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Sumário
Sumário ........................................................................................... 3
Apresentação.................................................................................... 5
Capítulo /-O que é filosofia ........................................................... 7
Capitulo 2—ÁS questões filosóficas ................................................. 13
A questão da lógica ............................................................... 13
A questão da teoria do conhecimento ..................................... 14 A questão da metafísica e da cosmologia ................................ 16
A questão da ética ................................................................. 18 A questão da linguagem ......................................................... 20 A questão estética ................................................................. 21 A questão religiosa ................................................................. 21
A questão histórica ............................................................... 25
Capítulo 3 - Esboço histórico da filosofia ...................................... 29
Quadro Geral ......................................................................... 30
Filosofia Antiga ..................................................................... 31
Filosofia Medieval ................................................................. 33
Filosofia Modem a ................................................................. 36
Filosofia Contemporânea ........................................................ 38
Capítula 4—O espírito do tempo: o mundo hoje ................................. 41
Pluralismo ............................................................................. 41
Irracionalismo ....................................................................... 42
Determinismo ......................................................................... 43
Misticismo ............................................................................. 44
Alienação erótica .................................................................... 45
Individualismo ....................................................................... 47
Alienação do prazer: consumismo ............................................ 48
Cinismo ................................................................................. 49
Capítulo 5 - O que fazer? Algumas propostas práticas ....................... 51
Capítulo 6-Eles disseram ... mas você sabia? ..................................... 55
Apêndice: Perguntas para grupos de estudo ......................................... 61
Bibliografia ...................................................................................... 62
Apresentação
Uma das qualidades mais nítidas da natureza humana é a curiosi-
dade. A criança, logo que inicia sua comunicação verbal, desfila per-
guntas incansáveis que pretendem desvendar o porquê dos mistérios
do mundo à sua volta. Essa atitude é o embrião da filosofia. O ser
humano tem por natureza o desejo de entender a razão daquilo que o
cerca. Desejamos saber como explicar o mundo, a existência huma-
na, a razão do sofrimento e até a própria capacidade inquiridora do
homem. Isso significa que, num sentido mais abrangente, somos to-
dos filósofos. Ainda que não de modo consciente s sistemático, todos
nós queremos entender o realidade com a qual convivemos.
Mas, afinal de contas, o que 6 filosofia?
É diferente de ciência? Se 6, como se distinguem?
Em que medida a filosofia é distinta da teologia'.' As duas dlscipll
nas fazem as mesmas perguntas?
Como se divide o estudo da filosofia? Qual é o seu objeto do estudo?
Quais foram os principais filósofos da história da civilização? Es-
sas e algumas outras perguntas serão consideradas nesse pequeno li-
vro que pretende dar uma ideia do que vem a ser filosofia e definir
qual o seu valor e o seu significado para um cristão do nosso tempo.
De fato, muitos são os cristãos que desconhecem por completo as
questões filosóficas; outros não entendem qual seja o seu valor, e há
ainda alguns que até acreditam que o simples estudo da filosofia
des-trói a fé de um cristão piedoso.
Pretendemos aqui tentar esclarecer o assunto e auxiliar especial-
mente aqueles cristãos que têm enfrentando sérias dificuldades quan-
do tentam conciliar a realidade da cultura universitária com a cultura
bíblico-teológica de nossas igrejas evangélicas.
Além disso, precisamos reconhecer que há aspectos práticos que
decorrem díretamente dessa questão. O importante não é apenas sa-
tisfazer nossa curiosidade filosófica natural e relacioná-la com a fé.
Há ainda dois desafios inescapáveis: O primeiro aponta para a dura
realidade de que a ignorância torna-se fator cúmplice da exploração
do homem pelo homem. A falta de reflexão, lógica, crítica c de bom
senso têm mantido muitos cristãos e não-cristãos numa verdadeira
situação de miséria intelectual-espiritual. Seres humanos são mani-
pulados e repetem comportamentos irrefletidamente para sua própria
desgraça. O segundo aspecto diz respeito ao nosso testemunho perante
a geração em que vivemos. Se não compreendermos o homem de
hoje e não soubermos relacionar a fé cristã com a cultura e a maneira
de entender a realidade perderemos a batalha que Deus tem nos ciado.
O meu desejo é que Deus nos dê sua benção para que venhamos a ter
um Brasil "chacoalhado" por cristãos, que exerçam a mordomia de
todos os dons naturais e espirituais dados pelo Criador, e também
uma igreja evangélica pensante, capaz de refletir, crescer e atuar ade-
quadamente em sua época, alcançando a geração atoai.
Pr. Luiz Sayão
Capítulo 1
O QUE É FILOSOFÍA
Antes de encontrarmos uma boa definição de filosofia, será muito
útil tentar abordar algumas ideias incorretas muito difundidas a res-
peito do assunto para podermos esclarecer certas concepções popula-
res e comuns, que infelizmente, são bastante distorcidas. A verdade é
que o assunto é pouco conhecido e, portanto, mal interpretado. Por
isso, procuraremos relacionar algumas ideias incorretas sobre o co-
nhecimento filosófico para o bem do leitor cristão.
Filosofia não é heresia
A palavra filosofia aparece no Novo Testamento, em Colossenses
2.8 (NVI), onde lemos "Tenham cuidado para que ninguém os escra-
vize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições
humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em. Cris-
to," Essa é a única ocorrência da palavra filosofia em toda a Bíblia.
Evidentemente o contexto onde o termo aparece é negativo. Todavia,
torna-se necessário compreender que um estudo sério e bem funda-
mentado mostrará que Paulo estava atacando um determinado tipo de
filosofia específica, a heresia gnóstica da cidade de Colossos. Ele usou
o termo filosofia para se referir àquele tipo de filosofia herética, con-
trária à fé cristã. Isso não significa, de modo nenhum, que ele estives-
se se referindo à filosofia no sentido geral do termo. De fato, Paulo
nunca se refere à filosofia propriamente dita em nenhuma parte do
Novo Testamento. Seu único contato com filósofos gregos registrado
nas Escrituras aparece cm Atos 17.18 (NVI): "Alguns filósofos
epicu-reus e estóicos começaram, a discutir com ele. Alguns
perguntavam: 'O que está tentando dizer esse tagarela?'". Nesse
caso, em Atenas, Paulo não condena a filosofia como essencialmente
nociva, antes responde de maneira contextuaiizada, demonstrando
conhecimento e capacidade de lidar com a cultura especulativa dos
antigos gregos.
8 Cabeças Feitas
Há uma outra razão porque geralmente se acredita que a filosofia
é essencialmente anti-cristã. Trata-se da ideia comum de que todos os
filósofos, ou pelo menos a grande maioria deles, é hostil ao cristianis-
mo e nem sequer acredita em Deus. Conhecimento teórico torna-se
sinónimo de incredulidade. Tal argumento é ainda muitas vezes es-
tendido aos cientistas. Se, porém, refletirmos um pouco no assunto,
não é muito difícil entender que ainda que isso fosse verdade, a vali-
dade da filosofia não estaria necessariamente ameaçada. É bem pos-
sível, por exemplo, que a maioria dos médicos brasileiros não seja
cristã, e, apesar disso, a medicina por eles praticada não merece des-
crédito por esse motivo. Cremos que Deus fez o homem com capaci-
dades e talentos que mostram a glória de Deus e a maravilha da cria-
ção, ainda que esse ser humano não reconheça que seus dons vêm de
Deus. Todavia, não é bem verdade que filósofo c sinónimo de incre-
dulidade. É fato que alguns filósofos mais conhecidos como Ludwíg
Feuerbach, Sigmund Freud, KarI Marx, Friedrich Nietzsche, Bertrand
RusselJ, Jean Paul Sartre e Voltaire foram incrédulos convictos, mui-
to hostis para com a religião, e especialmente para com o cristianis-
mo. Mas, por outro lado, nomes destacados da filosofia medieval como
Agostinho, Alberto Magno, Anselmo e Tomás de Aquino acredita-
vam piamente nas verdades cristãs; outros filósofos mais modernos
mostraram um cristianismo também surpreendente. Blaise Pascal,
famoso filósofo e matemático do séc. XVII chegou a afirmar: "Sem
Jesus Cristo o homem permanece no vício e na miséria; com Jesus
Cristo o homem está imune ao vício e à miséria. Nele está nossa vir-
tude e toda a nossa felicidade. Fora dele há apenas vício, miséria,
erros, trevas, morte e desespero"1 ; Hegel, teólogo e filósofo idealista
alemão, afirmou que o conteúdo da religião cristã corresponde ao
mais alto grau de desenvolvimento da religião e coincide perfeita-
mente com o conteúdo da verdadeira filosofia2. Entre os diversos fi-
lósofos de atitude positiva com relação à religião c à fé cristã estão os
nomes famosos de John Locke, empirista inglês, William James, pai
do pragmatismo americano, Henri Bergson, filósofo judeu que reco-
nheceu no cristianismo a religião superior, Max Scheller, Maurice
Blondel, Rudolph Otto, fenomenólogo da religião, Martin Buber, ju-
deu religioso, Sõren Kierkegaard (teólogo e pastor luterano, pai do
existencialismo moderno, apaixonado pelo cristianismo).3
Como podemos observar no que foi dito nas linhas acima, é fato
O que é filosofia 9
indubitável que um bom filósofo pode muito bem ser um cristão muito
piedoso. Ao contrário do que muita gente possa pensar, o contato
com a Bíblia tem até mesmo permitido e provocado reflexão profun-
da e conhecimento perspicaz. Quem se der ao trabalho de investigar a
história da filosofia e da ciência ocidental vai ficar surpreso ao desco-
brir quantos génios da história da civilização ou foram cristãos con-
victos ou tiveram uma formação religiosa profunda (judaica ou cris-
tã). O conhecido pensador evangélico Francis Schaeffer4 chama a
atenção para a importância do cristianismo no desenvolvimento cien-
tífico da Europa. Ele afirma que a ideia cristã de que o mundo é cria-
ção de Deus, e portanto bom, abre espaço para uma avaliação mais
objetiva da realidade que nos cerca. Essa visão é bem diferente, por
exemplo, da perspectiva hinduísta, que entende o mundo como ilu-
são, e, por conseguinte, sem valor objetivo. Além disso, Schaeffer
argumenta também que Deus deu inteligência e razão ao homem, além
de conceder-lhe uma revelação, a Bíblia, que, apesar de ser verídica e
confiável, não é exaustiva. O fato de não ser exaustiva, ou seja, não
conter toda a verdade sobre o mundo e a natureza, abre espaço para a
investigação da realidade. Assim, o mundo é real e bom, e a mente
humana é capaz de investigá-lo e chegar a algum conhecimento váli-
do; essa avaliação pode e deve redundar no reconhecimento e até
glorificação do Criador.
Filosofia não é inútil
Alguém já disse que o trabalho de um filósofo é semelhante ao
esforço de um cego trancado em um quarto escuro procurando um
gato preto que nunca foi posto lá. Muitos, desconhecendo um "produ-
to" resultante da reflexão filosófica, entendem que se trata de uma pai-
xão inútil de alguns indivíduos exóticos, socialmente mal adaptados.
A verdade, no entanto, é que todos somos filósofos, pois temos
todos uma maneira de entender a realidade que nos cerca. A diferen-
ça fundamental é que alguns são conscientes de que é impossível não
ter uma visão de mundo, e estudam mais profundamente o assunto
para melhor organizar os dados da realidade; outros, porém, formam
uma visão da realidade não sistemática, inconscientes de seus própri-
os valores. Mas, todos são obrigados a desenvolver, ainda que intuiti-
1 O Cabeças Feitas
vãmente, uma teoria interpretativa da realidade. Foi por essa razão
que o célebre filósofo e matemático francês Blaise Pascal disse: "Zom-
bar da filosofia é, em verdade, filosofar".5 É impossível fugir dessa
realidade! É necessário um mínimo de reflexão filosófica para se pen-
sar que a filosofia é inútil e ridicularizá-la!
Para um mundo já imerso numa mentalidade pragmática como o
nosso é um pouco difícil entender a finalidade da pura reflexão filo-
sófica. Todavia, é preciso entender que o mundo é governado por
ideias. As ideias e os valores acabam tendo muito mais peso do que
as coisas. Quando alguém compra um carro, por exemplo, não está
comprando apenas um veículo, mas sim um símbolo de status social,
um referencial psicológico de auto-afirmação, um elemento de maior
aceitação dentro da sociedade, ele. Portanto, a propaganda mais "bem
bolada" consegue às vezes vender mais do que a própria qualidade de
um produto. Isso comprova que os objetos não valem pelo que são
física e materialmente, mas sim pelo que significam dentro de uma
sociedade; às vezes, tal significado é tremendamente artificial, como
no caso de um chapéu de um cantor famoso que é vendido por mais
de 10.000 dólares.
Para resumir a questão, pretendemos demonstrar que a reflexão
filosófica é muito útil pelo menos de três maneiras:
1) Filosofar permite que detectemos o nosso próprio sistema de valo-
res; muitas vezes uma pessoa converteu-se e tornou-se cristã, mas
continua agindo por valores consumistas, hedonistas, individua-
listas, etc. e nunca se deu conta disso!
2) Adquirimos mais capacidade crítica para filtrar melhor o que nos é
apresentado; não somos meros absorvedores do que vemos e ouvi-
mos: Rejeitamos conscientemente aquilo que não é aconselhável.
Isso significa que o estudo da filosofia nos dará mais defesa contra
a manipulação de massas, fenómeno tão comum cm nossos dias.
Quem "faz sua cabeça"? Você sabe?
3) Vamos nos tornar mais capazes de entender nossa própria época,
descobrir as tendências da sociedade, e poderemos até interpretar
mais adequadamente o mundo que nos cerca, sendo mais capazes
de argumentar racionalmente em favor de nossa fé.
O que é filosofia 11
Filosofia, Ciência e Teologia
Devemos agora voltar à questão inicial: 0 que é
filosofia? O que cia estuda especificamente? Como ela
se difere da ciência e da teologia? Como se relaciona com elas?
Etimologicamente, o termo filosofia quer dizer "amigo da sabedoria".
Segundo a definição clássica de Aristóteles a filosofia é "o estudo das
causas últimas de todas as coisas".6 Isso quer dizer que ela pretende
descobrir o fundamento último de todas as coisas, ou seja, dar uma
explicação adequada e sistemática da realidade. Assim, podemos
concluir que a filosofia se interessa por tudo, e o faz no sentido
global, abrangente e não particularizado, utilizando-se unicamente
da razão humana. Enquanto a ciência delimita parte da realidade e
pretende constatar fatos objetivos e mensuráveis, a filosofia vê o todo
e volta-se para questões que estão fora do âmbito da ciência, como
por exemplo, a ética, os valores da sociedade, a verdade, o problema
do mal, a liberdade etc.
A filosofia distingue-se também da teologia. As duas utilizam-se
da razão para abordar questões semelhantes, mas a teologia parte da
revelação bíblica e procura explicar a realidade a partir dos dados da
revelação entendidos pela luz da razão. A filosofia, por sua vez, parte
unicamente dos dados da realidade e da instrumentalidade da razão
para a explicação da realidade. Na verdade cada uma delas tem o seu
lugar. A Bíblia não foi escrita para nos revelar todas as coisas. Ela
nos fala principalmente daquilo que Deus quis nos revelar sobre seu
plano de redenção para a humanidade. Deus não revelou tudo sobre si
mesmo, nem sobre o mundo criado, na Bíblia. Se assim fosse, não
haveria espaço nem para a pesquisa científica. A Bíblia tem propósi-
tos específicos; ela nada nos diz sobre a alimentação dos cangurus
australianos c nem sobre as regras do raciocínio lógico. Nem deveria
dizer, pois não é seu propósito.
Portanto, a verdade é que filosofia e teologia se complementam.
Não posso escapar de usar métodos lógicos, emprestados da filosofia,
para analisar a revelação bíblica. Por que motivo temos tantas linhas
teológicas distintas? Não temos todos a mesma Bíblia? O fato é que o
texto sagrado contém os dados da revelação, mas atarefa da
interpre-ação e relação com nossa experiência e cultura cabe à
teologia, que por sua vez usará o instrumento da filosofia. Quando
uma pessoa argumenta que se baseia apenas na Bíblia para defender
suas ideias, ela
1 2 Cabeças Feitas
sequer compreendeu a séria e dura tarefa de interpretar a Palavra de
Deus com coerência e responsabilidade. Todavia, como cristão, pre-
ciso também reconhecer que o conhecimento humano é limitado, e
que apesar de todos os esforços filosóficos eu nunca poderia conhe-
cer a Deus adequadamente apenas por meio da razão, do contrário
não teria sido necessário que ele nos desse sua revelação nas Escritu-
ras. A absolutização da filosofia é um erro; a ignorância da mesma
não é um erro menor!
