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Ao final desta aula, voc dever ser capaz de:
Analisaraformaoeaaodoeducador nasociedadeatual.
Esclareceraatitudedoeducadordiante dasnovaspossibilidadeseducativassurgidascomosavanostecnolgicos.
Estudararelaoessencialentreteoriaeprtica,naformaoenaaodoeducador.
Analisaropapelpoltico-socialdoeducadordiantedaatualconjunturasocioeconmica.
Esclareceropapeldoeducador noestabelecimentodeumareflexo sobreosvaloresticos.
O educador: formao e ao
objet
ivos1AULA
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Filosofia e Educao - UNIRIO | O educador: formao e ao
A formao de educadores est passando por um momento de reviso
substantiva e de crise em nosso pas. Muitos so os motivos que
provocaram esta situao. (...) o questionamento do prprio papel
exercido pela educao na sociedade, a falta de clareza sobre a funo
do educador e a problemtica relativa redefinio do Curso de
Pedagogia nas licenciaturas em geral (CANDAU, 2002, p. 49).
Tm sido freqentes afirmaes de que a profisso de professor est
fora de moda, de que ela perdeu seu lugar numa sociedade repleta
de meios de comunicao e informao. Muitos pais j admitem que
melhor escola a que ensina por meio de computadores. (...) Desse
modo, no haveria mais lugar para a escola e para os professores. (...)
Ser assim? (...) Ao contrrio, pois, do que alguns pensam, existe lugar
para a escola na sociedade tecnolgica e da informao, porque ela
tem um papel que nenhuma outra instncia cumpre. verdade que
essa escola precisa ser repensada (LIBNEO, 2002, pp. 25-6).
Caro discente, nessa aula vamos abordar uma questo de grande
importncia para o seu futuro profissional. A partir de agora, vamos
analisar o papel do professor: sua importncia social, seu proces-
so de formao e as caractersticas de sua prtica na sala de aula.
Em resumo, tentaremos analisar como deve desenvolver-se sua tarefa pro-
fissional. Voc ter a oportunidade de refletir sobre sua prpria formao e
prtica profissional. importante que voc analise como a sua preparao
para tornar-se docente. Voc est satisfeito com o que aprendeu? Acha que a
formao deveria ser diferente, na atualidade?
Tambm esta uma oportunidade para refletir de que forma est se desenvol-
vendo o trabalho profissional, como voc est agindo em sala de aula e fora
dela; enfim, em tudo que compete vida de um professor. Alis, voc pode
perguntar-se: que tipo de professor posso chegar a ser? Como est sendo
minha formao? Estou acompanhando as mudanas atuais da sociedade e
as novas necessidades que surgem na escola ou me mantenho aferrado a um
comportamento tradicional?
Caro aluno, para tentar esclarecer essas diversas questes que surgem em relao
profisso docente, iniciamos nossa anlise aludindo a dois autores que esto
pensando a situao do professor na atualidade: Candau e Libneo.
INTRODUO
Como est sendo a formao do professor nos nossos dias? O educador acompanha as mudanas da sociedade e o avano do conhecimento e das tecnologias? Qual a prtica do docente atual? Qual sua atitude na sala de aula, diante dos novos desafios da vida contempornea?
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LA 1Nos dois primeiros pargrafos desta introduo, ambos os autores assinalam a
existncia de uma crise da profisso docente. Candau afirma que est sendo
repensado o lugar do professor e o prprio papel exercido pela educao
na sociedade; assinala que vivemos uma poca em que est sendo profun-
damente discutida a funo desempenhada pelo educador e pela educao
na sociedade. J Libneo alude influncia que tm os grandes avanos tec-
nolgicos na sociedade atual. Esses avanos que revolucionam a transmisso
da informao, com especial destaque para o uso de computadores, j se
tornaram fundamentais para os alunos. Cabe perguntar se essas tecnologias
poderiam colocar em xeque uma funo to tradicional como a do professor.
O autor levanta diversas questes: discute se numa sociedade de informao
haveria ainda lugar para o docente. O ensino em sala de aula no seria uma
modalidade antiquada, ultrapassada?
Libneo responde que a funo docente ainda primordial para o
desenvolvimento do indivduo e da sociedade, porm precisa se adaptar
aos novos tempos, precisa ser reformulada.
