ARRITMIAS CARDÍACAS
❖ INTRODUÇÃO
o Arritmias cardíacas são o resultado de uma anormalidade na geração ou condução do
impulso elétrico, ou em ambas.
o Consequências: diminuição do DC, IC, TEP, assistolia e FV.
o Existem dois tipos de arritmias: taquiarritmias (FC > 100) e bradiarritmias (FC < 50).
o Estímulos anormais gerados tanto no nodo sinusal, ou no nodo atrioventricular,
constituem os distúrbios da formação do impulso.
o Outra origem para a arritmia pode estar envolvida com o sistema de condução pelo qual
o impulso elétrico se propaga.
o Há também as arritmias causadas por reentrada cíclica, como a Síndrome de
WolffParkinson-White e o Flutter Atrial.
o Outra classificação:
▪ Primária: espontânea.
▪ Secundária: outros distúrbios cardíacos (IAM e Chagas).
❖ FISIOPATOLOGIA
• Alteração do automatismo cardíaco
o Com a alteração de um ou mais fatores, surgem arritmias por alteração do automatismo
cardíaco, seja por aumento do automatismo dos marca-passos subsidiários ou por
surgimento de automatismos anormais.
o Fatores que alteram o ritmo: tônus simpático (aumento das catecolaminas → ativa
receptores alfa e beta → taquicardia sinusal), hipopotassemia, isquemia → prolongam a
despolarização.
o Se há falha na ativação do NSA ou BAV → o NAV assume o automatismo → se também
esse sistema falhar → o sistema Hiss-Purkinje assume.
o Se esses mecanismos são mais frequentes que os sinusais, ele podem ocorrer isolados
(extrassístoles) ou repetitivos (taquicardias).
o Essas alterações do automatismo podem se originar de miócitos comuns que adiquirem
esse automatismo pós evento isquêmico → geração do impulso se dá por despolarização
parcial → arritmias pós IAM ou episódios isquêmicos.
• Alteração de condução cardíaca
o São os bloqueios → atraso ou impossibilidade de propagar o estímulo despolarizante em
alguma região do coração.
o Bloqueios de 1° grau:
▪ Atraso na transmissão, porém toda onda P leva à um QRS.
▪ Intervalo PR > 0,2s.
▪ Bloqueio alto (supra-His) → bom prognóstico.
o Bloqueio de 2° grau:
▪ Mobitz I: aumento progressivo do intervalo PR até que não ocorra a condução do QRS
(fenômeno de Wenckebach).
▪ Bloqueio alto (supra-His) → bom prognóstico.
▪ Mobitz II: ocorre uma condução do tipo “tudo ou nada” → interrupção súbita da
condução no NAV e é intercalada com conduções normais.
▪ Bloqueio baixo (infra-His) → mau prognóstico.
o Bloqueio de 3° grau/BAV total: interrupção completa da passagem do estímulo e há
dissociação entre a condução atrial e os ventrículos (assumem ritmos independentes).
▪ Bloqueio baixo (infra-His) → mau prognóstico.
• Alteração simultânea do automatismo e da condução cardíaca
o Fenômeno de reentrada: desvio de onda de ativação para ultrapassar um obstáculo
inexcitável.
o Ocorre reentrada de um impulso elétrico quando um circuito elétrico auto-sustentado
estimula uma área do miocárdio de modo repetitivo e rapidamente. Duas condições
devem estar presentes para que ocorra um circuito elétrico de reentrada: (1) bloqueio
unidirecional (a condução anterógrada é proibida, enquanto a retrógrada é permitida); e
(2) diminuição da velocidade de condução retrógrada.
o Quando o impulso chega ao ponto a, ele pode seguir o seu percurso apenas pela via 1
(ramo à esquerda), visto que a via 2 (ramo à direita) é bloqueada unidirecionalmente na
direção anterógrada. A condução do impulso ocorre através da via 1 e segue para o ponto
b. Nessa junção, o impulso segue de modo retrógrado pela via 2 em direção ao ponto a.
o Pode ser dividida em:
▪ Micro-reentrada (ao nível da bifurcação de Purkinje): FA
▪ Macro-reentrada: flutter e síndrome de Wolff-Parkinson-White.