Notas do capítulo 1
'Pascal, Blaise. Pensamentos, p. 144. Cultrix, São Paulo, 1968. 2Kunzmann, P. & Burkard, F-P & Wiedmann, F. Atlas de La Philoso-
phie, p. 157, La Pochothè-que, Librairie Générale Française. 3Jolivet, Régis. Introduction a Kierkegaard, p. 21-22, Éditions de Fon-
tenelle, Abbaye S. Wandrille, 1946.
"Veja em A Morte da Razão, Fiel, São Paulo, 1974. 5Pascal B., ídem, p. 197.
6 Em Mondin, Battista, Introdução a Filosofia, p. 5, Paulinas, S. Paulo,
1981. Veja também Corbisier, Roland. Enciclopédia Filosófica, p. 67-
71, Vozes, Petrópolis, 1974.
Capítulo 2
AS QUESTÕES FILOSÓFICAS
Deve ficar claro que há uma variedade significativa de modelos
filosóficos. Os grandes pensadores partem de pressupostos diferentes
para abordar a realidade e muitas vezes se interessam apenas por cer-
tos problemas, ou elegem certas questões filosóficas como mais im-
portantes e não se preocupam com algumas outras. Há, porém, certos
problemas filosóficos clássicos, que sempre foram motivo da preocu-
pação da maioria absoluta dos grandes filósofos. Procuraremos intro-
duzir as questões filosóficas principais, mostrando suas perguntas mais
importantes, sem deixar de apresentar soluções propostas e um posi-
cionamento cristão.1
1. A Questão da Lógica
A lógica é a ciência que estuda a estrutura do pensamento. Con-
forme se diz em linguagem filosófica, estuda o pensamento enquanto
pensado, isto é, estuda entes da razão e não entes reais, pois a
abstra-ção distingue-se do objeto concreto (a ideia de cavalo não
equivale plenamente a um cavalo objetivo). A lógica pretende
estabelecer as regras do funcionamento do pensamento e distinguir
o verdadeiro do falso. Há dois tipos básicos de raciocínio lógico: a
dedução e a indução. O método de raciocínio dedutivo mais
conhecido é chamado de silogismo. Foi elaborado por Aristóteles e
tem como exemplo o seguinte modelo: "Todos os homens são
mortais; Pedro é um homem, logo Pedro é mortal". Como se pode ver
temos duas premissas e uma conclusão no silogismo. O termo
"mortal" é designado termo maior, "Pedro" é o termo menor e
"homem" é chamado termo médio. No caso da indução o raciocínio
inverte-se: o cobre, o ferro, o bronze são metais; o cobre, o ferro, o
bronze são bons condutores de calor; conclui-se que os metais são
bons condutores de calor.
A lógica tradicional é conhecida como lógica formal porque não
14 Cabeças Feitas
se preocupa com o conteúdo do pensamento mas sim com a forma;
Immanueí Kant desenvolveu um outro tipo de lógica, muito mais com-
plexa, conhecida como lógica transcendental; além dessas, moderna-
mente há ainda a lógica simbólica ou matemática. O mais importante
em tudo isso é que é impossível prescindir da lógica em qualquer
argumentação. Como cristãos precisamos ter condições de
argumen-tar corretamente e saber responder sobre a nossa fé com
honestidade e raciocínio correto o que nos for solicitado.
2. A Questão da Teoria do Conhecimento
Trata-se de uma questão muito ampla que de fato envolve até a
própria lógica. As principais perguntas são: quais são e como atuam
nossas faculdades cognitivas; qual é a natureza do conhecimento, qual
é a relação do conhecimento com a realidade (teorias da verdade). Ao
introduzir essa questão daremos atenção a duas questões importantes:
a) as formas e a origem do conhecimento;
b) a validade do conhecimento.
As formas do conhecimento são basicamente duas: sensível e
in-telectiva. Isso quer dizer que ou nosso conhecimento é produzido
pelos sentidos, como no caso de uma sensação gustativa, ou é
produzido pelo intelecto, como no caso da noção de quantidade. De
onde vêm as ideias que temos em nosso intelecto? Elas existem por
causa de nossa experiência com o meio ou existem por causa da
razão? Em que medida as sensações e o intelecto atuam nesse
processo? Se alguém fosse cego, surdo, mudo, sem tato ou paladar,
essa pessoa teria algum conhecimento em sua mente? Poderia
entender o significado de um número? Empiristas e racionalistas
foram escolas filosóficas que se opuseram quanto a essa questão. Os
empiristas privilegiaram a experiência, afirmando que a mente é uma
"tabula rasa" e que nada há nela que não tenha passado pelos
sentidos; já os racionalistas privilegiaram o intelecto, afirmando a
existência de ideias inatas em nós, ideias essas que não existem em
função de nossa experiência com o mundo sensível.
No processo do conhecimento estão presentes o sujeito e o objeto.
Quem determina o conhecimento que temos do objeto? O sujeito? O
objeto? Quando vemos uma cadeira, será que a sua "cadeirice" é tão
As questões filosóficas 15
explícita que determina o conhecimento que temos dela? Ou será que
o conhecimento obtido é antes uma criação do sujeito que a observa?
Além disso, qual o papel de outros elementos "interferentes", como a
cultura, os fatores psicológicos subconscientes e a linguagem, no pro-
cesso do conhecimento?
Quanto a validade do conhecimento, devemos perguntar: qual o
valor do conhecimento humano? Como diferenciá-lo do erro? Pode-
mos confiar em nossa capacidade cognosciva? Os filósofos que de-
fenderam a possibilidade de um conhecimento seguro sempre afir-
maram que esse conhecimento é o intelectivo. Sócrates, Platão e
Aris-tóteles são exemplos de filósofos que defendiam a busca e a
certeza da verdade. Os sofistas gregos, os filósofos relativistas e
cétícos não acreditam na possibilidade de se alcançar a verdade.
Pelo contrário, defendem a ideia de que a experiência sensorial de
uma realidade em fluxo constante é tão determinante que não
podemos conhecer no sentido absoluto coisa alguma. Alguns céticos
chegavam a dizer que não era possível tomar banho em um mesmo
rio duas vezes, pois a correnteza transformava o rio em outro rio
constantemente. No próximo capítulo deste livro, veremos as
propostas apresentadas para o problema do conhecimento.
Um outro tópico que merece nossa atenção ainda com respeito ao
conhecimento é a filosofia da ciência, ou epistemologia. Essa disci-
plina levanta questões do tipo: o que é o conhecimento científico? O
cientista descreve fatos objetivos? Interpreta? Explica? Até que ponto
a ciência explica um fenómeno? Há limites para o conhecimento
científico? Tudo é cientificamente abordável? Um cientista conta com
um ponto de partida, um pressuposto filosófico, quando aborda um
"fato"? Uma das questões fundamentais mais importantes da episte-
mologia é se a ciência tem ou não uma base metafísica, como suge-
rem certos filósofos.
A grande validade dessas informações é a percepção dos humildes
limites da ciência. O conhecimento científico é muito útil para um
determinado contexto. Muito do que c "científico" vale para certos
meios, mas não para outros. A história da ciência é uma história de
glória e realizações, mas também de humilhação. A complexidade do
conhecimento e seu aspecto multifacetado tem permitido posturas
muito mais realistas, limitadas e menos dogmáticas na ciência con-
temporânea. A física newtoniana não é suficiente para abordar o campo
16 Cabeças Feitas
da relativística einsteniana. O estudo de um campo específico da ciên-
cia faz com que alguns cientistas corram o risco de ver toda a realidade
a partir de seu próprio campo de estudo. Tal atitude é considerada um
reducionismo epistemológico. O real não corresponde necessariamen-
te ao racional. Aplicar à realidade um modelo específico de uma ciên-
cia pode ser avaliado como ingenuidade filosófica. Um exemplo inte-
ressante foi o que ocorreu no século XIX, na época do despontamento
da biologia, quando diversas outras ciências desenvolveram sua meto-
dologia emprestando-a da biologia. No caso da linguística, as línguas
foram tratadas como se fossem organismos vivos, abordagem eviden-
temente inadequada. É importante, portanto, não permitir que os "ócu-
los" epistemológicos do nosso campo de ciência estendam-se
acritica-mente para toda a interpretação da realidade. Isso serve
igualmente para os estudantes de teologia, que às vezes pretendem
encontrar na Bíblia conhecimento específico para toda e qualquer
ciência, desprezando o propósito e contexto de certas passagens
bíblicas. Não faz muito tempo, encontrei alguns cristãos que estavam
defendendo a base bíblica da matemática. O argumento que
utilizavam é que a Bíblia em diversas passagens afirma que Deus
"acrescentou" à igreja muitas almas em Atos, "multiplicou" o povo de
Israel, e etc. Parece desnecessário argumentar contra ideias tão
ingénuas, pois esses conceitos são comuns a praticamente todos os
povos e o texto bíblico, como qualquer outro documento de outras
civilizações não-cristãs, faz referência a eles por serem fatos óbvios da
experiência humana.
3. A Questão da metafísica e da cosmologia
O termo metafísica significa literalmente "além da física".
Trata-se da disciplina da filosofia que "estuda as causas primeiras e
os primeiros princípios", sendo o cerne da preocupação filosófica
clássica. Aristóteles afirma que o objeto de investigação da
metafísica é "o ser enquanto ser e as propriedades que
necessariamente o acompanham". A pergunta é por que as coisas são
em vez de não serem? O ser é a essência de algo; é a qualidade
essencial de um ente sem a qual ele não pode subsistir.2
A preocupação metafísica sistemática existe desde os filósofos
pré-socrãticos. Parmênides é o considerado o primeiro filósofo
própria-
As questões filosóficas 17
mente metafísico. Platão via o ser numa realidade superior distinta do
mundo em que vivemos, o mundo das ideias; já Aristóteles via o ser
nas próprias coisas e não fora delas e definia Deus, o motor imóvel,
como o Ser Absoluto. A filosofia cristã medieval estabeleceu relação
entre o Deus cristão e as teorias metafísicas gregas, de modo que
Agostinho segue Platão e Tomás de Aquino baseia-se em Aristóteles.
Na idade moderna, depois do ceticismo de David Hume e do idealis-
mo de Kant, desistiu-se da busca metafísica. Kant defendeu a exis-
tência do ser, mas disse que este se encontrava numa dimensão
"numênica", inacessível ao intelecto. Assim, teríamos acesso apenas
ao fenómeno, à manifestação do ser enquanto ente particularizado.
Tal interpretação fechava as portas para a metafísica. Por esse moti-
vo, os filósofos modernos, desde Descartes desistiram da metafísica,
dando atenção ao problema do conhecimento. Recentemente, Martin
Heidegger, retomou o interesse pelo ser, afirmando que este se mani-
festa nos entes, sendo o ente do homem a porta de acesso ao ser. O
método de Heidegger é chamado fenomenológico, distinto dos clás-
sicos métodos dedutivo e indutivo.
A questão cosmológica também merece ser aqui abordada, pois his-
toricamente confundia-se com o problema metafísico. Cosmologia quer
dizer o estudo do mundo. Qual é a origem do mundo? Quais os seus
constitutivos fundamentais? Qual o seu fim último? Os pré-socráticos
perceberam a diversidade do mundo e se puseram a refletir qual seria o
elemento fundamental na constituição do mundo. O primeiro filósofo a
propor uma solução foi Tales de Mileto (da Ásia Menor). Acreditava
ele que a água era o fundamento do mundo; outros pensadores defen-
deram outras alternativas como o fogo, o ar, o indeterminado, o
número (no caso dos pitagóricos). Platão delineou um mundo dualista,
sendo o nosso mundo uma cópia do mundo superior e perfeito das ideias.
Tal cópia fora feita pelo Demiurgo, uma espécie de divindade inferior,
que também infundira uma alma ao mundo. Aristóteles partia da ideia
de que o mundo era eterno, caracterizado pela mudança, o movimento
perene, isto é, o devir. Todavia, o devir é sinal de imperfeição. Assim,
o inundo precisa de um ser que não se modifica e é ao mesmo tempo a
causa de tudo, sendo o motor que a tudo move, e permanece imóvel.
Ainda segundo ele, o mundo é constituído de fornia e matéria.
Ainda na Grécia antiga, Leucipo, Demócrito e Epicuro formula-
ram a teoria atomista como modelo cosmológico, afirmando que o
18 Cabeças Feitas
mundo era composto de partículas pequenas e indivisíveis chamada
átomos. Os átomos com suas combinações múltiplas davam origem à
diversidade do mundo. Vemos aqui os prenúncios da química.
Depois do Renascimento, despontou a perspectiva mecanicista,
desenvolvendo-se muito a ciência da natureza. A visão mecanicista e
matemática do mundo se estabelece, e teorias científicas como a teo-
ria cinética e teoria molecular tornam-se alternativas de explicação
do mundo. Assim, diminui-se o interesse e a esperança de que se
possa achar respostas para a origem do mundo {criação x acuso), sua
duração, sua extensão, se seu mover-se é teleológico ou não, eíc. Por
fim, a verdade é que chegamos a um ponto onde ciência, filosofia e
teologia compartilham do assunto. Os cristãos, como já dissera Agos-
tinho no IV século, defendem a criação do mundo por Deus a partir
do nada. Deus é o ser absoluto que comunica o seu ser ao mundo,
fazendo com que do nada surja o mundo. Todavia isso não nos impe-
de de abrir espaço para ver o que a ciência nos diz sobre a constitui-
ção do mundo, sem esquecer todavia que sobre esse assunto hã ques-
tões pertinentes unicamente à ciência empírica, mas há aquelas que
sempre ficarão de fora do âmbito da ciência.
4. A Questão da Ética
O que é o certo e o errado? Quem tem o direito ou o dever de
defini-lo? Há absolutos no campo da ética? Tudo é relativo? Essas
são algumas das perguntas relativas à ética.
Partindo do pressuposto de que o ser humano possui liberdade, é
capaz de escolha, e também tem uma consciência, podemos falar de
ética. A primeira questão que se levanta é se a ética é convencional,
estabelecida por um grupo de homens que vivem juntos, ou se é natu-
ral, intrínseca a natureza humana. A perspectiva cristã evidentemente
apoia a teoria inatista, afirmando que a imagem de Deus no homem
inclui o aspecto ético.
As teorias sobre a moralidade podem ser definidas em três grupos
principais: teleológicas, deontológicas e situacionais. A primeira
baseia-se no princípio da finalidade, a segundo sobre o imperativo do
dever e a última sobre a relatividade contextuai dos princípios morais.
Os diversos tipos de ética teleológica são:
As questões filosóficas 19
Hedonismo. O critério de moralidade é o prazer sensível. A fina-
lidade da vida é o prazer, que é a perpétua motivação do que fazemos,
portanto aquilo que produz mais prazer é certo. Muitos hedonistas,
como Epicuro (veja At 17.18), defendiam que a felicidade seria al-
cançada pela ausência de dor e preocupação, e não pela satisfação de
paixões como poderiam pensar alguns.
Utilitarismo. Como diz o próprio nome, o certo é o que nos é útil
e traz vantagem. O utilitarismo é próprio da filosofia inglesa. Há
uti-litaristas individualistas, como Thomas Hobbes e utilitaristas
altruístas que tentam combinar o interesse individual com a
convivência coletiva; seu maior representante foi Stuart Mill.
Eudemonismo. Apesar do nome, esta teoria afirma que o critério
da moral é a felicidade. Tal felicidade é adquirida por meio da con-
templação. Para Aristóteles seria a contemplação da verdade absolu-
ta da física, matemática e metafísica; para Tomás de Aquino é a
con-lemplação de Deus, visão beatífica da divindade.
As morais deontológicas são:
Estoicismo. Os estóicos que também são citados em Atos 17 de-
fenderam que a norma suprema da moral é a prática da virtude. Taí
virtude é entendida como uma disposição interna da alma pela qual
ela se acha em harmonia consigo mesma, com o próprio Logos. A
prática da virtude está na repressão das paixões e na superação da
própria personalidade. Portanto é necessário libertar-se das paixões
que prendem o corpo à alma impedindo-a de juntar-se ao Logos, e
das contingências da vida cotidiana.
Formalismo ético. Essa teoria foi elaborada por Kant. Trata-se da
obediência à lei pela lei, o puro amor ao dever, em conformidade com
a índole prassiana de Kant. Ele argumentou que o critério da moralida-
de não podia vir da experiência e tinha que ser absoluto e universal.
Assim, definiu uma lei apriori, que denominou imperativo categórico.
Por fim estabeleceu princípios práticos para agir de acordo com tal
imperativo: a) "age de modo que a máxima de tua ação possa valer
como princípio universal de conduta"; b) "age de modo a tratar qual-
quer pessoa como fim e nunca como meio"; c) "age de modo que tua
vontade possa considerar-se como instituindo uma legislação universal".
