticas e naturais,que, exploradas de maneira sustentvel, podem assegurar o crescimento dopas no longo prazo, bem como viabilizar a cooperao para o desenvolvimentode outras naes. Circunstncias internas, assim, permitem posio estratgicano cenrio internacional.

    As circunstncias internas do Brasil tambm mudaram nos ltimos anos.A democracia foi consolidada, o acesso educao foi facilitado e a pobrezafoi reduzida. A sociedade tem participado de maneira ativa na poltica, inclusiveno processo de formulao da poltica externa. A nova realidade brasileira podeser considerada modelo de desenvolvimento, porquanto o pas superousculos de dominao e dcadas de subdesenvolvimento. Essas

    -se no longo prazo, na medida em que a imagem internacional do pas se tornamais positiva.

    As perspectivas de longo prazo da politica externa brasileira sopositivas. Essa constatao, no entanto, no suficiente, dado que precisoelaborar polticas ativas e estratgicas, conforme Figueiredo Machado . Para

    tanto, foram formuladas propostas ao longo dos Dilogos sobre PolticaExterna, que sero compiladas em Livro Branco . O desafio do Brasil , nocurto prazo, formular essas polticas, a fim de execut-las no mdio prazo.

    Dessa maneira, a perspectiva positiva pode-se confirmar no longo prazo.

    Marcaes da banca:

    1 Grafia/acentuao

    2 Construo de perodo/Colocao de termos

    3 Construo de perodo/Colocao de termos

    Avaliao:

    Apresentao 5,00

    Argumentao 5,00

    Anlise 3,75

    Gramtica 27,0

    Perodo comproblemas de sentidocausados pelacolocao do termo"conforme FigueiredoMachado" e daeconomia de palavrasdo candidato. Damaneira como estescrito, parece queas polticas seroelaboradas conformeFigueiredo, e no queo trecho " preciso

    elaborar [...]estratgicas" foi ditopor Figueiredo.

    Mais um problema deconstruo causado poreconomia de palavras. Afalta de qualificadoresligados ao termo "livrobranco" trans