As primeiras consideraes que podemos tecer a partir dos comentrios de
Candau e Libneo so que a profisso docente, assim como a sociedade em
geral, est vivendo uma profunda crise e precisa de mudanas urgentes. A
docncia uma atividade milenar; geraes aps geraes transmitiram, com
bastante estabilidade, tcnicas de ensino-aprendizagem, vises de mundo,
valores, atitudes e prticas. Essa estabilidade hoje no mais possvel, j que a
maioria dos conceitos, atitudes e valores est sendo revista. Ento, importante
esclarecer: quais seriam as principais causas dessas transformaes?
1. A revoluo tecnolgica, principalmente as formas de comunicao virtual,
que mudam totalmente o modo de lidar com o conhecimento.
2. A globalizao, a internacionalizao dos mercados, o domnio universal dos
capitais, que submete, cada vez mais, os denominados pases subdesenvolvidos.
A revoluo tecnolgica e o domnio universal dos mercados, na poca da
globalizao, tm profundos impactos em toda a sociedade e influenciam mar-
cadamente a escola. Isso traz a exigncia de reciclar a educao, transformar
as atividades docentes e a instituio escolar como um todo.
As novas tecnologias e a globalizaco,
entre outros fatores, mudaram a sociedade
e tambm a criao e transmisso do
conhecimento. A formao do
educador e a instituio escolar
esto acompanhando essas mudanas?
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Filosofia e Educao - UNIRIO | O educador: formao e ao
Caro discente, neste novo milnio, cheio de mudanas sociais, polticas, econ-
micas etc., o educador deve se perguntar: como devo agir? Diante desse quadro
social e educacional indito, o docente e os que formam os educadores devem
esclarecer as coisas que devem ser repensadas e reformuladas na prtica de
ensino. Para tentar achar uma resposta, indicamos alguns pontos fundamentais:
1. A relao do docente com as novas tcnicas.
2. A importncia de o educador dominar, cada vez mais, bases terico-cient-
ficas, articulando-as com as prticas concretas do ensino.
3. A tomada de conscincia por parte do docente, de sua importncia como
profissional crtico, ciente do seu papel poltico-social, diante do quadro
neoliberal atual.
4. A capacidade de o docente conviver com as diversidades, com os mltiplos
segmentos sociais que freqentam a escola, numa prtica de tolerncia,
fomentando prticas democrticas de incluso social e escolar e de recolocar
em destaque valores fundamentais como justia, solidariedade e respeito aos
direitos humanos.
Caro discente, a seguir vamos tentar aprofundar quatro pontos para esclarecer
qual seria o novo status do professor na atualidade. importante que voc reflita
sobre qual tem sido a sua atitude diante dessas questes. Voc tem acompanhado
as mudanas na sociedade e no ensino ou tem mantido uma conduta tradicional
apegada a antigas formas de educar?
DOCNCIA E NOVAS TCNICAS
Pensar que as novas tecnologias que facilitam o conhecimento se
opem prtica da docncia uma postura muito simplista, bastante
superficial, at se poderia dizer preconceituosa. Algumas pessoas,
principalmente as vinculadas a prticas de ensino mais tradicional, parecem
acreditar que haveria uma contradio: Ensino tecnolgico vs. Ensino
tradicional. Nesse sentido, Libneo levanta questes instigantes:
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LA 1As questes de aprendizagem seriam resolvidas com a tecnologiza-
o do ensino. (...) Numa sociedade sem escolas, os jovens apren-
deriam em Centros de Informao por meio das novas tecnologias
como televiso, vdeo, computadores. Ser assim? Ter chegado o
tempo em que no sero mais necessrios os professores? (2002,
p. 13).
O autor vai ser enftico na sua resposta:
as tecnologias chegaram, esto a, fazem parte
do nosso dia-a-dia, so fundamentais para a pes-
quisa e o ensino, no possvel prescindir desses recursos.