❖ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
o Pode ocorrer palpitações, síncope, pré-síncope, dor precordial ou mesmo morte súbita.
o Muitas podem ser assintomática e evoluir para morte súbita.
• Palpitações
o Sensação de batimentos fortes, irregulares, aumento de FC.
o As causas são diversas, mas comumente são devidas a batimentos ectópicos (contração
atrial ou ventricular prematura) ou a uma taquiarritmia.
o Pesquisar as características: sustentadas ou não, regulares ou não, rápidas ou não, local,
inicio e término, frequência, sintomas associados e fatores desencadeantes.
o Diferença de benigna e maligna: no exame físico, à ausculta, um ritmo de padrão
irregularmente anormal pode sugerir uma fibrilação atrial enquanto um ritmo mais
regular, mas acelerado, nos sugere uma taquiarritmia sustentada.
o Causa mais comum da palpitação são as taquiarritmias (quando cardiopatia estrutural →
taquicardia ventricular/ se não: supraventricular).
• Síncope
o Sincope: perda súbita de consciência.
o Pré-síncope: sensação de tontura.
o Indica baixo fluxo cerebral determinando a síncope ou pré-síncope depende da frequência
cardíaca, função ventricular e adaptabilidade periférica.
o Em corações normais, somente frequências cardíacas muito elevadas são capazes de
determinar hipotensão significativa.
o Em cardiopatas com depressão da função ventricular, no entanto, frequências cardíacas
menos elevadas podem levar à perda de consciência.
o Estão associadas à todos os tipos de arritmias.
BRADIARRITMIAS
❖ INTRODUÇÃO
o A bradicardia pode ser absoluta (FC < 60 bpm em repouso) ou relativa (FC > 60 bpm), mas
inadequada à situação clínica do paciente, como um paciente com choque séptico,
hipotenso e com FC = 70 bpm - nessa situação espera-se uma FC > 100 bpm.
❖ ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
o Quanto mais distante do NSA a lesão, mais acentuada deverá ser a bradicardia, já que a
despolarização dos ventrículos ficará a cargo de células com menor automatismo.
o Os bloqueios do nó atrioventricular (BAV) podem estar no nível do NAV, os chamados
bloqueios altos (também denominados: supra-His, de baixo grau ou não avançados), ou
podem estar no feixe de His, denominados bloqueios baixos (infra-His, de alto grau ou
avançados). A diferença entre os dois níveis de bloqueio é o foco de escape que assume o
comando da despolarização cardíaca: FC maior no bloqueio supra-His e menor no bloqueio
infra-His.
o São os BAV’s.
❖ ACHADOS CLÍNICOS
o 3 formas:
▪ De acordo com cada arritmia: assintomática, tontura, sincope, confusão, atividade
motora espontânea, dispneia, dor torácica e morte súbita.
▪ Arritmia secundária: sintomas da bradicardia passa a sobrepor um quadro primário
causador dessa.
▪ Sintomas não são da bradiarritmia: detectada ao acaso, assintomática.
o EF: PA e o pulso, tanto deitado quanto em pé, pulsos, ausculta cardíaca e pulmonar, exame
neurológico sumário e busca de sinais periféricos de baixo fluxo (pele fria e úmida, livedo,
cianose).
❖ DIAGNÓSTICO E CONDUTA
o Se instabilidade:
▪ Monitorização: FC, PA, monitor cardíaco e oximetria.
▪ Cateter de oxigênio (se houver hipoxemia).
▪ Acesso em veia calibrosa e exames gerais.
▪ Sempre que possível obter um ECG.
o Exames adicionais de acordo com o quadro clínicos: eletrólitos, função renal, perfil
toxicológico, dosagem de antiarrítmicos e digoxina, marcadores de necrose do miocárdio,
gasometria etc.
o Identificar a arritmia.