A postura ética situacional é o:
Relativismo ético. Trata-se da ideia de que a realidade é tão
mu-lável, e as experiências humanas tão diversificadas que é
impossível
20 Cabeças Feitas
estabelecer qualquer norma ética absoluta. Todo discurso ético seria
arbitrário e até sem sentido. É a popular ideia que afirma: "o que é
certo para alguém, não é certo para outrem"'. É evidente que há ques-
tões ética relativas, e como tais elas devem ser consideradas, mas isso
não quer dizer que possamos prescindir de absolutos éticos. Tal posi-
cionamento choca-se frontalmente com as premissas cristãs.
Para o cristão a ética é fator fundamental. A base última da ética
está no caráter santo do Deus criador e sustentador do universo. Todo
que se rebela contra Deus e seus mandamentos está em erro. O próxi-
mo, imagem e semelhança de Deus, também é salvaguardado por
valores morais; errar contra o próximo é transgredir a ética. A reli-
gião bíblica é essencialmente ética e voltada para uma atitude altruís-
ta; todavia, não perde a perspectiva finalista, pois quem faz o bem
segundo Deus será recompensado e terá felicidade eterna.
Algumas questões éticas merecem séria reflexão em nossos dias:
direitos desiguais em função de religião, raça, sexo ou qualquer espe-
cificidade (sem falar na injustiça de grupos que exigem "direitos espe-
ciais"); o aborto (a vida humana não tem valor: homicídio de inocen-
tes); exploração do próximo - enriquecimento ilícito por meio de mal
uso da política, prostituição e demais indústrias de alienação; a questão
da guerra (deve o cristão participar?); a perpetuação da ignorância como
instrumento de poder e manipulação. Está na hora de pensar nas ques-
tões sérias da vida e da sociedade em vez de preocupar-se com coisas
inúteis (como se devemos ou não bater palmas na hora do corinho)!
Enquanto discutimos questões relativas, de pouco valor e até
subjetí-vas, problemas sérios estão inclusive em nossas próprias
igrejas.
5. A Questão da Linguagem
Na Bíblia encontramos um elogio à linguagem. Há uma valoriza-
ção das palavras euma crítica à imagem. Deus cria o mundo falando,
sua vontade é transmitida pela "palavra do Senhor" e Jesus aparece
como o "Verbo Encarnado". Por isso a linguagem sempre foi motivo
de grande interesse dos filósofos e teólogos cristãos.
No campo científico, merece destaque o fato de a linguística ter
passado por muita reavaliação nesse século. Foi o suíço Saussure que
estabeleceu as bases da linguística moderna. Delimitou as dualidades
As questões filosóficas 21
língua e fala, e significado e significante como conceitos fundamen-
tais. A língua é o sistema de signos conformado às regras da gramáti-
ca, ãfala é a realização individual e concreta da língua, envolvendo
os elementos subjetivos do falante. O signo linguístico é constituído
de significante, que aponta para o conceito extra-lingiiístico, e de
significado, o modo parcial e histórico por meio do qual atualiza o
significante; em suma, trata-se do conceito (significante) e de sua
expressão fonológica (significado).
Duas questões muito relevantes relativas à linguagem são a sua
origem e a sua relação com o pensamento e as coisas. De onde proce-
de a linguagem? De Deus? Da Natureza? Ou seria ela uma invenção
humana? É fácil entender que a capacidade para produzir a lingua-
gem está em nossa natureza, foi feita por Deus; mas a linguagem
propriamente dita parece ter surgido por um processo de imitação.
Esse processo é conhecido por onomatopéia; trata-se da imitação dos
sons da natureza: o "tchibum" dentro d'água (que o inglês escuta
"splash"). Essa tentativa de imitação parece ser constatada nos vocá-
bulos semíticos mais antigos, como no caso do hebraico, língua na
qual os termos arcaicos indicam o processo onomatopaico. Todavia,
não é possível imitar foneticamente tudo que recebe um rótulo voca-
bular. Por isso, os linguistas modernos defendem a ideia de "arbitra-
riedade do signo linguístico". Ou seja não há nenhuma relação onto-
lógica, essencial entre a palavra e o seu referente; a associação é arbi-
trária e convenção de um determinado grupo étnico.
E quanto ao pensamento? Será que a linguagem molda o nosso
pensamento, conforme pensam estrutural istas e hermeneutas; ou será
ela apenas expressão do pensamento? Parece difícil decidir! Os filó-
sofos estão divididos. É claro que há uma relação interdependente
entre os dois, todavia parece haver certa preponderância no pensa-
mento, pois é comum a experiência de "não encontrar palavras" para
dizer o que se deseja.
6. A Questão estética
O que é o belo? O que é uma obra de arte? Que critérios são utili-
zados para determiná-los? Quem já entrou em um museu de arte com
certeza já desconfiou da amplitude do critério de avaliação artística.
22 Cabeças Feitas
Qual a finalidade de uma obra de arte? Que relacionamento deve ter
com a ética?
A primeira teoria da arte é a mimética, arte como imitação. Platão
foi o pioneiro dessa perspectiva. A natureza é uma imitação das ideias,
a arte uma imitação da natureza. A arte deve imitar a Beleza.
Aristó-teles seguiu também a hipótese mimética, mas entendia que o
belo apelava para a capacidade cognitiva do homem, despertando-lhe
prazer. Segundo ele, a ordem, a simetria e a determinação
estabelecem a beleza de uma obra de arte.
A arte também é vista como uma expressão do homem, seus sen-
timentos, suas fantasias. É parte integral da manifestação das capaci-
dades não racionais do homem. Kant, por exemplo, via na arte uma
captação do universal, exprimindo-se no particular; é a expressão do
númeno no fenómeno. O prazer estético produz profunda harmonia
entre as faculdades opostas dos sentidos e do intelecto. Outras teorias
alternativas entendem a arte ou como prazer, sendo o belo visto como
o bem último da vida, conforme pensava Santayana; ou como um
escape, com a arte sendo vista como uma espécie de ópio, conforme
argumentava Schopenhauer. Modernamente, as perspectivas estéti-
cas valorizam muito a expressão, a criatividade e a originalidade. Nesse
caso, o artista não imita, não pretende comunicar realidades superio-
res; ele apenas cria algo totalmente novo. É o triunfo da novidade
pela novidade.
Segundo os filósofos clássicos, gregos e cristãos medievais, a arte
tem uma finalidade pedagógica. A arte deve favorecer a educação.
Por esse motivo Platão condenou a arte teatral, pois afirmava que esta
despertava as baixas paixões do homem. Ele ainda defendia o uso do
música como arte que deve ser cultivada, pois educa e produz harmo-
nia na alma. Já Aristóteles acreditava que a arte tinha também uma
função catártica, permitindo ao homem libertar-se das paixões e a
alcançar a purificação.
Para alguns filósofos mais modernos como Viço e Hegel a arte
tinha finalidade teórica, metafísica. Por meio da arte se conhece a
natureza profunda das coisas, do Absoluto. A obra artística, para He-
gel, é vista como uma manifestação concreta do Absoluto.
Atualmente, a arte tem sido visto como autónoma. A arte tem como
finalidade a própria arte. O que vale é a própria manifestação do artis-
ta. A avaliação pelo conteúdo, ética ou pedagógica é descartada, ex-
As questões filosóficas 23
ceto nos casos de arte "politicamente incorreta".
Alguns filósofos argumentam que a arte é amoral, nada tem com a
ética. É compreensível que uma obra de arte deva ser avaliada
predo-minantemente por seu aspecto estético. Todavia, não é possível
isolar a obra de arte dos outros aspectos da vida. Será que os artistas
excluem o "aspecto económico" da arte, jáque ela também é
"a-econômica"? Fica claro que a arte envolve a expressão de ideias;
se um filme nazista fosse colocado em cartaz poucas pessoas
defenderiam "a liberdade artística", mas quando um filme
pornográfico faz sucesso é avaliado "artisticamente". Os dois males
são avaliados de modo diferente. Por que a diferença de critério?
Fatores políticos e económicos têm muito peso nessa "liberdade
artística". É evidente que ninguém avalia uma obra de arte apenas
esteticamente, pois somos ao mesmo tempo um ser moral, religioso,
estético, metafísico etc. A arte deveria, portanto, ser benéfica ao
homem e glorificar a Deus.
7. A Questão Religiosa
Nunca foi encontrado um só povo em toda a história humana que
não tenha desenvolvido algum tipo de religião. Por mais que durante
os últimos dois séculos a religiosidade humana tenha sido considera-
da uma neurose, fruto da ignorância, etc, a verdade é que é um fenó-
meno essencialmente humano. A condição de criatura do homem
leva-o naturalmente em direção ao sentimento religioso. Para a
surpresa de muitos "profetas" do século passado, como era o caso
dos positivistas, vemos em nossos dias um declínio do racionalismo e
do ateísmo estéril e um crescimento do misticismo religioso nas
sociedades industrializadas e sofisticadas do Ocidente e Oriente. A
mais sofisticada tecnologia tem sido usada até para auxiliar o
ocultismo mais bizarro e questionável. O homem é um ser
essencialmente religioso.
Flistoricamente, foi somente a partir do século XIX que se apre-
sentaram interpretações filosóficas hostis contra a religião de modo
geral, especialmente contra o Cristianismo. Feuerbach, herdando o
agnosticismo metafísico de Kant e o ceticismo de David Hume,
en-lendeu o fenómeno religioso como puramente psicológico.
Feuerbach afirmava que Deus tinha sido inventado pelo homem. Deus
seria uma espécie de projeção psicológica de todas as qualidades
mais excelen-
24 Cabeças Feitas
tes do ser humano. Portanto, a consciência de Deus é autoconsciên-
cia. Não foi Deus quem criou o homem, mas o homem foi o criador
da divindade.
Outras famosas interpretações psicológicas de Deus foram as de
Lucrécio, filósofo epicurista, que acreditava que a ideia de Deus ti-
nha se originado por causa da ignorância e do medo; e modernamen-
te, as de Sigmund Freud, o pai da psicanálise, que até escreveu um
livro específico chamado "O Futuro de Uma Ilusão", esboçando ali
suas críticas à religião. Para Freud a religião era uma neurose desen-
volvida pela sublimação dos instintos; Deus não passa da projeção da
figura do pai.
Outro crítico mordaz da rei igião foi Karl Marx. Rejeitando o juda-
ísmo e posteriormente o cristianismo, Marx definiu a religião como o
ópio do povo. Para ele, o fenómeno religioso era uma arma dos opres-
sores, útil para a manipulação das classes dominadas, o que sem dú-
vida aconteceu muitas vezes na história, embora isso não signifique
que possamos explicar o fenómeno religioso apenas por esse fator. Já
Friedrich Nietzsche, filho e neto de pastores, entendeu que a religião
era uma defesa dos fracos contra os fortes; seu ódio pelo cristianismo
se expressava na crítica de que a fé cristã, conforme Nietzsche, elogia
o pobre, o humilde, o necessitado e destina o rico e poderoso à conde-
nação; a religião era portanto uma arma ideológica dos miseráveis e
inferiores contra os aristocratas e superiores.
Todavia, muitos filósofos contemporâneos, especialmente depois
do enfraquecimento do materialismo, esboçaram uma interpretação
positiva do fenómeno religioso. O filósofo e pastor luterauo
Kierke-gaard não aceitava restringir a religião à lógica, rejeitando o
idealismo de Hegel. Kierkegaard definia o estágio superior de um ser
humano como o estágio religioso. Só se chega a ele por meio da
intuição e da fé. O homem crê em Deus não pela razão, mas apesar
dela. Defendia uma fé subjetiva e apaixonada. A verdade religiosa era
de natureza distinta das verdades objetivas da ciência. Todavia, era
uma verdade tão sublime que o cristão ousa morrer por ela, enquanto
que pela equação de Torricelli, por exemplo, ninguém jamais
morreria. Conforme o filósofo dinamarquês, a sensação da infinita
distância qualitativa entre Deus e o homem, dã-nos um senso de
pequenez e humilhação, curvando-nos até a prostração e a adoração.
Outro destacado estudioso da experiência religiosa foi Rudolf Otto.
As questões filosóficas 25
Entendendo a categoria do sagrado como o numinoso, isto é o inefá-
vel, indefinível, Otto entende-o como essencialmente não-racional.
A relação com o sagrado estabelece uma dualidade: a repulsão e a
fascinação. A repulsão é o mysterium tremendum, que envolve o as-
pecto de temor e repulsa do sagrado; o fascínio, mysterium fascinans
diz respeito à bondade, à graça e a tudo que atrai no sagrado.
Outros ainda como Paul Tillich, para quem Deus é a preocupação
última do ser humano, c Friednch Schleiermacher, para quem a reli-
gião é essencialmente o sentimento de dependência do divino, foram
exemplos de grandes filósofos e teólogos que delimitaram a experi-
ência religiosa como fenómeno legítimo e naturalmente humano.
8. A Questão Histórica
Essa é uma questão de muita importância especialmente para os
cristãos. A revelação bíblica apresenta-nos um Deus que se revela
na História. Alguns teólogos contemporâneos chegaram até a afir-
mar que Deus só pode ser conhecido em sua manifestação histórica.
Hegel afirmou que a história é a autobiografia de Deus. Não resta
dúvida de que o elemento histórico é preponderante no Cristianismo.
A fé cristã é uma das poucas concepções religiosas que incluem o
elemento histórico como fundamental em sua declaração de fé. Paulo
declara que se Cristo não ressuscitou, nossa fé é vã (1 Co 15.14). O
cristianismo depende de fatos que marcam sua genuinidade. Jã o bu-
dismo e o hinduísmo independem da história; são filosofias religio-
sas baseadas em certos princípios e rituais.
O fator histórico é determinante para uma civilização. Povos sem
escrita e sem senso histórico nunca desenvolvem grande civilização.
Os eruditos geralmente concordam que a concepção cíclica de histó-
ria dos gregos impediu-os de uma grandiosidade ainda maior. A no-
ção de história como uma linha reta, constituída de significado e que
caminha ideologicamente, ou seja, para um determinado fim, é pro-
veniente do cristianismo.3 De certa forma, a ciência histórica surge
no Ocidente como secularização da escatologia cristã. Um dos moti-
vos do grande apelo do marxismo na história recente é exatamente o
seu fator histórico. Filho do hegelianismo e uma espécie de heresia
cristã, o marxismo apresenta uma ideia de que o homem é um ser
26 Cabeças Feitas
essencialmente histórico envolvido numa luta económica, cujo fim
será de felicidade, quando os dominados conseguirem estabelecer uma
sociedade igualitária, sem classes.
Filosoficamente, a primeira questão que s& levanta sobre a histó-
ria é quanto à sua objetividade e à sua possibilidade. Não é difícil
descobrir que só Deus tem a história plenamente objetiva em suas
mãos. Alguns fatos são selecionados por serem importantes, relevan-
tes, adequados ao historiador e tornam-se "história". Não resta dúvida
de que existem eventos objetivos, que seriam a história objetiva.
Todavia, a tarefa de elaboração da história transforma-a em história
subjetiva. Ou seja, ninguém será capaz de escrever uma história ple-
namente correta em todos os aspectos, pois ela é determinada por
limitações temporais, culturais, ideológicas e por informações parci-
ais. No entanto, isso não significa que devamos ser céticos quanto à
possibilidade da história, pois está claro que a interpretação histórica
é construída sobre eventos, fatos objetivos. Os filósofos, porém, es-
tão divididos. Há os que são céticos quanto à possibilidade de recons-
trução da história e há os que defendem essa possibilidade, sendo
chamados de realistas históricos. Os céticos ou negam o acesso aos
fatos ou que os acontecimentos tenham um sentido ou plano ordena-
do. Uma boa contribuição da crítica cética é o reconhecimento do
fator ideológico na interpretação histórica. Eles chamam a atenção
para o fato de que a mesma histórica contada por um marxista, um
protestante e um positivista são muito diferentes. Para ilustrar a ques-
tão, basta lembrar de uma aula de história dos cursinhos. A grande
maioria dos professores de cursinho é marxista. Quando vão ensinar
sobre a Reforma Protestante do séc. XVI, falam muito pouco sobre
aspectos teológicos e doutrinários que motivaram a cisão
católico-protestante, pois enfatizam as possíveis motivações
económicas do referido evento. Quando comentam sobre a
Inquisição Medieval dão dimensões de grande crueldade, mas ao
falarem das chacinas de Stalin ou de Mao Tsé-Tung não dão um
"colorido" tão sensacionalista.
Os realistas históricos, por sua vez, não estão de acordo entre si
quanto à interpretação da história. Alguns deles são deterministas,
como era o caso dos gregos, que criam numa história circular, e de
Hegel e Marx, doutrinas essencialmente historicistas, pois afirmam
que toda a realidade está na história. Entre os que não aceitam essa
postura determinista estavam os iluministas que entendiam a história
As questões-filosóficas 27
como um. plano da natureza que caminhava na direção da perfeição.