Porm, estamos longe de assistir ao ocaso dos professo-
res e da escola. Ao contrrio, a escola e os docentes devem preparar-se
para usufruir desses novos meios, num papel mais crtico e reflexivo:
A escola precisa deixar de ser meramente uma agncia transmis-
sora de informao e transformar-se num lugar de anlises crticas
e produo de informao, onde o conhecimento possibilita a
atribuio de significado informao. Nessa escola, os alunos
aprendem a buscar a informao (nas aulas, no livro didtico,
na TV, no rdio, no jornal, nos vdeos, no computador etc.),
e os elementos cognitivos para analis-la criticamente e darem a
ela um significado pessoal. (...) Trata-se, assim, de capacitar os
alunos a selecionar informaes mas, principalmente, a internali-
zar instrumentos cognitivos (saber pensar de modo reflexivo) para
aceder ao conhecimento. A escola far, assim, uma sntese entre
a cultura formal (dos conhecimentos sistematizados) e a cultura
experienciada (LIBNEO, 2002, pp. 26-27).
Conforme aponta Libneo, o uso de meios tecnolgicos (vdeo,
computador) e tradicionais (livro didtico, aulas) permitir ao docente
estimular a capacidade crtica dos discentes. No se trata de uma oposi-
o, mas de uma complementao. As tcnicas no cercearo, mas ajuda-
ro o conhecimento. O educador atual, por sua vez, longe de estar acuado
diante da tecnologia, far dela um instrumento fundamental de pesquisa
e ensino: suas aulas sero mais ricas e instigantes! O fato de contar com
instrumentos que no existiam na escola tradicional permitir facilitar a
transmisso do conhecimento, abrindo espao maior para a tarefa criativa.
Ao no despender tanta energia na captao dos saberes, professores e
alunos tero mais tempo para refletir sobre esses saberes, gerando, assim,
novos conhecimentos.
!Os novos recursos tecno- lgicos (vdeo, compu- tador etc.) se torna- ram um auxlio precioso para o educador atual. A utilizao desse instru- mental, longe de tor- nar suprflua a tarefa do docente, colabora decisivamente para o ensino. Esses meios fa- cilitam a transmisso do conhecimento, possibi- litando a criao de no- vos saberes?
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DOCNCIA: TEORIA E PRTICA
A teoria e a prtica educativa, neste enfoque, so consideradas o ncleo
articulador da formao do educador, na medida em que os dois plos
devem ser trabalhados simultaneamente, constituindo uma unidade
indissolvel (CANDAU e LELIS, apud CANDAU 2002, p. 67).
No item anterior, caro discente, mostramos que o docente no
deve sentir seu trabalho ameaado pela tecnologia; ao contrrio, ela
se torna um instrumento para aprimorar sua tarefa docente. Seguindo
as reflexes de Libneo, constatamos que o professor deve estimular a
criao de conhecimento, deve ajudar na reflexo. Assim, chegamos a
uma das questes mais polmicas que envolvem a profisso docente. Em
alguns posicionamentos, o docente considerado basicamente um pro-
fissional da prtica, um trabalhador que se limita a divulgar ou difundir
conhecimentos j pr-formados. Por isso, ele no deveria se envolver em
tarefas de pesquisa ou em teorizaes abstratas. Destinado a agir na sala
de aula, ele deveria, nesse espao concreto, transmitir conceitos, atitudes
e condutas, previamente elaboradas. Ele no poderia dar-se ao luxo de
especulaes nem de divagaes conceituais.
Candau e Lelis denunciam que esse posicionamento surge de
um velho preconceito que separa a teoria da prtica, no exerccio da
docncia. Para elas, h uma unidade indissolvel entre a produo do
conhecimento e a prtica educativa.
Quais so os motivos da existncia dessa dicotomia? As causas so
diversas. Uma delas a vinculao da docncia a tarefas femininas,
maternais, uma espcie de prolongamento das atividades domsticas, que
principalmente no ensino das primeiras sries seria exclusiva das mulheres.
De longa data, o magistrio, sobretudo o primrio, vem fazendo apelo
ao contingente feminino. Bastante compatvel com a natureza das
funes femininas, tais como valorizadas em nossa sociedade ocidental
(LUDKE, apud CANDAU, 2002, p. 81). Assim, o magistrio das primeiras
sries foi atribudo s mulheres, invocando condies femininas e maternais,
que prescindiam de uma slida formao, mas da natureza feminil, com
o intuito de desvalorizar a profisso e, portanto, pagar pouco:
Feminilizao do ensino Postura que considera o ensino, particu-larmente dos anos iniciais, prprio das mulheres devido s suas condies ou dons maternais.