• Bradicardia sinusal
o Ritmo normal do coração, apenas FC mais baixa.
o Pode ser secundária a causas extrínsecas ao sistema de condução (hipertensão
intracraniana, reflexo vagal, medicamentos).
• Bradicardia juncional
o Ritmo identificado no NAV, sem onda P ou com onda P retrógrada pós QRS com orientação
invertida.
• BAV 1° grau
o Intervalo PR maior que 0,2s.
• BAV 2° grau
o Algumas ondas P são seguidas de QRS, enquanto outras, não. Há dois tipos de BAV de 2°
grau com gravidade e prognóstico diferentes: Mobitz I e II.
• BAV 3° grau
o Dissociação completa da despolarização atrial e ventricular.
❖ ETIOLOGIAS
o Identificação das causas.
• Causas instrínsecas
o Hipoxemia
▪ Causa comum de bradicardia.
▪ Deve-se buscar achados sugestivos de insuficiência respiratória (uso de musculatura
acessória, taquipneia, cianose) e aferir a saturação pelo oximetro de pulso.
▪ Nesses casos, a prioridade é corrigir a hipoxemia.
o Medicamentos
• Beta bloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio (verapamil, diltiazem),
antiarrítmicos (amiodarona, propafenona, mexiletine) antidepressivos tricíclicos.
• Intoxicação digitálica: é o clássico das bradiarritmias medicamentosas, por efeito
colinérgico → inibem bomba Na' /K'-ATPase. Portanto, os digitálicos não bloqueiam o
sistema de condução de corações denervados, como os transplantados.
• Antagonistas específicos: anticorpo monoclonal para digoxina, Ca+2 para os BCC →
reverter a bradicardia e retirar o fármaco responsável.
o Distúrbios hidroeletrolíticos
▪ Alterações eletroliticas e do equilíbrio acidobásico devem ser descartadas como causas
da bradicardia, principalmente em pacientes com disfunção renal ou em uso de fármacos
que possam levar a essas alterações.
o Reflexo vagal
▪ Benignas e revertem espontaneamente e responde bem à atropina.
o IAM
▪ Bradicardia sinusal é a mais comum.
▪ IAM de parede anterior: BAV agudo significa acometimento de área muito extensa do
miocárdio.
▪ IAM de parede inferior:
• Fase aguda: o BAV ocorre por isquemia do sistema de condução. O NAV é irrigado pela
coronária direita em 90% das vezes, e pela artéria circunflexa nos outros 10%.
• 3° dia de IAM: etiologia inflamatória, excelente prognóstico e reversão espontânea.
o Cirurgia cardíaca e endocardite
▪ Manipulações de valva aórtica e mitral, abscesso de anel valvar podem afetar o sistema
de condução de forma temporária ou definitiva.
o Doenças do sistema de condução
▪ Congênitas (BAVT) ou adquiridas (Chagas, degeneração senil, ou doença do NSA).
▪ São irreversíveis e tem necessidade de marca-passo definitivo.
❖ TRATAMENTO NA EMERGÊNCIA
• Estáveis
o Analisar o eletro:
▪ Não tem BAV avançado: monitoramento + solicitar avaliação do cardiologista.
▪ Tem BAV avançado: cogitar internação + eletrodo MV-TV.
• Instáveis
o Definida por:
▪ Choque, hipotensão ou má perfusão periférica.
▪ Alteração do nível de consciência (ainda que transitória, como síncope ou pré-síncope).
▪ Dor precordial (angina).
▪ Dispneia (insuficiência cardíaca ou congestão pulmonar).