A visão cristã, sem dúvida, é realista e não-determinista. Defende
um plano teleológico da história, sob direção divina, tendo o centro
na pessoa de Jesus Cristo. A história é construída também pela ação
do homem no uso de sua liberdade. Assim, podemos explicar o mal
na história, a realidade da liberdade humana, mas continuamos com
um senso de plano ordenado com significado, sob direção de Deus e
que caminha para o triunfo do bem. Essa concepção
histórico-escato-lógica é magnífica, pois estabelece a possibilidade
do sujeito livre que age e constrói a história, mas também possui a
base metafísica, que é o fundamento do significado e da esperança,
motor da civilização. Sem esperança, ninguém nada planeja nem
constrói.
Notas do capítulo 2
1 Baseado principalmente em Mondin, Battísta. Introdução à Filo-
sofia. Paulinas, S. Paulo, 1981. Outras fontes: Mondin, Battista. Curso
de Filosofia. Paulinas, Volu-mes 1-3. Paulinas, S. Paulo, 1986.
Hun-nex, Milton D. Chronological and Thematic Charts of Philosophies
and Philosophers. Academic Books (Zondervan), Grand Rapids,
1986. £Lalande, André. Vocabuiaire Technique et Critique de Ia
Philoso-phie, p. 308. Presses Universitaire de France, Paris, 1960. A
definição é de René Descartes. 3Veja José van Besselaar em Introdução aos Estudos Históricos,
EDUSP,S. Paulo.
Capítulo 3
ESBOÇO HISTÓRICO DA FILOSOFIA
Em vista do que já vimos, fica claro que desde que o homem exis-
te, eleja refletia sobre a realidade. Ainda que o fizesse de modo sim-
ples e desorganizado, as questões fundamentais da vida sempre esti-
veram presentes. O início da história da filosofia é classicamente es-
tabelecido por volta do séc. VII a.C. na Grécia antiga. Mas, sabemos
que algum tipo de reflexão filosófica mais ou menos na mesma época
se deu também no Oriente. Vemos certa reflexão filosófico-religiosa
nos hindus, especialmente nos Upanishades, escritos sagrados elabo-
rados entre os séc. IX e VI a.C. Os chineses também elaboram uma
filosofia incipiente. Destacam-se a filosofia político e moral de
Con-fúcio, e a doutrina ética e dualista do Taoísmo. O dualismo
cósmico taoísta é bem conhecido; a realidade é constituída de dois
princípios antagónicos o Yin e o Yang.
Todavia, a filosofia propriamente dita, no sentido de formulação
mais sistematizada, menos mitológica ou religiosa, conforme os tes-
temunhos históricos, teve início na Grécia. Pouco se sabe sobre o
primeiro filósofo grego; seu nome era Tales, de Mileto, cidade da
Ásia Menor. É bem possível que o ambiente cosmopolita das culturas
gregas da Ásia Menor e do sul da Itália favorecessem o despertar
filosófico. No caso do início da filosofia grega, os estudiosos enfati-
zam quase sempre o desenvolvimento do pensamento mítico que pas-
sou por um processo de maior elaboração, chegando à sistematização
propriamente dita na época dos pré-socráticos, primeiros sistemati-
zadores da filosofia.
Com propósitos didáticos, organizaremos em quadros um esboço
resumido da história da filosofia, destacando épocas específicas, com
seus respectivos movimentos filosóficos e também os temas princi-
pais desses movimentos:
30 Cabeças Feitas
QUADRO HISTÓRICO GERAL
ÉPOCA MOVIMENTOS
FILOSÓFICOS TEMAS PRINCIPAIS
ANTIGA
Séc. VII
a.C. a VI
d.C.
Períodos: "I.Pré-Socrático: 2.Clássico: - Sócrates
/ Platão - Aristóteles 3. Helenístico: - Estoicismo ■ Epicurismo - Neoplatonismo
- metafísica: arche, a ori-
gem primeira de tudo; o
lo-gos, princípio de
unidade, lei fundamental do
mundo. - busca da verdade. - natureza e ética do ho-
mem: o bem, a alma e a
virtude.
MEDIEVAL Séc. li-XlV
Períodos: 1, Patrístico: - Pais
da Igreja - Agostinho 2. Escolástico: - 1a.
escolástica - alta
escolástica
Tomismo: Aquino - escoiástica tardia - ques-
tão metafísica. - relação fé/conhecimento. - base nos pais da Igreja e na Bíblia. - adequação entre cristia-
nismo e filosofia grega.
MODERNA
Séc. XV-XVIII - Renascimento/Reforma -
Racionalismo - Empirismo
- lluminisrno.
- metafísica cessa - o problema do conheci-
mento é a nova questão.
- origem do conhecimento:
intelecto x experiência. -
elogio da razão.
CONTEMPORÂNEA Séc. XVI1I-XX
- Idealismo -
Voiuntarismo -
Positivismo -
Marxismo -
Neopositivismo -
Existencialismo
- irracionalismo (voiuntaris-
mo e existencialismo) - materialismo e historicis-
mo (marxismo) - humanismo otimista,
cien-tificismo, (positivismo,
neopositivismo) - individualismo (existencial.)
Esboço histórico da filosofia 31
Depois desse pequeno esboço da história da filosofia, veremos
quadros que mostram as diversas escolas filosóficas com seus res-
pectivos filósofos e as principais ideias defendidas por esses filóso-
fos nos mais diversos campos do saber:
1. FILOSOFIA ANTIGA
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Jónica
624-562 a.C.
Busca da causa suprema de tudo. Tales de Mileto:
a água é o princípio do qual tudo procede.
Anaximandro: o indeterminado (apeiron) é o
princípio de tudo. Anaxímenes: o ar é o princípio.
Pitagórica
570-500 a.C.
Pitáqoras afirmava que a essência da realidade
está contida nos números.
Eleata
540-470 a.C.
Parmênides: a única realidade é o ser; não existe o
vir-a-ser; algo é ou não é. Zenão de Eléia: o ser
cie Parmênides é o uno absoluto.
Ato mística
460-370 a.C.
Demócrito: o ser é imutável e é constituído de áto-
mos. Tudo surge do movimento dos átomos
(determinismo mecânico).
Sofística
480-375 a.C
Profáaoras: não se pode conhecer a verdade ab-
soluta. Vale a persuasão e o prazer. O homem é a
medida de tudo.
Socrática
469-399 a.C.
Sócrates: Contra os sofistas. afirma: há princípios
absolutos. Primeira elaboração ética. Maiêutica é o
método socrático de chegar ao conhecimento.
Outros filósofos Heráclito: Í550-480): primeiro
dialético: o mundo está em movimento
permanente.
32 Cabeças Feitas
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Platónica
427-347 a.C.
Platão. Dualismo: o mundo das ideias é a realidade
superior; o mundo material é inferior e imperfeito,
sombra da realidade. Desenvolveu uma lógica
dialética. 0 conhecimento superior é o
intelectivo, lembrança do mundo das ideias. A
aíma é superior ao corpo, que é a sua prisão.
Ética: as paixões devem ser reprimidas. Estética:
a arte deve ser pedagógica e elevar o espírito.
As formas de governo são cíclicas; a
democracia é inferior; o filósofo-rei deve gover-
nar o estado ideal platónico. 0 platonismo influ-
enciou o neoplatonismo, a patrística, Agostinho e
até o racionalismo e o idealismo.
Aristotélica
384-322 a.C
Aristóteles. A real idade é una e não uma
duaiidade. Lógica dedutiva (silogismo) e indutiva. A
essência das coisas está nelas mesmas. Tudo tem
quatro causas: formal, final, eficiente e material.
Tudo no mundo é constituído de matéria e forma,
e está em relação de potência e ato. Tudo está
em movimento, o devir, e caminha
teleologicamente. Deus é o ser supremo, o motor
imóvel que a tudo move. 0 homem é a união subs-
tancial entre alma e corpo. As ideias são capta-
das pela abstração. A metafísica é o saber mais
elevado. A virtude ética está no equilíbrio entre
extremos. 0 Aristotelismo influenciou a escolástica
medieval (especialmente Tomás de Aquino), o
Renascimento e o Empirismo inglês do séc. XVI.
Estóica
336-264 a.C.
A principal contribuição estóica é a ética. Zenon
de Quitium é o fundador. A finalidade da vida é a
felicidade alcançada pela prática da virtude. As
paixões devem ser reprimidas. A matéria, passiva,
e o Logos, ativo, constituem o mundo. Outros
estóicos de renome foram Epíteto, Sêneca e
Marco Aurélio.
Esboço histórico da filosofia
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Epicurista
341-260 a.C
Epicuro. Tudo é composto de átomos e vácuo
(materialismo). Mecanicismo, sensorialismo
gnosiológico. Moral hedonista, o prazer é o bem
supremo.
Ceticismo
365-275 a.C.
Pirro de Élis e Sexto Empírico são os expoentes.
Toda inquietude vem da obrigação de conhecer e
dar valor às coisas. Deve-se suspender o juízo
sobre tudo e buscar a paz da alma, ataraxia.
Eclética 106-43 a.C.
Cícero. Procura-se uma integração de diversas
escolas. Adaptação das teorias éticas e políticas
gregas ao mundo romano; formulação do direito
natural.
Neopiatônica
205-270
Plotino. Preocupação com o Absoluto, isto é, o
Uno, princípio único da realidade. O Uno é sim-
ples, transcendente e inefável. Dele derivam todas
as coisas por emanação: Uno > Inteligência >
Vida > Alma Universal > Alma dos homens ... >
matéria, que é identificada com o mal. Há um pro-
cesso de retorno ao Uno. São três etapas desse
processo: ascese, contemplação e êxtase.
2. FILOSOFIA MEDIEVAL
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Antecedentes
13 a.C. a40d.C.
Fflon. Fundador da filosofia reliaiosa. Síntese
de Platão e o Antigo Testamento. 0 Universo
é uma pirâmide. Deus está no topo, seguido
do Logos, potências, ideias e matéria; o
homem está no meio.
34 Cabeças Feitas
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Apologistas e Controversistas
100-220
Contra pagãos, gnósticos e judeus, Justino
Mártir. Toda verdade vem de Deus. Jesus é
o logos spermatíkos. O Cristianismo é a
verdadeira filosofia. Os filósofos gregos
participavam do Logos. Tertuiiano.
Montanista, pai dateoloqia latina. Jerusalém
nada tem com Atenas. A filosofia é a mãe das
heresias. "Creio porque é absurdo."
Alexandrinos
150-215
Clemente. Pai da teoloaia especulativa. Filo-
sofia: vem da luz natural dada por Deus aos
gregos. É arma de defesa da fé. Harmonia
entre filosofia grega e fé cristã. Deus deu a lei
para os judeus e a filosofia para os pagãos.
Oríaenes. Aleaorista hereqe. Influência
neopiatônica. Deus é imaterial; o mundo é eter-
no, O Logos: entre Deus e o mundo, feito à
imagem do Logos. O arbítrio é a origem do
mal; o corpo é a punição do mal. As almas
purificadas voltam para Deus. Universalista.
Capadócios
329-395
Greaório de Nissa. A alma é viva. criada: pro-
cura no corpo a percepção. O homem é o elo
entre o mundo espiritual e o sensível. A fé e a
razão em harmonia.
Agostinho de Hipona
354-430
Síntese de Platão e Cristianismo. Domina o
pensamento medieva! por mil anos.
1. teoria do conhecimento. Reação ao
ceticis-mo. "Ninguém duvida da existência; se
me engano, existo". O cetícismo destrói a
moral. O conhecimento se dá por iluminação
divina e pela fé: Creio para que possa
conhecer. São três as operações do
conhecimento: sentidos, razão inferior e razão
superior. São três os gru-
Esboço histórico da filosofia 35
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Agostinho de Hipona
354-430
pos de objetos conhecidos: qualidade dos cor-
pos, leis da natureza e verdades eternas. A alma
adquire conhecimento por meio do corpo. 2.
Cosmologia; Mundo criado do nada conforme
as ideias/arquétipos que estão no logos. É
constituído de matéria, forma e tempo. Os
seres criados têm potencial criador. 3.
Teodicéia: 0 mal não tem existência ontológica. É
um parasita do bem e se autodestrói. Deus
não pode ser prejudicado pelo mal. 4.
Psicologia: A alma: superior ao corpo; é
espiritual e imortal; sua união com o corpo é
acidental e não substancial. Visão trinitariana:
consciência, entendimento e vontade. A von-
tade tem supremacia sobre o intelecto. 5.
Teologia da história: Diminui dualismo grego:
Deus cria o homem. Há duas cidades:
a)Cidade terrena = amor de si (Caim) = estado;
b)CidadedeDeus = amorde Deus (Abel) = igreja.
6. Ética: 0 amor deve coincidir com a vontade. -
o fim do esforço humano é a bondade: "ama
efaz o que quiseres". Agostinho tornou-se o
pensador medieval preferido dos Reformadores
protestantes do séc. XVI, como Lutero e
Calvino.
Primeira Escolástica
Séc. IX-XII Pré-tomismo
Problema dos Universais. J. Scot Eríaena.
Não há contradição entre fé e razão. A
criação é teofania do Deus oculto que se
determina a si mesmo. Anselmo. 0 conteúdo
do ensino cristão pode ser deduzido dos
fundamentos racionais sem ajuda da Bíblia ou
dos pais da igreja. Abelardo. A iinguagem é a
fonte que une o pensamento às coisas; o
sicetnon é o método de reunir teses opostas
para se chegar à verdade. A razão separa-se
da fé, é independente.
Cabeças Feitas
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Alta Escolástica
Séc. XIII Tomismo
Tomás de Aquino. Síntese de Aristotelismo e
Cristianismo. A perfeição máxima é o ser; os
seres criados, entes, participam da perfeição
do ser. A verdade consiste na correspondência
entre pensamento e ser. Deus é o ser que
subsiste por si mesmo. 0 mundo surgiu da co-
municação do ser divino. A alma é imortal.
Cinco argumentos em favor da existência de
Deus: 0 motor não movido; a causa última de
tudo; o ser necessário; o ser perfeito; a ordem
universal. Ética intelecíualista: Deve-se agirem
conformidade com a razão. Razão é fé são
distintas, mas não se contradizem. São
também modos diferentes de conhecer: a
razão aceita a evidência, a fé, a autoridade.
Deus não interfere no processo do
conhecimento racional. A filosofia deve
subordinar-se à teologia; o estado deve
subordinar-se à igreja.
3. FILOSOFIA MODERNA
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Antecedentes Renascimento: Concepções humanistas, antropocêntricas, mecanícistas tomam lugar no séc. XVI. Reforma Protestante: mudanças político-eco-nômicas e religiosas.
Racionalista Séc. XV
René Descartes. A metafísica é descartada.
Importa o valor do conhecimento e a
metodologia adequada para a filosofia.
Fundamentação nas matemáticas. 0 conhe-
Esboço histórico da filosofia
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Racionalista Séc. XV
cimento válido é o racional, inato, que não
vem dos sentidos. Procura-se o universal e o
necessário, acessíveis à razão, capaz de
captar o imutável das coisas. 0 triunfo da
razão sobre as paixões traz a felicidade. Pela
razão prova-se a existência de Deus e a
imortalidade daaima. Baruch Spinoza.
Desenvolveu um racionaiismo dualista, onde
Deus se confunde com o mundo. Outros
racionalistas conhecidos: Malebranche e
Leibniz.
Empirista Séc. XVI
Francis Bacon. Inicia essa escola essencial-
mente inglesa. Contra o racionaiismo, fun-
damenta tudo sobre a experiência. Como
chegar a íeis universais partindo da experi-
ência sensível? Essa é a questão para o
empirismo. JohnLocke. No séc. XVII afirma que
a "mente é uma tabula rasa", nada há nela
que não tenha vindo cios dados da
experiência. Outros empiristas de renome
foram Hobbes, Berke-ley e David Hume
(cético). Nessa perspectiva não há nenhum
espaço para a metafísica; a ética torna-se
relativista.
Iluminista Séc. XVII
F. M. Arouet (Voltaire). J. J. Rousseau. 1.
Newton, C. Wolff. Confiança ilimitada na ra-
zão, que resolve todos os problemas huma-
nos. Veneração à ciência. Crítica da tradição
e da religião. Otimismo utópico. Síntese do
Racionalismo e Empirismo. Política: O estado
surge por convenção (Rousseau).