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LA 1no se podia exortar as professoras a serem ignorantes, mas se podia
dizer que o saber no era tudo nem o principal. Exaltar qualidades
como abnegao, dedicao, altrusmo e esprito de sacrifcio e
pagar pouco: no foi por coincidncia que este discurso foi dirigido
s mulheres (CATANI, 1997, pp. 28-29).
De longa data, a desvalorizao da docncia,
identificando-a a atividades maternais, domsticas,
espontneas, naturais na mulher, levou a
aprofundar esse suposto abismo que haveria
entre a prtica docente principalmente das
primeiras sries e a teoria. Para ensinar no era
necessrio formao, pesquisa, apenas deveriam
possuir dons femininos.
Porm, a reduo da atividade docente a uma simples prtica sem
elaborao terica tambm atinge os homens, num processo mais amplo
de desvalorizao da profisso. No Brasil, particularmente, na sua situao
dependente no s na economia, mas tambm na produo cientfica,
negado o papel de criar o conhecimento. Os educadores no poderiam ser
cientistas nem pesquisadores, apenas divulgadores de um conhecimento j
construdo pelos grandes centros, como Estados Unidos e Europa. Como
deveria agir o professor? Divulgando, transmitindo saberes j cristalizados;
nunca poderia ousar criar. Por isso, a docncia seria apenas uma tarefa
pragmtica, repetitiva do j conhecido. Linhares denuncia essa situao:
No Brasil, os movimentos de professores esto em estado de alerta
com as profundas alteraes que esto sendo impostas, tendendo
a reduzir a formao de professores a um tipo de processo
pragmtico, distanciado das pesquisas e da produo terica
(LINHARES e LEAL, 2002, p. 114).
Tanto a feminilizao do ensino, que reduz a docncia a um dom
feminino sem muita elaborao terica, como a sua reduo a uma funo
pragmtica, negam que a docncia deve articular a teoria com a prtica.
Ensinar um fazer, mas que implica um conhecer criativo. O professor(a)
no pode limitar-se reproduo do j sabido, do j consolidado.
!Teoria e prtica so duas condies indispensveis, e inseparveis, para o exerccio da pro- fisso docente.
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Filosofia e Educao - UNIRIO | O educador: formao e ao
O docente tem a misso de transmitir e de criar o conhecimento:
(...) dependemos de nossa capacidade de interlocuo com os
mais variados tipos de conhecimento para projetar os processos
de aprendizagem e ensino escolares e, particularmente, de formao
de professores altura dos desafios atuais (ibidem, p. 118).
O PAPEL SOCIAL E POLTICO DO DOCENTE DIANTE DA GLOBALIZAO E DAS POLTICAS DE MERCADO
(...) o novo educador aquele que reconhece o seu papel poltico,
a dimenso poltica da educao, e a interioriza como profissional
e como sujeito, refletindo-a atravs da sua prxis (PAULO apud
CANDAU, p. 103).
O educador atual, alm do seu conhecimento e utilizao das
novas tecnologias, alm de reconhecer que a docncia implica a unio
indissocivel de teoria e prtica, deve ter conscincia de seu papel social
nas novas relaes institucionais, nas novas estruturas de poder vigentes.
O fenmeno mundial de globalizao impe excluso, marginalizao
de povos e grupos. No Brasil, particularmente, a dependncia das
polticas impostas pelos centros hegemnicos levam ao sucateamento,
desvalorizao da docncia:
(...) o sucateamento das escolas tem componentes pouco
mencionados que passam pelo engessamento do educativo,
no espao escolar, que acabaram trancando a pedagogia num
quartinho dos fundos, onde pouco se cogita a construo de
conhecimentos (LINHARES, 2002, p. 118).
Nossas escolas so afetadas pelas polticas internacionais: h
um sucateamento das escolas, uma precarizao do seu funcionamen-
to, um aviltamento das condies dos professores; resultam gritantes
os baixssimos salrios, as pssimas condies de trabalho, a falta de
todo tipo de materiais, at os indispensveis, como giz, apagadores etc.
incluso social e escolar O educador atual deve fomentar a inclu-so social e escolar de todos os alunos, com suas diversidades e necessidades pecu-liares.