• Indicações de marca-passo transcutâneo (MP-TC)
o I. Doença do Nó Sinusal (DNS) sintomática*;
o II. Síndrome bradicardia-taquicardia com sintomatologia importante;
o III. Bradicardia sintomática induzida por medicamentos;
o IV. Síndrome do seio carotídeo muito sintomático;
o V. Flutter ou fibrilação atriais com alto grau de bloqueio AV, sintomáticos;
o VI. Bloqueios atrioventriculares(BAV):
▪ 1. BAV 2º grau tipo I (Weckebach) sintomático;
▪ 2. BAV 2º grau tipo II (Mobitz) sintomático;
▪ 3. BAV 3º grau ou total, sintomático de qualquer etiologia;
o VII. Distúrbios do sistema excito-condutor pós cirurgia cardíaca: bloqueio AV 2º grau; 3º
grau e bloqueio bifascicular;
o VIII. Antes e/ou durante implante de marcapasso definitivo (principalmente
epimiocárdico), nos casos de bradiarritmias severas (corresponde ao presente caso;
o IX. Como terapêutica de suporte nos casos de bradiarritmias com ICC grave, parada
cardíaca e insuficiência circulatória, renal ou cerebral graves;
o X. Como profilaxia durante ou após grandes intervenções cirúrgicas, nos portadores de
distúrbios do sistema éxcito-condutor do coração.
TAQUIARRITMIAS
❖ INTRODUÇÃO
o São alterações de ritmo cardíaco caracterizado por frequência cardíaca acima de 100bpm.
o Variam desde uma taquicardia benigna associada à crise de ansiedade até uma taquicardia
ventricular potencialmente fatal.
o São divididas em:
▪ Taquicardia estável: o paciente não apresenta nenhum critério de gravidade.
▪ Taquicardia instável: quando um ou mais deles está presente, mas devem ser
atribuíveis ao distúrbio do ritmo. A FC menor que 150bpm não costuma levar à
instabilidade.
❖ ETIOLOGIA
o Existem 2 mecanismos principais das taquicardias:
▪ Automatismo: grupo de células que tem automatismo aumentado assumindo o comando
da despolarização cardíaca com a FC acelerada → cardioversão elétrica, drogas de curta
duração como a adenosina podem resolver.
▪ Reentrada: na presença de dupla via de condução, a via mais rápida tem período
refratário maior e a mais lenta menor. Na presença de um estimulo precoce a via rápida
pode estar em período refratário estímulo segue então pela via lenta e pode retornar
pela via rápida quando esta estiver repolarizada, e reentrar novamente pela via lenta.
Dessa forma, temos um ciclo repetitivo, e a cada ciclo pode ocorrer a estimulação do
miocárdio levando à taquicardia.
o Taquicardia acompanhando doença de base: hemorragia digestiva, hipovolemia, sepse,
feocromocitoma, hipertireoidismo, síndrome de abstinência, síndrome do pânico, febre,
hipoxemia → corrigir fator desencadeante.
o Situações que causam arritmia e necessitam de tratamento concomitante:
hipopotassemia, hipomagnesemia, toxicidade cardíaca relacionada a medicamentos
(digoxina, tricíclicos), isquemia aguda do miocárdio, intoxicação aguda catecolaminérgica,
embolia pulmonar etc.
❖ ABORDAGEM
• Achados clínicos
o Queixas inespecíficas: tontura, mal estar.
o Queixas sugestivas de doença cardíaca: síncope, dispneia, dor torácica ou palpitações →
pacientes com cardiopatia prévia estão mais sujeitos a maior risco de complicações.
o Conduta:
▪ Avaliar critérios de gravidade, monitoriza estabilizar.
▪ Interrogatório sintomatológico.
▪ Avaliar antecedentes patológicos:
• Arritmias: se positiva, buscar todos os detalhes: qual a arritmia, quando e quantos
episódios, quais os tratamentos realizados, eventos adversos desenvolvidos, se fez
ablação da arritmia etc. Sobretudo, investigar se há antecedente de via acessória
manifesta (pré-excitação) como a síndrome de Wolff-Parkinson-White (SWPW).
• Cardiopatias: doença coronariana (sobretudo, IAM prévio), insuficiência cardíaca (IC),
doença de Chagas, valvulopatia, hipertensão arterial sistêmica, cardiomiopatias,
cardiopatia congênita etc.
• Respiratórias: doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), hipertensão pulmonar,
doença pulmonar restritiva, cirurgia torácica etc.
• Outras: doença tireoidiana, feocromocitoma ou situações de risco para distúrbio
eletrolítico (diarreia, má-absorção intestinal, nefropatias, anorexia nervosa etc.).