38 Cabeças Feitas
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Idealista
Séc. XVII1
Immanuel Kaní. Primado da função coanitiva
do homem. A realidade é construção do su-
jeito pensante que a ordena. No conhecimento
a forma é dada pelo sujeito e conteúdo pelo
objeío. No processo do pensamento há três
graus: apreensão, juízo e raciocínio. Os da-
dos da experiências são ordenados dentro
das categorias fundamentais de tempo e es-
paço. A realidade consiste de um dualismo: a
parte fenomênica e a numênica. A
fenomênica refere-se à coisa conforme se
nos manifesta; já a numênica diz respeito à
coisa em si, inacessível ao conhecimento. A
metafísica é impossível. A mora! kantiana
baseia no "dever pelo dever" em obediência
ao imperativo categórico. Hegel. Para Hegel o
real corresponde ao racional, e o racional ao
real. 0 ser identifica-se com o pensamento. A
abordagem à realidade em constante devir é a
lógica dialética (tese-antítese-síntese).
Desenvolve também uma teologia da história,
visía como manifestação do Espírito Absoluto
(Geist). Outros filósofos idealistas de renome
foram Fichte, Schelling e Schleiermacher.
Tanto Kant como Hegel tiveram uma impor-
tância tremenda na formação do pensamento
teológico contemporâneo (séc. XiX e XX).
4. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Voluntarista
Séc. XVI
Schopenhauer. Reaae contra o iluminismo/
idealismo. 0 homem é governado por princí-
pios irracionais. Como alienados, somos do-
Esboço histórico da filosofia 39
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Voluntarista
Séc. XVIII
minados por uma vontade perversa,
identificada com o númeno kantiano. Entre-
gue à insatisfação, o indivfduo só escapa
renunciando à própria individualidade.
Nietzsche: a realidade é urna explosão de
forças desordenadas; os fracos refugiam-se
na religião; o super-homem (úber mensch),
com seu poder e coragem, além da ética,
poderá superar sua condição. Freud. O
homem é aovernado pelo princípio do prazer;
a religião é uma neurose procedente dos
conflitos familiares.
Positivista
Séc. XVill
Auausto Comte. Semelhante ao iluminismo.
acredita no poder da razão e da ciência.
Comte dizia que o homem havia chegado à
sua maturidade; depois de passar peia idade
religiosa, e pela idade metafísica, chegava
agora à idade positiva ou científica. A ideia do
progresso tem peso preponderante.
Marxista
Séc. XIX
Marx. Herdou o socialismo de Saint-Simon. a
visão do homem como ser económico de
Ricardo e Adam Smith, o materialismo de
Feuerbach e a dialética de Hegel. 0 homem é
visto numa luta histórica de classes sociais,
onde há a polarização dominante/ dominado.
Para se alcançar a sociedade sem classes,
deve-se instaurara ditadura do proletariado.
A religião é alienadora. Marxistas de destaque:
Lênin, Stalin, MaoTsé Tung, Fidel Castro;
Gramsci, Marcuse e Bloch.1
1 Os marxistas revisionistas como Gramsci, Marcuse e Bloch (Escola de
Frankfurt) distinguem-se da escola clássica. Apesar do ideal, as ditaduras
marxistas da URSS, China etc. mataram milhões de pessoas, mais do
que o próprio nazismo!
40 Cabeças Feitas
ESCOLA FILÓSOFOS E DOUTRINAS
Existencialista Séc. XX
Análise dos aspectos irracionais do homem.
Método fenomenológico: análise da experiên-
cia, conforme esta se manifesta. 0 homem é o
ponto de partida. A existência precede a
essência; o homem gera sua própria essência
pelo uso da liberdade. Ênfase no vivencial.
Precursor: Kierkeaaard. A existência é
irredutível à lógica. Os três estágios do devir
humano são o estético, o ético e o religioso
(superior). A individualidade do homem se
manifesta na condição de pecado do mesmo. 0
pecado gera angústia, que leva ao desespero
inescapável; a saída é a fé subjetiva em Deus.
Verdade é subjetividade. Edmund Husserl.
Criador da fenomenoloaia. Martin Heiddeqer.
Retomou a questão do ser. 0 ente que serve
de base para o estudo do seré o homem.
Sartre. A consciência humana é o não-ser; a
chave da existência está no absurdo. 0 dado
essencial do homem é a liberdade, desvinculada
da moral. Outros existencialistas de
renome: Karl Jaspers, Gabriel Mareei,
Merleau-Ponty, Albert Camus. Na teologia
vemos a influência do movimento em Karl
Barth, Pauf Tillich e Rudolf Bultmann.
Neopositivista Pretende definir uma linguagem válida para a
ciência e a filosofia. Somente as proposições
factuais, experimentalmente verificáveis têm
sentido. A linguagem da religião, estética etc.
são destituídas de conteúdo e sentido.
Retoma os dogmas positivistas; também
conhecida por filosofia da linguagem. Expo-
entes: Wittgenstein, Carnap, Bertrand Russei e
Karl Popper.
Capítulo 4
O ESPÍRITO DO TEMPO: O
MUNDO HOJE
Depois de termos uma visão geral da filosofia, vale a pena fazer as
perguntas: E daí? O que fazer com essas informações? Como isso afeta
diretamente a minha vida? A partir daqui passaremos para uma aborda-
gem mais prática da questão. Nossa proposta é tentar apresentar um
pequeno diagnóstico da modernidade, ou ainda, da pós-modernidade,
como alguns denominam o nosso tempo. A verdade é que, com as fer-
ramentas do pensamento filosófico será mais fácil entender a maneira
de pensar do homem de hoje e também os seus dilemas, o que, sem
dúvida, nos será muito valioso para melhor comunicar o evangelho.
Com esse propósito em mente, vamos apresentar aqui algumas
características da sociedade de hoje, seguidas de uma avaliação da
postura que devemos tomar diante delas, visto que elas já se encon-
tram na vida da própria igreja:
1. Pluralismo
Em vez de vivermos numa sociedade que apresenta um quadro
ideológico homogéneo, como por exemplo na Idade Média, nós nos
encontramos num contexto social onde convivemos com uma enorme
diversidade de perspectivas filosóficas e religiosas. Não há uma única
forma de pensar. A verdade é que convivemos diariamente com
racio-nalistas, humanistas, ateus, cristãos, muçulmanos, místicos,
agnósticos etc. De certa forma, tanta diversidade pode induzir o
homem comum a um relativismo: se há tantas ideias diferentes, é
provável que todas elas tenham o seu valor e o seu lugar. Esse tipo de
pensamento acaba fortalecendo a ponto de vista de que cada um tem
a sua verdade, e que, portanto, ninguém tem o direito de dizer aos
outros o que fazer ou como pensar em questões de ética, religião e
posicionamento filosófico. Consagra-se, assim, uma espécie de
"respeito" à ideia do outro, o que, por um lado parece bom, mas,
deve-se reconhecer, permite verda-
42 Cabeças Feitas
deiros absurdos. Em nome da liberdade, alguns pretendem defender
certas ideologias que comprometem até a própria continuidade da co-
munidade onde vivem (como a legalização das drogas). A própria so-
ciedade reconhece que essa situação precisa de limites. A própria im-
prensa, por exemplo, deixa claro que neonazistas, muçuímanos
funda-mentalistas, ortodoxos judeus radicais não são assim tão
bem-vindos na "sociedade democrática". De fato a questão não é tão
simples, pois a repressão da liberdade gera autoritarismo e favorece a
exploração "oficializada" dos mais fracos. Por outro lado, o excesso de
liberdade, faz com que milhões de vidas sejam ceifadas por drogas,
prostituição, vícios, etc. Há aqui uma tensão entre liberdade e segurança
social. Nossa sociedade está desequilibrada! De fato, podemos até dizer
que "passou dos limites". Os jovens que crescem nesse contexto
tendem a não ter sonhos; mostram-se apáticos, sem ideologia ou
direção. O resultado é uma busca frenética por alguma coisa que dê
algum sentido para a vida. Trata-se de um existencialismo do estilo
Sartreano, do pior tipo. Vivemos a verdadeira "maresia", conforme
gosta de cantar o conhecido Gabriel "pensador", guru da "galera de
hoje", cujas músicas críticas fazem apologia da droga, incitam
conflitos raciais e discriminam abertamente os evangélicos.
Todavia, essa tendência pluralista que produz um senso de indefini-
ção, levando o homem comum a procurar alguma resposta que o satis-
faça, acaba sendo uma brecha para o testemunho cristão. Nesse "plura-
lismo democrático" abre-se espaço para que se ouça também o cristia-
nismo. No passado, a supressão da liberdade foi um grande problema
para os cristãos. Todos conhecem a história de perseguições e martírios
que marcaram a Igreja de Cristo. A verdade, porém, é que hoje corre-
mos o risco da indiferença dos próprios cristãos imersos na cultura
mundana, perigo ainda maior. Como cristãos num mundo sem direção,
não podemos ficar calados, pois os que se abrem para alguma "novida-
de", poderão abrir espaço para ouvir sobre o Deus criador, justo,
per-doador e suas novas de salvação.
2. Irracíonalismo
Em meio à grande variedade de ideias da sociedade contemporâ-
nea, o homem de hoje tem demonstrado um comportamento parado-
O sspfrito do tempo ... 43
xal: cada vez mais está equipado com as últimas novidades da ciência e
vale-se da razão para lidar com a vida "prática". Desde o sucesso das
obras de Alvin Tofler discute-se muito a nova era de informação em
que vivemos. Estamos sob a égide do computador, numa sofisticação
tecnológica jamais experimentada antes. Todavia, surpreendentemen-
te, quando o homem se volta para a interpretação da vida, da ética, de
sua expressão religiosa, a tendência generalizada é rejeitar o uso da
razão. Conforme observou Francis Schaeffer, o Cristianismo foi tre-
mendamente ridicularizado por uma sociedade humanista, racionalista
e iluminista há apenas dois séculos por sua falta de "lógica e
racionali-dade", e agora em pleno século XX, aparece como uma das
poucas propostas filosófico-religiosas que ainda sustenta o valor da
razão para a interpretação da vida.1 Hã uma atitude geral de
desconfiança quanto à possibilidade da razão humana ser útil no
processo da compreensão última da vida. Em seu lugar reinam hoje
outras capacidades não-raci-onais do homem. De inferiores e
desprezadas ainda hã poucas décadas, elas galgaram a posição de
honra e de destaque. Vivemos numa época do elogio da paixão, do
improviso, do espontâneo. Refletir muito não é atraente e, como é
senso comum, não leva à nada. O homem age como se seus elementos
não racionais, seus instintos, e sua situação perante a vida fossem tão
determinados que aparentemente não há saída para os dilemas
impostos pela natureza e pelo acaso.
3. Determinismo
Trata-se da ideia de que nossas escolhas de fato não ocorrem como
escolhas reais, fruto de nossa liberdade; ao contrário, vivemos num
universo determinado, de modo que nossas escolhas não passam de
ilusão. Essa é talvez uma das tendências mais comuns do espírito
humano. Esse ponto de vista contém nuanças que vão desde o deter-
minismo místico da astrologia até o determinismo psicológico (o ho-
mem visto como escravo de seus instintos), e o científico (a liberda-
de, o amor, a fé são ilusões não passam de fenómenos
físico-quími-cos). Um dos grandes fascínios do determinismo é que
nele encontramos uma posição que "livra a nossa cara". É muito
cómodo; o que acontece não é nossa responsabilidade de fato; não hã
culpa real. Com esse raciocínio, um estuprador poderia tentar
justificar-se de seus cri-
44 Cabeças Feitas
mes, pois argumentaria que é "dominado" por seus hormônios e não
pode conter-se. Assim, a violência, a prática do homossexualismo, a
promiscuidade sexual, o abandono dos compromissos conjugais e das
responsabilidades sociais são justificadas mediante "ocultismo bara-
to", "posturas psicológicas politicamente corretas" e "reducionismo
biologista". Tudo acontece de modo predeterminado e não há esco-
lha. De fato, a psicologia, a genética e a biologia podem comprovar
que há uma componente de determinação na vida humana, isso até
confirma a estupidez de nossa arrogância diante da fragilidade do que
somos. Todavia essa componente de determinação não é o único fator
de nossa natureza! O ódio e o desejo de vingança são tão naturais quanto
a culpa provocada pelo erro cometido. A humanidade tem sido tão
imoral quanto religiosa em sua história. Reduzir o homem a apenas um
aspecto de sua natureza é privá-lo de parte de si mesmo, reprimindo
sua outra dimensão. A verdade é que os elementos espirituais do ser
humano e suas características morais permanecem nele, e estão intera-
gindo com outros fatores. É natural irar~se, mas também é natural re-
frear a ira quando se percebe que seus danos trarão mais sofrimento e
problemas maiores. De igual modo é natural e correio refrear a sexua-
lidade quando se percebe que o uso indevido da mesma trará maior
infelicidade! Precisamos retomar o senso de responsabilidade e enca-
rar o fato de que somos responsáveis por nossas escolhas. Entregar-se
ao determinismo é uma forma de alienação da consciência moral, um
escape para quem decidiu acreditar que não hã safda.
4. Misticismo
Os iluministas poderiam ser aceitos como bons f i lósofos, mas nunca
como bons profetas! Prevendo o triunfo da razão, nunca imaginariam
que o homem sofisticado viesse a tornar-se tão místico. A repressão
do sagrado, praticada nos últimos dois séculos pelos racionalistas,
cientificistas, etc. provocou uma reação tremenda em nossos dias. O
crescimento de grupos pentecostais extremados, do esoterismo, de
seitas místicas e do espiritismo multiforme é inacreditável. A procura
por soluções místicas para os problemas da vida criou um mercado
milionário. Um duende custa US$ 40! Os telefones 0900 do tipo
disk-magia fazem fortunas incalculáveis. Muitos são os videntes,
adivi-
O espírito do tempo ... 45
nhos, médiuns que oferecem "seus serviços" em panfletos, nos carta-
zes, no rádio e na televisão. É a ridicularização extrema do telespec-
tador: vendem-se pé-de-coelho, cruz da natividade, óleo santo, etc.
Desde a nacionalíssima mãe Diná até o importado Walter Mercado,
as opções são intermináveis. Parodiando o conhecido jornalista Boris
Casoy, repetimos: "Isso é uma Vergonha".
A verdade é que, sem esperança racional, sem um fator de integra-
ção da realidade, sem direcionamento pedagógico-espiriiual, sem for-
mação crítica, o homem moderno tem se lançado à busca de qualquer
coisa que o faça sentir-se aliviado e seguro. O desespero existencial e
o vazio de significado facilitam a busca de drogas e as experiências
místicas extravagantes. Além disso, temos um fator agravante no con-
texto brasileiro. O país sempre teve uma tendência mística mesmo
antes dessa "febre" atual. Com sua herança católica ibérica, uma es-
pécie de catolicismo de cruzadas, da contra-reforma, radical e obscu-
rantista, o Brasil, à semelhança da América hispânica, teve uma his-
tória marcada por um catolicismo popular muito místico. Há santo
para todo dia, para quase qualquer atividade da vida. Até os cachor-
ros recebem santo na religião popular. Se não bastasse o misticismo
europeu, nosso soio abrigou também o animismo ameríndio e o espi-
ritismo afro-brasileiró, cujo sincretismo com o catolicismo popular é
bem conhecido. Por essa razão, o Brasil é um país onde há pouco
ateísmo e secularismo filosófico, mas abriga misticismo e ocultismo
arraigados em sua cultura.
5. Alienação Erótica
Desde Freud, os psicanalistas têm demonstrado de modo erudito o
conhecido poder da libido, De fato, o homem tem poderosas forças
não-racionais interagindo com sua capacidade intelectiva. Os filóso-
fos voluntarista tentaram chamar a atenção para o poder do irracional
na tomada de decisões do ser humano. De fato, a observação simples
vai comprovar que a maioria das pessoas age mais em conformidade
com seus impulsos e desejos do que por princípios ou pela razão. Isso
já acontece em pessoas que têm uma estrutura psicológica razoavel-
mente equilibrada. Qual será o poder das forças irracionais de nosso
íntimo naqueles que têm alguma defasagem psico-emocional? Co-
46 Cabeças Feitas
nhecendo a inclinação natural da vida, indivíduos inescrupulosos per-
ceberam a sexualidade humana como grande fonte de exploração lu-
crativa. Em vez de se permitir o amadurecimento normal da sexuali-
dade junto com o senso de responsabilidade, procura-se instigar o
elemento erótico logo cedo nas crianças e nos adolescentes. Recente-
mente, a situação esteve tão crítica que, gente reconhecida por suas
posturas liberais como Marta Suplicy, criticou a televisão brasileira,
defendendo um controle maior das cenas imorais de mau gosto que
têm ofendido grande parte da população. O fato é os "marketeiros do
sexo" sabem que, uma vez viciado o jovem, ou tendo desenvolvido
um comportamento sexual incorreis e até anormal e prejudicial, te-
mos um escravo do sexo, que será um consumidor erótico para a feli-
cidade de seus exploradores. O processo é semelhante ao trabalho do
traficante: quanto mais cedo viciar a vítima, melhor será. Alem disso,
o traficante não tem a vantagem de lidar com uma droga natural, como
faz o "marketeiro". O sexo pode tornar-se perigoso, e em vez de ser
uma fonte de satisfação, vira um pesadelo. Hoje já é conhecida a rea-
lidade dos dependentes de sexo que buscam tratamento psicológico.