!O educador deve ser crtico e ter clara conscincia do seu papel social e poltico, ao lidar com as novas geraes.
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LA 1O educador atual deve, ento, ter conscincia crtica dessa situao,
analis-la, coment-la e tentar fomentar as novas prticas democrti-
cas, mesmo em condies precrias. Ele responsvel em formar uma
conscincia crtica, nas novas geraes, permitindo que esse panorama
econmico-social possa ser alterado. O professor deve estar comprome-
tido com ideias de liberdade e emancipao, no com a manuteno do
estado atual, em que alunos e professores vivem, estudam, trabalham
em condies muito desfavorveis:
O professor tem que estar em condies de poder sempre se atualizar
e, ao mesmo tempo, saber acompanhar a trama dinmica da vida
social (...) para formar estudantes e professores comprometidos com
ideais emancipadores (LEAL apud LINHARES e LEAL, p. 153).
DOCNCIA, DIVERSIDADE E PRTICAS DEMOCRTICAS
Finalmente, o docente dos nossos dias, que emprega adequada-
mente as novas tecnologias, que conjuga teoria e prtica e tem conscincia
do seu papel social, tambm deve procurar acolher todos os alunos,
com suas singularidades, com suas peculiaridades, assim como fomen-
tar, na escola, todas as prticas democrticas. Em outras palavras, esse
educador ter competncias terico-prticas, conscincia social, assim
como dever cultuar valores que favoream a incluso social e o esprito
democrtico. Nessa poca crtica, a humanidade parece ter perdido o
rumo, parece carecer de valores e parmetros. O educador, justamente,
tem uma funo tica fundamental:
(...) diante da crise de princpios e valores, resultante da deificao
do mercado e da tecnologia, do pragmatismo moral ou relativismo
tico, preciso que a escola contribua para uma nova postura
tico-valorativa de recolocar valores fundamentais como a justia,
a solidariedade, a honestidade, o reconhecimento da diversidade e
da diferena, o respeito vida e aos direitos humanos bsicos, como
suportes de convivncia democrtica (LIBNEO, 2002, pp. 8-9).
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Filosofia e Educao - UNIRIO | O educador: formao e ao
Libneo assinala que vivemos no pragmatismo moral ou relativismo
tico. O que isso significa? Significa que, numa poca modelada pelo
mercado, pela deificao do lucro, o que interessa o prtico. Pragmtico
aquele que s visa a sua utilidade, em geral est motivado pelo ganho
material. E o relativismo tico significa que, alm desse desejo de
vantagens e ganhos individuais, todos os valores e convices parecem ser
relativos, determinados pelas diversas circunstncias e/ou convenincias.
Assim, o valor da sinceridade ou honestidade subordina-se, para quem quer
ter sempre o maior lucro, a poder ser sacrificado, dependendo da ocasio,
e do negcio a ser concretizado. Por isso, a sinceridade um valor relativo.
Que quer dizer isso? Que nossos valores esto muito confusos, que so
muito fracos, que podem ser trocados de um momento para outro.
Mas o docente atual no se pode render a essa lgica egosta, indi-
vidualista, anti-social, que provm da distoro que coloca o mercado e
o lucro como os totens da tribo (isto , como falsas divindades). Como
assinala Libneo, h outros valores: solidariedade, honestidade, respei-
to vida. Ele tambm frisa o respeito que se deve ter diversidade e
diferena. O educador dever, numa sociedade cujos valores fraquejam,
refletir sobre a tica social e sobre os comportamentos na escola. Para
alm do individualismo do mercado global, o professor pode refletir
com seus alunos sobre a importncia de estabelecer relaes solidrias
e cooperativas. O docente pode assinalar a possibilidade de construir
coletivamente o conhecimento, assim como pensar numa sociedade com
prticas democrticas. O papel tico do educador fundamental. Ele
pode destacar a importncia de uma sociedade plural e inclusiva, que
convoque ao dilogo aberto com todos os alunos.
Numa sociedade mltipla, como a brasileira, convivem negros,
brancos, pobres e ricos, gordos e magros, saudveis e portadores de neces-
sidades especiais etc. preciso, como assinalamos acima, incluir todos.