▪ Investigar medicação em uso.
▪ Interrogar uso de álcool e drogas (especialmente cocaína, anfetaminas).
o Quando estiverem presentes os sinais de gravidade:
▪ Sala de emergência;
▪ Monitorização do ritmo cardíaco;
▪ Oximetria (se necessário → O2 suplementar);
▪ Acesso venoso calibroso;
▪ Preparação de sedativo/analgésico;
▪ Eletrodos com monitorização cardíaca e deixar cardioversor preparado;
▪ Coletar exames laboratoriais (p. ex., hemograma, exame de coagulação, eletrólitos e
função renal).
o A presença de critério de gravidade ou instabilidade indica obrigatoriamente a
cardioversão elétrica imediata, principalmente na FA. Na taquicardia reentrante nodal
atrioventricular (AV), apesar da instabilidade, o tratamento inicial é com manobras vagais
e adenosina, antes da cardioversão.
• ECG
o QRS > 120mc (QRS alargado).
o Avaliar a regularidade PR
▪ RP curto (RP pe menor que PR): como se a onda P viesse logo depois do QRS. As
etiologias são a taquicardia reentrante nodal AV e a taquicardia reentrante AV
ortodrômica (via acessória).
• Se o intervalo RP for < 90 ms: taquicardia reentrante nodal A V.
• Se o intervalo RP for > 90 ms: taquicardia reentrante AV ortodrômica
▪ Intervalo RP longo (ou seja, RP é maior que PR): a etiologia mais provável é a taquicardia
atrial.
o Tentar identificar a onda P (diagnóstico diferencial)
❖ TAQUICARDIAS COM QRS LONGO
o Cerca de 80% são ventriculares, menos de 20% são supraventriculares com condução
anormal.
o No paciente estável, a adenosina pode reverter a taquicardia supra ventricular.
o Ocasionalmente é causada pelo mecanismo de reentrada AV.
o Usar critérios de Brugada para definir se é TV ou TSV.
o Ausência de ondas RS nas derivações precordiais = TV.
o Intervalo entre o início das ondas R e o nadir da onda S> 100ms = TV.
o Dissociação entre a onda P e o QRS = TV.
o Quando o QRS tem morfologia de bloqueio de ramo direito (BRD): onda monofásica ou
bifásica em V1 e onda R menor que S em V6 = TTV.
o Quando QRS tem morfologia de bloqueio de ramo esquerdo (BRE): onda S em V1
entalhada = TV.
• Taquicardia sinusal
o FC > 100bpm + ritmo sinusal.
o Causas: infecções, febre, desidratação, anemia, IC e hipertireoidismo, medicamentoso
(sabutamol e salmeterol), cafeína e drogas estimulantes (anfetaminas e cocaína) →
corrigir causa desencadeante.
• Taquicardia atrial focal
o TSV originada em qualquer sítio, caracterizada por atividade atrial organizada, ondas P
discretas (não sinusais) e segmento isoelétrico entre as ondas P. pode ser sustentada ou
não; frequência atrial entre 100-240bpm.
o Se paciente estável: tratamento IV com diltiazem ou verapamim ou BB. Amiodarona é uma
opção no paciente com PA limítrofe ou disfunção de VE.
o Se paciente instável: cardioversão elétrica sincronizada.
• Taquicardia atrial multifocal
o TVS irregular, onda P≥ 3 diferentes morfologias e FC variável.
o Associado a doenças pulmonares, hipertensão pulmonar, DAC, doença valvar,
hipomagnesemia e terapia com teofilina → tratar a causa base.
o Magnésio IV para pacientes com magnésio sérico normal, se houver necessidade de
tratamento específico usar metoprolol ou verapamil IV.
• Taquicardia juncional
o Aumento do automatismo, podendo ser secundária à intoxicação por digitálicos.
o ECG: QRS estreito, RR irregular, P pode ser retrógrada dissociada do QRS ou encorberta
por ele.
o Responde bem aos fármacos com capacidade de bloqueio AV, como os BB, ou BCC.