Não há dúvida que vamos encontrar os "génios" da "liberdade" argu-
mentando que o sexo deve ser usado indiscriminadamente por ser
uma coisa natural. A verdade é que veneno de cobra também é natu-
ral! Nada é mais natural do que comer; todavia quantos pessoas estão
morrendo "pela boca"! Simplesmente porque comem mais do que
devem! Eu não sou apenas um ser instintivo; sou também um ser
social, espiritual, etc.
Ninguém pode negar que o poder de manipulação erótica é tremen-
do. Ela torna uma sociedade fraca, passiva e sem força de reaçao. O ser
humano volta-se apenas para si mesmo, torna-se narcisista e mesqui-
nho. Há vinte anos atrás jovens lutavam por ideais sociais (talvez ques-
tionáveis); hoje lutam para legalizar a maconha, o homossexualismo
etc. Com tantas mazelas no mundo em que vivemos, grande parte da
juventude gasta sen tempo "preparando o corpo" para o verão, discu-
tindo com quem a "fulana" da novela vai ficar, curtindo um "ídoio"
que é "o maior barato". Enquanto isso, o tempo de semear vai passando
e a vida se vai. A formação da sociedade futura, o valor da família, a
dignidade humana e a realização psicológica e espiritual de alguém
estão profundamente relacionados com a sexualidade. Ao mesmo tem-
po, o poder de domínio sobre a massa ignorante por meio do apelo
O espírito do tempo ... 47
sexual é terrível e muito eficaz. Daí a razão da exploração pornográfi-
ca! Por isso quando se questiona qualquer aberração imunda na im-
prensa ou na indústria cinematográfica ouve-se o clamor: "a liberdade
de expressão está ameaçada", leia-se "a liberdade de manipulação está
sendo ameaçada", os cofres de alguns espertos estão mais vazios.
6. Individualismo
Num mundo de influência existencialista e capitalista, o homem é
cada vez mais visto como indivíduo isolado. A ênfase está na liberda-
de individual. "Eu me amo, não posso mais viver sem mim", é o novo
slogan. A maioria dos filmes defende a afirmação do indivíduo con-
tra a força do grupo. Sem dúvida, isso tem seu aspecto positivo; mas
temos visto também um fator de desagregação da sociedade. O indi-
vidualismo cria uma ilusão de independência, gerando egoísmo e in-
sensibilidade. O sujeito perde a visão de interdependência social e
crê-se inatingível. A estrutura económico de consumo fortalece o in-
divíduo por meio dos produtos personalizados, faz propagandas que
trabalham com o imaginário da "diferença" que o consumidor-alvo
terá em relação aos demais se utilizar aquele determinado produto. O
que é mais interessante é que, no desejo de ser diferente e particulari-
zado, o indivíduo abraça uma determinada moda e torna-se um "igual",
vítima da massificação.
A grande preocupação é que o individualismo já chegou às igre-
jas. Suas marcas como inimizades na família, separações conjugais,
divórcios, etc. já estão presentes nos arraiais evangélicos. Além dis-
so, em muitos casos, os próprios cristãos têm tratado a igreja como
um lugar de satisfação individual; se não agrada, batemos na próxima
porta, onde a satisfação pessoal está garantida. A igreja oferece seus
produtos: pregação, visitação, coral, comunhão, etc. O indivíduo ana-
lisa, vê qual oferece mais "vantagem" e escolhe. Em alguns casos
temos cristãos que frequentam duas ou mais igrejas, pois gostam da
mensagem e da escola dominical de uma, mas preferem o louvor e a
oração de outra. O grande perigo que se vê nesse tipo de movimento
é o enfraquecimento da mentalidade de servo, daquele que faz parte
do corpo. Muitos não entendem mais a igreja como um organismo
que tem autoridade sobre minha vida, diante da qual tenho responsa-
48 Cabeças Feitas
bilidades e devo submissão. A realidade, porém, é que a insatisfação
é filha do individualismo egocêntrico. Por isso, muitos são os cristãos
que "não dão certo" em lugar nenhum. São insubmissos, utilitaristas,
independentes, buscam seus interesses e não se importam com o gru-
po. A tristeza maior vem do fato de que muitas "igrejas" e "comuni-
dades" estão sendo formadas hoje para "satisfazer" esse "público".
Muitos grupos religiosos denominados evangélicos acabam investin-
do nesse "mercado" de almas, procurando captação de recursos ou
qualquer outra coisa, sem preocupar-se com a doutrina eclesiológica
do Novo Testamento. É lamentável. Graças a Deus, porém, pelos
muitos cristãos e igrejas que resistem à tendência atua!.
7. Alienação do Prazer: Consumismo
Numa nova "Idade Média", vivemos sob a opressão de novos dog-
mas inquestionáveis. Dessa vez não é uma exigência estóica, mas,
sim epicurista, e de terceira categoria. A nova ordem é a obrigatorie-
dade do prazer manipulado. Divirta-se para não ser considerado um
tonto pela massa, polícia natural das consciências. A indústria da di-
versão programada fatura bilhões. O homem moderno é levado a tro-
car o seu tempo outrora gasto com afazeres religiosos por uma nova
dedicação: o tempo de lazer, a religião do prazer. As exigências de
prazer são ordenadas pelas necessidades consumistas estabelecidas
pela máquina mercadológica. Sem tempo "livre" consome-se menos.
O homem é reduzido a um mero consumidor de mercadorias; todos
os seus anseios têm o referencial económico. É o único valor da so-
ciedade. Para essa mentalidade, as virtudes como lealdade,
fidedigni-dade, honestidade, honra, têm o seu preço. Basta pagar o
preço corre-to para que qualquer pessoa aceite. Até no campo
religioso isso já é realidade; o próprio evangelho já é uma
mercadoria vendida em "3 vezes sem juros". Enquanto isso, os
"filmes inocentes", feitos para "divertir", estabelecem conceitos
pré-definidos, "fazem a cabeça" da moçada, vendem ideologia
formadora de mercado. A massa sente-se livre, feliz, por ler a
sensação de que tudo está no caminho certo. Tal exploração, que
vai desde o mercado infantil até a indústria de cosméticos feitos de
abortos, precisa ser criticada por uma perspectiva cristã. A
dignidade humana está ameaçada. Precisamos de uma voz
O espírito do tempo ... 49
profética em nossos dias! É hora de despertar, lembrando que o juízo
sobre essa Babilónia comercial chegará, conforme as palavras de
Apocalipse 18.2,11,13 e 24 (NVI):
"Caiu! Caiu a grande Babilónia!...
Os negociantes da terra chorarão e se lamentarão por causa dela,
porque ninguém mais compra a, sua mercadoria: ... canela e outras
especiarias, incenso, mirra e perfumes, vinho e azeite de o Uva; fari-
nha fina e trigo, gado e ovelhas, cavalos e carruagens, e corpos e
almas de seres humanos.
Nela foi encontrado sangue de profetas e de santos, e de todos os
que foram assassinados na terra".
8. Cinismo
Vivemos uma neo-sofística: a vida não tem sentido, não há valo-
res, a sociedade se destrói, mas vamos sorrir, brincar ... Estamos num
país onde os "mamonas assassinas" foram os maiores vendedores de
discos! O "Tchan" torna-se a moda popular. Tiririca vende mais dis-
cos do que Toquinho ou Chico Buarque. É o elogio do deboche! A
comédia é o novo ópio! "Quem bebe morre, quem não bebe morre,
então vamos beber", diz o ditado popular.
Quem procura se drogar com a comédia sente-se incomodado com
qualquer um que creia em valores absolutos e na verdade. Por isso,
nessa sociedade "livre", "democrática", onde "discriminação" já vi-
rou até fonte de lucro, há uma ridicularização geral dos cristãos! A
questão não é discriminar, mas sim discriminar o grupo certo! E ain-
da dizem que discriminação é crime!!! Precisamos compreender que
essa é uma necessidade psicológica de quem vive a vida cinicamente,
pois a vida de alguém que está "jogando limpo" ameaça e condena a
maneira de viver inútil e irresponsável de quem apenas "tira um bara-
to" de tudo e de todos.
O Brasil é um país feliz por quase não ter tido guerras. Não sofre-
mos tanto como alguns países do velho mundo que viram os horrores
dos combates. Por outro lado, como já foi dito, cada piada é uma
batalha interior. Um povo que tanto ri e a tudo satiriza de fato está
sofrendo por dentro. Essa postura é um problema sério em nosso país,
onde essa fuga psicológica é vista como um tipo de saída para os
50 Cabeças Feitas
problemas da vida. Que Deus desperte sua igreja para amar e agir em
favor desse povo tão necessitado.
Notas do capítulo 4
1 Veja as duas obras de Schaeffer em português que tratam da
questão: O Deus que intervém, Refúgio/ABU, S. Paulo, 1981 e A
Morte da Razão, Fiel, S. Paulo, 1974.
Capítulo 5
O QUE FAZER?
ALGUMAS PROPOSTAS PRÁTICAS
1. Valor da Razão e da Crítica
Como imagem de Deus, somos responsáveis pela mordomia da
razão dada pelo Criador. Como cristãos, não somos racionalistas, mas
entendemos que a razão também reflete a imagem de Deus e é funda-
mental para compreender não só a Palavra de Deus mas também o
mundo por ele criado. Logo, temos a responsabilidade de usá-la
cor-retamente. Temos que "remar contra a maré". Devemos
procurar ter o melhor nível de educação possível. Não apenas uma
educação técnica, mas uma educação crítica também. Não se trata
apenas do "saber fazer", mas do "fazer saber". Muitos adquirem hoje
uma educação que os torna aptos para exercer uma profissão, mas a
formação cultural, crítica, humanística, muitas vezes quase não
existe. Uma formação crítica adequada impede que o cidadão seja
manipulado. Não podemos acomodar-nos àmoda; temos que navegar
contra a correnteza; essa é uma de nossas responsabilidades. Que o
meio cristão não seja digno da crítica que Roger Bastide fez aos
Estados Unidos: "É a única nação que passou diretamente da barbárie
para a decadência, sem conhecer a civilização".
2. Conscientização da Situação Presente
Nosso povo cristão, especialmente os jovens, deve ser
conscienti-zado dessa realidade mediante leitura, estudos, palestras,
etc. É necessário parar de "brincar de ser crente". Precisamos
conhecer a situação presente de modo a sermos capazes de sair desse
esquema. Cada geração tem seu desafio! O que nos adianta falar que
o paganismo romano, as heresias medievais, o comunismo e o
nazismo são posturas anti-cristãs! Essas ideologias pouco nos
ameaçam hoje comparadas com o gigante da massificação, da
manipulação do lucro, da filo-
52 Cabeças Feitas
sofia do desespero. Muitas igrejas gastam muito esforço para comba-
ter "fantasmas", ideologias mais do que ultrapassadas. Precisamos
reconhecer as necessidades de agora para não pregarmos para quem
já morreu! Hoje temos alguns que se identificam como existencialis-
tas ateus, outros neopositivistas, pós-modernos alienados e tantos
outros! Temos que saber lidar com essa gente e com a sociedade ato-
ai. E antes de podermos falar, temos de ter a sabedoria de viver nesse
mundo sem sair dele — não é possível isolar-se como um ermitão —
e ao mesmo tempo não entrar no esquema. Não posso fazer alguma
coisa só porque todo mundo faz. Não preciso ser escravo da moda.
Devo pautar minha vida por valores e anseios cristãos.
3. Resgatando a Ética
A marca do caos manifesta-se no campo da moral. Uma sociedade
sem ética torna-se insuportável. A imoralidade sexual trouxe muitos
casamentos desfeitos, filhos abandonados e desastres emocionais ter-
ríveis. Hoje temos violência, drogas e desonestidade reinantes. Pare-
ce que tudo surgiu do nada, de repente! É claro que construímos o que
estamos vendo. Se os cristãos conservam-se dentro da ética bíblica e
mantêm-se fora do "esquema", formando e criando famílias saudá-
veis, eles serão a esperança de mudança futura da nação. Os resulta-
dos vão se prolongar por gerações! Mas, ao mesmo tempo, seria im-
portante trazer valores cristãos à sociedade. A promoção de valores
cristãos na sociedade deve ser enfatizada (sem aquele papo religioso
"de crente" que só tem forma e pouco conteúdo - tem que ser algo
sério, fora do "mercado") e difundir o valor da vida, o valor do próxi-
mo e a relevância da justiça, por meio de jornais, livros, filmes, qua-
drinhos, etc,
Além disso, nossa vida tem de ser marcada por uma ética irrepre-
ensível. Se o evangelho não mudou nossa vida, o que teremos a ofere-
cer? Transparência na área económica, pureza na vida sexual, comu-
nhão com o povo de Deus e denúncia do mal são elementos funda-
mentais para a saúde de uma comunidade cristã. A igreja precisa ur-
gentemente recuperar sua força profética!
O que fazer? ... 53
4. Postura de Vida e Atitude Sábia
Temos de adotar uma "filosofia" cristã, ou seja, que postura ter
como cristão em nossa vida. Não há grandes segredos a serem procu-
rados para responder essa pergunta, A questão está simplesmente numa
tomada de decisão. Preciso escolher qual será a razão de minha vida.
Se quero usar meus talentos para o Reino de Deus, preciso começar a
agir hoje, pois a morte aguarda-me! Se sigo a postura mundana de
gastar a vida "se divertindo", ficando rico, buscando fama, não sou
digno do nome de cristão.
Que Deus abençoe o seu povo, fazendo-o crescer e prosperar, para
que com todas essas bênçãos, eles aprendam a dar de si mesmos para
o próprio Deus e aos homens, aos quais o Senhor tanto amou.
Outro aspecto a ser considerado é o "como" fazer. Precisamos de
uma otimização de ação, uma atitude sábia para o tempo presente,
antes que passe a nossa geração. Aqui entra a importância de fazer
tudo para Deus bem feito e com muita criatividade. Gosto de dizer
que, algumas coisas que certas pessoas fazem para Deus, nem o diabo
aceitaria. Hoje precisamos de gente de alto nível, capacitada, que use
seus dons para que a real mensagem de Deus faça diferença em nos-
sos dias. São necessários levantamento de recursos para obras soci-
ais, outdoors provocativos para a necessidade de Deus, quadrinhos
bem desenhados e de conteúdo, uso do alcance da mídia, etc.
Finalizando, queremos resumir, dizendo:
1) Vamos investir no intelecto (abaixo a mediocridade).
2) Saibamos ler e entender a nossa época para escaparmos do es
quema do mundo e para melhor comunicar a fé.
3} Precisamos agir com qualidade e criatividade para sermos de
fato "sal da terra e luz do mundo".
Que o Senhor Jesus, em quem estão todos os tesouros da sabedo-
ria, nos abençoe e nos ajude.
Capítulo 6
ELES DISSERAM ...
MAS VOCÊ SABIA?
Incluiremos, nesse último capítulo, alguns pensamentos e trechos
de grandes filósofos da história, de épocas diferentes, focalizando
especialmente aspectos éticos e religiosos.1 Que eles sirvam de refle-
xão e aprendizado.
Demócrito (séc. V a.C.)
"Desejar sem medida é coisa de criança e não de um homem."
"Não vale a pena viver quando não se tem um bom amigo."
"Para um homem sábio todas as terras são acessíveis; pois a pátria
de uma alva virtuosa é o universo."
Sócrates (séc. V a.C.)
"Uma vida não examinada não é digna de ser vivida".
"Conhece-te a ti mesmo"
Aristóteles (séc. IV a.C.)
"O homem é por natureza um animal político".
Sêneca (séc. I)
"O dinheiro ainda não deixou ninguém rico".
Agostinho (séc. IV-V)
"Eu odiaria minha própria alma se descobrisse que ela não ama a Deus"
"Deus não espera que submetamos nossa fé a ele sem razão, mas
os próprios limites da nossa razão tornam a fé uma necessidade".
"Nenhum homem diz 'Deus não existe', a não ser aquele que tem
interesse em que ele não exista".
"Nossa fé é alimentada pelo que está claro nas Escrituras e testada
pelo que é obscuro".
56 Cabeças Feitas
Tomás de Aquino (séc. XIII)
"O máximo que conhecemos de Deus é nada em relação ao que ele é".
René Descartes (séc. XVI)
"Logo a seguir, porém, adverti que enquanto eu queria pensar as-
sim, que tudo era falso, era necessário que eu, que pensava, fosse
alguma coisa. E observando que esta verdade: penso, logo existo, era
tão firme e segura que todas as mais extravagantes hipóteses dos cé-
licos não eram capazes de a abalar, julguei que a podia aceitar, sem
escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia, que eu procurava."