Como destaca Linhares:
Importa destacar que esse movimento de enlaar escola e vida tem
sido realizado como um esforo pela includncia de todas e todos no
espao escolar, implicando uma maior abertura para os portadores
de direitos especiais, como o so os surdos, os mudos, os deficientes
mentais, motores, visuais etc. (LINHARES, 2002, pp. 120-121).
prticas ticas, democrticas e inclusivas O professor atual deve refletir sobre valores como solida-riedade, cooperao etc., sobre aes democrticas e inclu-sivas, que convoquem todos os alunos. Sobre prticas e mecanismos de incluso.
pragmatismo moral Postura que reconhece como moral ou valioso apenas aquilo que traz alguma utilidade ou benefcio prtico.
relativismo tico Postura que considera que no h valores universais, no h uma tica geral. Os critrios ticos mudam nas diversas sociedades, grupos e indivduos; s vezes, um mesmo indivduo muda de valores conforme suas necessidades e sua convenincia; assim, a sua tica relativa sua situao e interesse pontual.
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LA 1A tarefa de incluir os diferentes consiste na capacidade de tolerar
at os que pensam e sentem diferentemente de ns, at aqueles que no
concordam com nossos valores. O docente dever equacionar, atravs
do dilogo, da discusso aberta e criteriosa, esses conflitos.
Caro discente, acabamos de realizar um importante percurso no
fascinante mundo da formao do novo profissional. Diante do pano-
rama atual da nossa sociedade, em que a tecnologia transforma todo
o campo de conhecimento, em que o domnio global dos mercados
categrico, em que os valores tradicionais esto em crise, preciso pensar
na formao de um novo profissional. Nesta aula, apresentamos alguns
traos, alguns esboos desse profissional que est sendo redesenhado.
Voc, ao desempenhar o papel de educador, ser um dos protagonistas
dessa nova figura, desse novo papel, dessa nova funo.
R E S U M O
A formao do educador no panorama da sociedade atual, em que os avanos
tecnolgicos revolucionam o conhecimento e os processos econmicos globais
influenciam todas as atividades sociais, incluindo a escola. Refletimos sobre o papel do
docente atual: como deve lidar com as tecnologias, assim como pode articular a teoria
com a prtica. Esclarecemos a funo social e poltica do professor e sua importncia
para refletir sobre os valores da sociedade. Analisamos seu papel relevante para
estimular o dilogo entre os diversos alunos, fomentando prticas inclusivas e a troca
democrtica. Destacamos que o professor deve estimular valores como solidariedade,
cooperao, gerando um clima de integrao na sala de aula. Assinalamos, finalmente,
que os currculos atuais de Pedagogia ainda no se atualizaram totalmente para
permitir o surgimento do educador dos nossos dias, sendo esse uma tarefa que se
encontra em construo.
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Filosofia e Educao - UNIRIO | O educador: formao e ao
AUTOAVALIAO
Voc entendeu as caractersticas do educador da atualidade, sugeridas nesta
aula? Voc compreendeu a importncia da tecnologia para a atividade escolar?
Voc enxerga a relao essencial entre teoria e prtica na formao do docente?
Conseguiu assimilar a importncia que o professor tem para refletir sobre os valores
da sociedade e para estimular prticas inclusivas e democrticas? Voc percebe
a importncia que tem o docente para formar uma conscincia de cidadania dos
alunos, para o entendimento do papel social e poltico da escola? Caro aluno, se
voc respondeu positivamente a estas questes, v em frente. Caso contrrio,
releia novamente esta aula, ou consulte o tutor no polo.
EXERCCIOS
1. Reflita sobre o uso de novas tecnologias na sua escola (vdeo, computador etc.).
Voc acha importante o emprego desses instrumentos? Pensa que contriburam
para melhorar a compreenso dos temas estudados?
2. Voc acha que o professor deve dominar tanto a teoria quanto a prtica?
3. Na escola ou nos ambitos onde voc atua, voc discute valores, analisa a situao
social, debate as prticas democrticas? Voc entende o significado da noo de
incluso escolar? Voc concorda com a importncia de adotar prticas inclusivas
nas aulas?
Encaminhe suas respostas a seu tutor, no polo.