• Taquicardia reentrante nodal AV
o É uma das mais frequentes encontradas em adultos jovens com doença estrutural ou
isquêmica. (>60% em mulheres).
o Mecanismo: reentrada do estímulo por dupla via. Em um batimento normal, o estímulo
desce pela via rápida e despolariza dos ventrículos, enquanto o que vem pela via lenta
encontra o feixe de His e ventrículos em período refratário. Quando ocorre um batimento
precoce (extrassístole), o estímulo pode encontrar a via rápida ainda em período refratário
e seguir pela via lenta. Ao chegarem no His, o estímulo despolariza os ventrículos e
encontra a via rápida repolarizada, voltando pata os átrios onde o ciclo de reentrada se
completa.
o FC entre 180-200bpm, RR regular, P retrograda ou não visível.
o Conduta: Qualquer medida que resulte na alteração de condução ou dos períodos pode
interromper o circuito. → realizar manobra vagal ou administrar adenosina → se
adenosina ineficaz, pode-se usar BB, diltiazem ou verapamil IV → se ineficaz utilizar
amiodarona → se for refratário ou apresentar instabilidade realizar cardioversão elétrica.
• Taquicardia ventricular monomórfica
o É menos frequentes que as arritmias supraventriculares, mas é potencialmente mais
grave.
o Etiologias: associada a alguma doença cardíaca, intoxicação por drogas ilícitas, intoxicação
por digitálicos.
o Representa 80% das taquicardias de QRS longo, é uniforme e com morfologia estável.
o Se paciente instável: cardioversão elétrica com 100J monofásico ou bifásico → se
necessário aumentar a carga de energia progressivamente.
o Se paciente estável: adenosina → procainamida ou flecainamida IV (se não ICC) →
amiodarona IV (no paciente com ICC, pós IAM, DAC) → BB → lidocaína → se TV complexa
ou irreversível realizar cardioversão elétrica sincronizada.
• Taquicardia ventricular polimórfica
o Pode apresentar diferentes morfologias, irregularidade RR, e um ritmo instável, podendo
evoluir com hipotensão, choque ou parada cardiorrespiratória.
o QT normal: mais frequente em SCA
o QT prolongado: torsade de pointes. Há alternância da polaridade e da amplitude do QRS,
formando traçado em fusos, como se as pontas da tira fossem torcidas.
▪ Adquirida: medicamentos (antiarrítmicos, macrolídeos, algumas quinolonas, e
metadona, alguns psicotrópicos como haloperidol, tioridazina e antipsicóticos atípicos) e
distúrbios eletrolíticos (hipopotassemia, hipomagnesemia e hipocalcemia).
▪ Forma congênita: denominada de síndrome do QT longo congênita (muito rara)
o Tratamento para QT curto:
▪ Cardioversão elétrica sem sincronizar, pois o cardioversor pode não reconhecer o
momento certo para liberar o choque pela variação dos QRSs. No paciente estável
realizar metoprolol IV em 3 doses de 5mg em intervalos de 5 minutos
▪ A intervenção coronariana percutânea deve ser realizada o mais rápido possível.
▪ Amiodarona IV é recomendada se for recorrente, sobretudo se associada a instabilidade
→ considerar a lidocaína se refratariedade;
o Tratamento para QT longo:
▪ Se paciente instável: cardioversão com 360J monofásico, sem sincronização;
▪ Magnésio IV 2g em 15min → manutenção de 20mg a 1g/h;
▪ Reposição de cálcio e potássio se necessário.
❖ REFERÊNCIAS
CARNEIRO BV, PIRES HHM, NOGUEIRA ACC, BRICK AV. Arritmias: fisiopatologia, quadro clínico
e diagnóstico. Rev Med Saude Brasilia 2012; 1(2):93‐104.
PESARO AE, FERNANDES JL, SOEIRO AM, SERRANO JR. CV. Arritmias cardíacas – principais
apresentações clínicas e mecanismos fisiopatológicos. Rev. Med (São Paulo). 2008 jan.-
mar.;87(1):16-22.