"Com o nome de Deus entendo uma substância infinita, eterna,
imutável, independente, onisciente, onipotente, e pela qual eu mesmo
e todas as demais que existem (se é verdade que algumas existem)
temos sido criados e produzidos".
Blaise Pascal (séc. XVII)
"E é tão inútil e ridículo que a razão peça ao coração provas dos
princípios primeiros, para concordar com eles, quanto seria ridículo
que o coração pedisse à razão um sentimento de todas as proposições
que ela demonstra, para recebê-los".
"Nascemos iníquos; cada um tende a agradar a
si mesmo, e a tendência de agradar ao eu é o início
de toda a desordem".
"Que distância entre o conhecimento de Deus
e o amor de Deus!".
"O conhecimento de Deus sem o da própria
miséria faz o orgulho. O conhecimento da própria
miséria sem o de Deus faz o desespero. O conhe- Pascal
cimento de Jesus Cristo encontra-se no meio, por-
que nele encontramos Deus e nossa miséria".
"Se todas as pessoas soubessem o que cada um diz da outra, não
haveria quatro amigos no mundo."
"Não tendo conseguido curar a morte, a miséria e a ignorância, os
homens lembraram-se, para ser felizes, de não pensar nisso tudo".
"Há somente duas espécies de homens: os justos que se imaginam
pecadores e os pecadores que se imaginam justos".
Eles disseram ... 57
"Sem Jesus Cristo, o homem permanece no vício e na miséria;
com Jesus Cristo, o homem está imune do vício e da miséria. Nele
está nossa virtude e toda a nossa felicidade. Fora dele há apenas ví-
cio, miséria, erros, trevas, morte e desespero.
Voltaire (séc. XVIII)
"Hã no arranjo dos astros e na formação do carrapato e de um
homem um primeiro princípio ao qual nos é interditado todo e qual-
quer acesso. Pois se nós pudéssemos conhecer nosso primeiro princí-
pio, nós seríamos os mestres, seríamos os deuses."
Jean-Jacques Rousseau (séc. XVIII)
"Olhai para todas as nações do mundo, percorrei todas as histórias;
no meio de tantos cultos desumanos e estranhos, no meio desta prodi-
giosa diversidade de costumes e caracteres, encontrareis por toda parte
as mesmas ideias de justiça e honestidade, por toda parte os mesmos
princípios de moral, por toda parte as mesmas noções do bem e do
mal - o homem é essencialmente bom."
Immanuel Kant (séc. XVIII)
"Age de tal forma que a máxima de tua vonta-
de possa sempre valer como princípio de lei uni-
versal."
"A existência da Bíblia é maior bênção que a
humanidade jamais experimentou".
Kant
Arthur Schopenhauer (séc. XVIII-XIX)
"Os homens mostram seu caráter de maneira mais clara nas trivi-
alidades, quando não estão sendo observados".
Feuerbach (séc. XIX)
"O céu nada mais é do que o conceito do que é verdadeiro, bom,
válido, daquilo que deve ser; a terra nada mais é do que o conceito do
que é falso, ilegítimo, daquilo que não deve ser".
Cabeças Feitas
Friedrich Nietzsche (séc. XIX)
"O cristianismo defendeu tudo quanto é fraco,
baixo, pálido, fez um ideal da oposição aos instin-
tos de conservação da vida potente; até corrom-
peu a razão das naturezas intelectualmente pode-
rosas, ensinando que os valores superiores da in-
telectualidade não passam de pecados, extravios e
tentações".
"Chamo o cristianismo a única grande calamidade, a única
grande perversão interna, o único grande instinto de ódio, que não
encontra meios bastante venenosos, suficientemente subterrâneos,
bastante pequenos; o título, única e imortal desonra da humanidade".
Marx
KarI Marx (séc. XIX)
"Os filósofos não têm feito outra coisa além
de inteipretar a diversidade do mundo; o que im-
porta, porém, é transformá-lo".
"A religião é o ópio do povo".
Soren Kierkegaard (séc. XIX)
"O homem é uma síntese de infinito e finito, de
temporal e eterno, de liberdade e necessidade, em
suma, uma síntese".
"O homem nasceu e vive em pecado; ele não
pode fazer nada em favor de si mesmo, pois é ca-
paz de prejudicar-se a si mesmo".
"Pecamos quando, perante Deus ou com a ideia
de Deus, desesperados, não queremos, ou quere-
mos ser nós próprios".
■ ■ V ■ „ : _
Kierkegziatd
Nietzsche
Eles disseram ... 59
Sigmund Freud (séc. XIX-XX)
"A ansiedade é o resultado natural de centralizarmos nossas espe-
ranças em qualquer coisa menor do que Deus e sua vontade para nós".
"Tentei demonstrar que as ideias religiosas surgiram da mesma
necessidade de que se originaram todas as outras realizações da civi-
lização, ou seja, da necessidade da defesa contra a força
esmagadora-mente superior da natureza".
"Deixemos o céu aos anjos e aos pardais".
Martin Buber (séc. XX)
"Nada tende a mascarar tanto a face de Deus como a religião; ela
pode tornar-se uma substituta para o próprio Deus".
Bertrand Russell (séc. XX)
"No passado, os motivos da virtude feminina eram principalmen-
te medo do fogo do inferno e da gravidez; um foi removido pela deca-
dência da ortodoxia teológica, o outro pelos anticoncepcionais".
"A religião, tendo a sua origem no terror, dignificou certas espécies
de medo, fazendo com que não sejam encaradas como coisas vergo-
nhosas. Nisso prestou à humanidade um grande desserviço, pois que
todo medo é um mal."
Jean Paul Sartre (séc. XX)
"Ser homem é tender a ser Deus; ou, se prefere, o homem é funda-
mentalmente desejo de ser Deus".
"O homem é mera paixão inútil".
Notas do capítulo 6
1 As fontes de consulta desse capítulo foram: Pascal, Blaise. Op.
C/f. Blanchard, J. Pérola para a Vida. Vida Nova, 1993. Kunzmann, P
& Burkard, F. & Wiedmann, F. Op. Cit. Caballero, Alexandre. A Filo-
sofia através dos Textos. Cultrix, 1972. Zilles, Urbano. Filosofia da
Religião. Paulinas, 1991.
Apêndice
Perguntas para Grupos de Estudo
1 - Qual tem sido a minha postura "quanto à mordomia da mente"? O
que li e aprendi no último ano?
2 - Faça um levantamento de suas ideias? De onde elas vêm? Você já
descobriu o que ou quem "fez sua cabeça"?
3 - Qual o filme que você mais gosta? Por que será? Você seria capaz
de descobrir elementos ideológicos e psicológicos que o atraem
naquele filme?
4 - Escolha um filme (ou assista) e discuta com o grupo qual é a
ideologia que o produtor pretende vender.
5 - Quais são as música que mexem mais com você? Você poderia
tentar explicar por que isso acontece? Dá para detectar elementos
não-cristãos que o atraem nessas músicas?
6 - O que você assiste mais na TV? Por quê?
7 - Qual é o seu plano de vida para os próximos três anos? Como ele
se encaixa num viver cristão?
8 - Que escola filosófica o atrai mais? Discuta as vantagens e desvan-
tagens desse sistema.
9 - Existe uma filosofia cristã na Bíblia? Sim ou não? Por quê?
10 - 0 que eu faria no próximo ano, se descobrisse que teria apenas
mais um ano de vida? Por que mudaria meu comportamento?
Cabeças Feitas
BIBLIOGRAFIA
Para aqueles que desejam uma pesquisa aprofundada segue uma
lista bibliográfica em ordem alfabética de obras filosóficas em portu-
guês. Apresentaremos uma primeira lista de obras produzidas no con-
texto cristão e a segunda, no contexto secular. Trata-se de uma lista
simplificada, informando apenas o nome do livro, o autor e a editora.
Quando o livro for considerado relevante, segue-se um breve comen-
tário do mesmo.
Obras de Contexto Cristão/Evangélico
Curso de Filosofia. Battista Mondin. Vol. 1-3. Ed. Paulus. (Um dos
melhores resumos em Português. Apresenta um panorama histórico, com
uma visão católica, e é bem atuaíizado. São cerca de 700 páginas)
Deus que Intervém, O. Francis Schaeffer. Refúgio. (O apologista
cristão analisa o homem moderno, especialmente no campo da arte,
filosofia e teologia, mostrando sua opção pelo irracional para fugir de
Deus. Edição esgotada).
Filosofia e Fé Cristã. Colin Brown. Ed. Vida Nova. (Excelente
resumo profundo, focalizando especialmente a filosofia moderna e
contemporânea. Vale a pena ter).
História da Filosofia. G. Reale e D. Antiseri. Vol. 1-3. Ed. Paulus.
(Obra extensa, atualizada, de contexto católica, com mais de 2.500 pági-
nas. Muito útil para quem quer de fato aprofundar-se no assunto).
História da Filosofia Cristã. P. Boehner e E. Gilson. Vozes.
Icabode. Rubem Amorese. Abba Press.
(Pequeno e escrito de modo criativo para mostrar o dilema do homem mo-
derno e. sua crise. Vale adquirir e ler).
Introdução à Fenomenologia Religiosa. Waldomiro Piazza. Vozes.
Apêndice 63
Introdução à Filosofia. Battista Mondin. Ed. Paulus.
Introdução à Filosofia: Uma Perspectiva Cristã. Norman Geisler. Ed.
Vida Nova.
Manifesto Cristão. Francis Schaeffer. Refúgio.
Milagres. C. S. Lewis. Mundo Cristão.
(O grande pensador argumenta em favor da plausibilidade dos milagres,
contra uma visão naturalista e humanista).
Morte da Razão, A. Francis Schaeffer. JUERP.
Palavra Humilhada, A. Jacques Ellul. Ed. Paulinas. (Livro muito
profundo, escrito por um cristão, ex-prefeito de Bordeaux, França, que
mostra o desprezo da Palavra na sociedade da imagem e da visão).
Pode o Homem Viver sem Deus? Ravi Zacharias. Mundo Cristão.
Pós-Modernismo. Stanley Grenz. Ed. Vida Nova. (Fmperdível.
Recentíssimo, analisa o pós-modernismo desde suas manifestações populares
como o cinema até o requinte filosófico de seus defensores mais famosos. Deve
ser adquirido, recomendado para os amigos e os inimigos!)
Problema do Sofrimento, O. C. S. Lewis. Mundo Cristão.
Obras do Contexto Secular
Aforismo Sobre Filosofia de Vida. A. Schopenhauer. Ediouro.
Além do Bem e do Mal - Prelúdio a uma Filosofia. Friedrich
Nietzsche. Cia das Letras. Anti-During. Friedrich Engels. Paz e
Terra. Anticristo, O. Nietzsche. Ediouro.
64 Cabeças Feitas
Aprendendo Filosofia. César Aparecido Nunes. Papiras.
Apresentação do Mundo - Considerações sobre o Pensamento de
Lu-dwig WHtgenstein. J. A. Giannotti. Cia das Letras.
Aristóteles. Anne Cauquelin. Zahar.
Arqueologia do Saber, A. Michel Foucault. Forense Universitária.
Arte e a Natureza, A. Michel Ribon. Papirus.
Arte Retórica e Arte Poética. Aristóteles. Ediouro.
Assim Falou Zaratustra. F. Nietzsche. Bertrand Brasil.
Aulas de Filosofia. Simone Weil. Papirus.
Banquete, O. Platão. Bertrand Brasil.
Bergson e a Educação. Rubens Murilio Trevisan. UNIMEP.
Biblioteca do Pensamento Brasileiro. Vários autores - 6 volumes.
Convívio.
Capital, O. Karl Marx. Ed. Zahar.
Cérebro e o Pensamento, O. Karl R. Popper e John C. Eccles. Papirus.
Cidade do Sol, A. Campanella. Ediouro.
Ciência em Ação, A- Claude Chretien. Papirus.
Ciências Humanas e Filosofia. Lucien Goldmann. Bertrand Brasil.
Como o Senso Comum Compreende a Filosofia. Jean-Marie Lardic.
Paz e Terra.
Como Vejo o Mundo. Albert Einstein. Nova Fronteira.
Conceito de Ironia - constantemente referido a Sócrates.
Sõren Kierkegaard. Vozes.
Condição Humana, A. Hanna Arendt. Forense Universitária.
Confissões. Santo Agostinho. Ediouro.
Construção da Filosofia Ocidental, A. Gradus Philosophicus.Ed.
Mandarim.
Apêndice 65
Contra a Nova Filosofia, Francois Aubral e Xavier Delcourt. Paz e
Terra.
Contra o Método. Paul Feyerabend. Francisco Alves.
Coragem de Ser, A. Paul Tillich. Paz e Terra.
Crepúsculo dos ídolos. Nietzsche. Ediouro.
Crise do Nosso Tempo. Franco Lombardi. EPU e EdUSP.
Cristãos e Marxistas. G. Cottier. Paz e Terra.
Cristianismo e Outras Religiões, O. W. A. Vissert Hooft. Paz e Terra.
Crítica da Faculdade do Juízo. I. Kant. Forense Universitária.
Crítica da Razão Prática. Kaní. Ediouro.
Crítica da Razão Pura. Kant. Ediouro.
Cultura de Massas do Século XX, vol. 1-2. Edgar Morin.
F o r e n s e
Universitária. Obras interessantes, ainda que muito negativistas, que
analisam a terrível
situação da sociedade atual
Curso de Filosofia. António Rezende (org.). Zahar,
Curso de Filosofia. Regis Jolivet. Agir.
Da Esperança. Rubens Alves. Papiros.
Da Interpretação da Natureza. Diderot. Iluminuras.
Da República. Marco Túlio Cícero. Ediouro.
Derrota do Pensamento, A. Alain Finkielkraut. Paz e Terra.
Descartes. Pierre Guenancia. Zahar.
Despertar da Filosofia Grega, O. John Burnet. Siciliano.
Deus e a Ciência Em Direção ao Metarrealismo. Jean Guitton. Nova
Fronteira.
Deus é Necessário? Roger Garaudy. Zahar.
Diagnóstico de Nosso Tempo. Karl Mannheim. Ed. Zahar.
66 Cabeças Feitas
Dialética da Natureza. Friedrich Engels. Paz e Terra.
Dialética do Concreto. Karel Kosik, Paz e Terra.
Dialética do Esclarecimento. Theodor W. Adorno e Max
Horkhei-mer. Ed. Zahar.
Dialética e Cultura. Lucien Goldmann. Paz e Terra.
Diálogo Posto à Prova. Mário Gozzini e outros. Paz e Terra.
Diálogos I - Menon, Banquete e Fedro. Platão. Ediouro.
Diálogos II - Fédon, Sofista e Poético. Platão. Ediouro.
Diálogos III - A República. Platão. Ediouro.
Dicionário de Filosofia. Gerard Durozoi e André Roussel. Papiras.
Dignidade da Política, A. Hanna Arendt. Relume-Dumara.
Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade.
Jean-Jacques Rousseau. Ediouro.
Do Espírito. Jacques Derrida. Papirus.
Do Espírito das Leis. Montesquieu. Ediouro.
Dobra, A - Leibniz e o Barroco. Gaites Deleuze. Papirus.
Dores do Mundo. Artur Schopenhauer. Ediouro.
É a Ciência uma Nova Religião. Ernesto Bono. Civilização Brasileira.
Ecce Homo - Como Alguém se Torna o queÉ. Friedrich Nietzsche.Cia
das Letras.
Educação Estética do Homem, A. Schilier. Iluminuras.
Elogio da Loucura, O. Erasmo de Roterdam. Ediouro.
Enciclopédia Filosófica. Roland Corbisier. Vozes. Ensaios
Críticos. Francesco De Sanctis. Nova Alexandria. Ensaios
Sofísticos. Barbara Cassin. Siciliano. Ensaios, o Homem e
a Obra. Montaigne. Ediouro. Epicurismo, O. Jean-Francois
Duvernoy. Zahar.
Apondice 67
I íjustemologia: A Cientificidade em Questão. Alberto Oliva. Papirus.
líscritura e a Diferença, A. Jacques Derrida. Perspectiva. Esperança
Agora, A. Jean Paul Sartre e Benny Levy. Nova Fronteira. Esperança
dos Desesperados. Emmanuel Mounier. Paz e Terra. Estudos de
Filosofia. Tobias Barreto. Record.
Estudos Históricos do Pensamento Científico. Koyre, Forense Uni-
versitária.
I istudos Históricos do Pensamento Filosófico. Koyre. Forense Uni-
versitária.
litica. Alain Badiou. Relume-Dumara.
Hlica e o Espelho da Cultura, A. Jurandir Freire Costa. Rocco.
Ética, A. Angele Kremer-Marietti. Papirus.
Bn e seu Cérebro, O. Karl R. Popper e John C. Eccles. Papirus.
liu e Tu. Martin Buber. Cortez & Moraes.
Existência & Liberdade. Paulo Perdigão. L&PM.
Existencialismo, O. Paul Foulquié. Difel/Saber Atual.
Fazer Filosofia. Leda Miranda Huhne - Organização. Uape.
Filosofia Alemã, A. Henri Arvon. Publicações Dom Quixote.
Filosofia Analítica no Brasil, A. Maria Cecília M. de Carvalho.Papirus.
Filosofia através dos Textos, A, Alexadre Caballero. Cultrix
Filosofia da Ciência. Sidney Morgenbesser. Cultrix.
Filosofia da Ciência Biológica. David Hull. Ed. Zahar.
Filosofia Contemporânea, A. Wolfgang Stegmiiller - 2 vols.EPU/
EdUSP.
Filosofia Contemporânea Ocidental, A. I. M. Bochenski. Herder.
Filosofia da Práxis. Adolfo Sanchez Vasquez. Paz e Terra. Filosofia
de Karl Popper. Luis Alberto Peluso. Papirus.
68 Cabeças Feitas
Filosofia de Marx, A. Etiénne Balibar; Zahar.
Filosofia dos Erros. Eduardo Prado de Mendonça. Agir.
Filosofia em Questão. Pierre Fougeyrollas. Paz e Terra.
Filosofia Medieval, A. Alam de Libera. Zahar.
Filosofia no Século XX, A. Jean Lacoste. Papírus.
Filosofia: Oriente e Ocidente, Charles A. Moore (org.). EdUSP.
Filosofia Política e Liberdade. Roland Corbusier. Paz e Terra,
Filosofia da Religião. Urbano Zilles. Paulinas.
Foucault. John Rajchman. Zahar.
Fundamentos da Metafísica dos Costumes. Kant. Ediouro.
Futuro da Filosofia da Práxis, O. Leandro Konder. Paz e Terra.
Gaia Ciência, A. Nietzsche. Ediouro.
Genealogia da Moral, A. Nietzsche. Ediouro.
Géneses da Modernidade. Maurice de Gandillac. 34.
Gerência da Vida - Reflexões Filosóficas. Lenilson Naveira Silva.
Record.
Gilles Deleuze: Um Aprendizado em Filosofia. Michael Hardt. 34.
Górgias. Platão. Bertrand Brasil.
Grande Jornada, A. Araflcar O. Herrera. Paz e Terra.
Gregos, Bárbaros e Estrangeiros. Barbara Cassim, N. Loraux e C.
Peschanski. 34.
Hannah Arendt/Martin Heidegger. Elzbieta Ettinger. Zahar.
Hegel. Francois Chatelet. Zahar.
Hegel e a Arte. Gerard Brás. Zahar.
Heidegger e o Nazismo. Victor Farias. Paz e Terra.
Heidegger Réu: Ensaio sobre a Periculosidade da Filosofia,
Zeljko Loparic. Papirus.
Apêndice 69
História do Existencialismo e da Fenomenología. Thomas Ransom
Giles. EPU/EdUSP.
História da Filosofia Antiga. Giovanni Reale. Loyoía.
I Iistória da Filosofia Ocidental, Uma. D. W. Hamiyn. Zahar.
História da Filosofia, A. Will Durant. Record.
I Iistória da Filosofia. Émille Brehier - 8 vols. Mestre Jou.
(Uma das melhores obras em português. Extensa e detalhada.)
História da Filosofia. François Chateiêt - 8 vols. Ed. Zahar.
(Excelente obra. Extensa e detalhada)
[Iistória da Filosofia. Padovani & Castagnola. Melhoramentos. (Obra
católica clássica. Muito bem elaborada pedagogicamente; infelizmente é
desatualizada)
História da Razão, Uma. François Chatelet. Zahar.
Homo Ludens. Johan Huizinga. Perspectiva.
Horror Metafísico. Leszek Koiakowski. Papirus.
Humanista - A Ordem na Alma do Indivíduo e na Sociedade, O.
Mário Vieira de Mello. Topbooks.
Ideias Estéticas de Marx, As. Adolfo Sanchez Vasquez. Paz e Terra.
Ideias Filosóficas Contemporâneas na França, As. Christian Descamps.
Ed. Zahar.
Ideologia da Estética, A. Terry Eagleton. Zahar.
Imaginação Simbólica nos Quatro Elementos Bachelardianos. Vera
Lúcia G. Felício. EdUSP.
Imaginação, A. Jean-Paul Sartre. Bertrand Brasil.
Iniciação Filosófica. Pe. Orlando Vilela. Itatiaia.
Iniciação a Filosofia de S. Tomás de Aquino. H. D. Gardeil. Duas
Cidades.
Interdisciplinaridade e Patologia do Saber. Hilton Japiassu. Imago.
introdução àuma Estética Marxista. Georgy Lukács. Civilização Brasileira.
70 Cabeças Feitas
Introdução ao Existencialismo. Robert G. Olson. Brasiliense.
Introdução Geral à Filosofia. Jacques Maritain. Agir.
Investigação acerca do Entendimento Humano. David Hume. Com-
panhia Editora Nacional/EdUSP.
Investigação Filosófica sobre a Origem de Nossas Ideias. Edmund
Burke. Papirus.
Investigação sobre Wittgenstein, Uma. Jaakko Hintikka e Merrill
Hintikka. Papirus.
Itinerários de Antigona: A Questão da Moralidade. Barbara Freitag.
Papirus.
Kant. Michele Crampe-Casnabet. Zahar.
Karl Barth. Daniel Cornu. Paz e Terra.
Kosmos Noetos. Ivo Assad Ibri. Perspectiva.
Logos e Práxis. Francois Chatelet. Paz e Terra.
Lições sobre a Analítica do Sublime. Jean-Francois Lyotard. Papirus.
Lições sobre a Filosofia de Kant. Hanna Arendt. Relume-Dumara.
Linguagem e Mito. Ernest Cassirer. Perspectiva.
Linguagem, A. Frederic Nef. Zahar.
Livre Arbítrio, O. Schopenhauer. Ediouro.
Locke. Yves Michaud. Ed. Zahar.
Lógica do Pior. Clement Rosset. Espaço e Tempo.
Lógica do Sentido. Gilles Deleuze. Perspectiva.
Lógica Formal c Lógica Dialética. Henri Lefèbvre. Civilização Bra-
sileira.
Lógica Menor. Jacques Maritain. Agir.
Mal: Um Desafio a Filosofia e a Teologia, O. Paul Ricoeur. Papirus.
Margens da Filosofia. Jacques Derrida. Papirus.
Marx e a América Latina. José Arico. Paz e Terra.
Apêndice 71
Marxismo, Existencialismo, Personalismo. Jean Lacroix. Paz e Terra.
Máximas e Reflexões. La Rochefoucauld. Imago.
Mestres da Verdade, Os. Mareei Detiénne. Zahar.
Metodologia Científica. Leda Miranda Huhne. Agir.
Michel Foucault e seus Contemporâneos. Didier Eribon. Zahar.
Miséria da Filosofia. Karl Marx. Global.
Mito e Realidade. Mircea Eliade. Perspectiva.
Momentos de Reflexão. John Columbus Taylor. Best Seller.
Morte dos Deuses, A. Michel Henry. Zahar.
Morte nos Olhos, A. Jean-Pierre Vernant. Zahar.
Mundo como Vontade e Representação, O. Schopenhauer. Ediouro.
Mundo Precisa de Filosofia, O. Eduardo Prado de Mendonça. Agir.
Nietzsche - O Bufão dos Deuses. Cristina Ferraz. Relume-Dumara.
Nietzsche, Wagner e a Filosofia do Pessimismo. Roger Hollinrake.
Ed. Zahar.
Nietzsche: O Sócrates de Nossos Tempos. Mário Vieira de Mello.
EdUSP.
No Tear de Palas - Imaginação e Génio no Séc. XVII: Uma Introdu-
ção. Enid Abreu Dobranzky. Papiros,
Noções de História da Filosofia. Pe. Leonel Franca. Agir.
Nosso Conhecimento do Mundo Exterior. Bertrand RusseJl. Compa-
nhia Editora Nacional.
Objeções ao Humanismo. H. J. Blackham e outros. Paz e Terra.
Obra Escolhida. Descartes. Bertrand Brasil.
Observações sobre o Sentimento do Belo e do Sublime - Ensaio sobre
Doe. Emmanuel Kant. Papirus.
Origens do Pensamento Grego, As. Jean-Pierre Vernant. Bertrand
Brasil. (Obra clássica, uma das mais importantes
do assunto)
72 Cabeças Feitas
Palavra e Verdade. Luiz Alfredo Garcia-Roza. Ed. Zahar.
Para Ler Kant. Gilíes Deleuze. Francisco Alves.
Para Compreender Ciência. Vários autores. Espaço e Tempo.
Para Ler Adorno. Marc Jimenez. Francisco Alves.
Para Ler Bachelard. Hilton Japiassu. Francisco Alves.
Para Ler Benjamin. Flávio R. Kothe. Francisco Alves.
Para uma Nova Teoria do Sujeito. Alain Badiou. Relume-Dumara.
Paradigmas Filosóficos da Atualidade, Maria Cecília M. de Carvalho
(org.). Papiros.
Paradoxo da Moral, O. Vladimir Jankeievitch. Papirus.
Pensadores, Os. Vitor Civita (editor) - 60 volumes. Abril Cultural.
(A mais famosa coleção, muito bem elaborada, contendo tem-tos dos própri-
os filósofos. Há 3 edições: capa dura azul, mais antiga, capa flexível mar-
rom e capaflexívei branca. É encontrada em "sebos" por bom preço).
Pensadores, Exploradores e Mercadores. .Tanice Theodoro. Scipione.
Pensadores Originários, Os. Anaximandro, Parmênides e
Heráclito.Vozes.
Pensamento de Mao Tsé-Tung, O. Vários autores. Paz e Terra.
Pensamento Hindu, O. Émile Gathier. Agir.
Pensamentos. Blaise Pascal. Ed. Cultrix.
(Apresenta essa obra que muito fala das ideias do filósofo sobre religião e
sobre o Cristianismo. Vale adquirir).
Pensamentos e Provérbios da Antiguidade Oriental. Georg von
Turniíz. Ediouro.
Período Clássico da Hermenêutica Filosófica na Alemanha. Maria
Nazaré C. P. Amaral (org.). EdUSP.
Platão. Abel Jeanniére. Zahar.
Poesia e Verdade. Fernando Santoro. Seíte Letras.
Política Tensa, A. Ricardo R. Terra. Iluminuras.
Apêndice 73
Política, A. Aristóteles. Ediouro.
Por um Conhecimento Filosófico. Gilles-Gaston Granger, Papirus.
Pragmatismo e Outros Ensaios. William James. Lidador.
Pré-Socrãticos, Os. Gerard Legrand. Zahar.
Preleções sobre a Essência da Religião. Ludwig Feuerbach. Papirus.
Presença e Campo Transcendental: Consciência e Negatividade
na-Filosofia. Bento Prado Jr. EdUSP.
Primado da Percepção e suas Consequências Filosóficas, O. Maurice
Merleau-Ponty. Papirus.
Primeira Filosofia. Diversos. Brasiliense.
(coletânea atualizada, introdutória, usada nas faculdades em geral, escri-
ta, em sua maioria, por professores da USP).
Primitivos, Nossos Contemporâneos, Os. Frederic Rognon. Papirus.
Processo de Sócrates, O. Claude Mosse. Zahar.
Quando a Cristandade Morre. Emmanuel Mounier. Paz e Terra.
Que é Filosofia, O. Gilles Deleuze e Félix Guattarri. 34.
Questões Epistemológicas. Hilton Japiassu. Imago.
Razão e Diferença. Márcio Goldman. UFRJ.
Razão e Revolução. Herbert Marcuse. Paz e Terra.
Razões do Mito, As. Régis de Morais (org). Papirus.
Reflexões sobre o Pensamento Científico Moderno. João Afonso de
Resende. Independentes.
Regras Morais e a Ética, As. David Lyons. Papirus.
Resistência e Submissão. Dietrich Bonhoeffer. Paz e Terra.
Sartre. Gerd A. Bornheim. Perspectiva. Sartre no Brasil.
Jean-Paul Sartre. Paz e Terra. Schopenhauer. Marie-Jose
Pernin. Zahar.
74 Cabeças Feitas
Schopenhauer e a Questão do Dogmatismo. Maria Lúcia M. O.
Cac-ciola. EdUSP.
Semiótica. Charles S. Peirce. Perspectiva.
Sentido da Ação, O. Paul-Louis Landsberg. Paz e Terra.
Sentimento da Dialética, O. Paulo Arantes. Paz e Terra.
Ser e o Evento, O. Alain Badiou. Zahar.
Ser e Tempo. Martin Heiddeger - 2 vois. Vozes.
Ser Ético no Brasil. Luciano Zajdsnajder. Gryphus. Filosofia.
Si-mesmo como Ura Outro, O. Paul Ricoeur. Papirus,
Sobre a Brevidade da Vida. Sêneca. Nova Alexandria.
Sobre a Tranquilidade da Alma e sobre o Ócio. Sêneca. Nova Ale-
xandria.
Sobre o Destino. Cicero. Nova Alexandria. Temor e
Tremor. Sõren Kierkegaard. Ediouro. Tempo e
Narrativa - Tomo I-II. Paul Ricoeur. Papirus.
Tempo e Religião. Walter I. Rehfeld. Perspectiva. (Discute o
significado do tempo, especialmente no Antigo Testamento. Muito bom e
profundo).
Tempo, Espaço e Filosofia. Christopher Ray. Papirus.
Tempo, O. Vários autores. Reco rd.
Teoria do Conhecimento. Johannes Hessen. Arménio Amado,
Teoria Crítica I. Max Horkheimer. Perspectiva.
Teoria Crítica: Habermas e a Escola de Frankfurt. Raymond
Geuss.Papirus.
Teoria Feminista e as Filosofias do Homem. Andrea Nye. Record.
Teses sobre Feuerbach de Karl Marx, As. Georges Labica. Zahar.
Trabalho e Alienação. Carlos Astrada. Paz e Terra. Tradução
Intersemiótica. Júlio Plaza. Perspectiva.
Apêndice 75
Transparência do Mal, A. Ensaio sobre os Fenómenos Extremos. Jean
Baudrillard. Papirus.
Tratactus Logico-Philosophicus. Ludiwig Wittgenstein. EdUSP,
Tratado Político. Spinoza. Ediouro.
Travessia do Pós-Moderno, A, Luciano Zajdsznajder. Gryphus.
Usos da Filosofia, Os. Mary Warnock, Papirus.
Usos da Mitologia Grega, Os. Ken Dowden. Papirus.
Utopia, A. Jean-Yves Lacroix. Zahar.
Utopias, As. Jerzi Szacki. Paz e Terra.
Verdade e as Formas Jurídicas, A. Michel Foulcault. Nau.
Vida Cotidiana, A. Remo Cantoni. Paz e Terra.
Vida do Espírito, A. Hanna Arendt. Relume-Dumara.
Vida na Grécia Clássica, A. Jean-Jacques Maffré. Zahar.
Visível e o Invisível, O. M. Merleau-Ponty. Perspectiva.
Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. André Lalande. Nova
Fronteira (O melhor e mais exaustivo dicionário de filosofia em
português)
Vontade de Amar, A. Schopenhauer. Ediouro.
Vontade de Potência. Nietzsche. Ediouro.
Wittgenstein. Christiane Chauvire. Zahar.
Wittgentein e a Filosofia Austríaca: Questões. Rudolf Haller. EdUSP.
Zaratustra de Nietzsche, O. Pierre Heber-Suffrin. Zahar.
Sobre o autor
Pr. Luiz Sayão, casado, pai de quatro filhos, um dos pregadores e
preletores de maior conteúdo no meio evangélico brasileiro.
Formado em Linguística e em Hebraico pela FFLCH-USP, é
mestrando pela mesma faculdade.
Professor do Seminário Teológico Servo de Cristo (SP) nas áreas
de Bíblia e de Filosofia.
Entre outras atividades, coordena a tradução da Nova Versão In-
ternacional (NVI), participa da diretoria da Edições Vida Nova e da
comissão executiva da revista teológica Vox Scripturae.
Sobre o GIC - Grupo Interdisciplinar Cristão
Formado por universitários e profissionais de diversas áreas e
denominações evangélicas, o G.I.C. surgiu da necessidade de prepa-
rar cristãos que possam desenvolver sua fé, mesmo no meio académi-
co, dando-lhes suporte teórico e proporcionando-lhes visão mais in-
tegrada e abrangente da realidade afim de que todos possam exercer
plenamente o seu chamado em prol do Reino de Deus.